Covid-19 chega ao Cuanza-Sul Em Foco: A situação epidemiológica nas últimas 24 horas voltou alterar-se. O país confirmou mais 16 novos casos de Covid-19, dos quais um caso importado na província do Cuanza-Sul e mais um óbito, perfazendo um total de 932 infectados, dentre eles 40 mortos e 242 recuperados . P. 2 www.opaís.co.ao e-mail: info@opaís.co.ao @jornalopaís facebook/opaís.angola
Director: José Kaliengue
O diário da Nova Angola
Edição n.º 1911 @jornalopais Segunda-feira, 27/07/2020 Preço: 40 Kz
Estudo aponta Polícia Nacional como instituição mais corrupta em Angola
Deputados e Executivo analisam crise na IURD no Parlamento l A OPAÍS, na véspera da discussão, o deputado David Mendes acusou a parte brasileira, através do seu Presidente da República e da Embaixada do seu país em Angola, de tentar “arregimentar” o Presidente Angolano para que este intervenha a seu favor. P. 8
Sociedade: A informação consta no relatório do Afrobarometer, liderado pela Ovilongwa –Estudos de Opinião Pública, que entrevistou 2 mil e 400 cidadãos angolanos adultos, entre 27 de Novembro e 27 de Dezembro 2019, em todo o país. P. O8 cedida
DE LAUCA PARA O PAÍS: depois da energia, a seguir pode ser o peixe l António Horácio é um jovem técnico
médio que actua no sector administrativo da Odebrecht Engenharia e Construção com ênfase na logística alimentar. Tem como principal missão o acompanhamento do programa de piscicultura no entorno de Lauca. O seu sonho é “expandir o programa de piscicultura Angola fora”. P. 18
Kundi Paihama
A última missão do general para salvar o BANC P. 10
e ainda no cartaz: Hábitos e costumes do povo africano destacado no Brasil através do magazine “Mwana Afrika - Oficina Cultural”
Academia Cabo-verdiana de Letras homenageia Corsino Fortes com o lançamento do caderno Cultural
Rappers diversidade e o regresso dos desfiles com público
Capitão do Progresso abandona o clube l Por razões financeiras e administrativas, Celson disse que a direcção não tem condições para suportar os desafios da equipa no próximo Girabola (2020/2021). P. 26
EM FOCO
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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
ACTUALIZAÇÃO COVID-19 Diária sobre o Coronavírus A partir do Centro de Imprensa Aníbal de Melo
Covid-19 chega ao Cuanza-Sul A situação epidemiológica nas últimas 24 horas voltou alterar-se. O país confirmou mais 16 novos casos de Covid-19, dos quais um caso importado na província do Cuanza-Sul e mais um óbito, perfazendo um total de 932 infectados, dentre eles 40 mortos e 242 recuperados, anunciou, ontem, o secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda Texto de Maria Teixeira fotos de Nambi Wanderley
F
ranco Mufinda revelou que o primeiro caso registado na província do CuanzaSul é importado de Luanda. Trata-se de uma angolana de 35 anos de idade que neste momento se encontra no centro de tratamento de casos de Covid-19 do Sumbe, capital da província. Durante a apresentação do balanço diário sobre a pandemia no país, em Luanda, esclareceu que os outros 15 novos casos confirmados foram notificados nas localidades
Província da Lunda-Sul com caso IgM
luandenses de Belas, Maianga, Ingombota, Talatona, Cacuaco e Viana. Eles têm idades compreendidas entre os 2 e os 82 anos e, contrariamente ao que tem sido habitual, a maioria destas pessoas diagnosticadas com a doença são do sexo feminino, oito, e sete do sexo masculino. Por outro lado, Franco Mufinda confirmou a morte de mais um angolano por Covid-19. Trata-se de uma mulher de 41 anos de idade que estava internada no Hospital Geral de Luanda. Deste modo, Angola conta 932 infectados, dos quais 40 mortos, 242 recuperados e 650 casos acti-
vos, sendo que destes, 14 estão em estado crítico com ventilação mecânica invasiva, três necessitam de hemodialise e os restantes estão clinicamente estáveis. De acordo com o governante, nas últimas 24 horas foram processadas 282 amostras no laboratório da biologia molecular, das quais 16 foram positivas e 266 negativas. Mais de 58 mil amostras processadas No total de amostras recebidas até agora pelo laboratório, foram processadas 58.605, das quais 932 foram positivas, 57.673 negativas e o resto encontra-se em processa-
mento. O Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) registou, no período em referência, 44 chamadas relacionadas com pedidos de informação sobre Covid-19. Quanto à testagem serológica, nas últimas 24 horas realizaramse 91 testes rápidos, dos quais 5 foram reactivos, o que significa que 5.5 em cada 100 pessoas rastreadas estiveram expostas ao SARSCoV-2. No total, foram realizados 29.733 testes serológicos, sendo 1.600 reactivos, o que significa que 5.4 em cada 100 pessoas rastreadas estiveram expostas ao SARS-CoV-2.
Franco Mufinda revelou que os casos reactivos por províncias, nas últimas 24, ilustram um caso na província da Lunda-Sul, com IgM, amostra essa que está a caminho de Luanda para confirmação de se tratar, ou não, de Covid-19. Ainda ontem, 13 pessoas receberam alta, sendo nove na província de Luanda, e quatro em Benguela. Por outro lado, o governante advertiu mais uma vez sobre o cenário actual do comportamento da doença, tendo em conta o aumento de casos e óbitos. Apelou ao redobrar das medidas de prevenção, que passam pelo uso correcto e obrigatório da máscara facial, a lavagem frequente das mãos, entre outros. De recordar que o novo Coronavírus (SARSCoV-2), responsável pela pandemia da Covid-19, surgiu na China em Dezembro de 2019. O surto espalhou-se pelo mundo e já vitimou centenas de milhares de pessoas, tendo levado a Organização Mundial da Saúde (OMS), a declarar uma situação de pandemia global. Dados . Número de casos suspeitos investigados - 1.675 .Número de contactos sob vigilância - 3.913 . Pessoas em quarentena institucional - 465
4 destaques política. PÁG. 8 Estudo aponta Polícia Nacional como instituição mais corrupta em Angola
SOCIEDADE. PÁG. 10 “Jamais alinhei com a Administração que geriu danosamente o património do BANC”
cartaz. PÁG. 14 Hábitos e
costumes de povos africanos destacados no Brasil através do magazine “Mwana Afrika - Oficina Cultural”
Economia. PÁG. 18 depois da energia a seguir pode ser o peixe
o editorial
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
hoje: os números do dia
Governo, Parlamento, IURD
O
s pastores e bispos brasileiros da IURD passaram os últimos tempos numa ofensiva mediática que não poupou nada. Queixaram-se até de falta de contraditório na imprensa angolana, quando os seus meios e espaços de comunicação não se lembraram do contraditório dos “rebeldes”. Politizaram a questão num jogo de pressão em que se esqueceram que a IURD não é o Brasil, por muito que aquele país tenha agora um Presidente que lhes tem simpatia. Esqueceram-se também que não são Angola, nem os seus “rebeldes” são Angola. É fácil ler os recados, é para pessoas nas estruturas do Governo e do partido que governa se dirigem as mensagens, além de tentarem manter os fiéis do seu lado.
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Nós não acreditamos nos Estados Unidos da Europa, aquilo em que acreditamos é numa UE forte, baseada em Estados membros fortes”. Péter Szijjártó Ministro dos Negócios Estrangeiros da Hungria
Quilómetros, dos 54 da estrada nacional 120, que liga a comuna do Mpala à sede municipal do Nóqui, província do Zaire, foram já reabilitados.
Jovens ganharam o primeiro emprego no município de Cambambe, província do Cuanza-Norte, em projectos sociais inseridos no Plano Integrado de Intervenção nos municípios (PIIM). Milhões de dólares é quanto disponibilidazam os EUS para apoiar uma possível vacina Covud-19 desenvolvida pela empresa americana Moderna, que entra nesta Segunda-feira na última fase de ensaio clínico.
1000
Angola está atenta, à espera de ver se vai prevalecer a lei e a sua soberania, ou interesses pessoais e partidários de quem vai ter de decidir sobre o conflito na IURD. Que se não repita do Dia do Fim.
o que foi dito “ MUNDO. PÁG. 22 Covid-19 pede distanciamento impossível para quem foge*
Caso “suspeito” de Coronavírus (o primeiro) foi registado na Coreia do Norte, que está em “emergência máxima”, anunciou a agência de notícias oficial KCNA.
Uma das razões para eu sair do Governo foi que não estava se fazendo muito (pela agenda anticorrupção). Eles estavam usando minha presença como uma desculpa, então eu saí. A agenda anticorrupção tem sofrido reveses desde 2018”.
Sérgio Moro Ex-ministro da Justiça do Brasil
“
Na opinião de muitos observadores, a campanha de Trump gera mais entusiasmo do que qualquer outra campanha na história do nosso grande país, ainda mais do que em 2016”
Donald Trump Presidente doas EUA
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
5 e assim... José Kaliengue Director
Hoje no online de O PAÍS leia a entrevista com o médico e diplomata Paolo Balladelli e perceba mais sobre o trabalho do coordenador do Sistema das Naçõeses Unidas em Angola
Estado de Alma
A
www.opais.co.ao Acidente de aviação nos Alpes Suíços na região de Gletscherspitze, no cantão de Valais (Sul) que fez 4 mortos segundo autoridades do país. Este Sábado registou-se dois acidentes de aviação com aviões de pequeno porte (Reuters).
o que vai acontecer Desporto A aposta na formação de treinadores, árbitros, jogadores dirigentes dos clubes e a massificação da modalidade nas instituições académicas são algumas das linhas de força do novo presidente da Associação Provincial de Futsal da Lunda-Norte, José André, eleito Sábado, em lista única, com quatro votos a favor e uma abstenção. Falando no final do pleito, onde cinco clubes asseguraram a votação, José André disse será cumprido com um programa denominado “Formar para o Futuro”, em que os alvos serão adolescentes e jovens nas escolas
.Economia Prossegue a reabilitação dos estantes oito quilómetros, quando quarenta e seis dos 54 quilómetros da estrada nacional 120, que liga a comuna do Mpala à sede municipal do Nóqui, província do Zaire, foram já reabilitados. A informação foi avançada no Sábado à imprensa pelo chefe de departamento de conservação de infra-estruturas urbanas do Gabinete provincial de Infra-estruturas e Serviços Técnicos, António Diamana Martins, durante a visita do governador Pedro Makita Armando Júlia ao município do Nóqui.
Pandemia Em Março de 2021 estará concluído o processo de requalificação e asfaltagem das ruas da vila do Lucala, província do CuanzaNorte, está avaliado em 802.598.090 kwanzas. As obras a cargo da empresa “Regadio Gestão e Engenharia” compreendem a asfaltagem das artérias da vila e a requalificação das redes de esgotos e valas de drenagem, numa extensão de três quilómetros. A empreitada, a ser executada em oito meses, contempla igualmente a reabilitação de passeios, lancis e sinalização vertical e horizontal em toda extensão da vila.
Pandemia O Ministério da Saúde apresenta hoje em conferência de imprensa o estado actual do novo Coronavírus (Covid-19), na sede do CIAM, em Luanda, a partir das 19 horas.
governação, os decisores, no geral, precisam de saber que impacto têm as suas acções, como chegam ao público, aos destinatários. Precisam de saber que opinião têm deles as pessoas. Isto é muito importante para uma boa governação, é muito importante para evitar conflitos, é ainda mais importante para se estabelecer ligações, cumplicidades, para comunicar, no fundo. Entre as várias lições que tem dado a pandemia de Covi-19 em Angola, uma delas, seguramente, é a que mostra o desinteresse das pessoas no que dizem as autoridades. O estado de alma do povo. E isto acontece não apenas porque as pessoas não são escolarizadas, não apenas porque as pessoas têm de ganhar o pão de cada dia na rua, não apenas porque as pessoas perderam os valores tradicionais da sociedade e por isso são irresponsáveis e “mal educadas”. Tudo isto acontece também porque as pessoas não confiam nos políticos e nas instituições. Esta conclusão está clara nos resultados do estudo do Afrobarometer que OPAÍS publica nesta edição. Contudo, há que pensar, há que questionar, há que aceitar que a “culpa” é toda das instituições e de quem as lidera, o povo apenas responde, desligando-se. Mas é também hora de reagir e melhorar, de facto, porque tudo tende a crescer e no futuro pode ser bem pior. Olhe-se para esta sociedade com olhos de ver, drogas, igrejas brasileiras e congolesas a vender banha da cobra, o salve-se quem puder. É fácil adivinhar o que aí vem.
E também... Próximo Dia do Pediatra brasileiro - 27 de Julho A data foi escolhida por ser o dia da fundação da Sociedade Brasileira de Pediatria, ocorrida em 1910. O Pediatra é o médico responsável por tratar de bebés e crianças. Além de todo o estudo que um médico deve possuir, o pediatra tem que ter jeito com crianças e saber falar com elas de maneira especial. Afinal, não é o mesmo tratar de um adulto que de uma criança! Por isso, os pediatras usam recursos, como brincadeiras, jogos e possuem o seu consultório com brinquedos para distrair os seus pequenos pacientes e tornar a consulta mais agradável.
6 Media Nova, S.A Presidente do Conselho de Administração Filipe Correia de Sá Administradores Executivos Luís Gomes Paulo Kénia Camotim Propriedade : Socijornal Depósito Legal: Nº 244/2008 Contribuinte: 5417015059 Nº registo estatístico: 48058
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
no tempo do kaparandanda
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opaís
Director: José Kaliengue Sub-Director: Daniel Costa, daniel.costa@opais.co.ao Chefe de Redacção: Eugénio Mateus, eugenio.mateus@opais.co.ao Editorias : Política: Ireneu Mujoco ireneu.mujoco@opais.co.ao (Editor) Sociedade: Paulo Sérgio paulo.sergio@opais.co.ao (Editor) Romão Brandão romao.brandao@opais.co.ao (Sub-editor) Economia André Mussamo andre.mussamo@opais.co.ao (Editor) Desporto: Sebastião Félix sebastiao.felix@opais.co.ao (Editor) Mário Silva mario.silva@opais.co.ao (Sub-editor) Cartaz: Jorge Fernandes jorge.silva@medianova.co.ao (Sub-editor) Redacção: Alberto Bambi, Augusto Nunes, Miguel Kitari, Domingos Bento, Neusa Filipe, Milton Manaça, Antónia Gonçalo, Maria Teixeira, Patrícia Oliveira, Stela Cambamba, Zuleide de Carvalho (Benguela), Brenda Sambo, Maria Custódia e Adjelson Coimbra. Arte: Ladislau Bernardo (Coordenador) Valério Vunda (Coordenador adjunto), Annette Fernandes, Nelson da Silva e Francisco da Silva. Fotografia: Carlos Moco (Editor), Daniel Miguel (Sub-editor), Pedro Nicodemos, Jacinto Figueiredo, Carlos Augusto, Virgílio Pinto, Lito Cahongolo (repórteres fotográficos), Rosa Gaspar e Yuri dos Santos (Assistentes de Departamento) Agências: Angop, AFP, Reuters, Getty Images
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Comercial e Marketing: Senda Costa 922682440 email: comercial@medianova.co.ao Tiragem: 15 000 exemplares
27 de Julho de.1890 - Vincent Van
Gogh, aos 37 anos de idade, dispara no seu próprio peito. Dois dias depois, o artista morre nos braços do seu irmão Theo, deixando cerca de 800 pinturas e uma centena de desenhos.
27 de Julho de 1974- A Câmara de
Representantes dos EUA inicia um processo, que depois seria conhecido por “Watergate”, de “denúncia e repulsa” contra o Presidente Nixon, acusado de falso testemunho e abuso de poder.
27 de Julho de
1996
- Jogos Olímpicos de Atlanta: Dois mortos e 111 feridos por explosão de uma bomba no Parque Centenário.
carta do leitor
Saúde e troca de corpos O Ministério da Saúde fez sair um pedido de desculpas por causa da troca de dois corpos, o que fez com que uma das famílias enterrasse, inicialmente, um cidadão no lugar do seu ente querido. Trata-se de uma iniciativa louvável e merecedora de algum reconhecimento, porque, ao contrário, noutros momentos havia uma cultura neste país em que a culpa acabava sempre por morrer solteira. No Ministério da Saúde, nos últimos tempos, têm sido frequentes os erros. Não obstante isso, desde os tempos de Gomes Sambo e agora os de Sílvia Lutukuta tem sido usal darse a mão à palmatória quando alguns destes erros ocorrem, embora o ideal fosse não se registarem coisas do género, uma vez que as unidades hospitalares devem estar munidas de dados suficientes para que ninguém leve à última morada alguém com quem não tenha tido nenhuma afeição.
Criar condições mais dignas para que o nosso irmão, pai, filho e avó tenha um enterro decente é uma das maiores preocupações que um ser humano, pelo menos nos países mais civilizados, tem para com os seus. E o que se registou, para além de reavivar sentimentos que poderiam começar já a ser enterrados também, eles acabaram por ser ressuscitados, provocando uma série de dissabores para as respectivas famílias.
O que se tem assistido nos últimos dias em algumas partes do mundo, incluindo na maior potência do mundo, os Estados Unidos da América, é que muitos cadáveres têm sido enterrados sem que os seus parentes dêem por eles. Quem diria que um dia fóssemos assistir à abertura de uma vala comum em Nova Iorque? Mas toda esta algazarra está associada à pandemia do momento: a Covid-19. Não havendo em Angola cifras tão assustadoras em relação às vítimas desta pandemia, não há como se aceitar que se volte a verificar casos do género. A maioria das mortes são de doenças não tão contagiosas como a que estamos a ver noutros países, o que às vezes permite que se manuseie os corpos. No caso dos mortos por doenças contagiosas, só o facto de os familiares levarem um corpo errado para casa e terem de conviver com ele poderá, igualmente, colocar em perigo a vida de outras pessoas. O pior de tudo é que isso acontece em circunstâncias que são desconhecidas pelos parentes. Por tudo quanto foi dito, é imperioso que o Ministério da Saúde, do mesmo modo que reconhece o erro, apure responsabilidades para que não se venha a repetir nem se coloque em perigo a saúde e a vida dos angolanos. Manuel de Carvalho Lobito
Escreva para o Jornal OPAÍS através do e-mail info@opais.co.ao ou ligue para estes contactos Tel: 222 003 268 Fax: 222 007 754
POLÍTICA
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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Estudo aponta Polícia Nacional como instituição mais corrupta em Angola A informação consta num relatório do Afrobarometer, liderado pela Ovilongwa –Estudos de Opinião Pública, que entrevistou 2 mil e 400 cidadãos angolanos adultos, entre 27 de Novembro e 27 de Dezembro 2019, em todo o país Carlos Augusto
Ireneu Mujoco
U
ma alta patente do Comando Geral da Polícia Nacional, contactado ontem, para se pronunciar sobre o assunto, diz que a corporação vai reagir tão logo tenha acesso ao relatório, tendo garantido estar tranquila. O relatório é apresentado nesta Segunda-feira, 27, às 17 horas, em Luanda, na 2ª Conferência de Disseminação, que tem como tema “Corrupção e Confiança nas Instituições em Angola”. O investigador Carlos Pacatolo, da Ovilongwa, em declarações, ontem, a OPAÍS, explicou que a sua instituição vai fazer a apresentação pública dos segundos resultados do inquérito para os angolanos perceberem sobre a corrupção e a confiança nas instituições em 2019. Baseando-se no estudo, o investigador sublinhou ser necessário haver mudança de atitudes para se inverter o quadro, que aponta como preocupante para os organismos visados, como é o caso da Polícia Nacional. Sobre a Polícia Nacional, tendo em conta a natureza das suas atribuições enquanto autoridade do Estado, Carlos Pacatolo diz que é preciso ter-se mais atenção no que concerne ao combate à corrupção no seio da corporação. Para a fonte, esta acção não pode resumir-se em relatórios, mas em fazer claras demonstrações que, efectivamente, demonstrem o esforço para banir este mal. “ É preciso combater os corruptos, leválos às barras do tribunal, e expulsá-los se se comprovar os actos de que são acusados”, disse Pacatolo. O estudo sustenta que a percepção sobre o envolvimento da Polícia Nacional em actos de corrupção “é comparativamente maior nos angolanos mais escolarizados (85 por cento), residentes na região Leste, sendo 78 na zona urbana, 74 nos homens e 72 % nos mais jovens.
Administração Pública Depois da Polícia Nacional, segundo o estudo efectuado nos últimos dois meses do ano passado, cuja apresentação vai ser feita em directo pela Rádio Mais, do Grupo Media Nova, seguem-se os funcionários públicos e os membros das Administrações Municipais, com 67 e 66 por cento, respectivamente. A percepção sobre o envolvimento dos funcionários públicos em actos de corrupção é também comparativamente maior nos angolanos mais escolarizados, havendo 82 por cento. A maioria dos angolanos percepciona o sector público como sendo bastante corrupto, revelando que o envolvimento dos membros das Administrações Municipais em
Afrobarometer Afrobarometer é uma rede de pesquisa pan-africana e nãopartidária que fornece dados quantitativos fiáveis sobre a vivência e avaliação dos africanos da democracia, da governação e da qualidade de vida. Foram realizadas sete rondas de pesquisas de opinião pública em 38 países, entre 1999 e 2018. A 8ª Ronda está prevista em 35 países africanos, entre 2019/2020. O Afrobarometer realiza entrevistas face-a-fa-
actos de corrupção é igualmente maior nos angolanos mais escolarizados, com 78 por cento. Baixo índice de corrupção O estudo revela, por outro lado, que entre 2018 e 2019, 44 por cento dos angolanos consideravam que a corrupção em Angola “diminuiu um pouco/diminuiu muito”, enquanto para 33 por cento “aumentou um pouco/aumentou muito”. Acesso a bens e serviços Sobre a experiência pessoal com actos de corrupção no acesso aos bens e serviços públicos gratuitos ou tendencialmente gratuitos, segundo o estudo, 42 por cento dos angolanos afirmaram ter recorrido à famigerada “gasosa” para ter assistência policial ou evitar proce na língua da escolha do entrevistado, com uma amostra nacional representativa. No seu primeiro inquérito de opinião pública em Angola, a equipa do Afrobarometer, liderada pela Ovilongwa – Estudos de Opinião Pública, entrevistou 2 mil e 400 angolanos adultos, entre 27 de Novembro e 27 de Dezembro 2019. Uma amostra deste tamanho produz resultados nacionais com uma margem de erro de +/-2 pontos percentuais e um nível de confiança de 95%.
blemas com a Polícia. Deste percentual, 39 disseram que para obter um documento de identificação pessoal ou para ter acesso aos serviços da escola pública e 33 para obter assistência médica ou medicamentosa pública, tiveram de recorrer a actos de corrupção. Quanto à denúncia dos actos de corrupção, a maioria dos angolanos (54 por cento ) não se sente livre para denunciar, pois receia “riscos de retaliação ou outras consequências negativas”. A percepção do “risco de retaliação ou outras consequências negativas” é comparativamente maior nos angolanos mais escolarizados, estando na ordem de 72 por cento, diz ainda o documento a que OPAÍS teve acesso. Combate cerrado à corrupção Sobre a possibilidade de se perdoar as pessoas envolvidas em actos de corrupção até 2017, a maioria dos angolanos (51 por cento) “discorda/discorda totalmente” de tal hipótese. A discordância da possibilidade do perdão é comparativamente maior nos angolanos mais escolarizados (64 por cento), residentes das províncias de Luanda e Cabinda (57), mais velhos (55) e mais jovens (54), residentes no espaço urbano (54) e nos homens (53). Sobre a recuperação de todos os bens financeiros/patrimoniais adquiridos por meio da prática da corrupção, a maioria dos angolanos (58 por cento ) “concorda/concorda totalmente” que sejam recuperados. O acordo é comparativamente maior nos angolanos mais escolarizados (79) residentes na província de Cabinda (78), nas zonas urbanas (67), nos mais jovens (61) e nos homens (60). MPLA Quanto à possibilidade de o Presidente do MPLA, João Lourenço, estar a usar a luta contra a corrupção como instrumento de combate político para afastar adversários políticos internos no MPLA, a maioria relativa (39%) dos angolanos “concorda/concorda totalmente” com esta hipótese e 31% “discorda/discorda totalmente”. Esta divisão da percepção dos angolanos mantém-se nos grupos
Investigador Carlos Pacatolo
sociodemográficos, sendo 49 por cento dos angolanos residentes na região Centro, 42 dos mais escolarizados, 41 dos mais velhos e mais jovens, 40 dos residentes nos centros urbanos que “concorda/concorda totalmente”. Confiança nos líderes religiosos No que à confiança diz respeito, a maioria dos angolanos confia mais nos líderes religiosos (53 por cento), relativamente nas Forças Armadas Angolanas (43)e autoridades tradicionais (42) do que nos órgãos eleitos como o Presidente da República (37) e a Assembleia Nacional (31). De acordo com o estudo, os angolanos mais velhos (66) destacam-se na confiança nos líderes religiosos, com ensino primário (58), em situação de pobreza extrema (57), residentes das regiões Leste e Centro (57), das zonas rurais (56) e as mulheres (54). O documento divulga ainda que no sector público, os angolanos confiam relativamente mais nas FAA (43 por cento ) e nos tribunais judiciais (38) do que nos órgãos eleitos. Os angolanos mais velhos também se destacam na confiança nas forças armadas (54), com ensino secundário (52), residentes das regiões Sul e Leste, sendo (48) em situação de pobreza extrema e as mulheres (46). Partidos políticos Em termos partidários, os angolanos confiam relativamente mais no partido no poder (34 por cento) do que nos partidos políticos na Oposição, sendo (31). Entretanto, os residentes na província de Luanda encontram-se na situação inversa, pois 27 por cento confiam mais nos partidos políticos na Oposição e 19 no partido no poder. Os angolanos mais velhos continuam a merecer maior atenção, pois a maioria (51 por cento) confia no partido no poder, seguem-se em termos relativos os residentes na região Sul (47), os da zona rural (43), os sem educação formal (41) e as mulheres (34) A Comissão Nacional Eleitoral, responsável pela gestão do processo eleitoral, é a instituição pública em que os angolanos menos confiam (27 por cento), sendo os valores de Luanda os mais baixos (15).
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
9 JACINTO FIGUEIREDO
Deputado David Mendes
Deputados e Executivo analisam crise na IURD no Parlamento Hoje, todos os caminhos vão dar à Assembleia Nacional, a partir das 9 horas, altura em que os deputados das 1ª, 2ª,3ª, 7ª e 10ª Comissões vão colocar em cima da mesa o “dossier” conflito interno na Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) Ireneu Mujoco
N
este encontro, em que o Governo estará representado pelos ministros de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira, da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, e da Cultura, Turismo e Ambiente, Adjany Costa, vai ser analisado o conflito interno que envolve pastores angolanos e brasileiros. O conflito, que se afigurava resolúvel internamente, ou seja, no seio dos pastores desavindos por luta de liderança, ultrapassou fronteiras, havendo inclusive uma intervenção diplomática da parte brasileira. O assunto tem sido o mais mediático na imprensa, depois da Covid-19, e está a dividir vários estratos da sociedade angolana, e também da classe política. Na véspera desta reunião,
OPAÍS conversou com o deputado e advogado David Mendes, que defendeu a necessidade de o caso ser dirimido nos tribunais, em vez de ser na Assembleia Nacional. David Mendes entende que, por se tratar de um assunto que levanta acusações e contra-acusações entre os fiéis envolvidos neste conflito, compete somente à justiça determinar em que parte estará a razão. Falando na condição de deputado ligado à Comissão dos Di-
Dois pesos e duas medidas David Mendes instou as autoridades a fazer justiça à dimensão do crime, recordando que no quadro da “Operação Resgate”, lançada pelo Governo Central, muitas igrejas angolanas foram encerradas, mas ou-
reitos Humanos, acusou a parte brasileira, através do seu Presidente da República e da Embaixada do seu país em Angola, de tentar “arregimentar” o Presidente Angolano para que este intervenha a seu favor. David Mendes diz que o Governo brasileiro não deve interferir nos problemas internos de Angola, por ser um país soberano. De acordo com o entrevistado, a Igreja Universal do Reino de Deus é uma instituição de direito angolano, e os templos não fo-
tras ilegais com a matriz brasileira mantiveram-se abertas até ao momento. O deputado criticou também o desfecho desfavorável do processo caso “Vigília da Virada” realizada há alguns anos na Cidadela Desportiva, em que morreram 16 pessoas asfixiadas, mas sem punição aos mentores desta iniciativa.
ram construídos com o dinheiro proveniente do Brasil. David Mendes defende também que o Banco Nacional de Angola (BNA) se pronuncie sobre se os bispos e os pastores brasileiros trouxeram dinheiro do seu país para a edificação dos templos de que reclamam titularidade. O deputado independente à Assembleia Nacional pelo Grupo Parlamentar da UNITA disse que, das informações recolhidas juntos dos pastores angolanos, todo o património foi construído com o dinheiro dos angolanos. Desabafou que os fiéis angolanos desta congregação religiosa estão a lutar a sós, e defende a intervenção de quem de direito em defesa destes e das suas igrejas, as quais considera de património nacional. “É hora de darmos um claro sinal ao Governo brasileiro para não interferir nos assuntos internos de Angola”, afirmou. Disse ser inadmissível que os pastores brasileiros em Angola façam lavagem de dinheiro, evasão de divisas, discriminação e vasectomia contra angolanos, “tudo em nome do Senhor”. “Os brasileiros em Angola são tratados como irmãos, com muito carinho e amor, como outro qualquer estrangeiro”, disse, porém, os pastores não devem confundir como se estivessem a representar o povo brasileiro. Fim lucrativo Sem rodeios, David Mendes acusou a parte brasileira de pregar um evangelho de uma falsa prosperidade em troca de dinheiro, atraindo sobretudo os mais necessitados e os menos esclarecidos. Ironizou que se os pastores brasileiros fossem verdadeiros e com poderes milagrosos, o momento que o país está a atravessar com a Covid-19 seria o ideal para demonstrarem este poder espiritual.
Vice-PR procede à abertura de curso avançado em direitos humanos
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convite da Universidade Católica de Angola (UCAN), o vice-presidente da República, Bornito de Sousa, preside, nesta Segunda-feira, 27, a partir das 17h00, à sessão de abertura do II Curso Avançado em Direitos Humanos para docentes, uma iniciativa do Centro de Direitos Humanos e Cidadania desta Instituição de Ensino Superior. O curso, a ser ministrado integralmente em regime de videoconferência, junta professores catedráticos angolanos e portugueses. A capacitação periódica de docentes em matéria de direitos humanos em Angola tem tido reflexos positivos na qualidade e no perfil dos operadores da justiça, em geral. Angola possui uma Estratégia Nacional de Direitos Humanos (ENDH), aprovada pelo Decreto Presidencial n.º 100/20, de 14 de Abril, que conta com a ampla participação da sociedade civil desde a sua concepção. O Curso Avançado em Direitos Humanos é um claro sinal de que a sociedade civil, mormente as academias, têm um papel fundamental, uma vez que representam o palco ideal para analisar, discutir, conceber e propor acções de melhorias à tutela dos Direitos Humanos em Angola
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Segunda-feira, , 27 de Julho de 2020
“Jamais alinhei com a Administração que geriu danosamente o património do BANC” O general Kundi Paihama vez esta afirmação no dia 5 de Junho do corrente ano, 49 dias antes de morrer, ao ser ouvido por uma equipa de magistrados da 1ª Secção da Sala do Cível e Administrativo do Tribunal Provincial de Luanda, encarregue de julgar do processo de 2327/19-A, relacionado com a falência do Banco Angolano de Negócio e Crédito (BANC), segundo apurou OPAÍS em exclusivo.
Paulo Sérgio
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antigo governante e nacionalista, que faleceu na última Sexta-feira, vítima de doença, havia sido ouvido em sua residência, em Luanda, por uma equipa do tribunal, na qual fez parte o juiz da causa, Osvaldo Malanga, o procurador Iloutério Lourenço, na qualidade de representante do Ministério Público, como o requerente, e o advogado Sérgio Raimundo, seu mandatado judicial. Foi justamente o causídico, a mando do seu constituinte, que requereu ao tribunal um pedido de produção antecipada de prova. Na ocasião, Paihama garantiu que nunca recebeu um Kwanza dos lucros do banco e que, apesar de no primeiro exercício ter sido informado de que havia lucro pelos administradores, decidiu reinvestir para o alavancar e não distribuílos pelos accionistas. O general disse que não sabia de nada sobre os critérios que o BANC utilizava para a concepção de créditos aos trabalhadores e clientes. Contou igualmente que todo o seu património ficou com os administradores e alegou, de acordo com a fonte deste jornal, que por conta disso enfrentava dificuldades em manter o sustento dos seus filhos menores e demais membros do seu agregado familiar. Kundi Paihama declarou que a administração do banco escondeu-lhe muita coisa e, no entanto, sem se aperceber, deram-lhe vários documentos a assinar, e o fez na base da relação de confiança
que tinha com os mesmos. Daí, de acordo com o malogrado, resultaram as presumíveis dívidas estimadas entre seis a 20 milhões de dólares. O Conselho de Administração do BANC era presidido por José Aires Vaz Rosário, coadjuvado por Valdemar de Vasconcelos Augusto, César Joel Gonçalves Cardoso, Jerónimo Mateus Dias Francisco, Agostinho Manuel Durões Rocha “Rochinha”, António Luís da Graça Gameiro e Sabino Mauro das Neves e Silva. Além de administrador do banco, Agostinho da Rocha ‘Rochinha’ exercia a mesma função na empresa Plugrijogos, dona da marca Casinos de Angola, de que Kundi Paihama é accionista. O mesmo acontecia com o advogado português Henrique Doroteia, presidente da Comissão Executiva da empresa Plurijogos, que integrava igualmente o Conselho fiscal do BANC. O Kundi Paihama esclareceu que, apesar de ser sócio maioritário, o outro accionista da instituição bancária é a Caixa de Segurança Social das Forças Armadas Angolanas. Como tinha pouco tempo para acompanhar as actividades do banco, desempenhava apenas a função de presidente da mesa da Assembleia Geral.
“Passei a desconfiar de ambos que, depois destes factos, voltaram a se entender”
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Canal de descaminho de dinheiro montado em Portugal Paihama contou ainda que o então presidente do Conselho de Administração do BANC, José Aires Vaz Rosário, manifestou-lhe a intenção de abrir uma representação em Portugal, ao que recusou. Porém, ele prosseguiu com os seus intentos, sem o consentimento da Assembleia Geral, e em Novembro de 2013 abriu escritórios em Portugal. A representação do BANC em terras de Camões passou a funcionar num imóvel, localizado na Avenida da Liberdade 252, 1º Andar, 1250-149, em Lisboa, com arrendamento sobrefacturado. A sua gestão foi atribuída à esposa de Lu-
“Ouvi dizer que na representação de Portugal havia uma viatura Mercedes que foi adquirida pelo valor de mais ou menos 400 mil euros”
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ís Gameiro, um dos administradores do banco em Angola. O PAÍS constatou, no portal Bancos de Portugal Info, que a representação do BANC apresentava-se como uma entidade com a função de fornecer informações e apoio financeiro/bancário a quem pretendesse desenvolver a sua actividade económica em Angola. Se propunha, também, a prestar esclarecimentos e apoio aos seus clientes angolanos nas decisões de investimento em Portugal, Espanha e em outros países da Europa. O general declarou que só mais tarde veio a descobrir a existência da representação da Avenida da Liberdade, em Portugal, e que a
mesma serviu de canal para o envio de dinheiro a partir do BANC. “Ouvi dizer que na representação de Portugal havia uma viatura Mercedes que foi adquirida pelo valor de mais ou menos 400 mil euros”, contou, segundo a fonte deste jornal. As acções desenvolvidas pelo Conselho de Administração do BANC, sem qualquer deliberação da Assembleia Geral, não ficaram por aí. O general viria mais tarde a tomar conhecimento, por intermédio de terceiros, que havia sido aberta uma representação no Brasil, alegadamente por pressão do administrador Luís Gameiro. De acordo com a fonte deste jornal, Paihama contou ao tribunal que, na época, ficou bastante furioso com esta situação e deslocou-se ao Brasil para se inteirar do processo e ordenar o seu encerramento.
O general reformado contou em tribunal que, em data que já não se recordava, foi abordado por José Aires, num momento em que se encontrava na sua fazenda, localizada na Mupa, município de Cuvelai, província do Cunene. O PCA do seu banco manifestou, na ocasião, que não pretendia continuar a trabalhar no banco com Agostinho Rocha “Rochinha”, um dos administradores, sem, no entanto, avançar os motivos. O general banqueiro, por seu turno, convocou ‘Rochinha’ para explicar o que se estava a passar e foi por este informado que tudo se devia ao facto de ter chamado atenção ao José Aires porque estava a trabalhar mal. Entretanto, o gesto desagradou o PCA do BANC, pelo que acorreu ao sócio maioritário para solicitar o seu afastamento. “Passei a desconfiar de ambos que, depois destes factos, voltaram a se entender”, frisou.
Alerta: BANC era um saco sem fundo Kundi Paihama contou que certo dia, que já não se recordava, o homem forte do seu banco foi procurá-lo em sua casa e lamentou que o Banco Nacional de Angola (BNA) não aceitava vender divisas ao BANC. “Perguntei qual era motivo e o José Aires respondeu tratar-se de inveja que tinham do general”, recordou na altura o malogrado. Inconformado, o general foi, em companhia de José Aires, ao BNA para se inteirar do que se estava a passar. E acabaram por ser recebidos em audiência por José de Lima Massano. Segundo a nossa fonte, ele recordou que o governador do banco central disse-lhe que o “seu banco era um saco sem fundo, porque não honrava os compromissos, não tinha liquidez, capital próprio e tinha crédito mal parado”. Embora não soube precisar a data, Kundi Paihama referiu que isso aconteceu na época em que era governador provincial do Huambo. Afirmou ao tribunal que tentou apurar o que se passava, mas ‘Rochinha’ não permitia. Impedia-o de manter contacto com terceiros que lhe podiam prestar informação. Por outro lado, Paihama manifestou que desconhecia a parceria que o seu banco havia estabelecido com a empresa Poltec, proprietária dos condomínios Boavida, Infinity I e II, entre outros. Contou que certo dia, em data que já não se recordava, foi abordado por um cidadão, cujo nome não precisou, sobre o preço de uma casa no seu condomínio. Ficou surpreso com a pergunta e respondeu que não tinha condomínio, mas a pessoa que falava consigo insistiu que o BANC possuía condóminios.
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Segunda-feira, , 27 de Julho de 2020
A descoberta do saque aos cofres do BANC
Foi precisamente em Julho de 2018, aquando da realização da reunião ordinária da Comissão Económica do Conselho de Ministros, na província da Huila, que serviu para avaliar um memorando sobre a evolução dos projectos de Investimento Público definidos para esta província, o Namibe e Cunene, que Kundi Paihama veio a descobrir a verdade. Paulo Sérgio
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o decorrer da actividade, em que participava na qualidade de governador provincial do Cunene, disse que foi interpelado pelo governador do BNA, José de Lima Massano, a respeito do que se estava a passar do BANC. “Disse-me que quem estava a levar todo dinheiro do banco era um polaco chamado Tomaz [Dowbor]”. Kundi Painhama não acreditou de imediato que estava a ser traído por José Aires e, contrariamente ao que aconteceu das outras vezes, decidiu investigar sem confrontar o parceiro, tendo optado por fazer algumas diligências para obter mais informações sobre o que se estava realmente a passar. “Fiquei a saber que um dos condomínios encontrava-se implantado no terreno do senhor [José] Aires”, frisou, sublinhando, por conseguinte, que este era amigo do polaco Tomas. De acordo com a fonte de OPAÍS, o general disse que descobriu que todos os administradores estavam mancomunados. “Todos eles tinham adquirido casas e os trabalhadores também sem que, no entanto, na qualidade de presidente da Mesa da Assembleia Geral tivesse conhecimento. As casas nos condóminos foram adquiridas com o dinheiro do banco que depois pagariam com os descontos nos seus salários, que foram sobrefacturados”, explicou na altura. Contudo, o general afirmou que desconhecia quanto custavam as casas nos condomínios. Quanto aos empréstimos, afirmou que não sabe quantas vezes nem a que entidades públicas e privadas foram cedido créditos. Por outro lado, afirmou que não sabia que o BNA alguma vez ajudou o seu o banco e que a administração recorreu por três vezes a empréstimos do ban-
um documento que lhe deu a assinar, alegando esquecimento. Confiante de que não seria traído assinou o documento. Disse que o aludido documento o veicula, actualmente, a uma divida de 20 milhões de dólares, quando na época visava apenas justificar, caso recebesse alguma auditoria. Outra revelação feita por Kundi Paihama, que surpreendeu os magistrados do Ministério Público e Judicial, tem a ver com o facto de ele ter declarado que jamais tomou conhecimento do plano de construção da sede do BANC em Talatona. Porém, sabe que o valor da mesma foi sobrefacturado porque custou o triplo do preço.
Oferta de apartamento em Portugal
co central angolano. Ao descobrir que o BANC estava falido, Kundi Paihama diz que tentou arranjar outros investidores, mas não foi possível por ter sido informado por José de Lima Massano que não tinham dinheiro. “Tenho informações que o José Aires, [Agostinho Rocha] Rochinha e o [Henrique] Doroteia estão ricos, com muito dinheiro fora do país”, frisou. 20 por cento a Tulumba para tentar salvar o banco Na esperança de ter maior controlo do banco e ajudá-lo a sair da
“Disse-me que quem estava a levar todo dinheiro do banco era um polaco chamado Tomaz [Dowbor]”.
situação em que se encontrava, tentou introduzir o seu neto Silvestre Tulumba, empresário com créditos firmados, na administração, vendendo-lhe 20 por cento das suas acções. Esta seria a forma de pagamento de uma dívida que existia entre ambos. Na época, já tinha alguns familiares a trabalharem no banco, mas alegadamente sem acesso à informação sobre o seu funcionamento, designadamente, Elizabete Paihama, Carlota Paihama e Rubem Carvalho. Disse que algum tempo depois foi surpreendido pelo seu advogado na altura, Rui Machado, com
Para a sua surpresa, depois da construção da sede, José Aires ofereceulhe um apartamento em Portugal. “Pedi então a Elizabete Paihama que fosse a Lisboa ver o apartamento, em uma ocasião que vinha dos EUA. Assim aconteceu. Nesta altura, apercebi-me que o apartamento foi comprado pelo José Aires”, contou. No entanto, na altura da construção do balcão do BANC no Soyo, no Zaire, foi-lhe dito que o construtor lhe havia oferecido um apartamento. Kundi Paihama afirmou que não conhecia quem era o construtor e não fez muita fé. “Isto não passou de mais uma manobra de diversão de José Aires”, explicou, na época, o malogrado. Por outro lado, o general referiu na ocasião que a irmã, Carlota Paihama, havia sido assaltada, tendo-lhe sido furtado o computador portátil. Mais tarde, o mesmo apareceu nas mãos do ‘Rochinha’ que alegou ter encontrado na via pública. “Tomei igualmente conhecimento de que a área financeira do BANC tinha sido assaltada”, disse. O BANC tinha mais de 20 balcões, cinco centros de atendimento a empresas, 155 colaboradores e perto de 15.000 clientes.
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Segunda-feira, , 27 de Julho de 2020
O QUE É O CORONAVÍRUS E COMO ME POSSO PROTEGER? O novo Coronavírus, intitulado COVID-19, é de uma família de vírus conhecidos por causarem infecção que pode ser semelhante a uma gripe comum ou apresentar-se como doença mais grave, como pneumonia
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oi identificado pela primeira vez em Janeiro de 2020 na cidade de Wuhan, na China. Este novo agente nunca tinha sido previamente identificado em seres humanos, tendo causado um surto na aludida cidade que se espalhou rapidamente a vários países do mundo. A Organização Mundial da Saúde decretou (OMS) que o mundo está diante de uma pandemia.
COMO ME POSSO PROTEGER?
Tendo sido reportados já 932 casos em Angola, com 40 mortes, estão indicadas medidas específicas de protecção, mas há questões práticas que se deve ter em conta para reduzir a exposição e transmissão da doença:
1. Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto directo com pessoas doentes;
2. Evitar contacto desprotegido com animais domésticos ou selvagens; 3. Adoptar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo); 4. Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir.
QUAIS OS SINAIS E SINTOMAS?
As pessoas infetadas podem apresentar sinais e sintomas de infecção respiratória aguda 2.Tosse como: 1. Febre 3. Dificuldade respiratória
Em casos mais graves pode levar a pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos e eventual morte.
EXISTE TRATAMENTO? Não existe vacina. Sendo um novo vírus, estão em curso as investigações para o seu desenvolvimento. O tratamento para a infecção por este novo Coronavírus é dirigido aos sinais e sintomas apresentados
cartaz seu suplemento diário de lazer e cultura
Investigadora Andra Elisabeth Kiala
Hábitos e costumes de povos africanos destacados no Brasil através do magazine “Mwana Afrika - Oficina Cultural” O programa que mostra vários aspectos da cultura africana ao mundo, iniciado na RTP África em Portugal, emitido também na Televisão Pública de Angola, passa agora a ser apresentado no Brasil Antónia Gonçalo
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epois de dois anos em Portugal, o magazine “Mwana Afrika - Oficina Cultural” passa também a ser exibido no Brasil, no canal Trace Brasil, com o intento de divulgar diversos conteúdos culturais do continente “berço”. O programa lançado no Sábado, 25, no dia da celebração da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, é tido como uma verdadeira viagem ao Continente berço,
onde a jornalista angolana Sandra Elisabeth Kiala, mentora do projecto, vai ao encontro das raízes africanas e as mostra ao mundo. Com 24 horas de programação, o magazine, considerado como Melhor Magazine da Actualidade pelo Moda Luanda de 2019, traz curiosidades excepcionais sobre África, em particular sobre Angola, como histórias dos povos e etnias, filosofias de vida, rituais, línguas, entre outros assuntos de interesse público. De acordo com a também investigadora cultural angolana, que assina com o pseudónimo Mwa-
na Afrika, que significa (Filha de África), sente-se honrada por ser um dos alicerces na construção da maior plataforma de cultura e conteúdo afro. “Porque acreditamos no poder do casamento entre Cultura, Educação e Comunicação. Compreendermos a Educação e a Co-
O trabalho iniciado na RTP África em Portugal tem planos de promover obras de ficção e documentários de criadores negros, além de outros conteúdos voltados à ciência, tecnologia, empreendedorismo, culinária e história africana
municação como dimensões fundamentais da Cultura” - revela a apresentadora. Por sua vez, o head de marketing do desígnio disse que “Teremos a Mwana Afrika, reposicionando esse lugar de ancestralidade na cabeça de muita gente, reposicionando a ideia de quem sempre foi martelada na quebrada de que a ancestralidade é amaldiçoada e o negro precisa fazer uma conversão para poder ser uma pessoa melhor na vida” O trabalho iniciado na RTP África em Portugal tem planos de promover obras de ficção e documentários de criadores negros, além de outros conteúdos voltados à ciência, tecnologia, empreendedorismo, culinária e história africana. Há dois anos que o Magazine “Mwana Afrika - Oficina Cultural”, tem levado Educação e Cultura aos telespectadores no país e
não só, através dos três canais da Televisão Pública de Angola. O Trace Brasil é um canal de conteúdo 100% dedicado a Cultura Afro e protagonizado por criadores negros. É filial da empresa de media francesa Trace Global. Pretende-se ainda com o programa contribuir para o desenvolvimento do continente, através da educação e cultura. O projecto Em 2011 Sandra Kiala decidiu criar um Blog, cuja perspectiva era da criação de assuntos que pudessem levar a que se mudassem as abordagens sobre África. Posteriormente, enquanto residente em Lisboa/Portugal, este mesmo projecto foi às ruas daquela urbe europeia, passando a ser uma “Oficina cultural”, que hoje é uma instituição para pesquisa, produção e promoção cultural de conteúdos sobre o continente.
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Academia Cabo-verdiana de Letras homenageia Corsino Fortes com o lançamento de caderno Cultural A reverência ao célebre escritor ocorreu no dia que se assinalou cinco anos do seu passamento físico, uma cerimónia que culminou com o lançamento do Caderno Cultural
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presidentedaAcademia Cabo-verdiana de Letras (ACL), Daniel Medina, afirmou Domingo, na cidade da Praia, que o poeta Corsino Fortes deixou uma obra “complexa e muito bonita que todos os cabo-verdianos e não só deviam ler” como forma de honrar a sua memória valorizando seu legado. Daniel Medina fez estas declarações à Inforpress, a propósito do V aniversário do falecimento do poeta cabo-verdiano Corsino Fortes. A homenagem ao escritor culminou com o lançamento de Caderno Cultural, contendo depoimentos de amigos, de familiares e de pessoas que escreveram sobre a sua vida e obra do poeta. A sessão do lançamento do caderno de 20 páginas contou com a presença do Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Fonseca, um dos membros da Academia de Letras, bem como do presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires. O programa incluiu recitais de poesia , exibição de um vídeo sobre Vida e Obra de Corsino Fortes, entre outros atractivos No dia que assinalou cinco anos
de passamento de Corsino Fortes, o presidente da ACL afirmou que a melhor forma de Cabo Verde valorizar o seu legado é estudando o poeta e seguindo seus exemplos. Para Daniel Medina, Corsino Fortes marcou gerações e deixou marcas profundas, o que faz com que a sua memória seja sempre lembrada. “O sentimento é como se ele estivesse presente, porque marcou a sua e nossa geração, e ao deixar essa marca profunda, faz com que nós
sempre nos lembremos dele e em particular da obra que ele deixou”, disse Daniel Medina. O escritor homenageado Corsino Fortes nasceu a 14 de Fevereiro de 1933, no Mindelo, São Vicente, tendo sido aplaudido pela crítica como o príncipe ou o poeta maior de Cabo Verde. A poesia tornou-se pública na sua vida, em 1957, quando saíram os seus primeiros poemas no jornal
Rappers diversidade e o regresso dos desfiles com público A Etro fez história ao realizar o primeiro desfile com público depois do confinamento. Milão apresentou colecções a duas velocidades, a moda em carne e osso e a nova e distante normalidade
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o fim de semanas a desfilar sem público, a moda quebrou o longo jejum e voltou a sentar os seus convidados na primeira fila. O passo foi dado pela Etro, marca italiana dirigida por Verónica e Kean. A dupla fez história ao realizar o primeiro desfile com público no local depois do confinamento ditado pela pandemia. No total, 80 pessoas assistiram à apresentação, seguindo um conjunto de novos procedimentos ao qual a moda terá de se habituar se quiser retomar parte da velha normalidade — o uso de máscara foi obrigatório, o desfile aconteceu ao ar livre e com uma distância pouco usual entre as cadeiras e foi medida a temperatura a todos os convi-
dados antes de entrarem no recinto. “Estamos vivos e ao vivo”, admitiram os criadores durante a conferência de imprensa que se seguiu. “É um acto de coragem que vem do coração. Quisemos trazer de volta a vida e energia à nossa cidade”, acrescentou Kean Etro. Milão, a cidade em questão, assistiu durante os últimos quatro dias a uma evento híbrido — as apresentações digitais predominaram, enquanto poucas marcas trouxeram o desconfinamento para dentro do calendário. Apesar da audácia, a marca não escapou a críticas. Mais do que ter arriscado em convidar pessoas para assistir ao desfile, houve quem chamasse a atenção para a escolha dos influenciadores digitais pre-
sentes no evento. O perfil de Instagram Diet Prada constatou que, em 24 (mais de um quarto da assistência), nenhum deles era negro. Entre os utilizadores que comentaram a publicação está Naomi Campbell — “Estou farta. Isto tem de parar”. Enquanto uns reincidiram nos
do 3º Ciclo Liceal. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, em 1966, onde viveu na Casa dos Estudantes do Império. Os seus poemas apareceram nos anos 1960 em algumas publicações como a revista Claridade ou a Antologia de Modernos Poetas Caboverdianos. Mas só lançou o seu primeiro livro em 1974, “Pão & Fonemas”, que com “Árvore & Tambor”, editados em 1986 e “Pedras de Sol & Substância”, em 2001, formou “A Cabeça Calva de Deus”. A trilogia conta a saga do povo para a liberdade. Corsino Fortes faleceu no dia 24 de Julho de 2015, depois de longos anos de luta contra o cancro e de ter lançado novo livro, a menos de uma semana antes da sua morte. A ACL A Academia Cabo-verdiana de Letras é uma instituição colectiva que tem por objectivo a promoção e o incentivo das letras e da Literatura Cabo-Verdianas, a difusão da cultura, a preservação da memória, o legado da Literatura Cabo-verdiana, o enaltecimento de grandes vultos e outros notáveis da produção literária. erros do passado, outros aproveitaram a semana da moda masculina de Milão para dar provas de mudança. Uma outra marca italiana, a MSGM, deu um passo adiante na sua estratégia de sustentabilidade ao apresentar a primeira coleção inteiramente tingida com recurso a pigmentos biodegradáveis e fabricada em algodão orgânico certificado. A partir de 2021, anunciou ainda a marca, todos os cabides e sacos usados nas lojas serão reciclados, à semelhança das etiquetas da roupa, que passarão a ser feitas de poliéster reciclado.
Uma “festa di piazza” ou a viagem da Dior ao Sul de Itália
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ara apresentar a colecção Resort, a Dior voou até ao Sul de Itália. Ao cair da noite, a praça iluminou-se e ganhou cor. As tradições e artesãos locais foram a grande inspiração de Maria Grazia Chiuri. Em Itália, país severamente atingido pela pandemia do novo Coronavírus, engalanar uma praça e meter uma pequena orquestra a tocar ao vivo num coreto tem um significado especial. Mais do que regressar à normalidade, é retomar um hábito vital para a cultura de um povo, o da celebração. Não é por acaso que a plateia que, na noite da última Quarta-feira, assistiu ao desfile da colecção Resort 2021 da Christian Dior, na Piazza del Dumo, na cidade de Lecce, foi maioritariamente composta por locais. Na primeira fila ou a partir das varandas das suas casas, foram dos poucos a assistir ao vivo ao espetáculo que parou a cidade, situada no salto da bota italiana. Além dos poucos clientes da marca, do batalhão de manequins e da equipa que tornou o desfile possível, o resto do mundo assistiu a tudo à distância. Na base da colecção, tal como no espetáculo que agitou o serão dos cerca de 20 milhões que seguiram a transmissão, estiveram as tradições e o saber fazer locais. “É importante que os locais percebam o valor da sua tradição”, afirmou Maria Grazia Chiuri, directora criativa da maison, durante uma conferência de imprensa via Zoom. Italiana de Roma, mas com as raízes paternas na região de Puglia, Chiuri tem feito das colecções resort verdadeiras odes às artes locais — no ano passado o destino foi Marraquexe. Há quatro anos ao leme de uma das mais emblemáticas casas parisienses, a designer nunca quis que o universo Dior se limitasse à sua própria herança.
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Luto
Guitarrista e fundador da Banda Fleetwood Mac morre aos 73 anos Peter Green, guitarrista e fundador da banda de rock Fleetwood Mac, morreu Sábado, aos 73 anos, anunciou um escritório de advogados que representa a sua família
“É
com pesar que a família de Peter Green anuncia a sua morte, este fim-de-semana, pacificamente, enquanto dormia”, diz um comunicado, em que se adianta que nos próximos dias haverá mais in-
CONCURSO
OBITUÁRIO
MÚSICA
formações. Nascido no bairro londrino de Bethnal Green, numa família judaica, a 29 de Outubro de 1946, Green fundou a banda Fleetwood Mac, juntamente com o baterista Mick Fleetwood, o guitarrista Jeremy Spencer e o baixista John McVic. Green abandonou, em 1970, a banda, que chegou a vender mais de 120 milhões de álbuns em todo o mundo, quando se viu afectado por uma doença mental, tendo sido diagnosticado com esquizofrenia. Green foi um dos mais respeitados guitarristas da sua geração e lançou vários álbuns a solo e outros com alguns membros da banda que ajudou a formar. Peter Green foi eleito para o Rock and Roll Hall of Fame, em 1998. O seu último trabalho de estúdio foi Say You Will, em 2003. Nos Bluesbreakers voltou a encontrar-se com o baterista Mick Fleetwood, com quem tinha tocado no grupo Peter B’s Looners. Pouco tempo depois entrou na banda de Mayall o baixista John McVie pouco tempo depois. Os três acabaram por sair e formaram o grupo Peter Green’s Fleetwood Mac. Com a entrada do guitarrista Jeremy Spencer, era anunciado como Peter Green’s Fleetwood Mac featuring Jeremy Spencer.
Fleetwood Mac estreou-se no festival de blues e jazz que decorria nos subúrbios de Londres no verão de 1967. Deram nas vistas, o que lhes valeu um contrato com uma editora. O disco de estreia, que incluia quatro temas compostos por Green, foi lançado em Fevereiro de 1968, e esteve mais de um ano no top de vendas. Green manteve-se no grupo até 1969, mas deixou uma marca em mais três álbuns de blues-rock. Algumas das composições que ficaram para a história são “Oh Well” ou “Black Magic Woman”, que se transformou num hit por Carlos Santana. Green, porém, teve um percurso pessoal inverso ao sucesso da banda: o abuso das drogas e a doença mental (foi-lhe diagnosticado esquizofrenia) empurraram-no para fora da banda cujo nome não ficou com o fundador mais marcante. Isso mesmo reconheceu Mick Fleetwood em entrevistas. Com a saída de Green e, dois anos mais tarde, de Spencer, o grupo transformouse radicalmente para as sonoridades pop, com a entrada de Christine McVie, Stevie Nicks e Lindsey Buckingham. Green, que chegou a estar internado em meados dos anos 70, só voltou a tocar nos anos 90 quando criou o Peter Green Splinter Group.
FESTIVAIS
Aniversário
Centro de Estudos UFOLO lança concurso literário e audiovisual
Morreu 88 anos Regis Philbin icónico apresentador de TV
“Vida” é o novo single de Tiago Silva
IV edição do Freixo Festival Internacional Literário aguardado com muita expectativa
Ferro Gaita celebra 24 anos de carreira com concerto online
O Centro de Estudos UFOLO para a Boa Governação lançou no Sábado, 25, em Luanda o concurso Literário “O Que é Ser Angolano?”. O concurso insere-se no ciclo de debates designado “O Que é Ser Angolano? Mentalidade e Aparências” e visa reforçar os vínculos de pertença à identidade e cultura angolanas, bem como estimular a criatividade intelectual e artística dos angolanos. Para o efeito, serão atribuídos dois prémios, o Prémio Ufolo de Ensaio e o Prémio Ufolo de Audiovisual, que distinguirão obras inéditas que reflictam sobre o tema “O Que é Ser Angolano?”. O concurso é aberto a todos os cidadãos angolanos maiores de 18 anos.
Regis Philbin, o apresentador norte-americano que partilhou a sua vida com os telespetadores durante décadas durante as manhãs e que ajudou alguns fãs a enriquecer com o programa “Quem Quer Ser Milionário”, morreu aos 88 anos. Philbin morreu de causas naturais na Sexta-feira à noite, um mês antes do seu 89.º aniversário, de acordo com uma declaração da família divulgada pelo gestor Lewis Kay. “Tenho um pouco de ansiedade”, disse Philbin à Associated Press em 2008, quando lhe perguntaram como é que ele faz um espetáculo todos os dias. Acordava de manhã e pensava: “O que fiz eu ontem à noite de que posso falar? O que há de novo no jornal? Como vamos preencher esses 20 minutos”?”
“Vida” é o novo single do artista Tiago Silva. O tema foi lançado ontem no canal do youtube do cantor. A música e o videoclipe são disponibilizados simultaneamente. Segundo o cantor, a música aborda problemas actuais que afectam a nossa sociedade e fala sobre os momentos altos e baixos da vida. “Decidi fazer uma abordagem diferente. Eu e o meu manager no clipe quisemos fazer algo que sai fora do cliché, então resolvemos abordar temas bastante sérios que estão a acontecer na nossa sociedade, como a homofobia, o racismo, o desemprego, o machismo, mãe solteira, tudo numa perspectiva diferente”, conta Tiago.
Freixo de Espada à Cinta, em Portugal, acolheu, no fim-desemana, a 4ª edição do Freixo Festival Internacional Literário (FFIL). Aguardado com expetativa, o evento contou com a participação de eminentes homens de letras. Segundo a organização, Guerra Junqueiro, autor de inquestionável valor para a literatura portuguesa, foi a figura central desta iniciativa cultural. Um evento realizado em parceria com a Editorial Novembro e o Município de Freixo de Espada à Cinta, onde a vida e obra do poeta são uma referência. O Prémio Literário Guerra Junqueiro foi atribuído à poetisa Ana Luísa Amaral, numa cerimónia que marcou o arranque do evento no jardim do Museu da Seda.
O grupo musical Ferro Gaita celebrou, no dia 22, 24 anos de carreira. A data foi assinalada este Sábado, 25, com um espectáculo on-line, iniciado com Fundo Baixo, terminando com Pon di Fonga. Tendo em conta o contexto de pandemia e para evitar aglomeração de pessoas, o grupo resolveu fazer apenas um ‘live’ para não deixar a boda de prata passar em branco. O grupo foi criado a 22 de Julho de 1996, por Iduino, e mais dois jovens músicos, Chando e Feliciano. Fazem actuamente parte da banda Estêvão Tavares, conhecido por Iduino, Emanuel Tavares (Manel), Carlos Alberto Pereira Lopes, Bino Branco, Mário Mendonça (Betinho), Luís da Veiga, José Varela e Frutuoso Pina..
Economia
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DE LAUCA PARA O PAÍS:
depois da energia a seguir pode ser o peixe António Horácio é um jovem técnico médio que actua no sector administrativo da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), principalmente na logística alimentar. Tem como principal missão o acompanhamento do programa de piscicultura no entorno de Lauca. Seu sonho é “expandir o programa de piscicultura Angola fora” e responder à medida os apelos a diversificação da produção nacional André Mussamo
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ale-nos dos projectos de produção desenhados para agregar valor no entorno de Laúca, para além da geração da eletricidade? A Odebrecht Engenharia e Construção (OEC), dentro do seu Programa de Responsabilidade Social, desenvolveu um projecto de geração de renda para as comunidades do entorno. Como a designação indica, o programa visou a promoção de actividades com o fim último de incrementar a renda das famílias que se encontravam maioritariamente em situação de vulnerabilidade económica e social. Foram, portanto, criados os subprogramas de agricultura familiar em que constam a produção agrícola de mandioca, milho, fuba e hortícolas; produção de sabão ecológico e produção de pão. Estes produtos têm como mercado principal para escoamento o Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca. Por outro lado, e dentro do escopo do programa de reassentamento e compensação das comunidades de pescadores transumantes de Kissaquina Norte e do Baixo Muta, foi desenhado o programa de aquicultura que visa essencialmente dotar os pescadores de novas e melhores ferramentas para desenvolver as suas actividades. Em que consiste o processo da produção de peixe, essencialmente a tilápia, conhecido entre nós como cacusso? A produção da tilápia e de outras espécies prossegue fins económicos e
o melhoramento da dieta alimentar e a geração de mais trabalho. No momento, toda a produção está a ser consumida no Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca, pelos colaboradores da Odebrecht Engenharia e Construção e demais empresas/colaboradores que frequentam o referido aproveitamento. Com esta linha de produção e distribuição, o valor arrecadado serve para se pagar os colaboradores da cooperativa. Normalmente, os pescadores no entorno do rio Kuanza usam métodos tradicionais. Continuam com
Exibição de um peixe
O sonho é que o projecto cresça sim e que inspire outros análogos por forma a contribuir para o crescimento da região fornecendo peixe para diferentes regiões do país”
Nome: António Horácio Naturalidade: Maianga -Luanda, Angola Data de nascimento: 20/04/1981 Estado civil: solteiro Filhos: 7 Habilitações literárias: ensino médio Experiência profissional: actua no sector administrativo com ênfase na logística alimentar e acompanhamento do programa de piscicultura. Sonhos por realizar da sua área de trabalho: Expandir o programa de piscicultura Angola fora. Como descreve o trabalho em Laúca uma localidade inóspita e fora das grandes cidades em contraste com a logica de quando mas formado maior é o conforto do gabinete: Em Laúca possuímos condições laborais, sociais e de vivência muito boas, o que não fica a dever aos grandes centros urbanos do país.
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
as mesmas técnicas ou lhes foi levada outra forma e conceitos inovadores de fazer a pesca? O programa de aquicultura visa a formação dos pescadores na produção de peixe em cativeiro. Neste estão formados nove indivíduos entre os 25 pescadores inicialmente cadastrados. Portanto, e considerando a partilha de conhecimento, pode-se afirmar que os pescadores, embora guardem conhecimentos empíricos da pesca artesanal, hoje estão dotados de conhecimento teórico e prático da produção de peixe que não se pode considerar uma pesca per se. Quais são os actuais números relativos à produção, pessoas envolvidas e investimentos? Em termos de números devemos sempre considerar que um indivíduo exerce influência sob diversos aspectos à comunidade a que se insere para além da sua família. Por exemplo, ao considerarmos as pessoas envolvidas no desempenho de um funcionário público de escritório de meia-idade, podemos inferir que este depende para o seu bom desempenho de auxílio com os afazeres domésticos, educação dos filhos, tratamento da sua roupa, alimento e ainda dos funcionários dos transportes públicos que utiliza. Ora, fazendo um paralelismo com o projecto no que tange a pessoas envolvidas, podemos inferir desde já que toda a comunidade o esteja. Concomitantemente, temos os fornecedores de ração e de alevinos, os consumidores e a própria Odebrecht Engenharia e Construção (OEC). O projecto foi desenhado para um período de curto, médio ou longo prazo? O projecto foi desenhado para longo prazo, no sentido de formar os pescadores, dotá-los de conhecimento de toda a cadeia produtiva, incentiva-los para serem replicadores de conhecimento e, finalmente, transformar a linha do Kwanza numa forte fonte de produção e indústria de peixe, promovendo o crescimento da região e de seus parceiros. Está confiante na sustentabilidade do projecto? Como em todo o projecto em que se almeja continuidade, são requeridos os seguintes pilares: Vontade dos intervenientes que neste caso são claramente os próprios pescadores, formação, apoio institucional público e privado e inovação. Do que a OEC diz respeito, têm sido criadas as condições para a sustentabilidade do projecto. O projecto tem a sua finalidade específica e, portanto, seus apoios têm
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Psicultura & Vila dos Pescadores.
prazo de validade. Assim, esperamos que com as ferramentas cedidas, concretamente a formação e apoio, os pescadores estejam aptos para buscar outras por forma a garantir a sua sustentabilidade. Não colocamos aqui a questão do mercado porque estes estão disponíveis
Processo de pesagem e analise dos peixes
e, quando não, a inovação visa também criá-los. Numa das nossas deslocações que fizemos à Barragem de Laúca conhecemos uma vila que acolhe pessoas afectadas pelas alterações que a construção da barragem provocou. Creio que se chama ‘Bairro
dos Pescadores’. É um projecto que poderá fazer essas pessoas modestas felizes? Na verdade, o nome é Vila dos Pescadores. A receita da felicidade é complexa, controversa e varia de pessoa para pessoa, de grupo para grupo. O nosso objectivo é contribuir para o alcance da dignida-
de das pessoas. Sabendo que cada ser humano é digno e valoroso e que todo o homem busca no fruto do seu trabalho o sustento da sua família, a sua dignidade, o crescimento e desenvolvimento de seus filhos e, em última instância, do seu país. É para isso que trabalhamos, é isso que nos move.
Laúca pode tornar-se num verdadeiro fornecedor de cacusso da região virado, por exemplo, para o grande centro de consumo que é Luanda? O Aproveitamento Hidroelétrico de Laúca é um projecto de produção de energia, em nenhum momento nos desviamos deste foco. O Projecto de Aquicultura é um projecto para a comunidade com o apoio do AHL e implementado pela OEC. Como nos referimos numa das nossas respostas anteriores, o sonho é que o projecto cresça sim e que inspire outros análogos por forma a contribuir para o crescimento da região fornecendo peixe para diferentes regiões do país. A maior parte dos produtores desta espécie queixa-se da falta de ração. Como é que esta componente foi salvaguardada? Para além das parcerias com fornecedores de ração e a busca por novos fornecedores, o projecto visa o incentivo à produção local e artesanal de ração começando pela própria comunidade. Deste modo, poderemos garantir a produção contínua. Por gentileza de uma pessoa amiga provei a tilápia proveniente de Laúca, incluindo os filetes, e diga-se foi uma maravilha. Esta pode ser uma forma de agregar valor à produção e fa-
Alimentando os peixes nos tanques
zer com que os envolvidos obtenham maior rentabilidade? Com certeza. Os pescadores formados no âmbito do projecto estão devidamente capacitados para este trabalho de filetagem do peixe. Deste modo, o peixe pode ser valorizado. Quais são os moldes de venda e a que público destinatário esta a futura produção virada? A ideia é que futuramente sejam produzidos em grande escala e alcance as grandes redes de supermercados e chegue à mesa
“O Projecto foi desenhado para longo prazo, no sentido de formar os pescadores, dotá-los de conhecimento de toda a cadeia produtiva, incentiva-los para serem replicadores de conhecimento e, finalmente, transformar a linha do Kwanza numa forte fonte de produção e indústria de peixe, promovendo o crescimento da região e de seus parceiros”
da família angolana. Estamos a trabalhar para isso. Este projecto foi feito pensando na comunidade e que eles consigam perpetuar e criar novos horizontes de negócios. Podendo trazer o próprio sustento e benefício para a sua família e aproveitarem a grandeza do Rio Kwanza e sua riqueza. O projecto possui 32 tanques redes, com uma produção em torno de 900 peixes em cada tanque, perfazendo uma média de produção/consumo de três toneladas por mês. O processo de manuseio é realizado por uma equipa de nove produtores rurais do entorno do Aproveitamento. Os produtores receberam formação contínua sobre vários procedimentos, técnica de manuseio e ajuste alimentar do peixe, técnicas de nós e amarras, montagem de tanques redes, técnicas de preparo do peixe, biometria e cuidados de sanidade do peixe. A implementação do projecto possibilitou a abertura de novas possibilidades às populações adjacentes, sendo uma das premissas o trabalho com as comunidades locais.
Mercados
Mercado Taxa de juro Taxas de Juro Taxa BNA Libor USD 6M Libor GBP 6M Libor JPY 6M Euribor 6M Luibor 6M
Cot. 03/07/20 15,5% 0,325% 0,176% -0,031% -0,373% 16,16%
∆ Diária (p.p) 0,000 -0,015 -0,011 -0,001 -0,022 0,000
18,21%
18,14%
18,07%
Mercado accionista Índices Accionistas Cot. 03/07/20 Dow Jones (EUA) 26 525,04 S&P 500 (EUA) 3 224,55 FTSE 100 (Inglaterra) 6 124,14 Bovespa (Brasil) 102 371,50 CSI 300 (China) 4 505,59 Nikkei 225 (Japão) 22 751,61
∆ Diária (%) -0,551 -0,006 -2,642 -0,502 -0,861 0,243
Cot. 03/07/20 558,5828 1,1636 1,2787 105,8100 16,6901 5,1961
Cot.03/07/20 40,89 43,04 1 896,90 23,07 1,80 289,35
Os índices bolsitas apresentaram desempenho negativo na generalidade dos mercados. A intensificação das tensões geopolíticas entre a China e alguns países do Ocidente poderá ter penalizado os mer-
26 400,0 26 000,0 18/07/20
20/07/20
22/07/20
1,1550 1,1470
∆ Diária (%) 0,739 -0,232 4,801 17,196 4,657 -0,379
20/07/20
22/07/20
24/07/20
44,80 44,20 43,60
20/07/20
22/07/20
24/07/20
Luibor 1 Ano Cot. 03/07/20 15,39 14,98 15,42 16,16 17,28 18,19
∆ Diária (p.p) 0,000 0,000 0,000 0,000 0,020 0,020
0,34% 0,33%
20/07/20
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res na Zona Euro poderá ter contribuído na apreciação do euro que encerrou a semana em máximos de Outubro de 2018 em 1,1636 USD por unidade da moeda, uma apreciação semanal de 1,8%.
O preço do petróleo tipo Brent registou uma redução de 0,2% ao se fixarem eme 43,04 USD/ Barril. Desempenho contrário foi apurado na cotação do WTI que aumentou 0,7% ao se fixar em 48,89 USD/Barril. Um mis-
to de informações no mercado que apontam para uma potencial vacina contra a Covid-19 e o intensificar das tensões políticas entre os EUA e China contribuíram na indefinição do preço no mercado
Luibor
0,35%
0,32% 18/07/20
O dólar voltou a perder terreno ao longo da semana. A apresentação de plano de recuperação económica da União Europeia avaliada em 1,82 biliões EUR associada a melhoria da confiança dos consumido-
Mercado de Matérias-primas
Brent Crude Fut.
43,00 18/07/20
cados. O índice Dow Jones (EUA) recuou 0,5%, o FTSE 100 (Inglaterra) caiu 2,6% e o CSI 300 (China) reduziu 0,8% ao se situarem em 26.525,04 pontos, 6.124,14 pontos e 4.505,59 pontos, respectivamente.
Mercado Cambial
1,1630
1,1390 18/07/20
pacote de estímulos económicos para a União Europeia avaliados em 1,82 biliões EUR que deverão ser executados no quadro financeiro de 2021-2027.
24/07/20
EUR / USD ∆ Diária (%) -1,983 1,820 1,743 -1,131 -0,028 -3,529
A Euribor 6 meses fixouse em -0,373% na última semana, o que representa uma redução de 2 p.b., face ao fecho da semana anterior. O desempenho poderá ser reflexo da aprovação do novo
Mercado Accionista
26 800,0
Luibor Taxas BNA Luibor O/N Luibor 1 Mês Luibor 3 Meses Luibor 6 meses Luibor 9 meses Luibor 1 Ano
24/07/20
27 200,0
Mercado das commodities Commodities WTI Crude Fut. Brent Crude Fut. Gold 100 Oz Fut. Prata Fut. Gás Natural Fut. Cobre Fut.
22/07/20
Dow Jones (EUA)
Mercado cambial Taxas de Câmbio USD/AKZ EUR/USD GBP/USD USD/JPY USD/ZAR USD/BRL
20/07/20
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Mercado Interbancário
Libor USD 6 Meses
18,00% 18/07/20
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24/07/20
As taxas de juros no mercado interbancário mantiveram-se inalteradas na generalidade das maturidades na expectativa da reunião do Comité de Política Monetária do BNA que,
entretanto, foi adiada de 24 para 28 de Julho de 2020. Porém, as taxas de juros na maturidade de 9 e 12 meses aumentaram em 2 p.b. ao se situarem em 17,28 e 18,19%, respectivamente.
Mundo
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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Covid-19 pede distanciamento impossível para quem foge* Em Moçambique, centenas pessoas fogem da violência armada em Cabo Delgado. Apesar das recomendações por causa do Covid-19, o distanciamento em campo de deslocados é difícil de manter.
P
or entre centenas de tendas junto em Metuge, num campo de deslocados da violência armada de Cabo Delgado, norte de Moçambique, Mustafá Ali Azito faz marcas com tinta em spray no chão de terra. Marca o distanciamento mínimo que os deslocados deverão manter entre si na fila para receber donativos (mantas e esteiras) e o recinto até é delimitado com uma corda, tudo para prevenir a covid-19. Mas a ironia é evidente: à volta, centenas de pessoas estão literalmente a acotovelaremse umas nas outras para ver o que se está a passar e para marcar lugar na distribuição – muitos sem máscara. “Não é à primeira que acatam as recomendações. Há quem até pense que isto não é coisa que os afete”, descreve Mustafá, mem-
bro da organização não-governamental (ONG), Ayuda en Acción, que gere as cinco zonas de acomodação de deslocados de Metuge, Cabo Delgado. Ali estão refugiadas cerca de 10.000 pessoas, com famílias numerosas de cinco a 10 pessoas que partilham tendas. “Nós como organizações que com eles trabalhamos, aconselhamo-los sempre e tentamos fazer ver”, através do exemplo, “quais são as formas de distanciamento social”, sublinha. Assim, a distribuição lá decorre, seguindo à risca as marcas no chão, cada um a lavar as mãos antes de passar para dentro da corda – mas do lado de fora, o único sinal de prevenção de covid-19 em todo campo são as máscaras que alguns deslocados trazem. O bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, visita as zonas de aco-
Quem foge a violência e abandona a própria casa não se pode confinar
modação com regularidade e diz que não há maneira de garantir distanciamento social nestes campos de deslocados. “Toda a gente está junta. As crianças brincam o tempo todo juntas. Não há como”, sublinha o bispo, considerando que, “infelizmente, a covid-19 ficou para segundo plano” em Cabo Delgado. “Não falo isso com prazer. Dá tristeza, porque só veio piorar a situação”, numa altura em que a província mais precisa de apoio do mundo inteiro.
Se por um lado parece que não há maneira de haver prevenção, por outro pode ser uma questão de insistência. “Não é impossível” cumprir as medidas nestes campos, diz Daniel Timme, chefe de comunicação do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), “mas é um processo educacional”. “Estamos a fazer campanhas” de divulgação de informação, destaca, no que classifica como um trabalho continuo. Mas a pandemia tem outro lado, acrescenta: afeta também o tra-
Coreia do Norte declara “emergência sanitária máxima”
A Coreia do Norte declarou, ontem Domingo, “emergência sanitária máxima” devido à pandemia de covid-19, decretando o isolamento da cidade de Kaesong, na sua fronteira com o Sul, após detectar um caso suspeito, o primeiro anunciado pelo Governo
T
rata-se de um cidadão norte-coreano que se havia mudado para a Coreia do Sul há três anos e que terá regressado ao país depois de “atravessar ilegalmente”, na semana passada, a fronteira militarizada que separa os dois países, anunciou a agência estatal nortecoreana KCNA. Este cidadão foi, entretanto, colocado em “quarentena rigorosa”, após os testes médicos realizados terem tido “resultados incertos”,
segundo a agência estatal, que revela que as pessoas em contacto com este cidadão também foram isoladas e testadas. Após a detecção deste caso suspeito, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, presidiu a uma reunião da direcção do Partido dos Trabalhadores no Sábado, na qual foi decidido “bloquear completamente” a cidade de Kaesong e colocar em isolamento os diferentes distritos da província limítrofe do sul. Nesse encontro, Kim Jong-un de-
Líder norte-coreano, Kim Jong-un
balho humanitário, por exemplo, no combate à nutrição, que atinge cerca de metade da população. “Normalmente, o que fazemos em zonas como esta é estabelecer centros de saúde para observação”, mas tal não é possível agora, por forma a evitar aglomerações, ficando o trabalho entregue apenas a brigadas móveis, no exterior. Há também menos oportunidades para mobilizar recursos humanos e materiais a nível global para acudir à emergência em Cabo Delgado, reconhece. Célia Aiuba, deslocada, usa uma máscara e abastece-se de água no campo 03 de Fevereiro em Metuge: dois alguidares que vão servir para cozinhar, lavar roupa e para a higiene pessoal, descreve. Ao lado Tima Ali, de sorriso à vista, carrega baldes e ri-se quando lhe perguntam onde está a máscara. Duas torneiras emergem do chão de terra, rodeadas de alguidares e baldes coloridos, com várias mulheres de olho na água, cada qual a aguardar a sua vez. “Tivemos de criar condições para as pessoas terem água potável, instalações de saneamento e fazer educação comunitária para melhorarem os hábitos de higiene, considerando a covid-19”, destaca Samuel Manhiça, responsável pela água e saneamento do UNICEF.A agência das Nações Unidas instalou vários quilómetros de canalizações desde a rede principal de abastecimento a Pemba, capital provincial, até aos campos de deslocados.
cidiu, também, decretar “emergência máxima” devido à pandemia de covid-19, após o “estado de emergência contra a epidemia” na Coreia do Norte. Na ocasião, Kim Jong-un vincou que “apesar das intensas medidas de combate à pandemia implementadas em todas as áreas e do encerramento rigoroso de todas as entradas durante os últimos seis meses, registou-se uma situação crítica em que o vírus agressivo poderá ter sido introduzido no país”. Com o alerta a subir de tom, o regime deu, ainda, instruções sobre as “acções e medidas organizacionais” a serem implementadas nos vários organismos do Partido e instituições de saúde e segurança nacional, de acordo com a KCNA. Além disso, as forças militares estão a investigar os detalhes do incidente.
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EUA com mais 68212 casos e 1067 mortos nas últimas 24 horas Os Estados Unidos registaram nas últimas 24 horas mais 68212 casos de covid-19 e 1067 mortos, de acordo com um balanço da Universidade Johns Hopkins, segundo o Diário de Notícias
A
contagem desde o início da pandemia eleva-se agora para 4.174.437 infeções, além de 146391 óbitos, segundo os números contabilizados pela universidade norte-americana, sediada em Baltimore (leste). Nos últimos 12 dias, os Estados Unidos registaram diariamente mais de 60 mil casos de covid-19, com um máximo de
77.638 novas infeções em 17 de Julho. O número diário de mortos provocados pelo novo coronavírus também ultrapassou o milhar nos últimos quatro dias. Os Estados Unidos são o país com mais mortos e mais casos de infecção confirmados. A pandemia de covid-19 já provocou cerca de 640 mil mortos e infectou mais de 15,8 milhões de pessoas em 196 países e ter-
Dezenas de detidos e mais de 20 polícias feridos em confrontos em Seattle Depois de Portland, agora Seattle viveu no Sábado confrontos violentos entre policiais e manifestantes, na sequência do reforço de forças federais ordenado pelo Presidente Donald Trump, segundo o Observador
D
ezenas de detidos e mais de 20 polícias feridos é para já o balanço da maior acção realizada na cidade de Seattle, na costa oeste dos Estados Unidos, inserido no movimento de protesto contra o excesso de força policial, “Black Lives Matter” (as vidas dos negros são importantes) que se seguiu à morte de George Floyd. Os manifestantes entraram em choque com agentes federais enviados por ordem do Presidente Donald Trump para impor a calma nas cidades de Seattle, no Estado de Washington, e de Portland, no Estado do Oregon. De acordo com fonte policial citada pela agência Reuters, foram usadas armas não letais para tentar dispersar os milhares de manifestantes este Sábado, depois de
alguns deles terem lançado fogo a uma obra de construção de um tribunal e de um centro de detenção juvenil. A Policia de Seattle informou ter feito 45 detenções e adiantou que 21 oficiais sofreram ferimentos na sequência de terem sido atingidos por tijolos, morteiros e outros explosivos, apenas um recebeu tratamento hospitalar. As autoridades tinham ainda sinalizado que estavam a tentar assegurar acesso aos bombeiros da cidade quando alguns dos incidentes violentos ocorreram. O Presidente americano anunciou na Quinta-feira o reforço das forças policiais federais na cidade de Seattle, o que enfureceu as autoridades locais que receiam que esta iniciativa leve a um reacendimento dos protestos.
ritórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP). A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em Fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
Os Estados Unidos da América continum a ser o país do mundo mais afectado pela Covid-19
Ministro responsável por “lista vermelha” britânica faz férias em Espanha — e agora terá de fazer quarentena
O
ministro dos Transportes, responsável pela lista de países desaconselhados para viagens aos ingleses, foi visto de férias em Espanha pouco depois de esse país ter tido luz vermelha do seu governo, segundo a imprensa inglesa É um entre vários, mas não é um qualquer: o ministro dos Transportes do Reino Unido, Grant Shapps, é um dos milhares de britânicos que estavam em Espanha quando o seu governo anunciou que todas as pessoas que dali voltassem para solo britânico teriam de fazer uma quarentena de 14 dias. De férias desde Sábado, um dia depois de ter anunciado que Portugal continuaria na lista de países desaconselhados para turistas britânicos, Grant Shapps viajou para Espanha com a sua família para passar as suas férias de verão. Quando o seu avião levantou voo, Espanha ainda não fazia parte daquela lista. Porém, já quando Grant Shapps e a sua família estavam em solo espanhol, o governo britânico tomou a decisão
Ministro dos Transportes do Reino Unido, Grant Shapps
de reagir ao pico de casos anunciado pelas autoridades espanholas, colocando assim Espanha na “lista vermelha”. O que obriga agora a que toda a família do ministro, e ele próprio, façam quarentena quando regressarem a casa. Foi uma actualização extemporânea, já que o Reino Unido anunciou que a lista seria actualizada apenas de semana a semana. “Como resultado, Espanha foi retirada da lista de países em que todos os passageiros que dali cheguem a Inglaterra, Escócia, País de Gales ou Irlanda do Norte estão isentos de se auto-isolarem”, referiu o governo.
Estas medidas, garantiu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dominic Raab, foram tomadas com o consentimento do próprio ministro dos Transportes. Em entrevita à Sky News, Dominic Raab disse que ligou ao seu colega quando este já tinha aterrado em Espanha, numa conversa onde Grant Shapps “reconheceu que tínhamos de tomar medidas”. Os porta-vozes do Ministério dos Transportes já fizeram saber que Grant Shapps planeia concluir as suas férias em Espanha como planeado e, ao regresso, irá colocar-se em auto-isolamente durante os 14 dias estabelecidos.
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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Trump diz que vai ser reeleito graças à “maioria silenciosa” “Na opinião de muitos observadores, a campanha de Trump gera mais entusiasmo do que qualquer outra campanha na história do nosso grande país, ainda mais do que em 2016”, escreveu Trump.
O
Presidente dos EUA, Donald Trump, invocou ontem Domingo a “maioria silenciosa” para mostrar a sua confiança numa vitória nas próximas eleições presidenciais, apesar de aumentarem tensões sociais em várias cidades norteamericanas. “Na opinião de muitos observadores, a campanha de Trump gera mais entusiasmo do que qualquer outra campanha na história do nosso grande país, ainda mais
do que em 2016”, escreveu Trump na sua conta pessoal da rede social Twitter. Apesar de as sondagens apresentarem o candidato democrata, Joe Biden, à frente da intenções de voto nas eleições presidenciais de novembro próximo e apesar de os níveis de violência aumentarem nas contestações sociais em várias cidades norte-americanas, Trump mantém a confiança na sua reeleição para um segundo mandato. “Biden não tem [hipótese]! A maioria silenciosa falará em 03 de Novembro”, escreveu o Presidente, prometendo derrotar as sondagens que o apresentam oito pontos atrás do seu adversário democrata em vários estados norte-americanos, incluindo Arizona, Florida e Michigan. Trump aposta numa campanha centrada no restabelecimento da “lei e da ordem”, quando as manifestações antirracistas e contra a violência policial provocam o caos em diversos estados. No Sábado, um homem foi morto por uma bala numa manifestação em Austin, a capital do estado do
Texas, na mesma noite em que se multiplicaram confrontos violentos em Seattle, Portland, Omaha, Oakland, Los Angeles, Nova Iorque e Louisville, em protestos ligados ao movimento Black Lives Matter, iniciado após a morte do afro-americano George Floyd, em Minneapolis, em junho, asfixiado sob escolta policial. O Presidente tem enviado agentes federais para várias cidades, apesar dos protestos de governadores e autarcas democratas que se queixam da ingerência da Casa Branca na segurança dos seus territórios. Joe Biden também já criticou o comportamento do Presidente, acusando-o de desrespeitar a Constituição e procurar impor um “estado militarizado”, referindo-se à presença dos agentes federais, que se apresentam sem uniforme nas manifestações de protesto. Trump tem respondido dizendo que os dirigentes democratas estão a falhar no seu papel de garantir a segurança dos cidadãos e acusa Biden de prometer retirar fundos de financiamento para as forças de segurança.
Presidente dos EUA, Donald Trump
Marinha russa reforçada com novas armas hipersónicas O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que a Marinha russa será equipada com novas armas hipersónicas e com veículos submarinos não tripulados, congratulando as tropas navais por “defenderem a soberania e os interesses do país”.
D General russo fez uma selfie em que aparece também o PR russo
urante o desfile naval em São Petersburgo, por ocasião do Dia da Marinha Russa, Vladimir Putin anunciou que a Rússia irá aumentar as capacidades da sua frota através da implementação de “tecnologias digitais avançadas, complexos hipersónicos sem com-
paração no mundo e submarinos não tripulados”. Isto depois de aquela estrutura ter já recebido 40 novos navios e embarcações de diferentes classes este ano. Agradecendo às tropas navais pelo seu “bom serviço” ao país, Vladimir Putin sublinhou que a Marinha do país tem vindo “a defender
a soberania e os interesses do país há mais de três séculos”. O desfile naval em São Petersburgo incluiu 46 navios, 42 aviões e mais de 4000 militares. Estas declarações surgem após Vladimir Putin ter anunciado um ambicioso programa russo de construção de novos navios de guerra. O Dia da Marinha é comemorado na Rússia no último domingo de julho em várias cidades russas, envolvendo perto de 15 mil militares e cerca de 250 navios.
OPINIÃO
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
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Dani Costa
Um Presidente que escuta é sempre melhor...
A
longev idade do Presidente José Eduardo dos Santos, que acabou por permanecer no poder 38 anos, a maior parte do tempo na sequência das circunstâncias político-militar da altura, fizeram com que nascesse, naturalmente, no seio dos angolanos, o desejo de um dia verem um outro Presidente da República. Durante algum período, houve quem manifestasse durante entrevistas, convívios familiares ou até mesmo encontro com amigos que um dos maiores desejos era não deixar este mundo dos vivos sem que testemunhassem a transição em Angola. Nem que ela passasse por elementos da mesma família política. O mais importante, para estes, era poder ter um novo Presidente e com isso mergulhar numa nova dinânica de governação. Houve ocasiões em que nem sequer se colocava à mesa os hipotéticos erros cometidos em quase quatro décadas, mas tão somente o ‘prazo de validade’ que já excedia para muitos, embora o antigo estadista tivesse o mérito de ter comandado a vitória do MPLA nos dois primeiros pleitos. Mais do que as promessas eleitorais, algumas manifestamente impossíveis de serem concretizadas no actual quadro político e económico, como os 500 mil empregos, a mudança de liderança traduziu-se, sobretudo, num renovar de esperanças. Não somente a passagem para estágio novo por causa do factor novidade em si, mas na introdução de um novo modelo de governação, assente também em novos
dr
players, que se esperava com um novo formato de casting para a escolha dos jogadores. O discurso do Mausóleu, aí juntinho ao sarcófago do malogrado Presidente Agostinho Neto, foi simultaneamente o indício de uma alteração de paradigmas e de prioridades. Não só dos parceiros intrernacionais. A nível interno era a escolha do bom em detrimento do mau e do essencial em relação ao supérfluo. Era o nascer da preferência por aquilo que é realmente necessário para os angolanos e das decisões que iriam incidir verdadeiramente na vida daqueles que durante muitos anos até andaram esquecidos nos relatórios do Instituto Nacional de Estatística, por não terem sequer o mínimo para sobreviver. É neste sentido que, não obstante as críticas que foram e con-
tinuam sendo feitas, nos manifestamos favoráveis a decisão de se buscar algum do Fundo Soberano para se tentar restituir alguma dignidade aos angolanos, através da construção de escolas, reabilitação de centros e postos de saúde, estradas, pontes e outros imóveis. A forma como se retirou o dinheiro é assunto para os políticos. Mas os frutos destas aplicações agora, através do Programa de Intervenção Integrada nos Municípios (PIIM), não deixarão de incidir sobre as gerações vindouras, até porque muita da actual geração a malbaratava e aplicava sem certeza de que um dia vissemos os lucros fruto das negociatas que acabaram mais por enriquecer os mesmos. E prejudicar a mesma maioria de sempre. Mas ainda assim, existem prioridades e prioridades entre os vá-
rios projectos em carteira. Algumas são pela força da necessidade da sua implementação e outras pela excentricidade que carregam. É por algumas não estarem entre as verdadeiras prioridadedes que se rejeitou o nascimento do famoso Bairro dos Ministérios. E é assim que a sociedade, uma vez mais, rejeita o surgimento de um centro odontológico que custa mais do que muitos projectos que iriam beneficiar uma maioria. Do mesmo modo que não havia condições políticas, morais e financeiras para se avançar com os sumptuosos edifícios que iriam ornamentar partes da Chicala, acreditamos também não existirem para que se avance com a excentricidade de um centro odontológico com os digitos mencionados. O mesmo diríamos em relação à construção de um edifício da Comissão Nacional Eleitoral, agora com os activos que vão sendo recuperados. Um discurso contrário e perigoso foi, nos últimos dias, vendido. Diziam tratar-se apenas de projecções, uma vez que o facto de estar inscrito no Orçamento Geral do Estado não quer dizer que se vá efectivar, o que parece ser um absurdo quando era preferível também sonhar com ideias menos megalómanas, cujas incidências no futuro seriam mais benéficas para o país e para os angolanos. Há quase três anos no poder, o novo inquilino da Cidade Alta já deu mostras de ser um bom ouvinte. Pelo menos é o que transparece das reuniões que vai fazendo com os seus oponentes da UNITA, integrantes de outras forças políticas e até membros da
sociedade civil. É consensual que em pouco tempo recebeu mais do que o seu antecessor. Mas, escreveu um dia Josef Thesing, um estudioso e politólogo alemão, citado no livro A Boa Governação e o Poder Executivo na Constituição de Angola, da autoria do professor angolano Leandro Ferreira, que ‘quer hoje, na época da globalidade, como no futuro, as elites políticas terão que se legitimar através do seu desempenho, através da boa governação’. E no mesmo livro prossegue: ‘será o povo, pelo seu próprio critério, que definirá a concordância com certo governante e até onde lhe convém mantê-lo no exercício do poder’. Durante largos anos, optouse pela premissa de que o ideal a ser entregue ao contribuinte são os projectos “chave na mão” independentemente das especificidades e daquilo que se pensa. Foi assim que foram construídos autênticos elefantes brancos, alguns dos quais nem readaptados Irão funcionar. Os tempos são outros e as acções devem ser também em sentido oposto. Dizia o filósofo político Pierre Joseph Prodhoun que ‘a fecundidade do inesperado excede de longe a prudência do estadista. E que a fecundidade do inesperado excede ainda mais manifestamente os cáculos dos especialistas’. Quem quer que tenha sido o especialista de tal necessidade imperiosa da implantação do centro odontológico, não terá feito muito bem os cálculos. Nem económicos e muito menos políticos. Por isso, não é em vão que muitos aindam acreditam que existam algumas ‘ervas daninhas’ nos corredores do Palácio.
desporto
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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Capitão do Progresso abandona o clube
daniel miguel/arquivo
Por razões financeiras e administrativas, Guilherme Cabuço ‘Celso’ disse que a direcção não tem condições para suportar os desafios da equipa no próximo Girabola (2020/2021)
O
capitão do Progresso Associação Sambizanga, Guiherme Cabuço ‘Celso’ explicou a este jornal as razões que o levaram a deixar o clube que representou durante de 10 anos. Celso, que actua com a camisola número 10, explicou que a formação sambila não tem neste momento condições que
um jogador precisa para seguir com a carreira futebolística. Na qualidade de capitão, o jovem jogador confessou que havia dias em que sentia muita pressão dos colegas e da própria situação que a agremiação atravessa, sobretudo quando perdessem um jogo. Algumas vezes, fruto desta situação, acabava por passar noites sem dormir e acabava totalmente desolado. “Chegou um momento em que me sentia sozinho nesse sentimento de querer ganhar jogos e ajudar o clube a passar por está fase e posteriormente ganhar títulos, porque nem todos os jogadores estavam à altura de lutar por isso. É o que eu sentia”, revelou. Não obstante a desistência da equipa do Sambizanga, que já chegou a vencer uma taça de Angola com o técnico Joaquim Dinis, ele espera que se consiga ultrapassar o mau momento. O Progresso vive uma crise profunda que se agudizou com a saída do presidente Paixão Júnior, que não pretende se recandidatar à liderança da agremiação. “Deixo o o Progresso do Sambizanga com lágrimas nos olhos. Foi difícil tomar essa decisão de sair do clube, mas vou com o sentimento de dever cumprido no que concerne à equipa manter-se no Girabola, o Campeonato Nacional de futebol da divisão”, assumiu.
Agentes desportivos contestam eleições nas federações para 2021 dr
Mário Silva
D
Jean-Jacques da Conceição, candidato a presidente da FAB
epois de o Comité Olímpico Angolano (COA) e as federações desportivas terem decidido suspender o pleito eleitoral para 2021, devido à Covid-19, o antigo poste da Selecção Nacional sénior masculina de basquetebol e candidato à presidência da Federação Angolana da bola ao cesto, Jean Jacques da Conceição, disse não a decisão de se adiar as eleições nas federações. Jean Jacques da Conceição revelou que as federações deviam apresentar ao Ministério da Juventude e Desportos (MINJUD) a intenção de adiar o pleito no momento em que foi emitida a circular sobre a realização das eleições para Setembro.
O antigo craque do basquetebol angolano acrescentou que as federações já tinham conhecimento da circular há mais de seis meses. “Agora que falta a um mês, não podem vir com o argumento de que não há condições sanitárias para a renovação de mandatos”, disse o candidato. Tal como Jean-Jacques da Conceição, o presidente da Associação Provincial de Basquetebol (APB) de Malanje, Mauro Jorge, partilha a mesma opinião e critíca a posição agora assumida. “A posição do COA e das federações não condiz com a verdade desportiva, porque os clubes e associações estão a cumprir com as orientações que o MINJUD decretou”, desabafou
o responsável malanjino, por sinal um dos que espera por mudanças a nque espera mudança dentro da Federação Angolana de Basquetebol. Por sua vez, o comentador desportivo no Cuanza-Sul, Fernando Guia, avançou que não há motivos para dilatar a data das eleições nas federações para o próximo ano. “Mais uma confusão se instala no nosso desporto entre o querer e o não querer. Acho que alguém quer puxar a ‘brasa para a sua sardinha’ e esta decisão neste momento não se encaixa”, analisou. Fernando Guia acredita que a situação pode ser resolvida nos próximos dias para o bem do desporto angolano.
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O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Sagrada garante contratações de “peso” daniel miguel/arquivo
O
Sagrada Esperança da Lunda Norte garantiu o concurso de dois futebolistas oriundos do campeonato português e turco, segundo afirmou à imprensa o técnico da equipa, Roque Sapiri. Pedro Henriques, de nacionalidade brasileira, que na época passada jogou no campeonato turco, e Emanuel de nacionalidade portuguesa, que vestiu a camisola do Feirense, são as duas contratações asseguradas pela formação diamantífera da Lunda-Norte. Além dos dois nomes avançados, o médio da Côte d’Ivoire Savané, exWilliete de Benguela, também foi confirmado como um dos reforços do clube Lunda para a próxima temporada. O Sagrada Esperança, além do Campeonato Nacional de
futebol da I Divisão (Girabola2020/21), vai disputar igualmente a Taça de Angola e as eliminatórias de acesso à Taça da Confederação. O plantel será composto por 27 jogadores, dez dos quais são novas aquisições, entre os quais Karanga (ex-Petro de Luanda), , Jó Paciente (ex- Sporting de Cabinda) e Reginó (ex-Sporting de Cabinda). Sozito (ex- Académica do Lobito), Vitorino e Leonardo, ambos ex- Williete de Benguela, fazem parte do mesmo leque. O início da preparação depende igualmente do levantamento das restrições impostas às actividades desportivas pela pandemia da COVID- 19 que continua a assolar Angola e o mundo. Jiresse, Cabibi, Higino, Titi, Francis, História, Almeida e Guedes foram dispensados pela equipa técnica da equipa lunda.
Propostas por William não convencem D dr
epois de chegar a um acordo económico com William Carvalho, o Leicester não se entendeu com o Bétis sobre os valores para a transferência do internacional português. Segundo o jornal AS, o clube inglês apresentou uma proposta inferior a 20 milhões de euros, valor muito abaixo do pretendido pelos responsáveis do emblema andaluz. Entretanto, também os franceses do Rennes, que terminou a Ligue 1 no terceiro lugar e garantiu a presença na Liga dos Campeões, manifestaram interesse na contratação do médio luso. Da mesma
forma, os valores apresentados não correspondem às expetativas do Bétis. Depois de contratar William ao Sporting, em 2018, por 16 milhões de euros, mais variáveis, o Bétis espera encaixar perto de 30 milhões de euros com a venda do passe do jogador, de 28 anos. Desse valor, uma parte entrará nos cofres de Alvalade, já que os leões ficaram com 25 por cento dos direitos económicos. Inter de Milão, Mónaco e Wolverhampton foram igualmente apontados como potenciais interessados, porém, nenhuma oferta concreta terá chegado aos gabinetes do Bétis.
“Hazard? A camisola do Real Madrid pesa muito”
O
icónico treinador italiano e técnico do Real Madrid por duas ocasiões ao longo da carreira, Fabio Capello, analisou negativamente a temporada de estreia de Eden Hazard na capital espanhola, depois de ter sido contratado por 100 milhões de euros ao Chelsea. “Ficou óbvio que não foi o mes-
“Ficou óbvio que não foi o mesmo jogador do Chelsea. Esteve lesionado durante muito tempo e não se adaptou”
mo jogador do Chelsea. Esteve lesionado durante muito tempo e não se adaptou. Sempre o vi como um futebolista execepcional, mas, sejamos honestos, a camisola do Real Madrid pesa muito e o Hazard desiludiu esta época. Na próxima estará melhor”, augurou o italiano, em entrevista à Marca.
dr
Fabio foi por duas vezes treinador do Real Madrid
classificados emprego
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
imobiliário
Urbanização Vila do Cacuaco
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diversos
TEMPO
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O PAÍS
Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES VÁLIDA DE 27 A 29 DE JULHO DE 2020
Fonte: INAMET
INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGOA E GEOFÍSICA - CENTRO NACIONAL DE PREVISÃO DE TEMPO (CNPT)
Das 18 horas do dia 26 às 18 horas do dia 27de julho de 2020 NORTE: Províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Uíge, Malanje, Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Lunda-Norte, Lunda-Sul: Céu Parcialmente nublado em quase toda a região, apresentando-se nublado durante a madrugada e manhã nas províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Luanda, Bengo, e Cuanza Sul. Possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal em alguns municípios das províncias de Cabinda, Zaire, Uíge, Malanje, Luanda, Bengo, Cuanza Norte e Cuanza Sul.
PREVISÃO DO TEMPO *** 3 DIAS *** PARA AS PRINCIPAIS CIDADES, válida de 27 a 29 de julho de 2020 Data 27/ 07 / 2020
Data 28 / 07 / 2020
Data 29/ 07 / 2020
CIDADE Mín
Máx
Estado do Tempo
Mín
Máx
Estado do Tempo
Mín
Máx
Estado do Tempo
LUANDA
20
29
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
18
29
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
18
28
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
CABINDA
21
27
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
19
28
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
19
27
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
SUMBE
19
27
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
17
27
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
17
26
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
CAXITO
19
30
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
18
30
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
18
29
Nublado pela manhã, Neblina matinal.
MBANZA CONGO
18
29
Nublado pela manhã, Nevoeiro matinal.
18
29
Nublado pela manhã, Nevoeiro matinal.
19
28
Nublado pela manhã, Nevoeiro matinal.
UIGE
15
28
Nublado pela manhã, Nevoeiro matinal.
12
28
Nublado pela manhã, Nevoeiro matinal.
12
27
Nublado pela manhã, Nevoeiro matinal.
NDALATANDO
15
29
Parcial nublado à pouco, Nevoeiro matinal.
12
28
Pouco nublado, Nevoeiro matinal.
12
27
Pouco nublado, Nevoeiro matinal.
MALANJE
12
29
Parcial nublado à pouco, Nevoeiro matinal.
12
29
Pouco nublado, Nevoeiro matinal.
12
27
Pouco nublado, Nevoeiro matinal.
DUNDO
18
32
Parcialmente nublado à pouco.
17
31
Pouco nublado.
18
31
Parcialmente nublado.
SAURIMO
13
29
Parcialmente nublado à pouco.
13
29
Pouco nublado.
12
29
Pouco nublado ou limpo.
BENGUELA
17
28
Parcialmente nublado pela manhã, Neblina matinal.
17
28
Parcialmente nublado pela manhã, Neblina matinal.
17
28
Parcialmente nublado pela manhã, Neblina matinal.
HUAMBO
03
24
Geralmente limpo.
05
25
Geralmente limpo.
03
24
Geralmente limpo.
CUITO
06
26
Geralmente limpo.
05
26
Geralmente limpo.
05
26
Geralmente limpo.
LUENA
09
27
Geralmente limpo.
08
27
Geralmente limpo.
08
27
Geralmente limpo.
LUBANGO
08
26
Pouco nublado ou limpo.
10
27
Geralmente limpo.
09
26
Geralmente limpo.
MENONGUE
09
26
Geralmente limpo.
05
25
Geralmente limpo.
08
26
Geralmente limpo.
MOÇÂMEDES
15
29
Parcialmente nublado pela manhã, Neblina matinal.
15
28
Parcial nublado à pouco.
14
28
Pouco nublado, Nevoeiro matinal.
ONDJIVA
09
28
Geralmente limpo.
10
27
Geralmente limpo.
09
27
Geralmente limpo.
Os Meteorologistas: José Cachimbuandungue e Lutuima Domingues
REGIÃO CENTRO: Províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico Céu geralmente limpo em quase toda a região, apresentando-se parcialmente nublado na província de Benguela durante a manhã. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província de Benguela. REGIÃO SUL: Províncias do Namibe, Huíla, Cunene e Cuando Cubango: Céu geralmente limpo em quase toda a região, apresentando-se parcialmente nublado na província do Namibe durante a manhã. Possibilidade de ocorrência de neblina matinal em alguns municípios da província do Namibe
Luanda, 26 de julho de 2020
Aeroporto Internacional 04 de Fevereiro, Rua 21 de Janeiro – Tel.: 949320641 – Luanda. Site: http://www.inamet.gov.ao; emails: geral@inamet.gov.ao / geral.inamet@angola-portal.ao
TEMPO no mar
Fonte: INAMET
BOLETIM METEOROLÓGICO PARA A NAVEGAÇÃO MARÍTIMA
3. DESCRIÇÃO SINÓPTICA DAS 18:00 TU DO DIA 26/07/2020 ÀS 18:00 TU DO DIA 27/07/2020.
INSTITUTO NACIONAL METEOROLOGIA E GEOFÍSICA – INAMET 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIADE26 DE JULHO DE 2020: Centro Nacional de Previsão do Tempo
Circulação moderada á fresco de Sul-sudeste entre os paralelos 4°S à 18°S (Cabinda à Namibe). METEOROLÓGICO PARA NAVEGAÇÃO 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉBOLETIM AS 18:00 TU DO DIA 27ADE JULHOMARÍTIMA DE 2020: 1. SITUAÇÃO GERAL ÀS 18:00 TU DO DIA 26 DE JULHO DE 2020: Circulação moderada á fresco de Sul-sudeste entre os paralelos 4°S à 18°S (Cabinda à Namibe). 2. PREVISÃO VÁLIDA ATÉ AS 18:00 TU DO DIA 27 DE JULHO DE 2020:
REGIÃO
ESTADO DO TEMPO
VENTO
(ATÉ 200 MILHAS DA COSTA)
ALTURA DA ONDA (METROS)
ESTADO DO MAR
VISIBILIDADE HORIZONTAL (KM)
DIRECÇÃO FORÇA (KT)
Cabinda (4°S – 6°S)
Neblina
Zaire, Bengo, Luanda e Cuanza-Sul (6°S – 12°S) Benguela (12°S – 14°S)
Neblina
Parcialmente nublado
Namibe (14°S – 18°S)
Parcialmente nublado
SulSudeste
05 à 12
Até 1.5
Agitado
Fraca (Inferior a 6)
SulSudeste
Até 13
Até 1.7
Agitado
Fraca (Inferior a 6))
SulSudeste
Até 17
Até 1.8
Agitado
Fraca a moderada (Superior a 6)
SulSudeste
Até 18
Até 1.9
Agitado
Fraca a moderada (Superior a 6)
O anticiclone de Santa Helena com a pressão central de 1030hPa, desloca-se para sudeste do continente africano, influenciando o padrão e a intensidade do vento nas próximas 24 horas. Assim, prevê-se estado do mar agitado para a região marítima de Cabinda à Namibe com ondas máximas até 1.9 metros de altura. Prevê-se visibilidade fraca durante a madrugada e manhã nas regiões marítimas de Cabinda,Zaire, Luanda, Bengo e Cuanza Sul, devido a possibilidade de ocorrência de nevoeiro ou neblina matinal.
4. CARTA DO VENTO MÁXIMO E DA ALTURA DA ONDA MÁXIMA PREVISTA
Os contornos a cores indicam a altura máxima da ondulação e os contornos em tom cinza indicam os possíveis incrementos das vagas devido à influência do vento local.
OPINIÃO
O PAÍS Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
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Elisabete de Ceita Vera Cruz*
Filhos de um deus menor Maio, 27
U
m pouco por todo o mundo, entre efemérides nacionais e internacionais, existem datas que carecem da referência ao ano. Dito de outro modo, são datas que, por força da sua importância, passam a fazer parte da história, passam a integrar o leque de datas e efemérides assinaladas anualmente. Elas representam, significam, simbolizam e são alvo de festejos, de condenações mas, em ambos os casos, de memória – é o lastro da memória e o que dela se faz, que as torna (às datas) perenes. No nosso caso, tomemos como exemplo o 11 de Novembro, a mais importante efeméride-festejo nacional (pelo menos para mim), cuja celebração me deixa “encucada” por ser pouco reverenciada entre-portas – não entendo, mas não entendo mesmo, o motivo por que os presidentes da República (o anterior e o actual) não participam da cerimónia anual alusiva à data!!! Esta questão da importância das datas é relevante porque, no calendário das efemérides – e se nos ficarmos pelas nacionais –, elas representam mais do que uma data, representam o país ele próprio. Existe uma data que, não integrando o calendário oficial de efemérides, não deixa no entanto de existir e de ser assinalada por milhares de angolanos, dentro e fora de portas. Muito pelo contrário. E não se trata de uma celebração. Tal é o caso do 27 de Maio. A sua importância é de tal magnitude que, para falarmos do 27 de Maio, não precisamos de referir o ano. Não se trata de um dia 27, de um qualquer ano. Trata-se não de, mas do (dia) 27 de Maio de 1977. Trata-se de uma data gravada na memória de milhares de angolanos que a viveram, de outros que dela são órfãos, e de ou-
tros ainda que dela ouviram falar, mas pouco sabem. A criada “Comissão de Reconciliação em Memória da Vítimas dos Conflitos Políticos” contempla, entre os referidos conflitos, o 27 de Maio. Esgrimem-se razões, opiniões mas, relativamente ao 27 de Maio, não há consenso. E compreende-se por quê. Compreende-se que os conflitos entre os exércitos dos diferentes movimentos de libertação, e mais tarde entre as forças armadas e os exércitos de dois movimentos/partidos políticos (FNLA e UNITA), tenham sido de natureza (fundamentalmente) militar. Já não se compreende que se queira comparar os conflitos atrás referidos com o 27 de Maio. Compreende-se, sim, que os familiares e amigos das vítimas do 27 de Maio reivindiquem a “distinção” dos
conflitos. E não sei se o 27 de Maio deverá ser incluído na categoria de conflito! O que sei é que o 27 de Maio redundou no assassinato de centenas, milhares (os números estão por apurar) de indivíduos, na sua maioria jovens, alguns ainda adolescentes, pelo Estado angolano. E digo bem, pelo ESTADO ANGOLANO. Tratou-se de um “conflito” entre (o) Estado e (os) civis. Foi o Estado angolano contra angolanos, civis. Não sendo jurista ou advogada, entendo que é aí que está o busílis. O facto de ter sido o Estado o perpretador e, por conseguinte, ser sua a RESPONSABILIDADE dos ignominiosos actos de barbárie cujas feridas continuam por sarar. Entre os que clamam por essa “distinção”, temos os sobreviventes que passaram pelas cadeias e, de entre todos, felizmente que há os incon-
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formados que se batem por que se faça luz e justiça. Que tarda! Estamos em Julho, Maio já lá vai, dirão... Entre retórica e mais retórica, falar do 27 de Maio é dizer que falamos de pessoas, de mulheres e homens para quem o mês de Maio de 1977 não deixou espaço e tempo para julgamentos e perdões! Por isso Maio é um mês triste. Para os católicos, Maio é o mês de Maria. Em Angola, para milhares, significa tristeza, angústia, mágoa, revolta, expectativa. Ainda que não tenhamos tido as Mães da Praça de Maio, como na Argentina, são muitas as mães, pais, filhos – quantos não conheceram os pais! –, avós, netos, tios, sobrinhos, primos, amigos que já não esperam pelos seus entes queridos. Esperam por respostas. E esperam por um pedido de DESCULPAS que só pode vir
do Estado, do Estado angolano. Na verdade só se poderá falar de perdão, depois de um pedido de desculpas. Daí ser importante expurgar, quanto antes, este trauma colectivo, para que a paz habite os nossos corações. Num tempo em que aqui e ali se vai lendo, ouvindo e sabendo de pedidos de desculpas – tardios, é um facto! – em diferentes geografias, contra crimes que são considerados contra a humanidade (tomemos a Bélgica e a Austrália de entre os casos mais recentes), é hora de Angola e os angolanos se reconciliarem e, para isso, os angolanos, o Governo e a aludida Comissão têm que SABER OUVIR, ouvir e dialogar muito particularmente com quem sofreu na pele e com os familiares de quem já não se encontra entre nós – sem excepção e sem medos. Não quis o Governo adoptar a solução sul-africana (Comissão Verdade e Reconciliação), mas não percamos a oportunidade de fazer história, pela positiva. Tão importante quanto preservar essa memória e homenagear as vítimas, é saber que as pessoas sentirão que se fez justiça. A reconciliação passa por que se faça o luto através da assumpção do erro por parte do Estado – acto simbólico e bonito que pode bem acontecer na celebração dos 45 anos da nossa Independência. Desse modo, os que partiram, os que ficaram e as gerações vindouras sentirão que o 11 de Novembro valeu a pena e que a vida é o bem mais precioso a preservar, a começar pelo Estado. O que os angolanos querem é que “amanhã seja outro dia”, o que nos reporta a Chico Buarque, e “O que eu quero” – como muitos, permitome dizer como todos, é cantar esta música lindíssima de André Mingas – é “(...) Falar de amor, de carinho e de paz/(...) a vida ver sorrir/ Ver o por do sol do nosso país/ Tão lindo, tão, lindo (...)”. Não é a primeira vez que escrevo sobre o 27 de Maio, e talvez não seja a última... a ver vamos! *Professora e Investigadora
Última 32 O PAÍS
Segunda-feira, 27 de Julho de 2020
Taxas de Câmbio dos Bancos Comerciais
Sábado à Segunda-Feira, 25 à 27 de Julho de 2020 Taxa de Câmbio Actual Compra
Venda
BANCOS COMERCIAIS
USD/KZ
EUR/KZ
USD/KZ
EUR/KZ
Banco de Crédito do Sul - (BCS)
553,343
638,723
608,279
702,135
Banco de Investimento Rural - (BIR)
553,343
638,723
602,550
695,523
Banco Valor - (BVB)
555,170
641,815
597,831
691,134
VTB África - (VTB)
547,426
634,494
597,110
692,080
Banco Comercial do Huambo - (BCH)
571,116
659,239
596,689
688,757
Banco Yetu - (YETU)
553,343
638,723
593,795
688,744
Banco de Fomento Angola - (BFA)
552,956
640,903
583,369
676,153
Banco de Poupança e Crédito - (BPC)
541,897
628,085
582,816
674,230
Banco de Negócios Internacional - (BNI)
541,897
628,085
582,263
674,871
Banco Comércio e Indústria - (BCI)
547,227
634,263
580,803
673,179
Banco Caixa Angola - (BCGA)
558,876
645,110
579,085
668,437
Banco Económico - (BE)
558,766
644,982
578,437
667,689
Finibanco Angola - (FNB)
541,897
628,085
577,839
669,744
Banco Angolano de Investimentos - (BAI)
564,077
653,793
575,589
667,136
Banco BIC - (BIC)
549,193
633,933
575,477
664,272
Banco da China Limitada - Sucursal - (BOCLB)
531,209
613,174
575,477
664,272
Banco Keve - (BKEVE)
542,276
625,949
575,477
664,272
Banco BAI Microfinanças - (BMF)
557,145
645,642
575,297
666,678
Banco Prestígio - (BPG)
550,468
638,019
575,074
666,539
Banco Sol - (BSOL)
547,426
634,494
575,074
666,539
Banco Comercial Angolano - (BCA)
550,981
638,918
573,131
664,603
Standard Bank Angola - (SBA)
552,956
640,903
572,309
663,335
Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA)
550,582
637,452
572,129
671,675
Standard Chartered Bank Angola - (SCBA)
536,853
619,689
570,054
659,112
Banco Millenium Atlântico - (ATL)
550,191
637,698
569,545
660,130
Banco Kwanza Invest - (BKI)
540,514
626,483
564,015
653,721
Taxa Média dos Bancos Comerciais
550,043
636,438
581,135
672,883 Fonte: BNA
Caso necessite de moeda estrangeira, dirija-se sempre aos bancos comerciais ou às casas de câmbio autorizadas. Não realize operações de compra ou venda de moeda estrangeira na rua/mercado informal, pois tal acarreta muitos riscos e é ilegal.
Imunidade à Covid-19 dura poucos meses, diz estudo britânico
U
m estudo realizado pela King’s College de Londres, no Reino Unido, mostrou que a imunidade ao novo Coronavírus (Sars-CoV-2) pode durar apenas alguns meses, com um risco de uma nova contaminação. Os resultados foram divulgados pelo jornal “The Guardian”.
Coronavírus pode agir como aquele que causa a gripe comum em que, ano após ano, é possível ser infectado novamente. A hipótese ainda precisa de novos testes para a comprovação, mas deve ser levada em consideração.
Três meses depois da contaminação, apenas 17% daqueles que contraíram o vírus ainda apresentavam a mesma potência de resposta imunitária. Em alguns casos, os contaminados não apresentavam nenhum tipo de reação.
Em entrevista ao jornal britânico, a responsável pelo estudo, Katie Doores, afirma que, se comprovados, os resultados mostram que também no caso de uma futura vacina isso pode acontecer. “Se a infecção gera níveis de anticorpos assim limitados pelo tempo, também a duração do efeito da vacina terá uma duração limitada. Assim, as pessoas precisarão de tomar reforço”, destacou Doores. Ou seja, é muito provável que apenas uma dose da vacina não seja suficiente para a protecção. Apesar de percentuais bem diferentes, um estudo feito em três etapas pela Espanha para avaliar o nível de exposição dos cidadãos à Covid-19 também mostrou que 14% dos mais de 68 mil testados não tinham mais nenhum tipo de resposta imunológica entre o primeiro e o terceiro testes.
Assim, as conclusões dos cientistas mostram que o novo
ANSA
A pesquisa analisou casos de cerca de 90 pessoas, entre pacientes e funcionários, de dois hospitais de Londres que testaram positivo para a Covid-19. A análise laboratorial mostrou que os níveis de anticorpos atingem o máximo cerca de três semanas após a infecção e começam a diminuir gradativamente, enfraquecendo assim a resposta do corpo.