ritmos
#02fevereiro2015
tema do mĂŞs: ritmo
Me prende, me força, me roda, me encanta Me enfeita num beijo {maria rita}
=)
oba! mais uma edição recheada de amor e dedicação, não só da minha parte, mas dos meus queridos amigos também! primeiro, quero agradecer a todos que leram a edição passada. eu já ia continuar o projeto, mas ver a repercursão que teve, foi motivador e me deixa muito mais feliz em fazer mais uma edição. Bom, esse mês o tema é ritmo: não somente aquele que vem do som dos instrumentos e sim o da vida: ah, esse ritmo é difícil de controlar, viu... eu mesma tenho dificuldade em conciliar as minhas emoções com a rotina, que por vezes é exaustiva. mas, quero que nessa revista você sinta que todos os ritmos são bons, mesmo que canse: isso é viver. e se prepara que esse mês o ritmo tende a ficar mais intenso: é carnaval, ó meu amor! enfim, espero que goste da edição desse mês e que a Liberté continue surpreendendo e fazendo sentido. Beijos, mel.
nessa edição tem: Luis paulo fernandéz; ricardo costa. e sempre tem: eric mudo; erika ostorari; du, hell e théo; Jade meneguel; maria clara Vieira; marina costa; Yane reis. projeto Gráfico: melissa costa.
Sumรกrio
foto:eric mudo
Se ache
leia na ordem ou procure o que mais te interessa. 06 Ao fazer planos, conte-os aos seus pés 14 Ritmo leve 16 Dá um pause, Lp! 20 Fala, Clara 21 Diz aí, Jade 22 Inspira, expira 26 Ritmo dos fios 28 Conta, Yane 29 Coisas de Boing 30 Dias de Théo
Ensaio
ao fazer planos, | fotos por eric mudo |
conte-os aos seus pĂŠs
eric mudo é fotógrafo e atualmente faz faculdade de cinema. ele tem experiência com vídeos também. confira seu trabalho em: flickr.com/ericmudo
Produtos
ritmo leve ah, o verão e os vestidos... todo o ritmo da leveza dos tecidos e cores. aqui vai uma compilação dos panos que embalam meus dias acompanhado do meu poema preferido.
foto: mel costa
Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar Olhou-a dum jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar Então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar E cheios de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou E foi tanta felicidade que toda a cidade se iluminou E foram tantos beijos loucos Tantos gritos roucos como não se ouvia mais Que o mundo compreendeu E o dia amanheceu em paz. [Vinícius de Moraes e Chico Buarque]
Ritmos
DĂ UM p L , e s U pa | texto e ilustra por mel costa|
eM UMA CONVeRSA RÁPIdA, VOCÊ VAI eNTeNdeR O PORQUÊ dO TÍTULO
luis Paulo ferNaNDÉZ, 22 aNos, mais CoNHeCiDo Como lP, CoNta Pra GeNte, Num PaPo ráPiDo um PouCo Do seu ritmo aCeleraDo: ele É DesiGNer, freelaNCer e BaiXista Na BaNDa offset. ufa!
mel: como que você define sua rotina diária? Lp: meus dias são bem cheios, trabalho, banda, freelas, academia, ... Só paro para dormir. então poderia definir minha rotina como bem corrida. mas você curte essa correria toda? Sim, às vezes é difícil assumir tantas responsabilidades ao mesmo tempo, mas gosto da correria, monotonia cansa. e entre design e música: tem algum lado que fala mais alto? eu faço a parte visual da minha banda então na verdade os caminhos se cruzam, a arte é uma só, mas expressadas de formas diferentes. e você acha que conseguiria desvincular uma arte da outra? Acho que hoje não mais. fotoS: ArquiVo peSSoAL
mas dá para viver só de música ou só de design? Sim, claro, mas são duas coisas que gosto muito e me sentiria muito mal se tivesse que abandonar uma delas. e você acha que o condicionamento físico melhora seu desempenho nas duas atividades? claro, ajuda na postura, deixa mais disposto e ajuda no psicológico. todos os dias corro uns 30 minutos, relaxa, faz esvaziar a cabeça. o que você gosta de fazer quando tem um tempinho livre? ouvir um novo cd, conhecer uma nova banda, ver um filme, dormir. (risos) nossa, mesmo no seu tempo livre você não pára! (risos) você se considera um “workaholic”? não é trabalho quando vc faz o que gosta. qual o próximo plano para essa sua vida dupla? não sei, minha vida é improvisada, um passo de cada vez. o que você acha que é preciso para manter esse ritmo acelerado de vida que você tem? pra manter o ritmo, faço o que gosto, então o ritmo não cansa, não é algo que sou obrigado.
Fala, Clara
Pulsação Se eu pudesse, te faria um texto sonoro, rimado, ritmado, infinito, compassado, até um pouco aflito, apressado e agitado, que seguisse o vai e vem da sua mente navegante inconsequente em constante fluido. Seria um texto poema, um texto problema, um texto dilema, saído doído, escrito à pena, salvador da nossa poesia lenta, nosso segredo, nosso sussurro, nosso momento. Sorte nossa. Só isso bastava. Depois daquele abraço amassado (que de sutil só tinha você) o tempo tombou, o tempo acabou. Tempo batido. Eu abatida. Você indeciso. Relógio ingrato. Passado boiando no limbo. Queria passá-lo a limpo, você, problema, texto, poema, e começar tudo numa folha nova feita de vida amena. Vida serena. Que seja linda, mesmo que doa. Amém. Amêndoa. Mas eu dizia... Sim, eu dizia. Que queria um texto com palavras bonitas compondo uma melodia suave, meio sua, meio minha. Isso te soa uma música boa? Meu texto seria um convite, um recado ousado, um delírio, um palpite, uma proposta amigável. Um bilhete esquecido no fundo do
Maria Clara Vieira é formada em jornalismo pela USP e é reporter na revista Crescer
armário. E tudo isso porque já nem lembro quem eu era antes de partir. Partir ao meio, partir pra longe. Parir. Pra rir. Pra ir. Com você. Eu bem podia não ter te encontrado. Os olhos podiam não ter se cruzado. Só que assim foi, assim está, aqui estamos,rodando rodando rodando, há meses, tontos, rodando, num salão vazio. Que esse texto seja ao menos a canção que nos embala o baile. Um dois três, um dois três, um dois três, um dois três. Não adianta fingir. O trilho existe, o som persiste, o trem sem freio insiste, desce ladeira abaixo, faz rebuliço, estardalhaço. Sente: é sua vez de ser suave. Agora que estou tão cansada quero colo, cama e calma. Minha música se afasta, fica distante. Texto cansado, texto ofegante. Pulsação baixa. Coração falindo, indo, rindo. E eu dizia. Ah, eu dizia! Que você bem podia não ter surgido, não ter ficado, não ter gostado. Mas sem você... Sem você eu já não sei o que seria. Eu não teria texto, eu não teria motivo, eu não teria ritmo. Sonho sim e sonho muito. Então segue a vida que pulsa.
Diz aí, Jade
Diversifique seu ritmo Uma das coisas mais entediantes que pode acontecer com o ser humano é ele ficar acomodado. E podem me julgar, mas os brasileiros adoram fazer isso. Deixa eu me explicar melhor com um simples exemplo... Sabe quando você sonha com aquele emprego maravilhoso mas acaba aceitando uma proposta de trabalho completamente diferente? Isso acontece o tempo todo e é completamente normal. O que não é normal, é depois de cinco anos você ainda estar neste mesmo emprego, que você nem imaginava, porque está indo tudo muito bem, você foi promovido, está ganhando legal e o que aconteceu? Você ficou acomodado! Pronto, cadê aquela perspectiva de vida que existia alguns anos atrás? E agora? Você vai deixar de lado o que já está certo para tentar começar tudo de novo? Sim! É claro que sim! Afinal, você não foi predestinado a fazer uma única coisa na sua vida, não é mesmo? Rotinas do dia-a-dia, os mesmos locais de passeio todos finais de semana, o mesmo grupo de amigos, a mesma refeição… E aí, que tal mudar de ritmo? Mudança faz bem para todo mundo, por isso amamos viajar. Conhecemos novas culturas, no-
jade meneguel é formada em design gráfico pela belas artes e escreve em seu site: jademeneguel.com
vos lugares, novos aromas, diversas texturas, sons diferentes, sabores incomuns e tudo é uma delícia, ou pelo menos diferente, e nós adoramos essa sensação porque saímos da nossa zona de conforto e do que estamos acostumados. O ritmo também está presente em nossas funções motoras e frequências biológicas. Respiramos e piscamos na maioria das vezes sem ao menos perceber, e nosso batimento cardíaco está sempre funcionando porque já desenvolvemos e aperfeiçoamos essa habilidade rítmica. O ritmo é fundamental para nossa qualidade de vida não só para nossas funções internas como para as externas. Por isso praticamos esportes, aulas de dança, somos músicos, artistas, professores e nosso objetivo é desenvolver nosso ritmo natural para a descoberta do nosso próprio estilo. Portanto, quanto mais ritmo em sua vida, melhor! Vou terminar esse texto com um ditado para inspirar todos os leitores a buscarem um novo ritmo em sua vida para sair da zona de conforto. A frase é do expert em bem-estar, Fred Devito: “O que não te desafia, não te transforma”.
Ritmos
inspira, expira | texto po r mel costa fotos arquivo pessoal e eric mudo|
Entre um ensaio e outro, a rotina o consome sem dó. Afinal, quem disse que a vida seria fácil? É preciso batalhar. Não só de música vive Ricardo, ele trabalha também com publicidade: uma área conhecida pelas intermináveis horas extras e total devoção ao escritório. Vivendo num ritmo turbulento assim, é normal o estresse, mas o essencial ele já sabe: não importa o quanto a vida exige de você, é sempre necessário cuidar bem de quem você gosta, elas te ajudam a suportar esse ritmo. Escrever esse texto é particularmente complicado, não consigo ser imparcial… Ricardo faz parte do meu ritmo de uma maneira especial. As vezes penso que ele é três: o publicitário que cumpre sua frenética rotina em uma das maiores agências do Brasil; o músico engraçado que toca em casamentos e festas, com uma cartola e óculos enormes e, por fim, mas o mais importante, o meu pai.
Sabores
ritmo dos fios uma receita rÁpida, prÁtica e ritmada: não precisa abrir mão do compasso acelerado.
foto: meL coStA
Sinceramente acho que não tem comida com mais movimento que o spaghetti: os fios dançam na panela e ornam perfeitamente com qualquer ingrediente que você adicionar, dando energia de sobra para encarar qualquer rotina. essa delícia da foto foi feita bem rapidinho, receita ideal para quem tem um ritmo de vida acelerado. Vamos lá: cozinhe o spaghetti por aproximadamente 10 minutos e depois de escorrer o macarrão, adicione queijo, tomate seco, azeitonas verdes, pimenta e limão. nada complicado, nada demorado e super saboroso: a recompensa por ter um dia daqueles.
marina costa ĂŠ chef de cozinha e tem uma cantina na r. augusta. sua mais nova empreitada ĂŠ o bolo no pote, veja em sua pĂĄgina: facebook.com/obolonopote
Conta, Yane
“Vem, me dá sua mão!” E é desse jeito despretencioso, como se nada fosse que ela me faz esse convite. E eu alí parado, com os olhos baços de dúvidas e com muitos pesares na alma, não sabia, que aceitando ou não, ela me arrastaria. Assim seguimos, às vezes juntos, muitas vezes separados. Quando eu ficava para trás, ela me puxava, sempre rápida, pelo colarinho, sem me dar tempo para respirar. Quando eu passava na sua frente, ela me fazia rastejar para trás, só para provar que as regras, os encontros e desencontros, o ritmo, era ela que ditava. Mais tarde fui perceber que não era um convite, ela estava me concedendo o privilégio de acompanha-la de mãos dadas, mas se assim não fosse ela não me deixaria para trás. Nada sabia dela, não sabia de onde vinha, não me recordava de ter sido comunicado para onde ia me levar, e muito menos quando me deixaria. E já não me importava mais. Aprendi a me envolver no caminho, a levantar dos tombos, a correr quando necessário, a parar quando ela me pedia. Hoje somos amigos, amantes. Aprecio a forma que aprendi a leva-la, e como ela faz o tempo correr pelos meus dedos. Nesse leva e trás, lentamente já sinto que desvendei uma parte dela, e o que ela me ofertava era tão simples. “Vem, me dá a mão. Vou te levar para ser feliz! “
Yane Reis é formada em hotelaria pelo Senac, atualmente é gerente administrativa em uma rede de alimentação.
Coisas de Boing
erika ostorari é formada em design gráfico pela uemG, apaixonada por pinguins e mãe do pitoco.
Dias de ThĂŠo
rit mo de nas cer
| fotos por duu monteiro e texto por mel costa |
todo mês você pode acompanhar um pouco de théo.
mais fotos em: flickr.com/duumonteiro
Eu estava começando mais um dia na minha rotina e o ônibus estava congelante devido ao ar condicionado que imitava o clima de Londres. Mas uma notícia me aqueceu instantaneamente: O Théo chegou ao mundo! Quando vi sua foto em meu celular, consegui entrar em contato com uma parte de mim que estava escondida: a pureza de sentimentos. Acho que me acostumei com os relacionamentos impuros – veja bem, não digo falsos, apenas impuros, provenientes de circunstâncias que me dispus a viver, não aqueles que aprendi a amar sem nenhuma causa. Logo de cara, amei o pequeno, puramente e sem pressa. Enfim, a vida que acabou de começar já começa a tomar ritmos impressionantes: o primeiro choro vem cortante, lá do fundo da alma e dói; o primeiro sopro, o primeiro contato com o mundo; o primeiro abrir de olhos e finalmente, o primeiro abraço. E todos esses acontecimentos ocorreram em apenas alguns minutos, viu só como a vida é um ritmo louco? Se eu puder então dar um humilde conselho para esse pequeno que inicia suas aventuras hoje: vai com calma, Théo! O mundo te aguarda ansiosamente.
todo diA 10 umA noVA reViStA com noVAS peSSoAS e noVAS hiSt贸riAS fAceBook. com/reViStA LiBerte