revistamicael | ed especial 35 anos

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edição especial

2013

revista

MICAEL


EDITORIAL

editorial Foi uma grande alegria produzir esta edição comemorativa dos 35 anos do Colégio Micael! Colher e reproduzir relatos tão comoventes de ex-alunos talvez tenha sido a parte mais emblemática desse trabalho. É alentador saber que um jovem como Guilherme Garcia, que concluiu o Ensino Médio em 2008, sente-se responsável pelo futuro da escola e pretende um dia trabalhar nela como professor, “para ensinar as belas histórias dos livros e da vida”. E enquanto estávamos no processo de feitura da revista, uma grande notícia para nossa comunidade foi parar nos jornais: um dos ganhadores do Nobel de Medicina de 2013 foi o neurocientista alemão Thomas Südhof, ex-aluno Waldorf que se formou na escola de Hannover, na Alemanha. Que venham os próximos 35 anos! Trilhamos um belo caminho até aqui, mas ainda há muito chão pela frente... Os editores

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índice

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ESPECIAL 35 ANOS

06

ESPECIAL 35 ANOS

08

ESPECIAL 35 ANOS

Festa de aniversário da escola

Relato Guilherme Garcia

Depoimentos de ex-alunos

MÉDIO 21 ENSINO Uni 11 FUNDAMENTAL 22 ENSINO Escola de Pais

26 ENTREVISTA Lembranças e aprendizados

35 ANOS 10 ESPECIAL Uma Comunidade em

PEDAGÓGICAS 28 QUESTÕES Criatividade no estudo da química

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ESCOLA 31 NOSSA Pais na sala de aula

TransFormação!

ESPECIAL 35 ANOS

Os 18 anos do Ensino Médio

INFANTIL 14 EDUCAÇÃO A essência do que importa

32 FUTURO A vida depois da escola

DAY 16 WOW Mãos à obra!

MÉDIO 37 ENSINO Estágio

DO 8º ANO 18 TEATRO Relato

DE IDEIAS 38 INTERCÂMBIO A Escola da Ponte

MÉDIO 20 ENSINO “Tivemos que esquecer nossos

40 CONGRESSO Há muito trabalho pela frente

preconceitos cênicos”

E X P E D I E N T E Coordenação editorial: Comissão de Comunicação do Colégio Micael Colaboradores: Rogério Abbamonte, Katia Gardin, Tati Wexler, Claudia L S Couto (fotos), Tatiana Pacini, Carla Zocchio Reisewitz e Simone Scaglione Borges (design), Gabriel Ábalos, Guilherme Jeronymo, Adriana da Glória e Katia Geiling (textos) e professor Marquilandes Borges de Souza (coordenação junto ao corpo docente) Capa | foto: Katia Gardin Mande sugestões, comentários e críticas para: comunicacao@micael.com.br

w w w. m i c a e l . c o m . b r A revista Micael é uma publicação trimestral do Colégio Waldorf Micael de São Paulo Rua Pedro Alexandrino Soares, 68 • Jardim Boa Vista • 11 3782-4892


Honrar o passado, viver o presente e planejar o futuro. Eis nossa missão nesses 35 anos do Colégio Micael A festa que celebrou os 35 anos do Colégio Micael reuniu cerca de 250 almas emocionadas, que juntas relembraram o passado, festejaram o presente e voltaram os olhos para o futuro. Alunos, professores, funcionários, pais, ex-alunos e amigos da escola fizeram parte da comemoração...

“Este bolo retrata a escola: a massa, o corpo, quem traz são as famílias, representando cada classe. E a cobertura, feita por aqueles que trabalham na escola, é o toque de cuidado, de amor que vemos aqui todos os dias.

Estarmos reunidos para essa celebração, que tem a intenção de reforçar nossos laços de amizade e de nos reconciliar com as pessoas de uma época passada, é honrar esse colégio que usufruímos hoje.” Fala de Claudia Bala Kamei, do Conselho de Pais, antes do Parabéns

Crianças prontas para o Parabéns, nossa incansável Conceição, que todos os anos cuida dos arremates do bolo de aniversário da escola, e Claudia Bala Kamei

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ESPECIAL 35 ANOS | COMEMORAÇÃO

Os professores fizeram uma comovente apresentação de euritmia durante a festa

A professora Leni entrega à filha de Terezinha de Jesus Duarte flores feitas pela comunidade do Micael. O gesto foi uma homenagem à nossa exfuncionária, que faleceu em setembro e durante anos ensinou com muita alegria e amor a arte de confeccionar flores de papel crepom

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“Sou Guilherme Garcia, tenho 23 anos, me formei no Micael no final de 2008, apresentando o teatro A Gota D’ Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, dirigido por Marcello Airold, hoje ator global. Após cinco anos, estou quase me formando em História pela PUC de São Paulo e trabalho em uma pequena casa editorial em Pinheiros, chamada Editora Terceiro Nome. Posso ariscar dizer que encontrei meu espaço e minha garantia no mundo após a escola. Até meu último ano no colégio, não tinha a mínima ideia do que faria da vida. Minha primeira opção para o vestibular foi Publicidade, mas depois de um semestre de cursinho, mudei de ideia e optei por História. Mas por quê? Hoje dá para dizer o quanto a escola Waldorf nos fez crescer. A sede de vestibular, faculdade, emprego e progresso nunca nos afetou, sempre tivemos a segurança e o acolhimento da vida simples - desde os primeiros bonequinhos de tricô. O domínio sobre o nosso corpo, a linguagem dos gestos e da música sempre possibilitaram uma potente adaptação aos sentidos e campos fora da escola. Tanto é que eu e a maioria dos meus colegas rapidamente conseguimos trabalho depois de formados. Por isso não quis limitar minhas capacidades ainda adormecidas em um trabalho específico, que iria me escravizar ao sistema, e optei por História, para simplesmente aprender mais sobre tudo! Quem sabe assim eu descobriria meu verdadeiro talento. O resultado é que, visivelmente, entrei na faculdade no mesmo nível que meu colegas

Guilherme hoje e nos tempos do Fundamental no Micael, quando era aluno da professora Cristina REVISTA MICAEL . 6


Alguns pedagogos conservadores e pais desinformados dizem que o aluno Waldorf é atrasado no currículo escolar, termina um ano depois e desperdiça o tempo de estudo com atividades recreativas. ERRADO. O aluno Waldorf demora um pouco mais que os outros para chegar no “ano de aprender fração”, mas em compensação ganha muito mais nos saberes da vida, do corpo e da própria consciência etérica, ou seja, do esclarecimento da alma. Hoje em dia, principalmente nos corredores da faculdade, o grande

debate sobre a educação tem sido a inclusão de diversos grupos étnicos, raciais, de deficientes físicos e mentais e a nada se chega. Enquanto o padrão de educação for a “massificação” ou um modelo estático ao qual todos devem se adaptar, sempre haverá alguém que criará um sentimento de inferioridade, porque foi multado pelos seus “erros”. Aqui na Waldorf não entramos nesse debate, porque, desde nossa formação lá no Jardim, nos encontramos no mundo e nos sentimos parte desse coletivo. A escola sempre foi uma casa e sempre será e por isso vim aqui me expressar e dizer que não quero nunca sair dela, que ainda estou aqui me sentindo parte dessa construção e responsável pelo seu futuro. Espero em breve poder participar da formação dessas crianças e jovens e ensinar as belas histórias dos livros e da vida. E com isso retribuir o carinho e empenho que minha família, meus amigos e meus professores sempre tiveram comigo em todos esses anos.” Guilherme Garcia estuda História na PUC de São Paulo e preparou esse relato para a celebração dos 35 anos da escola

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ESPECIAL 35 ANOS | COMEMORAÇÃO

saíram. Desde cedo, apresentava seminários sozinho numa boa e tinha retornos positivos dos professores da faculdade a respeito dos resumos que fazia. Uma incrível sensação de acolhimento. Mas, claro, nada vem de graça. Uma coisa que aprendi a fazer bem foi ler, ler e ler muito. Livros de alto teor intelectual e profundo significado viravam debates e conferências de bar. A leitura muda a vida.


Ex-alunos contam sobre o que o “Com toda certeza, o que carrego de mais ‘agrado’ é o respeito ao próximo. É respeitando que se faz respeitado. Em toda minha jornada no colégio, o que mais marcou foi isso. Tanto os professores quanto os funcionários sempre respeitaram as opiniões, aptidões, limitações e dificuldades dos alunos, criando assim uma proximidade e cumplicidade entre todos. Uma ‘Grande Família’.” Augusto Galuppo Atallah, aluno de 1989 a 2003, formado em Rádio e TV, trabalha com edição e finalização de trilhas sonoras

“No Colégio Micael, aprendi tanto a ler e a escrever corretamente como também o valor da amizade, da sinceridade e da lealdade. A sabedoria que está incrustada em cada verso, em cada roda e em cada dança será levada, lembrada e transmitida por onde eu estiver. É difícil colocar em poucas palavras o significado de mais de um terço da minha vida, mas quem passou por essa experiência sabe como é!”

“Uma grande referência até hoje em minha profissão e naquilo que desejo para a educação do meu filho. Em primeiro lugar, um currículo completo e integrado, voltado à formação integral do indivíduo autônomo, solidário e humanista, pois dá prioridade igual a um arsenal variado de disciplinas referentes às esferas artística, literária, filosófica, científica, de exatas etc. Em segundo lugar, conta com professores e profissionais competentes e que trabalham de forma exaustiva e integrada. Em terceiro lugar, os trabalhos de campo desenvolvidos jamais serão esquecidos, de qualidade superior àqueles realizados na Universidade de São Paulo, inclusive as viagens realizadas com caráter de ‘ritual’, como Parsifal, tão marcantes em minha experiência moral. As atividades extra-curriculares, como o teatro, e as vivências com a comunidade foram decisivas para um olhar mais aberto às diversas dimensões que compõem nossas vidas. Para uma jovem de 15 ou 16 anos, a possibilidade de vislumbrar seu papel social numa sociedade tão desigual e competitiva é incrível. Não conseguirei esgotar tudo o que a cultura dessa escola representa para mim, mas agradeço a todos que para isso contribuíram!”

Mateus de Oliveira e Souza Ribeiro,

Luciana Martin Kanawati,

aluno de 1992 a 2000, designer, trabalha com edição e sonorização de vídeo

aluna de 1996 a 2001, professora, faz mestrado em Geografia Humana na USP

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“Estudar no Colégio Micael foi um presente: pela pedagogia, pelo espaço físico e pelas pessoas que tive a sorte de conhecer. Lembro-me do cheiro da sala do Jardim, das jabuticabeiras nos recreios, das coloridas festas juninas, da felicidade e orgulho durante a exposição dos trabalhos anuais. Da música, da forma como a História nos foi contada, estimulando nossa fantasia, arrebatando-nos pelo amor e pela curiosidade legítima. As aulas de aquarela, de trabalhos manuais. O circo (fomos a primeira turma a montar, por iniciativa da nossa inspirada professora de classe, dona Ana Cândida), o teatro. Lembro-me emocionada de meus colegas, a maioria grandes amigos até hoje e para a vida inteira! São tantas lembranças boas! O papel da escola na minha vida é ser esse lugar gostoso dentro de mim, a que recorro para aquecer meu coração, para desmontar a máquina fria que o mundo vai nos tornando e para sempre procurar o belo, o humano atrás das estruturas endurecidas. Sou só gratidão!”

“No Colégio Micael aprendi a pensar! A escola e os professores me ofereceram um ambiente seguro, onde eu pude florescer e me tornar uma jovem decidida e madura para enfrentar os desafios do mundo. Depois do colégio, trabalhei com projetos sociais, focando principalmente a educação do jovem em relação à sustentabilidade do planeta. Estive em conferências no mundo inteiro e em algumas delas dei palestras e workshops. Trabalhei em grandes empresas, morei na Alemanha e viajei pela Europa. Me formei em Relações Públicas, depois me casei e vim morar na Suécia, onde trabalho numa escola Waldorf e numa ONG internacional. Acabei de ter minha primeira filha, que estudará num colégio Waldorf, que, na minha visão, dá à criança a possibilidade de se tornar um indivíduo consciente.” Fábia Idoeta Fogelqvist, aluna de 1989 a 2003, trabalha na Suécia como pedagoga curativa numa escola para crianças especiais

Amanda Schoenmaker, aluna de 1986 a 1997, socióloga efetiva da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres do governo do Acre *Relatos colhidos através de uma extensa pequisa que o Conselho de Pais está realizando com ex-alunos do Colégio Micael REVISTA MICAEL . 9

ESPECIAL 35 ANOS | DEPOIMENTOS

Micael significou em suas vidas


Colégio Micael,

uma comunidade em Trans Formação! Adriana da Glória, mãe da escola

O desejo do proprietário do sítio da Rua Pedro Alexandrino Soares era de que em sua propriedade fosse construída uma escola. E assim aconteceu. Há 35 anos teve início a história do Colégio Micael, um espaço onde se pratica uma educação para a vida físico-anímica e espiritual. A semente do Colégio Micael foi plantada no Jardim das Amoras, que funcionava na casa da família Yaari. E, como os pequenos estavam crescendo, foi criada uma sala de 1º ano, já com o nome de Micael, lá mesmo no Jardim. Após a compra do sítio no Jardim Boa Vista, a casa que existia no terreno foi adaptada para o funcionamento das primeiras classes do Micael. No início, chegar ao colégio era um desafio diário. Professores e alunos vinham de ônibus da região de Santo Amaro. Em dias chuvosos, era preciso subir a pé a ladeira de lama!

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ESPECIAL 35 ANOS | HISTÓRIA

O que possibilita o nascimento de uma nova escola Waldorf é o trabalho em grupo, com muita vontade, respeito e alegria. Foram muitas as pessoas responsáveis pela construção do Micael. E, em 17 de abril de 1982, o mundo espiritual abençoou a semente que germinava com a cerimônia da pedra fundamental. Naquele momento, o esqueleto do novo prédio estava quase pronto. Desde então, foram muitos desafios e conquistas. Muitas comissões de pais e professores se dedicaram para dar continuidade à construção de nossa escola, do prédio do Ensino Médio, da biblioteca, da cantina. E o trabalho continua! A educação é uma responsabilidade coletiva e compartilhada. O Colégio Micael foi além de seus muros e levou a pedagogia para a comunidade do entorno com a ACOMI (Associação Comunitária Micael), a creche Nova Esperança e, nos últimos dois anos, com o colegial noturno para jovens do bairro. Dessa forma, escola e comunidade constroem, juntas, novas trilhas. Afinal, compartilhamos o mesmo espaço e precisamos, mais do que nunca, viver em harmonia e praticar uma educação comunitária e emancipadora.

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Quem é esse jovem Ensino Médio que hoje completa 18 anos? Mauro P. Porrino, professor de Matemática do Ensino Médio

No mesmo dia em que o Colégio Micael completava 35 anos, o Ensino Médio da escola comemorava 18 anos de vida. Mauro P. Porrino, professor de matemática do colegial, escreveu esse artigo para nos oferecer uma reflexão sobre esse momento.

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Uma necessidade contínua de perceber o quadro integral, pleno de sentido. Muito mais do que a ênfase em cada área, buscamos agora a imagem do todo, da completude. De que forma o rico conjunto das experiências proporcionadas atua no aluno? Que unidade é essa formada por tantas imagens caleidoscópicas e que não é apenas uma colagem de fragmentos? O aluno é quem nos dá essa dimensão. Ele nos dá o norte para transcender cada disciplina e operar a grande síntese; Uma visão mais consciente sobre o que já vivemos, sobre os nossos caminhos e descaminhos e seus porquês. Esse olhar maduro e carinhoso enriquece nossa bagagem de vida, e não serve apenas ao cultivo de sentimentos nostálgicos; A busca da inserção na realidade, no tempo presente e no mundo presente, dá-se através do diálogo franco com o meio universitário, com outras linhas pedagógicas, com o nosso bairro, com a nossa cidade, enfim, com o outro... ; Iniciativas, ideias renovadoras e projetos fervilhantes em nossas discussões. Há imaginação e ousadia para novas práticas e novas diretrizes. Cada reunião é um fórum representativo do

mundo, onde tudo é discutido com honestidade e coragem; Um aprofundamento do olhar sobre cada aluno, nessa idade em que o sentimento de empatia é tão forte e pode levar ao amor. Ampliando nossa percepção sobre eles, procuramos nos conectar às suas necessidades anímico-espirituais; Conseguir abrir mão do que é morto e pensar grande sobre esse audacioso projeto. A que serve nosso projeto? Uma busca religiosa, no sentido de religação. Cada um percebe sua atuação dentro de um grande quadro e procura, em liberdade, conectar-se ao destino da escola, através da atuação na gestão escolar, de estudos, da participação em cursos de aprofundamento e grupos de discussão; Um contínuo processo de autoeducação, que nos possibilite cada vez mais clareza, como no poema de Rilke:

Por mim nenhum milagre, por favor: põe tuas leis em vigor, leis que, de geração em geração, tornam-se mais visíveis.

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ESPECIAL 35 ANOS | ENSINO MÉDIO

O que nós, professores, vivemos nesse momento são as mesmas indagações, sonhos e constatações dos nossos queridos alunos do 12º ano, a saber:


EDUCAÇÃO INFANTIL

Festa da Primavera: a essência do que importa No sábado, dia 21 de setembro, aconteceu nossa Festa da Primavera. Em uma manhã maravilhosa, abençoada por lindos raios de sol e um céu azulceleste, o Colégio Micael se encheu da mais pura singeleza e poesia. A flauta transversal ao fundo dava o tom; um sutil toque de tambor, o ritmo. Em primeiro plano o ar ficou repleto das lindas vozes das crianças e professoras, anunciando a tão esperada estação das flores e passarinhos. Um momento de delicadeza e essência, em que pudemos compartilhar um pouco do que nossos pequenos vivenciam diariamente! Vozes suaves, gestos, flores, músicas, roda, coração, amor... Em determinado instante, as professoras se dirigiram ao centro da roda e, juntas, enviaram aos céus uma cestinha cheia de sementes que as próprias crianças juntaram no decorrer dos meses. Foi um gesto emocionante e cheio

de significado, onde cada professora representava suas crianças, e as seis juntas ali, como um cálice, representavam toda a Educação Infantil de nossa escola. Para encerrar a manhã, compartilhamos o lanche, que cada família preparou com muito carinho, organizado em uma linda mesa onde todos se reuniram em um momento único de comunhão. Voltamos para casa com o coração repleto de tantos sentimentos e ensinamentos hoje em dia cada vez mais raros: essência, singeleza, doação, veracidade, comunhão... Obrigada pela linda festa! Stefaní Trunkle mãe do Daniel (jardim) e da Nina (maternal)

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fotos Tati Wexler • www.tatiwexler.com.br REVISTA MICAEL . 15


WOW DAY

“Como é boa a sensação de realizar algo importante pelo mundo” Tarita de Souza, professora de Coral do Ensino Médio

Foi com muita alegria que nosso colégio participou no dia 25 de setembro de mais uma edição do WOW DAY - Waldorf One World Day. Criado por uma exaluna do Micael que hoje trabalha na Associação Amigos de Educar, em Berlim, na Alemanha. O objetivo dessa ação é que as escolas mudem a sua rotina tradicional e dediquem um dia inteiro de trabalho para crianças que precisam de ajuda. Neste ano a nossa participação foi diferente. Se nos países europeus as crianças arrecadam dinheiro para mandar para outros países, nós aqui podemos não só arrecadar dinheiro como também trabalhar para fazer a vida de alguém melhor. Optamos por mostrar para os nossos alunos que trabalho, tempo e dedicação também são maneiras de ajudar e têm muito valor. Então, mão na massa! Escolhemos uma associação que precisava de trabalhos e duas classes dispostas a trabalhar. O lugar escolhido foi o Aramitan, localizado em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo. O Aramitan é uma grande casa, construída através de mutirões, onde acontecem aulas e atividades ligadas à pedagogia Waldorf. O local recebe muitos voluntários europeus e tem como objetivo tornar-se um centro

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educacional e cultural para atender crianças e jovens do município. Na manhã do WOW DAY, levamos o 12º ano e o 10º ano noturno do Micael para lá. As classes que ficaram tinham a missão de trabalhar para arrecadar dinheiro e bancar os materiais de construção necessários para as obras que realizaríamos. Foi um dia de trabalho intenso. Pegamos na enxada, limpamos terreno, erguemos muros e cercas, pintamos paredes, sempre com muito suor e muita alegria, a alegria de estar junto ajudando tantas pessoas. Como é boa essa sensação de realizar algo importante pelo mundo e perceber que juntos somos fortes. Quando voltamos para a escola no fim do dia, uma surpresa: nossas calçadas haviam sido pintadas pelos outros alunos! Que lindo enfeitar o nosso caminho e ter a certeza de que nosso chão é sólido e belo e que podemos sempre ter o coração e os olhos abertos para o que está à nossa volta.

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o comecinho da manhã, enquanto o 12º ano e o 10º ano noturno se preparavam para um dia de trabalho no Aramitan, um animado café da manhã era servido no pátio da escola. Logo depois, alguns alunos do colegial foram até a praça que fica em frente à ACOMI e encheram de cor o concreto de bancos, calçadas e muros. Os alunos do Ensino Médio que ficaram na escola brincaram com as crianças do grau, que também participaram das vendas de pães, geleias, pulseirinhas, marcadores de livros...

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ENSINO FUNDAMENTAL | TEATRO 8º ANO

Teatro, pedagogia orgânica “Felizmente escolhemos, em liberdade, realizar algo tão lindo e inesquecível na vida destes vinte e seis jovens. Felizmente ainda há no mundo lugares em que o contato humano substitui o contato com máquinas. Felizmente ainda há no mundo lugares em que se exercita a criação coletiva em favor do próximo e não visando ao lucro. Felizmente ainda há no mundo lugar para as peças de teatro escolares.” Daniel Kulaif, professor do 8° ano 2013 do colégio Micael

“A Maldição de Moisassur” RM Como foi o contato e pesquisa do texto? DANIEL KULAIF Este texto, como é costume, foi escolhido pelos professores da turma. O professor da sala pesquisa, essa é uma incumbência sempre dele. Foi muito complicado, difícil mesmo, chegar a este texto. Escolhi outros três antes, mas foram descartados enquanto conversava com os outros professores. Alguns não se adequavam bem ao tema ou aos personagens. Então a Riva (professora de manualidades, que trabalha aquarela com esta e outras turmas) sugeriu esse texto, que foi montado no final da década de 80 aqui na escola, e no qual ela havia trabalhado na tradução e adaptação. RM E por que este texto? D Pela possibilidade de tra-

balhar com uma peça que as crianças pequenas pudessem entender também e que tivesse um papel feminino forte, o que eu queria por termos uma sala com uma presença masculina muito marcante. Também era uma montagem em que todos poderiam atuar, e que tinha boas possibilidades de cenografia.

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RM A cenografia foi algo que chamou a atenção de todo o colégio. Como se deu sua pesquisa e construção? D Foi preparada pela equipe de professores do ano. Ana, Felipe, Clarissa, Monica e eu nos reunimos e optamos por algo que eles mesmos pudessem construir. Houve ainda a doação de parte do cenário por um pai da escola. A ideia era ser uma coisa que suge-risse mais do que definisse as cenas. O tra-balho com os bambus e a escada e os figurinos foram feitos pelos alunos e suas famílias. A turma se envolveu em todas as partes da peça, inclusive na composição das músicas, orientados pela professora de música.

RM Qual o papel do teatro como

ferramenta para o ensino?

D O espetáculo gira nesse mote

pedagógico, é por excelência autoconhecimento e o maior exercício de trabalho coletivo e prático que tivemos. É uma coisa concreta, que você vai trabalhando no dia-a-dia. É um conteúdo emocional, um aprendizado de conseguir lidar com o outro, menos de conteúdos, mais de ferramentas para o mundo, bem quando eles precisam disso. Também operou mudanças interessantes na turma, deixando-os mais unidos, cúmplices de um esforço comum. Teve também o trabalho de pesquisa, mais escolar. História, geografia, cultura, português e educação física. É como pensar na diferença entre comida orgânica e comida industrializada. O teatro seria quase uma “pedagogia orgânica”.

RM Como foi superar as dificuldades de montagem, principalmente para eles? D Foi um crescimento para eles, cada um foi vencendo desafios, algo bem individual mesmo. Até na escolha dos personagens a ideia foi que cada interpretação desafiasse e trabalhasse algo no estudante que o encenou.

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ENSINO MÉDIO

Teatro do 12º ano “Tivemos que esquecer nossos preconceitos cênicos”

“Quando o grupo decidiu fazer Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny, tivemos a consciência de que Brecht seria um grande desafio. A peça apresenta uma crítica à sociedade capitalista. Por esse motivo, tivemos que enxergar além do que o autor apresenta no papel. Tivemos que compreender qual a mensagem que personagem e cena passam para o público. Foi necessário que o respeito e o não julgamento estivessem presentes o tempo todo. A união do grupo está se tornando cada vez mais forte. Juntos, tivemos que ‘vestir a carapuça’, esquecer os nossos preconceitos cênicos, arriscar o ridículo e entrar no trem que vai a Mahagonny.” Hannah Furuyama, aluna do 12 º ano

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ENSINO MÉDIO

UNI 11 discute atualidades Dayra de Paiva Rapsys, aluna do 11º ano

“O 11º ano do Colégio Waldorf Micael de São Paulo teve uma experiência incrível e produtiva com o Uni 11 deste ano de 2013, ocorrido nos dias 24 e 25 de agosto na Escola Waldorf Aitiara, em Botucatu, interior de São Paulo. Como o nome sugere, o Uni 11 reúne salas de 11º ano de diferentes escolas da pedagogia Waldorf. O tema deste ano foi “Atualidades”. No encontro aprimoramos nosso conhecimento sobre assuntos a respeito dos quais nos interessamos. Tivemos a opção de escolher de qual debate participaríamos, qual oficina faríamos e quais palestras assistiríamos. Também tivemos a oportunidade de conhecer adolescentes de nossa idade com opiniões parecidas ou opostas, com objetivos parecidos ou opostos de vida. Tivemos também que nos adaptar a pessoas diferentes, procurando nos entrosar e conhecer melhor as outras classes. Creio que foi uma viagem muito divertida e que saiu do padrão ‘viagens-trabalho’ que estamos acostumados a fazer. Unidos para um possível Uni 12, vamos buscar essa nova possibilidade com muito interesse e dedicação!”

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ENSINO FUNDAMENTAL

No ano passado, virou realidade o sonho de uma Escola de Pais no Micael, que desde o Encontro de Pais Waldorf do Estado de São Paulo, em 2011, vinha sendo acalentado. O projeto ganhou corpo e hoje tem um grupo de cerca de 18 pais e mães, que toda terça-feira se reúne pela manhã para um mergulho profundo e transformador nas água da auto-educação.

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“A Escola de Pais do Colégio Micael tem se formatado pela busca do aprofundamento na compreensão da pedagogia Waldorf e Antroposofia e suas práticas relacionadas à autoeducação (adultos) e educação das crianças. Os conteúdos trazidos são sugeridos por todos participantes e um espaço de troca de experiências, pensamentos e atitudes surge sempre nas aulas. Os professores contribuem elucidando sobre o currículo, desvendando as maravilhas ocultas nas histórias, nas práticas de cada matéria e de sua atuação nos alunos de forma interior e exterior, no pensar, sentir, querer, auxiliando-o em seu processo de autoaprendizagem. Assim como em toda escola, os alunos da Escola de Pais aprendem juntos, um ensina ao outro, planejam atividades para o bem da comunidade escolar e são companheiros na jornada do autoaperfeiçoamento, ambiente anímico ideal para a educação de seus filhos.” Leni Attarian Cardoso, professora da Escola de Pais do Colégio Micael

“Você já pensou sobre o verso que nossos filhos recebem a cada ano? Já se questionou sobre a pedagogia, em que nossos filhos pouco escrevem até o final do 2º ano, e que apenas no 3º ano inicia a escrita cursiva? Já se questionou por que nossos filhos fazem as contas da forma que fazem? E por que aprendem alemão? E por que têm trabalhos manuais - tricô, crochê etc? E por que fazem euritmia? Você percebeu quanta beleza, bondade e verdade estão presentes na vida escolar de nossos filhos? Como permear cada etapa com o pensar, sentir e querer? Como cuidar cada aspecto de seus corpos físico, etérico e astral - terra, água e ar? Rudolf Steiner diz que os cuidadores de nossos pequenos devem ser dignos de serem imitados. Aqui, nesse ambiente calorosamente compartilhado, esses seres dignos de serem imitados trazem parte de seu (nosso) mundo. Alimentam nossa alma com a mesma bondade, beleza e verdade que oferecem a nossos filhos (...)” Luiz Alexandre Reali Costa, Tuca, pai da escola

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ENSINO FUNDAMENTAL

“Sinto-me muito privilegiada por ser mãe nestes tempos um tanto efêmeros e acelerados, contando com o apoio do ensino Waldorf e da medicina antroposófica para o desenvolvimento de meus filhos. Nesse contexto abençoado, que tem sido tão enriquecedor para todos nós, sempre me senti cursando uma “escola de pais”, aprendendo coisas novas e fascinantes a cada novo desafio. No entanto, participar de uma verdadeira Escola de Pais, com encontros semanais, como a do Colégio Micael, tem me propiciado resignificar muitas coisas: a escola, o percurso passado-presente-futuro na estória de vida; os valores, que minha verdadeira essência quer muito cultivar apesar dos desafios; e o poder da união e da fraternidade em torno de um objetivo comum. Acredito que se deu um encontro muito especial, entre todos nós, em torno de nossa “távola redonda” da Escola de Pais.” Mary Gasalla, mãe da escola

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“Como todos sabemos, ser mãe ou pai atualmente é um grande desafio. Encontrei na Escola Waldorf Micael uma grande parceria na educação dos meus fllhos. A Escola de Pais tem me ajudado a entender melhor a pedagogia Waldorf e as etapas de desenvolvimento do ser humano (um assunto que me fascina). Assim posso oferecer ao meu filho uma certa coerência entre o que acontece em casa e o que acontece na escola. É claro que casa e escola são ambientes com funções diferentes, mas me parece que quando o fio condutor do respeito, da responsabilidade, da compreensão, da consciência e da compaixão acha continuidade nestas duas esferas, traz mais segurança, serenidade não só para criança, mas para toda família. Cada um dos assuntos que temos estudado juntos é apaixonante e sempre deixam um gostinho de quero mais, incentivando o auto-estudo, a auto-educação. (...) E quem sabe nossos filhos, ao observar essa imagem desses pais e dessas mães que continuam estudando e aprendendo depois de “velhos”, possam estar sempre curiosos e abertos para aprender com a vida.” Iole Lebensztajn, mãe da escola

“Estou grata pela existência da Escola de Pais e tudo o que nela compartilhamos: depoimentos, dúvidas, decisões, ideias, reflexões... E quando ali nos reunimos semanalmente, sentimos aquecer nossos corações com a troca que se estabelece. A escola alimenta a alma, muitas vezes cansada. Alimenta nossas reflexões sobre o que realmente estamos fazendo e sobre o que acreditamos. Aumenta a percepção de como agimos com nossos filhos. O encontro de pais trouxe para mim maior proximidade com o universo da escola, com os professores e pais em seus depoimentos, deixando a certeza de que estamos (pais, professores, funcionários) buscando e tentando realizar aquilo que acreditamos ser o melhor para as crianças, para as famílias, para uma sociedade mais justa.” Adriana Fernandes de Oliveira mãe da escola

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ENTREVISTA

Lembranças e aprendizados Guilherme Jeronymo, pai do João (maternal 2013)

TATIANA WILLS estudou no Micael de 1988, quando entrou no 2º ano do Ensino Fundamental, até 1997, quando se formou no Ensino Médio, participando da primeira turma de colegial da escola. Estudou Relações Internacionais e hoje, aos 34 anos, trabalha em uma importadora, na área de planejamento

REVISTA MICAEL - Pode nos contar uma lembrança de escola que marcou muito, dessas que logo vêm à mente? TATIANA - A gente sentado numa árvore grande quando chegava a hora do lanche. Era a “árvore da fofoca”, que ficava no lugar em que hoje é o palco. Tinha também um sino grande, que ficava no segundo andar do prédio do Fundamental. E a gente jogava queimada no caramanchão. Ainda tem o caramanchão? RM - Sim, ainda está lá. T - Tenho muitas lembranças boas.

Uma vez plantamos trigo, vimos ele crescer, só não o usamos na época de fazer a farinha para o pão, mas construímos o forno.

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RM - Como foi ter um professor que lhe acompanhou em todo o Ensino Fundamental e outro que foi seu tutor no Médio? Que pontos você acha mais importantes dessa relação do tutor contigo e com teus colegas? T - Estou agora na casa da minha professora de classe, em uma reunião da turma. É quase uma mãe. A gente contava com ela, contava tudo para ela, assuntos super familiares, que a gente tem até hoje. Existiam conflitos, claro, mas não eram a regra. RM - Os laços com os colegas destes anos de formação permaneceram? Vocês continuam se encontrando? T - Mantenho contato com os colegas também. Desde que a gente saiu do Micael, em 1997, a gente se comunica. Participamos muito da vida um dos outros, vamos em festas, casamentos.


RM - O trabalho manual, em suas várias vertentes, é algo que você levou para si após a escola? Você gostava (ou gosta) desse tipo de atividade? T - Ainda faço muito, inclusive com meus filhos. Na escola lembro da gente fazendo a meia. Aquilo pronto é um troféu, que está guardado até hoje na casa da minha mãe. Era gostoso, enquanto fazíamos conversávamos muito, apesar dos professores não gostarem. RM - Após a escola, o que você acha que ficou de bom desses anos de Micael? T - Ficou bastante essa coisa de consertar quando algo não dá certo. Não era simplesmente jogar fora e começar de novo. Levei isso tanto para o meu trabalho quanto em projetos de vida. É como em um desenho: não dá para você trocar ou apagar a página, é preciso continuar o desenho.

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QUESTÕES PEDAGÓGICAS

Criatividade no estudo da O domínio dos metais e sua importância na história da humanidade foi um dos temas estudados na primeira época de Química do 10º ano. Na turma da manhã, os alunos apresentaram seminários sobre os chamados “metais pesados”, esclarecendo aspectos de alguns metais que causam sérios danos à saúde. O trabalho abaixo, dos alunos Luna Buschinelli Coelho, Nina Savoy Reinach e Pedro Vargas Cunha, foi apresentado simulando um telejornal e é um exemplo da criatividade de nossos alunos. Paula Brotero professora de química do Ensino Médio

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Nina: — Jornal Química, com Pedro Vargas! Pedro Vargas: — Bom dia, meus queridos telespectadores, estamos aqui com mais um Jornal Química. Hoje teremos uma entrevista com nosso querido convidado, Mercúrio. (Mercúrio (Luna) entra e cumprimenta Pedro) Pedro: — Bom dia, lá vamos com a nossa primeira pergunta: Mercúrio, todos nós temos essa dúvida, por que você tem esse nome? Luna (Mercúrio): — Eu tenho esse nome pois em 1300 a.C (provavelmente), quando os romanos me descobriram, me deram esse nome em homenagem ao deus romano Mercúrio, que era o mensageiro dos deuses. Essa homenagem é devido à minha fluidez. Meu símbolo em química é “Hg”, abreviação do meu verdadeiro nome em latim, Hydrargyrum, ou prata líquida. Pedro: — Muito interessante… Mercúrio, você falou anteriormente que é um metal fluido. Como assim ?

Pedro: — Por enquanto é só. Agora receberemos uma ligação de alguma fã. (o telefone toca) Pedro: — Alô? Quem fala? Nina: — Oi, meu nome é Ouro. Pedro: — Quantos anos você tem? Nina: — Milhões Pedro: —Qual é a sua pergunta? Nina: — Mercúrio, o que acontece se nos juntarmos? Luna (Mercúrio): — Como com qualquer outro metal, quando nos juntamos, criamos uma liga; e no caso de eu estar nela, a liga se chama amálgama. É muito fácil de ser feita, pois, ao entrar em contato com um metal, eu consigo dissolvê-lo. Nina: — Mercúrio, onde eu posso te encontrar para pedir um autógrafo ?

Luna (Mercúrio): — Na verdade, eu sou o único metal que na temperatura ambiente é líquido, pois sou muito calorento, derreto a 38,87º C e entro em ebulição a 356,9º C. REVISTA MICAEL . 29


QUESTÕES PEDAGÓGICAS

Luna (Mercúrio): — Eu sou encontrado na natureza normalmente na forma oxidada, em forma de minérios, mas, às vezes, bem mais raramente, também sou encontrado na minha forma pura.

(Pedro afasta a cadeira) Pedro: (rindo falsamente) — Muito interessante, na verdade tão interessante que recebemos um e-mail perguntando se já houve algum caso de intoxicação com você...

Pedro: — Obrigado pela sua ligação, Ouro... para mais informações, entre no nosso site e mande um e-mail. (Desliga-se o telefone, sem dar tempo da resposta)

Luna (Mercúrio): — Sim, já houve milhares, a maioria no Japão, em Minamata, quando uma empresa me soltou no mar, intoxicando os peixes que eram comidos.

Pedro: — Que sorte que era um metal, pois seres humanos... não são muito fãs de você, né ?

Pedro: — Para finalizar a entrevista, a nossa querida ajudante preparou uma pergunta.

Luna (Mercúrio): — Na verdade, nada fãs, mas com motivo. Quando sou ingerido, inalado ou manipulado, entro no corpo humano e começo a me concentrar nos principais órgãos. Geralmente quem foi intoxicado pelo meu vapor pode apresentar sintomas como dor de estômago, diarreia, tremores, depressão, ansiedade, gosto de metal na boca, dentes moles, com inflamação e sangramento na gengiva, insônia, falhas de memória e fraqueza muscular, nervosismo, mudanças de humor, agressividade, dificuldade de prestar atenção e até demência. Mas quando entro através de ingestão, vou principalmente para o sistema nervoso e causo efeitos desastrosos, podendo levá-los até a morte.

Nina: (envergonhada) —Mercúrio, qual é a sua principal profissão?

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Luna (Mercúrio): — A minha principal profissão, ou melhor, utilização, é em termômetros, pois eu tenho uma grande dilatação quando sou esquentado. Eu já me aposentei, mas meu filho está trabalhando em lâmpadas. Aliás, tenham cuidado!


NOSSA ESCOLA

Pais na sala de aula

Gabriel Brigagão Ábalos

No início de agosto, os pais do Ensino Médio do Colégio Micael tiveram a oportunidade de participar de oficinas oferecidas pelos professores de seus filhos e experimentar um pouco da vivência dos alunos de uma escola Waldorf. O formato do evento possibilitou a realização de cinco oficinas: Geometria Espacial, com o professor Mauro Porrino; Biologia, ministrada pelo professor André Martins; Geografia, ensinada pelo professor Leandro Evangelista; Pintura, comandada pelas professoras Heloísa Fernandes e Claudia Johnsen, e Física, oferecida pelo professor George Hideyuki. Estive presente em três das cinco disciplinas oferecidas. Permaneci por mais tempo na de Geometria Espacial, que fez uma relação bem interessante entre geometria e filosofia. O professor Mauro começou a aula trazendo-nos a imagem de um afresco do pintor Rafael e fez uma análise de seu quadro. Duas figuras centrais aparecem em sua obra: Aristóteles e Platão. A visão de mundo de Platão tem a ver com a matemática e a geometria, já a de Aristóteles estava baseada na ciência e na observação do concreto.

No grupo de Geografia, foi exposta a metodologia do ensino de ciências do 6º ao 12º ano dentro da pedagogia Waldorf. Na oficina de Física, foram abordadas as leis de Newton e na de Pintura, os pais-alunos foram convidados a criar aquarelas que representassem sua relação com a escola. A de Biologia tratou de aspectos éticos ligados a experiências com células tronco e de clonagem. Depois dos encontros, fizemos uma roda e trocamos experiências sobre aquela tarde tão especial. “É bom termos noção de como nossos filhos aprendem na pedagogia Waldorf. Fiquei até com inveja deles”, disse Israel Presoto, pai de um aluno do 9º ano e de uma aluna do 4º ano. Vale lembrar que o evento foi uma parceria do Conselho de Pais e dos professores do colegial.

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FUTURO

Configurando o futuro após o 12º ano a escolha da profissão - a escolha de si mesmo *artigo publicado no boletim NÓS da EWRS em 2013

Marília Barreto

euritmista; lecionou na Escola Waldorf Rudolf Steiner de 1988 a 2008; é professora no Colégio Waldorf Micael; fundou e dirige a empresa Terranova - Cultura & Transformação

O fato de sermos alunos, professores ou pais de uma escola Waldorf nos insere num grande movimento mundial de renovação da cultura. Não só por existirem quase 2 mil escolas Waldorf no mundo, em todos os continentes, inseridas nos mais diversos contextos sociais, econômicos, étnicos, religiosos e raciais. Temos que considerar também que essa pedagogia surgiu como resposta a uma situação desastrosa, ao final da 1ª Grande Guerra do século XX, que exigia uma mudança radical de paradigmas. O ensino em épocas, a figura do professor de classe, o tricô e a flauta para todas as crianças, os versos falados todas as manhãs, o aprendizado das tabuadas com palmas e passos pela classe, a jardinagem, a euritmia, a “época do pão” no 3º ano, a Festa da Lanterna... são algumas marcas inesquecíveis na nossa trajetória por essa extraordinária pedagogia. Tanto na experiência de química como no trabalho com o teatro, ou no desenvolvimento de uma fórmula matemática, no grande concerto do coro e da orquestra, na viagem

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de Parsifal... aprendemos na escola Waldorf a valorizar os processos; conhecemos a importância do afeto, zelamos pelo aconchego e pela estética, despertamos para o mistério do tempo – o tempo necessário ao desenvolvimento humano. Durante o Ensino Médio, porém, uma enorme pressão do mundo contemporâneo invade as nossas almas e atua na contracorrente do que buscamos produzir, como professores e pais, ou que pudemos desfrutar até aqui como alunos na escola Waldorf: a velocidade e a pressão por definições imediatas nos tiram o fôlego e deixam muitos jovens em estado de angústia e incertezas. Essa vertigem dos tempos atuais acomete os jovens de outras escolas também, é claro. E constatase cada vez mais que eles sucumbem a essa imposição e fazem suas escolhas profissionais muitas vezes precocemente, sem fundamento. Isso se revela nos dados de 2012, fornecidos a nós pela Universidade Anhembi Morumbi, que apresentamos a seguir.


Em pesquisa realizada com 18.500 jovens de 3º ano de Ensino Médio, foram apresentadas as seguintes questões: Você já sabe que profissão gostaria de seguir? 56% dizem que sim PORÉM, entre esses 56%, 60% dizem que NÃO CONHECEM a profissão que escolheram Além disso, de todos os jovens no Brasil que ingressam em universidades logo após o Ensino Médio, 15% DESISTEM da faculdade ou mudam de curso após os seis primeiros meses de estudo. Ora, esses dados nos revelam que, se 5 milhões de jovens no Brasil entraram numa faculdade em 2012, 750 mil a abandonaram no decorrer do 1º semestre de estudo. Essa cifra é alarmante! Infelizmente, as pesquisas não nos mostram o que ocorreu com esses milhares de jovens após essa aparente derrota...

Não lemos em parte alguma considerações do que fazer para evitar esse fiasco, muito menos como evitar a tristeza, o desaponto, a angústia e o sentimento de fracasso que tantos jovens são levados a vivenciar como consequência da pressão por uma escolha profissional infundada e precoce que lhe foi imposta pela sociedade.

Na contracorrente da vertigem Procurando respeitar o tempo necessário ao amadurecimento, bem como a necessidade do jovem de conhecer mais o mundo e, através dele, conhecer melhor a si próprio, algumas famílias seguem a tradição de oferecer aos seus filhos uma experiência “inusitada”, sem pressionar os jovens à escolha profissional imediata após o Ensino Médio. Isso é feito por vezes através de um curso de idioma no exterior, de uma viagem de aventura, de um trabalho social ou de outros formatos.

da esquerda para a direita: Dan Salman, Isadora Serrer, Julia Schmidt-Hebel, Gabriel Mattoso

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FUTURO

Mas há também, na esteira do movimento Waldorf, algumas propostas educacionais estruturadas que oferecem programas e cursos consistentes, com o propósito de melhor preparar o jovem para o futuro e para o encontro consigo mesmo. Na nossa comunidade escolar sabese do Jugendseminar – o Seminário de Jovens de Stuttgart/Alemanha (www.jugendseminar.de), ministrado em alemão, que já recebeu nos últimos anos alguns formandos de 12º ano Waldorf. Menos conhecido é o projeto do YIP – Youth Initiative Program (www.yip.se), um curso para jovens, ministrado em inglês, com um forte cunho social, que ocorre em Järna/Suécia. Ambos são programas anuais, que requerem envolvimento integral dos participantes. Esses projetos recebem jovens do mundo todo e oferecem uma experiência rica de amadurecimento e autoconhecimento, produzindo excelentes resultados sobre os jovens.

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No Brasil, foi criada em 2007 a Pré-Graduação Terranova (www. terranovapregraduacao.wordpress. com), com objetivo análogo. Trata-se de um programa para jovens, também em período integral, sediado em São Paulo, que pelo escopo dos temas ministrados no universo das ciências e das artes por quase 30 docentes profissionais atuantes em suas áreas - fomenta no jovem a expressão da individualidade, bem como a ampliação da cultura geral e o exercício de uma reflexão contemporânea. Criatividade, originalidade e coragem constituem a diretriz do programa.


O projeto nasceu do trabalho com a euritmia na Escola Waldorf Rudolf Steiner e, a pedido dos alunos, teve em seu currículo essa arte como um pilar central, destinada, segundo os alunos, ao fortalecimento de um centro interno de referências: “a euritmia me ajuda a descobrir quem sou”, com ela “eu durmo melhor”, “eu penso melhor”, “eu me centro”, “eu vou melhor nas provas” - eis alguns depoimentos da época. Assim foi feito, agregando a ela todos os outros temas que consideramos fundamentais para a ampliação do universo do jovem. Com a euritmia, produzimos nas três edições da Pré-Graduação Terranova belos espetáculos, que foram levados com grande sucesso a algumas cidades do Brasil e em turnê de quatro a seis semanas à Europa. Em 2009 e 2012, o projeto ampliou seu universo de alunos às escolas Waldorf São Miguel Arcanjo, de Poá, Aitiara, de Botucatu, Micael, de São Paulo, e João Guimarães Rosa, de Ribeirão Preto. Como é intuito da equipe Terranova oferecer esse curso a muitos jovens, não apenas alunos Waldorf, em 2012 divulgamos o projeto também em diversas escolas convencionais (Porto Seguro, Santa Cruz, Suíço-Brasileira, Jardim São Paulo, Humboldt), e também na Universidade Anhembi Morumbi. Em todas as instituições, a Pré-Graduação foi recebida como um modelo exemplar para a educação da juventude. Fomos procurados pela Secretaria da Juventude de São Paulo, entrevistados pelo jornal O Estado de São Paulo e pela Band News.

Recebemos inúmeros telefonemas e e-mails parabenizando a iniciativa. No entanto, a pressão para o vestibular foi maior que a coragem de se permitirem - os jovens, seus pais, professores... - a ousadia de uma escolha inédita como essa, de uma mudança de paradigma no campo da educação. Em muitos alunos, inclusive de escolas convencionais, sentimos a angústia ante a pressão pela escolha da profissão e a incerteza dolorosa, por vezes explicitada, do que querem fazer, de quem desejam ser! De uma das escolas Waldorf visitadas por nós, onde os alunos do 12º ano aplaudiram a palestra de apresentação da Pré-Graduação, ouvimos depois: “Não temos coragem de pedir isso aos nossos pais”...

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fotos arquivo Terranova

FUTURO

Por essa e possivelmente outras razões, não tivemos alunos suficientes para formar uma turma em 2013. Porém, na certeza da riqueza dessa proposta para a juventude, lançamos a Pré-Graduação Terranova 2014. Agora em novo formato, mais conciso. E aguardaremos a resposta do mundo. Abrir novos espaços aos jovens, permitir-lhes um tempo de respiração, ampliar horizontes é uma necessidade vital para a consolidação da personalidade e para a tomada de decisões consistentes. A complexidade do mundo contemporâneo exige que se olhe ao redor; que se amplie a reflexão, para depois focar; que o jovem tenha parceiros de discussão; que desfrute de um tempo contemplativo para fortalecer o seu cerne individual. Se quisermos ser coerentes com a proposta educacional que abraçamos ao escolher uma escola Waldorf, teremos que dar ouvidos, durante e depois da escola, à nossa relação com o afeto, teremos que fazer jus “ao tricô, à jardinagem, ao pão, à flauta...” ...ao tempo da alma, que é considerado no poema da pedagogia Waldorf, falado pelos jovens todas as manhãs na escola, e que começa com os versos: “Eu contemplo o mundo... onde o sol reluz, onde as estrelas brilham, onde as pedras dormem, onde as plantas crescem, onde os bichos sentem...” e prossegue com as palavras: “Eu contemplo a alma que reside em mim...”

www.terranova.art.br • REVISTA MICAEL . 36

www.facebook.com/PreGraduacao


Hannah du Bois de Furuyama, aluna do 12˚ano

“Quando somos pequenos, sempre nos perguntam ‘o que você vai ser quando crescer?’ e sempre respondemos mil coisas. A pergunta fica mais difícil ao longo do tempo... Meu estágio não teve relação alguma com a faculdade que pretendo fazer ano que vem (pedagogia). Fiz estágio no 2˚BPE (2˚ Batalhão da Polícia do Exército), em Osasco, onde acompanhei uma tenente, formada em veterinária, que trabalha na área do canil. Minha decisão de fazer um estágio na polícia se deu por conta do meu trabalho anual, que será sobre cães policiais. Sou apaixonada por animais e sempre tive muita curiosidade sobre a polícia, principalmente a polícia do exército. Foi uma experiência, em uma palavra, surpreendente. Minhas expectativas foram superadas, no sentido que eu nunca tinha entrado em um ambiente militar tão grande, nunca soube como era lá dentro. Fui pega de surpresa quando descobri que eu podia respirar de fato! Que eu tinha liberdade para conversar e perguntar coisas que não eram apenas sobre o meu trabalho. Tive todo material que eu precisava, mas também pude perder o pré-conceito que tinha a respeito de militares. O respeito que existe entre oficiais é incrível. Simplesmente belo! Sou muito grata aos oficiais que me receberam tão bem, ao Salvador Urtado (pai da escola), que me encaminhou para um caminho tão surpreendente. Meu estágio foi fantástico! Se pudesse, faria de novo! Aprendi que essa experiência não precisa ser necessariamente relacionada a uma possível profissão, mas sim algo que possa abrir a nossa visão, assim como abriu a minha.

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ENSINO MÉDIO | ESTÁGIO

Ampliando visões de mundo


INTERCÂMBIO DE IDEIAS

A experiência da Escola da Ponte No dia 19 de setembro, os professores do Colégio Micael receberam o educador português José Pacheco durante a reunião pedagógica semanal. José Pacheco é idealizador da filosofia educacional da Escola da Ponte, inaugurada em 1976 em Portugal, que também serviu de inspiração para outras escolas ao redor do mundo. Atualmente mora no Brasil e oferece consultoria para a recém inaugurada Escola do Âncora, localizada em Cotia. As duas escolas trabalham com uma prática educativa que se afasta do modelo tradicional, cada uma constrói seu modelo de acordo com sua realidade. Os alunos se agrupam, em grupos mistos, de acordo com os interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa. Há também os estudos individuais, depois compartilhados com os colegas. Para auxiliá-los em suas pesquisas, os estudantes podem recorrer a qualquer educador, se eles não conseguem responder, os encaminham a um especialista. Não existem séries, salas de aula ou provas.

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“Há crianças e jovens que chegam e não sabem o que é trabalhar em grupo. Não conhecem a liberdade e, sim, a permissividade. Não sabem o que é solidariedade, somente a competitividade. São ótimos, mas ainda não têm a cultura que cultivamos. Quando deparam com a possibilidade de definir as regras de convivência que serão seguidas por todos ou não decidem nada ou o fazem de forma pouco ponderada. O viver em uma escola é um sentimento de cumplicidade, de amor fraterno”, diz Pacheco.


Uma das histórias que Pacheco contou no encontro foi sobre a chegada de três jovens infratores à Ponte, logo no início da escola. Eles apareceram desmotivados, pouco sabiam ler e escrever. Após algumas conversas, disseram que na Febem havia alguns pássaros em uma gaiola e que eles gostariam muito de construir um viveiro na Ponte para abrigá-los. E foi assim que se iniciou a transformação daqueles meninos, a partir de um sonho. O desejo deles transformou-se em um projeto de pesquisa que envolveu geometria, marcenaria, física, além do entusiasmo e finalmente a convicção de que eram capazes de construir algo. O viveiro foi construído e o aprendizado compartillhado com todos os colegas. Depois disso os três meninos passaram a ser chamados pelos nomes.

De acordo com Pacheco, precisamos repensar sempre, tudo é composto de mudanças e a escola também precisa ganhar novas qualidades, interrogar suas práticas educativas, suas convicções e, fraternalmente, incomodar os acomodados. O Projeto Âncora, durante 16 anos atendeu mais de seis mil pessoas com oficinas de artes, música, esportes, circo, informática, cursos profissionalizantes, creche, assistência médica, odontológica, nutricional e psicológica. Há dois anos, com o apoio do professor José Pacheco, o Projeto Âncora ampliou seu atendimento na educação formal com a abertura da escola de Ensino Fundamental. A fundadora Regina Steurer é mãe do Micael e convida toda a comunidade para conhecer a escola.

www.projetoancora.org.br

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IV de pedagogia waldorf CONGRESSO BRASIL

Seminário de Gestão Escolar Waldorf

Nós do Micael receberemos, de 21 a 26 de janeiro, professores, estudiosos, pais e entusiastas da pedagogia Antroposófica, de iniciativas espalhadas pelo país, no que será a quarta edição do Congresso Brasil de Pedagogia Waldorf.

ilustraçao: REVISTA MICAEL . 40

Claudia Johnsen


CONGRESSO

O tema do encontro será o aprofundamento do estudo do Corpo Etérico, trazido pelo professor Florian Osswald, atual co-dirigente da Secção Pedagógica do Goetheanum.

A organização, dividida entre a Federação das Escolas Waldorf no Brasil e o corpo de professores, mantenedores e pais do Colégio Waldorf Micael, se empenha para viabilizar o encontro em suas diversas vertentes. Há o cuidado em garantir atividades variadas, com 45 cursos, workshops e atividades artísticas, nas quais os docentes estão trabalhando desde maio. O trabalho do Conselho de Pais tem sido o de mobilizar a ação voluntária da comunidade de pais e vizinhos da escola, viabilizando transporte e hospedagem aos participantes que vêm de várias partes do país.

Teremos ainda, pela primeira vez, um encontro especial entre pais interessados e atuantes na gestão de escolas Waldorf, professores e administradores, que ocorrerá no último dia do congresso e que promete esclarecer e ativar muitos pontos do funcionamento de nossas escolas, no Seminário de Gestão Escolar Waldorf.

Para Carlos Eduardo Garcia, da Apasp,

mantenedora do nosso colégio, e representante na Federação de Escolas Waldorf, quando uma escola abraça a responsabilidade de fazer o congresso, há um grande esforço conjunto, com participação surpreendente da comunidade escolar. “Estamos organizando o trabalho em comissões, o que envolve bastante gente e aumenta a convivência da comunidade de pais com os professores”, disse.

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CONGRESSO

Como todos sabemos, Rudolf Steiner, filósofo e fundador da pedagogia Antroposófica, alicerçou, através do amplo estudo do ser humano, o ideal de uma escola propícia às necessidades de nossa época. Não é tarefa fácil entender essa visão e torná-la viva numa comunidade escolar. Como educadores - professores e pais - estamos sempre buscando nos atualizar sobre as reais demandas de nossa época. O que são as crianças e jovens no início do século XXI? Quais as bases para o ideal de educação que as famílias almejam para seus filhos? Para viabilizar essa discussão, ocorrem encontros entre os professores e pais voluntários, a participação é aberta e há comissões dedicadas às seguintes tarefas: » Recepção e Credenciamento » Decoração » Bazar » Hospedagem e logística dos participantes » Alimentação » Segurança e suporte aos Workshops

As inscrições podem ser feitas no blog, que concentra detalhes sobre o preço das inscrições e a programação. São esperadas entre 450 e 500 pessoas. Uma preocupação especial desse encontro, segundo Carlos Eduardo Garcia, é que ele fomente o desenvolvimento da pedagogia Waldorf em outros estados, permitindo uma melhor estruturação além do eixo Sul-Sudeste e o florescimento de associações em outras regiões do país. Para poder atender esse público, que arcará com valores consideráveis de transporte, as inscrições terão valor diferenciado. Há também uma preocupação em acolher as iniciativas da pedagogia que têm apoio do poder público, como as de Nova Friburgo (RJ), para as quais talvez sejam necessários cursos introdutórios, compactos, antes do congresso. Os congressos anteriores aconteceram em Botucatu, em 2005, Ribeirão Preto, em 2008 e em Bauru, em 2011. Esse é um evento de grande importância, cuja organização ocorre exatamente no 35º Ano de vida de nossa escola - temos muito trabalho a fazer e muitas alegrias a compartilhar nesse processo.

O convite está feito, vamos dar as mãos? mais informações: www.micael.com.br/blog/congresso

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Desenho da aluna: Lara Tannus Moreira da Costa do 11ยบ ano



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