As Obras de Arte da Câmara Municipal
Antônio Diogo da Silva Parreiras Instituição da Câmara Municipal de São Paulo, 1913
Com o Centro de Memória da Câmara Municipal de São Paulo, a Instituição permite que se conheça mais sobre a sua própria identidade. O exercício da reflexão histórica, pressuposto do Centro, é fundamental à sociedade, pois retoma um passado que identifica instituições, comunidades e indivíduos.
Por seu papel na gestão da cidade, a Câmara se tornou ao longo do tempo patrocinadora das artes. Documentos sinalizam para esse papel, sobretudo nas primeiras décadas do século XX, quando a cidade passava pelo turbilhão de transformações que era resultado da proeminência da economia cafeeira e industrial.
O edifício atual da Câmara possui alguns exemplares dessa arte memorialística, de exaltação do passado paulistano e de figuras importantes da administração pública.
As obras de arte presentes no Palácio Anchieta foram agrupadas pelo
Acervo Artístico da Câmara Municipal de São Paulo
professor Denis Donizeti Bruza Molino em dois grandes núcleos: Histórias e Alegorias e Retratos. Ao apresentar as obras de arte que fazem parte de seu acervo, a Câmara Municipal de São Paulo convida o público a refletir sobre o papel da instituição ao longo do tempo, e sobre os diversos personagens e agentes sociais que dela fizeram parte. Enfim, trata-se de mais um exercício de cidadania.
Centro de Memória da Câmara Municipal de São Paulo
www.camara.sp.gov.br/memoria Projeto gráfico e editoração - Equipe de Comunicação – CCI.3 Fotografias e visita monitorada: Equipe de Eventos – CCI.1 Agendamento de visitas: programadevisita@camara.sp.gov.br
Centro de
Memória CMSP
História e Alegorias
Retratos Poucas obras, muitas histórias. Eis
a configuração desse núcleo, cujas obras figuram em diferentes espaços da Câmara Municipal. Mas o que têm em comum o busto de Morrone sobre Tiradentes, a tela vertical de Clóvis Graciano A Partida dos Bandeirantes, 1969
Migliaccio sobre o apóstolo São Paulo e as pinturas monumentais
de
Antônio
Parreiras,
Clóvis vila de Santo André da Borda do Campo, que
modernidade: pinta a Pauliceia de linhas
Seus títulos indicam convergência temática:
marca a elevação do povoado de Piratininga
duras e cores vibrantes; uma metrópole
obras de história, em maior ou menor grau,
à condição de Município. Já Graciano presta
futurista se impõe diante da exuberância
pois apresentam narrativas sobre personagens
homenagem aos primeiros habitantes de
natural
quatro
figurado artisticamente e sua imagem se confunde
heroicos, ou sobre a capital paulista.
São Paulo com dois painéis que trazem
telas laterais do conjunto. Em Aldemir
mesmo com a invenção da pintura, dizem os
Morrone e Migliaccio representam mártires, evocados por seus respectivos
personalidades históricas e tipos étnicos.
desaparecem as construções coloniais, pois
autores antigos. O retrato é o tema mais antigo das
emblemas: a corda a cingir o pescoço de Tiradentes, a espada que São Paulo empunha.
Ambos os pintores retratam os pioneiros da
São Paulo pulsa nos arranha-céus, chaminés,
artes, como também o mais representado no Palácio
Já as pinturas de Parreiras, Graciano e Aldemir não são apenas históricas,
terra paulista: os sertanistas, os jesuítas, os
torres, antenas. Por isso mesmo não aparecem
Anchieta, que abriga uma galeria dos presidentes
ameríndios.
figuras humanas, senão automóveis e avião.
Graciano e Aldemir Martins sobre São Paulo?
mo Migliaccio Edmundo Francisco Nicode Apóstolo São Paulo, 1956
mas também alegóricas, pois lançam mão de figuras simbólicas a celebrar São Paulo, que, dos primórdios à atualidade, é palco de acontecimentos. Parreiras ressalta o
Enquanto Parreiras e Graciano se
pelourinho – coluna de pedra encimada com o orbe – emblema da justiça trazido da
voltam para as origens, Aldemir se lança à
do
Brasil,
visível
nas
Desde a noite dos tempos o homem é
Antonio Rocco Washington Luiz Pereira da Silva,
s.d.
da Câmara Municipal de São Paulo, aos quais se acrescem vultos da República brasileira. São pinturas de
Denis Donizeti Bruza Molino Historiador da arte e mestre em filosofia
interesse memorialista, pois a história da cidade se escreve também com as efígies dos regentes desse Parlamento. Os fundos escuros ressaltam por contraste luminoso os retratados, que aparecem frontais ou três quartos. As curvas, as saliências, as texturas, os volumes, as cores e as expressões dos semblantes indicam: a anatomia facial é o microcosmo humano, por excelência. Cândido Portinari Fabio da Silva Prado, 1935
Aldemir Martins. Integração do Brasil na cidade de São Paulo, 1969
Denis Donizeti Bruza Molino Historiador da arte e mestre em filosofia