Jornal OPaís edição 1904 de 20/07/2020

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VIANA GASTOU 16% DOS 150 MILHÕES DE KZ DISPONÍVEIS PARA O COMBATE À POBREZA SOCIEDADE: Apesar dos Kz 150 milhões disponíveis, resultante também do acumulado do ano passado, o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza em Viana tem um ligeiro atraso na sua execução, por ter sofrido um processo de restruturação, por um lado e, por outro, pela situação de Covid, com a dificuldade para se conseguir determinados materiais. P. 10 Director: www.opaís.co.ao José Kaliengue e-mail: info@opaís.co.ao O DIÁRIO DA @Jornalopaís NOVA ANGOLA facebook/opaís.angola Edição n.º 1904 @Jornalopais Segunda-feira, 20/07/2020 Preço: 40 Kz

HÁ 15 DOENTES DE COVID-19 EM ESTADO CRÍTICO E LIGADOS A VENTILADORES

Cidadãos socorrem Celma e filhos l Tudo começou quando a história de

Celma, mãe de cinco filhos, dos quais gémeas, que sofreu cesariana e não os conseguia amamentar por falta de leite e de comida, viralizou nas redes sociais e muitas pessoas decidiram ajudar. P. 12

EM FOCO: O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, revelou, ontem, em Luanda, que 15 dos 455 pacientes activos de Covid-19 estão em estado crítico sob ventilação mecânica invasiva, dentre eles três necessitam de hemodiálise e um requer oxigenoterapia. Os demais estão clinicamente estáveis. P. 2 CEDIDA

“Festa corona” em Frankfurt acaba em agressões à Policia e 39 detidos l Trinta e nove pessoas foram detidas

por atacar agentes policiais que tentavam conter uma rixa durante uma festa ao ar livre no centro de Frankfurt, onde se encontravam milhares de jovens, anunciou a Polícia alemã.P. 24

Necas confirmado no 1º de Agosto

Moras Cordeiro

l O antigo craque da Selecção Nacional

“OS BOVINOS AUTÓCTONES EXPLORADOS NO SUL DE ANGOLA DEVERIAM SER PRESERVADOS” P. 18

de basquetebol vai orientar o cinco militar por duas épocas. Necas substitui no cargo Paulo Macedo. Pelo caminho ficaram o espanhol Hugo Lopez e Lazare Adingono que deixou o Petro de Luanda. P. 26

E AINDA NO CARTAZ: Filipe Mukenga agradece pelos momentos de homenagem no show de cariz solidário “Por Angola”

Sociedade CaboVerdiana de Música anuncia reabertura do curso de “Copyright e os Negócios das Indústrias Criativas”

Escritor espanhol Juan Marsé morre aos 87 anos


EM FOCO

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O PAÍS segunda-feira, 20 de Julho de 2020

ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo

Há 15 pacientes de Covid-19 em estado crítico ligados a ventiladores O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, revelou, ontem, em Luanda, que 15 dos 455 pacientes activos de Covid-19 estão em estado crítico sob ventilação mecânica invasiva, dentre eles três necessitam de hemodiálise e um requer de oxigenoterapia. Os demais estão clinicamente estáveis NAMBI WANDERLEY

Maria Teixeira

F

ranco Mufinda informou, na habitual apresentação diária do balanço da situação epidemiológica no país, que foram confirmados, nas últimas 24 horas, mais 18 novos casos de Covid-19 em Luanda e 11 pacientes recuperaram, dos quais 10 são da província do Cuanza-Norte. Quanto ao género, esclareceu que 14 são do sexo masculino e os restantes são do sexo feminino. No entanto, recordou que Angola está perante a circulação comunitária do vírus SARS-CoV-2 que causa a Covid-19 e que numa amostra aleatória em conglomerados de Luanda notou-se que há pessoas sem histórias de pertencer aos cordões sanitários de viagens em países “de risco de contágio”, que revelam contacto com o vírus Trata-se de contactos de casos positivos que ilustram que uma em cada 25 pessoas teria tido a exposição ao vírus SARS-CoV-2. “Sendo assim, urge a necessidade de redobrar a vigilância de forma individual. Apelamos à redução do tempo de exposição ao vírus. Esta exposição pode ser expressa por longo tempo em algumas aglomerações como mercados, paragens e outros sítios que congregam mais pessoas”, alertou. Por outro lado, Franco Mufinda advertiu que essas medidas devem ser sempre acompanhadas do uso obrigatório da máscara, a lavagem com frequência das mãos com água e sabão, bem

como o uso do álcool-gel, a observância do distanciamento físico, a não violação da cerca sanitária e, sobretudo, a responsabilidade individual e colectiva. Com estes casos, a estatística indica um total de 705 casos

confirmados, com 221 recuperados, 29 mortos e 455 activos, dos quais 15 estão em estado crítico com ventilação mecânica invasiva e destes três necessitam de hemodiálise e um requer oxigenoterapia. Os restantes estão cli-

380 testes serológicos com 31 reactivos

presente são 22.367, dos quais 1.036 foram reactivos, o que se significa que 4.6 em cada 100 pessoas rastreadas estiveram expostas ao vírus. Franco Mufinda disse, por outro lado, que a quantidade de pessoas em quarentena institucional em todo o país é de 943, sendo que, no período em referência, 43 pessoas receberam alta, das quais três na província de Luanda, 19 em Cabin-

No que tange a testagem rápida no período em referência, foram realizadas 380 testes serológicos, dos quais 31 foram reactivos, o que significa que 8.1 em cada 100 pessoas rastreadas estiveram expostas ao SARSCoV-2 segundo os especialistas. Já no total de testes serológicos rápidos realizados até a data

nicamente estáveis. Covid-19 concentrada na faixa etária dos 20 a 69 anos de idade Franco Mufinda revelou que em Angola a Covid-19 está concentrada na faixa etária dos 20 aos 69

da, sete no Uíge, seis em Benguela, quatro no Bié e outras quatro no Huambo. Actualmente existem 1.460 casos suspeitos investigados, enquanto 3.832 são contactos sob vigilância. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) teve, nas últimas 24 horas, um registo de 75 chamadas, das quais três denuncias de casos suspeitos de Covi-19, duas denuncias de vio-

anos de idade, observando a predominância do sexo masculino. Entre os casos activos, num total de 455, segundo o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, 89 por cento são assintomáticos. “E a nossa fotografia do momento reporta o facto de que 11 por cento das pessoas que padecem da Covid-19 são sintomáticas e 89 por cento são assintomáticas”, revelou. O governante explicou que em termos laboratoriais, em análises da biologia molecular, o país processou, nas últimas 24 horas, 450 amostras, dos quais 18 foram positivas e 432 negativas. No total, há um acumulado de 53.893 amostras recebidas sendo que 705 são positivas, 47.049 negativas e o restante se encontra em processamento. Em termos de distribuição geográfica de casos, os municípios mais afectados são Ingombota, Maianga, Talatona, Cazenga, Cacuaco e Viana.

lação do estado de calamidade e 70 pedidos de informação do vírus. Entre as actividades realizadas por províncias foram reportadas, as de rastreios nos bancos de urgência, em centros de quarentena e tratamento e também actividades atinentes a formação dos profissionais de saúde, de comunicação, educação e formação da comunidade quanto a Covid-19.



4 DESTAQUES POLÍTICA. PÁG. 8 Covid-19: Refugiados na Lunda Norte recebem apoio

SOCIEDADE. PÁG. 10 Viana gastou 16% dos 150 milhões de Kz disponíveis para o combate à pobreza

CARTAZ. PÁG. 14 Filipe Mukenga agradece pelos momentos de homenagem no show de cariz solidário “Por Angola”

ECONOMIA. PÁG. 18 “Os bovinos

autóctones explorados pelos nossos criadores no Sul de Angola deveriam ser preservados”

o editorial

O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

HOJE: os números do dia

Ventiladores

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ranco Mufinda, secretário de Estado para a Saúde Pública, disse, ontem, que há doentes angolanos de Covid-19 com respiração assistida por ventiladores invasivos. No início da pandemia, esta poderia ser vista como uma notícia animadora, e continua, porque as pessoas estão a ser tratadas. Mas não chega, o ventilador, por si só, não cura, o que pode curar são os medicamentos ou a capacidade do organismo de combater o vírus. Mas não há medicamento específico para a doença e nem todos os organismos reagem da mesma forma ao SARS-CoV-2. Então, resta esperar que as pessoas reajam bem. Mas, mais importante, o ideal seria que mais ninguém precisasse de ventilador, que mais ninguém precisasse de ser internado, que mais ninguém fosse infectado. E isto depende apenas do comportamento de cada pessoa.

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300 200.000

o que foi dito MUNDO. PÁG. 22 Julgamento do Benjamin Netanyahu por corrupção começará em Janeiro

Antes de mais, não estou a perder, porque essas sondagens são falsas. Eram falsas em 2016 e agora são ainda mais. As sondagens eram bem piores em 2016” Donald Trump Presidente dos Estados Unidos da América do Norte

Unidade embaladora com capacidade de empacotar 60 toneladas de produtos/dia entrou em funcionamento, neste Sábado, na Fazenda Girassol, localizada na vila do Nzeto, província do Zaire Funcionários do Governo e da comissão técnica provincial de resposta à Covid-19, efectuaram Sexta-feira (17), em Malanje, testes serológicos rápidos do SARS-Cov-2 (Covid-19). Cestas básicas foram distribuídas Sábado a famílias refugiadas da República Democrática do Congo (RDC), Burundi, Tanzânia, Chade, Ruanda e Mali requerentes de asilo, no município de Cambulo.

Marinheiros estão confinados em navios à espera de autorização para que sejam substituídos e possam voltar aos seus países..

Enquanto Estado soberano e independente, a China tem o direito de É crítico que os líderes proteger a sua soberamundiais se cheguem nia, segurança e inteà frente e garantam resses, defender os proum acordo sobre o gressos registados pelo cancelamento da dívi- povo chinês Hua Chunying da este ano”,

Sarah-Jayne Clifton Directora da ONG Comité para o Jubileu da Dívida

Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China


O PAÍS

Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o médico e diplomata Paolo Balladelli e perceba mais sobre o trabalho do coordenador do Sistema das Naçõeses Unidas em Angola

Nada está garantido

A

www.opais.co.ao Tel Aviv (Israel): Protestos contra a resposta do Governo à pandemia da Covid-19 no Charles Clore Park antes de os “revoltados” marcharem pela cidade até à Praça Habima. (DR)

o que vai acontecer Economia Entra em actividade uma unidade embaladora com capacidade de empacotar 60 toneladas de produtos/ dia, na Fazenda Girassol, localizada na vila do Nzeto, província do Zaire. Com a inauguração desta unidade fabril no Sábado, em acto presenciado pelo governador provincial do Zaire, Pedro Júlia, a Fazenda Girassol está, em condições de começar a exportar banana e mamão para a Europa, com realce para o Portugal e França, a partir de Agosto deste ano, disse à imprensa o sóciogerente da referida instituição, João Amaral.

Economia O Governo do Bié anunciou, na Sexta-feira, a realização da 2ª edição da Feira da Batata e do Milho, na cidade do Cuito, para finais de Agosto deste ano. De acordo com governador provincial, Pereira Alfredo, que falava à imprensa no final de uma visita ao Largo da Solidariedade, local escolhido para o evento, apesar de o país estar a viver a pandemia da Covid-19, a feira será realizada como forma de incentivar os produtores/agricultores. Conforme o governador, estão a ser tratadas as questões relacionadas com as medidas de bio-segurança.

Política O VII Congresso ordinário da Organização da Mulher Angolana (OMA) vai decorrer de 25 a 27 de Março de 2021, informou a secretária geral da organização, Luzia Inglês Van-Duném. A informação foi prestada durante a oitava reunião ordinária do Comité Nacional da OMA, que decorreu no Complexo Futungo – II, que analisou, entre outras, questões relacionadas com as resoluções 13 e 14 sobre o preenchimento de vagas existentes no Comité Nacional. O congresso vai decorrer sob o lema “ Mulher Angolana: Participação, Inclusão e Desenvolvimento”.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

lguém se lembra do discurso de João Lourenço quando ele diz que nunca sabemos se somos nós o perigo para os outros ou se são os outros o perigo para nós? (claro que estou a interpretar a mensagem) Pois bem, é para ouvir e acolher com seriedade. Num determinado momento, aí para meados e fim de Abril, houve um grande suspiro, uma esperança no mundo quando a China tinha resolvido o problema do novo Coronavírus, com o início da desactivação dos hospitais de campanha. Pois bem, até hoje a China continental vai reportando casos, um ou outro, mas reporta. De Hong Kong, correram nas redes sociais vídeos a mostrar gente com máscaras e a dizer que o uso deste assessório, hábito já antigo, mantinha a Ilha quase com zero casos de infecção. Ontem mesmo o Governo local apertou nas medidas porque há um surto da doença. Nos Estados Unidos houve quem dissesse que seria coisa pouca, o vírus, ante a sua capacidade médica e científica, agora lideram a contagem quer em números de infectados, quer de mortos. No Brasil, o Presidente Bolsonaro chegou a apelidar a Covid-19 de resfriadinho, hoje está ele confinado, contagiado. Em Espanha, depois de muito luto, veio o desconfinamento, mas o vírus até parece que esperava pelas pessoas na rua. E lá voltaram os confinamentos, ainda que localizados. Não há certezas nesta pandemia, nada está garantido, nem a eficácia das dezenas de vacinas em teste. O apelo, portanto, é simples: mantenha-se vivo até tudo estar clarificado. E para isto, se ainda não sabe o que fazer, então vá procurar a mensagem de João Lourenço

E também... Dia do Amigo - 20 de Julho A amizade comemora-se pelo mundo a 20 de Julho. A origem da data remonta a 1969, data da chegada do homem à Lua, que demonstra a união dos homens para alcançar objectivos. Como tão importante que é, as datas de celebração da amizade multiplicam-se. Em 2011, a Assembleia Geral das Nações Unidas resolveu designar o Dia 30 de Julho como o Dia Internacional da Amizade. Mensagem para o dia : Amigo, sem ti não era feliz, obrigado pela tua amizade! Sem amigos somos incompletos. Obrigado por me completares. És um grande amigo. As namoradas e os namorados vão e vêm. Os amigos ficam sempre.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

NO TEMPO DO KAPARANDANDA

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

OPAÍS

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

20 de Julho de

1969 -

- O homem chega à Lua. O astronauta norte-americano Neil Armstrong caminha no solo lunar, seguido de Edwin Aldrin.

20 de Julho de 1973 - Morre, com 32

anos, Bruce Lee, em Hong Kong. Lee foi artista e instrutor de artes marciais, filósofo, actor e cineasta norte-americano de Hong Kong, fundador do Jeet Kune Do

20 de Julho de 1976 - A Viking-1,

nave espacial norte-americana, aterra em Marte, iniciando a transmissão de imagens do planeta para a Terra.

O dinheiro é como um sexto sentido, sem o qual não se pode fazer uso pleno dos outros cinco” Somerset Saugham (1874-1965) - escritor britânico

CARTA DO LEITOR

Grande Man Garras DG querido e amigo dos seus leitores mesmo os desconhecidos e à distancia, boa semana. Trato-o de DG, porque você é muito com bastante, mais que PCA e PDG da nossa banda. Agora, vamos ao grande e ilustre Man Garras, figura incontornável da nossa sociedade pela sua grandeza de cidadão, homem de história e muita cultura. O Quintas fez uma boa e maravilhosa escolha. O Man Garras, e para mim o sustento das viagens ao passado. O kota conhece e conhece bué de mambos e factos. O Man Garras, não pode sair do nosso convívio aos sábados na companhia do exímio Afonso Quintas. O programa esta apetitoso. Os das últimas quatro semanas subiram bastante de nota. Súper agradável, com o Man Garras a acucar deste o inicio até ao fim. O Man Garras da pinha dos seus ouvintes e admiradores que morrem de pai-

xão por ele, é um verdadeiro angolano de histórias, como cantou o ilustríssimo Don Caetano, o padrinho na nossa intimidade. O Man Garras de séculos e séculos como o malogrado Man Boioio do Sambila é um angolano a todo o terreno, 8+8. De Cabinda ao Cunene e do mar ao Leste. Um Homem de ontem, hoje e amanha,

com vivências fora de série que quer ver a sua Angola vestida de bem para os seus filhos. Nem no sono quero sonhar com uma viagem ao passado na Rádio Luanda sem o grande Man Garras! Vai um kisselenguenha do kota Bonga ou um Lamecha do Luis kalaff para encerrar? Balumuka! Acorda. Dimukeno! Fica esperto. Alves de Jesus.

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


NÃO COMPRE MOEDA ESTRANGEIRA NA RUA! O RECURSO AO MERCADO INFORMAL PARA A NEGOCIAÇÃO DE MOEDA É ILEGAL E ACARRETA RISCOS: Existem muitas notas falsas em circulação no mundo inteiro. Não há garantia de que as notas da moeda estrangeira que comprar sejam autênticas. Não terá um recibo de compra para apresentação às autoridades, de forma a confirmar a legalidade da posse e da origem da moeda estrangeira, podendo vir a ser apreendida. O seu dinheiro poderá ser associado a recursos provenientes de tráfico de drogas, armas e outras actividades ilícitas, ficando sujeito às sanções aplicáveis.

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POLÍTICA

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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

Covid-19: Refugiados na Lunda Norte recebem apoio

Deputado Adriano Sapinãla

Governo do Cuando Cubango reage a declarações de deputado da UNITA Famílias que se encontram em Angola desde 1997 receberam igualmente de máscaras de protecção

T

rezentas cestas básicas foram distribuídas no Sábado a famílias refugiadas da República Democrática do Congo (RDC), Burundi, Tanzânia, Chade, Ruanda e Mali requerentes de asilo, no município de Cambulo, no âmbito do plano de apoio a pessoas vulneráveis, face à Covid-19. As referidas famílias, que se encontram em Angola desde 1997 beneficiaram igualmente de máscaras de protecção, numa acção dos Serviços Jesuíta aos Refugiados (JRS). O responsável da JRS na Lunda-Norte, Tomé Gondico, disse que acção visa minimizar a carência alimentar dos refugiados, tendo em conta as limitações de circulação resultante do Estado de Calamidade. Medidas de protecção Após o anúncio de 93 casos suspeitos da Covid-19 na Lunda-Norte é visível a mudança de

comportamento dos cidadãos na via pública, no município de Chitato, onde, ao contrário do que se constatava, o uso de máscaras se tornou num novo normal. Nos mercados, nas instituições bancárias, estabelecimentos comerciais, entre outros, é notável o cumprimento do distanciamento físico nas filas de espera, bem como o uso de máscaras. Na centralidade do Mussungue, por exemplo, não se regista, como antes, o aglomerado de pessoas em restaurantes e nas ruas, com grande parte das famílias submetidas ao confinamento domiciliar. Cresce igualmente o número de organizações não-governamentais que se vão juntando aos esforços do Governo, na sensibilização e mobilização da população, para o cumprimento rigoroso das medidas de prevenção, com vista o combate a propagação do novo Coronavírus. Cerca sanitária Mantém-se a cerca sanitária no condómino habitacional 28 Casas, após o registo de 25 casos suspeitos, cujas amostram já se encontram em Luanda para os testes de biologia molecular. Segundo o coordenador adjunto da Comissão Multissectorial de Resposta à Covid-19 na LundaNorte, Gimi Nhunga, o levantamento da cerca sanitária no refe-

rido condómino, onde estão confinadas 28 famílias, dependerá dos resultados das amostras que deverão estar prontas nos próximos dias. Avançou que o Governo local está a criar condições para que a partir de Segunda-feira um camião cisterna comece a distribuir água potável no condómino, apelando paciência aos moradores. Angop

Nos mercados, nas instituições bancárias, estabelecimentos comerciais, entre outros, é notável o cumprimento do distanciamento físico nas filas de espera, bem como o uso de máscaras

O

Governo provincial do Cuando Cubango refutou as declarações do deputado Adriano Sapinãla, da bancada parlamentar da UNITA, feitas na sessão de discussão e revisão do Orçamento Geral do Estado 2020 sobre a estrada que liga o bairro Saúde à Missão Católica de Menongue, como estando asfaltada desde 2013. Numa nota chegada à Angop, assinada pelo director do Gabinete de Comunicação Social, João Yambo Miguel, o Governo esclarece que a obra de recuperação da estrada em causa começou a ser executada em 2013 pela empresa Afroeng Engenharia S.A., partindo do bairro Saúde, passando pelos bairros Pandera, Kavikiviki, Missão Católica, Saprinho até ao bairro Tomás. A nota acrescenta que em 2015 os trabalhos foram interrompidos, ficando por asfaltar o troço que liga as duas margens da ponte sobre o rio Lahuca, os respectivos passeios e os canais de drenagem das águas. De acordo com o documento, o projecto em referência tem uma execução física de 80 por cento e apenas 50 por cento de execução financeira, o que obrigou a sua transportação para os orçamentos subsequentes. A nota sublinha que pelos motivos apresentados e obedecendo

as normas orçamentais, bem como os procedimentos que levam ao desfecho de uma determinada empreitada, a obra acabou por constar no Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018/2022, fazendo parte da carteira de Projectos de Investimento Público (PIP), até que seja concluída a sua execução física e financeira. Nestes casos, relata a nota, a empreitada volta a fazer parte do OGE com o respectivo histórico. “Na verdade, Adriano Abel Sapiñala, enquanto deputado do Circulo Provincial, poderia, sobre esta matéria concreta, ir a debate na AN melhor preparado, caso se dignasse a cumprir com esmero uma das suas funções, que é envolver-se na busca de informações junto das autoridades administrativas locais, que aliás, sempre estiveram disponíveis para o efeito, quer através da sua participação em reuniões do Conselho de Concertação Social, quer individualmente”, lê-se na nota. O Gabinete de Comunicação Social do Governo Provincial do Cuando Cubango reitera que a inclusão dessa empreitada no OGE é tecnicamente necessária até que seja concluída e não configura duplicidade financeira, muito menos um acto de apropriação indevida e inconfessa de dinheiro público.


O PAÍS

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9 gular o contacto directo e permanente com os militantes das estruturas de base, como forma de conhecer melhor os problemas que cada comunidade enfrenta. “ É preciso contacto permanente com os nossos militantes, pois a nossa forma de fazer política é darmos mais vida às organizações de base no sentido que elas sejam as verdadeiras células do partido”, disse o primeiro secretário. Para ele, é necessário que tais encontros sejam periódicos, por formas a reflectirem sobre os problemas do próprio partido e da sociedade, e, para isso, pretende contar com uma massa militante mais jovem que possa contribuir com ideias, opiniões e sugestões que ajudem no fortalecimento do MPLA e no desenvolvimento do país. “Os militantes devem ser os portadores de ideias, onde cada um deve dominar os documentos mais importantes do partido, como o estatuto e programa eleitoral sufragado nas eleições, para que de forma clara possa defender as acções em curso”, acrescentou. Nesta actividade, mais de trinta militantes ingressaram para os diferentes Comités de Acção do partido.

MPLA aposta na revitalização das estruturas de base

COMUNICADO

O primeiro secretário provincial do MPLA no Namibe, Archer Mangueira, afirmou, no Sábado, nesta cidade, que o seu partido vai manter a aposta na revitalização das suas estruturas de base, com vista a fortalecer as acções politicas

F

alando à imprensa, após um encontro que manteve com os militantes dos diferentes Comités de Acção, constituídos no município sede do Namibe, na cidade de Moçâmedes, disser ser este um dos dois objectivos na sua condi-

ção de primeiro secretário. O segundo objectivo, segundo referiu, trata-se do arranque de um programa local traçado pelo partido, consubstanciado na sua revitalização. Archer Mangueira apontou a necessidade de se manter de forma re-

Considerando as recomendações de prevenção e contenção que a pandemia de Covid-19 exige, o BNA informa que a correspondência geral dirigida aos seus serviços deverá ser enviada para o endereço electrónico: bnacorrespondencia@bna.ao Para apresentação de reclamações por serviços prestados pelos bancos comerciais, mantém-se disponível o endereço electrónico: reclamacoes@bna.ao. .

Luanda, 20 de Julho de 2020


SOCIEDADE

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O PAÍS

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Viana gastou 16% dos 150 milhões de Kz disponíveis para o combate à pobreza Apesar dos 150 milhões Kz disponíveis, resultante também do acumulado do ano passado, o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PIDLCP) em Viana está com um ligeiro atraso na sua execução, por ter sofrido um processo de restruturação, por um lado e, por outro, a situação de Covid, com a dificuldades para se conseguir determinados materiais. As oscilações dos preços dos mesmos não são descartadas ARQUIVOL/ARQUIVO

Romão Brandão e Stela Cambamba

O

município de Viana este ano tem orçamentados 280 milhões e 27 mil e 658 Kwanzas para serem aplicados no Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza (PI-

DLCP), com uma previsão de 70 projectos a serem executados, 16% estão em execução, segundo o administrador municipal, Fernando Manuel, em entrevista exclusiva ao OPAÍS. Depois de uma reunião conjunta com os Ministérios das Finanças, da Administração do Territó-

rio e MASFAMU, a administração de Viana resolveu fazer uma restruturação do referido programa, tendo chegado à conclusão de que a forma como estava a ser executado não era a mais correcta. “Não obedecia aos eixos que estavam superiormente orientados. Durante os primeiros meses deste ano, definimos os projectos, submetemos para a aprovação superior e depois de aprovados são

executados”, disse. O processo de restruturação levou praticamente todo o primeiro trimestre e parte do segundo, de acordo com a entidade máxima de Viana, agravado com as restrições da Covid-19, o que fez com que acumulassem (já com o remanescente do ano anterior, que nãos tinha sido concedido por insuficiência orçamental) 150 milhões de Kz.

“Gastamos 16%, como disse, e o restante do valor está connosco e vamos gastar à medida que se vão aplicando os projectos”, reforçou. Formação de 80 parteiras tradicionais Fernando Manuel, revelou que para o presente ano, o município de Viana tem 280 milhões e 27 mil e 658 kwanzas para serem aplicados no programa de desenvol-


O PAÍS

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vimento e combate à pobreza. Fez questão de recordar que o programa incide no fomento da agricultura familiar, pesca e pecuária, promoção do gêne-

Oscilações de preços entre as dificuldades Fernando Manuel disse que não têm dificuldades de encontrar empresas sérias, mas empresas capazes de fazerem uma gestão que se adeque ao contexto actual, em função da desvalorização contínua da moeda nacional, que faz com que os preços dos produtos se alterem constantemente. Explicou que no período da elaboração dos projectos com base no orçamento em que é disponibilizado tem um número e no momento em que se efectivar o pagamento dos meios o preço altera, já que muitas empresas dependem das importações. Viveram esta realidade recentemente, quando fizeram o orçamento da aquisição de embarcações deu para 18 e no acto do pagamento viram reduzidos os meios para 15. Por outro lado, o administrador Fernando Manuel entende que o programa de combate à pobreza não beneficia apenas um grupo de cidadãos, mas pode haver um circuito financeiro, com efeito multiplicador, que venha a beneficiar não apenas uma parte da sociedade, mas duas ou três. Como exemplo, explicou que os pescadores seriam um grupo beneficiário do programa, mas a este incrementou-se os marceneiros, e a população em geral que viria a adquirir o produto final (o peixe), o que propicia uma redução do preço. Quanto aos camponeses, ao potenciálos com as sementes dos produtos que mais são cultivados na localidade, os cidadãos iram registar aumento da oferta e, consequentemente, baixa do preço dos produtos. A ideia, finalizou, é que o programa abranja mais de um grupo beneficiário.

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ro e empoderamento da mulher, apoio de as acções de cidadania, celebração de datas comemorativas, cuidados primários e acesso à saúde, merenda escolar, construção e reabilitação de infra-estruturas e alguns encargos administrativos com o próprio programa. No que toca aos cuidados primários de saúde, a Administração prevê aplicar cerca de 78 milhões e 286 mil Kwanzas, que serão para além de aquisição de medicamentos e materiais gastáveis, para o empoderamento dos activistas sociais sobre as doenças endêmicas, palestras sobre o aleitamento materno, planeamento familiar e higiene corporal. Serão também investidos na

formação de 80 parteiras tradicionais, apetrechamento de salas de planeamento familiar, de 10 unidades sanitárias, capacitação de técnicos de programas alargado da vacinação, expansão da luta anti-vectorial, aquisição de antimaláricos, tendo em conta que é a principal causa de morte no município de Viana. Prevêem ainda beneficiar 131 famílias, em formação de pastelaria, corte e costura, canalização, carpintaria, electricidade, pedreiro, ladrilhador, pintura, estocagem e serralharia. Depois de terminarem a formação serão entregues quites para trabalharem na área em que foram capacitadas. Para atingir os objectivos preconizados se prevê implementar 16 milhões de Kwanzas.

Este ano se prevê executar cerca de 70 projectos Segundo o administrador municipal Fernando Manuel, cerca de 70 projectos serão implementados em Viana à margem do programa de desenvolvimento local e combate à pobreza, assim que forem devidamente desenhados, de modos a evitar execução de acções de forma empírica. Para além das outras áreas que o programa engloba, priorizaram as acções de

fomento da agricultura familiar, a pesca e pecuária, promoção do gênero e empoderamento da mulher e os cuidados primários de saúde. É assim que pretendem, no âmbito do fomento à agricultura, pesca e pecuária, no presente mês, fazer a entrega de alguns meios de trabalho a população, sobretudo na comuna de Calumbo, local onde a actividade da agricultura, pesca e pecuária se realiza com maior realce. Nesta zona, a população vai receber moto-bombas, mangueiras para irrigação, sementes, bem como construir três re-

Fernando Manuel, administrador de Viana

presas. No que toca a pesca, a Administração entregou, aos marceneiros indicados pelos pescadores, os materiais necessários para a construção de chatas, e dentro de 15 dias o trabalho será concluído e entregue aos beneficiários. Quanto aos cuidados primários de saúde, Fernando Manuel frisou que foram feitas algumas aquisições de meios gastáveis, medicamentos e utensílios de necessidade urgente nas unidades hospitalares, no sentido de melhorar a assistência sanitária, bem como para a realização de algumas acções preventivas. PUB

COMUNICADO

Regularização de entrada de cambiais por exportação de mercadorias O Banco Nacional de Angola, ao abrigo do disposto no artigo 18º do Aviso nº 05/2018, de 02 de Julho, que institui as Regras e Procedimentos Aplicáveis às Operações Cambiais de Importação e Exportação de Mercadoria, informa a todos os exportadores de mercadorias que ainda não efectuaram o depósito da totalidade da receita em moeda estrangeira resultante de cada operação de exportação de mercadoria numa instituição financeira bancária no país, a procederem à competente regularização, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados da data de publicação do presente comunicado, sob pena de serem instaurados os competentes processos sancionatórios, nos termos da legislação cambial em vigor. Neste sentido, para efeitos de regularização do referido processo junto dos bancos comerciais, os exportadores devem considerar as operações cambiais de exportações de bens e serviços ocorridas no período compreendido entre o dia 01 de Setembro de 2018 e o dia 30 de Junho de 2020.

Luanda, 20 de Julho de 2020


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SOCIEDADE

O PAÍS

Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

Cidadãos socorrem Celma e filhos Tudo começou quando a história de Celma, mãe de cinco filhos, dos quais gémeas, que sofreu cesariana e não os conseguia amamentar por falta de leite e de comida, viralizou nas redes sociais e muitas pessoas decidiram ajudar. Entretanto, no Sábado, ela foi agraciada com vários donativos da Fundação 100% Humano, comovida com a história dessa mulher NAMBI WANDERLEY

Fundação promete continuar dar assistência a Celma

Maria Teixeira

P

ara muitos é mais uma história, para outros é a salvação de mais uma família que vive na precariedade nas redondezas da capital, Luanda. Celma António Manuel, de 32 anos, é mãe de cinco filhos e há dois anos que enfrenta inúmeras dificuldades. Em entrevista a OPAÍS, Celma Manuel conta que a sua situação se agravou com a morte do seu irmão, que o ajudava, e o surgimento de casos do novo Coronavírus no país, pois o seu marido, que sustenta a família através de “biscatos”, tem tido poucas oportunidades. Há duas semanas que Celma teve um parto difícil de gémeos e se alimentava graças a ajuda dos seus vizinhos que partilham consigo o pouco que têm. A Fundação 100% Humano decidiu ajudá-la, oferecendo um curso de costura e consigo trabalhar para conseguir um emprego quando concluir a formação, a fim de que possa sustentar a família. Ofereceram também diversos bens materiais como dois sacos de fuba de milho, dois sacos de açúcar, duas caixas de óleo, uma caixa de lixívia, quatro sacos de arroz, oito caixas de massa, uma caixa de sabão líquido, 30 embalagens de água, um colchão, uma caixa de atum, duas caixas de detergente, quatro latas de leite Nido, quatro latas de leite Ná. Por outro lado, recebeu também 30 embalagens de fraudas para os bebês gémeos, roupas, entre outros. Celma agradeceu o gesto, afirmando que mudou o seu dia, uma vez que não esperava receber tantas coisas. “Tenho passado fome e só sobrevivi à gravidez destes bebés por obra dos vizinhos que me davam um pouco de comida para alimentar a minha família”, contou. Disse ainda que teve de abandonar o trabalho por causa da gravidez, para preservar a sua vida e a dos bebés. Limitou-se a ficar em

NAMBI WANDERLEY

casa, que alguém lhes cedeu para controlar há dois anos, a cuidar dos filhos. “O meu marido não trabalha e já está desempregado há dois anos. Faz uns biscatos e quando surgem. Quando não aparece nada, ficamos assim. Ele tem uma outra relação”, frisou. Desesperada, a jovem pede ajuda para construir pelo menos um quarto num terreno que o seu falecido irmão deixou no bairro Benfica para viver com os filhos. Manifestou ter consciência dos riscos que as pessoas correm com a Covid-19 e que têm tentado cum-

prir com as medidas de prevenção, apesar das dificuldades. “As pessoas não têm noção de como as doações têm ajudado a minha vida. Até militares já me trouxeram algo. Nunca pensei que a minha história pudesse mexer com o coração das pessoas. Espero que esse tipo de gesto não pare por aqui porque somos muitos a passar pelo mesmo”, apelou. Por sua vez, Eda Vicente, vizinha de Celma, a autora do vídeo que se tornou viral nas redes sociais, confirmou que a mesma vive há dois anos no bairro, mas que quando chegou à localidade o seu

irmão mais velho ainda estava em vida e a prestava o apoio necessário. “Mas desde que o senhor morreu começou o sofrimento dela. O marido desde que saiu daqui Segunda-feira ainda não apareceu porque tem outra relação”, contou. Edna Vicente conta que após receberem a notícia de Celma teve gêmeos ficaram muito contentes, mas quando Celma chegou a casa não havia nada para comer. Foi no instante que se apercebeu que ela nem leite tinha para amamentar as crianças por não ter o que comer que decidiram fazer o pedido ajuda.

A secretária-geral da Fundação 100% Humano, Rossana Lino, disse ser uma acção que vai continuar por terem como missão oferecer assistência educacional, material e moral levando conforto social e humanitário. “Somos motivados pelas crises humanitárias, sobretudo pelos principais problemas de educação que assolam o nosso país”, disse. Questionada sobre a escolha de Celma, a responsável disse que receberam um pedido de socorro e sem pensar duas vezes foram conduzidos a atender, uma vez que Celma é uma mãe de recém-nascidos em desespero. “Sentimos que é um sinal de Deus. Não somos nós quem escolhemos a Celma, foi Deus que tocou nos nossos corações para que agíssemos. Nós simplesmente fomos objectos da escolha de Deus”, frisou. Apesar da contaminação comunitária que se vivencia por Luanda, Rossana Lino disse que o medo “não nos impeça de ajudar o próximo. Devemos nos cuidar a nós e aos nossos, mas devemos nos lembrar também de olhar sempre pelo próximo, só assim construímos um mundo melhor”, disse.


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O PAÍS

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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

F

oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 705 casos em Angola, com 29 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença: 1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


CARTAZ seu suplemento diário de lazer e cultura

Filipe Mukenga agradece pelos momentos de homenagem no show de cariz solidário “Por Angola” O músico angolano Filipe Mukenga agradeceu, ontem, os vários momentos de homenagem no show solidário denominado “Por Angola”, promovido pela Associação Angolana de Profissionais e produtores de Eventos e Cultura (APPEC), no Memorial António Agostinho Neto, em Luanda, que foi transmitido em directo pela TV Zimbo e nas plataformas digitais da Platinaline

ternautas com os seus temas musicais de sucesso, entre eles “Balabina”, “Lemba”, “Ndilokewa”, “Carnaval”, acompanhado pela Banda Maravilha. Durante a interpretação da canção “Minha terra, terra minha”, o músico foi acompanhado pelo grupo de dança, Kina Ku Mixi. Houve ainda a actuação de músicosconvidados,comoIvanAlekxei, que interpretou o seu tema musical “Meu kota”, Sandra Cordeiro, com ”Athu mu Njila” de Mukenga, Kizua Gorgel e Jorge Semedo, que ao som das suas guitarras cantaram a música “Nvula”. A cantora Katiliana interpretou a canção “Mulogi”, Anabela Aya entoou um dos seus temas de sucesso, enquanto o kudurista Agre G apresentou alguns dos seus temas musicais também.

Antónia Gonçalo

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urante o show multicultural que decorreu das 16 horas até às 19, foi apresentado um vídeo sobre a vida e obra do artista, que mostrou várias imagens de eventos com o músico, momentos vividos por ele em diversas etapas da sua carreira, como forma de homenageá-lo nesta que foi a primeira actividade da associação criada em Abril do ano em curso. Para além disso, a APPEC ouviu depoimentos de vários artistas sobre o percurso de Mukenga, que foram seguidos por ele durante o evento. Nesta senda, o músico Paulo Flores reconheceu o grande contributo do homenageado no engrandecimento da música angolana, através das suas composições e melodias, que, segundo ele, encantam o mundo e marcaram gerações. O músico cabo-verdiano Tito Paris, a partir de Lisboa, Portugal, também enalteceu o trabalho do artista, que considera digno de ser seguido. Nesta senda, a cantora Yola Semedo teceu algumas palavras de consideração ao músico, que muito admira, pela sua personalidade e musicalidade. Yuri da Cunha não esteve de fora deste quadro, assim como o músico Mito Gaspar, que disse admirar o artista pela temática musical, que o caracteriza. Calabeto e Filipe Zau também felicitaram Mukenga e incentivaram-no a porsseguir com o seu trabalho. Quanto aos depoimentos, Mukenga disse tratar-se de pessoas amigas com que algumas vezes partilhou o palco em determinadas actividades, em momentos de camaradagem e de música. “Estou emocionado ao ouvir essas belas palavras, de músicos que são meus amigos. Por isso, agradeço pelo in-

centivo e reconhecimento do meu trabalho, essas palavras que enaltecem a minha música”. Outros momentos Entre os momentos de homenagem consta ainda a entrega do troféu da APPEC ao músico, pelo artista Big Nelo, em prol dos seus anos de trabalho desde a década de 60, o seu

contributo no engrandecimento da música angolana, a sua musicalidade de sucesso no país e no exterior, e pelo carisma ante artistas e o público. Emocionado com a homenagem, Mukenga agradeceu cada momento, que considerou marcantes na sua carreira. “É mais uma grande homenagem feita pela socieda-

de civil. Essas homenagens devem acontecer enquanto estamos vivos. À título póstumo é muito diferente. Estou muito emocionado. Agradeço à APPEC que se lembrou de Filipe Mukenga para estar aqui, neste Por Angola”, exaltou. Neste show em sua homenagem, o músico subiu ainda ao palco e brindou os telespectadores e in-

Show multicultural O show “Por Angola”, que aconteceu sem público, considerado multicultural, juntou várias disciplinas artísticas, como o teatro, as artes plásticas, literatura, a moda e a gastronomia, com o objectivo angariar donativos que serão convertidos em cartões de compras numa cadeia de supermercados para apoiar instituições de caridade e beneficência, bem como os fazedores de cultura e demais intervenientes do sector de cultura e eventos que estão sem trabalho nesta fase em que se vive a pandemia da Covid-19. Durante o show, vários foram os cidadãos que se solidarizaram com a causa e fizeram doações de bens e valores monetários. O teatro O teatro foi representado pelo grupo Cena Livre, que amostrou a peça intitulada “Ingratos”, em que dois actores deficientes físicos abordaram alguns dos problemas que ‘vivem’ no seu dia a dia, mas de forma bem humorada. Walter Cristóvão, membro da Comissão Instalado-


O PAÍS

Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

ra da APPEC, que representa a área de teatro e dança, disse tratar-se de uma peça que em 2016 foi considerada o melhor espectáculo de teatro pela classe. Disse ainda a este jornal que que está satisfeito com o pontapé de saída da associação, que mostrou em parte o que serão as suas actividades solidarias. Referiu que o projecto surgiu no momento certo, por incluir várias disciplinas artísticas no mesmo espaço, assim como os demais contribuintes da cultura e arte.

15 A APPEC

Gastronomia Ricardo Helton, chef de cozinha, que tem prestado os seus serviços em vários eventos do género, nesta actividade confeccionou hambúrgueres para os presentes. Enalteceu a iniciativa, que considerou inédita, pela fusão de exibições. Literatura A escritora Kanguimbu Ananaz, ao som do violão, com Ricardo, declamou a poesia intitulada “Fogo e ritmo” do ‘Poeta Maior’, que ressalta aspecto do continente africano. Stand Up Comedy O humorista Gilmário Vemba, apresentou algumas cenas baseadas nas canções do homenageado, Filipe Mukenga. O humorista agradeceu a organização pelo convite.

Artes plásticas Guilherme Mampuya, em companhia de um dos seus ‘discípulos’, David Ndombele, produziram dois quadros de pintura acrílica sob tela, um deles com o rosto de Mukenga e o outro inspirado na música “Umbi, umbi” de Mukenga, onde perspectiva e os bons momentos que o projecto trará aos artistas. As referidas obras têm por finalidade a comercialização, cujo valor servirá para apoiar a causa.

Moda A estilista renomada Soraya da Piedade apresentou a sua colecção denominada “Fast Fafhion”, composta por roupas com várias cores, entre fatos e vestidos. Durante o acto, as manequins desfilavam ao som de música electrónica com os D’js 3 Alves, e também ao som do saxofonista Nanuto, O evento foi apresentado pe-

lo coordenador-geral da APPEC, Kayaya Júnior, e Karina Barbosa, membro da Comissão Instaladora da associação. O coordenador-geral da APPEC, Kayaya Júnior, durante o evento disse que para si é importante estar com vários profissionais da área de espectáculo, tendo ainda agradecido os artistas e profissionais que apoiaram a iniciativa.

O projecto criado em Abril (18) foi apresentado este mês pela Comissão Instaladora. Actualmente possui mais de três mil membros no país, entre artistas, técnicos, casas de espectáculos, apresentadores, jornalistas culturais, influenciadores, seguranças de eventos, empresas organizadoras, produtoras, promotores e prestadores de serviços para eventos. Entre os interesses a serem defendidos perante o mercado e as entidades institucionais e órgãos públicos, consta o reconhecimento, valorização e respeito a actividades como organização, produção e prestação de serviços em eventos culturais. A associação pretende ainda apostar no profissionalismo dos membros, com a realização de acções formativas, dos mais variados sectores, como de educação financeira e gestão de carreira, para que possam gerir, render e suster as suas carreiras, para assim acudir situações precárias que possam advir no seu trajecto profissional.

Sociedade Cabo-Verdiana de Música anuncia reabertura do curso de “Copyright e os Negócios das Indústrias Criativas” O curso arranca esta Segunda-feira,20, e as inscrições são gratuitas

A

Universidade da Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores (CISAC) inicia nesta Segundafeira (20) a nova edição do curso online de “Copyright e os Negócios das Indústrias Criativas”. Segundo a Sociedade Cabo-Verdiana de Música, parceira do curso, as inscrições já se encontram abertas e são gratuitas, tendo em conta o seu objectivo de “ampliar a visão dos negócios das indústrias criativas, a partir do ponto de vista do copyright e seu papel na produção económica dos vários sectores

dessas indústrias”. O curso tem como público-alvo autores, artistas, produtores culturais, agentes culturais, produtores de eventos, investigadores na área da cultura e demais profissionais da área cultural, mas abrange também professores, jornalistas e usuários que pretendem conhecer melhor como opera esta área de negócios. A formação será disponibilizada através da plataforma FutureLearn e para as inscrições os interessados devem entrar no link: https://www.futurelearn.com/ cou…/economics-of-copyright-

pt/2 De realçar que a SCM divulgou e promoveu em 2018, a primeira versão do curso em português, intitulado, “Copyright: História, Cultura, Indústria”, e agora é parceira na divulgação da segunda edição do curso, intitulada, “Copyright e os Negócios das Indústrias Criativas”. Uma matéria que a entidade considera importante para o sector cultural e das indústrias criativas “principalmente no cenário de crise que o sector da cultura está a vivenciar devido às consequências da Pandemia do Covid-19”.


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CARTAZ

O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

Obituário

Escritor espanhol Juan Marsé morre aos 87 anos DR

Conhecido como um dos autores mais destacados da narrativa espanhola da segunda metade do Século XX, deixa para posteridade uma obra crítica em que retrata a Barcelona esquecida do pós-guerra

O

escritor Juan Marsé, prémio Cervantes em 2008 e considerado um dos autores mais destacados da literatura espanhola da segunda metade do século XX, morreu, este Domingo, em Barcelona aos 87 anos, informou a Editora Balcells. O também guionista e jornalista, de verdadeiro nome Juan Faneca, nasceu em Barcelona a 8 de janeiro de 1933. A sua carreira literária iniciou-se em 1959, ano em que começou a publicar crónicas em revistas

CONTESTAÇÃO

literárias e em que obteve o Prémio Sésamo de contos. Desde então publicou diversas obras, muitas delas premiadas e publicadas em português, como “Últimas Tardes com Teresa” (2006), “Canções de Amor em Lolita’s Club” (2006), “O Feitiço de Xangai” (2010), “Rabos de Lagartixa” (2011), “Caligrafia dos Sonhos” (2013), “O Amante Bilingue” (2013), “Essa Puta Tão Distinta” (2016). Foi também galardoado com o Prémio Juan Rulfo 1997, o Prémio Internacional Unión Latina 1998 e o

CELEBRIDADES

Prémio Cervantes em 2008. Segundo a Agência de notícias EFE, o escritor Juan Marsé é um dos autores mais destacados da narrativa espanhola da segunda metade do século XX, deixa para posteri-

dade uma obra crítica em que retrata a Barcelona esquecida do pósguerra. De formação autodidata, as suas origens operárias marcaram os seus princípios e a sua vontade de

dar voz aos mais humildes, perseguidos, marginalizados ou perdedores que povoam na Barcelona menos “glamorosa”. A mãe morreu no parto, tendo sido adotado por uma família do bairro barcelonês da Gracia, e aos 13 anos abandonou os estudos para trabalhar numa oficina de joalharia. Em 1960 viajou para Paris para trabalhar como professor de espanhol, e, em 1965, graças à obra “Últimas tardes com Teresa”, Marsé começou a colaborar como tradutor de filmes, guionista e ajudante de laboratório no departamento de bioquímica do Instituto Pasteur. Muitas das suas novelas foram adaptadas para cinema. Enquanto jornalista, trabalhou na revista “Art-Cinema” e foi chefe de redação das revistas “Bocaccio” e “Por favor”. O Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, recordou hoje, no seu perfil oficial do Twitter, o escritor como “uma figura chave da literatura espanhola” e um homem com “firmes convicções”.

RECONHECIMENTO

ARTES CÉNICAS

BANDA DESENHADA

Linkin Park obrigam Donald Trump a retirar vídeo do Twitter que usava o clássico ‘In The End’

Namorada de Keanu Reeves coloca uma ordem de restrição contra ‘stalker’

Leonel de Castro ganha “Fotografia do Ano” da Estação Imagem 2020

Grupo Juventude em Marcha prepara peça sobre a Covid-19

“Desvio” para uma solidão inesperada

Os Linkin Park obrigaram Donald Trump a retirar das redes sociais um vídeo de uma campanha sua, que recorria a ‘In the End’ como banda-sonora. Os membros da banda norteamericana pediram ao Twitter para que apagasse o vídeo, por violação de direitos de autor, o que acabou por acontecer algumas horas após a sua publicação. Os Linkin Park não são a primeira banda a insurgir-se contra o facto de a sua música ser usada por Trump em comícios e campanhas: Neil Young ou os Rolling Stones são alguns outros exemplos

A namorada de Keanu Reeves, Alexandra Grant, solicitou em tribunal uma ordem de restrição contra uma mulher que é obcecada pelo actor. De acordo com documentos obtidos pelo The Blast, Alexandra pretende uma ordem de proteção contra uma ‘stalker’, de nome Cathryn. Nos mesmos ainda se pode ler que a perseguição já decorre há meses. “Ao longo dos últimos meses, e diariamente, a Sra. Grant tornou-se vítima de uma perseguição extrema e implacável”, refere-se, acrescentando-se ainda que Alexandra foi alvo de perseguição - física e na Internet, ameaças, assédio, entre outras coisas.

Leonel de Castro, fotojornalista do Jornal de Notícias (JN) e vencedor do prémio Estação Imagem Coimbra 2019, arrebatou, pelo segundo ano consecutivo, o galardão Fotografia do Ano, com uma imagem intitulada “Voo de Esperança”, que retrata uma rapariga moçambicana, em pé, num baloiço, na cidade da Beira, atingida pelo ciclone Idai. “Uma menina adolescente voa em direção aos céus por entre as árvores destruídas. Numa das principais artérias da cidade da Beira, Moçambique, depois de a província de Sofala ter sido dizimada com a passagem do ciclone Idai”, refere a organização.

O grupo teatral Juventude em Marcha planeia montar uma peça sobre a pandemia da Covid-19. Com dados recolhidos e investigações feitas o trabalho já está em andamento. “Estamos a trabalhar com algumas investigações já feitas e dados recolhidos minuciosamente para mostrarmos qual a atitude das pessoas face à pandemia. Depois pretendemos chegar a uma altura de reconsideração, fazer combate em massa e conseguir óptimos resultados, que seria a eliminação provisória do vírus”, avança o presidente do grupo, Jorge Martins em entrevista à RCV.

Ana Pessoa e Bernardo Carvalho assinam nova novela gráfica que aborda o tédio adolescente e a inquietação que bloqueia o quotidiano. O trabalho começou há mais de um ano, muito antes da pandemia e do confinamento, mas “Desvio” é uma história sobre o tédio e a solidão. Miguel, 18 anos, está inesperadamente sozinho em casa, durante o Verão. O namoro está em suspenso, os pais de férias e os amigos longe. E Miguel, adolescente aborrecido e em efervescência existencial, começa a ficar consumido pela dúvida. “É um retrato de uma sensação de vazio, de bloqueio, em que todos nos reconhecemos.


OPINIÃO

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KÉNIA CAMOTIM

Vendo na rua, mas sou capaz!!!

N

o meu último artigo, partilhado e discutido entre mulheres da nossa sociedade, entre várias frases que ia ouvindo, há uma que me tocou imenso. Não pela afirmação, porque é um facto, mas por perceber que nunca serão os de fora que irão entender a nossa essência, a nossa cultura! Então, não precisamos de procurar muito, porque temos quadros em Angola que estão ávidos de fazer a diferença no nosso país. Eis a notável frase dita pela Sónia: “Se fossem consultores a virem de fora com estas ideias – eram os maiores e ainda eram pagos a peso de ouro” ... tens razão, minha amiga e mulher de todas as frentes, mas o nosso lema é não desistir. E se estes artigos forem usados por um expert, dito consultor, mesmo assim, sentir-me-ei orgulhosa. De realçar que os meus artigos chamam a atenção não apenas para a questão de todo o processo que envolve o comércio de rua e defesa das nossas Zungueiras (Nanoempresários/as), mas também a questão da sua implementação. A pergunta que não

obedece ao meu instinto de formadora e economista: “O que falta para pôr em práctica e qual a dificuldade em dar continuidade?” Hoje tentarei não abordar questões técnicas, irei situarme como cidadã e tentar pôrme do outro lado, do lado dos(as) Nano-empresários(as). Lúcia Domingos foi um dos exemplos que dei nos meus artigos. Descobriu que não precisava de andar sempre na rua, usou a plataforma digital Facebook e montou o seu negócio. E está no 11º ano de escolaridade. Tudo isto porque tem um telemóvel na mão disponível para distribuir a sua informação. E nele anuncia a venda de banana, batatadoce, batata nacional e outros produtos...Fantástico!!! Como cidadã pergunto: alguém pegou na Lúcia e tentou fazer dela o “pivot exemplo” para estimular as nossas Nanoempresárias de rua? Já perceberam o quanto estamos a desperdiçar, não usando estes exemplos de uma pró-actividade única, que surgem e podem ser a âncora para estímulo de uma nova geração de Nano-empresárias

(as filhas das zungueiras, que possam via a ser a ser zungueiras também)? E, como cidadã, volto a insistir, ao dizer: a tecnologia anda de mãos dadas com a vontade de criar e ser. Só nos resta a vontade de ensinar e, sim, dar ferramentas a estas mulheres, e homens, que, num futuro próximo, não irão permitir a falta de reconhecimento, por tudo o que fazem e pelo que são: “Nano empresárias(os)”. O período que vivemos é tão incerto que a sobrevivência de cada um passará pelo estímulo que o executivo poderá criar com o apoio dos quadros que temos e transformar o incerto em certo, ou seja, dando a possibilidade de aprender através da formação técnica e especializada. O meu pedido: Não se esqueçam das nossas mamãs Zungueiras (nossas Nano empresárias) criem um plano de formação à medida, deixem-nas certificadas. Valorizem-nas. Como disse, hoje foi a cidadã Kénia que escreveu e não a economista e formadora. #Fiquem em casa Economista


ECONOMIA

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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

“Os bovinos autóctones explorados pelos nossos criadores no Sul de Angola deveriam ser preservados” José Manuel Moras Cordeiro é médico veterinário reformado com larga experiência no ramo. Olha para o sector com “olhos de ver”, apresentando algumas premissas que podem ajudar o país a sair da perspectiva teórica para prática, o mesmo que dizer: obter resultados. É a nosso entrevistado de hoje numa conversa com acento tónico nas políticas agropecuárias em curso no país André Mussamo

O

país já leva uma “idade adulta” em tentativas de massificar a agropecuária, entretanto sem resultados à vista e continuamos a ser um dos maiores importadores na Região Austral? O que estaremos a fazer mal para não lograrmos êxitos? Um dos principais problemas está no desconhecimento da realidade do mundo rural angolano, com as suas diferentes realidades sócio-culturais, económicas e correspondentes estruturas agrárias. Quando se fala em agropecuária estamos a falar da agricultura e da pecuária de Angola, cuja realidade difere de província para província e, em algumas províncias de município para município. É esta especificidade que a maior parte dos dirigentes a nível central e local, no passado e no presente, desconhecem. Quando se fala em políticas agrícolas mete-se toda esta diversidade no mesmo saco e os resultados são os que estão à vista de todos. Estou só a falar do sector familiar, aquele que abastece com mais de 80% os habitantes das principais vilas e cidades de Angola. Depois há também os fortes lobbies, de angolanos e estrangeiros, ligados à importação desses produtos, que estão implantados há décadas no nosso mercado e que levaram, e levam ainda, a alterações de hábitos alimentares das nossas populações. É melhor importar, mais rentável, do que participar na organização das várias cadeias produtivas do sector agrário angolano, que é um processo mais demorado e, por isso, com menor rentabilidade imediata para as empresas importadoras.

Na sua opinião, qual devia ser a aposta para alcançarmos resultados palpáveis, principalmente no que toca a respondermos às necessidades alimentares das populações? Não há soluções mágicas e eu, naturalmente, não as tenho. Mas posso apontar algumas soluçõesOrganizar todas as cadeias do sector agro-pecuário é um processo que implica unir sinergias de vários departamentos ministeriais, para se conseguir resul-

tados e responder às necessidades alimentares crescentes das populações. Deve-se discutir com os actores locais, com os produtores rurais que apresentam vários níveis de desenvolvimento, apresentar propostas inclusivas, realizáveis. É necessário inverter a pirâmide das decisões dos gabinetes ministeriais para as estruturas de base cumprirem. Muitas das vezes as opções por programas megalómanos, elaborados por especialistas de outras latitudes ou copiados de outros pa-

íses, desajustados à realidade rural de Angola, ao contexto sóciocultural, económico e estruturas produtivas tradicionais, desorganizando e desestabilizando o que já existia e desanimando muitos dos produtores rurais, depois do impacto negativo de muitos desses programas, perde-se muito tempo até que as estruturas agrárias se organizem novamente, se equilibrem e recomecem os seus níveis de produção. Outra questão fundamental é a formação, que é transversal a to-

dos os sectores da vida produtiva. Antes da Independência muitas das formações eram promovidas pelas missões católicas e protestantes, na agricultura, pecuária, carpintaria, serralharia, electricidade, etc. Depois tivemos um longo período, por causa da guerra mas não só, em que a formação no meio rural deixou de existir. Hoje, pode ver a carteira das acções de formação promovidas pelo MAPTESS, e repare que cursos eles promovem. Cursos, que eu apelido, de formação do e para o asfalto. Não há nenhum curso agrário promovido por este sector in situ, isto é no local de habitação do formando. Já viu um curso, por exemplo, de operadores de máquinas agrícolas, promovido pelo MAPTESS? É verdade que em alguns municípios do Huambo, Bié e Malange o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) está a promover as Escolas de Campo nas aldeias, com resultados encorajadores na agricultura mas no campo da pecuária nada está ser feito. Nas estruturas centrais do IDA não há nenhum Médico Veterinário ou Eng. Zootécnico e nas provinciais, só o Huambo contratou alguns profissionais desta área. Há muitas coisas a corrigir e a melhorar para que possamos satisfazer as necessidades básicas das populações. Estas são algumas contribuições. A criação de animais de pequeno porte como aves, cabritos, porcos, etc. é quase uma tradição dos povos africanos. Por que razão é que não temos uma verdadeira revolução na multiplicação a nível rural e consequentemente na oferta de proteína animal para fins alimentares? É verdade, os pequenos animais nas populações rurais têm uma importância fundamental na economia familiar e é, como você disse, uma tradição dos povos africanos. Mas há diferenças entre províncias ou entre regiões de Angola na forma como são criados esses animais. Há regiões que exploram mais os pequenos ruminantes (caprinos e ovinos) e noutras exploram os monogástricos (aves e suínos). Mas o número de animais e


O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

aves está dependente de muitos factores. Por exemplo, como pode uma família média de seis a nove membros no Huambo, aumentar o número de porcos ou de aves se o que ela produz de cereais não chega para alimentar os membros da família durante o ano, mesmo produzindo duas vezes por ano, nas nacas e nos terrenos altos? Como pode aumentar o número de galinhas se não consegue obter vacinas para o controlo da Newcastle, que provoca razias, quase todos os anos, nos bandos do meio rural? Como pode aumentar o número de caprinos, ovinos, suínos e aves se mais de 90% dos produtores rurais não recebe assistência técnica, não consegue obter medicamentos para tratar os seus animais e, se os conseguisse obter quanto é que custariam? Por isso é que as populações rurais têm um número limite de animais ou aves. Por exemplo, no planalto central, o camponês tem em média 5 a 8 galinhas. Se vier a doença de Newcastle ele perde, mas perde pouco. Depois, assim que começar as colheitas ele troca alguns dos seus produtos por galinhas e recomeça tudo de novo, até à próxima razia. Há alguns anos atrás houve um projecto desenvolvido por uma ONG, a Acção Agrária Alemã, em vários municípios da província do Huambo e Benguela, com bons resultados que em três anos de actividade as famílias aumentaram em média para 20 a 30 galinhas. Tinham assistência técnica que era prestada por técnicos contratados que foram formados no âmbito do projecto mas, mais importante, as galinhas eram vacinadas contra a Newcastle. O projecto acabou, os bens foram entregues às estruturas do Governo e tudo acabou. Entretanto, chegam notícias do Planalto Central de que há criadores nacionais que têm apostado, cada vez mais, em técnicas de multiplicação genética animal desenvolvidas pelo centro da comuna da Calenga, no município da Caála (Huambo). Este é o caminho certo para alcance do pretendido desenvolvimento agropecuário? É um caminho que depende de outros elos da cadeia da pecuária dos bovinos. A cadeia é constituída por muitos elos e, esse que citou é apenas mais um dos elos da cadeia. Mas há outros elos mais importantes, por exemplo, a organização das fazendas, a construção de infra estruturas de apoio à actividade pecuária, a manutenção da saúde dos rebanhos e, por

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exemplo, a alimentação. Que importa você fazer inseminação artificial ou transferência de embriões se depois os animais vão morrer de fome na época do cacimbo, porque o empresário não sabe fazer feno, fenosilagem ou silagem? Quando se avalia a cadeia pecuária em Angola no geral, temos de avaliar os elos que constituem essa cadeia. Quais são os principais elos que estrangulam a cadeia, como podemos ultrapassá-los? E há elos na cadeia que dependem de vários ministérios e, cada um deles trabalha isolado, cada um no seu quintal. O Centro da Calenga deu a conhecer que desde 2007, fez a inseminação de 45 cabeças de gado bovino. A última novidade é de ter concluído com sucesso o trabalho de inseminação de sete vacas das raças brahman, de origem sul-africana, e bonsmara, de proveniência americana, iniciativas que visam estimular a produção da carne e do leite. Não acha pouco resultado para tamanho espaço temporal de trabalho? Por se tratar de uma empresa privada não posso tecer considerações a esse respeito. Essa pergunta deve ser formulada aos responsáveis dessa empresa. Mas insisto. Seria uma boa ideia apostarmos na inseminação como caminho para aumentarmos o efectivo animal do país? A inseminação artificial come-

“Pode ver a carteira das acções de formação promovidas pelo MAPTESS, e repare que cursos eles promovem. Cursos, que eu apelido, de formação do e para o asfalto”

çou a ser feita no Instituto de Investigação Veterinária no Huambo, nos primeiros anos da década de sessenta do século passado. As técnicas de reprodução assistida fazem parte dos elos da cadeia produtiva, mas não são os únicos e não são os principais. Você pode utilizar essas técnicas e os seus animais morrerem de fome ou por falta de assistência médico veterinária ou porque os laboratórios não têm reagentes ou ainda, por falta de medicamentos que entretanto esgotaram-se no mercado nacional. Acha que o processo de inseminação artificial pode incentivar os projectos do ramo pecuário nas regiões com potencial agropecuário, passando pelo melhoramento das raças bovinas nativas multiplicando-as para fazer face aos desafios da redução das importações da carne? Creio já ter respondido a essa questão nas respostas anteriores. Mas as raças nativas, exploradas pelos criadores tradicionais, são as que já abastecem o mercado nacional desde a Independência, em mais de 80% e a única assistência que recebem do Estado são as vacinas contra as quatros doenças do plano anual de vacinações, nos anos em que há campanhas de vacinação. Quando melhora as raças tem

que melhorar o maneio alimentar e sanitário, pois essas são mais exigentes. Que importa, como dizia um nosso professor, comprar um carro de marca Ferrari se depois você não tem estradas ou não tem assistência técnica? Os bovinos autóctones explorados pelos nossos criadores no Sul de Angola deveriam ser preservados, como orienta a FAO, criando um programa de preservação desse património genético nacional, como fizeram alguns países africanos. Nesse aspecto estamos atrasados, mas temos de fazer qualquer coisa, ainda vamos a tempo. Mas respondendo a parte da sua pergunta, em relação à importação de carne, diria que o que falta é organizar o sector. A maior parte da carne que abastece, por exemplo, o mercado de Luanda, o maior centro consumidor de Angola, sai do Sul e Sudoeste de Angola em animais vivos, o que em minha opinião está errado. Não deveria ser permitida a saída de animais vivos dessa região e a única excepção, deveria ser para os animais de reprodução. Todos os animais para abate deveriam ser abatidos nos matadouros do Sul e Sudoeste de Angola, agregando valor à cadeia produtiva nessas províncias e a carne ser transportada para Luanda em camiões frigoríficos. Para além disso, há a questão sanitária com o transporte de

O Laboratório Central do IIV, no Huambo, produziu antes e depois da nossa independência até meados da década de oitenta, do século passado, vacinas para as principais doenças que afectam os animais em Angola. Hoje, como somos um país produtor de petróleo, importamos os medicamentos e vacinas”

animais, sem se saber o seu estado sanitário, do Sul para Luanda, passando por várias províncias, e a questão do bem-estar animal pois, os animais são transportados nas condições que todos nós conhecemos, sem comida e sem água, muitas vezes não respeitando o espaço vital e por motoristas que não estão capacitados e licenciados para o efeito. Insisto no potencial do centro do Huambo. Ele é um dos poucos com a sua própria fábrica de nitrogénio líquido favorável para a conservação de sémen e embriões para efeitos reprodutivo. Consta que tem uma capacidade de produzir 200 litros por semana. Este é um projecto para replicar no país ou não? É um projecto privado e por isso não devo emitir qualquer opinião. Diria somente que, em minha opinião, há outras prioridades para o desenvolvimento da pecuária nacional.


ECONOMIA

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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

“Pensar hoje no desenvolvimento da pecuária do Planalto de Camabatela exige, por parte dos decisores políticos, a tomada de acções concretas” Pelo conhecimento que tem da realidade do país, que outras zonas seriam propícias para a implementação de projectos semelhantes aos do Huambo? Fala-se muito do Planalto de Camabatela, por exemplo? Este projecto do Huambo representa só um dos elos da cadeia, como já referi atrás. O Planalto de Camabatela tem um potencial enorme para a pecuária, como ficou demonstrado com os resultados obtidos nos anos setenta, do século passado, graças também aos planos de fomento da pecuária promovida naquela altura. Pensar hoje no desenvolvimento da pecuária do Planalto de Camabatela exige, por parte dos decisores políticos, a tomada de acções concretas, por exemplo um Plano de Desenvolvimento. Nesse plano deveria haver programas, projectos e acções que permitissem desenvolver de forma planificada, coordenada e organizada a pecuária nessa região. Não podemos colocar mais animais nessa região sem resolver e assegurar a sanidade dos animais que já lá existem. Esta é uma responsabilidade do Estado, pois assegurando a sanidade animal estará a preservar a saúde pública. Quantos médicos veterinários trabalham nessa extensa região que engloba municípios das províncias do Cuanza-Norte, Uíge e Malange? Os que existem conseguem assegurar a assistência veterinária e zootécnica do efectivo pecuário existente e o planificado a introduzir? Parece que o país está a importar até abelhas para a produção de mel. Acha isso um bom procedimento? Por esta via não estaremos a trazer também problemas ou outros males como doenças de origem animal e vegetal? Todas as importações de animais e plantas devem respeitar as leis e obrigações de sanidade animal e vegetais existentes em Angola e as leis internacionais do comércio desses produtos e subprodutos de origem animal e vegetal. Sei que por ética não quer falar do que está a acontecer com o gado que importamos do Tchad. Mas é inevitável ouvir a sua opinião meramente técnica, como um con-

tributo sobre o que devíamos fazer para minimizar os danos nesta operação? Direi somente que neste processo não foram cumpridos os protocolos, procedimentos, regras e exigências do comércio internacional de animais vivos e não foram respeitadas as normas e exigências da Lei Nº 4/04 de 13 de Agosto, Lei de Sanidade Animal da República de Angola. Ainda bem que foi tomada a decisão, pelos órgãos competentes, de parar para organizar ou reorganizar todo o processo e retomar a importação dos animais do Tchad. O que dizer da importação de espécies vegetais? Por uma questão de ética não respondo a questões que não dizem respeito à minha profissão. Haverá outros profissionais dessa área para responder a essa pergunta. Temos uma academia já com alguns anos de existência. Entretanto, e, mais uma vez, o que não vemos ao mesmo nível os resultados. É uma constatação errónea de quem é leigo ou tem estado a faltar alguma coisa? A formação de quadros em Angola, principalmente a partir da década de noventa, do século passado, foi afectada por muitos fenómenos e não serei o primeiro a falar sobre esta questão. A formação no sector agropecuário, quer seja básica, média ou superior enferma de muitas deficiências. Qual foi ou é ainda hoje a percentagem do Orçamento Geral do Estado para este sector? Não podemos, como se diz na gíria, fazer omoletes sem ovos. A formação, a pesquisa e a inovação são igualmente afectadas pela percentagem do OGE atribuída ao sector. Há instituições do ensino agrário em Angola que não têm laboratórios, que não conseguem oferecer um ensino prático aos seus formandos. A Faculdade de Medicina Veterinária (FMV), por exemplo, tem, no papel, uma Fazenda Experimental mas que nunca foi reactivada, porque não tem orçamento para o efeito. Como podem os estudantes adquirir as competências de acordo com o perfil de saída em Medicina Veterinária se não têm laboratórios, não têm um consultório ou uma clínica de pequenos animais,

não têm um campo experimental, com várias espécies animais, em que possam lidar, acompanhar as várias etapas do seu crescimento, alimentar, diagnosticar e tratar? A FMV tem no seu património uma estrutura, quase acabada, que em 1975 teria sido o maior Hospital Veterinário de África. O que fazer com aquela estrutura? Vamos continuar a olhar para o edifício a degradar-se ano após ano? Há institutos médios agrários que têm laboratórios bem equipados mas que os professores não sabem utilizá-los porque não foram treinados para o efeito. Há estudantes do ensino médio agrário que terminam o seu ciclo de formação sem as competências previstas nos perfis dos seus cursos. Há cursos de mecanização agrícola em que os alunos terminaram e, em alguns casos, ainda terminam, sem nunca terem posto os pés num tractor ou colocado as mãos numa alfaia agrícola. O Ensino Médio Agrário ou Ensino Técnico Profissional tem actualmente as seguintes saídas: Técnico Médio de Agricultura, Técnico Médio de Pecuária, Técnico Médio de Gestão Agrária e Técnico Médio Agroalimentar, com a perspectiva de abrir mais outros cursos. Será que a actual estrutura agrária e económica do país consegue absorver todos estes técnicos médios? Quantos técnicos médios agrários exercem efecti-

“A maior parte da carne que abastece, por exemplo, o mercado de Luanda, o maior centro consumidor de Angola, sai do Sul e Sudoeste de Angola em animais vivos, o que em minha opinião está errado”

vamente a sua profissão? Não seria preferível regressar-se à antiga estrutura curricular do Chivinguiro que formava um Técnico Médio Agrário com todas essas valências? Veja-se o exemplo do Brasil, uma potência do agro negócio, que técnicos médios formam? Agora, com a Reforma do Ensino Técnico Profissional, para os cursos agrários, vão ser formados Bacharéis que no futuro vão ser os professores dos Institutos Técnicos Agrários (ITA). Alguém concluiu que os actuais docentes, Licenciados ou Mestres, não têm competências pedagógicas e técnicas para o Ensino Técnico Profissional. As direcções dos IMA ou ITA não foram tidas nem achadas em todo este processo. Não teria sido preferível gastar este dinheiro na formação, reciclagem, promovendo cursos de curta ou média duração aos actuais docentes dessas instituições? Vamos aguardar pelos resultados e consequências daqui a alguns anos. Quando se fala da formação agrária pensa-se que o orçamento é o mesmo de um curso de economia, direito, psicologia, etc., sem desprimor para estas formações. Como poderemos exigir resultados? Quer comentar a necessidade que temos por medicamentos e vacinas para o efectivo animal do país. No passado colonial chegamos a ter melhores resultados. Os medicamentos e vacinas são um dos muitos elos da cadeia da pecuária nacional. O país hoje não produz vacinas. O Laboratório Central do Instituto de Investigação Veterinária, no Huambo, produziu antes e depois da nossa Independência, até meados da década de oitenta do século passado, vacinas para as principais doenças que afectam os animais em Angola. Hoje, como somos um país produtor de petróleo, importamos os medicamentos e vacinas. Nesta área também há lobbies fortes que controlam toda esta actividade, numa teia de interesses instalados, enraizados, difícil de controlar. Há preços de medicamentos impensáveis em qualquer latitude. Como podem os fazendeiros e os pequenos produtores adquiri-los? Há medicamentos, instrumentos e equipamentos pecuários que deveriam ter reduções

fiscais. Mas isso é uma outra questão. Há muitas questões por abordar que poderão ser respondidas noutras oportunidades.

Uma vida dedicada a veterinária José Manuel Moras Cordeiro, nasceu no Lago Dilolo, município do Luacano, Província do Moxico, Angola. É Mestre em Medicina Veterinária e Zootecnia Tropicais desde Dezembro de 1994, pela Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa da Universidade Técnica de Lisboa e Licenciado em Medicina Veterinária pela Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Agostinho Neto em 1987. Exerceu a profissão de professor do Ensino Secundário e foi Chefe do Sector de Educação Física e Desporto Escolar da Delegação Provincial de Educação do Huambo, de Janeiro de 1980 a Setembro de 1986 Na universidade lecionou na Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Agostinho Neto, com a categoria de Monitor, Assistente Estagiário, Assistente e Professor Auxiliar, nas cadeiras de Agrostologia, Pastos e Forragens, Zootecnia Geral, Zootecnia Especial I e Zootecnia Especial II, de Junho de 1985 a Dezembro de 2009. Foi também docente da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade José Eduardo dos Santos, com a categoria de Professor Auxiliar, leccionando as cadeiras de Pastos e Forragens e Zootecnia Geral, de Janeiro a Dezembro de 2010. Foi Vice Decano para a Área Académica e Vida Estudantil da Faculdade de Medicina Veterinária da mesma universidade de Janeiro de 2010 até 31 Dezembro de 2019.


MERCADOS

Mercado TAXA DE JURO Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M

Cot. 10/07/20 15,5% 0,342% 0,193% -0,029% -0,352% 16,17%

∆ Diária (p.p) 0,000 -0,003 -0,030 -0,001 -0,022 -0,220

∆ Diária (%) 2,390 1,308 3,197 2,525 -4,385 1,820

Cot. 10/07/20 569,8864 1,1443 1,2572 106,9600 16,6895 5,3892

18,07%

18,00% 11/07/20

Cot.10/07/20 40,56 43,11 1 810,80 19,69 1,72 290,65

13/07/20

15/07/20

Mercado Accionista O índice bolsista da China, CSI 300, encerrou a semana com uma queda de 4,39%, situando-se em 4.544,70 pontos. O desempenho reflecte o pessimismo dos investi-

26 900,0 26 500,0 26 100,0 25 700,0 11/07/20

13/07/20

15/07/20

Mercado Cambial

1,1390 1,1330

∆ Diária (%) 0,025 -0,301 0,494 3,698 -4,820 0,311

13/07/20

15/07/20

17/07/20

Brent Crude Fut.

43,20 42,60

13/07/20

15/07/20

17/07/20

Luibor 1 Ano

Luibor Cot. 03/07/20 15,39 14,98 15,41 16,17 17,26 18,16

∆ Diária (p.p) 0,010 0,130 0,020 -0,220 0,100 0,110

0,34%

0,34%

0,33% 11/07/20

13/07/20

15/07/20

flectir o optimismo dos investidores em relação ao impacto das medidas de estímulo económico em curso na Zona Euro.

A cotação do petróleo tem sido influenciada pela manutenção do compromisso assumido pela OPEP e aliados, de redução da oferta de crude, e pela incerteza sobre a procura diante

da possibilidade de uma segunda vaga da COVID-19. O WTI aumentou 0,03% e o Brent diminuiu 0,3%, situando-se em 40,6 e 43,11 USD/barril, respectivamente.

Luibor

0,35%

Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano

A cotação do euro fixouse em 1,1434 USD por unidade da moeda única europeia, uma apreciação de 1,27%, o que poderá re-

Mercado de Matérias-primas

43,80

42,00 11/07/20

dores relativamente a um possível aperto monetário após divulgação do crescimento da economia no IIº trimestre, em 3,2%, que superou as expectativas.

17/07/20

1,1450

1,1270 11/07/20

0,34%, numa altura em que se torna crescente a possibilidade de uma segunda vaga de contaminação pela COVID-19.

17/07/20

Dow Jones (EUA)

Mercado DAS COMMODITIES Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.

A necessidade de estímulos na economia norte-americana poderá justificar a queda da taxa de juro Libor USD 6 meses em 0.3 p.b., para

18,14%

EUR / USD ∆ Diária (%) -0,426 1,265 -0,396 0,028 -0,583 1,198

21

18,21%

Mercado CAMBIAL Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL

Mercado Interbancário

Libor USD 6 Meses

Mercado ACCIONISTA Índices Accionistas Cot. 10/07/20 Dow Jones (EUA) 26 698,50 S&P 500 (EUA) 3 226,70 FTSE 100 (Inglaterra) 6 290,30 Bovespa (Brasil) 102 557,40 CSI 300 (China) 4 544,70 Nikkei 225 (Japão) 22 696,42

O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

17/07/20

A s ta xa s de j u ro a pu rad a s no me rc ado mo ne tá r io i nte r b a nc á r io s e g u i ra m te ndê nc i a a s c e nde nte n a ge ne ra l id ade d a s m at u r id a de s , c o m exc e p ç ão d a

Lu i b o r 6 me s e s q ue re du z iu 2 2 p . b . ao s e f i xa r - s e e m 16 , 17 % . D e s tac a - s e q ue a Lu i b o r Ove r n ight f i xou - s e em 15,39%.


MUNDO

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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

Julgamento do Benjamin Netanyahu por corrupção começará em Janeiro

DR

O Tribunal de Jerusalém, que julgará o caso, decidiu, neste Domingo (19), que as testemunhas serão ouvidas três vezes por semana a partir de Janeiro de 2021. Neste Sábado (18), milhares de manifestantes protestaram contra o primeiro-ministro DR

Por G1

O

tribunal de Jerusalém que julgará o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por corrupção começará a examinar as evidências em Janeiro, anunciou neste Domingo (19) a presidente da jurisdição. Netanyahu, acusado de corrupção, fraude e abuso de confiança em três casos diferentes, afirma ser inocente e se diz vítima de uma “caça às bruxas pela Justiça e pela media”. Inicialmente agendado para meados de Março, o processo foi adiado para 24 de Maio devido à pandemia do novo Coronavírus, antes de ser novamente postergado para 19 de Julho. Os advogados de Netanyahu pediram um adiamento de seis meses para preparar a sua estratégia. Segundo a agência de notícias Reuters, eles sugeriram que seria difícil tirar a verdade de testemunhas vestindo máscaras de protecção contra o Coronavírus, actualmente obrigatórias no país. Na transcrição da audiência, realizada neste Domingo (19) sem a presença de Netanyahu, a presidente do tribunal, Rivka Friedman-Feldman, estabeleceu o calendário para as próximas etapas do processo. “As partes devem preparar-se para as audiências de testemunhas (mais de 300) a partir de Janeiro de 2021”, disse ela, segundo a agência de notícias AFP. De acordo com a Reuters, as testemunhas serão ouvidas três vezes por semana. O procedimento será “longo e cansativo” e pode levar de “dois a três anos”, conforme afirmou o professor de direito israelita Gad Barzilai à AFP. Segundo a lei israelita, o primeiro-ministro só deve renun-

Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, Donald Trump

Trump diz que Biden não tem competência para ser presidente e desmente pesquisas

O

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu

ciar se for considerado culpado de um crime depois de ter esgotado todas os recursos, o que pode levar anos. Protestos As acusações contra Netanyahu impulsionaram protestos contra ele. Os manifestantes o criticam por suposta corrupção e pela sua resposta ao novo Coronavírus. Segundo a Reuters, a Polícia israelita usou canhões de água para dispersar manifestantes que se aglomeraram em frente à casa do premeiro-ministro em Jerusalém neste Sábado (18) para exigir a sua renúncia. Em Tel Aviv, milhares de pes-

soas se reuniram para protestar contra a gestão das crises sanitária e económica, um dia depois da entrada em vigor de novas restrições para conter a propagação do novo Coronavírus. Na cidade, manifestantes que bloquearam ruas entraram em confronto com a Polícia. O gabinete do primeiro-ministro e o Ministério da Saúde anunciaram nesta Sexta-feira (17) que a maioria do comércio não essencial e dos locais públicos deveriam fechar neste fimde-semana, até nova ordem. O país, de 9 milhões de habitantes, registava neste Domingo (19) mais de 50 mil casos da Covid-19 e mais de 400 mortos.

Presidente norteamericano, Donald Trump, atacou o seu adversário nas eleições de Novembro, o democrata Joe Biden, que chamou de “incompetente” para liderar o país, no momento em que pesquisas de opinião realizadas neste fimde-semana mostram um desencanto maior do eleitorado com a administração da pandemia por Trump. Em entrevista ao programa “Fox News Sunday”, da rede de TV conservadora Fox, Trump afirmou que Biden irá “destruir este país” se for eleito a 3 de Novembro. O Presidente norte-americano fez várias acusações infundadas ou altamente especulativas contra o ex-vice-presidente do seu antecessor Barack Obama, afirmando que o mesmo “triplicaria os impostos” e “deixaria a Polícia sem financiamento”. Trump também sentenciou que “a religião sairá” da vida dos

americanos, referindo-se aos governantes democratas de vários estados que proíbem grandes missas a fim de deter a propagação do novo Coronavírus. A entrevista foi feita no momento em que novas pesquisas mostram que Biden aumenta a sua vantagem sobre Trump à medida que crescem as dúvidas sobre como o Presidente conduziu a pandemia, em pleno ressurgimento da Covid-19 em muitos estados. O entrevistador Chris Wallace comentou com o Presidente que uma nova pesquisa da Fox dava a Biden uma vantagem substancial. Já uma pesquisa conjunta realizada pelo jornal “The Washington Post” e a rede de TV ABC News mostra que Biden supera Trump entre os eleitores de todo o país com uma margem substancial de 15 pontos e 55% contra 40% das intenções de voto. Trump alegou que as pesquisas são falsas e afirmou que as da Casa Branca o apontam como vencedor das eleições.


O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

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Sírios vão às urnas em eleições legislativas num país devastado pela guerra

DR

Eleitores irão escolher 250 deputados. Pela primeira vez, a eleição ocorre em antigos locais de rebelião. Por RFI

O Cuba comemora ausência de transmissão local de Covid-19 pela 1ª vez em quase 4 meses Apenas alguns casos da doença foram relatados na ilha na última semana. Todos foram em Havana Reuters

P

ela primeira vez em 130 dias, Cuba anunciou, neste Domingo (19) que não havia novos casos domésticos de Covid-19. A maior parte do país passou para a fase final das restrições, que prevê a retomada de actividades com uso de máscaras e distanciamento social. Francisco Duran, chefe de epidemiologia do Ministério da Saúde Pública, que actualizou o país diariamente sobre a pandemia, tirou a máscara durante a transmissão nacional para dar as boas notícias. No Sábado, Duran fez o mesmo, relatando apenas um único caso doméstico em Havana. Apenas alguns casos de Covid-19 foram relatados em Cuba na última semana. Todos foram em Havana, última cidade a flexibilizar o isolamento na ilha. A maior parte da ilha do Caribe, que tem 11,2 milhões de habitantes, está livre da doença há mais de

um mês. “Eu sempre digo para que fique seguro em casa, mas eu sei que muitos hoje vão à praia”, disse Duran, sorrindo, antes lembrando a população sobre o distanciamento social. Os 2,2 milhões de habitantes da capital permanecem na primeira fase de três estágios de reabertura, na qual eles podem usar transporte público e privado, ir à praia e outros centros de recreação e desfrutar de uma viagem à beira-mar, bem a tempo para as férias de Verão. O distanciamento social e o uso de máscaras permanecem obrigatórios na maioria das circunstâncias. O país abriu um grupo de resorts para turismo internacional. A fase três amplia viagens internacionais, dependendo do risco. O sistema de saúde comunitário robusto e gratuito de Cuba permitiu manter o número de infecções abaixo de 2.500, com 87 mortes. O país comunista recebeu altas notas pela forma de informar sobre a pandemia.

s sírios foram às urnas neste Domingo (19) para eleições legislativas, num país destruído pela guerra a braços com uma grave crise econômica. Os eleitores escolheram 250 deputados, sendo que o partido no poder há meio século, e ligado ao presidente Bashar Al Assad, partiu com vantagem. Esta é a terceira eleição parlamentar desde o início de 2011 e de um conflito que já matou mais de 380 mil pessoas e causou o êxodo de milhões, enquanto o Governo de Damasco sofre sanções ocidentais. Mais de 7 mil sessões eleitorais foram abertas em áreas governamentais e deverim fechar, em princípio, às 19 horas pelo horário local segundo a Comissão Eleitoral. Pela primeira vez, a votação ocorre em antigos bastiões da rebelião. Opositores fora da disputa O partido Baath, intimamente ligado ao clã Assad, geralmente vence as eleições legislativas organizadas a cada quatro anos, enquanto a maioria dos oponentes vive no exílio ou em sectores fora do controlo do regime. O presidente Assad e sua esposa Asma votaram em Damasco. Fotos do casal elegantemente vestido e usando máscaras proctetoras contra o novo Coronavírus foram divulgadas pela Presidência. Também na capital, “dezenas de eleitores - alguns usando máscaras e respeitando as medidas de distanciamento” - foram às urnas, observou um correspondente da AFP. Nas eleições legislativas de 2016, a taxa de participação foi de 57,56%. Khaled al-Shaleh, 50 anos, disse que daria voz a um candidato

Presidente Bashar Al Assad depositando o seu voto na urna eleitoral

“de confiança capaz de transmitir ao Parlamento as queixas de cidadãos que sempre foram de natureza económica, antes, durante ou depois da guerra”. Explosão na véspera Na véspera da eleição, uma pessoa foi morta e outra ficou ferida na explosão de duas bombas, perto de uma mesquita, no subúrbio ao Sul de Damasco, segundo a agência de notícias oficial Sana. Originalmente agendadas para Abril, as eleições foram adiadas duas vezes devido à pandemia de Covid-19, que infectou 496 pessoas e matou 25 em regiões do regime, segundo dados oficiais. Sem surpresa, a oposição no exílio chamou a votação de “hipocrisia”. Nasr Hariri, uma figura antagonista ao regime vigente, denunciou o que chama de “um parlamento de fachada, usado pelo regime para aprovar legislação que serve ao grupo no poder”. De acordo com a comissão eleitoral, as urnas de votação foram instaladas, pela primeira vez, em Ghouta Oriental, um antigo enclave insurgente perto da capital, e também em territórios reconquistados na província de Idleb, o último grande bastião jihadista e rebelde do Noroeste do país.

Apoio internacional Damasco vem acumulando vitórias nos últimos anos, graças ao apoio militar da Rússia e do Irão, até recuperar o controlo de mais de 70% do país fragmentado pela guerra. Hoje, no entanto, os programas eleitorais dos candidatos são dominados por questões económicas e sociais, com promessas de soluções específicas para a alta dos preços e a reabilitação da infra-estrutura do país. “Os deputados terão de fazer um esforço excepcional para melhorar os serviços” à população, afirmou Oumaya, 31, empregado em uma clínica odontológica. A economia está em queda livre há vários meses, com uma depreciação histórica da moeda. Mais de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, de acordo com a ONU. Clã Assad Há 20 anos, Bashar al-Assad, então com 34 anos, assumiu o cargo mais alto da Síria após a morte de seu pai, Hafez al-Assad. Após três décadas de poder incontestado de seu pai, ele incorporou uma esperança de mudança. Vinte anos depois, no entanto, o seu regime é tratado como um pária no cenário internacional.


ACTUAL

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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

“Festa corona” em Frankfurt acaba em agressões à Policia e 39 detidos DR

Trinta e nove pessoas foram detidas por atacar agentes policiais que tentavam conter uma rixa durante uma festa ao ar livre no centro de Frankfurt, onde se encontravam milhares de jovens, anunciou a Polícia alemã

contro para as chamadas “festas corona”. No Sábado, a praça recebeu cerca de três mil pessoas, mas quando os desacatos começaram já só estariam entre 500 e 800, segundo informações do chefe da Polícia de Frankfurt, Gerhard Bereswill. Quando os polícias se aproximaram para tentar ajudar um homem que estava a sangrar acabaram por ser atacados, relatou. “O que acho particularmente abominável é que os espectadores aplaudiram quando os meus colegas foram atingidos por garrafas”, lamentou Gerhard Bereswill, citado pela agência de notícias AFP. Duas mulheres e 38 homens foram presos, a maioria com idades compreendidas entre os 17 e os 21 anos, sendo que oito pessoas permaneciam presas este Domingo por terem sido acusadas de desordem pública. A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 601 mil mortos e infectou mais de 14,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

O

incidente ocorreu na madrugada de ontem na Praça da Ópera, um espaço no centro de Frankfurt que é um ponto de encontro de milhares de jovens desde que os bares e discotecas foram encerrados como forma de conter a disseminação de Covid-19. Por volta das três da manhã locais (2h00 em Luanda), cinco polícias ficaram feridos ao tentar controlar uma rixa quando uma “chuva de garrafas” caiu sobre os agentes. A rixa envolvia cerca de 30 pessoas que estavam na praça que já é conhecida por ser um local de en-

TSF

Agentes da Polícia alemã

Após recorde, Hong Kong impõe medidas mais rígidas de controlo do Coronavírus A cidade registou mais de 100 casos nas últimas 24 horas, um recorde desde o início da disseminação da Covid-19. No centro financeiro, há 2 mil casos confirmados e 12 mortes DR

Reuters

A

região de Hong Kong aumentou neste Domingo (19) os controlos por causa do novo Coronavírus, com funcionários públicos não essenciais a trabalhar em casa a partir desta semana. O centro financeiro internacional tem reportado recordes de casos diários da doença. Neste Domingo, um evento de políticos pró-democracia que

marcaria o primeiro aniversário de um ataque a uma estação de comboios por uma multidão armada foi impedido de ser realizado pela Polícia. O acto violaria as medidas sanitárias impostas por causa da pandemia, que impedem a aglomeração de mais de quatro pessoas. A líder de Hong Kong, Carrie Lam, disse em colectiva de imprensa que a cidade registou mais de 100 casos nas últimas 24 horas, um recorde desde o início da pan-

demia, no fim de Janeiro. O total chega a quase 2.000 infectados, com 12 mortes. “A situação é muito séria, e não há sinal de que esteja sob controlo”, afirmou Lam. Parques de diversão, ginásios e outros dez tipos de instalações permanecerão fechados por mais uma semana. Já a exigência de que os restaurantes apenas aceitem retirada depois das 18 horas foi estendida. Máscaras serão obrigatórias em locais fechados.


O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

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Pandemia já provocou mais de 601 mil mortes e 14,3 milhões de infectados N

o Sábado, foram registados 5237 novos óbitos e 221.954 novos casos em todo o mundo A pandemia de Covid-19 já provocou 601.822 mortos em todo o mundo, entre cerca de 14,3 milhões de casos, segundo um balanço da agência France Presse (AFP) baseado em dados oficiais. Até ao meio-dia deste Domingo (hora de Luanda), 14.303.420 casos de infecção tinham sido oficialmente diagnosticados em 196 países desde o início da epidemia, dos quais 7.810.200 estão considerados curados. No Sábado, foram registados 5237 novos óbitos e 221.954 novos casos em todo o mundo, com o maior número de novos mortos a ser registado no Brasil (921), Estados Unidos (832) e o México (578). Os Estados Unidos são o país mais afectado tanto em número de mortos como em casos, com 140.120 mortos em 3.711.835 casos registados, segundo a contagem da Universidade John Hopkins, e pelo menos 1.122.720 pessoas foram consideradas curadas. Depois dos Estados Unidos, os países mais afectados são o Brasil, com 78.722 mortos em 2.074.860

DR

Funeral de uma vítima da Covid-19

casos, o Reino Unido com 45.273 mortos em 294.066 casos, o México com 38.888 mortos em 338.913 casos, e a Itália com 35.042 mortos em 244.216 casos. Entre os países mais afecta-

dos, a Bélgica é o que concentra um maior número de mortos em relação à sua população, com 85 mortos por cada 100 mil habitantes, seguida pelo Reino Unido (67), Espanha (61), Itália (58) e Su-

écia (56). A China, sem contabilizar os territórios de Macau e Hong Kong, declarou oficialmente um total de 83.660 casos (16 novos entre Dábado e Domingo), dos quais 4.634

mortos (0 novos) e 78.775 curados. A Europa totalizava este Domingo, ao meio-dia, 205.207 mortos em 2.938.771 casos, a América Latina e Caraíbas 160.886 mortes em 3.776.927 casos, os Estados Unidos e o Canadá 149.002 mortes em 3.821.830 casos, a Ásia 48.998 mortes em 2.049.522 casos, o Médio Oriente 22.642 mortes em 999.405 casos, a África 14.956 mortes em 703.572 casos e a Oceânia 151 mortes em 13.397 casos. Segundo a AFP, o número de casos diagnosticados reflete apenas uma fração do número real de contaminações, dado que alguns países testam apenas os casos mais graves, outros utilizam testes prioritários para a triagem e vários países mais pobres dispõem de capacidades limitadas de despistagem. A doença é transmitida por um novo Coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Portugal regista este Domingo mais cinco mortes e 246 novos casos de infecção por Covid-19, em relação a Sábado, 214 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Faleceu o combatente da Liberdade da Pátria Honório Chantre Fortes

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aleceu no Sábado, no hospital regional João Morais, na Ribeira Grande, em Cabo Verde, o combatente da Liberdade da Pátria e antigo ministro da Defesa Nacional, Honório Chantre Fortes, aos 78 anos de idade. Nascido a 25 de Outubro de 1941, na localidade de Lugar de Guene, no vale da Ribeira da Torre, concelho da Ribeira Grande, Honório Chantre Fortes é recordado pelo presidente da Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (Acolp), Carlos Reis, como “uma pessoa extraordinária, muito correcta e de fino trato, que todos apreciavam” e, por isso mesmo, “a Acolp recebeu a notícia com muita tristeza”, revelou Carlos Reis. “Honório é uma personalidade histórica da Luta de Libertação Nacional”, disse Carlos Reis que, em declarações à Inforpress, referiu-se a alguns aspectos da vida de Honório Chantre Fortes que, conforme disse,

“desde cedo dedicou a sua vida à procura daquilo que ele acreditava ser o melhor para o futuro do seu País”. Ainda estudante no Liceu Gil Eanes, Honório Chantre Fortes integrou o denominado “Grupo do Terceiro Ciclo” que, segundo Carlos Reis, “viria a servir de ‘lastro’ político e ideológico para que não aceitassem a guerra colonial”. De Angola para a luta Honório Fortes foi alferes miliciano do Exército português colonial em Angola. Desertou para a República do Congo (Zaire) em 1963 para se juntar ao PAIGC. Fez preparação militar em Cuba e URSS. Foi membro do Comando da Frente Leste. Depois da Independência foi membro do Estado Maior das FARP, na Guiné-Bissau, e, mais tarde, Ministro de Defesa se Cabo Verde. Trabalhou na representação da ONU em Angola. Vivia em Santo Antão de onde era natural.


DESPORTO

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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

Necas confirmado no 1º de Agosto O antigo craque da Selecção Nacional de basquetebol vai orientar o cinco militar por duas épocas, segundo a direcção do clube. Necas substitui no cargo Paulo Macedo e pelo caminho ficaram o espanhol Hugo Lopez e Lazare Adingono que também deixou o Petro de Luanda

DR

Sebastião Félix

M

anuel Sousa “Necas” assume o comando técnico da equipa sénior masculina de basquetebol do 1º de Agosto, segundo a direcção do clube. Para a época 2020/2021, o antigo craque da Selecção Nacional substitui no cargo Paulo Macedo e Walter Costa, que assumiu a equipa no Nacional até a anulação da mesma devido à Covid-19.

Os termos do contrato não foram avançados, mas é ponto assente que o novo técnico fica dois anos no clube à luz de uma cláusula de renovação tendo em conta os resultados.

 Necas, 57 anos, está numa equipa exigente, por isso tem a missão de conquistar o Campeonato Nacional, prova que começa nos próximos meses.

Por conhecer o basquetebol angolano, o novo técnico do clube militar tem muitos desafios pela frente, aliás sabe o que fazer para conquistar os seus objectivos.

“Vamos trabalhar para não defraudar a confiança que me foi depositada pela direcção da equipa militar” admitiu o antigo craque da Selecção Nacional. Disciplina e rigor são as marcas de Necas no 1º de Agosto para devolver a alegria aos adeptos nas bancadas quando começar o Nacional. Para o novo treinador do 1º de Agosto, colocar o clube no topo das classificações é o objectivo dentro e fora de Angola. Mesmo com uma equipa à altura, Necas admite que a prova não é fácil, porque tem clubes com tradição há mais de vinte anos. O Petro de Luanda, rival de longa data, é o campeão nacional e entra para a nova temporada com o objectivo de revalidar o Nacional. Enquanto jogador, Necas passeou a sua classe na Selecção Nacional e na linha dos três pontos deu alegria varias vezes ao povo angolano. O novo técnico do 1º de Agosto é campeão africano de basquetebol, sendo que partilhou o campo com Jean Jacques, David Dias e outros. No Interclube, depois de terminar a carreira de jogador, notabilizou-se como treinador onde formou gerações que actualmente dão cartas no mundo da bola ao cesto.

Angola pode perder sede africana

A

sede do Comité Paralímpico Africano (APC - sigla em inglês), situada provisoriamente na Galeria dos Desportos, em Luanda, pode ser transferida, ainda este ano, para a África do Sul ou Tunísia. Segundo o presidente da instituição, o angolano Leonel da Rocha Pinto, não tendo ainda um local definido para o seu funcionamento, anos depois de o país ter assumido este compromisso, é eminente a sua transferência. O responsável adiantou que o último andar da Galeria do Desportos estava destinado a albergar a se-

de do APC, inclusive foi colocado um elevador não previsto devido a condição especial dos deficientes. No entanto, Leonel Pinto afirmou ter sido surpreendido com uma comunicação do Ministério da Juventude e Desportos dando conta da indisponibilidade do espaço, lamentavelmente. Numa entrevista em que abordou as etapas de desenvolvimento do desporto adaptado até à afirmação dentro e fora do continente, o também presidente do Comité Paralímpico Angolano diz-se triste porque o reconhecimento geralmente vem de fora.

Quanto a continuidade na liderança do CPA, disse estar em fase de ponderação, fundamentalmente devido à família que reclama maior presença, acrescentando que a sua preocupação é deixar um legado. Nesta perspectiva, destacou o Centro de Treinamento cujo pedido para um terreno foi entregue há mais de uma década ao Governo da província de Luanda com o conhecimento do Ministério de tutela. Explicou que o MJD apresentou um espaço na zona do Zango, em Viana, mas que após contactos com patrocinadores o órgão reitor re-

cuou na decisão e sugeriu um outro no Ramiros, distante das comunidades e numa área acidentada e de difícil acesso.

Leonel da Rocha Pinto é, também, membro do Comité Executivo do Comité Paralímpico Internacional.


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O PAÍS Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

Hamilton ganha na Hungria e passa para o comando do Mundial

L Académica do Lobito constrói campo para formação A direcção da Académica do Lobito (de Benguela) está a construir um campo adjacente ao Estádio do Buraco para as camadas de formação, segundo a direcção do clube.

O

recinto vai servir para treinos e jogos oficiais para os juvenis e juniores da turma lobitanga nas competições naquele escalão. A equipa principal da cidade portuária do Lobito vai disputar o próximo Girabola 2020/2021, cujo sorteio está agendado para 29 do corrente mês.

O acto vai acontecer nas instalações da Federação Angolana de Futebol (FAF), na Urbanização Nova Vida, em Luanda, às 10:00. No recém Campeonato Nacional de futebol da primeira divisão, cancelado devido à Covid-19, doença que assola o mundo, Académica do Lobito ocupava a sexta posição com 33 pontos, ao passo que o Petro de Luanda liderava com 54.

ewis Hamilton, sem surpresa, considerando o domínio incontestado da Mercedes-AMG – desde o início da era híbrida, na Austrália-2014, em 124 grandes prémios, os alemães venceram 92! –, ganhou a terceira etapa do Mundial de 2020. O britânico conseguiu o 2.º triunfo da temporada e o 8.º na Hungria (3.º consecutivo), passando a contar com 86 vitórias na carreira, apenas menos cinco do que Michael Schumacher, (ainda) o piloto mais bem-sucedido na história da disciplina (91 vitórias). O inglês de 35 anos entrou no Hungaroring a seis pontos do ex-líder do campeonato, Valtteri Bottas, e deixou o circuito nos arredores de Budapeste no comando do Mundial de Pilotos, com mais cinco pontos do que o companheiro de equipa, depois de somar o máximo de 26 pontos. Hamilton, recorde-se, tem como objectivo para 2020 igualar o recorde de sete títulos de Michael Schumacher, enquanto a Mercedes corre atrás do heptacampeonato, registo inédito nos 70 anos de história da Fórmula 1. Hamilton dominou a cor-

Arteta esperançado na continuidade de Aubameyang

rida de 70 voltas ao Hungaroring (quase...) de fio a pavio, depois de arrancar pela 90.ª vez da primeira posição da grelha de partida. O campeão mundial perdeu a liderança apenas temporariamente e numa fase precoce de corrida realizada sob o ‘fantasma’ da chuva (volta 4), para trocar os pneus intermédios com que iniciou a prova, acção recomendada pela água que ainda existia no asfalto, por compostos para piso seco.“Acredite-se ou não, andei sempre nos limites, desfrutando do Mer-

cedes que tenho nas mãos. É incrível como a equipa consegue melhorá-lo de corrida para corrida e de época para época. O Hungaroring está entre os meus circuitos favoritos e, vencer pela 8.ª vez na Hungria é muito especial. Mas, ainda não ganhámos nada. Temos de manter o foco e o ritmo para atingirmos os objetivos”, disse Hamilton antes da cerimónia no pódio, desta vez realizado no local habitual, ao contrário do que aconteceu nos dois primeiros grandes prémios da temporada.

Oficializada a saída de Roberto Moreno DANIEL MIGUEL/ARQUIVO

O treinador do Arsenal, Mikel Arteta, está esperançado que Pierre Emerick Aubameyang decida renovar por ver que o clube a seguir o caminho certo, isto após ter garantido a qualificação para a final da Taça de Inglaterra. “Espero que as vitórias ajudem Aubameyang a ficar convencido que estamos a seguir a direção certa. A forma como ele olha quando falo para ele, faz com que parece convencido. Se ele conseguir ver a direção que vamos seguir e acho que é a certa”, afirmou Arteta. O avançado só tem mais um ano de contrato.

O Mónaco oficializou, neste Domingo, a saída do espanhol Roberto Moreno do comando técnico da equipa. Contratado no fim de dezembro para suceder ao português Leonardo Jardim, Moreno orientou a equipa em 13 jogos, com saldo de cinco vitórias, três empates e cinco derrotas. Terminou a Liga francesa no nono lugar, fora das competições europeias.

“Os nossos caminhos separam-se mais cedo do que era esperado. Gostaria de agradecer a Roberto Moreno por

ter aceitado este desafio. Fez todo o possível para melhorar a equipa, com entusiasmo e muito trabalho. Desejo-lhe o melhor para o futuro”, pode ler-se numa mensagem do vice-presidente do Mónaco, Oleg Petrov. O croata Nico Kovac, despedido em novembro do Bayern Munique, está a ser apontado como o futuro treinador da equipa.


CLASSIFICADOS emprego

O PAÍS

Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

imobiliário

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diversos



TEMPO

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O PAÍS

Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 20 A 22 DE JULHO DE 2020

Fonte: INAMET

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 20 a 22 de julho de 2020 Data 20/ 07/ 2020

CIDADE

Mín

Data 21/ 07/ 2020

Estado do Tempo

Máx

Mín

Máx

Estado do Tempo

Data 22/ 07/ 2020 Mín

Máx

Estado do Tempo

LUANDA

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Céu parcial nublado pela manhã, neblina matinal.

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Céu nublado pela madrugada e manhã.

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Céu parcial nublado de tarde.

CABINDA

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Céu nublado, neblina matinal.

21

27

Céu nublado, parcial nublado de tarde.

21

28

Céu nublado pela manhã.

SUMBE

18

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Céu pouco/ parcial nublado pela manhã

18

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Parcial nublado, neblina matinal

18

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Céu nublado pela manhã, neblina matinal

CAXITO

19

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Céu pouco nublado, neblina matinal.

19

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Céu pouco nublado pela manhã, neblina.

18

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Parcial nublado de tarde, neblina matinal

MBANZA KONGO

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30

Céu pouco nublado ou limpo.

18

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Céu nublado pela madrugada, neblina.

17

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Céu nublado pela manhã.

UIGE

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Céu pouco nublado ou limpo.

16

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16

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Céu pouco nublado ou limpo.

NDALATANDO

18

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Céu pouco nublado, neblina matinal.

18

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Céu parcialmente nublado, neblina matinal.

17

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Céu nublado pela manhã.

MALANJE

12

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Céu pouco nublado ou limpo.

15

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Céu pouco nublado ou limpo.

14

27

Céu pouco nublado ou limpo.

DUNDO

15

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Céu pouco nublado ou limpo.

18

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Céu pouco nublado ou limpo.

19

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Céu pouco nublado ou limpo.

SAURIMO

16

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Céu pouco nublado ou limpo.

16

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Céu pouco nublado ou limpo.

15

29

Céu pouco nublado ou limpo.

BENGUELA

16

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Céu pouco nublado ou limpo.

18

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Parcial nublado pela manhã.

19

27

Parcial nublado a limpo, neblina.

HUAMBO

01

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Céu pouco nublado ou limpo.

02

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Céu pouco nublado ou limpo.

02

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Céu pouco nublado ou limpo.

CUITO

06

23

Céu pouco nublado ou limpo.

07

22

Céu pouco nublado ou limpo.

07

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Céu pouco nublado ou limpo.

LUENA

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Céu geralmente limpo.

11

25

Céu pouco nublado ou limpo.

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Céu limpo.

LUBANGO

10

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Céu geralmente limpo.

08

21

Céu pouco nublado a limpo.

10

22

Céu pouco nublado ou limpo.

MENONGUE

08

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Céu geralmente limpo.

09

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Céu geralmente limpo.

08

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Céu limpo.

MOÇÂMEDES

12

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Pouco limpo.

13

26

Céu limpo.

14

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Céu pouco nublado ou limpo.

ONDJIVA

07

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Céu limpo.

10

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Céu pouco nublado ou limpo

11

25

Céu pouco nublado ou limpo

Céu pouco nublado ou limpo.

O(s) Meteorologista(s): Lúcia Yola Fernando & Tucaiana Lauriano Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 18/07/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 19/07/2020. O anticiclone de Santa Helena, com a pressão central alternando entre 1020 e 1025 hPa, irá manter-se estacionário nas próximas 24 horas. Assim, prevê-se mar geralmente agitado, com ondas de 1.6 a 2.0 metros de altura, em toda a região marítima angolana.

INSTITUTO NACIONAL E GEOFÍSICA – INAMET 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIADE19METEOROLOGIA DE JULHO DE 2020: Centro Nacional de Previsão do Tempo

Circulação geralmente fraca a moderada de Sul-Sudeste a Sudoeste.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ ÀS 18:00 TU DO DIA 20 DE JULHO DE 2020: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 19 DE JULHO DE 2020: SEM AVISO

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.

Circulação geralmente fraca a moderada, de sul-sudeste a sudoeste.

2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 20 DE JULHO DE 2020: SEM AVISO VENTO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

DIRECÇÃO FORÇA (KT) Parcialmente Nublado

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Parcialmente Nublado

Namibe (14°S – 18°S)

Geralmente limpo

Geralmente limpo

REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu geralmente limpo em toda a região.

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

Cabinda (4°S – 6°S)

REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado ou limpo em toda a região, com períodos de céu parcialmente nublado durante a madrugada na província de Benguela

Luanda 19 de julho de 2020

TEMPO NO MAR

REGIÃO

Das 18 horas do dia 19 às 18 horas do dia 20 de julho de 2020 NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado em quase toda a região, com períodos de céu nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Bengo e Luanda. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Bengo, Luanda e Cuanza-Norte.

Sudoeste

Até 10

Até 1.6

Agitado

Moderada (Superior a 6)

SulSudoeste

Até 14

Até 1.8

Agitado

Moderada (Superior a 7)

Sul

Até 13

Até 1.8

Agitado

Boa (Superior a 10)

SudesteSudoeste

Até 12

Até 2.0

Agitado

Boa (Superior a 10)


OPINIÃO

O PAÍS Segunda-feira,20 de Julho de 2020

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DANI COSTA

O que falta melhorar para ficar tudo bem!

U

ma informação disseminada na semana passada dava conta de que os governantes angolanos, depois de vários anos, fizeram finalmente as declarações de bens e entregaram à Procuradoria-Geral da República (PGR), cumprindo assim com umas das exigências legais imposta pela Lei da Probidade Pública, aprovada há uma década. Contrariamente ao que muitos dos angolanos acreditavam, afinal muitos dos nossos governantes não cumpriam com este requisito, o que fazia com que não se conhecesse, na verdade, como é que estão em termos económicos no momento em que chegam ao poder. Não é mal nenhum que as pessoas tenham riqueza desde que consigam justificar. Não importa se se é político, empresário ou esteja ligada a um outro ramo. A única verdade é que, vários anos depois de escancararem os gabinetes ministeriais ou de outras instituições públicas, um número considerável de servidores públicos quando sai de um determinado ministério ou outro gabinete governamental não o faz de mãos vazias. É comum observar-se, a olho nu, os sinais exteriores de riqueza e o esbanjamento colectivo de antigos ministros e outros gestores públicos, quando se sabe que os salários destes não são principescos, estando todos eles abaixo daquilo que ganha o próprio Titular do Poder Executivo, João Manuel Lourenço, que é um valor que já exige alteração para que os efeitos sejam sentidos noutros domínios. O espantoso até ao momento é a declaração de bens dos nossos governantes continue a ser uma informação guardada a sete chaves, sendo apenas do domínio de um número reduzido de ‘iluminbados’, mormente os responsáveis da Procuradoria-Geral da República.

Por mais que queiram, os cidadãos não têm acesso e não podem sequer saber, por exemplo, o que é que cada ministro ou responsável governamental possuía na hora em que entrou e fazer uma comparação com aquilo que levará depois da missão que lhe fora confiada. Longe do espírito de desconfiança que impera frequentemente na nossa sociedade, até porque deverá existir muitos que não estão moldados a colocarem a mão naquilo que é de todos, os novos tempos impõem que a ‘Grande Família’ crie condições no sentido de permitir os cidadãos tenham acesso à declaração de bens dos governantes, à semelhança do que acontece em algumas partes do mundo.

Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal deve-se consubstanciar igualmente no aumento de informações que permitam com que cada um dos cidadãos tenha a capacidade de fiscalizar aquilo que é público e não se permitir que somente um grupo ínfimo tenha a capacidade de dominar dados que dizem respeito a todos, sobretudo num país em que se conhece claramente o apetite que muitos têm em fazer negócios nos sectores em que dirigem e a facilitarem amigos, parentes e até conhecidos. Não havendo capacidade de se fornecer este tipo de informação, que não pode parecer sigilosa para os gestores público, não há como

se criar condições para um maior controlo das próprias acções destes nem das ramificações dos negócios em que estão envolvidos. Nos primeiros meses da gestão do Presidente João Lourenço, um debate sobre se a sua declaração de bens deveria ser pública ou não foi levantada. Infelizmente, não houve coro por parte de quem deve decidir ou fazer com que o seu grupo parlamentar legisle no sentido de se conferir uma maior credibilidade à transparência, ao combate à corrupção e à luta contra o branqueamento de capitais. Claro que ao fazerem apenas agora conforme recomenda a Lei da Probidade, aprovada em 2010, não só se viola os timings estabe-

lecidos, como os níveis de secretismo que se dá às informações contrariam o ambiente de abertura e o novo rumo que se pretende dar ao país no que toca o combate à corrupção e o branqueamento de capitais. Por isso, como muitos cidadãos, esperava igualmente que se começasse a criar condições para se quebrar este ‘tabu’ para que todos possamos saber o que cada um possui quando franquea as portas do poder. Só deste modo, na ‘hora di bai’ poderemos saber se durante o tempo em que se dirigiu um determinado ministério, por exemplo, este servidor público não se aproveitou do cargo para tirar vantagens económicas. Num passado não muito distante era quase visível e até pornográfico a forma como muitos destes gestores negociavam com eles mesmo. A forma como muitos deles hoje assumem determinados negócios evidenciam claramente a relação umbilical com estas empresas privadas, algumas das quais eram as que regularmente venciam os concursos públicos organizados nos deparmamentos chefiados pelos seus agora proprietários. Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal exige nestes tempos acções mais ousadas. Não basta só que as autoridades julguem e prendam todos aqueles que estejam a dar um destino errado àquilo que é de todos, mas também criar condições para que estes não se sintam tentados sequer tocar naquilo que não lhes pertence. A partilha de informações poderá reforçar o papel impestivo de cada um dos angolanos em relação aos que estão colocados na administração central e até mesmo local. Sem essa capacidade, é quase como se navegar no escuro. E deixa-se muitos destes gestores a agirem a bel prazer, porque o que dizem possuir é apenas de conhecimento de reduzido grupo de privilegiados.


ÚLTIMA 32 O PAÍS

Segunda-feira, 20 de Julho de 2020

Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais

Sábado à Segunda-Feira, 18 à 20 de Julho de 2020 Taxa de Câmbio Actual Compra

Venda

BANCOS COMERCIAIS

USD/KZ

EUR/KZ

USD/KZ

EUR/KZ

Standard Bank Angola - (SBA)

565,946

646,791

599,903

685,598

VTB África - (VTB)

559,858

638,378

599,082

683,103

Banco Angolano de Investimentos - (BAI)

584,810

665,046

596,745

678,618

Banco Comercial do Huambo - (BCH)

571,116

652,700

596,689

681,925

Banco Valor - (BVB)

552,840

632,395

595,321

680,990

Banco Comercial Angolano - (BCA)

571,876

653,883

594,866

680,170

Banco de Crédito do Sul - (BCS)

565,513

644,826

594,139

677,467

Banco Comércio e Indústria - (BCI)

559,654

638,146

593,992

677,299

Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)

570,930

648,614

593,273

683,436

Banco de Negócios Internacional - (BNI)

554,437

633,583

592,908

677,546

Banco Caixa Angola - (BCGA)

571,605

653,259

591,697

676,220

Banco Económico - (BE)

571,492

653,130

591,612

676,123

Finibanco Angola - (FNB)

554,437

633,583

591,211

675,606

Banco de Fomento Angola - (BFA)

565,513

644,826

590,961

673,843

Banco de Poupança e Crédito - (BPC)

554,627

633,855

590,282

675,250

Banco BIC - (BIC)

561,272

639,990

589,830

672,554

Banco Sol - (BSOL)

560,287

640,323

588,584

672,663

Banco Prestígio - (BPG)

563,206

643,604

588,382

672,374

Banco BAI Microfinanças - (BMF)

569,797

649,594

588,362

670,759

Banco de Investimento Rural - (BIR)

565,513

644,826

588,134

670,619

Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)

542,892

619,033

588,134

670,619

Banco Keve - (BKEVE)

554,627

633,855

586,886

672,663

Banco Millenium Atlântico - (ATL)

563,116

641,602

582,924

664,171

Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)

548,661

625,610

582,591

659,112

Banco Yetu - (YETU)

565,513

644,826

582,478

667,395

Banco Kwanza Invest - (BKI)

553,023

631,966

577,067

659,443

Taxa Média dos Bancos Comerciais

562,406

641,856

590,617

674,445 Fonte: BNA

Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.

Imunidade à Covid-19 dura poucos meses, diz estudo britânico

U

m estudo realizado pela King’s College de Londres, no Reino Unido, mostrou que a imunidade ao novo Coronavírus (Sars-CoV-2) pode durar apenas alguns meses, com um risco de uma nova contaminação. Os resultados foram divulgados pelo jornal “The Guardian”. A pesquisa analisou casos de cerca de 90 pessoas, entre pacientes e funcionários, de dois hospitais de Londres que testaram positivo para a Covid-19. A análise laboratorial mostrou que os níveis de anticorpos atingem o máximo cerca de três semanas após a infecção e começam a diminuir gradativamente, enfraquecendo assim a resposta do corpo. Três meses depois da contaminação, apenas 17% daqueles que contraíram o vírus ainda apresentavam a mesma potência de resposta imunitária. Em alguns casos, os contaminados não apresentavam nenhum tipo de reação. Assim, as conclusões dos cientistas mostram que o novo

Coronavírus pode agir como aquele que causa a gripe comum em que, ano após ano, é possível ser infectado novamente. A hipótese ainda precisa de novos testes para a comprovação, mas deve ser levada em consideração. Em entrevista ao jornal britânico, a responsável pelo estudo, Katie Doores, afirma que, se comprovados, os resultados mostram que também no caso de uma futura vacina isso pode acontecer. “Se a infecção gera níveis de anticorpos assim limitados pelo tempo, também a duração do efeito da vacina terá uma duração limitada. Assim, as pessoas precisarão de tomar reforço”, destacou Doores. Ou seja, é muito provável que apenas uma dose da vacina não seja suficiente para a protecção. Apesar de percentuais bem diferentes, um estudo feito em três etapas pela Espanha para avaliar o nível de exposição dos cidadãos à Covid-19 também mostrou que 14% dos mais de 68 mil testados não tinham mais nenhum tipo de resposta imunológica entre o primeiro e o terceiro testes. ANSA


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