Tudo Massa

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Melissa Teixeira

Tudo maa



UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE BELAS ARTES DESENHO INDUSTRIAL - PROJETO DE PRODUTO MELISSA TEIXEIRA FAÇANHA DRE: 120046645 DESIGN BÁSICO I SEMINÁRIO DE DESIGN I 2020.1 ORIENTAÇÃO: JEANINE GEAMMAL PEDRO THEMOTEO JOÃO PEDRO ALVES CALVACANTE



Sumario

1. Texto de Apresentação............................................7 2. Relato de Pesquisa...................................................9 . 3. Tipos de massa.......................................................14 4. Colagens..................................................................16 5. Padronagens...........................................................30 6. Releituras.................................................................50 7. Referências..............................................................58



"A criatividade é intrínseca à nossa hominalidade"

Francis Schaeffer


Texto de Apresentaçao Ao tomar conhecimento sobre a pergunta tema do trabalho (“Você tem fome de quê?), entendi que essa fome representava um anseio que me incomoda, que é constantemente alimentado, mas não saciado. Cheguei à conclusão que, no meu caso, se trata da criatividade. Admiro quem inventa, inova, cria com originalidade. Penso que a criatividade é essencial não só para a realização dos meus planos de ser designer mas também para ter mais confiança na vida pessoal. Sakamoto afirma que criatividade é a “[...] a expressão de um potencial humano de realização que [...] gera produtos na ocorrência de seu processo.” (SAKAMOTO, 2000, p. 52). Entendo que esse potencial criativo não se limita apenas aos artistas, designers, arquitetos etc., mas está, de alguma maneira, em todas as pessoas e é útil nas inúmeras atividades humanas, porém, varia a forma como cada um desenvolve essa habilidade e como a utiliza. Desenvolver ao máximo esse potencial é um dos meus objetivos.

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Segundo Ferreira (2012), o processo criativo se desenvolve como fruto da interação da personalidade e dos processos cognitivos, além dos elementos inconscientes, afetivos e ambientais. Ainda de acordo com a autora, a ideia se traduz “pela criação de algo novo que reflete uma parte do seu criador” (FERREIRA, 2012, p. 9). Refletindo sobre o desenvolvimento do trabalho, percebi que a fome por criatividade poderia ser representada através de um alimento literal: o macarrão. As razões disso tem relação com as ideias de Ferreira expostas no parágrafo anterior. Primeiramente, no meu caso, além de ser um dos meus alimentos preferidos, o macarrão está presente em memórias afetivas, pois me faz recordar de quando eu e meus melhores amigos almoçávamos juntos, em um restaurante apenas de massas, no final do ensino médio. Eram momentos de grande alegria que deixaram boas lembranças.


Além disso, depois de ter cogitado outros tipos de alimentos para o trabalho, dei-me conta que o macarrão, por si só, é fruto de processos criativos. Feito normalmente com apenas dois ingredientes, farinha e ovos, é encontrado em uma variedade de formatos – estima-se que, na Itália, por exemplo, existam 600 tipos catalogados (REIS, 2018) –, sem contar a pluralidade de combinações possíveis com molhos. Procurando associar a fome de criatividade com as leituras feitas durante a disciplina de Design Básico I, cheguei ao conceito de “affordance” de James J. Gibson (citado em Tromp e Hekkert, 2012). Segundo esse psicólogo, ao visualizarmos os objetos, nossa percepção volta-se não para as propriedades físicas deles, mas para seus potenciais usos, para as ações que possibilitam. Nesse sentido, o mesmo objeto pode suscitar variados affordances para as pessoas devido aos diferentes repertórios de ações.

Dessa forma, enquanto o macarrão leva imediatamente muitos a pensarem no ato de comer, neste trabalho, as representações visuais/imagéticas com esse alimento remeterão a representações mentais (SANTAELLA; NÖTH, 1997) construídas a partir de minhas percepções e experiências variadas com outras imagens (verbais e visuais). Serão mostradas algumas possibilidades de modificação do uso comum do macarrão, que serão fruto da imaginação e da criatividade em mim despertadas pelas reflexões e pelas pesquisas realizadas.

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Relato de Pesquisa A escolha das formas de macarrão para o trabalho foi condicionada pela oferta deles no mercado, com exceção do que foi utilizado como elemento tipográfico (sopa de letrinhas), cujas imagens foram obtidas digitalmente. Dessa forma, foram usados 10 tipos – embora, segundo Reis (2018), haja 40 catalogados no Brasil – objetivando-se mostrar algumas das potencialidades do macarrão em processos criativos com diferentes técnicas visuais. Os tipos são os seguintes: espaguete, fettuccine, penne, nhoque, cabelo de anjo, espiral, parafuso, gravata, de lasanha e sopa de letrinha. As representações visuais foram sendo pensadas aos poucos, cooperando para isso, em especial, as pesquisas de imagens na internet, conhecimentos adquiridos na disciplina de Teoria e Práticas do Design e ideias surgidas nas aulas da disciplina Design Básico I e Seminário de Design I.

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Cheguei, então, às seguintes técnicas: colagens digitais (com ou sem releituras) e padronagens. Para realizar tais criações, foram feitas fotos com câmera digital, escaneamentos e edições no programa Photoshop. Em alguns casos, o macarrão foi colorido digitalmente; em outros, foram pintados com tinta acrílica. Utilizei, principalmente, uma paleta de cores análogas: amarelo, laranja e vermelho, além do preto e azul para criar contrastes. 1. Colagens digitais Nas colagens, foram utilizadas fotos e imagens escaneadas (normalmente com o macarrão na cor original) e figuras retiradas da internet (depois de analisadas as possibilidades de uso). Além da sobreposição de camadas dessas imagens, foram aplicados efeitos gráficos por meio do Photoshop. Algumas criações são totalmente originais; outras são releituras de obras de movimentos artísticos e do design.


2. Padronagens As padronagens são resultado das pinturas, sem objetivar nenhuma forma específica, com macarrão de diferentes tipos em papel branco e do escaneamento de algumas porções cruas e cozidas desse alimento. As imagens geradas foram escaneadas e editadas no Photoshop, seguindo-se o critério de harmonização das cores.

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Processo Criativo


A

B

A

B


Tipos de Penne Gravatinha

ou alphabet pasta

Espiral

ou farfalle

ou cavatappi

Parafuso

Lasanha

ou fusili

14

Sopa de letrinha


e massa Nhoque

Cabelo de anjo ou capelline

Talharim

Espaguete

15


Colagens

16















Padronagens

30





















Releituras

50


Art Nouveau

Hill House Chair(1902) Rennie Mackintosh

Pente esculpido em marfim (1902) Henri Edmond Becker



De Stijl Cadeira Zig Zag (1934) Gerrit Rietveld

Composition II in Red, Blue, and Yellow(1930) Piet Mondrian



Bauhaus Cantilever Chair (1928) Marcel Breuer

Litografia Bauhaus Ausstellung (1923) Oskar Schlemmer



Pos-Moderno Fruteira Murmansk (1983) Ettore Sottsass

Master Chair (2005) Phillipe Stark


Referencias FERREIRA, Ana Catarina. Criatividade e gastronomia: um estudo exploratório. 2012, 60 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia Aplicada) - Instituto Superior de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa, 2012. Disponível em: <https://core.ac.uk/download/pdf/70651579.pdf>. Acesso em: 01 mar. 2021. REIS, Jéssica. Você sabia que os diferentes formatos de massa não são por acaso?. Diário da Região, 1 set. 2018. Disponível em:<http://gg.gg/oigp7>. Acesso em: 28 fev. 2021. SAKAMOTO, Cleusa Kasue. Criatividade: uma visão integradora. Psicologia: teoria e prática, v.2, n.1, p. 50-58, 2000. Disponível em: <http://editorarevistas. mackenzie.br/index.php/ptp/article/view/1118>. Acesso em: 02 mar. 2021. SANTAELLA, Lucia; NÖTH, Winfried. Imagem: cognição, semiótica, mídia. São Paulo: Iluminuras, 1997. TROMP, Nynke; HEKKERT, Paul. Designig Behaviour. In: GUNN, Wendy; DONOVAN, Jared. Design and Antropology. 1 ed. Surrey: Ashgate, 2012. p. 193-206. TROMP, Nynke; HEKKERT, Paul. Designig Behaviour. In: GUNN, Wendy; DONOVAN, Jared. Design and Antropology. 1 ed. Surrey: Ashgate, 2012. p. 193-206.

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