Jornal OPaís edição 1908 de 24/07/2020

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Mais de 2.000 cidadãos multados por falta de máscara de prevenção da Covid-19 Em Foco: Nas últimas 24 horas foram confirmados mais 39 novos casos de Covid-19 e 10 recuperados, numa altura em que “dois combatentes incansáveis contra esta pandemia” que morreram foram homenageados. Trata-se do médico José Severino Abel, descrito como comandante de todas as batalhas de saúde, e do comissário José Horácio da Silva, 2º comandante Nacional dos Bombeiros. P. 2 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola @jornalopais

Director: José Kaliengue

O diário da Nova Angola

Edição n.º 1908 Sexta-feira, 24/07/2020 Preço: 40 Kz

vidas que seguem sem medo do Coronavírus

DR

Sociedade. Apesar de o Executivo apertar nas medidas

restritivas, no âmbito da prevenção e combate à Covid-19, as ruas de Luanda continuam cheias de incumpridores das normas estabelecidas. OPAÍS saiu à rua e, durante horas, presenciou o grau de “promiscuidade” que pode propagar a pandemia. P. 10 DR

Activistas em Benguela sugerem ao PR demissão do governador l Activistas cívicos em Benguela deverão, nos próximos dias,

dar entrada de uma carta nos Serviços de Apoio ao Presidente da República a pedir que João Lourenço demita Rui Falcão, do cargo de governador provincial de Benguela, por este ter sido, alegadamente, conivente nas demolições ocorridas no conhecido bairro das Salinas. P. 08

BIOCOM satisfeita com granulagem do seu açúcar lO

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18/11/19

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açúcar produzido vai manter a granulagem por ser a que responde à maior solicitação do consumo nacional. P. 18

Crise financeira arromba Sporting de Cabinda Os verde e branco das terras do Maiombe vivem dias difíceis no que concerne ao pagamento de salários a jogadores e administrativos. P. 26

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EM FOCO

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O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo

Mais de 2.000 cidadãos multados por falta de máscara de prevenção da Covid-19 Nas últimas 24 horas foram confirmados mais 39 novos casos de Covid-19 e 10 recuperados, numa altura em que “dois combatentes incansáveis contra esta pandemia” que morreram foram homenageados. Trata-se do médico José Severino Abel, descrito como comandante de todas as batalhas de saúde, e do comissário José Horácio da Silva, 2º comandante Nacional dos Bombeiros, anunciou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda

Texto de Maria Teixeira fotos de Nambi Wanderley

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O PAÍS

Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

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ais de 2.000 cidadãos foram multados e 101 detidos por desobediência às ordens emanadas pelos órgãos de defesa e segurança visando a prevenção da pandemia da Covid-19 que já ceifou a vida de 33 pessoas no país, no período compreendido entre de 15 e 21 do corrente mês, revelou, ontem, em Luanda, o porta-voz do Ministério do Interior, comissário Waldemar José. O responsável prestou essa informação à imprensa na habitual actualização do balanço diário sobre a pandemia no país, num pe-

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ríodo em que se contam 851 cidadãos infectados, dos quais 236 recuperaram e 33 morreram. A estatística actual indica a existência de 582 casos activos, dos quais 15 estão em estado crítico com ventilação mecânica invasiva e três pessoas necessitam de hemodiálise. Todos se encontram a ser assistidos em unidades sanitárias de referência. Waldemar José disse que foram detidos dois indivíduos por violação da cerca sanitária nacional, sete por violação da cerca sanitária provincial e 19 por resistência às ordens emanadas pelas autoridades de defesa e segurança e cinco por exercício de transporte colectivo de pessoas com ocupação acima de 50% da lotação. “Efectuamos também 385 apreensões, das quais 190 viaturas, por excesso de lotação, 195 motorizadas pelo exercício do serviço de moto-táxi (por enquanto proibido em Luanda e Cazengo)”, esclareceu. Segundo o comissário, foram aplicadas diversas multas por várias infracções ao Decreto Presidencial 184/20, a 2.474 cidadãos, das quais 2.079 por não uso de máscaras. Isto ocorreu na cidade de Luanda e no município do Cazengo, na província do Cuanza-Norte. Waldemar José somou 80 cidadãos apanhados por venda ambulante nos dias em que não é permitida tal actividade, 157 restaurantes foram autuados, 72 pessoas por competições e treinos colectivos e 96 estabelecimentos comerciais que exercem a sua actividade além do período estabelecido. “Quanto aos estabelecimentos de diversão nocturna, foram encerrados 11 na última semana e, quanto aos treinos desportivos, foram interditas 78 actividades desportivas”, contou. Em relação aos mercados e venda de artesanato, disse que foram encerrados 165 mercados por não reunirem condições de bio-segurança. Homens lideram lista de infectados O secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, esclareceu que os 39 novos casos confirmados são de Luanda, com idades de 1 a 73 anos, sendo 25 do

sexo masculino e 14 do sexo feminino. Fez saber que o caso que se encontra em isolamento na província do Namibe teve resultado negativo depois do exame de biologia molecular, RT-PCR. Entretanto, apelou mais uma vez ao o redobrar da segurança epidemiológica e à observância das medidas de prevenção, como o uso correcto da máscara facial, a lavagem frequente das mãos com água e sabão, uso do álcool-gel, o distanciamento físico, a etiqueta ao respirar ou a tossir, bem como a não violação das cercas sanitárias. “Ainda ontem, a senhora ministra referiu o aparecimento de dois casos na província do Cunene, fruto da violação da cerca sanitária da província de Luanda. Então, apelamos aqui ao observar das medidas”, alertou. Por outro lado, o governante advertiu para a responsabilidade de cada elemento que compõe o núcleo familiar na observância das medidas de prevenção, evitando comportamentos de risco que podem afectar o núcleo da sociedade. “Estacionar numa paragem de táxi, sim, mas observando as medidas de prevenção. O distanciamento social ou físico, usar um táxi que tenha 50 por cento da lotação e evitar locais com aglomerações por longo tempo”, apelou. Quanto ao Centro de Segurança Pública (CISP), disse que recebeu 76 chamadas, das quais quatro denúncias de casos suspeitos de Covid-19, três por violação do estado de calamidade e 69 pedidos de informação sobre o vírus. Franco Mufinda fez saber que até

a presente data, o trabalho laboratorial em biologia molecular totaliza 55.482 amostras processadas, das quais 851 positivas e 54.631 negativas. Nas últimas 24 horas foram processadas 3.098 amostras, das quais 39 foram positivas. Sob a quarentena, disse que 912 pessoas se encontram em quarentena institucional em todo o país e

Interditadas 20 igrejas na província de Cabinda O comissário explicou que em termos de actividades religiosas, foram interditadas 20 igrejas na província de Cabinda por ocupação além da lotação permitida, quando se deve ter até 50 %. No que concerne às cerimónias fúnebres, houve a ne-

Dos 2.884 testes rápidos serológicos realizados em 24 horas, 79 foram reactivos Sobre testagem rápida serológica, Franco Mufinda disse que foram realizados nas últimas 24 horas 2.884 testes, dos quais 79 foram reactivos, o que significa que seis em cada 100 pessoas estiveram expostas ao SARS-CoV-2. No total geral, foram realizados 28.847 testes rápidos serológicos, dos quais 1.489 foram reactivos, o que significa que

nas últimas 24 horas foram atribuídas altas a 57 pessoas, sendo 39 na província de Luanda, sete na Huíla, seis no Bié, três no Uíge e Cunene e Zaire com uma cada. Disse que os casos suspeitos investigados são 1675, enquanto os contactos sob vigilância chegam a 3.832.

cessidade interditar 24 desses eventos nas províncias do Huambo e de Benguela”. O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério do Interior disse que foram registadas 149 casos das actividades relacionadas com a Polícia de Guarda Fronteira, com 120 de entrada ilegal frustradas.

5 em cada 100 pessoas testadas estiveram expostas ao vírus SARS-CoV-2. O governante fez saber que, no período em referência, no capítulo da testagem rápida encontraram alguns pontos reactivos nas províncias de Benguela, com 1 caso reactivo, Bié 2, Huambo 14, Cuanza-Sul 1, Luanda 52, Luanda-Norte 3 e Malanje 1 caso. “Também informamos que quando estamos perante um caso reactivo, o que é indicado é a colheita das amostras e o respectivo envio a Luanda para uma análise a posterior com base na biologia molecular”, esclareceu.


4 destaques política. PÁG. 8 Activistas em Benguela sugerem ao PR demissão do governador

SOCIEDADE. PÁG. 10 Capitão das FAA acusado de encabeçar quadrilha de invasores de casas nas centralidades

cartaz. PÁG. 14 Banda Movimento “afina” baterias para o Live do Show do Mês

Economia. PÁG. 18 BIOCOM satisfeita com o tipo de granulagem do seu açúcar

o editorial

O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

hoje: os números do dia

O

Ocupação vantajosa Estado, a justiça, devem dar exemplos. E dar exemplos não é aplicar o que se entende por justiça contra uns e deixar de fora outros. Não pode haver classes favorecidas e outras desfavorecidas. Não pode haver cidadãos poupados e outros não. Entretanto, nem todas as vezes o Estado age de forma a que os cidadãos sintam que o Estado é justo.

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406

Veja-se o que acontece com quem invade apartamentos que não lhe pertencem e os ocoupa. Veja-se o exemplo do tribunal que praticamente absolve quem invadiu casas das centralidades, atribuídas a terceiros, e as vendeu ilegalmente. Há que ter noção do valor de uma moradia para uma família angolana, e mais ainda, do que significa não a ter, ou, pior, tê-la em papel e dela não usufruir, com todos os danos económicos, sociais e psicológicos. Talvez outros usurpadores se sintam mais descansados agora.

3000

Projectos inscritos PIIM, dos sete já em execução no município do Cunhinga, província do Bié, foram consignados na Quinta-feira em acto orientado pelo vicegovernador José Tchatuvela. Invasores de apartamentos nas centralidades do Zango 0 e Zango 5 (Viana) foram condenados ontem com penas de seis meses de prisão efectiva, pela 17ª Secção dos Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda Suspeitos e mais de 12 mil toneladas de produtos alimentares falsificados, no valor de cerca de 28 milhões de euros, caíram nas mãos das autoridades europeias, incluindo Portugal. Ex-militares das FAPLA serão registados no decurso do presente ano, no distrito urbano do Sambizanga, município de Luanda.

o que foi dito MUNDO. PÁG. 22 China acusa EUA de atiçarem ameaças de bomba e de morte contra embaixada em Washington

A forma como ele lida com as pessoas com base na cor da sua pele, seu país de origem, ou de onde são, é absolutamente doentia”

Joe Biden Candidato a Presidente dos Estados Unidos da América nas eleições de Novembro, sobre o actual Presidente Donald Trump

Os EUA vão apoiar a construção de novas e melhores casernas miUma das maiores ameaças no combate litares, e a RDC benefiao vírus é a politiza- ciará de mais ajuda mição, a política e a par- litar graças aos recentes tidarização tornaram esforços no respeito aos direitos humanos” as coisas piores”

Tedros Ghebreyesus Director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS)

Embaixada dos EUA na RDC Em nota difundida no Twitter


O PAÍS

Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

5 e assim... José Kaliengue Director

Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o médico e diplomata Paolo Balladelli e perceba mais sobre o trabalho do coordenador do Sistema das Naçõeses Unidas em Angola

E a pandemia do mato

A

www.opais.co.ao Los Angeles (EUA) Vista aérea mostra longa fila de carros em local de testes da Covid-19 (Reuters).

o que vai acontecer Pandemia O Hospital Central do Lubango, província da Huíls, inicia testes experimentais de Covid-19 esta Sextafeira, 24. O aparelho PCR-RT montado no hospital é uma doação à Faculdade de Medicina da Universidade Mandume Ya Ndemufayo, inserida num projecto apoiado por Portugal O laboratório tem capacidade para fazer 120 testes/dia, com os resultados disponíveis em 48 horas e tem mil testes iniciais. O início dos testes estava previsto para um período de 15 dias, após a recepção do material, mas está ligeiramente atrasado uma semana.

Economia A empresa Tutiangol, localizada no município da Catumbela, vai aumentar, “dentro de pouco tempo”, a sua produção de 1.095 toneladas de produtos alimentares/ ano para mais de duas mil toneladas, graças ao financiamento recebido do PRODESI. Com os 350 milhões de kwanzas desembolsados pelo Banco Angolano de Investimentos (BAI), dos 600 milhões solicitados, a Tutiangol, instalada no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela, tornou-se na primeira empresa do ramo industrial, na província de Benguela, a beneficiar do financiamento do PRODESI.

Pandemia O Hospital de Campanha do Dundo, LundaNorte, com 200 camas para internamento e tratamento de pacientes com Covid-19, será transferido para outro local, com melhores condições de saneamento e de fácil acesso à água potável e energia eléctrica. A informação foi avançada ontem pelo secretário de Estado para a Gestão hospitalar, Leonardo Inocêncio, no final da visita de trabalho de algumas horas à província da Lunda-Norte, que visou constatar o grau de implementação da referida unidade sanitária.

Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.

parentemente, apenas a Covid-19 está a fazer estragos no país. Engano maior não poderia haver. Vai fazer mais estragos, é claro, mas até agora, em dimensão e impacto, há outros problemas maiores, para já. Não se fala muito, mas a tuberculose está a fazer das suas no Centro do país. A malária é um mal adquirido, como se sabe. Mas não é apenas de doenças que vivem as nossas desgraças. Há outras. E tal como na maioria das doenças, a culpa é mesmo das pessoas. Olhemos para a desmatação. Não falo apenas da loucura que é a exploração irresponsável de madeira, uma riqueza que deve ser sustentada com a obrigação de replantação para cada operador. Temos agora os incêndios, que até gente matam. Sim, a nossa floresta, o nosso mato, está a arder, de forma descontrolada. É para caçar ratos, é para prejudicar o futuro, é para empobrecer solos e o país. É para o Ministério da Agricultura, que agrega as pesas e as florestas, começar a falar sobre o assunto, em parceria com o do Ambiente, que agrega a cultura e o turismo. Não há turismo onde se queima tudo. E é preciso desmistificar a piromania popular de alegações culturais. A cultura também evolui, se adapta. Está na hora de ensinar a cultura da preservação, com o Estado a permitir, a garantir, que as populações locais tirem proveito do mato que devem preservar e defender. No ano passado, depois da Amazónia, fomos dos países mais “ardidos”, no entanto, a nossa educação permite que passe despercebido dos noticiários e das preocupações governativas aquilo que noutras paragens provoca reuniões do Governo, demissões e horas de cobertura mediatica. A nossa forma de estar permite-nos assobiar para o lado mesmo com a casa a arder, e estamos dentro dela.

E também... Dia dos Primos - 24 de Julho Esta data tem o objectivo de aproximar os primos nas famílias de todo o globo. Para muita gente, os primos são o motivo de interesse nas reuniões de família. Enquanto os adultos discutem o estado das coisas, os primos brincam e estabelecem ligações especiais. O Dia dos Primos visa restabelecer os laços de infância criados entre os primos. Onde quer que você esteja, pode mandar uma mensagem ao seu primo nesta data especial. A origem da data é desconhecida, mas ao longo dos anos estabeleceu-se o hábito de comemorar o Dia dos Primos a 24 de Julho. No Brasil a data celebrase a 26 de Setembro.


6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058

O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

no tempo do kaparandanda

Director Geral de Publicações: José Kaliengue jose.kaliengue@opais.co.ao

opaís

Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images

Assistentes de Redacção: Antónia Correia, Rosa Gaspar, Sílvia Henriques Impressão e acabamento: DAMER, S. A. Luanda Sul, Edifício Damer Distribuição: Media Nova Distribuição Tel: +244 943028039 Distribuidora@medianova.co.ao pontodevenda@medianova.co.ao Assinaturas: Bruno Pedro Tel: +244 945 501 040 Bruno.Pedro@medianova.co.ao Online: Venâncio Rodrigues (Editor) Isabel Dalla e Ana Gomes Sítio Online: www.opais.co.ao Contactos: info@opais.co.ao Tel: 914 718 634 -222 003 268 Fax: 222 007 754 Sede: Condomínio ALPHA, TalatonaLuanda. Tel: 222 009 444 República de Angola

Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares

24 de Julho de. 1875 - A França

1812

1948

24 de Julho de - As forças de arbitra, a favor de Portugal, o conflito com o Napoleão começam a invasão da Rússia. Reino Unido sobre a soberania da baía de Lourenço Marques e os territórios a norte do Ambriz, na foz do Zaire

24 de Julho de - A URSS inicia o bloqueio de Berlim, impedindo o tráfego rodoviário e ferroviário entre a cidade e o Ocidente.

carta do leitor

Covid-19 kissonde Caro director Nos últimos dias, quando ouço a ministra Silvia Lutukuta a falar, ou o secretário de Estado Franco Mufinda, começo a ficar com uma séria preocupação. Quando fala dos IgG e dos IGM, começo a ficar assustado. Eles dizem que os testes rápidos que vão paras as várias províncias estão a encontrar pessoas reactivas IgG e IgM ou até aquelas que combinam as duas coisas IgG+IgM. Como li que estas reacções dão semanas depois da infecção, ainda maiso kissonde no mato, perto dos riachos. Primeiro sobe no corpo da pessoa e só depois assustado fico. Este vírus é tão perigoso que começa a ferrar no corpo quase todo. Enquanto os números sobem só em Luanparece kissonde, ele se espalha pelo país todo e só de- da, o meu medo é que o vírus esteja a subir pois começa a atacar. É assim no resto do país para depois fazer das suas.

porque as pessoas não querem ouvir o que dizem as autoridades. É melhor só passarmos todos a ouvir e cumprir, o vírus, mesmo dentro das casas das famílias, pode ser como o kissonde, pode fazer muitos estragos, entra primeiro e depois ataca, por isso é que agora, cada dia que passa os números não são mais um ou dois, como no princípio, são trinta a quarenta. Só nós podemos evitar e isso, com bom comportamento. Saímos todos a ganhar se cada um proteger a sua casa. Mas quem está na rua pode proteger a sua casa? Não. Só que no caso deste vírus, quem anda sem sentido na rua, quando volta, se não tomar os cuidados recomendados, pode voltar com a desgraça. JC

Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754


NÃO COMPRE MOEDA ESTRANGEIRA NA RUA! O RECURSO AO MERCADO INFORMAL PARA A NEGOCIAÇÃO DE MOEDA É ILEGAL E ACARRETA RISCOS: Existem muitas notas falsas em circulação no mundo inteiro. Não há garantia de que as notas da moeda estrangeira que comprar sejam autênticas. Não terá um recibo de compra para apresentação às autoridades, de forma a confirmar a legalidade da posse e da origem da moeda estrangeira, podendo vir a ser apreendida. O seu dinheiro poderá ser associado a recursos provenientes de tráfico de drogas, armas e outras actividades ilícitas, ficando sujeito às sanções aplicáveis.

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POLÍTICA

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O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

Activistas em Benguela sugerem ao PR demissão do governador Activistas cívicos em Benguela deverão, nos próximos dias, dar entrada de uma carta nos Serviços de Apoio ao Presidente da República a pedir que João Lourenço demita Rui Falcão do cargo de governador provincial de Benguela, por este ter sido, alegadamente, conivente nas demolições ocorridas no conhecido bairro das Salinas Constantino Eduardo, em Benguela

O

s activistas cívicos condenam aquilo a que chamam de conivência do Governo Provincial nas demolições de mais de 200 casas e duas infra-estruturas sociais, designadamente um posto médico e uma escola, no conhecido bairro das Salinas, zona B de Benguela. Além de Rui Falcão, os proponentes exigem, igualmente, a João Lourenço, na qualidade de Presidente da República, a exoneração de Leopoldo Muhongo do cargo de vice-governador provincial para o sector técnico e infra-estruturas. Entre as exigências dos activistas, face ao caso das Salinas, está também a exoneração de Adelta Matias e do seu adjunto, Geremias Ndakayassunga, à frente da Ad-

ministração de Benguela. O activista Gabriel Kundi, na qualidade de porta-voz, esclareceu a OPAÍS, numa conversa

via telefónica, que, por estarem impedidos de sair de Benguela, devido às medidas de bio-segu-

rança impostas pelas autoridades sanitárias, deverão enviar a carta aos seus companheiros, também activistas na capital, Luanda, de modo a que estes dêem entrada do documento nos Serviços de Apoio ao Presidente da República, esperando que João Lourenço tome as medidas. Contudo, enquanto isso não acontece, os activistas estão empenhados na divulgação do conteúdo da carta nas redes sociais, bem como em alguns órgãos de comunicação social. De acordo com o proponente, haverá uma série de normas internas violadas pelas autoridades locais, com a Constituição a capitaneá-las. “Primeiro, por terem violado algumas normas constitucionais nas demolições, e por estarem a violar também Carta Africana dos Direitos dos Povos e algumas normas dos direitos humanos”, considera o activista do grupo de jovens que no pas-

sado Sábado (18) se manifestou contra as demolições. O grupo de activistas ressalta que só decidiu avançar agora para uma carta pela destituição do governador pelo facto de as demolições terem ocorrido num ambiente bastante delicado. Em condições normais, disse, devido à situação da Covid-19, o Governo Provincial de Benguela devia ter partido logo para o desalojamento de famílias. “Porque agora eles se encontram a habitar num local (Magistério Primário) em condições desumanas (…) Imaginemos que um deles contraia a Covid-19? Acabariam por se contaminar a todos”, realça Gabriel. Recorde-se que a Administração Municipal de Benguela demoliu, a 24 de Junho, mais de 200 casas, um posto médico e uma escola no bairro das Salinas, por alegada invasão do espaço. De acordo com o director do Gabinete Jurídico da Administração de Benguela, Eurico Bongue, está em curso um processo de loteamento de terrenos.

PRS defende criação de programas específicos visando a eliminação da pobreza no meio rural Para o partido, a pobreza e a fome no meio rural têm vindo a crescer, sobretudo no actual contexto de dificuldades sociais impostas pela pandemia da Covid-19, pelo que há toda a necessidade de o Governo criar políticas direccionadas para acabar com a carência nestas áreas Domingos Bento

O

presidente do PRS, Benedito Daniel, defende a criação de programas públicos específicos que tenham como propósito a mitigação ou eliminação da pobreza e da fome no meio rural. Segundo o político, a pobreza e a fome no meio rural têm vindo a crescer, sobretudo no actual contexto de dificuldades sociais impostas pela pandemia da Covid-19, pelo que há toda a neces-

sidade de o Governo criar políticas direccionadas para acabar com a dificuldade de muitas famílias de obter meios de sustento. Benedito Daniel, que falava na plenária da Assembleia Nacional, disse que, para além das zonas urbanas, a Covid-19 está a ter um impacto muito grande nas áreas rurais do interior do país. Essa situação, frisou, não confere dignidade às famílias, nem ao estado angolano, que, diante da penúria e das dificuldades, não pode fazer ouvidos de mercador. É preciso, frisou, que haja a

adopção de acções específicas que venham retirar as famílias da situação de calamidade por não terem nada para sobreviver a meio a crise. “E o nosso desejo é que se dê uma atenção a esses grupos de angolanos que, à semelhança de outros, merecem igualmente viver com mais dignidade”, apontou o líder dos renovadores sociais. Para o presidente do PRS, grande parte das dificuldades sociais que as famílias das zonas rurais enfrentam serão resolvidas com a implementação das autarquias no país. Nesse contexto, referiu, apesar das dificuldades impostas pela Covid-19, a realização das eleições autárquicas deve ser encarada como uma necessidade inadiável.


O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

9 Certidões de óbito das vítimas de conflitos políticos analisadas hoje em Luanda

Passos para as autarquias separam MPLA e Oposição Enquanto os deputados do Grupo Parlamentar do MPLA reafirmam que o país está a caminhar a bom passo para a institucionalização das Autarquias Locais, os deputados na Oposição insistem na teoria de que o partido no poder esteja a montar estratégias para atrasar a realização das Autarquias em tempo previsto Neusa Filipe

O

Parlamento angolano aprovou, ontem, na décima primeira Reunião Plenária Ordinária da Assembleia Nacional, mais um diploma do Pacote Legislativo Autárquico. Trata-se da proposta de lei sobre o Regime e Formulário dos Actos da Autarquia Local. O diploma foi aprovado por 184 votos a favor, zero contra e uma abstenção, e visa estabelecer a forma externa dos actos, estrutura e publicação, bem como os modelos dos formulários a serem usados pelos órgão autárquicos no exercício das suas funções. Com esta proposta de lei pretende-se colmatar a lacuna existente no ordenamento jurídico Angolano. Pacote Legislativo Autárquico pode não ser concluído nesta Legislatura Tendo em conta a morosidade na

discussão e aprovação dos diplomas que compõem o Pacote Legislativo Autárquico, os partidos na Oposição temem que a proposta de lei de Institucionalização das Autarquias não seja discutida ainda nesta Sessão Legislativa, que termina no dia 15 de Agosto. A deputada Mihaela Webba, da UNITA, afirmou que estão a ser aprovados diplomas para órgãos e instituições ainda inexistentes. Enquanto os parlamentares do MPLA afirmam que o seu partido de tudo está a fazer para realizar de forma tranquila as Autarquias Locais, os deputados dos partidos na Oposição acreditam que “toda essa morosidade” seja uma estratégia muito bem montada para retardar a conclusão do Pacote Legislativo Autárquico. O ministro da Administração do Território e Reforma do Estado, Marcy Lopes, garantiu que existe por parte do Executivo vontade em institucionalizar as Autarquias e que está a trabalhar para que as mesmas sejam realizadas com prudência.

Para o titular da pasta da Administração do Território, as Autarquias, para serem realizadas, precisam de infra-estruturas que permitam que os órgãos autárquicos possam funcionar. “Queremos, com prudência, fazer as coisas devagar, com cuidado, de forma clara e sem correr. O piano das Autarquias está a ser montado a peças, uma por uma”, disse o ministro. Proposta de lei que aprova o Regime Jurídico de Recuperação de Empresas e da Insolvência Ainda na décima primeira Reunião Plenária Ordinária, os deputados discutiram e votaram, na generalidade, a proposta de lei que aprova o Regime Jurídico de Recuperação de Empresas e da Insolvência, por unanimidade, por 180 votos a favor. A referida proposta de lei apresenta dupla natureza, sendo que, por um lado, consagra normas processuais indispensáveis à boa condução dos processos de insolvência, de recuperação de em-

presa e sobretudo à celeridade dos mesmos, e, por outro, a proposta de lei prevê regras de direito substantivo, estabelecendo em que hipótese e sob que condições os agentes económicos têm direito à tutela legal para se recuperarem e, caso não seja possível, como deve ser conduzido o processo de insolvência, bem como a protecção dos direitos dos credores e dos privilégios a serem considerados diante de um processo de insolvência. A aprovação do Regime Jurídico sobre a Recuperação de Empresas visa preencher uma lacuna na regulamentação legal dos problemas do saneamento de empresas que se encontrem insolventes ou em situação económica difícil. A sua aprovação permitirá ainda ao país ser melhor avaliado no relatório do doing business sobre as práticas internacionais de fazer negócios, relativamente ao indicador de resolução de insolvência.

A

décima reunião da Comissão para a Implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP) acontece hoje, em Luanda, em sistema de vídeo-conferência. Segundo uma nota enviada ao OPAÍS, a reunião terá uma participação alargada para todas as pessoas identificadas com o projecto, quer residentes no país, quer no exterior. A nota refere que constam na agenda do encontro questões relacionadas com as certidões de óbito e com a construção do monumento em memória das vítimas dos conflitos políticos ocorridos em Angola. O plenário analisará, igualmente, o memorando e as recomendações da reunião do Grupo Técnico Científico que se tem dedicado a estudos sobre matérias atinentes aos objectivos da comissão, bem como do seu plano de trabalho e do fluxograma de tarefas


sociedade

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O PAÍS

Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

Vidas que seguem sem m do novo Coronavírus Apesar de o Executivo ter apertado nas medidas restrictivas no âmbito das acções de prevenção e combate à Covid-19, as ruas de Luanda seguem cheias de pessoas incumpridoras das normas estabelecidas. O OPAÍS saiu à rua e durante horas presenciou o grau de “promiscuidades” que podem contribuir para a propagação da pandemia Domingos Bento

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as ruas de Luanda, a expressão Coronavírus segue conhecida a “uma velocidade mil” nos bairros, barracas, restaurantes e mercados. Todos sabem da sua existência. Pela TV, Rádio e pelos jornais, os cidadãos vão conhecendo, diariamente, o número de infectados e de mortos que a doença causa ao país. Alguns tentam desviar o foco da seriedade do assunto fazendo piadas com a pronúncia do secretário de Estado para Saúde Púbica, Franco Mufinda, limitando a discussão entre se o mais certo é dizer “Xexento” ou seiscentos. Outros criticam, algumas vezes, o nervosismo ou elogiam a eloquência da ministra Sílvia Lutukuta. Porém, os mais avisados sabem que a discussão não se baseia na pronúncia mais afinada. A preocupação maior é o aumento do número de casos que começou com 1, 2, 3 e hoje está já rompeu a barreira das 800 ocorrências. Com o somar dos casos, o Governo já recuou na abertura e apertou nas medidas de confinamento, com o funcionamento da função pública até às 15 horas, paralisação dos serviços de táxi às 18 horas, a não reabertura das instituições de ensino e religiosas e a redução de 50 por cento do número de funcionários nas repartições públicas e privadas. Consta ainda, entre as medidas restrictivas, o uso obrigatório de máscara em locais públicos, com a Polícia a receber luz verde para

prender e responsabilizar os cidadãos incumpridores. Diante da medidas, muitos encaram-nas como um recolher obrigatório, o que, a ser cumprido, poderá cortar a cadeia de transmissão para o país não chegar a número de casos capaz de

bloquear e criar colapso no Sistema Nacional de Saúde, como aconteceu noutros países, tal como disse o Presidente da República, João Lourenço, que é preciso que se tenha a consciência de que não é o investimento em unidades hospitalares, em meios de tratamen-


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medo to e em pessoal médico especializado que vai salvar, a julgar pelo que se observa nos países industrializados e mais desenvolvidos do mundo. Estes países, notou João Lourenço, mesmo tendo inúmeros recursos financeiros, os mais modernos DR

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centros de investigação científica, a mais desenvolvida indústria farmacêutica e outras valências, lamentavelmente têm um número crescente de infectados e de mortos bastante grande. No entanto, se uns, como o Presidente da República, encaram o actual contexto como sendo um momento de particular atenção e preocupação, outros assobiam para o lado e mostram estar nem aí para o perigo que a Covid-19 representa. Para essa franja da sociedade, as restrições aplicadas pelas autoridades sanitárias não representam qualquer peso na consciência. Por isso, saem às ruas, dão-se abraços fervorosos, frequentam ambientes agitados, realizam festas privadas, vão às sentadas familiares e preferem gastar 100 Kwanzas num copo de cerveja do que comprar máscaras para a sua própria protecção, como é o caso de Raimundo. Enquanto bebe uma cerveja na barraca da Mana Fatita, uma das mais conhecidas comerciantes do Zango 4, Raimundo conversa livremente com o colega de serviço. Os dois são mecânicos. Ninguém usa máscara, entre os dois. Também não mantêm distanciamento um do outro. Ao Longo da conversa, enquanto dão um gole na cerveja “brutalmente fresca”, os dois caem na gargalhada e tocam-se no ombro. Interpelados pelo OPAÍS, por que razão não usam máscaras, numa altura que se regista o aumento de número de casos de Covid-19, Raimundo, o mais comunicativo, respondeu que só usa máscara quando vê a Polícia. O medo de ser contagiado pelas pessoas ao seu redor é menor que o medo de ser retido e pagar a multa. Dai a confissão de Raimundo: “A minha máscara está no bolso. Também não posso beber com a máscara. Coronavírus não existe. A Polícia é que está só a prender à-toa”, frisou. Abertura para a propagação da Covid-19 A atitude de Raimundo, como diz o sociólogo Oliveira Castro, pode ser uma porta aberta para a propagação da Covid-19 e em nada ajuda nas medidas de prevenção e de combate, ao desvalorizar o perigo e as normas estabelecidas pelas autoridades sanitárias. “É tudo uma questão de consciência. Daí que as medidas punitivas, por si só, não vão resolver esta falta de noção do perigo. Precisa-se investir muito nos canais de

sensibilização e educação”, defendeu. Raimundo não é um caso isolado. Noutro ponto da Luanda, na Praia de Cacuaco, na margem, enquanto aguardavam pelos pescadores, Zeferina e Nelinha falam da vida dura que têm levado desde o estado de emergência ao de calamidade. As duas até têm máscaras, mas usam-nas no queixo e não propriamente para cobrir a boca e o nariz, o que as submete a uma situação de exposição diante da Covid-19. Zeferina e Nelinha são amigas e colegas de actividade há mais de 20 anos. Por isso, dizem não ter necessidade de estarem distanciadas uma da outra. Porém, enquanto conversam, as duas partilham a garrafa de 1,5 litros de kissângua que antes haviam comprado na “Mana Fló”, a escassos metros do ponto ande estavam. Era cada uma com o seu gole, partilhando, possivelmente, saliva a cada gota que metiam na boca. “Nós até já andamos com os nossos copos. Mas hoje esquecemos em casa. É por isso que estamos a beber só já as duas na mesma garrafa”, justificou Nelinha. “A kissangua é gostosa”, asseguraram as senhoras. É a que lhes garantia energia enquanto aguardavam pelos pescadores artesanais que horas depois trouxeram Carapau, Kimbunbo, Corvina e bastante Sardinha. A luta para conseguir o peixe parecia mais uma batalha. Era um empurra e empurra interminável. Ninguém respeita o sentido do distanciamento. Poucos usam máscaras e falam próximo uns dos outros. Depois de muita luta, Zeferina e Nelinha, finalmente, conseguiram o peixe e só ajeitaram a máscara quando se retiram do local para a estrada, onde pegaram o

Dois pesos, duas medidas

Por seu lado, Luara Fernando, activista cívica, entende que a discussão deve ser abordada em duas perspectivas. A primeira, referiu, prende-se com necessidade do reforço das questões de educação e sensibilização das pessoas que, pela necessidade de prover sustento para os seus, se exponham aos riscos.

táxi para o mercado do São Paulo, noutro extremo da cidade de Luanda. “Naquela confusão da praia a pessoa ainda vai lembrar de meter a máscara ou vai lutar para conseguir o pão para as crianças? Oh

“Dinheiro do álcoolgel é para comprar pão” Já na rotunda do Camama, Man Zeca, conhecido como um dos mais experimentados taxistas, por exercer a actividade há precisamente 13 anos, também conta a sua experiência. O homem, de um português arrojado, confundindo por várias vezes o R com o L. No pequeno Toyota Corola (conhecido também como acaba de matar), Man Zeca leva dezenas de passageiros diariamente. O carro demonstra cansaço. A chaparia velha, cheia de remendos, pintura gasta e a “depelar”, revela as longas batalhas que o veículo vem enfrentando. Por cada corrida de táxi o passageiro paga 150 kwanzas. São tantas as moedas que Man Zeca recebe que passam de mão em mão que podem ser um veículo de transmissão e passagem do vírus. Questionado sobre por que razão não anda na viatura com álcool-gel, para desinfestar as mãos a cada moeda que recebe, o taxista ironiza e mostra-se despreocupado com o perigo que a Covid-19 representa. “Álcool-gel está muito caro. Também essa doença não mata tanto assim conforme

Segundo Laura Fernando, para estas pessoas deve haver uma assistência social das autoridades e apoio mediante a distribuição de materiais de biosegurança, como luvas e máscaras, para que, no exercício das suas funções, se protejam e não levem a doença para casa. Já noutra perspectiva, a também académica compreende que as pessoas que não tendo

mano, o que vai nos matar não é o Coronavírus, é a fome. É por isso que a gente já nem se lembra de cumprir o que o Governo manda”, atestou Zeferina, enquanto arrumava a caixa de peixe.

o Governo está a dizer. Dinheiro do álcool-gel já chega para comprar pão para as crianças”, afirmou o taxista, que, depois de cumpridas às 06 horas de trabalho, dirigiuse a uma barraca onde almoçou funge com bagre, sem lavar as mãos no pequeno recipiente posto à porta do estabelecimento. Outro flagrante de exposição ao risco foi visto pela equipa de OPAÍS na zona do Primeiro de Maio. Eram precisamente 17horas e as paragens estavam completamente abarrotadas de gente. Era a volta para casa. No meio da multidão estava Paula Inocêncio, funcionária pública. Ela até estava com a máscara bem-posta e com um pequeno frasco de álcool-gel nas mãos que ela usava a cada cinco minutos. Dada a escassez, qualquer táxi que chegava à paragem era motivo de empurrões e encostos entre os passageiros, o que facilitava um eventual contágio, caso alguém no meio daquela multidão fosse portador do vírus. “Desde que o Governo proibiu a circulação de táxis acima das 18 h, estamos a passar mal. Essa é a nossa vida diária. Se empurrar e se encostar só para conseguir um lugar no táxi. Corremos muitos riscos. Assim é complicado”, lamentou Paula.

nada para fazer na rua, ainda assim saem e não cumprem as medidas de segurança, devem ser responsabilizadas, pelo facto de estarem a colocar as suas vidas e as de outros em risco. “Não podemos ter uma única medida para todos. É preciso saber separar o modo de actuação, sob pena de não estarmos a atacar o problema como deve ser”, concluiu.


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sociedade

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Capitão das FAA acusado de encabeçar quadrilha de invasores de casas nas centralidades O Tribunal Municipal de Viana condenou, ontem, 17 cidadãos implicados na invasão e usurpação de apartamentos nas centralidades da Vida Pacífica e Zango 5. Um dos arguidos é José Brito, Capitão das Forças Armadas Angolanas (FAA) que no mesmo dia começou a ser julgado num outro processo, também de ocupação de ilegal de casas

Fundo da habitação: “Beneficiou-se o infractor”

Milton Manaça

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oficial das FAA e os demais co-réus foram condenados a seis meses de prisão, com pena suspensa. Depois de anunciada a sentença, o representante do Ministério Público surpreendeu o juiz da causa para que o destino de José dos Santos Brito fosse diferente dos demais, pois, acabava de receber um outro processo em que o mesmo aparecia novamente visado. Em virtude destas declarações, o juiz decidiu que José Brito fosse julgado sumariamente, no mesmo dia. Todavia, a sessão não foi concluída, tendo sido adiada para o próximo dia 28 (Terça-feira). O OPAÍS soube de uma fonte familiarizada com o processo que o capitão das FAA é o cabecilha de uma quadrilha de invasores de apartamentos em diferentes edifícios das centralidades de Luanda.

A fonte garantiu que o grupo se tem dedicado à prática de invasão e burla na venda de apartamentos há mais de dois anos, sendo que no último caso Brito foi detido no Zango 5, na companhia de um comparsa. A rede estará ligada a comercialização de 27 residências, entre apartamentos e vivendas, envolvendo cerca de 60 milhões de Kwanzas, sendo que as autoridades não descartam a possibilidade de haver outros casos ligados ao mesmo grupo. 12 casas no Zango 5 e oito na Vida Pacífica Durante as sessões de julgamento, os 10 primeiros réus que ocuparam ilegalmente os apartamentos no Zango 5 disseram que adquiram os imóveis do Instituto Nacional da Habitação (INH), de alegados funcionários da Imo-

gestin e da Sonip, entretanto, sem precisarem os seus nomes e funções. O grupo de 10 elementos ocupou, no total, 12 imóveis e, mesmo sem exibirem qualquer documento comprovativo, alegaram que teriam pago 3 a 5 milhões de Kwanzas para terem acesso às casas. Já na Vida Pacífica, também conhecida por Zango 0, os supostos invasores terão ocupado oito apartamentos, sete no edifício i51 e o último no i54. Neste processo, dois dos sete réus foram absolvidos por insuficiência de provas, e o tribunal orientou que o Estado negociasse com os mesmos para que permaneçam nas residências. Todos os réus foram condenados a seis meses de prisão, com penas suspensas, convertidas em multa, por usurpação de residência e introdução em casa alheia.

Defesa interpôs recurso Em ambos os casos, a defesa dos réus interpôs recurso. Tanto o advogado Elgas Ramos, quanto Bernardo João, afirmam que, apesar de os seus constituintes não terem adquirido as residências de forma legal, são inocentes e foram vítimas de má-fé e de uma cabala montada por funcionários da Imogestin e do INH. Elgas Ramos disse que pretendem intervir junto das entidades por, alegadamente, serem “chefes de família e residirem nos imóveis há mais de um ano”. Bernardo João rejeita também as acusações do Ministério Público de que José Brito seja cabecilha de uma quadrilha, afirmando que para provar a sua inocência, o seu cliente acompanhou um suposto invasor à esquadra e os dois acabaram detidos.

O Fundo de Fomento Habitacional (FFH) não concorda com o facto de se orientar que dois dos réus fiquem com os apartamentos, justificando que com esta atitude se está a incentivar o crime sem se levar em conta a moralização da sociedade. O director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do FFH, Valdir Sousa, disse que a sua instituição está satisfeita com a forma como o assunto foi tratado em primeira-instância, mas não percebe a decisão do juiz ao ordenar que alguns dos “infractores beneficiem das residências”. “Estamos indignados porque o juiz dá apartamento a um invasor que usurpou o imóvel em detrimento do legítimo proprietário, que todos os anos lhe é descontado no seu salário a prestação mensal de renda resolúvel”, disse.


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O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia

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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.

COMO ME POSSO PROTEGER?

Tendo sido reportados já 851 casos em Angola, com 33 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:

1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;

2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.

QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?

As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória

Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.

EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados


cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura

Banda Movimento “afina” baterias para Live do Show do Mês

Para brindar os fãs neste evento, o agrupamento musical, fundado em 1999, realiza os ensaios de forma faseada desde a passada Segunda-feira, de modo a proporcionar o melhor do seu reportório, neste concerto que contará com músicos convidados Antónia Gonçalo

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Banda Movimento, um dos conjuntos de maior referência no país, prepara o reportório que apresentará no Live do Show do Mês, a ser realizado amanhã, Sábado, 25, a partir das 16 horas, numa iniciativa da produtora Nova Energia, que será transmitido no canal 2 da Televisão Pública de Angola. Para brindar os fãs neste evento que também será transmitido no Youtube da Nova Energia, o agrupamento fundado em 1999 efectua os ensaios de forma faseada desde Segunda-feira, e, prossegue hoje, com o objectivo de aprimorar o programa que pretendem apresentar. Hoje, Sexta-feira, 24, o conjunto que se destaca no estilo musical Semba, vai ainda realizar uma pré-ilustração daquilo que será o concerto, com o elenco, que contará com músicos convidados, sendo que um dos quais vai interpretar canções do músico Day Doy, compositor e interprete de, Semba, falecido em 2009, vítima de doença. O guitarrista solo da banda, Teddy N’singui, disse a OPAÍS que pretendem brindar os telespectadores e internautas com momentos inéditos, para animar a tarde dos fãs neste período de confinamento, em que se encontram em casa, em consequência da pandemia do novo Coronavírus, que tem vindo a dizimar muitas vidas no mundo.

Reencontro O solista referiu, por outro lado, que estão expectantes com o evento, que vai unir os membros da banda, que desde Março, em função do período de confinamento social, interromperam-se as actividades culturais, para evitar a disseminação da doença. “Desde Março, esta será a primeira vez que o conjunto vai trabalhar, no seu todo. Alguns membros têm trabalhado em Lives, mas neste concerto estaremos todos a actuar. Conversávamos às vezes, via telefone, mas o reencontro é sempre bem-vindo. Por isso, estamos felizes e muitos expectantes”, contou. Avançou que devido à rigidez de algumas composições, achou-se necessário inserir na banda instrumentalistas de sopros, entre eles o saxofonista, trompista e trombonista, de modos a acom-

“Desde Março, esta será a primeira vez que o conjunto vai trabalhar, no seu todo. Alguns membros têm trabalhado em Lives, mas neste concerto estaremos todos a actuar. Conversávamos às vezes, via telefone, mas o reencontro é sempre bem-vindo. Por isso, estamos felizes e muitos expectantes”

panhar os vários ritmos musicais que serão alí cantados. Encontro do Semba adiado Teddy salientou que antes mesmo da decretação do Estado de Emergência em Março, a produtora Nova Energia, pretendia realizar um concerto, denominado “Encontro do Semba” com a banda e amigos, mas que foi cancelado devido a presente situação, relacionada com à doença do novo Coronavírus. Entretanto, com a presente realização, manifestou-se satisfeito e pretendem apresentar os temas musicais de melhor sucesso de pista, que constam dos trabalhos discográficos do conjunto, assim como outras novidades. “Neste momento a Nova Energia é uma das poucas produtoras que está com um trabalho muito diferente das outras. Não estou a criti-

car as demais, mas essa produtora tem apoiado muito os artistas, que nesta fase de confinamento estão sem trabalhos, para poder rentabilizar”, enalteceu. O conjunto A Banda Movimento foi fundada em 1999, sob iniciativa do Movimento Espontâneo. Fizeram parte da formação inicial Romão Teixeira (baterista), Quintino (guitarra ritmo), Teddy N’singui (guitarra solo), Massoxi (percussão), Neto (teclado) e Domingos Lopes (baixista). Em 2002 passou a integrar um projecto da Rádio Nacional de Angola, altura em que foi incorporado o teclista Chico Magne. Actualmente fazem também parte do conjunto musical Nino Groba, (teclado), Mias Galheta (baixo), Mister Kim (voz e coro), Beth Tavares e Dorgan Nogueira (coros).


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SADIA utiliza sistema de monitoramento “Labrador” para Rádios e TVs A Sociedade Angolana de Direitos de Autor (SADIA) passou a monitorar todas as músicas divulgadas nas rádios e canais televisivos, a partir de um sistema tecnológico denominado “Labrador”

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e acordo com uma nota da instituição a que OPAÍS teve acesso, desde o passado dia 1 de Julho que a SADIA passou a monitorar músicas nos canais de rádio e televisão em todo território nacional, através de um sistema designado “Labrador” A missiva faz referência segundo a qual, o director de departamento tecnológico da SADIA, Cassio Caposso Cristóvão, informa que o sistema monitora todos os conteúdos dos associados e é possível identificar os mesmos em menos de dois segundos, em que estão incluídas

mais de 120 milhões de músicas. “O sistema além de estar a controlar as rádios e TVs angolanas todos os dias, ininterruptamente, verifica também mais de 1.700 TVs, 6.500 rádios e mais de 10.000 discotecas e bares, supermercados e shoppings em 85 países”, pode ler-se no documento. Entretanto, os supermercados, restaurantes e shoppings em Angola vão começar a ser monitorizados apenas a partir do mês de Outubro de 2020, como prevê o artigo 24º do Decreto Presidencial 114/16 de 30 de Maio de 2018. “O novo paradigma do mundo exige que as associações como a SADIA sejam munidas de tecno-

logia e nos últimos meses, temos investido em tecnologia de ponta para a organização do mercado musical angolano”, explica o responsável no mesmo documento. Acredita-se que este sistema ajudará na transparência da recolha e distribuição dos rendimentos de direitos autorais, possibilitando a SADIA, ter uma noção real dos números de vendas digitais (Streaming), assim como das restantes plataformas acima mencionadas. “Isso terá efeitos positivos para o mercado, tais como: Atribuição de discos de Ouro e Platina e os investidores de música vão ter uma base para estudos de viabilidade do negócio musi-

cal no mercado angolano”, explica o também engenheiro. A mesma nota salienta que SADIA tem trabalhado para atracção de investimento estrangeiro de modos a ajudar a indústria musical e a cultura a crescer. “Temos plena certeza de que a música angolana tem um grande potencial, porém é necessário estarmos organizados e implementarmos regras. O estado angolano já cumpriu a sua parte em aprovar a lei 15/14 de 31 de julho de direitos autores e conexos e continua a apoiar com aprovações de decretos em matéria de defesa dos direitos autorais”, reconhece. Com isso, apela-se aos intervenientes do mercado musical que fiquem atentos aos sinais do tempo e à adaptação da indústria musical que tem mudado muito nos últimos 10 anos e voltará a mudar devido à pandemia do Covid-19. Igualmente apelase a todos os artistas e detentores de direitos autorais a chegarem junto à SADIA para declarar as suas obras. Saliente-se que, a SADIA tem vindo a trabalhar para dignificação da classe artística nacional, e para que os grandes players do mercado mundial da música, tais como a Sony Music Entertainment, a Universal Music Group, editoras e distribuidoras como a Altafonte e outras, comecem a actuar em Angola. “Algumas delas já mostraram interesse em entrar no mercado e acreditamos que nos próximos meses teremos novidades”, finaliza. Com este registo, a SADIA passa a ser a 6ª Entidade Colectiva de Gestão de Direitos Autorais (ECG) em África a usar esse sistema que já é usado em mercados mais desenvolvidos, como Israel, Estados Unidos, França e outros. Em África, as congéneres da SADIA que utilizam esse mesmo sistema são a SAMRO na África do Sul, a KOPIKEN no Kenya, a MCSN na Nigéria, a GHAMRO no Gana e a ONDA na Argélia.

Cinema em casa no ecrán “Resgate Bilionário” e “Vida Desfeita”

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o prosseguimento da programação do canal Zap Viva que propõe “cinema em casa”, no quadro do imperativo “Fica em casa”, face à pandemia da Covid-19, e enquanto as salas tradicionais de cinema não estiverem abertas, duas películas saltam à vista para esta Sexta-feira e Domingo, a partir das 22 horas A primeira proposta é “Regaste Bilionário”, em que bilionários frustrados com o comportamento dos seus filhos matriculam-nos num acampamento localizado numa ilha remota famoso por dar limites a jovens ricos e rebeldes. Porém, quando o acampamento é tomado por um grupo de criminosos, são os estudantes que tomam as rédeas da situação e têm a responsabilidade de salvar suas próprias vidas. O filme tem na realização Jim Gillespie e na interpretação os actores: Jeremy Sumpter, Phoebe Tonkin, Ed Westwick. Já para Domingo, a proposta recai para “Vida Desfeita”. Trata-se de um promissor jogador de futebol americano que descobre que tem cancro. O jovem tem agora à sua frente uma árdua batalha para vencer a doença e regressar aos campos. Pelo meio as suas relações familiares e a sua resiliência serão testadas ao máximo. É um filme realizado por Mario Van Peebles e dão rosto aos personagens os actores: Curtis “50 CENT” Jackson, Ray Liotta, Lynn Withfield, Mario Van Peebles, Ambyr Childers.


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cartaz

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Solidariedade

Família Marley lança versão re-imaginada de “One Love” para apoiar crianças afectadas pela pandemia Membros da família Marley lançaram uma versão re-imaginada do ícone do raggae “One Love” para apoiar o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na campanha global de angariação de fundos para ajudar crianças afectadas pela covid-19

O

s membros da família Marley lançaram uma versão re-imaginada do ícone do raggae “One Love” para apoiar o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) na campanha global de angariação de fundos para ajudar crianças afectadas pela covid-19. Segundo uma nota de imprensa da Organização das Nações Unidas (ONU), o hino global de solidariedade em apoio à campanha do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) foi lançado na última Sexta-feira, 17, pela Tuff Gong International e Amplified Music Ltd e está disponível em todas as principais plataformas de streaming.

CELEBRIDADES

INICIATIVAS

FRATERNIDADE

Gravada pela família Marley, em resposta a uma chamada do UNICEF para ajudar a reimaginar um mundo mais justo para as crianças, cujas vidas foram alteradas devido ao novo coronavírus, é também uma homenagem a Bob Marley, falecido a 11 de Maio de 1981 aos 36 anos”, lê-se no documento. A nota realça ainda que a música e o videoclipe também acontecem durante a celebração do aniversário dos 75 anos do ícone do raggae, e nela participam artistas e músicos do Brasil, da República Democrática do Congo, da Índia, da Jamaica, do Mali, da Nova Zelândia, da Nigéria, do Sudão, da Síria, dos Estados Unidos da América e do Reino Unido. De acordo com o UNICEF, a co-

vid-19 tem arruinado a vida das crianças em todo o mundo e exposto desigualdades desenfreadas em diversos países e estima que mais 6.000 crianças poderiam morrer todos os dias de causas evitáveis durante os próximos seis meses – quase todas (mais de 90%) em países de rendimento baixo ou médio-baixo. Uma vez que a pandemia continua a enfraquecer os sistemas de saúde e a interromper os serviços, as crianças são também extremamente vulneráveis aos impactos indirectos do novo coronavírus, tais como o encerramento de escolas, a escassez de alimentos, o acesso limitado a cuidados de saúde básicos, e as interrupções nas cadeias de abastecimento médico.

SONORIDADES

GALARDÕES

Kim Kardashian admite que Kanye é uma pessoa brilhante mas também complicada

Natalie Portman vai fundar um clube de futebol feminino

FreeBritney: Fãs pedem a libertação de Britney Spears

Tó Trips: “Nesta conjuntura é mais fácil contratar só um músico”

Prémios Play da Música Portuguesa conhecidos dia 29

Kim Kardashian pronunciou-se publicamente, esta Quarta-feira, sobre os comentários do marido no Twitter, na noite da passada Segunda-feira. Entretanto, apagadas, as publicações de Kanye West faziam referência a um plano de Kim para prendêlo. O rapper disse ainda que há dois anos que mantém o desejo de se divorciar da socialite. Nas primeiras declarações após os tumultuosos tweets, Kim fez referência à saúde mental do marido, em particular a um distúrbio bipolar perante o qual a família não pode fazer nada. “Como muitos de vocês sabem, o Kanye tem um distúrbio bipolar. ender”, disse.

Natalie Portman deu o pontapé de saída, mas o grupo inclui outros nomes bem conhecidos de Hollywwod e não só. Serena Williams, Eva Longoria, Jennifer Garner, Uzo Aduba, Jessica Chastain e America Ferrera, entre outras estrelas, bem como antigos atletas da modalidade e investidores dos setores da tecnologia e da comunicação social preparam a criação de um clube de futebol feminino. “Não podia estar mais entusiasmada por anunciar que a NWSL [National Women’s Soccer League] está a caminho de Los Angeles”, escreveu Portman na sua conta de Instagram, na última terça-feira. Segundo a BBC, desconhece-se ainda onde é que o clube ficará sediado.

Desde 2008 que Britney Spears está sujeita a um regime de tutela e não controla muitas das decisões relacionadas com as suas finanças, carreira e até vida pessoal. Os fãs dizem que ela vive como uma prisioneira. Depois dos apelos para que “libertem Britney”, através das redes sociais e da hashtag #FreeBritney, esta quarta-feira os fãs da cantora prometem ir protestar para a porta do tribunal, em Los Angeles, nos EUA, onde Britney Spears deverá participar por videoconferência numa audiência onde serão discutidos os termos do acordo da sua interdição, que a impede de ter controlo sobre os seus negócios e outros assuntos pessoais.

O músico dos Dead Combo é o autor da banda sonora de Surdina, uma longa-metragem de Rodrigo Areias, com argumento de Valter Hugo Mãe, cuja música deu também um belo disco, que sobrevive autonomamente ao filme. Foram dias e dias agarrado à guitarra, enquanto via o filme no ecrã de um computador, tentando criar os ambientes musicais certos para uma história passada em Guimarães, entre a comédia e a tragédia, que mistura velhice, amor, nostalgia, solidão e recomeço. “Neste caso facilitou-me bastante o trabalho que o enredo tivesse a um pouco a ver com o meu próprio imaginário musical, do Portugal profundo.

Os vencedores dos prémios Play da música portuguesa são conhecidos no dia 29, num espetáculo no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, foi anunciado esta Quartafeira, dia que marca o começo da votação para a melhor canção do ano. A esta categoria, a única votada pelo público, concorrem “Amor, a nossa vida”, de Capitão Fausto, “Bairro”, de Wet Bed Gang, “Bússola”, de Nenny, e “Também sonhar”, de Slow J com Sara Tavares. “Durante sete dias o público pode votar através [da rede social] Facebook dos Play e por chamadas telefónicas, e no dia 29 de julho através do canal 760 da Tv da Vodafone”, lê-se no comunicado.



Economia

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BIOCOM satisfeita com a granulagem do seu açúcar A companhia de biocombustível de Angola (Biocom) não vai ajustar a qualidade da sua granulagem que é actualmente de 150 imcusa para 50 imcusa que é a qualidade do produto utilizado pelos maiores fabricantes de bebidas no país. Segundo a direcção, o mercado garantido pela indústria de bebidas é relativamente pequeno em comparação com o consumo nacional André Mussamo

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Biocom está satisfeita com o tipo de açúcar que produz e vai manter a granulagem actual por ser aquela que responde à maior solicitação do consumo nacional. Segundo a companhia, ajustar a produção para fabricar ao nível da calibragem de 50 imcusa requereria um nível de investimento em equipamentos e treinamento de pessoal que não se justifica, pelo que a companhia não pretende ajustar-

se a este esforço. “É verdade que o nosso produto não responde ao padrão daquelas duas fábricas que usam açúcar de 50 imcusa. Ou seja, o nosso é mais granulado e o que eles usam é mais fino. Entretanto, não se justifica fazer investimentos de milhões só para responder a duas fábricas, numa altura em que uma delas (a Coca-Cola) tem aventado a hipótese de mudar para o mais granulado”, disse o director-geral adjunto da Biocom, Luís Bagorro. Luís Bagorro, respondia à sugestão deixada pelo ministro da Economia, Sérgio Santos, quando, por

altura do balanço dos dois anos de existência do PRODESI, justificou a alta quota de importação de açúcar com a inexistência de resposta da única produtora nacional de açúcar. O ministro citou como exemplo o facto de as duas grandes indústrias necessitadas de açúcar (Coca-Cola e Refriango) não poderem usar o produto da Biocom nos seus manufacturados por insuficiência técnica. IMCUSA é a signa em inglês de Comissão Internacional para Métodos Uniformes de Análise de Açúcar, organismo internacional de normalização, fundada em 1897,

“Veja que no passado colonial o país chegou a ter mais do que um fabricante, sediados em Benguela, Caxito, Malanje e outros pontos, como é próprio da dinâmica de mercado”

que publica procedimentos laboratoriais detalhados para a análise de açúcar. A organização é constituída por representantes de comités nacionais designados pelos governos de grandes importadores de açúcar e países exportadores. Os votos destes representantes são ponderados de acordo com a quantidade de açúcar de seus países na balança de importação/exportação. Luís Bagorro revelou que as fabricantes de bebidas têm sido aconselhadas a ajustar (elas) as suas necessidades e adaptarem-se ao tipo de grão produzido no país. “Outra solução podia ser uma pequena produtora responder a esta necessidade pontual, mas a Biocom não vê necessidade de investir nesta direcção”, explicou o responsável da companhia que acha que a demanda poderá ser respondida por um outro player no mercado. O director-geral adjunto da Biocom considera o mercado de consumo um espaço movediço e que deixa sempre em aberto a possibilidade de entrada de outros players. “Veja que no passado colonial o país chegou a ter mais do que um fabricante, sediados em Benguela, Caxito, Malanje e outros pontos, como é próprio da dinâmica de mercado”. O membro da direcção da companhia esclareceu que a impressão que se tem de “inoperância durante largo período do ano” é falsa, porquanto o ciclo produtivo da Biocom é de Abril a Outubro, sendo o período de intensificação das chuvas um defeso planeado, atendendo que durante o mesmo os meios mecanizados não podem operar, por risco de atolamento. Companhia bate o seu próprio record A 17 do corrente, a Biocom bateu o record de produção num só dia ao ter produzido 920 toneladas de açúcar. O recorde anterior, que datava do ano passado, estava fixado em mais de 700 toneladas/dia. Bagorro disse que tal mérito foi alcançado mesmo com as limitações decorrentes da pandemia da Covid-19 que forçou a redução das equipas em actividade e as decorrentes da observação das medidas de biossegurança. Acreditamos que em ambiente sem limitações este record seria grandemente superado, o que representaria um marco para a companhia, vaticinou Bagorro. Produzir cada vez mais açúcar (um dos elementos essenciais da cesta básica), álcool neutro que neste período de combate à Covid-19 e energia eléctrica renovável que ilumina lares de aproximadamente 300 000 angolanos é um


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dos objectivos em que a companhia está focada. A Biocom mantém firme as projecções para este ano de 2020, ou seja, produzir 115 mil toneladas de açúcar, 18.000 m3 de álcool neutro e 63.000 MWh de energia eléctrica renovável a partir da biomassa. É de salientar que desde Abril, altura em que foi aberta a presente safra, já foram moídas 450.000 toneladas de cana e produzidas mais de 40.000 toneladas de açúcar, o que representa mais de 35% da quantidade prevista para o ano em curso. Queimadas criminosas afectam produção Para além da pandemia, a Biocom enfrenta outro constrangimento, que são as queimadas criminosas que ocorrem e consequentemente destroem as plantações de cana-de-açúcar. Em anos anteriores a empresa tinha obtido sucesso em evitar queimadas, mas este ano a situação agravou-se. Segundo dados, desde o início da safra, até este mês, já ocorreram 6 queimadas contra o canavial, portanto, sobre a cana em crescimento e/ou em fase de corte, resultando em vários hectares queimados e, com isto, menos açúcar para a população. A companhia tem estado a solicitar à Administração local (Cacuso), à Polícia e ao Governo Provincial de Malanje, que prestem apoio, para manter a ordem e protecção contra o vandalismo que acontece com frequência na região. A Biocom considera, não ser possível, nem pode admitir que esse tipo de crimes contra o ambiente natural e contra a propriedade alheia, ou seja, contra as lavras dos camponeses e projectos agro-industriais como a Biocom, continuem a acontecer, algumas vezes justificadas e encobertas nos hábitos e costumes do povo. “É necessária uma análise profunda, discussão e compreensão desse fenómeno e das suas consequências, e acções imediatas sejam tomadas com urgência para que não voltem a acontecer”, refere a companhia em nota. A Biocom, enquanto ente interessado na solução, tem feito a sua parte, com enorme trabalho de consciencialização nas aldeias. No entanto, entende que por si só não conseguirá reverter o quadro se as autoridades não se engajarem ao máximo, acrescenta. “Enquanto as queimadas criminosas forem tratadas como fenómeno isolado, fora do contexto próprio e exclusivamente por sectores restritos do Governo, continuaremos a assistir ao agravamento da já complexa situação aqui na região e não só”, conclui a companhia.

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Organização propõe-se a desenvolver projectos turísticos na região angolana do Okavango

Infra-estruturas de qualidade oferecem maior fluidez às transacções O ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, considerou, ontem, Quinta-feira, ser fundamental que os países adoptem infraestruturas de qualidade e competentes, nas suas mais variadas vertentes, para potenciar maior fluidez às transacções comerciais

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rata-se da Organização Luiana, composta maioritariamente por sócios angolanos, que pretende obter uma concessão para explorar e desenvolver projectos turísticos na região angolana do Okavango, o maior potencial turístico de Angola, em função da sua riqueza natural, cultural e histórica. A Luiana pretende abraçar a estratégia do Governo de diversificação da economia, contribuindo para o aproveitamento do potencial turístico da região angolana do Okavango. Para o efeito, apresentou a sua intenção junto da Agência Nacional para a Gestão da Região do Okavango (ANAGERO), o órgão responsável pela promoção, atracção e facilitação do investimento privado na região. Em 2000, a organização detinha o direito de explorar a coutada do Luiana, tendo, na época, desenvolvido algumas actividades de desminagem, reabilitação das infra-estruturas e contratação de fiscais. Entretanto, em 2011, com a transformação em Parque Nacional de Luengue-Luiana, o grupo, de acordo com a lei, perdeu esse direito. Ainda assim, a organização pretende agora concorrer para voltar a desenvolver os seus projectos turísticos naquela região, que tão bem conhece. Em nota, a Agência Nacional para Gestão da Região do Okavango enaltece que constitui um bom indicador o interesse que a região do Okavango desperta a quem lá quer investir. A zona precisa sim de investimentos, essencialmente de Infra-estruturas.

o discursar no workshop sobre “A Garantia da Conformidade, Segurança e Qualidade dos Alimentos”, promovido pelo Instituto Angolano de Acreditação (IAAC), sublinhou que as trocas comerciais exigem a garantia de total fiabilidade e segurança dos produtos e serviços que empresas e instituições colocam à disposição dos consumidores internos e externos. O governante defende a necessidade e a urgência do fortalecimento de um sub-sistema de avaliação da conformidade transparente e desenvolvimento de acordo com os requisitos regionais e internacionais. Disse que um país com laboratórios, organismos de certificação e de inspecção acreditados, promove um sistema de verificação e controlo dos riscos das operações e negócios, assim como dos produtos e serviços disponíveis no mercado, aumentando a confiança dos agentes económicos, em especial dos consumidores, em transacções mais seguras, pois os produtos e serviços testados terão a mesma aceitação e confiança em todos os lugares. Segundo o ministro, a diversificação da economia, a substituição das importações e o fomento das exportações não se concretizarão apenas com mais produção, adensamento das cadeias produtivas, mais investimentos ou mais financiamentos, pois existem muitas outras variáveis fundamentais para o sucesso desta estratégia e, de entre elas, a garantia da qualidade. Victor Fernandes frisou que o país tem desafios ao nível da integração regional num mercado de cerca de 300 milhões de habitantes, ao nível do continente africano, da futura Zona de Comércio Livre Continental, e ainda ao nível do mercado global. “É imperioso que as nossas empresas estejam preparadas para competir com as suas congéneres estrangeiras, pertencentes aos países aderentes à Zona de Comércio Livre Comum. É importante que a

infra-estrutura nacional da qualidade seja desenvolvida em atenção a esses desafios de acesso ao mercado externo, não podendo estar dissociada do desenvolvimento de regulamentação e de medidas sanitárias e fitossanitárias apropriadas e alinhadas com o que é prática internacional”, reforçou. Acrescentou que a conformidade e qualidade dos produtos, sobretudo alimentares, pode de forma transversal impactar na vida das populações e, consequentemente, na vida das empresas, dos mercados e das economias. Citou a declaração conjunta da FAO, OMS, OMC que alerta que “quase 600 milhões de pessoas ficam doentes e 420 mil morrem prematuramente por ano por causa de doenças transmitidas por alimentos, sendo que 30% das vítimas são crianças menores de cinco anos de idade, gerando um impacto significativo na saúde pública, segurança alimentar, produtividade e pobreza dos países”. O workshop sobre “A Garantia da Conformidade, Seguran-

ça e Qualidade dos Alimentos”, promovido pelo Instituto Angolano de Acreditação (IAAC), integra-se nas comemorações do Dia Mundial da Acreditação celebrado anualmente a 9 de Junho. A acreditação é definida como um processo pelo qual um organismo autorizado reconhece formalmente que uma pessoa colectiva ou singular é competente para efectuar tarefas específicas, e produzir resultados dentro de limites aceitáveis, consistentes e sustentáveis. O Instituto Angolano de Acreditação está vocacionado para atender questões ligadas à acreditação. A actividade de acreditação consiste na avaliação e no reconhecimento da competência técnica de entidades para efectuar actividades específicas de avaliação da conformidade como, por exemplo, ensaios, calibrações, certificações e inspecções. A acreditação é uma ferramenta chave para o desenvolvimento do sector industrial. Os seus benefícios abrangem consumidores, empresas e o Estado.


Mercados

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ANÁLISE DIÁRIA /24 DE JULHO DE 2020

O Banco Central absorveu liquidez, mediante as Operações de Mercado Aberto (OMA), no montante de 517.387 milhões Kz em Junho de 2020 O desempenho reflecte um incremento mensal e homólogo de 1% e 255%, respectivamente, tal como o nível mais

elevado da série histórica do BNA com início em 2011, com possíveis efeitos sobre a estabilidade dos preços na economia ESPAÇO INTERNACIONAL

ESPAÇO ANGOLA

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recurso dos bancos à Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez na maturidade Overnight fixou-se em 84.197 milhões Kz na semana encerrada a 17 de Julho. O montante representa um aumento de cerca de 2,8% face a semana anterior, reflexo do incremento das necessidades de liquidez de curto prazo, com impactos sobre a gestão de tesouraria dos bancos comerciais.

África do Sul •As vendas a retalho registaram redução homóloga de 12%, no mês de Maio. O registo reflecte uma recuperação significativa comparativamente à redução de 50,4% referente ao mês anterior. O desempenho representa principalmente o aumento das vendas de “roupas, sapatos e produtos têxteis” em 2% e “hardware, pinturas e vidros” em 3,0%.

MERCADOS Petrolífero Brent: -0,07% (44,29 USD/barril). O aumento das reservas de crude nos EUA, na última semana, penalizou a cotação da matéria-prima.

Cambial EUR: +0,37% (1,1570 USD). A possibilidade de redução das restrições no mercado financeiro europeu e o pacote de estímulos da União Europeia beneficiaram o euro


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 24 de Junho de 2020

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José Manuel Diogo

A nova confiança João Rosa Santos dr

C Auto Disciplina

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Presidente da República falou na última sexta-feira, reforçou a mensagem, agora corrente, a transmissão comunitária, é caso sério, não é passeio, cada um deve cumprir o seu papel, a luta é comum, a unidade é nacional, todos juntos, somos capazes de vencer a pandemia. De Cabinda ao Cunene, não há mais como ignorar as medidas preventivas, o remédio não é kumbú, saber ser e estar faz falta, brincadeira têm hora, entre a vida e a morte, ninguém pode baixar a guarda. Quando e como, nada sabe onde, ontem, hoje, amanhã, a contaminação pode acontecer, mesmo com confiança, mais vale desconfiar, angolano jikula meso, abre o olho, o herói é o vivo, só quem sobrevive pode contar a história, passar o testemunho, às gerações vindouras.

A situação, exige atenção, compreensão, o empenho deve ser individual e colectivo, a responsabilidade sem excepção, nada de exclusão, as regras estão claras, estar em sintonia,é o único, o melhor caminho a seguir. O Presidente da República já falou,voltou a falar, deu a cara, na sua voz de mais velho, chamou a nação à razão, apelou ao patriotismo, em nome da vida, todos de cabeça erguida, no combate sem quartel, contra o inimigo universal, que está a dar pancada, por tudo quanto é canto. Se a vacina chega hoje, ou se vem depois, ninguém ainda sabe, até lá, é só interiorizar, assumir, cumprir Decretos, ter cuidado, pensar em si, na sua família, no próximo também. Quem gosta de furar a cerca sanitária, o isolamento social, reflicta duas vezes, festa em tempos da covid, pode ser a última na vida,

corona não brinca em serviço, te agarra nas arritmias, não te deixa respirar, parar, é só questão de tempo. A autodisciplina, é necessária, imprescindível, exige sacrifícios, até mesmo para fazer um bom amor, nada de anormal no novo normal, onde virtude, é saber esperar, quem descumpre, arrependimento pode chegar tarde, e má hora. O Presidente da República já falou, a nova realidade exige seriedade, agora mais do que nunca, todos cuidados são poucos, amigo que é amigo, parente que é parente, nada de visitas, matar saudades, só na videochamada. Disciplina, disciplina, disciplina, os tempos são novos, de reinventar cada novo dia, de cafricar a depressão, não pactuar com a nostalgia, acreditar, algum dia, pode ser, tudo vai passar, novos ventos, novos tempos, novo alento à vida.

onfiar é uma coisa de pele. Quando se conhece alguém a primeira impressão é determinante para o futuro da relação. Se correr mal nada vai acontecer. Se correr bem até pode dar em casamento. É assim no amor e nos negócios. Mas será que que isso vai ser sempre assim? Não. Isso vai mudar. Ele faz-me pele de galinha. Ela tem os nervos à flor da pele. Irritação, calafrios e medo são coisas que se sentem quando se está fisicamente perto de alguém. À distância, até se pode sentir um certo desconforto, mas o efeito “shining” não e lá muito plausível em vídeo conferências. Por outro lado, o cheirinho bom, a graça no olhar, a sedução dos gestos e o calor da voz, também não abundam em webinars. Mas as sensações físicas, que tanto contribuem para a criação de uma perceção – boa ou má — estão a diminuir drasticamente entre os seres humanos. Será que alguma nova sensação as vem substituir? Ou vamos parar de confiar nas pessoas? Nem uma coisa, nem outra. Mas tudo já está a ser diferente. No imediato, aquelas pessoas que sempre fizeram das relações humanas e do networking a sua profissão têm uma grande vantagem, como conhecem muitas pessoas em muitos lugares vão ser chamadas a validar perante terceiros a segurança necessária para começar novas relações. São uma espécie de avalistas pa-

ra a confiança. Tão importantes como quem antes assinava letras por “bom aval à firma subscritora.” Mas isto, que para nós é novo, para os jovens — abaixo de 25 anos — já é o normal. Para eles já não há diferença nenhuma entre jogar num computador à distância, ou jogar à bola no pátio da mesma escola. Eles gostam e confiam uns nos outros por causa do que partilham e não por causa do sítio onde estão. A confiança entre os jovens é maior do que serem apenas colegas de jogo, eles partilham pontos de vista comuns sobre muitas coisas da “vida real”, que aumentam essa confiança. A razão da sua amizade é simultaneamente a nossa esperança. No mundo deles não há países, há apenas cumplicidade. Isto explica porque no referendo inglês os mais novos não queriam sair da União Europeia. Agora só temos que esperar que eles cheguem ao poder. No futuro próximo, as relações de confiança vão criar-se sem proximidade física. A importância da linguagem corporal vai ser substituída pela criação e desenvolvimento de técnicas de relacionamento por áudio e vídeo. Estão vão substituir aquele aperto de mão que durante muitos séculos selava amizades. Como nos casamentos também na vida há seis mandamentos para tudo correr bem: o primeiro chama-se Fé, e os outros cinco, Confiança.


Mundo

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O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

China acusa EUA de atiçar ameaças de bomba e de morte contra embaixada em Washington A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, acusou o Governo dos EUA de fazer ameaças de bomba e de morte contra a Embaixada da China em Washington

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exigência dos EUA de encerrar o Consulado-Geral da China em Houston, no Texas, representa uma “subida sem precedentes” na “opressão política” contra Pequim, afirmou na Quartafeira (22) Hua Chunying no Twitter. A porta-voz acrescentou ainda que a embaixada chinesa em Wa-

shington recebeu ameaças de bomba e de morte “como resultado da difamação e ódio estimulados pelo Governo dos EUA”. “Infiltração e interferência nunca estiveram nos genes e na tradição da política externa da China”, comentou Hua Chunying, sublinhando que, enquanto diplomatas chineses estão “a promover o en-

tendimento mútuo e a amizade, a Embaixada dos EUA na China ataca publicamente o sistema político chinês”. Se Washington não revogar a “decisão errónea” de fechar o consulado-geral chinês, Pequim “vai certamente reagir com contramedidas firmes”, reforçou a porta-voz noutro tweet.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying

Anteriormente, os Estados Unidos exigiram o encerramento do Gabinete de Passaportes e Vistos no Consulado-Geral da China em Houston, o que foi confirmado pe-

lo Ministério das Relações Exteriores chinês notando que Washington havia “abruptamente” instado Pequim a fechar o seu consulado no Texas no dia 21 de Julho.

Força Aérea da Romênia acciona caças para acompanhar 2 bombardeiros russos sobre mar Negro

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Força Aérea da Roménia accionou caças para acompanharem dois bombardeiros russos de longo alcance Tu-22M3 durante um vôo planeado sobre o mar Negro, informou nesta Quinta-feira (23) o Ministério da Defesa russo. “Dois bombardeiros Tu-

22M3 de longo alcance [...] realizaram um vôo de rotina sobre águas neutras do mar Negro. No vôo, as tripulações dos aviões percorreram cerca de 4.500 Km, permanecendo no ar mais de cinco horas. Em determinadas etapas da rota, as aeronaves foram acompanhadas por caças MiG-21 da For-

ça Aérea da Roménia”, lê-se no comunicado. Segundo observa a entidade, os pilotos da aviação de longo alcance da Rússia conduzem frequentemente vôos sobre as águas internacionais do Ártico, do Atlântico Norte, do Pacífico, dos mares Negro e Báltico, sempre “em estrita conformidade com

as regras internacionais”, ressalta o comunicado. No início desta semana, no Noroeste do mar Negro começaram os exercícios militares Sea Breeze 2020, com forças da Ucrânia e de países-membros da OTAN. Militares russos informaram que a Frota do Mar Negro monitora os navios e aviação da OTAN

envolvidos nessas manobras. Estima-se que aproximadamente dois mil militares, 27 navios e 19 aeronaves de um total de nove países participarão nas manobras, incluindo o Japão e a Coreia do Sul. O Tu-22M3, juntamente com o Tu-95 e Tu-160, fazem parte da espinha dorsal do poder estratégico russo.

Em Portugal, brasileiros e africanos lideram novos casos de Covid-19 entre imigrantes

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uase um quarto dos infectados pela Covid-19 no distrito de Lisboa,, capital portuguesa, corresponde a estrangeiros, principalmente de origem africana. Já no distrito do Porto, região Norte de Portugal, 16% dos casos da doença são em imigrantes nascidos no continente americano, a maioria do Brasil. Os dados são de uma análise do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, em colaboração com o Ministério da Saúde português, que olhou para os números da pandemia no país entre os meses de Junho e Julho. A conclusão do estudo é a de que “os imigrantes estão a correr mais risco de se infectar proporcionalmente do que os nacionais portugueses”, diz à Sputnik Brasil o coordenador do estudo, professor

Henrique Barros. “Fomos verificar qual era a relação entre a proporção de imigrantes na população em geral e a proporção de imigrantes nas pessoas com infecção. Quer em Lisboa, quer no Porto, a população de imigrantes entre os infectados era muito maior que a população imigrante em geral”, explica o pesquisador. A vulnerabilidade dos imigrantes está relacionada às condições socio-económicas em que estão inseridos. “Muitos desses casos estão ligados a surtos, por exemplo, em locais de habitação, porque as pessoas habitam em condições de sobrelotação. Sobretudo apartamentos divididos”, analisa Barros. Os dados foram apresentados numa das reuniões estratégicas que reúnem, periodicamente, as

principais autoridades de saúde e políticas do país. No fim, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, demonstrou preocupação. “É uma situação em que pesa não apenas o que já se supunha, o alojamento, mas a própria inserção das comunidades não nacionais, africanas, latino-americanas ou asiáticas, com as suas especificidades em termos de condições socio-econômicas”, disse o Presidente em conferência de imprensa. Dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) mostram que Portugal atingiu um número recorde de estrangeiros residentes em 2019. Já são mais de 590 mil, valor mais elevado registado desde a criação do SEF, em 1976. Os brasileiros continuam na liderança. São 151.304 com autorização de residência em Portugal,

número que representa um quarto de toda a população estrangeira do país e é o maior desde 2012. A segunda nacionalidade mais representativa, a cabo-verdiana, tem 37.436 residentes. Surtos da Covid-19 entre imigrantes têm sido recorrentes. No início deste mês, uma comunidade brasileira da cidade de Benavente ficou em isolamento depois de 22 casos confirmados da doença. No mês de Abril, 136 de 169 refugiados que viviam em um hostel em Lisboa, a maioria de origem africana e asiática, foram infectados. O coordenador do estudo reforça que a análise não tem nenhuma relação com estereótipos de nacionalidades ou etnias. “Isto não discrimina, não estigmatiza ninguém, ao contrário. Se alguém

tem que ser criticado por isso é o país, que não é capaz de proteger melhor os imigrantes”, afirma o professor Henrique Barros. Durante o período em que vigorou o estado de emergência em Portugal, de Março a Maio, o Governo decidiu regularizar temporariamente todos os imigrantes com processos pendentes para concessão de residência no país. A medida extraordinária queria garantir o acesso a serviços de saúde e apoios sociais e foi elogiada pela Comissão Europeia. O próprio órgão responsável, o Alto Comissariado para as Migrações, não garante que as facilidades vão continuar, mas reconhece que os imigrantes em Portugal precisam ter os direitos assegurados “para lá da pandemia”, como explicou a chefe da entidade em entrevista no início deste mês.


O PAÍS

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RSF denuncia detenção de jornalista de investigação no Zimbabwe DR

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou a detenção, Segunda-feira, em Harare, de Hopewell Chin’ono, jornalista de investigação do Zimbabwe e vencedor do Prémio CNN de Jornalista Africano do Ano 2008

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edindo a sua libertação imediata, a RSF considera que esta detenção “constitui o último acto de uma série preocupante de ataques à liberdade de informar”. “A Polícia prendeu este jornalista, invadindo a sua casa como se ele fosse um criminoso perigoso. A escolha de métodos brutais e detenções que apenas visam intimidar as vozes dissidentes lembra tristemente a repressão da imprensa e dos jornalistas sob a ditadura de Robert Mugabe”, afirmou a RSF, na Terça-feira, num comunicado, cuja cópia foi enviada à PANA, em Paris. Hopewell Chin’ono, jornalista de investigação zimbabwea-

no, repórter e realizador, um dos mais renomados do país, foi preso na Segunda-feira na sua casa, em Harare, por vários polícias que arrombaram a casa. A Polícia perseguia o jornalista por “incitação à violência” e “perturbação da ordem pública”, acusações ligadas a posts seus no Twitter nos quais Hopewell Chin’ono relata um projecto de manifestação contra a corrupção do poder, organizado por um opositor, preso a 20 de Julho. “A detenção desta figura do jornalismo zimbabweano é o último sinal, talvez o mais preocupante, de um ressurgimento dos ataques à liberdade de informar e este jornalista deve ser libertado”, disse

Hopewell Chin’ono, jornalista de investigação do Zimbabwe e vencedor do Prémio CNN de Jornalista Africano do Ano 2008

a RSF. Acrescentou que Hopewell Chin’ono, um crítico fervoroso do Presidente Emmerson Mnangagwa e do seu Governo, contribuiu recentemente para revelações sobre a atribuição de um contrato pelas autoridades, incluindo so-

brefacturações em materiais de combate à Covid-19, e o escândalo, avaliado em mais de 50 milhões de euros, desembocou na prisão do ministro da Saúde. Desde o início da epidemia da Covid-19, a ONG indicou que, no

Zimbabwe, pelo menos 10 jornalistas foram arbitrariamente presos e quatro foram agredidos pelas forças de segurança, às vezes simplesmente alegando não terem eles um cartão de imprensa actualizado.

ONU aceita realizar sessão do Comité de Sanções e Peritos sobre a Líbia O Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) respondeu ao pedido da Líbia de organizar uma audiência especial sobre a Líbia para o Comité de Sanções e Equipa de Peritos, anunciou o delegado permanente da Líbia junto das Nações Unidas, Taher al-Sunni.

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l-Sunni explicou, nesta Quinta-feira, que esta sessão do CS, cuja presidência rotativa é assumida pela Alemanha, aceitou, com o apoio de vários países, o pedido do Governo líbio de União Nacional, de realizar uma sessão em finais de Julho corrente, na presença dos países citados nos relatórios internacionais e dos Estados implicados na violação do embargo sobre

as armas na Líbia, nas tentativas de contrabando de petróleo e noutras violações das resoluções do CS. Em meados de Julho corrente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Governo de União Nacional anunciou ter submetido um pedido para uma sessão do Comité de Sanções e Peritos sobre a Líbia, através da sua Missão junto das Nações Unidas, anunciou o diplomata líbio. Explicou que este pedido se ins-

creve no quadro dos esforços do Ministério “para desmascarar os países que contribuíram e contribuem ainda para apoiar (..) as tentativas de militarização do Estado e de controlo do potencial do país.” Os países, como os Emiratos Árabes Unidos, principais aliados do marechal Khalifa Haftar, foram citados em relatórios do Comité de Sanções como sendo violadores do embargo sobre as armas imposto à Líbia desde 2011.


actual

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Covid-19: especialista comenta possibilidade de encurtar testes da vacina e ‘imunidade de rebanho’

O Brasil pode começar a produzir a vacina contra a Covid-19 em Janeiro do ano que vem

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ministro interino da Saúde do Brasil, general Eduardo Pazuello, declarou, na última Terça-feira (21) que o Brasil pode dar início à fabricação da vacina contra a Covid-19 até Janeiro de 2021. Segundo ele, o Ministério da Saúde vem discutindo a transferência de recursos para a produção da vacina, através da “trans-

ferência de tecnologia e a recepção do insumo”. O biólogo e professor de virologia do departamento de microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), Paolo Zanotto, explicou que o desenvolvimento clínico da vacina é um processo de três fases. “Durante a fase 1, um pequeno grupo de pessoas recebe a vacina experimental; na fase 2, o proces-

so é expandido e a vacina é dada a pessoas que têm características como idade e saúde física semelhantes às aquelas a que a nova vacina está a ser destinada; e na fase 3 a vacina é destinada a milhares de pessoas testadas com eficácia e segurança”, disse. Segundo ele, é possível encurtar o tempo de duração deste processo de fases de testes da vacina, mas há um problema que quando se encurta muito os ciclos de de-

senvolvimento gera-se uma estimativa não muito boa de segurança da vacina e outros parâmetros. A vacina de Oxford e a SinoVac, da China, já estão a ser testadas em voluntários no Brasil em ensaios clínicos de fase 3, que é a última etapa antes de registar a vacina nas autoridades regulatórias. Ao comentar a declaração do ministro interino da Saúde, Zanotto destacou que as palavras de Pazuello não se referem a uma plataforma desenvolvida totalmente no Brasil, mas diz respeito à “internalização, no Brasil, da tecnologia da SinoVac, que é essa vacina chinesa, feita com vírus inactivado, e, eventualmente, também a vacina AstraZeneca”. “Ele [o ministro] se refere também a uma forma vacinal que está a ser desenvolvida pela Moderna, nos EUA, que aí implicaria uma tecnologia que o Brasil não produz, vacina usando vacina de DNA [...] e isso implicaria na compra da vacina já pronta”, acrescentou. Imunidade de rebanho Ao comentar as perspectivas para que a pandemia seja controlada no Brasil, o especialista disse que o país tem por volta de 2 milhões de pessoas que teriam sido infectadas, mas que esse número pode ser uma subestimativa enor-

me, uma vez que as testagens sorológicas não estão acontecer em grande quantidade. “Se a gente não sabe quantas pessoas de fatco foram infectadas, é difícil entender quando é que a população brasileira vai chegar a um ponto que ela adquira o que seria uma imunidade de rebanho. Esse número é de quantas pessoas já foram infectadas, esse número depende do patogénio, e depende da densidade populacional, depende de vários aspectos importantes que não podem ser transportados de um patogénio para outro, de um país para outro”, explicou. O especialista observou que a imunidade de rebanho é de “quando a gente tiver talvez entre 60-70% das pessoas que já tiverem sido infectadas e conseguiram eliminar o vírus, mas tem uma resposta anti-córpica boa contra o vírus”. Com isso, o vírus teria “muita dificuldade de passar de pessoa para pessoa, porque ele não vai achar pessoas que são susceptíveis”. “Então a questão da imunidade de rebanho é importantíssima que seja bem definida, porque é o ponto no qual geralmente o surto colapsa. E a imunidade de rebanho pode ser incentivada, promovida pelo uso de vacinas profilácticas, ou também de profilaxia, usando fármacos, e assim por diante”, afirmou.

Austrália, Japão e EUA conduzem exercícios no mar das Filipinas em plena tensão com a China

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inco navios de guerra australianos estão a realizar exercícios no mar das Filipinas com embarcações das marinhas dos EUA e do Japão em plena tensão regional com a China. Os treinos militares coincidem com os avisos do secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, segundo o qual Washington vai intensificar as suas contestações às reivindicações territoriais de Pequim na região. Uma força naval australiana, liderada pelo navio de assalto anfíbio HMAS Canberra, juntouse ao grupo de ataque do por-

ta-aviões USS Ronald Reagan e a um destroier japonês para um exercício trilateral que antecede a manobras militares mais abrangentes que vão ocorrer no Havai. O comandante do grupo naval australiano, Michael Harris, disse ser inestimável a oportunidade de realizar um exercício com o Japão e os EUA. “Manutenção da protecção e segurança no mar exige que as marinhas possam cooperar de forma eficaz”, disse o comandante em declaração divulgada pelo Departamento de Defesa, escreve o portal australiano abc.net. “As actividades conjugadas en-

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tre as nossas marinhas demonstram um elevado grau de interoperabilidade e aptidão entre a Austrália, o Japão e os EUA”, acrescentou Harris. Ao longo dos próximos dois dias, as três marinhas conduzirão diversos exercícios a fim de melhorar a interoperabilidade com o objectivo de manter a região do Indo-Pacífico “livre e aberta”. Anteriormente, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, emitiu uma declaração, chamando de “completamente ilegais” as reivindicações da China na região.



desporto

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O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

Crise financeira arromba Sporting de Cabinda A formação verde e branca das terras do Maiombe vive dias difíceis no que concerne ao pagamento de salários dos jogadores e do corpo administrativo. Por esta razão, muitos atletas estão de malas feitas para outros clubes. Segundo a direcção, a preparação do Girabola 2020/2021 está longe de acontecer por falta de verbas para suportar as despesas Sebastião Félix

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Sporting de Cabinda, equipa que participou no Girabola 2019/2020, vive uma crise financeira sem precedentes há mais de oito meses. A direcção está há oito meses sem pagar o salário dos jogadores que disputaram o Campeonato Nacional 2019/2020, prova anulada devido à COVID-19. Na agremiação leonina, o problema estendeu-se até ao corpo administrativo, este também não vê o ordenado na conta bancária há dez meses.

Por conta disto, os jogadores partiram para outros emblemas onde as condições salariais favorecem, uma vez que as despesas familiares são superiores as receitas. Jó Paciência, Reginon, Castro e Zeca, atletas influentes na manobra ofensiva do clube verde e branco, estão de malas feitas. Os dois primeiros disseram Sim ao Sagrada Esperança da Lunda-Norte, ao passo que os outros estão em conversações com alguns clubes de Luanda.

Sagrada Esperança “atento” aos desafios da época 2020/2021

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CAF altera datas para a qualificação do Mundial do Qatar 2022

Sagrada Esperança da Lunda-Norte está atento aos desafios da temporada 2020/2021 dentro e fora de Angola, segundo a direcção presidida por Tomás Macabalo. O Girabola, Campeonato Nacional, a Taca de Angola e as eliminatórias de acesso à fase de gru-

pos da Taça Nelson Mandela são os objectivos da formação lunda. Por esta razão, reforçou o seu plantel com jogadores provenientes de vários pontos do país, uma vez que o desafio não será fácil. Caranga, Jó Paciência, Sava-

né e Celso são os atletas que vão vestir a camisola da formação afecta à Endiama, empresa de diamantes. Pelo caderno de encargos do Sagrada, os novos jogadores entregam-se de corpo e alma aos desafios impostos pela direcção lunda.

A direcção alegou que não tem verbas para travar a saída massiva de jogadores, porém não sabe o que fazer nos próximos meses. No Sporting de Cabinda, a preparação do Girabola 2020/2021 não é uma realidade, pois a direcção não sabe o que fazer para saldar as dívidas com o corpo administrativo. Os sócios, adeptos e simpatizantes do clube leonino estão apreensivos e esperam que a direcção crie condições para ultrapassar a crise que sacode aquela formação.

Confederação Africana de Futebol (CAF), por força da COVID-19, alterou as datas das eliminatórias de acesso ao Mundial 2022 no Qatar. Segundo o órgão que rege a modalidade no continente africano, os desafios que estavam marcados para este ano passaram para 2021. Apesar do atraso, vai permitir que as selecções redefinam os trabalhos para atingirem os objectivos ao longo da campanha. Por esta razão, a primeira jornada no continente africano será disputada de 31 de Maio de 2021 a 08 de Junho, segundo o comunicado da CAF. As restantes rondas vão obedecer o calendário normal caso se consiga estancar a pandemia que continua a pôr os humanos de joelhos.


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Makas no futebol salão da Lunda-Sul Na Lunda-Sul, antes de se realizar a renovação de mandatos dos corpos sociais para o ciclo olímpico 2020/2024, uma suposta lista tomou posse nos últimos dias na Associação Provincial de Futebol Salão da Lunda-Sul

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e acordo com a fonte deste jornal, a lista fantasma tomou posse no dia 27 de Junho sem o consentimento de qualquer autoridade do desporto na província. Os membros do elenco cessante, ao se aperceberem, impugnaram o acto junto das autoridades e aguardam por novas orientações. Aliás, a assembleia-geral, acto que resultará na criação da comissão eleitoral, na marcação da data das eleições, bem como na aprovação do relatório e contas

do mandato anterior ainda não foi realizado. O membro do elenco cessante, Hélder Cambondo, adiantou que mais dados sobre os supostos novos membros do futebol salão na Lunda-Sul será brevemente esclarecido. Mas, outros mecanismos serão accionados para se repor a verdade desportiva na modalidade, uma vez que os membros supostamente eleitos para o quadriénio 2020/2024 não falam publicamente.

Regresso de Tyson aos ringues já tem data e adversário

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nunciado há muito tempo, o regresso de Mike Tyson aos ringues, aos 54 anos, já tem adversário conhecido e data marcada. Será um combate exibição frente ao compatriota - e também veterano - Roy Jo-

Chamou-nos não decide futuro e Zidane vai continuar Assegurada a conquista do 34.º título espanhol da história, o Real Madrid começou, desde já, a preparar a temporada 2020/21, que terá, garan-

te a Marca, Zinedine Zidane sentado no banco. De acordo com a publicação espanhola, o treinador francês e o presidente do Real,

Florentino Pérez, já acertaram agulhas em relação a este assunto e logo ficou esclarecido que a prestação dos merengues na Liga dos Campeões em nada irá mudar o desejo de ambas as partes de continuar um projeto que tem sido recheado de títulos. O Real Madrid, lembre-se, está em desvantagem nos oitavos de final frente ao Manchester City, tem perdido a primeira mão no Santiago Bernabéu por 1-2.

nes Jr, de 51 anos, e o evento terá lugar a 12 Setembro em Los Angeles. Tyson não participa num combate há 15 anos, mas pelos vídeos de treino que tem mostrado nos últimos meses, está claramente em forma para o regresso.

Entretanto Tyson vai participar na famosa «Semana dos Tubarões», no canal Discovery. O canal anunciou que a principal atracção da semana, que começa a 9 de Agosto, vai ser um «combate» entre Tyson e um

“ Koulibaly é dos melhores centrais do mundo ano após ano” Um dos destaques do Nápoles, Kalidou Koulibaly esteve próximo de rumar ao futebol inglês em 2017. A revelação foi feita por Bruno Satin, antigo agente do internacional senegalês de 29 anos. “O Chelsea chegou a oferecer €58 milhões de euros ao Nápoles para o levar para Inglaterra, há três anos, mas o De Laurentiis recusou. Koulibaly é dos melhores centrais do mundo, ano após ano, e o Nápoles sabe que vai ser muito

complicado substituí-lo. Por isso é que não o deixam sair”, justificou. Formado no Metz, Koulibaly

assinou pelo Nápoles em 2014, depois de uma passagem pelo Genk. No total, soma 242 partidas pelo conjunto italiano.


classificados emprego

O PAÍS

Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

imobiliário

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diversos

NOTA DE CONDOLÊNCIAS DA SOCIEDADE MINEIRA DE CATOCA

Urbanização Vila do Cacuaco

Terrenos bem localizados de 20x30 no Kifica, Patriota e Jardim de Rosas Tel. 925 891 389 ou 992 491 973

12 Hectares bem localizados a beira-mar, isto é antes da Barra do Kwanza

Tel. 925 891 389 ou 992 491 973

Foi com profunda dor e consternação que a Direcção Geral e o colectivo de trabalhadores da Sociedade Mineira de Catoca tomaram conhecimento do passamento físico do seu colega e amigo, João Adelino José Falcão, ocorrido no passado dia 21 de Julho de 2020, na Província da Lunda Sul. Até a data da sua morte, João Adelino José Falcão pertenceu ao quadro de trabalhadores de Catoca, destacado no Departamento de Equipamentos, onde com zelo e dedicação desempenhou as suas funções. Nesta hora de dor e luto, a Sociedade Mineira de Catoca junta-se à família enlutada e aos amigos mais próximos, lamentando o infortúnio, com os mais profundos sentimentos de pesar. Atenciosamente, Dr. Benedito Paulo Manuel Director Geral Sociedade Mineira de Catoca


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

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Ricardo Vita

A Universal, a religião e o ópio do povo

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o analisar cada uma das acusações formuladas pelos Angolanos do lado secessionista, agora conhecido como “Comissão de Reforma de Pastores Angolanos (CRPA)”, contra a liderança brasileira da sua igreja em Angola, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), não se pode deixar de pensar no papel que as religiões estrangeiras tiveram na nossa história. Não podemos, por exemplo, deixar de lembrar que o deus viajante dos cristãos foi muito usado contra nós e, a cada vez, por patrocinadores e grandes rentistas que sempre viveram em outros países, muitas vezes no outro lado do mundo. Hoje, porém, temos acima de tudo a impressão, pelo menos é a impressão que as nossas irmãs e os nossos irmãos cristãos me dão, que Cristo veio à Terra especialmente por eles, de que Ele não é mais o Rei prometido aos Judeus, que estes rejeitaram. Mas a aceitação desse deus estrangeiro, além das condições sob as quais ele nos foi imposto, tornou-se mais confusa pelo facto de que a crença nele também foi misturada com a maneira como acreditávamos em um Deus ancestral amador e protector, o mais velho deste Deus Vingativo e Ciumento dos cristãos. O nosso povo, portanto, dedica-se a esse deus trazido por colportores, em busca desse amor e da proteção há muito perdidos devido à nossa dominação por estrangeiros. É por isso que confundimos religião e espiritualidade e esquecemos que não podemos tirar da religião a marca da cultura que a gerou, porque ela é sobretudo uma questão cultural. É assim que caímos na mentira e na armadilha da universalidade da religião. É, portanto, quando pudermos fazer essa distinção que seremos verdadeiramente livres. Porque

hoje ainda somos movidos pela miséria, espiritual e material, a adotar, através das formas mais estranhas à nossa cosmogonia e cosmologia, o mais alto nível de crença; esse nível contra o qual ninguém pode lutar e vencer, esse nível que alguns chamariam de alienação e que eu chamo de absoluto do conforto mental ou de refúgio, pois quando o alcançamos, não acreditamos mais na possibilidade de outro modo de vida. Esse nível é chamado de Fé, o grau supremo de crença. Não há nada acima dele, ele é definitivamente deslumbrante e inebriante, a menos que haja, por algum milagre, um despertar humano e inteligente. Os zelosos e aqueles que se consideram melhores humanos do que eu, mas que realmente vivem no auto-ódio e na autocensura, acusar-me-ão de querer imiscuir-me num assunto que consideram não me dizer respeito e sobre o qual todos os contornos ainda não foram totalmente revelados pelas autoridades competentes, que aliás acho muito lentas. Mas o que me diz respeito e o que não me diz respeito quando os interesses e a dignidade dos Angolanos estão em jogo? E como não ficar indignado ao ouvir na televisão nacional histórias que relembram a nossa dolorosa história com estrangeiros? Como, então, podemos razoavelmente permanecer insensíveis aos soluços de dezenas de mulheres em quem vejo uma semelhança com as minhas irmãs de sangue? É realmente possível não se estremecer da cadeira quando nos dizem que a IURD submeteu Angolanos às mesmas práticas que outrora os Árabes submetiam os Africanos que escravizaram? Sabem o que é uma vasectomia? É uma operação cirúrgica usada como método de esterilização de homens. Sabem o que os

Árabes faziam com os Africanos? Castração, uma prática que normalmente consiste em destruir os órgãos reprodutivos de plantas ou animais. Mas eles praticaram isso com os Africanos, para que não se reproduzissem e, acima de tudo, para que não pudessem copular e, portanto, misturassem o seu sangue com o das mulheres dos seus países porque o sangue negro era considerado impuro. E parece que a IURD em Angola tem forçado os pastores angolanos a fazer vasectomia para não terem filhos, conforme as recomendações do seu Deus Benevolente. Agora todos sabemos, pelo menos os mais informados, que existe uma obsessão persistente e malsã de estrangeiros contra a demografia africana e que existem até ambições totalmente reveladas que desejam reduzir a população africana! São coisas sérias como estas que me fazem pensar que as nossas autoridades estão a demorar a conceder ao caso da IURD todo o senso de urgência que merece e o tratamento necessário devido, na medida em que tudo aqui se parece, em todos os aspectos, com um caso mafioso e malsão. Então, serei eu insolente por me exprimir sobre uma situação intolerável que está a acontecer no meu país e que, aparentemente, é prejudicial aos meus compatriotas, que deixamos castrar como fizeram os Árabes com os seus eunucos, Africanos escravizadosaquemelescortavam inclusive o pénis? E as mulheres angolanas que se queixam da mesma discriminação que os nossos antepassados sofreram na sua própria terra? Não, e terão que perdoar essa audácia, que chamarão de atrevimento, mas não posso ficar calado! Aliás, ninguém deveria ficar calado, porque está fora de questão que cruzemos os braços como tolos

para assistir a um outro espetáculo que parece ser outra situação de dominação, apoiada por um governo estrangeiro abertamente racista e supremacista. O comerciante fundador desta igreja, que amaldiçoou os secessionistas angolanos com os seus descendentes, não recorreu a todos os seus lobbies de influência para proteger o seu negócio? O que Bolsonaro disse na carta que mandou ao nosso Presidente e o que essa delegação brasileira de políticos, ou melhor, lobistas, está ir fazer em Angola em Agosto, se não defender os interesses do seu compatriota e amigo Edir Macedo Bezerra, a seu pedido, esse personagem lúgubre e controverso até no seu próprio país? E os zelosos que me acusariam de falar de um assunto que não me diz respeito, não deveriam antes ver essa intromissão na parte de Bolsonaro e nos lobistas de Edir Macedo Bezerra, dado que a IURD em Angola é uma instituição de direito angolano? Não estão eles a violar o princípio internacional de não interferência entre Estados, uma vez que se trata de uma questão interna puramente angolana? Estamos, portanto, diante de um caso de pressão política. E o que mais podíamos realmente esperar desse indivíduo, Edir Macedo Bezerra, que foi preso em 1992 por charlatanismo, acusado de lavagem de dinheiro em 2009 no seu país e que qualificou as crenças religiosas afro-brasileiras, herdadas dos nossos antepassados (Umbanda, K i mba nda, Ka ndomblé), de “seitas demoníacas”? Os missionários cristãos, que nos legaram a Santa Bíblia, e os Árabes muçulmanos, que nos deixaram o Alcorão, não chamaram as crenças dos nossos antepassados com outros nomes! Tudo isso preocupa-me. Então

está fora de questão, como observador e crítico da nossa história e das nossas relações com estrangeiros, - que até agora se contentam somente em dominar-nos, sem nunca nos dar uma única prova de amor, - que eu fique calado, especialmente no contexto actual do Black Lives Matter! Pois se defende primeiro os seus, e aí está a prova que os políticos e lobistas brasileiros nos dão. Portanto, diante de um monte de acusações tão graves; desrespeito pelos direitos humanos, castração química e discriminação, sonegação de impostos, expatriação ilícita de capital, o nosso Governo deve agir com firmeza. Se até o filho de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro, envolveuse postando um tweet em defesa da igreja oriunda do seu país, e no qual ele nos chama de selvagens de maneira mal disfarçada, é que o caso é mesmo eminentemente político. Nesse caso, dado que, segundo a imprensa brasileira, 362 dos 464 pastores dos 300 templos da IURD em Angola verdadeiras galinhas dos ovos de ouro para o comerciante Edir Macedo Bezerra! - se rebelaram, é hora de tratar o assunto mais seriamente no lado angolano também. Mas as questões que permanecem são as seguintes: como tudo isso pôde acontecer em silêncio durante anos em Angola? Quem protege a IURD ? E se o nosso Governo hoje admite ter notado “indícios de crimes”, isso significa que ele é só capaz de se lidar com rapidez com os casos que envolvem as nossas igrejas locais ou africanas? Ricardo Vita é Panafricanista, afro-optimista radicado em Paris, França. É colunista do diário Público (Portugal), cofundador do instituto République et Diversité que promove a diversidade em França e é empresário.


TEMPO

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O PAÍS

Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 24 A 26 DE JULHO DE 2020

Fonte: INAMET

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT) PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 24 à 26 de Julho de 2020 Data 24/07/2020

CIDADE

Data 25/07/2020

Estado do Tempo

Data 26/07/2020

Estado do Tempo

Estado do Tempo

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CAXITO

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MBANZA CONGO

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NDALATANDO

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MALANJE

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Céu pouco nublado ou limpo

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SAURIMO

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BENGUELA

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Céu nublado pela manhã

HUAMBO

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Céu pouco nublado

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Céu geralmente limpo

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Céu geralmente limpo

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LUENA

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Céu pouco nublado ou limpo

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Céu geralmente limpo

12

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Céu geralmente limpo

LUBANGO

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Céu geralmente limpo

10

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Céu geralmente limpo

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Céu geralmente limpo

MENONGUE

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Céu geralmente limpo

MOÇÂMEDES

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Céu nublado pela manhã / neblina matinal

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Céu nublado pela manhã / nevoeiro matinal

ONDJIVA

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Os Meteorologistas: Domingos Pedro e Edmara Pereira

Das 18 horas do dia 23 às 18 horas do dia 24 de Julho de 2020 NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu pouco nublado ou limpo em quase toda região, tornando-se nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Cuanza Sul. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Cuanza Sul. REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu pouco nublado ou limpo em quase toda a região, apresentandose nublado durante a madrugada e manhã na província de Benguela. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu pouco nublado ou limpo em quase toda a região, apresentandose parcialmente nublado durante a madrugada na província de Namibe.

Céu geralmente limpo Luanda, 23 de Julho de 2020

Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao

TEMPO no mar

Fonte: INAMET

BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 UTC DO DIA 23/07/2020 ÀS 18:00 UTC DO DIA 24/07/2020

INSTITUTO NACIONAL E GEOFÍSICA - INAMET 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIADE23METEOROLOGIA DE JULHO DE 2020: Centro Nacional de Previsão do Tempo

Circulação de Sudeste-Sudoeste moderada entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda à Namibe). METEOROLÓGICO PARA NAVEGAÇÃO 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉBOLETIM AS 18:00 TU DO DIA 24ADE JULHOMARÍTIMA 2020: AVISO: SEM AVISO 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 23 DE JULHO DE 2020: Circulação de Sudeste-Sudoeste moderada entre os paralelos 4°S e 18°S (Cabinda à Namibe). 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 24 DE JULHO 2020: AVISO: SEM AVISO

REGIÃO

ESTADO DO TEMPO

(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)

VENTO DIRECÇÃO

ALTURA DA ONDA (METROS)

ESTADO DO MAR

Até 17

Até 1.4

Pouco Agitado

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FORÇA (KT)

VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)

Cabinda (4°S – 6°S)

Neblina

Sudeste Sudoeste

Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)

Neblina

Sudeste Sudoeste

Até 17

Até 1.9

Agitado

Fraca pela manhã (Até 4)

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Sudeste Sudoeste

Até 17

Até 2.0

Agitado

Fraca pela manhã (Até 5)

Namibe (14°S – 18S)

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Sudeste Sudoeste

Até 18

Até 2.0

Agitado

Fraca pela manhã (Até 4)

A Alta pressão de Santa Helena movimentar-se-á para Leste durante as próximas 24H, com a pressão central variando entre 1020 e 1030hPa. Para as regiões marítimas de Zaire, Luanda, Bengo, Cuanza Sul, Benguela e Namibe prevê-se uma agitação com ondas a atingirem entre 1.9 e 2.0 metros de altura. Para a região marítima de Cabinda prevê-se ondas máximas de até 1.4 metros de altura. A visibilidade estará entre 1 e 5 km, devido a possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal nas regiões marítimas de Cabinda ao Namibe.

4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA

Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.


OPINIÃO

O PAÍS Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

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Elisabete de Ceita Vera Cruz*

Filhos de um deus Menor Maio, 27

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m pouco por todo o mundo, entre efemérides nacionais e internacionais, existem datas que carecem da referência ao ano. Dito de outro modo, são datas que, por força da sua importância, passam a fazer parte da história, passam a integrar o leque de datas e efemérides assinaladas anualmente. Elas representam, significam, simbolizam e são alvo de festejos, de condenações mas, em ambos os casos, de memória – é o lastro da memória e o que dela se faz, que as torna (às datas) perenes. No nosso caso, tomemos como exemplo o 11 de Novembro, a mais importante efeméride-festejo nacional (pelo menos para mim), cuja celebração me deixa “encucada” por ser pouco reverenciada entre-portas – não entendo, mas não entendo mesmo, o motivo por que os presidentes da República (o anterior e o actual) não participam da cerimónia anual alusiva à data!!! Esta questão da importância das datas é relevante porque, no calendário das efemérides – e se nos ficarmos pelas nacionais –, elas representam mais do que uma data, representam o país ele próprio. Existe uma data que, não integrando o calendário oficial de efemérides, não deixa no entanto de existir e de ser assinalada por milhares de angolanos, dentro e fora de portas. Muito pelo contrário. E não se trata de uma celebração. Tal é o caso do 27 de Maio. A sua importância é de tal magnitude que, para falarmos do 27 de Maio, não precisamos de referir o ano. Não se trata de um dia 27, de um qualquer ano. Trata-se não de, mas do (dia) 27 de Maio de 1977. Trata-se de uma data gravada na memória de milhares de angolanos que a viveram, de outros que dela são órfãos, e de outros ainda que dela ouviram falar, mas pouco sabem. A criada “Comissão de Recon-

dr

ciliação em Memória da Vítimas dos Conflitos Políticos” contempla, entre os referidos conflitos, o 27 de Maio. Esgrimem-se razões, opiniões mas, relativamente ao 27 de Maio, não há consenso. E compreende-se por quê. Compreendese que os conflitos entre os exércitos dos diferentes movimentos de libertação, e mais tarde entre as forças armadas e os exércitos de dois movimentos/partidos políticos (FNLA e UNITA), tenham sido de natureza (fundamentalmente) militar. Já não se compreende que se queira comparar os conflitos atrás referidos com o 27 de Maio. Compreende-se, sim, que os familiares e amigos das vítimas do 27 de Maio reivindiquem a “distinção” dos conflitos. E não sei se o 27 de Maio deverá ser incluído na categoria de conflito! O que sei é que o

27 de Maio redundou no assassinato de centenas, milhares (os números estão por apurar) de indivíduos, na sua maioria jovens, alguns ainda adolescentes, pelo Estado angolano. E digo bem, pelo ESTADO ANGOLANO. Tratou-se de um “conflito” entre (o) Estado e (os) civis. Foi o Estado angolano contra angolanos, civis. Não sendo jurista ou advogada, entendo que é aí que está o busílis. O facto de ter sido o Estado o perpretador e, por conseguinte, ser sua a RESPONSABILIDADE dos ignominiosos actos de barbárie cujas feridas continuam por sarar. Entre os que clamam por essa “distinção”, temos os sobreviventes que passaram pelas cadeias e, de entre todos, felizmente que há os inconformados que se batem por que se faça luz e justiça. Que tarda! Estamos em Julho, Maio já lá vai,

dirão... Entre retórica e mais retórica, falar do 27 de Maio é dizer que falamos de pessoas, de mulheres e homens para quem o mês de Maio de 1977 não deixou espaço e tempo para julgamentos e perdões! Por isso Maio é um mês triste. Para os católicos, Maio é o mês de Maria. Em Angola, para milhares, significa tristeza, angústia, mágoa, revolta, expectativa. Ainda que não tenhamos tido as Mães da Praça de Maio, como na Argentina, são muitas as mães, pais, filhos – quantos não conheceram os pais! –, avós, netos, tios, sobrinhos, primos, amigos que já não esperam pelos seus entes queridos. Esperam por respostas. E esperam por um pedido de DESCULPAS que só pode vir do Estado, do Estado angolano. Na verdade só se poderá falar de perdão, depois de um pedido de des-

culpas. Daí ser importante expurgar, quanto antes, este trauma colectivo, para que a paz habite os nossos corações. Num tempo em que aqui e ali se vai lendo, ouvindo e sabendo de pedidos de desculpas – tardios, é um facto! – em diferentes geografias, contra crimes que são considerados contra a humanidade (tomemos a Bélgica e a Austrália de entre os casos mais recentes), é hora de Angola e os angolanos se reconciliarem e, para isso, os angolanos, o Governo e a aludida Comissão têm que SABER OUVIR, ouvir e dialogar muito particularmente com quem sofreu na pele e com os familiares de quem já não se encontra entre nós – sem excepção e sem medos. Não quis o Governo adoptar a solução sul-africana (Comissão Verdade e Reconciliação), mas não percamos a oportunidade de fazer história, pela positiva. Tão importante quanto preservar essa memória e homenagear as vítimas, é saber que as pessoas sentirão que se fez justiça. A reconciliação passa por que se faça o luto através da assumpção do erro por parte do Estado – acto simbólico e bonito que pode bem acontecer na celebração dos 45 anos da nossa Independência. Desse modo, os que partiram, os que ficaram e as gerações vindouras sentirão que o 11 de Novembro valeu a pena e que a vida é o bem mais precioso a preservar, a começar pelo Estado. O que os angolanos querem é que “amanhã seja outro dia”, o que nos reporta a Chico Buarque, e “O que eu quero” – como muitos, permitome dizer como todos, é cantar esta música lindíssima de André Mingas – é “(...) Falar de amor, de carinho e de paz/(...) a vida ver sorrir/ Ver o por do sol do nosso país/ Tão lindo, tão, lindo (...)”. Não é a primeira vez que escrevo sobre o 27 de Maio, e talvez não seja a última... a ver vamos! *Professora e Investigadora


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Sexta-feira, 24 de Julho de 2020

Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais Sexta-Feira, 24 de Julho de 2020

Taxa de Câmbio Actual Compra

Venda

BANCOS COMERCIAIS

USD/KZ

EUR/KZ

USD/KZ

EUR/KZ

Banco de Crédito do Sul - (BCS)

553,343

638,723

608,279

702,135

Banco Valor - (BVB)

555,170

641,815

597,831

691,134

Banco Comercial do Huambo - (BCH)

571,116

653,528

596,689

682,790

VTB África - (VTB)

547,810

632,336

596,240

688,239

Banco Comercial Angolano - (BCA)

571,876

663,148

594,866

689,807

Banco Yetu - (YETU)

553,343

638,723

593,795

688,744

Standard Bank Angola - (SBA)

553,343

638,723

583,777

673,853

Banco de Negócios Internacional - (BNI)

541,897

628,085

582,263

674,871

Banco Comércio e Indústria - (BCI)

547,610

632,106

581,209

670,889

Banco Caixa Angola - (BCGA)

558,876

645,110

579,085

668,437

Banco Económico - (BE)

558,766

644,982

578,437

667,689

Banco de Fomento Angola - (BFA)

553,343

638,723

578,243

667,466

Banco de Poupança e Crédito - (BPC)

542,276

625,949

577,911

667,018

Finibanco Angola - (FNB)

541,897

628,085

577,839

669,744

Banco Angolano de Investimentos - (BAI)

563,967

650,986

575,477

664,272

Banco BIC - (BIC)

549,193

633,933

575,477

664,272

Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)

531,209

613,174

575,477

664,272

Banco Keve - (BKEVE)

542,276

625,949

575,477

664,272

Banco Sol - (BSOL)

547,810

632,336

575,477

664,272

Banco de Investimento Rural - (BIR)

553,295

633,135

575,427

658,460

Banco BAI Microfinanças - (BMF)

557,145

645,642

575,297

666,678

Banco Prestígio - (BPG)

550,468

638,019

575,074

666,539

Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)

550,582

637,452

572,129

671,675

Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)

536,853

619,689

570,054

659,112

Banco Millenium Atlântico - (ATL)

550,576

635,529

569,943

657,885

Banco Kwanza Invest - (BKI)

540,514

626,483

564,015

653,721

Taxa Média dos Bancos Comerciais

550,944

636,245

580,992

671,471 Fonte: BNA

Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.

Imunidade à Covid-19 dura poucos meses, diz estudo britânico

U

m estudo realizado pela King’s College de Londres, no Reino Unido, mostrou que a imunidade ao novo Coronavírus (Sars-CoV-2) pode durar apenas alguns meses, com um risco de uma nova contaminação. Os resultados foram divulgados pelo jornal “The Guardian”. A pesquisa analisou casos de cerca de 90 pessoas, entre pacientes e funcionários, de dois hospitais de Londres que testaram positivo para a Covid-19. A análise laboratorial mostrou que os níveis de anticorpos atingem o máximo cerca de três semanas após a infecção e começam a diminuir gradativamente, enfraquecendo assim a resposta do corpo. Três meses depois da contaminação, apenas 17% daqueles que contraíram o vírus ainda apresentavam a mesma potência de resposta imunitária. Em alguns casos, os contaminados não apresentavam nenhum tipo de reação. Assim, as conclusões dos cientistas mostram que o novo

Coronavírus pode agir como aquele que causa a gripe comum em que, ano após ano, é possível ser infectado novamente. A hipótese ainda precisa de novos testes para a comprovação, mas deve ser levada em consideração. Em entrevista ao jornal britânico, a responsável pelo estudo, Katie Doores, afirma que, se comprovados, os resultados mostram que também no caso de uma futura vacina isso pode acontecer. “Se a infecção gera níveis de anticorpos assim limitados pelo tempo, também a duração do efeito da vacina terá uma duração limitada. Assim, as pessoas precisarão de tomar reforço”, destacou Doores. Ou seja, é muito provável que apenas uma dose da vacina não seja suficiente para a protecção. Apesar de percentuais bem diferentes, um estudo feito em três etapas pela Espanha para avaliar o nível de exposição dos cidadãos à Covid-19 também mostrou que 14% dos mais de 68 mil testados não tinham mais nenhum tipo de resposta imunológica entre o primeiro e o terceiro testes. ANSA


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