Conservação in situ do Lince Ibérico em Portugal

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Conservação in situ do Lince Ibérico em Portugal

Pedro Sarmento e Pedro Rocha 1º Encontro Conservação da Natureza e Florestas 9 de outubro 2015 - Setúbal


População mundial lince ibérico Nº indivíduos na natureza

6000 4000 2000

314

150

0 1960

1984

1990

1999

2008

2014

Distribuição década 80 Distribuição 2010

Áreas reintrodução


Plano de Ação para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal Medidas de Conservação in situ (Capítulo IV PACLIP) 1. 2. 3. 4.

Conservação dos habitats e das populações das presas Fomento das Populações presa Redução das causas de mortalidade Procedimentos preparatórios de reforço populacional e de reintrodução 5. Centro de reintrodução experimental

Processo de reintrodução


1. Conservação dos habitats e das populações das presas a) Adaptação e desenvolvimento de normativos de boas práticas florestais de conservação e fomento dos habitats mediterrânicos, a integrar nos planos de gestão florestal, quer no âmbito do PROF, quer no âmbito dos sistemas de certificação florestal; Integração nos PROF do Algarve, Baixo-Alentejo, Alto Alentejo e Beira Interior Sul de normas de conservação dos habitats mediterrânicos. Todos os PGF, fazem referência à conservação e melhoramento dos habitats relevantes para a conservação desta espécie.


1. Conservação dos habitats e das populações das presas b) Estabelecimento de soluções de gestão e investimento com gestores agro-florestais e cinegéticos, para actuação em áreas privadas incluídas em áreas adequadas ao lince-ibérico; Com a aprovação em 1 de Julho de 2014 do Pacto Nacional para a Conservação do linceibérico (PNCLI), foram criadas as condições para o estabelecimento de mais acordos e parcerias com proprietários e gestores, com vista a soluções de gestão e investimento em áreas adequadas ao lince-ibérico. Medidas PDR 2020 - Operação 7.10.1 MANUTENÇÃO DE HABITATS DO LINCE-IBÉRICO E Operação 8.2.1 Gestão de Recursos cinegéticos


1. Conservação dos habitats e das populações das presas •

• • •

2006 – 2012 - Projecto LIFE 06 NAT/E/000209 “Conservação e reintrodução de lince-ibérico em Andaluzia” (permitiu controlar e reverter a tendência regressiva das duas populações de linceibérico, as primeiras translocações e desenvolvimento de protocolos) 2006 – 2009 – LIFE 06 NAT/P/000191 “Recuperação do habitat do lince-ibérico no Sítio Moura/Barrancos (Lince Moura/Barrancos)” 2009-2010 – “Distribuição de coelho bravo no Vale do Guadiana” 2010-2012 - Projecto VALLIA “Valorização e Qualificação do Habitat do lince-ibérico no Alentejo” (acções promoção habitat, caracter demonstrativo) 2010-2014 - Projecto LIFE08 NAT/P/000227 ’Promoção do Habitat do Lince-ibérico e do Abutrepreto no Sudeste de Portugal’ (contribuiu para a melhoria das condições de sobrevivência, alimentação e reprodução do lince-ibérico (Lynx pardinus) no SE de Portugal) 2011 – 2017 - Projeto LIFE+ 10/NAT/ES/570 “Recuperação da distribuição histórica de lince-ibérico em Espanha e Portugal” (projecto Iberlince Plano de Ação para a Conservação do Lince Ibérico em Portugal – balanço conservação In situ 2015


• Em PORTUGAL:

• Criar condições de adequabilidade, de acordo com os critérios que vierem a ser formalmente definidos, para a reintrodução do lince-ibérico em dois territórios contínuos com superfície mínima de 15.000 ha (Vale do Guadiana e Moura-Barrancos). • Malcata

• Acções C – Gestão de Habitat (Cercados pré-solta, melhoria habitat coelho, desfragmentação, aquisição coelho, corredores)


2.

Fomento das Populações presa

• Cercados de reprodução de coelho bravo; construção de abrigos e moroiços; pontos de água e realização de sementeiras • 2008 a 2014 - forte declínio das populações de coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus), especialmente devido surto epidemiológico causado pela nova variante do vírus responsável pela Doença Hemorrágica Viral (DHV). • Projecto SOS coelho ANPC/CIBIO/CNCP – Fundo de Conservação da Natureza e Biodiversidade (aprofundamento do conhecimento da nova variante do vírus responsável pela Doença Hemorrágica)


3. Redução das causas de mortalidade • Estão identificados os principais locais de atropelamento na área de reintrodução (Sítio Guadiana) e IP8 (Sítio Moura/Barrancos), tendo Mértola existido reuniões para a sua integração numa nova via rodoviária estratégica

Área Reintrodução

Carnívoros atropelados (2009-2013) Gato-bravo Outros carnívoros 4 17

Área envolvente (42km) Total Número de amostras 32/ano Atropelamentos/amostra/10 km = 0,06

5 9

17 34

Total 21 22 43


• Khan 7 outubro 2015

• 54 atravessamentos de estrada desde 26 de maio, 11 dos quais A2


• prestação de serviços de equipa cinotécnica, para deteção de iscos com venenos, no âmbito do projeto life+iberlince – life+10/nat/es/000570 Ação E-9

• plano de mitigação do uso de veneno no âmbito do LIFE Lince abutre ao nível regional (Moura/Barrancos e Vale do Guadiana)


• DIRETIVA OPERACIONAL Nº 19/2014 – “LINCE-IBÉRICO” - PLANO DE AÇÃO DO LINCE IBÉRICO E AGUIA IMPERIAL • Reuniões periódicas entre Comando Beja GNR e DCNF-Alentejo • Acções de fiscalização preventiva – Vigilantes Natureza PNVG, desde janeiro 32 acções realizadas, 6 Autos levantados; 8 infracções detetadas


4. Procedimentos preparatórios de reforço populacional e de reintrodução Envolvimento da população local – 2010 – 2014: No âmbito do projecto Vallia, a visita dos proprietários a Andújar Sítio Moura Barrancos e Guadiana, no âmbito projecto Life Lince Abutre (workhops, inquéritos sobre conservação da espécie), 2013/4: sessões de apresentação censos coelho e esclarecimento no PNVG. 2015: Votação nomes linces (Liberdade, Luso)


4. Procedimentos preparatórios de reintrodução

Avaliação da Atitude das Populações Locais Guadiana e Moura-Barrancos face à reintrodução Lopes Fernandes et al 2015

2012-2014: realização 94 entrevistas semi-estruturadas a actores chave locais; observação de práticas e eventos

Resultados mostram, um posicionamento favorável à reintrodução condicionado a certos factores como aumento coelho-bravo e haver compensação financeira. Uma das vantagens mais enumeradas pelos actores chave da futura ocorrência da espécie foi o turismo de natureza.Oconhecimento antropológico pode ser aplicado à resolução de conflitos, à A O conhecimento antropológico pode ser aplicado à resolução de conflitos, à divulgação e à aproximação entre entidades e cidadãos


4. Procedimentos preparatórios de reforço populacional e de reintrodução Estudos sanitários – foi feita uma análise às principais patologias susceptíveis de afectar lince (Life Lince-Abutre). Os níveis apurados de FeLv uma das principais preocupações estavam abaixo dos 17% nível apontado como limiar por Andaluzia. Em relação à tuberculose bovina o projecto POCTEP fez um bom rastreio nas duas áreas e a prevalência não ultrapassa os 50%.


Avaliação Áreas Reintrodução PROTOCOLO DE SELEÇÃO DE ÁREAS DE REINTRODUÇÃO SELEÇÃO DE ÁREAS A GRANDE ESCALA

1.‐ Disponibilidade de habitat adequado 2 - Disponibilidade de coelho 3.‐ Tamanho da área 4.‐ Possibilidade de integracão meta‐populacional


2013 2014 Fase A: 1.- Valle de Matachel (Badajoz) 2.- Guadalcanal/Valdecig端e単as (Sevilla/Badajoz) 3.- Campo de Calatrava (Ciudad-Real) 4.- Montes de Toledo (Toledo) 5.- Vale do Guadiana (Portugal).

4

8

Fase B: 6.- Constantina/Villanueva del R鱈o y Minas (Sevilla) 7.- Moura/Barrancos/Chanza (Portugal). 8.- Caba単eros (Toledo).

3 1 2

7 6 5


Possibilidade de integracão meta‐populacional

Matachel

Sierra Norte Guadiana

Parque Nacional de Doñana


5. Centro de reintrodução experimental a) Identificação do local de instalação de um cercado de reintrodução experimental; b) Projecto e construção do cercado de reintrodução experimental.


Pacto Nacional para a Conservação do linceibérico (PNCLI)

Área contratada 18 644,92 hectares Área a finalizar contratos 1344 hectares

Área total 19 988,92 hectares


16 Dezembro 2014 – reintrodução dos primeiros linces ibéricos em Portugal “A longo prazo, a meta final das acções propostas neste plano de conservação é possibilitar a condução de acções de reforço populacional e reintrodução do lince-ibérico de acordo com as normas específicas da UICN, com o objectivo de estabelecer populações viáveis na sua área histórica de distribuição”


Situação atual

HONGO, KENTARO

Indivíduos

Sexo

Origem

Coorte 2013

Introdução no cercado 16-12-2014

Katmandú

M

Jacarandá

F

Zarza de Granadilla CNRLI Silves

Kempo

M

Kayakwero Loro

Solta 01-02-2015

2012

16-12-2015

01-02-2015

El Acebuche

2013

07-02-2015

25-02-2015

F M

CNRLI Silves El Acebuche

2013 2014

07-02-2015 04-03-2015

25-02-2015 16-04-2015

Liberdade

F

CNRLI Silves

2014

04-03-2015

16-04-2015

Lluvia

F

2014

28-04-2015

11- 05-2015

Lagunilla

F

2014

28-04-2014

11-05-2015

Lítio

M

Zarza de Granadilla Zarza de Granadilla El Acebuche

2014

-

14-05-2015

Luso

M

CNRLI Silves

2013

-

14-05-2015

Kahn

M

CNRLI Silves

2013

Proveniente de Toledo


Indivíduos

Estatuto

N.º localizações independentes

Katmandú

Territorial

507

Área domínio vital (km2) 8,9

Jacarandá

Territorial

337

4,9

Kempo

143

14,8

Kayakwero

Localização não determinada Morta

85

-

Loro

Em recuperação de fratura

154

-

Liberdade

Territorial

283

2,3

Lluvia

Divagante

150

-

Lagunilla

Potencialmente territorial

346

13,4

Lítio

Potencialmente territorial

184

6,3

Luso

Potencialmente territorial

47

6,3

Kahn

Divagante


Métodos

MONITORIZAÇÃO

GSM

Via plataforma MoveBank

VHF

Via triangulação ou localização direta

Foto-armadilhagem

45 câmaras

EQUIPA DE MONITORIZAÇÃO PERMANENTE ICNF (COORDENAÇÃO) e CIBIO


Logger GSM

VHF

Bateria


Katmandú – Jacarandá

8,9 km2

Jacarandá 4,9 km2

• Soltos a 01-02-2015; • Não se dispersaram e têm territórios fixos com elevada sobreposição.


Kempo

• Solto a 25-02; • Iniciou a dispersão a 1-04; • Deslocou-se 27 km para norte e regressou para sul; • Fixou-se no centro do PNVG numa área de alta densidade de coelho; • Domínio vital de 14,8 km2 até 06-08.


Loro

• Movimentos pequenos; • Dispersão máxima de 2,3 km; • Aparenta boa condição física; • Parece evitar Katmandú; • A partir de 16-05 fixou-se fora da área cercada • A 09-07 foi capturado devido a fratura no membro posterior esquerdo, estando em recuperação no CNRLI


Lagunilla

• • • • • • •

Iniciou um amplo movimento dispersivo ao 2º dia de solta. Saiu da Herdade das Romeiras a 05 de Maio. Nos 5 dias seguintes atravessou área estepária dispersando 14,5 km desde o cercado. A 22 de Maio realizou o caminho de regresso. Fixou-se numa mancha de pinheiromanso na Serra de Penilhos, tendo efectuado deslocações muito curtas. Deslocou-se para sul das Romeiras e ocupa uma área com 13,4 km2 Demonstra comportamento divagante.

Amplo movimento de dispersão após a abertura da caça


Lagunilla 5 dias na estepe de Castro Verde


Lluvia

28-06-2015

Estável na Serra Branca desde Agosto

• 22-06-2015

• •

Iniciou no 1º dia de solta um movimento dispersivo para nordeste Fixou-se na vertente norte da Serra, onde se manteve até ao final de Junho No início de Julho deslocou-se num movimento circular de mais de 50 km, atravessando 2 vezes o rio Guadiana e estando atualmente fixada na Serra Branca onde poderá fixar território.


Situação do núcleo ocidental

Katmandú Jacarandá

Lítio

• •

Liberdade Luso

Lagunilla

6 linces (3m:3f) dos quais 5 são territoriais ou potencialmente territoriais; Apenas Lagunilla mantém um comportamento divagante, não demonstrando ter um domínio vital definido; Todos os linces aparentam boa condição física e comportamentos compatíveis com animais selvagens.


Situação global (localizações por quadrículas de 1x1 km) • • • •

Tal como esperado a maior parte dos linces localizam-se perto da zona de solta; O limite sul é ocupado por lagunilla e a parte mais ocidental por lítio; Os 6 linces que ocupam a área ocidental mantém muitos pontos de contacto entre os seus territórios; O centro do PNVG, particularmente a Serra Branca deverá ser uma área a ter em consideração durante as próximas soltas.


Resumo

• Desde o início do programa de reintrodução foram soltos 10 animais dos quais 9 sobrevivem. • É necessário encarar a organização espacial com precaução dado que podem ser expectáveis profundas alterações e comportamentos de dispersão; • Kempo e Kahn com necessidade de intensificação de seguimento; • Espera-se que Loro posso voltar ao meio selvagem ainda durante outubro; • Até ao momento o balanço da operação é bastante positivo.


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