*Matéria Destaque - Revista InteRural

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Por Melina Paixão Berrante comunicação

eventos

Onde o Gir Leiteiro deve estar

Em favor da raça e com preços democratizados, 2° Leilão Terra Prometida colaborou diretamente para a evolução do Gir Leiteiro

Pecuaristas prestigiaram o Terra Prometida

Casa cheia na abertura de leilões de Gir Leiteiro da ExpoZebu

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te de 29 animais fortes e de muito pedigree. as montanhas de Gir, na Índia, para diversas regiões do Brasil, uma raça zebuTerra Prometida em números ína ganhou espaço na pecuária nacional. Durante o leilão, 25 fêmeas foram vendidas, alDe história antiga, o Gir é considerado, cançando média de R$ 9.417,60. Além delas, quatro por boa parcela dos narradores de sua trajetória, a prenhezes sexadas de fêmea renderam, em média, raça asiática mais remota do planeta. Junto à idade, R$ 11.700,00. O maior comprador vêm também as características que foi José Alberto Oliveira Murta, da marcam um gado forte e rústico, “O Gir Leiteiro é apaixonante. Fazenda Nossa Senhora Aparecida, com a cara de um país tropical como Uma raça de leite que a de Uberaba (MG), que investiu R$ o Brasil. gente sabe que não vai 51.600,00 em produtos do evento. morrer, que cresce. É uma A raça teve suas etapas em As cinco bezerras (sendo que raça que quando você acorda nosso País. Por volta da década de de manhã e abre a sua uma delas teve apenas 50% das co1930, iniciaram-se as importações janela, você vê um animal tas vendidas) tiveram R$ 12.000,00 de Gir. Era a Fase de Implementadiferenciado, muito manso, de média, e as 13 novilhas, R$ ção, com os primeiros criadores que muito dócil e que para o 7.680,00. As duas vacas comercialiobservaram a aptidão leiteira dos nosso clima não tem outro” zadas apontaram R$ 7.080,00. Já as animais e foram construindo os ali(Carlos Eduardo Bezerra, da duas paridas (uma delas também Fazenda Positiva). cerces para o Gir Leiteiro como raça. vendida em somente 50%), rendeNa década de 1980, passou-se para ram média de R$ 34.400,00. Já as a chamada Fase Técnica, quando, já quatro doses de sêmen tiveram preço médio de R$ como uma associação, a ABCGIL firmou parceria com 3.960,00. a Embrapa, atribuindo maior credibilidade ao Zebu leiteiro. Hoje, a raça vive Fase Empresarial. Nela, já houve um período de pouca oferta e restritos criatórios, o que levava a supervalorização do preço. Agora, os valores estão sendo fixados, algo positivo do ponto de vista da difusão das boas genéticas, uma vez que torna real a possibilidade de produtores de diferentes portes terem acesso a elas. O primeiro leilão da 79ª ExpoZebu apontou para essa nova realidade, apresentando uma noite prestigiada por um volumoso e diversificado público e com preços ajustados ao mercado. A segunda edição do Terra Prometida do Gir Leiteiro foi o evento de estreia da raça na maior exposição de zebuínos do mundo. No dia 30 de abril de 2013, os promotores tiveram arrema-

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Time Campeão Os sete promotores envolvidos no evento ficaram satisfeitos com o público e com os resultados e parcerias firmadas. Wilston Dummont, da Fazenda Quilombo, há três anos tem-se dedicado ao Gir Leiteiro, participou da 1ª edição e, sobre o evento deste ano, diz que “foi um excelente leilão para o começo da ExpoZebu, vendemos bem e formamos uma

Equipe de peso. Ao centro, Luiz Ronaldo, da Leite Gir

turma maravilhosa”. Renan Salgado, da Fazenda Salgado, também elogiou sua equipe. Para ele,abrir o ciclo de leilões de Gir Leiteiro mostrou a força do grupo. “Foi uma forma de dizer que nós viemos para ficar, que nosso grupo é bastante sólido e que vem consagrar, valorizar e colaborar com essa raça”, comenta. O bom resultado do evento certamente está relacionado ao velho ditado de que “a união faz a força”. Essa foi uma característica igualmente destacada pelo promotor José Orlando Bordin, da Fazenda Araquá. “Quem esteve presente no Terra Prometida notou que o recinto estava completamente lotado. Somos um grupo muito amigo e plural: há criadores de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo. Ter uma equipe dessas, sem dúvida, facilita muito a realização do leilão”. Equipe unida prestigia e confia sempre no trabalho recíproco. Além de realizarem o evento, os promotores fizeram suas aquisições. Carlos Eduardo, da Fazenda Positiva, teve o “prazer”, segundo palavras dele, de comprar. “Nós, que estamos vendendo, temos que repor o plantel, e é preciso fazer isso com qualidade”, analisa. Lúcio Dias de Oliveira, da Gir da Coli, fez uma homenagem ao futuro da pecuária e comprou um lote especialmente para seu filho. “Acredito que devo incentivá-lo para, posteriormente, ele assumir meu papel”, anseia.

Carlos Eduardo Bezerra e Renan Salgado acompanham juntos os arremates

Paixão Girleiterista O promotor Carlos Eduardo Bezerra, da Fazenda Positiva, não esconde o entusiasmo com o zebuíno. “O Gir Leiteiro é apaixonante. Uma raça de leite que a gente sabe que não vai acabar, e sim crescer. É uma raça que, quando você acorda de manhã e abre a sua janela, você vê um animal diferenciado, muito manso, muito dócil. Para o nosso clima, não tem outro”, declara. Além de pintar os planteis com a sua beleza, é inegável a participação do Gir Leiteiro como base para grande parte do rebanho brasileiro. “Eu acho o Gir fundamental”, defende Darildo Abreu, gerente da Fazenda Belas Artes e promotor, junto ao proprietário Carlos Jacob Wallauer e equipe. Afinal, além de ser, por si só, um bom produtor de leite, é o plano de fundo para a obtenção e sucesso do Girolando, gado de maior expressividade em números na pecuária leiteira nacional. Sobre o leilão, na visão de Darildo, “foi ótimo”.

Investidores de Gir Leiteiro adquirem exemplares Terra Prometida

Público jovem participa do leilão

(Da dir. para esq.) Marcus Vinícius e seu parceiro de Gir Leiteiro, com Silvio Queiroz, ex-presidente da ABCGIL.

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Segundo ele, “vendemos, e foi por preço de mercado, sem preços ilusórios”. Opinião do cliente Os animais trazidos ao público do Terra Prometida, segundo Renan Salgado, são aqueles compatíveis ao contexto da ExpoZebu: “De muita genética e produção de leite, com pedigree de famílias consagradas do Gir Leiteiro e prenhezes de grandes campeãs em torneios e em pista”. Em busca desse perfil de animal, o pecuarista Marcus Vinícius Caridade dos Reis, também da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, foi ao Tatersal da ABCZ para prestigiar o leilão e aproveitou para aprimorar seu rebanho. “Os lotes que adquiri encaixam no nosso plantel, com linhagens que nós ainda não tínhamos e no leilão estavam disponíveis para comprar”. Marcus Vinícius comprou doadoras que, para ele, “são produtos de muita qualidade genética”. Ele tem planos de, posteriormente, também comercializar os frutos produzidos a partir delas. Recuperando o fôlego Para o zootecnista e assessor de leilão Rafael Veloso, da G Leite, o leilão veio para dar continuidade ao Projeto Terra Prometida. “Nós viemos passar para a terceira edição. Temos certeza que ele foi melhor que o primeiro, e que o terceiro será ainda melhor. Essa é a nossa convicção”. Rafael atenta pelo fato de que o produtor rural, de modo geral, vem recuperando-se do ano de 2012, que, segundo ele, dentro da história da pecuária talvez tenha sido um dos anos mais difíceis, especialmente para o pecuarista, devido à alta nos grãos que abalou as estruturas. “Estamos de ressaca”, sintetiza o assessor. “Acredito que, dentro da realidade do mercado, o leilão foi um sucesso e nós atingimos nosso objetivo”. Democratizar para crescer Lúcio Dias de Oliveira, da Gir da Coli, retoma o conceito do período da Fase Empresarial que o Gir Leiteiro vive atualmente e a aplica ao leilão que promoveu com seus parceiros. “Observamos o fato de que, há uns cinco anos, havia três ou quatro fazendas que dominavam o mercado. Somente elas detinham animais bons. pág.

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Equipe da Programa Leilões conduz o evento com maestria

Atualmente, todo mundo tem animal com potencial e isso é bom para a raça. Hoje, você pode comprar, com confiança, de um pequeno produtor. Isso é democracia de genética”. Essa democracia de genética acontece, por exemplo, quando os preços encontrados em um leilão são mais acessíveis. É uma forma de interagir com mais produtores, compartilhando genealogias, o que, em última instância, colabora para o desenvolvimento da raça. Raça desenvolvida, juntamente com manejo adequado, são as peças base para um trabalho mais eficiente na produção e na qualidade de leite. É fato que paga-se mais pelo leite que apresenta melhores índices qualitativos e o mercado, tanto interno como externo, ganha quando consegue esse nível e respeita as normas sanitárias. O fato de haver várias boas opções pode trazer inquietações ao produtor, fazendo-o imaginar que pode perder destaque. Por outro lado, a competitividade faz com que a própria qualidade seja o destaque, o diferencial e a principal meta a ser alcançada. Se a tendência for que se pague mais pela qualidade e não pela escassez de produto, é possível chegar-se num ponto em que o valor do leite apresente constância, e em melhores patamares de preço. Quem investiu na genética disponibilizada no 2º Leilão Terra Prometida, já deu o primeiro passo. Maio de 2013

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