Revista Meio Ambiente - nº2 - Maio 2012

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Expediente Publicação do Sindicato

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ÍNDICE

dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região, com apoio do Senai (Serviço Nacional

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de Aprendizagem Industrial).

Sede: rua Harry Simonsen, 202, Centro,

Editorial Podemos fazer mais! - José Pereira dos Santos

Guarulhos, CEP 07013-110. Telefone 2463.5300. Site: www.metalurgico.org.br - E-mail: sindicato@metalurgico.org.br -

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Subsede de Arujá: rua Silmar Montoni, 215, Center Ville, CEP 07400-000. Te-

Água tratada em benefício da coletividade

lefone 4655.3596. Subsede de Mairiporã: rua José Claudino dos Santos, 122, Jardim São Francisco II (Terra Preta), CEP 07600-000. Telefone 4486.1615. Clube de Campo: rua Galáxia, 126, Parque Primavera, Guarulhos, CEP 07142-390. Telefone 2402.3811. Colônia de Férias em Caraguatatuba: (12) 3887.1250. Diretoria: José Pereira dos Santos (presidente), Josinaldo José de Barros (vice), Heleno Benedito da Silva (secretário-ge-

16 Saneamento básico é qualidade de vida

ral), José Barros da Silva Neto (1º secretário), Célio Ferreira Malta (2º secretário), Evandro Pereira (tesoureiro-geral), José João da Silva (1º tesoureiro). Suplentes da Diretoria: José Dilton Braga

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da Silva, Pedro Pereira da Silva, Alex Sandro de Lima, José Carlos Santos Oli-

Sindicato faz tratamento de esgoto no Clube

veira, José Pedro da Silva, Antonio Francisco da Silva. Conselho Fiscal: Augusto Valdomiro Knupp, Daniel Hermínio Estevan e Lúcia Ottone de Amorim. Conselho-Suplentes: Eronides Rafael Galdino, Josete Machado Filho e Sonia Regina Dombski. Delegados na Federação: Elizeu Sipriano de Paula e Ricardo Pereira de Oliveira. Delegados suplentes: Juscelino Marcelino Moreira e

30 Mobilização sindical garantiu despoluição da Praia Grande

Elenildo Queiroz Santos. Produção: Agência Sindical - (11) 3255.6559. Textos e edição: João Franzin, Robson Gazzola e Dayane Santos. Impressão: Franlaser. Tiragem: 20 mil exemplares. Maio de 2012.

www.metalurgico.org.br

31 Crianças têm educação ambiental no Clube de Campo


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6 Quatro alqueires de Mata Atlântica preservados pelo Sindicato no Clube

11 Ações ambientais são reconhecidas pela cidade

38 Desenvolvimento sustentável com trabalho decente

42 Flexform usa tecnologia para preservar a natureza

44 PEVs são opções de entrega de entulho

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46 Ação sindical fortalece luta pela preservação

5º Fórum Segurança e Saúde será dia 30 de junho


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Editorial

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Podemos fazer ainda mais! Com muita alegria, estamos publicando a segunda edição da revista Defenda a vida, proteja a natureza! A primeira edição, em 2009, já com a parceria valiosa do Senai, obteve grande repercussão. Isso, pelo seu ineditismo de levar uma mensagem ecológica diretamente para a categoria metalúrgica. Esta segunda edição é espe-

cialmente oportuna, porque circula num momento em que o Brasil define seu novo Código Florestal. Ao mesmo tempo, entidades de todo o mundo põem em prática resoluções debatidas no grande fórum ambientalista que foi a Rio+20. Você verá, em muitas destas páginas, destaque ao tema saneamento básico, notadamente tratamento de esgotos. Tratase de um problema que afeta diretamente a vida do trabalhador. Ele, que geralmente, mora em bairros sem saneamento e, portanto, com graves problemas relativos à saúde pública. Nosso Sindicato pode afirmar, com orgulho, que está na vanguarda da luta ambientalista. Nossa entidade cuida, com zelo, da água, trata esgotos e mantém intacta, em nosso Clube de Campo, quatro alqueires da preciosa Mata Atlântica. Além dessas ações concretas, que se expressam

por meio de investimentos efetivos, com recursos próprios, o Sindicato também articula políticas no âmbito da nossa Central, a Força Sindical. Com isso, buscamos fazer da defesa ambiental uma bandeira permanente de ações no meio sindical. Tivemos, na presente edição, o cuidado de mostrar uma ação efetiva da Prefeitura Municipal de Guarulhos. Também as ações ambientais de uma empresa de nossa base, a Flexform. Defender a natureza, na prática, significa amar a vida em sua ampla e complexa dimensão. O planeta Terra é nossa nave-mãe e morada coletiva. Requer ações preventivas e cuidados permanentes. Todos podem fazer alguma coisa. Aqui, em nosso Sindicato, estamos fazendo a nossa parte, achando que sempre é possível fazer ainda mais. Viva a vida!

José Pereira dos Santos Presidente


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Quatro alqueires de MATA ATLÂNTICA No Clube de Campo do Sindicato, a área verde preservada representa 85% de todo o local. O Clube, dentro do perímetro urbano, é uma reserva de ar puro, água limpa, proteção aos animais, plantas e toda a biodiversidade

Os metalúrgicos contam com o maior e melhor Clube de Campo da região. Em finais de semana, o local chega a receber até 12 mil pessoas. É um espaço de lazer, descanso e convívio salutar da família metalúrgica. Nosso Clube é uma espécie de oásis em meio a uma região densamente povoada. Na imagem ao lado, podemos ver a

grande mancha verde cercada pelos bairros. Com 172 mil metros quadrados, mantemos uma verdadeira reserva natural em meio à mancha urbana. Não fosse o Sindicato, certamente, essa área verde já estaria tomada pela invasão urbana, pelo esgoto e pela degradação ambiental. Isso provocaria perda na qualidade de vida da popu-

lação. Mas não tem sido assim porque o Sindicato investe pesado na conservação do local. Antônio Augusto de Jesus, exdiretor do Sindicato e atual administrador do Clube de Campo, conta: “Quando o Sindicato lançou a pedra fundamental do Clube, a área estava ocupada. Negociamos a saída das pessoas. Tivemos de colocar segu-


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Clube de Campo em números 172 mil metros quadrados, quase 90% de área verde. Para a construção do pesqueiro, foram tiradas 107 árvores de Mata Atlântica. O Sindicato replantou mais de 300 para reposição. O Clube possui 16 minicachoeiras artificiais, todas elas mantidas com água reciclada. No lago próximo à prainha há duas toneladas de carpas ornamentais. Há uma trilha de 1.900 metros mata adentro. Os passeios, somente com guia, são feitos aos sábados e domingos, às 9 e às 15 horas.

ranças para garantir que a área não fosse invadida novamente. Mas não foi fácil, pois é uma área grande e montanhosa”. Hoje, restam apenas 25% da cobertura original de Mata Atlântica na cidade de Guarulhos. Isso, de acordo com dados do 6º Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica. A cidade tem cerca de 81 mil quilômetros quadrados dessa mata. Porém, índices de preservação da mata são superiores aos de São Paulo. Enquanto o nosso município tem 25% de cobertura vegetal, São Paulo tem apenas 15,7%. Sindicalismo-cidadão O Sindicato está, ao mesmo tempo, preservando e melhorando nosso Clube de Campo. Para toda árvore que cai, por conta do vento, da chuva etc., uma outra é plantada. A mata possui árvores como pau-brasil, ipê-amarelo e seringueiras. Todas plantadas pelo Sindicato. A mata nativa abriga diversas espécies de animais e aves. Incluindo saguis, esquilos, gambás, garças, martins-pescadores, socós, quero-queros e corujas. O presidente do Sindicato, José Pereira dos Santos, afirma: “O Clube de Campo é um orgulho para a categoria metalúrgica. Além de um espaço de lazer e esporte, garantimos a preservação do meio ambiente. Isso


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Lideranças metalúrgicas no lançamento da pedra fundamental de construção do Clube de Campo, em 1986, no Parque Primavera

é respeito ao ser humano e à natureza”. Pereira destaca que a conservação é um dos pontos-chave para garantir a preservação. “Temos uma equipe especializada para manter o Clube, mas os sócios são parte fundamental nesse processo. São eles que ajudam a conservar o local limpo, respeitando a natureza”, ele diz.

“Sempre que posso venho ao Clube com a minha família. Essa área verde traz uma paz pra gente. É muito bom” Lucina Fernandes, operadora de manufatura na Visteon e sócia do Sindicato

Família metalúrgica Quem usa o Clube também reconhece a ação de preservação do Sindicato. A sócia metalúrgica Lucina Fernandes, operadora de manufatura na Visteon, dá o seu testemunho, ao dizer que a área verde renova as energias para encarar a semana de trabalho. “Sou sindicalizada há dez anos e sempre que posso venho

ao Clube de Campo com a minha família. Essa área verde traz paz e descanso. É muito bom estar aqui, em contato mais direto com a natureza”, diz Lucina. Para ela, a preservação é importante. Lucina diz: “Temos cada vez menos áreas verdes. Por isso, é importante ter um espaço como esse para aproveitar um pouco do ar puro”.


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Atuação do Sindicato recebe prêmio da Câmara Municipal As ações do Sindicato em defesa do meio ambiente, são reconhecidas pela sociedade. Recebemos da Câmara Municipal, por seis anos consecutivas, o último em 2011, o prêmio “Selo Ambiental”. Ele é outorgado a pessoas e entidades, que contribuam para a preservação do meio ambiente na cidade. O reconhecimento é concedido pela Vereadora Luiza Cordeiro e o secretário-geral Heleno

Comissão de Defesa do Meio Ambiente e Qualidade de Vida a pessoas físicas ou jurídicas. O prêmio reconhece ações concretas que ajudem na preservação do meio ambiente ou estimulem o fortalecimento da consciência ecológica. A preservação da mata, o trabalho de reúso de água e o tratamento de esgoto foram algumas das ações reconhecidas pela Câmara. O presidente José Pereira dos Santos afirma: “Provamos no Sindicato que é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas. Investimos pesado na preservação ambiental. Além de

garantir lazer para a família metalúrgica, beneficiamos toda a população”. Para o secretário-geral do Sindicato, Heleno Benedito da Silva, que também é secretário de meio ambiente da Força Sindical-São Paulo, a questão do ambiental deve ser abraçada pelo movimento sindical. Ele afirma: “A defesa do meio ambiente está diretamente ligada à melhoria das condições de vida e trabalho. Portanto, é bandeira de luta do movimento sindical”.


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Água tratada em BENEFÍCIO DA COLETIVIDADE Parque aquático, pesqueiro, prainha e diversas outras instalações do Clube de Campo têm a água como atração principal. Tudo isso, sem desperdício

A água é vital para todas as espécies. Mas a devastação ambiental tem provocado a redução das fontes potáveis. Atualmente, a falta d'água afeta Oriente Médio, China, Índia e norte da África. A Organização Mundial da Saúde calcula

que 50 países enfrentarão, em curto prazo, crise no abastecimento de água. Na China, por exemplo, a situação está no limite. A demanda agroindustrial e a população de 1,2 bilhão de habitantes fazem com que milhões de

pessoas andem quilômetros por dia para conseguir água. Segundo estudos, nos próximos 30 anos, a quantidade de água disponível por pessoa na África estará reduzida em 80%. A região abrange países situados no deserto do Saara, como Argélia


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e Líbia. A ação individual é cada vez mais importante para que, coletivamente, todos possam continuar desfrutando desse bem tão valioso. O Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região faz a sua parte. Por meio do tratamento de água do Clube, ele limpa o córrego que corta o terreno. A água, até mesmo a utiliza-

da na prainha, é devolvida limpa à natureza. Pode ser consumida sem riscos à saúde. O secretário-geral Heleno Benedito da Silva, que é também secretário de meio ambiente da Força Sindical-São Paulo, afirma: “A água é nosso bem maior. Sem ela, nada vive. Por isso, aqui no Clube, temos um carinho especial pela purificação da água,

Piscina aquecida, parque aquático e prainha são algumas das atrações que utilizam água tratada pelo Sindicato


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servindo da piscina ao pesqueiro, da prainha ao copo”. Água da chuva Piscinas com parque aquático, pesqueiros, 16 minicachoeiras e a prainha são algumas das principais atrações do Clube. Para manter a qualidade de cada uma delas, o Sindicato criou uma completa infraestrutura. Assim, além de garantir água limpa e potável, promove a economia sustentável do nosso Clube. Uma das ferramentas de sustentabilidade é a captação da água da chuva. Todos os telhados do Clube foram construídos para captar a água da chuva. Essa água ajuda a abastecer o Clube, incluindo piscinas, lagos, cachoeiras, pesqueiro e os sanitários. Não é pouca água! Somente

nas piscinas do parque aquático são necessários três milhões de litros. Na prainha, são 640 mil litros. No parque aquático também mantemos um piscinão para captação de água da chuva, com capacidade para 1 milhão de litros. Piscinão O presidente José Pereira dos Santos explica: “Só construímos os piscinões para evitar enchentes na região. Esse era um problema grave nas proximidades do Clube”. Até a água utilizada para o acesso à piscina - ducha e lava pés - é reciclada. Há um reservatório de 12 mil litros para manter o duchão e a prainha sempre ativos. A água dos dois ajuda a manter o nível dos lagos. Diversão e lazer sem desperdício!


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SANEAMENTO BÁSICO é qualidade de vida Até 2008, segundo o IBGE, 55% das casas não tinham coleta adequada de esgoto. Também 2.500 municípios quase não possuíam saneamento, agravando a degradação da natureza

Uma das bandeiras do Sindicato, em toda a base (Guarulhos, Arujá, Mairiporã e Santa Isabel), é por mais investimentos públicos em saneamento básico, com água limpa e esgotos tratados para as residências. Desfraldamos essa bandeira porque sabemos que o saneamento tem impacto direto na qualidade de vida de toda a população.

Apesar do Brasil ser hoje a sexta maior economia do planeta, no item saneamento o País despenca para a 67ª posição. Isso, de acordo com a Organização das Nações Unidas. Dados do censo do IBGE sobre saneamento, divulgados em 2011, mostram que, até 2008, 55% das casas dos brasileiros não tinham coleta adequada de esgoto. Quase 2.500


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Pereira mostra a situação em Cumbica, região que concentra empresas e trabalhadores residentes no bairro


18 municípios ainda não possuíam nenhum tipo de coleta, agravando a poluição de rios, córregos e do mar. Apenas 55% das pouco mais de 5.500 cidades brasileiras tinham algum tipo de coleta de esgoto. Na região Sudeste esse índice melhora, chegando a 95% de coleta tratada. Mas na região Norte cai para menos de 15%. Além de causar doenças, e provocar a morte de milhares de pessoas e devastar a natureza, a falta de saneamento impede o desenvolvimento econômico. Seja para empresas que precisem de água de qualidade em suas atividades, seja para os negócios do turismo. Os paulistas conhecem bem os efeitos da falta de saneamento. A simples ida à praia num feriado prolongado pode ser frustrante. A Cetesb, que monitora a qualidade ambiental, liberou para banho, durante todo o ano de 2010, menos de 30% das 83 praias monitoradas no litoral Norte. Essa região compreende as praias de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. Isso porque a maioria das praias apresentava contaminação da água e da areia por esgotos. Saneamento e emprego Estudos elaborados pelo Instituto Trata Brasil (ITB), em parce-


* Dados do Instituto Trata Brasil (ITB)/FGV

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Cรณrrego no Jardim Cumbica, em Guarulhos


20 ria com a Fundação Getúlio Vargas, mostram que a universalização do saneamento básico poderia gerar um crescimento econômico de R$ 1,9 bilhão. Além da criação de 120 mil novos empregos no setor de turismo. Mas o Brasil anda na contramão disso. De acordo com o Ministério do Turismo, nas 65 principais cidades turísticas brasileiras, que incluem Capitais e destinos como Fernando de Noronha e Porto Seguro, existem carências de infraestrutura, principalmente no que se refere a saneamento. A questão sanitária também tem relação com a produtividade. Estudo da FGV e do Instituto Trata Brasil mostra que o acesso à coleta de esgoto possibilitaria a um trabalhador melhora da qualidade de vida e produtividade 13,3% superior. A universalização do saneamento básico elevaria em 3,8% a massa salarial dos brasileiros. Isso significaria um aporte de cerca de R$ 41,5 bilhões na folha de pagamento. Guarulhos Entre os 81 municípios brasileiros com mais de 300 mil habitantes, a média de tratamento de esgoto é de 72%. Uma das cidades atrasadas nessa questão é Guarulhos, que durante anos relegou o saneamento. Até pouco tempo, Guarulhos,

Metalúrgicos cobraram mais saneamento básico Dia 16 de outubro de 2008, o então candidato à Prefeitura de Guarulhos, Sebastião Almeida, esteve no Sindicato e recebeu do presidente José Pereira dos Santos documento que condicionava o apoio metalúrgico, no segundo turno da eleição, a alguns compromissos. Melhoria no transporte público, passarelas próximas a fábricas na região da Via Dutra, formação, qualificação e requalificação profissional e mais investimentos em saneamento. O documento, assinado pelo candidato, dizia: “Aumentar o saneamento básico na cidade. Fortalecer o SAAE, evitando sua privatização. Parar com o despejo de esgotos no córrego do Clube de Campo do Sindicato”. Hoje, o SAAE não despeja mais esgotos no Clube. A cidade saiu de zero para 35% do esgoto tratado. Os metalúrgicos são parceiros desse avanço!


21 que tem o 2º maior PIB do Estado de São Paulo e o 8º do Brasil, despejava todo o seu esgoto bruto em rios, desembocando todo no Tietê. Por isso, no segundo turno da eleição para prefeito (2008), o apoio dos metalúrgicos ao então candidato Sebastião Almeida foi condicionado principalmente ao compromisso de investir em saneamento. Temos reafirmado nossa posição e obtido avanços. Durante ato comemorativo dos 49 anos do Sindicato, o prefeito Almeida afirmou que a construção de três estações elevou para 35% o índice de tratamento de esgotos do município. Antes de 2008, todo esgoto produzido pela cidade era despe-

jado em rios e córregos, sem nenhum tratamento. Saúde Os avanços são importantes. Mas é preciso avançar mais, pois o que está em jogo é a saúde da população. O banco de dados do Sistema Único de Saúde, o DataSUS, em 2009, registrou 462 mil internações por infecções gastrintestinais em todo o Brasil. Desses, 251 mil internações eram de jovens e crianças. A maioria das ocorrências de internações foi em regiões com menor acesso a redes de esgoto: Norte e Nordeste do Brasil. No Norte, com 17% das internações, a incidência é de 5,25 casos/ano por mil habitantes.

Crianças passando por pinguela na favela Parque São Rafael, em Guarulhos

Esse número representa mais de duas vezes acima da média nacional. Isso porque 88% das moradias não têm esgoto coletado naquela região. No mesmo período, o Nordeste registrou metade das internações brasileiras, com 231,6 mil casos. O déficit do saneamento nordestino foi de 64% das moradias em 2008, segundo o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS). Em 2009, dos 462 mil pacientes internados por infecções gastrintestinais, 2.101 morreram. Se existisse acesso universal a saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e 65% na mortalidade - ou seja, 1.277 vidas seriam salvas.


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Sindicato faz TRATAMENTO DE ESGOTO

no Clube de Campo Mantemos sistema próprio de tratamento da água do Clube de Campo, no Parque Primavera. Coletamos a água, realizamos todos os procedimentos técnicos de limpeza e devolvemos a água limpa

No Clube de Campo, as piscinas e a prainha são muito procuradas pelos sócios e dependentes. A classe trabalhadora tem pouco acesso a esse tipo de atração e, quando pode aproveitar, aproveita mesmo! Durante muitos anos, o córrego que corta nosso Clube sofreu despejos feitos pela própria Prefeitura. Isso obrigou o Sindicato

a manter um sistema próprio de tratamento. Ele coleta a água, realiza todos os procedimentos técnicos de limpeza e devolve a água limpa, na saída do Clube. Infelizmente, é contaminado novamente, depois, pela falta de saneamento básico. O tratamento é feito por meio de filtros especiais, com 16 fases até chegar à água potável. An-

tonio Augusto de Jesus, administrador do Clube, conta: “Até pouco tempo, tínhamos enormes problemas, porque todo o esgoto do bairro caía em nosso terreno. Ficava a céu aberto e o cheiro era insuportável. Além disso, temos dezenas de minas d´água, todas de excelente qualidade, que corriam risco de sofrer contaminação”.


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O esgoto da região era despejado nos mananciais do Clube, poluindo e provocando enchentes

Nosso sistema de tratamento foi implantado em 2005. Esse cuidado do Sindicato garante, até hoje, água limpa e saúde para os milhares de usuários. Principalmente para as crianças que apreciam muito o parque aquático e a prainha. Umas das nascentes está situada a cerca de um quilômetro. Até chegar ao Clube, passa por ter-

reno urbano, onde o esgoto é despejado. O rio foi revitalizado e sua água, tratada, vem sendo usada para consumo interno. Filtros Os filtros mantêm a água limpa, num complexo sistema de rodízio: toda a água (pesqueiro, piscinas, lagos, cachoeiras, prainha etc.) é reaproveitada, man-

Antonio Augusto, administrador do Clube, coordenou a implantação do sistema de tratamento da água

tendo sua qualidade para os peixes e os sócios do Clube. Ao todo, são 400 milhões de litros tratados por ano. Todo o esgoto produzido pelo Clube (são mais de 200 sanitários) é tratado com filtro biológico, clorado e devolvido à natureza. A iniciativa amenizou o problema, mas o tratamento era insuficiente para a demanda de esgoto despejada no Clube. O secretário-geral do Sindicato, Heleno B. da Silva, conta: “Com o aumento do número de moradores em volta do Clube de Campo, o esgoto das residências passou a ser lançado na área de manancial que atravessa o Clube. Isso, contaminou a água, provocando forte odor. A tentativa de tratar a água com métodos apenas naturais não foi suficiente“. Na eleição de 2008, o apoio dos metalúrgicos ao então candidato Almeida foi condiciona-


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Ă gua tratada proporciona lazer com mais saĂşde


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A estação elevatória dentro do Clube faz o bombeamento do esgoto residencial dos bairros Parque Primavera, Vila União e Jardim das Oliveiras para tratamento com pouca utilização de produtos químicos

do, principalmente, ao fim do despejo de esgoto no Clube. O presidente José Pereira dos Santos conta: “Pressionamos o poder público a fim de dar uma solução para o problema. Só tivemos solução durante a gestão do prefeito Almeida”. Estação elevatória A solução encontrada foi construir uma estação elevatória para tratamento do esgoto. O trabalho foi feito em parceria com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto, o SAAE. A estação é um grande tanque construído dentro do Clube para fazer o bombeamento do esgoto residencial. Isso proporciona condições para o tratamento da água sem utilizar muitos produtos quími-

cos - o que torna o processo mais natural. A estação capta o esgoto dos bairros Parque Primavera, Vila União e Jardim das Oliveiras. A estação elevatória, desenvolvida no Clube de Campo, foi o destaque da última premiação do Selo Ambiental. O reconhecimento foi feito pela Câmara Municipal de Guarulhos, em 2011, ao Sindicato. Por meio de um complexo sistema de bombas, totalmente automático, que funciona 24 horas, o esgoto dos três bairros passa pelo Clube e é bombeado para a rede do SAAE, sem que prejudique o meio ambiente. Antonio Augusto explica: “Mesmo que caia uma tempestade, não corremos mais risco de ala-

gamento ou de contaminação do nosso lençol freático. Esse sistema garante total independência e segurança”. Uma vez por mês, vem um caminhão do SAAE e limpa todos os canos e poços. Em caso de chuva forte, bombas são acionadas automaticamente, aumentando a vazão das águas para a rede oficial. População reconhece Outro benefício, elogiado pela população, é que o esgoto não corre mais a céu aberto. Isso significa qualidade de vida e saúde para os sócios do Sindicato e moradores da região. Anderson Barbosa de Lima tem 29 anos, é segurança, morador há oito anos na rua Ser-


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vidão da Passagem, que fica atrás do Clube de Campo. Ele acompanhou o processo e afirma: “Quando me mudei para a rua Servidão, era um desespero. Não havia esgoto e toda a sujeira das casas corria a céu aberto. O mau chei-

ro era insuportável. Além disso, quando chovia, a situação complicava ainda mais, porque toda aquela podridão, que não escoava para o Clube de Campo, entrava em casa. Doenças eram comuns e as famílias viviam em constante apreensão”.

“Quando me mudei para a rua Servidão, era um desespero. Não havia esgoto e toda a sujeira das casas, até fezes, corria a céu aberto. Quando chovia, a situação complicava ainda mais. Com a obra e todo o trabalho feito pelo Sindicato, nosso problema acabou”

Anderson Barbosa de Lima, morador da rua Servidão da Passagem, atrás do Clube

Anderson comenta: “Com a obra e todo o trabalho feito pelo Sindicato, o problema acabou. Ainda falta muita coisa, como asfalto por exemplo, mas nossa saúde está preservada. Tudo graças à atuação do Sindicato dos Metalúrgicos”.


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Mobilização sindical GARANTIU DESPOLUIÇÃO DA PRAIA GRANDE A pressão de dezenas de entidades sindicais garantiu que a região das Colônias se tornasse um balneário digno para os trabalhadores A Praia Grande, litoral Sul paulista, é o grande balneário dos trabalhadores. Um de seus bairros, Vila Mirim, abriga hoje 59 Colônias de Férias de muitas categorias profissionais. Isso dá um total de 10 mil vagas na rede hoteleira dos trabalhadores. É o maior complexo da América Latina. A orla foi urbanizada com uma bela avenida que a margeia por 22,5 quilômetros de extensão. São calçadões, quiosques, pistas de bicicleta e outras melhorias. Bem diferente da situação no fi-

nal dos anos 70 e 80, quando o local não era urbanizado e sofria com os dejetos. Isso porque o esgoto era despejado diretamente no mar. Enquanto Guarujá, ali perto, brilhava como a “pérola do Atlântico”, a área de lazer da classe trabalhadora, em Praia Grande, era suja, fedida e provocava doenças nos banhistas. Em vez de lazer e saúde, contaminação. Mudanças Essa situação só começou a mudar quando entidades com

Manifestação na Praia Grande, em outubro de 1991

colônias no local reagiram. Um dos personagens dessa história é o jornalista Sérgio Gomes, então dirigente da Oboré. Ele ajudou a formar o Conselho Mantenedor das Colônias de Férias. Em agosto de 1988, esse Conselho lançou o jornal Sol e Alegria, porta-voz da luta pela despoluição. O Conselho reunia 35 colônias de mais de 200 Sindicatos, unidos para limpar a praia e garantir lazer decente à família trabalhadora. Foram 11 anos de luta! O resultado foi a construção do emissário que despejou os dejetos longe da orla. O emissário foi concluído em 1993. A obra, tocada pela Cetesb, teve custo de US$ 40 milhões. Os recursos eram da Caixa Econômica Federal, originários do Fundo de Garantia. Graças a essa conquista, hoje, na alta temporada, cerca de 2 milhões de trabalhadores desfrutam de uma praia limpa, de uma orla urbanizada e de um lazer com qualidade.


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EDUCAÇÃO AMBIENTAL para crianças no Clube As crianças assistidas pelo Instituto Cultural e Esportivo “Meu Futuro” têm aulas de educação ambiental no Clube

Em 22 de março, Dia Mundial da Água, o Sindicato levou alunos do Instituto Cultural e Esportivo “Meu Futuro” para conhecer o processo de purificação da água. A entidade beneficia 162 crianças e jovens carentes da região do Parque Primavera. A atividade é parte das ações promovidas pelo Sindicato. Sempre em prol da educação ambiental junto à comunidade da região e aos frequentadores do nosso Clube de Campo.

Nosso secretário-geral, Heleno Benedito da Silva, ressalta: “A conscientização de que a natureza é um bem coletivo é fundamental para a preservação.

Nesse processo, as crianças também ajudam na mudança de hábito dos adultos. Elas fiscalizam e cobram dos pais ações e atitudes mais conscientes”.


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33 A importância da conscientização é demonstrada no depoimento do aluno do Instituto, Thiago Araújo Calynoto, 12 anos. Ele ficou impressionado com o sistema de tratamento de água utilizado no Clube. Thiago diz: “O que é feito no Clube de Campo pode ser adotado no restante do Brasil. Esse exemplo precisa ser mais divulgado e copiado”. Semana de atividades Dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente. Todo ano o Instituto, em parceria com o Sindicato, promove uma semana de atividades educativas. Todas são relacionadas à preservação dos recursos naturais, como pintura, artesanato e aulas específicas sobre reciclagem de material. Também há orientações sobre como melhorar a qualidade de vida. Além dos alunos do Instituto, são convidadas crianças de escolas do bairro, a fim de participar dos eventos. Um dos resultados dessas atividades é o Hino Ecológico, composto pelas crianças. Clever Andrade do Nascimento, professor de recreação e meio ambiente do Instituto, comenta: “A intenção é fazer com que as crianças entendam a necessidade de se preservar o meio ambiente. Elas tiveram noções, por exemplo, de como reciclar o lixo na escola e, principalmente, dentro de casa”.


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4º Fórum de Ações Integradas de Segurança e Meio Ambiente

AÇÃO SINDICAL fortalece luta pela preservação Questão ambiental deve estar na pauta de reivindicações dos trabalhadores

Todos concordam com a preservação ambiental e com um modelo econômico sustentável. No entanto, os trabalhadores ainda não estão mobilizados em torno dessa causa. Há alguns anos, o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região passou a levar a pauta ambiental para a categoria.

O presidente do Sindicato, José Pereira dos Santos, explica: “A principal vítima da degradação ambiental, da falta de infraestrutura e saneamento básico, é a população mais pobre e, por extensão, os trabalhadores. Portanto, a luta em defesa do meio ambiente deve ser bandeira constante do sindicalismo”.


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5º Encontro da Juventude Metalúrgica

A inserção do tema se deu inicialmente em reuniões e assembleias de trabalhadores. Em março de 2007, quando o assunto já era mais conhecido, realizamos o 1º Encontro Sindical em Defesa da Natureza. Fóruns e debates Em 2009, ano da primeira edição desta revista, realizamos o 4º Fórum de Ações Integradas de Segurança e Meio Ambiente. Participaram mais de 250 representantes de várias empresas da nossa base - entre cipeiros, técnicos em segurança do trabalho e integrantes de recursos humanos. Nosso diretor Elenildo Queiroz (Nildo) que responde pelo


36 Departamento de Saúde e Segurança do Trabalhador, no Sindicato, enfatiza: “Cipeiros são multiplicadores de conhecimento. São eles que fortalecem as ações de saúde, segurança e sobre as questões ambientais no dia a dia da fábrica”. O 5º Encontro da Juventude, também em 2009, teve como tema Emprego e Meio Ambiente. Além de palestras e debates, houve plantio de mudas de ipê-amarelo, manacá da serra, cerejeira e outras espécies no Bosque Maia, em Guarulhos. Força Sindical O Sindicato também tem levado a bandeira ambientalista à nossa Central, a Força Sindical. Nosso secretário-geral, Heleno Benedito da Silva, que é o secretário de Meio Ambiente da Força

Sindical-São Paulo, participou de diversos fóruns de debate. Apresentou documentos e propostas em prol do meio ambiente nos locais de trabalho e nas entidades sindicais. Heleno orienta: “As entidades sindicais podem adotar coleta seletiva de lixo, reúso da água, programas contra o desperdício de energia e plantio de árvores. A imprensa sindical deve divulgar o tema ambiental para informar e orientar os trabalhadores”. Coleta seletiva Nosso Sindicato dá o exemplo, com a implantação de um sistema de coleta de óleo de cozinha, coleta seletiva de lixo e reutilização de papel. A implantação foi feita em parceria com a Ecoficina, entidade ambientalista de Guarulhos.

Heleno no fórum regional da Força sobre meio ambiente, em 2010

A coleta no Sindicato é feita na sede, nas subsedes de Mairiporã (Terra Preta) e Arujá; na Colônia de Férias, em Caraguatatuba; no Hotel-fazenda em Vargem e no Clube de Campo (Parque Primavera). Heleno explica: “Óleo de cozinha reciclado pode virar sabão, ração animal, rejunte de vidro, lubrificante e ser usado em produtos cosméticos. Existe uma infinidade de vantagens em se coletar e separar esse óleo, além de ajudar muito a melhorar o meio ambiente”. Para se ter ideia, um litro de óleo de cozinha usado polui até 20 mil litros de água. Rodrigo Barea, coordenador


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Na sede, subsedes, Clube de Campo e Colônias do Sindicato foi implantada a coleta seletiva de lixo e de óleo de cozinha usado

do projeto, informa que na sede do Sindicato, em 2011, foram recolhidos 120 litros de óleo. No Clube, foram 500 litros, desde que o projeto começou. Força política Para Heleno, o movimento sindical deve usar sua força política e cobrar ações efetivas do poder público. “Assim como conquistamos aumentos reais no salário mínimo e queda nos juros, podemos obter dos governos mais investimentos na preservação. Além disso, temos de cobrar a criação de áreas de conservação ambiental, mais praças e parques e, principalmente, mais investimentos em saneamento básico”.


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Desenvolvimento sustentável com TRABALHO DECENTE Defesa do Meio Ambiente começa dentro da fábrica

Entre 13 e 22 de junho de 2012, acontece a Rio+20. Os olhos de todo o mundo estarão voltados para a Conferência entre governos, lideranças políticas, ambientais e sociais, diversas correntes políticas e culturais. O evento, 20 anos depois da Eco 92, objetiva debater e asse-

gurar um comprometimento político renovado com o desenvolvimento sustentável. Também avaliar o progresso até o momento e verificar que lacunas restam na implementação dos resultados. Além de abordar os novos desafios da humanidade sobre a questão ambiental.


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Sindicato distribui cartilha que reforça a importância da melhoria das condições de trabalho para a preservação da natureza

O movimento sindical, incluindo a nossa Central, Força Sindical, participa da Conferência levando as bandeiras e propostas dos trabalhadores. Dois temas se destacam: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e o quadro institucional para o desenvolvimento sustentável. O presidente do Sindicato, José Pereira dos Santos, afirma: “Uma economia sustentável não pode se manter à custa da devastação ambiental, das perdas sociais e do trabalho feito sem respeito a direitos e garantias trabalhistas”. Não podemos pensar numa economia sustentável sem levar em conta o fato de que existem

cerca de 1,3 bilhão de trabalhadores pobres no mundo, representando 43% de toda a força de trabalho. Esses trabalhadores têm rendimentos que não ultrapassam dois dólares por dia. Quanto mais pobre a pessoa, e com menor qualificação, mais trabalha em locais inadequados, sujos ou perigosos. Portanto, garantir trabalho decente e melhores condições de vida é fundamental para assegurar a preservação do meio ambiente. Dentro da fábrica Em 2009, lançamos a campanha Defesa do Meio Ambiente Começa Dentro da Fábrica, com orientação aos trabalhadores e empresários. A campanha prega que a defesa da natureza co-

meça com melhores condições de trabalho, salários dignos e saúde para os trabalhadores. Banir produtos tóxicos, assegurar meios de proteção coletiva, Equipamentos de Proteção Individual, reduzir jornada, ampliar áreas verdes nas empresas, fazer coleta seletiva do lixo, reaproveitar a água, reutilizar material descartado e promover educação ambiental são algumas das ações que geram qualidade de vida ao trabalhador e melhoram o meio ambiente. O Sindicato tem feito a sua parte. A ação sindical combate as irregularidades e os abusos. Mas ainda há fábricas onde o trabalhador enfrenta ambiente inseguro, contrai doenças e sofre acidentes que mutilam ou matam.


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“Tem empresa que utiliza ações ambientais como propaganda. Enquanto isso, seus funcionários cumprem jornada excessiva e trabalham em locais insalubres”, afirma o secretário-geral, Heleno Benedito da Silva. Segundo Heleno, as condições de trabalho dos funcionários devem ser levadas em conta nesse processo. “Empresa que respeita o meio ambiente de verdade também tem de respeitar seus trabalhadores”, afirma o sindicalista. Geração de emprego Além de melhorar as condições de trabalho e valorizar os salários, é preciso pensar na geração de empregos. As mudanças cli-

máticas terão efeitos negativos sobre os trabalhadores e suas famílias. Especialmente sobre aqueles cujo modo de vida depende da agricultura e do turismo. Por isso, é necessário que as ações para combater as mudanças climáticas, além de enfrentar seus efeitos, sejam formuladas para gerar trabalho, e trabalho decente. Como garantir alimento, casa, educação, saúde e trabalho decente e conciliar crescimento econômico com um planeta habitável? Para enfrentar esses desafios é necessário criar as condições para assegurar uma transição justa aos que forem afetados pela mudança climática. Portanto, é preciso criar as condições de aces-

so e oportunidades de emprego e atividades econômicas alternativas. Contramão Um exemplo que coloca o Brasil na contramão dessa história é a política de transporte. A produção de carros bate recordes e ganha incentivos governamentais com a redução de impostos, gerando empregos no setor, o que é muito bom. Essas medidas são importantes para o aquecimento econômico. Porém, devem ser acompanhadas de políticas de melhoria do transporte público, pois a redução das emissões de gases veiculares está diretamente ligada a isso. Transporte pú-


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blico funcionando adequadamente, e em condições dignas para os usuários, gera mais emprego e reduz impactos ambientais. Outro exemplo é a reciclagem e a gestão de dejetos no Brasil, que emprega cerca de 500 mil pessoas. No entanto, o processo muitas vezes provoca poluição e é perigoso. Isso, porque causa danos significativos ao meio ambiente e à saúde. Os empregos neste setor são, na maioria, precários e de baixa renda. “A imensa maioria dos trabalhadores que vivem da reciclagem no Brasil estão na informalidade e são considerados de segunda classe”, denuncia Heleno. Estudo do Banco Mundial estima

que os investimentos para reduzir, em cerca de 20%, as emissões de carbono até 2030 no Bra-

sil poderiam gerar anualmente 1,13% a mais de empregos na nossa economia.

Diretores Vanuza, Heleno e o assessor Tonhão durante ato das Centrais Sindicais em defesa do trabalho decente, em 2011


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Empresa usa tecnologia PARA PRESERVAR NATUREZA Flexform investe em nanoceramic technology, reduzindo em 60% o consumo de água

A defesa do meio ambiente é tarefa de todos. Ao produzir esta revista, buscamos também empresas preocupadas com a preservação dos recursos naturais e com o futuro do planeta. Uma delas é a Flexform, fabricante de cadeiras e poltronas. A empresa modificou os métodos e os processos de produ-

ção, de forma a prevenir a poluição do solo, da água e do ar. Isso foi garantido por meio da nanoceramic technology. “Essa tecnologia permitiu que a Flexform substituísse o fosfato de ferro - produto químico de grande impacto ambiental, usado no processo de banho das peças, no setor de pintura - por

produtos isentos de fósforo, metais pesados e componentes orgânicos”, explica Saulo Alves, técnico em gestão ambiental da empresa. De acordo com Alves, a mudança tornou viável a reutilização da água no banho e enxague das peças. “Reduzimos em 60% o consumo”, enfatiza. Alves destaca ainda que a empresa adquiriu um equipamento de ponta. O dispositivo possibilita reutilização do material que sobra da lavagem das


43 peças no setor de engenharia de manutenção e que inicialmente fica contaminado, por graxa. “Na máquina, um composto de água, microorganismos e surfactantes fazem a decomposição de todas as bactérias dos produtos que são lavados. Isso permite que a água volte a ser usada no banho das peças”, esclarece Alves. A empresa também investe em programa para o monitoramento dos resíduos. Assim conseguese a correta destinação deles, de acordo com o Certificado de Movimentação de Resíduos de Interesse Ambiental. Por essas e outras iniciativas, a Flexform recebeu a certificação ISO 14001. Ela atesta seu comprometimento em manter um sistema de gestão ambiental efetivo, que sofre análises críticas regulares, com vistas ao aprimoramento constante. “Esse certificado mostra nossa preocupação em

alinhar discurso e prática num posicionamento coerente com os conceitos de responsabilidade social e ambiental expressos nas diretrizes estratégicas da empresa”, pondera o diretor da companhia, Pascoal Iannoni. Trabalhadores A Flexform oferece programa de treinamento, que possibilita aos funcionários uma formação mais abrangente. Principalmente no que diz respeito às ações de coleta seletiva e de cuidado e proteção com o meio ambiente.

“A ideia é que o colaborador não separe o lixo apenas no local de trabalho. Também aprenda a dar uma destinação correta aos resíduos que produz em casa ou em qualquer outro ambiente”, afirma Alves. Para atingir esse objetivo, é promovido um Diálogo Ambiental Semanal em todos os setores da empresa com palestra de 15 minutos. Alves explica: “Falamos da importância da coleta seletiva e de outras ações de sustentabilidade. Isso mostra como é importante o engajamento individual”.

Fabricantes de cadeiras e poltronas Fundada em 1965 e instalada em um parque industrial de 55 mil m2, em Guarulhos (São Paulo), a Flexform é uma das maiores fabricantes de cadeiras e poltronas corporativas e assentos para coletividade do Brasil. Em 2011, obteve faturamento de R$ 155 milhões e espera crescer 26% em 2012. A Flexform desenvolve produtos para espaços profissionais em estádios de futebol, aeroportos, teatros, entre outros ambientes.

Trabalhadores da Flexform recebem educação ambiental


Foto: Márcio Lino/PMG

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Já são 16 pontos para ENTREGA DE ENTULHO Programa da Prefeitura de Guarulhos implantou 16 pontos de recolhimento de resíduos sólidos, beneficiando a população e o meio ambiente Desde 2010, está em vigor no Brasil o Plano Nacional de Resíduos Sólidos. Ele tem três metas principais: acabar, até agosto de 2014, com todos os lixões a céu aberto do País; enviar apenas os rejeitos para os aterros sanitários; e elaborar planos de descarte de resíduos sólidos nos municípios brasileiros.

Antecipando-se ao Plano, em 2003, a Prefeitura de Guarulhos implantou programa de recolhimento de resíduos sólidos chamado de PEVs (Pontos de Entrega Voluntária). Os pontos recebem entulhos, móveis velhos e outros descartes. Não são aceitos resíduos úmidos domiciliares (restos de

comida, lixo de banheiro etc.), lâmpadas fluorescentes, borras de lava-rápido, pilhas e baterias e óleos lubrificantes. Ao todo são 16 pontos pela cidade, e o munícipe pode levar até um metro cúbico de resíduo por dia. O que passar dessa medida individual é recolhido por empresas cadastradas na Prefeitura. Elas fazem a retirada por meio de caçambas e deixam lixo e entulho em áreas determinadas pela Secretaria de Serviços Públicos, as


45 chamadas ATTs (Área de Transbordo e Triagem). Segundo a Secretaria, cada PEV recebe em média por mês 1.500 metros cúbicos de entulho, 1.250 de madeira e 5.600 de outros resíduos. A secretária Maria Helena Ribeiro assegura: “Os PEVs são fundamentais na implantação de uma política sustentável no município, tendo em vista que recebem da população todos os resíduos da construção civil e demolição”.

Foto: Fabio Nunes Teixeira/PMG

Reutilizar e reaproveitar Tudo o que é descartado num ponto é reaproveitado. Apenas os rejeitos são destinados ao Aterro Sanitário da Quitaúna. Os materiais coletados (plásticos,

vidros, papel e metal) vão para a cooperativa Coop-Reciclável, especializada em coleta de resíduos sólidos, para posterior comercialização. A Proguaru (autarquia municipal) também reutiliza os entulhos da construção civil, que são encaminhados à usina da empresa. Os resíduos de concreto são usados na construção de pré-moldados, meio-fio, blocos de concreto e calçadas. Resíduos de cerâmica e argamassa serão aproveitados na conservação e pavimentação de vias urbanas e tapa-valas. Não há dados exatos de quanto lixo deixou de ser jogado na rua. A Secretaria calcula que a procura pelos PEVs cresce 30% a cada ano.

Confira os Pontos Os PEVs recolhem resíduos de construção (ferro, argamassa, solo etc.), móveis, poda de árvores, utensílios e material de coleta seletiva (plástico, papel, vidro e metal). Funcionam de segunda a sexta, das 8h45 às 16h30; sábados, das 9 às 16h15. Quanto - O volume de material de cada descarte não pode ser superior a um metro cúbico, ou seja, cerca de cinco carrinhos de mão. Locais - Vila Galvão: rua Ipiranga, em frente ao nº 530; Vila Barros: avenida Guilherme Lino dos Santos, ao lado do nº 815; Gopoúva: rua Nadir, s/n°, esquina com a rua Utama; Paraventi: rua Apolônia Vieira de Jesus, próximo ao Ciesp; Torres Tibagy: rua Corumbaíba, esquina com a avenida Julio Prestes; João do Pulo: rua São Tomaz de Aquino, J. Divinolândia; Inocoop: avenida Humberto, esquina com rua Jardel Filho; Santos Dumont: estrada do Saboó, altura do nº 580, próximo ao asilo; Fortaleza: rua Medeia Escardino Mariano, após posto de saúde; Macedo: rua Estilac Leal, atrás do Corpo de Bombeiros; Mikail: rua Justiniano Salvador dos Santos, altura do nº 391; Haroldo Veloso: rua Campos Gerais, esquina com a rua Dalva de Oliveira; Cabrália: rua Cabrália, Jardim Bela Vista; Continental: avenida C; Ponte Grande: alameda Josefina L. Zamataro; Jurema: rua Jacutinga.


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Nildo durante o 4º Fórum de Segurança e Meio Ambiente, em 2009

5º Fórum de Segurança e Meio Ambiente é DIA 30 DE JUNHO Evento vai capacitar trabalhadores, debater e elaborar propostas sobre a questão ambiental. Será na sede do Sindicato, das 9 ao meio-dia O Sindicato promove dia 30 de junho o 5º Fórum de Segurança no Trabalho e Meio Ambiente. O evento vai reunir trabalhadores, cipeiros, técnicos de segurança e comunidade, para debater propostas sobre a questão ambiental. O diretor Elenildo Queiroz (Nildo), do Departamento de Saúde e Segurança do Trabalho, afirma: “Na nossa base, 90% das empresas são de pequeno porte, sem política ambiental. Queremos implantar as Cipas ambientais por

meio da capacitação desses trabalhadores, promovendo ações simples como a economia de energia e de água, o descarte correto de resíduos e a eliminação de produtos tóxicos”. O Fórum já promoveu avanços importantes em Guarulhos. “Uma das reivindicações do Fórum foi o tratamento de esgotos da cidade e a coleta de resíduos sólidos. Hoje, a Prefeitura trata 35% do esgoto produzido e tem pontos de recolhimento espalhados pela cidade. Mas é preciso

avançar mais, principalmente no que diz respeito à coleta seletiva”, argumenta Nildo. Segundo ele, cada habitante produz três quilos de lixo por dia, mas apenas 8% desse lixo é recolhido por coleta seletiva. Onde O Fórum de Segurança e Meio Ambiente será no auditório da sede do Sindicato, à rua Harry Simonsen, 202, Centro, Guarulhos, das 9 às 12 horas. É aberto ao público.


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Telefones e sites úteis • Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região Telefone 2463.5300 www.metalurgico.org.br • Secretaria do Meio Ambiente da Força Sindical - São Paulo Heleno Benedito da Silva Telefone 2463.5323 heleno@metalurgico.org.br • Secretaria do Meio Ambiente da Força Sindical - Nacional Antonio Silvan de Oliveira Telefone 2408.8106 silvan@sindiquimicos.org.br • Secretaria do Meio Ambiente do Município de Guarulhos Telefone 2475.9867 www.guarulhos.sp.gov.br • Delegacia do Meio Ambiente de Guarulhos Telefone 2475.2077 • Ordem dos Advogados do Brasil - Guarulhos Telefone 2468.8199 www.oabguarulhos.org.br meioambiente@oabguarulhos.org.br • Secretaria Estadual de Meio Ambiente Disque 0800.113560 www.ambiente.sp.gov.br • Secretaria dos Recursos Hídricos www.sigrh.sp.gov.br • Companhia de Saneamento Básico do Estado SP (Sabesp) Telefone 195 www.sabesp.com.br

• Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) Telefone 3133.3000 www.cetesb.sp.gov.br • Ministério do Meio Ambiente www.mma.gov.br • Agência Nacional de Águas www.ana.gov.br

• Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) www.brasilpnuma.org.br • Fundação SOS Mata Atlântica www.sosmatatlantica.org.br • Conselho Brasileiro de Construção Sustentável www.cbcs.org.br

• Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Telefone (11) 3066.2633 www.ibama.gov.br

• ICLEI - Governos Locais pela Sustentabilidade www.iclei.org/lacs/portugues

• Instituto de Pesquisas Ecológicas www.ipe.org.br

• Instituto Akatu - pelo consumo consciente www.akatu.org.br

• Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) Telefone (61) 3105.2207 www.mma.gov.br/port/conama/

• Centro de Estudos em Sustentabilidade Getúlio Vargas www.ces.fgvsp.br

• Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) www.ibge.gov.br

• Senai Telefone 2154.5536 www.senai.br


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