5 minute read

Remando contra a maré! Trimestre positivo

Roy Taylor

É difícil trabalhar com o Turismo no Brasil. Embora saibamos que outras grandes atividades, como o próprio agronegócio, têm uma participação bem maior no PIB brasileiro, as cabeças pensantes que lideram o executivo e o legislativo infelizmente não conseguem entender a devida importância da nossa indústria. Apesar de ultimamente termos tido motivos suficientes para comemorar medidas que auxiliam o desenvolvimento do setor, como a própria aprovação do IRRF reduzido para as remessas ao exterior, que desafoga os setores das agências, operadoras e cruzeiros, só a gente, do trade, sabe das dificuldades que temos que passar diariamente para movimentar esta indústria limpa e sustentável, capaz de movimentar mais de 50 atividades da economia direta ou indiretamente.

Milhares de líderes do nosso setor já cansaram de repetir as mesmas frases e índices. Que o setor gera 1 a cada 4 empregos no Brasil. Que o Turismo é uma indústria sem chaminé. Que somos o presente e o futuro… Mas quem verdadeiramente nos escuta? Pouco tempo depois de celebrarmos a redução do IRRF, uma verdadeira batalha, recebemos com receio e desapontamento a decisão do presidente Lula de voltar a exigir vistos para turistas norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses. Em nome da

TURISMO EM DADOS reciprocidade, demos um passo atrás justamente no desenvolvimento deste nosso setor que enfrenta diversos percalços para celebrar vitórias.

A decisão será péssima para as pretensões do país de receber cada vez mais estrangeiros. Enquanto nós, brasileiros, continuaremos pagando o que for e esperando anos numa fila para tirar um visto para os Estados Unidos, o norte-americano, assim que souber que voltamos a dificultar sua vinda para o Brasil, vai rapidamente mudar os planos e preferir destinos tão bonitos quanto o nosso para visitar. Já era difícil disputar com os belos destinos do Caribe mesmo sem o visto. Imagina agora? Se já não bastasse a distância geográfica, agora temos mais um impeditivo para receber estes turistas.

É só se colocar no lugar do norte-americano, por exemplo. Ele vai preferir visitar uma ilha no Caribe, sem a necessidade de visto e bem mais perto de sua casa, ou pagar centenas de dólares para conseguir um visto e ainda viajar muito mais horas para chegar ao Brasil? E tem mais. Nossos vizinhos sul-americanos, como Chile, Colômbia, Peru e Argentina, não exigem visto dos cidadãos norte-americanos. Ou seja, nossa concorrência, que já é grande, pode ficar ainda maior.

Seguiremos remando contra a maré!

Roy Taylor é presidente do Mercado & Eventos

Natalia Strucchi

O primeiro trimestre do ano está chegando ao fim e o momento pelo qual todos nós estávamos ansiando, de fato chegou! Não restam mais dúvidas que deixamos os impactos da pandemia no passado. Vemos isso não só em nossa rotina diária, mas também nos números oficiais. Sim, temos que celebrar os dados divulgados pela Polícia Federal que mostram o recorde no recebimento de turistas estrangeiros em janeiro (veja os detalhes no gráfico da matéria abaixo).

Mais de 868,5 mil turistas estrangeiros visitaram o Brasil no primeiro mês de 2023. O número é o melhor dos últimos quatro anos, superando em 14,7% os índices pré-pandemia, quando cerca de 756,8 mil visitantes estrangeiros entraram no país. Quando comparado ao mês anterior, dezembro, o número mais do que dobrou, chegando a uma alta de 109%.

Esse bom momento que o setor turístico vive também ficou explícito durante as grandes feiras da Europa, que contaram com a cobertura completa do M&E (você confere entre as páginas 13 a 21). Tanto a BTL quanto a ITB registraram grande participação dos destinos brasileiros, muitos com estandes próprios. A ideia é ampliar a divulgação dos nossos atrativos para atrair ainda mais europeus para cá.

Em Portugal, por exemplo, além do estande da Embratur, que foi o grande destaque do Pavilhão 4, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Pará, Búzios e Fortaleza tiveram estandes próprios. Na Alemanha, vale destacar que recebemos o prêmio de melhor expositor da América Latina & Caribe nesta edição. O estande do Brasil foi eleito pela estrutura prática, pela autenticidade da culinária oferecida durante os três dias de evento, por ter uma equipe muito gentil e por ser um estande engajado em captar cada vez mais turistas.

Claro, não há dúvidas quanto a nossa infinidade de atrativos e a capacidade do brasileiro de bem receber quem por aqui chega, por isso temos que seguir avançando em termos de promoção e medidas que auxiliem todo o setor. A contar pelos resultados do primeiro trimestre, não tenho dúvidas que 2023 será um grande ano para o Turismo. Se em 2022 nós recebemos mais de 3,63 milhões de turistas internacionais (número quase cinco vezes maior em relação a 2021), neste ano temos tudo para superar essa marca. Avante, Turismo!

Natália Strucchi é jornalista, pós-graduada em Relações Internacionais e diretora de Redação do M&E

Brasil recebe mais de 868 mil turistas e supera pré-pandemia em janeiro

Para que os números continuem assim, é preciso fazer um trabalho bem feito. “E o Brasil ganha com isso. Estes 6 milhões de turistas é um mistério, ninguém nunca sabe direito de onde eles vem, quem é que vem, porque nunca tivemos uma gerência de dados qualificados como a que temos agora, sem falar na gerência de sustentabilidade, de ação climática, de inteligência, então trouxemos as melhores pessoas do mercado numa maneira muito estratégica dentro da Embratur e acho que os resultados vão aparecer como fruto deste trabalho”, finalizou Freixo.

GASTOS DE ESTRANGEIROS

No mês de janeiro, os estrangeiros gastaram no país US$ 604 milhões, informou o Ministério do Turismo a partir de boletim estatístico do Banco Central. O valor representa alta de 3,8% na comparação a janeiro de de 2020, período pré-pandemia, quando foram gastos US$ 582 milhões. Em relação a 2022, o crescimento chega a 43,5%.

O Brasil recebeu 868.587 turistas estrangeiros em janeiro, de acordo com dados da Polícia Federal. O número equivale a 100 mil visitantes a mais em comparação ao mesmo mês nos anos de 2019 e 2020, antes da pandemia. Em 2019, foram 756.883 turistas estrangeiros e, em 2020, 750.457. Em relação a dezembro do ano passado, o crescimento foi de 109%, quando ingressaram 414.752 visitantes do exterior.

Conforme a análise da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), o país teve uma recuperação lenta diante da média internacional. A Embratur estima que mais de 1,28 milhão de visitantes estrangeiros passarão pelo país até o fim do mês de março. A maioria procedente da Argentina e dos Estados Unidos, além de portugueses, chilenos e italianos. Os principais destinos são Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, Curitiba e Brasília.

“Os números são realmente muito animadores, sinal de que estamos lendo corretamente o que está acontecendo. O novo momento do Brasil nos faz dialogar com o mundo de outra maneira”, celebrou Marcelo Freixo, presidente da Embratur. “O Brasil voltou, somos o país da democracia, da responsabilidade climática, do desenvolvimento sustentável, que valoriza sua cultura, que respeita suas leis e a liberdade, e isto tem um impacto no mundo inteiro. O mundo quer esse Brasil”, completou. Freixo destacou ainda que os números referentes a janeiro mostram a expectativa do mundo para com o Brasil. “Estamos estudando muito os caminhos, os números, tudo que tem que ser feito dentro da Embratur. E o mundo agora quer visitar este Brasil que se apresenta novamente. A reconstrução do Brasil passa pela imagem e é isso que estamos fazendo na Embratur, segmentando assim a mensagem correta para perfis diferentes de turistas. Criamos uma equipe técnica e estamos no caminho certo, num momento adequado”.

This article is from: