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EVENTOS
from ABAV EXPO 2022
EVENTOS EM ALTA: SEGMENTO RETOMA O PASSO E REGISTRA DADOS POSITIVOS EM 2022
Responsável por mais de 4% do PIB brasileiro, um dos segmentos mais afetados pela pandemia e um dos últimos a retornar, o setor de eventos tem se mostrado um tanto quanto resiliente. Se entre 2020 e 2021, o setor deixou de faturar pelo menos R$230 bilhões, de acordo com a Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), no momento, o segmento dá sinais positivos de retomada.
Segundo a Abrape, cerca de 530 mil eventos – entre shows, festas, feiras, congressos e eventos corporativos - deixaram de ser realizados em 2021, mas a expectativa é que até dezembro, 590 mil eventos sejam realizados em todo o Brasil.
Um levantamento feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) constatou que o setor de turismo que organiza e promove diversos eventos nacionais e internacionais é responsável pela movimentação média, anual, de R$ 300 bilhões, com mais de 6 milhões de profissionais envolvidos e 310 mil empresas atuando no mercado brasileiro.
Um outro dado coletado pela pesquisa foi que cerca de 25,3% dos turistas que visitam o país estão em busca de negócios. “O Brasil é um excelente destino para a realização de eventos e tratativas de bons negócios. Claro, além dos meios para promover a comercialização, não podemos deixar de citar as diversas opções de lazer, cultura e recursos naturais que possuímos”, afirma Alexandre Sampaio, presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA).
“Quando você observa o cenário total, a maioria das pessoas viajam por lazer apenas durante as férias escolares ou em períodos quentes como o verão. Diante disso, o turismo de negócios e eventos é uma oportunidade para manter o equilíbrio entre a demanda e a oferta ao longo do ano todo. Independentemente das condições climáticas e períodos de férias, é possível realizar viagens com finalidades empresariais e manter, assim, a economia estimulada”, conclui Sampaio.
Foto: teksomolika, freepik
RETOMADA PRESENCIAL
Após as flexibilizações da pandemia e o avanço da vacinação no País, os eventos, que antes estavam sendo realizados de forma 100% online ou híbrida (uma modalidade que ainda permanece em alta), puderam voltar ao seu formato presencial e sem a necessidade de protocolos especiais.
A Abrape, junto com o Sebrae Nacional, realizou entre março e abril, uma pesquisa inédita que revelou que 56% das empresas do setor já voltaram a atuar normalmente após o longo de período de paralisações e restrições por conta da pandemia, enquanto 36% retomaram as atividades parcialmente e 8% ainda sofrem com as consequências da crise.
Em abril, o Ministério do Turismo também revelou que o número de eventos marcados para 2022 quase se quadruplicou em dois meses. O Calendário Nacional de Eventos do Ministério do Turismo já contabilizava mais de 740 eventos a serem realizados em 2022, quase o quádruplo com relação às 200 atividades registradas em fevereiro.
Os estados com maior número de atrações cadastradas são São Paulo (149), Rio de Janeiro (72), Amazonas (59), Rio Grande do Sul (53), Bahia (45), Minas Gerais (43) e Tocantins (41). Desses eventos confirmados, quase 80 eventos aconteceram nos feriados de Páscoa e Tiradentes, provando que as datas festivas e altas temporadas tem impulsionado ainda mais o segmento.
DEMANDA AQUECIDA
Além do seu próprio crescimento, o setor de eventos ainda movimenta outras indústrias, entre elas, principalmente, o turismo e toda sua cadeia. O hub setorial do segmento no País abrange 52 áreas, entre elas hospedagem, aviação e agências de turismo. “É fundamental que se pontue o quanto as empresas de eventos movimentam a economia, geram empregos e têm capacidade de fazer ainda mais”, ressalta o empresário Doreni Caramori Júnior, presidente da Abrape
Por exemplo, somente o Centro de Convenções de Salvador tem quase 70 eventos previstos para este ano, com uma expectativa de público superior a 140 mil pessoas. O São Paulo Expo é o espaço que mais recebe eventos no Brasil, de acordo com a GL Events. O Distrito Anhembi recebeu somente no primeiro trimestre deste ano mais de 100 solicitações em busca de espaço na agenda para realização de eventos presenciais no local.
Os eventos corporativos também guiam esta recuperação. De acordo com a pesquisa “Tomada de Informações — Impacto Coronavírus em Viagens e Eventos Corporativos”, produzida pela Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (Alegev), 43,67% dos gestores de eventos afirmaram estar desenvolvendo encontros presenciais em 2022.
SETOR ENFRENTA DIFICULDADES, MAS SEGUE CRESCENDO
Para a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Fátima Facuri, o ano de 2022 tem sido um ano de recuperação surpreendente, com força total. “Após um 2019 repleto de excelentes perspectivas e de um hiato de dois anos, entramos em 2022, sem dúvida alguma, cautelosos. Eram, e ainda são, inúmeros desafios a serem solucionados, como a perda de mão de obra especializada; o aumento da matéria-prima, dos serviços de transportes e outros; e o calendário dos espaços ainda está se adequando à nova realidade. Além disso, muitas empresas lutam pela sobrevivência, para cumprirem seus contratos e se manterem adimplentes. Há quem pegou empréstimo para não fechar as portas e enfrenta hoje taxas absurdas que podem chegar de 13,5%. E ainda existe o ônus trabalhista: hoje, para trabalhar em eventos, é necessário optar por contratos intermitentes ou por tempo determinado, encarecendo a prestação de serviços”, explicou Fátima.
“Mesmo assim, apesar de todas essas dificuldades, a retomada lenta e gradual esperada se transformou em surpresa, pois voltamos com força total com o apoio de expositores e do público visitante. Essa é a prova de nossa importância para a economia do País. O turismo de negócios está pronto para assumir esse papel de protagonista. E nós, enquanto entidade representativa das empresas de organização e de outros segmentos que compõem esse vasto mercado, continuamos lutando pela regulamentação de medidas trabalhistas e econômicas que possibilitem essa ascensão gradativa, mas vigorosa”, completou a executiva.
De acordo com a Abrape, o intenso movimento do segmento é influenciado por dois fatores, a retomada do setor após a pandemia e o desejo das pessoas de consumir cultura e frequentar eventos. “Neste segundo semestre tivemos grandes eventos como a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos e o Rock in Rio, que simbolizam a retomada. No entanto, há desafios. O aquecimento do setor ainda não resultou na recuperação
Foto: jannoon028, freepik
dos lucros das empresas do setor. O cenário é positivo, mas ainda há obstáculos: como a manutenção do padrão, que tem exigido um custo muito maior, já que o setor não demandou por dois anos e os profissionais precisaram se realocar para outras atividades”, finalizou Doreni Caramori, presidente da Abrape.
Uma iniciativa inédita realizada em parceria entre a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos – ABRAPE e o Sebrae Nacional aponta quais são os impactos econômicos do segmento de eventos de cultura e entretenimento no país. Intitulado Programa de Estudos Sócio-Organizacionais do Setor de Eventos (PESO), o estudo apresenta um diagnóstico socioeconômico, uma análise de cenários e faz um mapeamento de oportunidades para as empresas da área.
CONFIRA ALGUNS DADOS:
72,5% das empresas utilizam voos nacionais e internacionais para viabilizarem seus eventos. Dessas, 27,5% registram um fluxo anual entre 50 e 100 trechos (unidades de passagem) e 24,2% entre 50 e 100 trechos;
O índice de empresas que utilizam hospedagens para eventos é de 81%, com um gasto médio anual de R$ 16 milhões;
47,1% das empresas de eventos utilizam de vendas virtuais de ingressos, o que representa uma movimentação anual de R$ 601 milhões nas transações por plataformas digitais;
59,5% tem contratos com seguradoras (principalmente para patrimônio, veículos e seguro pessoal), com um valor aproximado investido anualmente em seguros de R$ 4,1 bilhões.