HUCAM 50 ANOS EDIÇÃO COMEMORATIVA - MAIO DE 2018
FUTURO SE CONSTRÓI COM HISTÓRIA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CELEBRA SEU CINQUENTENÁRIO
PASSADO
PRESENTE
O AMANHÃ
Professor Fausto Edmundo conta como tudo começou p.7, 8 e 9
Instituição ganha prêmio inédito em votação popular p.20
Projetos preveem como será o novo complexo ambulatorial p.58 e 59
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SUMÁRIO
03 | HISTÓRIA DO HUCAM-UFES
05 | PALAVRA DO SUPERINTENDENTE
04 |CONVITE AO LEITOR
06 | PALAVRA DO REITOR
PASSADO 07 | NASCIMENTO DO HUCAM
14 | COMENDA CASSIANO ANTÔNIO MORAES
10 | 1967
16 | TURMA DE 1971
11 | MISSÃO CUMPRIDA
18 | G ALERIA DOS DIRETORES-SUPERINTENDENTES
13 | MEMÓRIAS E FRAGMENTOS PRESENTE 20 | PREMIAÇÃO
38 | SETOR DE APOIO TERAPÊUTICO
21 | ATENÇÃO À SAÚDE
39 | MATERNIDADE
22 | SETOR DE REGULAÇÃO
40 | INÍCIO DA VIDA
25 | GERÊNCIA ADMINISTRATIVA
42 | BANCO DE LEITE HUMANO
26 | HOTELARIA HOSPITALAR
43 | PEDIATRIA
27 | ENGENHARIA CLÍNICA
44 | SAÚDE BUCAL
28 | NUTRIÇÃO
45 | NEFROLOGIA
29 | APOIO DIAGNÓSTICO
46 | ENTREVISTA
30 | CELEBRAÇÕES PELOS 50 ANOS
48 | ENFERMAGEM
32 | CENTRO CIRÚRGICO
49 | BARIÁTRICA
33 | OUVIDORIA
50 | ENSINO E PESQUISA
34 | HUMANIZAÇÃO
52 | E-SAÚDE
36 | HUCAM SOLIDÁRIO
53 | INOVAÇÃO
FUTURO 54 | HOSPITAL DO FUTURO
58 | PROJETOS ESTRUTURANTES
56 | PLANEJAMENTO
SUPERINTENDENTE: Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior GERENTE DE ATENÇÃO À SAÚDE: Márcio Martins de Souza GERENTE DE ENSINO E PESQUISA: Carolina Fiorin Anhoque Comarela GERENTE ADMINISTRATIVO: Maroun Simão Padilha
JORNALISTA RESPONSÁVEL: Duilo Victor REPORTAGEM, FOTOGRAFIA E EDIÇÃO: Unidade de Comunicação do Hucam-Ufes EDITORAÇÃO E PROJETO GRÁFICO: Michel Sabarense
A Revista Hucam 50 anos é um projeto de responsabilidade da Unidade de Comunicação do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes. Todos os direitos são reservados. Os conceitos emitidos nas matérias, artigos, editoriais assinados possuem opiniões sob responsabilidade de seus autores.
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HISTÓRIA DO HUCAM-UFES
O
prédio que viria a ser anos depois o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes foi inaugurado oficialmente em 29 de outubro de 1942, durante a gestão do então interventor do Estado do Espírito Santo, João Punaro Bley. Com o nome de Sanatório Getúlio Vargas e voltado para o tratamento de tuberculose, a unidade dispunha de 90 leitos. A solenidade de inauguração contou com a presença de autoridades ilustres do cenário político-social estadual e nacional, principalmente daqueles personagens envolvidos com as questões de políticas públicas para a saúde. Apenas em 1967, a unidade foi incorporada à Uni-
versidade Federal do Espírito Santo com o nome de Hospital das Clínicas, como ainda é conhecido. Em 1980, com a morte de Dr. Cassiano Antônio Moraes, que foi um entusiasta da transformação do antigo Sanatório em um espaço propício para a formação de médicos, a instituição foi denominada Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes). Por meio de contrato assinado em abril de 2013, o Hucam-Ufes passou a ser administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), uma empresa pública vinculada ao Ministério da Educação, criada pelo governo federal com a finalidade de gerenciar os hospitais universitários do país.
MISSÃO
Viabilizar o ensino, pesquisa e extensão por meio de assistência interdisciplinar de excelência ao cidadão, integrando-se às políticas públicas de educação e de saúde.
VISÃO
Ser hospital universitário de excelência em assistência e ensino com geração de conhecimento para valorização da vida.
VALORES
Atuação baseada na ética e transparência Defesa do Hospital Público e gratuito Compromisso com a excelência em educação, formação, saúde e gestão Valorização e socialização do conhecimento técnico-científico Integração das atividades assistenciais com o ensino, a pesquisa e a extensão Compromisso com as políticas públicas de saúde e educação Valorização e respeito ao profissional e ao usuário em sua rede social Sustentabilidade
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CONVITE AO LEITOR
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esta edição única e comemorativa do primeiro cinquentenário do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), convidamos você, nobre leitor, para acompanhar um percurso narrativo dividido em três atos. O primeiro é sobre o passado da instituição, com ricas histórias contadas sobretudo por grandes personagens que fizeram a diferença nessa trajetória de meio século. O professor emérito da Ufes Fausto Edmundo detalha como foi a “pré-história” do hospital, lá na época em que o prédio era o Sanatório Getúlio Vargas. Ainda na seção “Passado”, demarcada em amarelo, há a incrível saga da turma da Medicina de 1971 que, 46 anos depois, devolveu à área verde do hospital a estátua de Esculápio (ou Asclépio), o deus da Medicina e da cura na mitologia greco-romana. Conheça também nesse primeiro ato da revista os homenageados com a Comenda Cassiano Antônio Moraes, em festa que marcou a semana de aniversário dos 50 anos, em dezembro. Leia ainda o trecho do artigo em que a professora Maria Edla Bringuente relata sobre o desenvolvimento profissional e da docência da Enfermagem no Hucam-Ufes. Em verde, estão as páginas que compõem a segunda parte da publicação: o “Presente”. E tem muita coisa para contar sobre um hospital que caminha para ter 300 leitos, tem média de 9 mil internações/ano desde 2014 e que faz, todos os meses, cerca de 1.200 cirurgias por mês, sem contar as de caráter ambulatorial. E, claro, com a devida menção aos 2.500 alunos que frequentam as instalações hospitalares todos os semestres. A seção “Presente” é uma vitrine dos serviços assistenciais, administrativos e de Ensino e Pesquisa do hospital, revelando ao distinto público rotinas fundamentais, mas que o paciente mal sabe que tem gente qualificada para cuidar, como a Hotelaria Hospitalar, a Engenharia Clínica e tantas outras. No ato final, na parte do “Futuro”, identificada em azul, confira a reportagem sobre a excelente palestra em que o especialista Armando de Negri Filho falou sobre qual sua versão de “hospital do futuro”. Para fechar, conheça a ferramenta de gestão que permitiu a criação do Plano de Desenvolvimento Estratégico do Hucam-Ufes e os projetos estruturantes para a instituição. Boa leitura!
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PALAVRA DO SUPERINTENDENTE
MISSIONÁRIOS PELA VIDA
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ascido sob a visão da Pedra dos Dois Olhos e vocacionado para ser um Sanatório na década de 40, nos anos 60 foi um dia escolhido para ser hospital universitário. Foi uma conquista alcançada com luta dos estudantes e professores da Medicina, profissionais de grande renome e uma grande mobilização da sociedade capixaba. Cabe destacar aqui dois grandes nomes da Faculdade de Medicina: professor Benito Zanandréa e professor Jayme dos Santos Neves. Professor Benito, com sua grande capacidade de articulação, conseguiu superar nos primeiros anos, com ajuda do orçamento da universidade, o déficit que nasceu junto com nossa instituição. Depois de alguns anos, por uma iniciativa dele, passou a ser uma autarquia ligada diretamente à Reitoria da Ufes. Professor Jayme, por sua vez, pelo impulso que deu quando assumiu como diretor, caminhou firmemente em busca de uma gestão mais profissional e da sustentabilidade. Foi nesse período que o hospital passou a ser uma grande referência. Modelo que, apesar de diversas crises, conflitos e conquistas, nunca mais se perdeu, tornando-se o maior e melhor hospital público do Espírito Santo. Em 1980, com o falecimento do professor Cassiano Antônio Moraes, vice-diretor da Faculdade de Medicina e entusiasta na transformação do Sanatório Getúlio Vargas em hospital-escola, a instituição foi rebatizada para Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, o Hucam. Cassiano era reconhecido como dedicado professor e médico, além de grande humanista. Seu sentimento de generosidade, compaixão e valorização dos atributos e realizações humanas contaminaram nosso hospital para sempre. As características de Cassiano influenciaram na definição da nossa Missão e dos nossos Valores, em especial o que fala da Valorização e do respeito ao profissional e ao usuário em sua rede social. Após a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Gestão começou uma nova fase de crescimento com capacitação dos gestores. Foi elaborado o Plano Diretor Estratégico (PDE) para o período 2014-2016, que priorizou os Macroproblemas resultantes da insuficiência de recursos físicos e humanos, a baixa qualificação da ges-
tão e a melhoria das relações do Hospital com o SUS, tudo com base no Planejamento Estratégico Situacional (PES), contando com a participação da Comunidade Hospitalar e representantes do Corpo Docente e Discente do Centro de Ciências da Saúde da Ufes. Foram traçadas atividades que elevaram a aderência do hospital aos modelos de referência de 43% para cerca de 80%. O planejamento traz transparência à gestão e garante a continuidade de ações estratégicas. Desta forma, o novo PDE 2017-2019 está pronto, com algumas ações já iniciadas, buscando a integralidade da assistência multiprofissional e melhoria da integração entre Assistência, Ensino e Pesquisa. Finalmente, cumpre fazer um grande agradecimento a todos que construíram e constroem um hospital que quer ser contemporâneo. Hoje, para superar seus desafios, o Hucam-Ufes conta com mais de 2 mil colaboradores, que aqui chamo de missionários, contando com os terceirizados, que procuram a cada dia fazer desse hospital não apenas um lugar que recebe alunos ou trata pessoas doentes, mas sim um hospital que forma pessoas e salva vidas, continuadamente avançando nas ações de humanização e nas práticas integrativas multiprofissionais. Somos gente cuidando de gente. O fortalecimento da instituição muitas vezes torna necessária a difícil tarefa de colocar os interesses corporativos e individuais subjugados aos interesses da sociedade e da instituição que representamos. No serviço público, esse deve ser o mantra. Nunca foi tarefa fácil. Precisamos concentrar nossas energias e reflexo de luta para combater o bom combate. Sempre foi assim em cada uma de suas conquistas e foi também assim que, em 2017, nosso Hucam foi escolhido pela população como ganhador do prêmio Excelência em Saúde na categoria “Hospital Público”. É o reconhecimento da nossa sociedade ao trabalho missionário das nossas equipes multiprofissionais na busca pela excelência e por um futuro com maior sustentabilidade. PARABÉNS AOS HUCANIANOS! VIVA O HUCAM! Prof. Dr. Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior, superintendente do Hucam-Ufes
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PALAVRA DO REITOR
QUALIDADE EM SERVIÇOS E FORMAÇÃO ACADÊMICA
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incorporação da Faculdade de Medicina à Universidade Federal do Espírito Santo em 1961 foi o vetor que impulsionou o sonho de se criar um Hospital Universitário no Estado. Por meio de intensa mobilização, em dezembro de 1967 se concretizou o projeto de professores, estudantes e servidores do curso de Medicina objetivando a construção de um hospital-escola. Consolidava-se ali, naquele ano, o ideal de pioneiros que buscavam condições adequadas para qualificar a formação acadêmica e também a oferta de serviços de saúde à população. Pujante, a nova unidade atravessou percalços e rompeu inúmeras crises, com a coragem e a perseverança da comunidade universitária e da sociedade capixaba. Diferentes gerações, desde a sua fundação, compreenderam a importância estratégica do Hospital Universitário para o sistema de saúde pública e para a formação acadêmica. Em 1980, a instituição recebeu o nome de Cassiano Antônio Moraes, médico e um de seus idealizadores. No seu percurso, o hospital se consolidou como centro de excelência na produção e difusão do conhecimento e se constituiu na maior e mais importante instituição pública de saúde do Espírito Santo. O Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) é base para práticas e exercícios de inovação em saúde pública, com atendi-
Reinaldo Centoducatte Reitor da Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes
mento de média e alta complexidade, diagnósticos e tratamentos e também, como especial e enriquecedor ambiente para o ensino, a pesquisa e a extensão. Em sua órbita, articulam-se diferentes áreas do conhecimento das graduações em ciências da saúde e como núcleo de excelência para o desenvolvimento de pesquisas na pós-graduação, contempla importantes programas que incluem mestrados e doutorados, além de 120 programas de extensão, aproximadamente, que desenvolvem ações diretas de aprendizagem e assistência às comunidades. Com o Plano Diretor Estratégico, o hospital atua na perspectiva do futuro, buscando enfrentar dificuldades em suas rotinas e aperfeiçoar o atendimento a seus pacientes, todos inseridos no Sistema Único de Saúde (SUS). Esse planejamento prepara o hospital para ações de integração ensino-assistência, cujo eixo é a geração de conhecimento para a valorização da vida. O Hucam-Ufes é, pois, uma qualificada estrutura pública de saúde que representa uma conquista da sociedade brasileira e, em especial, dos capixabas. Nos seus 50 anos, devemos reverenciar todos aqueles que fazem parte da trajetória de um hospital público que há cinco décadas proporciona relevantes e fundamentais contribuições à saúde e à educação do Espírito Santo e do país.
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NASCIMENTO DO HUCAM
LINHA DO TEMPO
A MAGNA AULA
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rofessor emérito da Universidade Federal do Espírito Santo, Fausto Edmundo Lima Pereira ajudou a formar gerações de médicos na instituição. Doutor em patologia e anatomia patológica, Fausto é um entusiasta e, por muitas vezes, testemunha da trajetória de 50 anos do Hucam-Ufes. Mais que isso, conhece, por que não dizer, a pré-história do hospital. Com a intimidade de quem contava uma anedota entre amigos, o professor fez uma palestra aberta ao público na semana em que o Hucam comemorou seu primeiro cinquentenário, em dezembro. Em pouco menos de uma hora, falou sobre os bastidores de como grandes personagens capixabas agarraram a chance de construir um sanatório para o tratamento da tuberculose nos anos 30 em Maruípe - instalação que viria ser, anos mais tarde, o que se tornou o Hucam. Aquela seria a semente que frutificaria, anos mais tarde, o debate sobre a necessidade de um hospital escola no Espírito Santo. “Dr. Jayme (dos Santos Neves) está na origem desse hospital, em transformá-lo em universitário. Homem extremamente inteligente, especializou-se em tisiologia. Sabendo que o Ministério da Saúde queria fazer um sanatório, Dr. Jayme procurou o então interventor do ES, João Punaro Bley. O interventor queria fazer um sanatório lá nas montanhas, mas Jayme, estudioso que era,
Década de 30 Escolha do local : Av. Marechal Campos
1937 Projeto Arquitetônico Idealizado por Dr. Jayme Santos Neves e projetado por Olympio Brasiliense
Professor Fausto Edmundo
1941
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1942
1946
1949 Expansão com a construção do 3º andar
sabia que o tratamento da tuberculose em sanatórios seria, em breve, coisa do passado. Queria um hospital que ficasse no centro de desenvolvimento. Por isso, queria que fosse em Maruípe, em Vitória”, explicou professor Fausto. Em 1938, começaram as obras para o Sanatório Getúlio Vargas. A inauguração ocorreu em 1942 e, sete anos mais tarde, foi ampliado com a construção do terceiro pavimento. Na década seguinte, idas e vindas da política capixaba deram tempo para que o destino do sanatório e da Faculdade de Medicina da então Universidade do Espírito Santo, ainda de administração estadual, se cruzassem. Em 1961, a universidade já estava federalizada quando a primeira turma dava os primeiros passos. “Nos primeiros três anos da faculdade, o dr. Affonso Bianco vinha à frente. Ele sabia que uma faculdade de medicina precisava de cadeiras básicas fortes. Foi criticado por trazer professores de fora. Ele aspirava que, nos primeiros anos, os professores de fora formariam os assistentes especializados, o que aconteceu. Bianco procurou a nata da Medicina. O corpo clínico foi instalado progressivamente. A Santa Casa, que era um hos-
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LINHA DO TEMPO Acervo fotográfico cedido por Maria Zilma Rios e Alexandre Salles
1952
pital de indigentes, foi o primeiro hospital-escola. Já sabedor de que necessitava de um hospital universitário, foi instalado o Hospital São Pedro, ali na colônia de pescadores”. Fausto explicou em seguida que, apesar do Hospital São Pedro e de outras unidades que já serviam ao ensino da Medicina, Jayme Santos Neves insistia que o prédio do sanatório era o local ideal para o hospital-escola do curso da Ufes. O tratamento para tuberculose evoluiu com os antibióticos, e os pacientes não precisavam mais de sanatórios. Poderiam seguir com o tratamento de forma ambulatorial. “Jayme sabia que o sanatório iria acabar. As primeiras conversas (para transformação do sanatório em hospital universitário) foram entre Dr. Jayme, Bianco e dr. Alaôr Queiroz de Araújo (então reitor da Ufes). Mais uma vez, a travessia foi tumultuada por causa da política” Em 1966 o então governador Francisco Lacerda de Aguiar deixava o governo. O vice assumiu, mas foi apenas com o início do mandato de Christiano Dias Lopes Filho que houve condições políticas de se aprovar, na Assembleia Legislativa, a transformação do sanatório em hospital, em 1967.“Os 50 anos começam aí”, resume professor Fausto.
Final da década de 50, inicio da década de 60 Transição de Sanatório para Hospital Escola
Final da década de 70
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1967
A turma de Medicina de 1967
DR. JAYME E SEU ELOGIO À MEDICINA
U
m dos principais idealizadores da transformação do antigo Sanatório Getúlio Vargas no que seria chamado de “Hospital das Clínicas”, o médico Jayme Santos Neves foi professor da então Faculdade de Medicina da Ufes e, não raramente, era homenageado por seus alunos. Em 1967, mesmo ano que marcou a fundação deste hospital, não foi diferente. O discurso de paraninfo que preparou para os formandos, documento histórico que marcou a primeira turma diplomada já na existência do sonhado hospital-escola, é um elogio à profissão. Uma breve amostra da oratória que foi capaz de mobilizar e dar foco à fundação de uma instituição formadora de profissionais de saúde. Em um dos trechos do discurso, Jayme destacou como deve ser conduzida a vocação dos recém-formados: “O médico deve ser, assim e sempre, um espectador atento e vigilante da aventura humana. E mais ainda, sentir-se responsável por ela e procurar, no limite de suas forças, orientá-la e conduzi-la. Deixa de ser um profissional apenas, para assumir as pesadas responsabilidades de um verdadeiro estadista”, discursou Jayme, que viria a ser diretor-superintendente do então Hospital das Clínicas, entre 1976 e 1979. O professor não parou por aí. Logo em seguida, falou sobre a aspiração da Medicina, que “procura o bem-estar e a felicidade inteira do homem e sua total libertação do espectro do medo. Medo da morte. Medo das doenças. Medo da própria vida”. A verve pausada do
mestre, ao se referir à “felicidade inteira”, certamente contribuiu ali para formar a massa crítica necessária que fez do Hucam referência multiprofissional, com atuação não apenas do médico, mas dos demais profissionais da área da Saúde em busca dessa inteireza de alegria a que se referiu. O discurso, como todo grande documento, guarda retratos do tempo em que foi produzido. Em 1967, o homem ainda não tinha pisado na Lua, e o Brasil era um país de maioria rural. Jayme falou de liberdade numa época de arbítrio dos presidentes-generais: “A carta das Nações Unidas já apontou e definiu os direitos e liberdades do Homem. Direito de viver. Direito de ser feliz. Não estranheis, pois, nem receies o peso e a extensão de teus deveres, porque deles decorrem e dependem esses direitos e essa liberdade”. Sem deixar de fora o contexto histórico em que foi escrito, o discurso proferido contém trechos que, aos mais desavisados, pode soar utópico, mas era o sentimento daquela época de desafios: “A chave da Medicina é a caridade. A mesma chave de outras religiões. Mas a nossa Caridade é espontânea e consentida. É uma caridade sem ambições e sem retornos”. Com referências à mitologia grega, Goethe e Gautama Buda, o discurso foi recuperado do acervo pessoal de Elidia Franzine a partir de solicitação do ex-governador do Espírito Santo e médico do Hucam aposentado, Vitor Buaiz. A íntegra pode ser lida no site do Hucam: www.hucam.ebserh.gov.br.
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MISSÃO CUMPRIDA
LINHA DO TEMPO
UMA ESTRADA DE APRIMORAMENTO: A EXPERIÊNCIA
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rês grandes personagens desses primeiros cinquenta anos de história do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) testemunharam momentos chave da trajetória da instituição e dão uma pequena amostra do que viram. Dr. Noé Silva Santos, 87 anos, dedicou 35 ao Hucam-Ufes como cirurgião geral. Seu legado no hospital está eternizado no auditório que leva seu nome e é um dos principais ambientes de aprendizado acadêmico e reuniões. Dr. Noé destaca o momento em que o médico Jayme Santos Neves, outro importante protagonista da história da saúde pública capixaba, assumiu a direção, naquela época, do então Hospital das Clinicas. JAYME SANTOS NEVES “Foi realmente ele (Jayme Santos Neves) quem revolucionou o Hospital das Clínicas. Tem muitos anos. Eu não sou muito bom de data, não, mas esse episódio me marcou (Noé se refere à posse de Jayme, ocorrida em 1976). Porque logo em seguida, o Dr. Jayme conseguiu credenciar o Hospital no SUS e nós passamos a ter renda própria. As condições do Hospital melhoraram muito”. Na mesma conversa, feita especialmente para a edição desta revista, ao lado de Noé estava Dr. Saulo Ribeiro do Val, 85 anos. Atualmente aposentado, saiu do Hucam-Ufes há cerca de 15 anos. Testemunhou os primeiros dias da instituição, em 1967. Era especialista em ginecologia e obstetrícia, quando a equipe tinha apenas seis especialistas na área. Saulo foi professor da primeira turma de ginecologia da Ufes.
Década de 70/80 Construção do Prédio anexo
Final década 80, inicio década 90
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Dr. Noé Silva Santos, 87 anos
Dr. Saulo Ribeiro do Val
CORAÇÃO DO HUCAM-UFES hospital era como nossa segunda casa. Isso aqui era Saulo concorda com Noé. “O Dr. Jayme foi quem muito arborizado, tinha muita mata”. trouxe a grande mudança para esse hospital. Antigamente o Centro Cirúrgico era o coração do hospital. A gente operava quase todos os dias e, naquele tempo, o Hospital funcionava, não como hoje, mas funcionava”, disse o médico. A vocação do Centro Cirúrgico se destacou a ponto de ser um dos serviços de maior demanda no Hucam-Ufes. Atualmente, são realizados na instituição cerca de 1.200 procedimentos operatórios todos os meses. Depois de aposentado, Dr. Saulo ainda operou por alguns anos na unidade como voluntário. SEGUNDA CASA A enfermeira Maria Edla de Oliveira Bringuente, 69 anos, ingressou em 1974. Ela conta do seu esforço profissional para atender aos pacientes. “Antigamente, eu descia de Santa Teresa (na Região Serrana Capixaba) e passava no hospital para ver como estavam os pacientes que eu deixei. Sábado, domingo, feriado... Nossos filhos brincavam muito embaixo dessas árvores. Vínhamos para cá e trazíamos eles. Esse
Enfermeira Maria Edla de Oliveira Bringuente, 69 anos
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MEMÓRIAS E FRAGMENTOS HISTÓRICOS NA ÓTICA DE QUEM OS VIVENCIOU Texto: Maria Edla de Oliveira Bringuente
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Ufes constituiu uma grande expectativa e um marco de crescimento importante para a Ufes, para o Estado, para Hospital das Clínicas e para o Centro Biomédico, hoje Centro de Ciências da Saúde. O Curso foi criado no Departamento de Medicina Social. Todos o acolheram bem e se empenharam para que ele enfrentasse os desafios com segurança. Vale ressaltar a saudosa lembrança dos professores médicos Dr. Thomaz Tommasi, Dr. Olívio Louro Costa, Dr. Jayme Santos Neves, Dr. Benito Zanandrea, Dr. Cassiano Antônio Morais, Dr. Arildo Abreu, entre outros, que somavam esforços com os profissionais que ali estavam e com aqueles que tinham terminado de chegar, no sentido de que eles desenvolvessem o seu papel profissional, segundo a sua ciência e a sua arte. As quatro enfermeiras que vieram implantar o Curso de Enfermagem e Obstetrícia da Ufes, Edna Vieira, Laurinda Espírito Santo, Angela Maria de Castro Simões e Maria Tereza Coimbra de Carvalho, integraram-se às demais e assumiram o Curso e o hospital, sua chefia, as unidades clínicas, cirúrgicas e os ambulatórios. As enfermeiras do hospital foram convidadas, em julho de 1976, a se integrarem ao Curso de Enfermagem, recém-criado. O então Regimento do Hospital das Clínicas determinava que as chefias dos serviços fossem ocupadas por professores dos cursos que tinham o hospital como seu campo de prática. A enfermagem era uma só. Hospital e Departamento de Enfermagem somavam esforços, constituindo um grupo de jovens idealistas, preparados, pertinazes e de muita potência.
or ser o Hospital das Clínicas um hospital de ensino, ocupava um papel político-social importante no Estado. Constituía um centro de referência. Daí os esforços para ajustar os conhecimentos existentes à realidade existente. A criatividade humana era colocada à prova a todo o momento. Era um desafio! As enfermarias do Pronto-Socorro eram cheias, e as condições de cuidados, precárias. Impunha-se o aumento de leitos em virtude do aumento da demanda de assistência à população. Era grande a migração da população da área rural para a periferia da Grande Vitória. Dessa forma, a criação dos serviços gerava crise, por falta de recursos humanos e materiais. Um novo momento emerge: a criação do Curso Superior de Enfermagem e Obstetrícia na Universidade Federal do Espírito Santo – Ufes, em junho de 1976, como demanda de uma política nacional de saúde para o Brasil. A criação do Curso constituiu um dos maiores marcos da formação de recursos humanos para a saúde no Estado e acendeu a esperança das enfermeiras do hospital. Este é apenas um trecho do artigo. Confira a ínteA criação do Curso de Enfermagem e Obstetrícia da gra em www.hucam.ebserh.gov.br
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COMENDA CASSIANO ANTÔNIO MORAES
Yara Zanandréa representa o pai, Benito Zanandréa (in memoriam)
Leontina Soares de Souza Lima (esq.)
Carmen Sylvia (esq.), representando o marido, Noé Silva Santos
Genuína Sampaio de Oliveira (esq.)
Carlos Sandoval Gonçalves
Roberta Paranhos Fragoso, representando Rosa Maria Paranhos (in memoriam)
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Fotos: Jorge Lellis - Secom/Supecc Ufes
Saulo Ribeiro do Val
senadora Rose de Freitas
Ataíde Scheltz (esq.)
Cassiano Antônio Moraes (in memoriam) representado pelo filho (dir.)
Sirley Souza Drumond Louro (esq.)
Álvaro Lima Machado (esq.)
Humberto Kill
Paulete Maria Ambrosio Maciel (dir.)
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TURMA 1971
Os ex-alunos e a estátua de Asclépio
OUSADIA É IMORTALIZADA EM FORMA DE ESCULTURA
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esde dezembro de 2017, quem passa pelo acesso principal à fachada do Hucam-Ufes ganhou um novo companheiro. Tem 2,30 metros de altura, está sobre um pedestal de outros 1,5m, segura uma cobra e um cajado. É todo branco e tem um semblante que carrega o tamanho de sua simbologia. Os mais íntimos da mitologia grega vão logo identificar o deus da Medicina, Asclépio (ou Esculápio, na versão latina), e estarão certos. Mas o que quase ninguém sabe é que a estátua, na verdade, está de volta na mesma área verde onde “morou” por um breve período, 46 anos atrás. O monumento é marca da ousadia da turma de formandos da Medicina da Ufes de 1971. Quando terminaram o curso, escolheram o símbolo mitológico para homenagear o então Hospital das Clínicas, que passou a transição de sanatório para universitário durante os anos em que a turma estudou na Ufes. “Apesar de o movimento estudantil ter sido de toda a Escola, nossa turma, a FMUFES-71, entrou de cheio na briga, participando ativamente de todas
as manifestações (para fazer do sanatório o hospital escola da Ufes). Tanto é que, no final, comemoramos a aquisição como uma vitória pessoal da turma. Sentimo-nos construindo algo importante, sentimo-nos legando algo de peso para a posteridade, uma contribuição que consolidou a estrutura universitária de nossa Faculdade de Medicina. Cantamos ‘O Hospital agora é nosso!’ Por isso nada mais justo que nossa estátua-símbolo fosse colocada nos jardins do nosso hospital. Não apenas como uma homenagem, mas como um marco comemorativo de vitória”, explica o cirurgião torácico Roosevelt de Sá Kalume em artigo publicado no jornal Raio X, dos estudantes de Medicina da Ufes. Kalume foi o aluno responsável por erguer a estátua na época. A segunda versão, inaugurada em dezembro passado com festa que reuniu no Hucam parte daquela turma, também foi obra de seu esforço e do apoio financeiro e motivacional dos formandos de 1971. Desta vez, a estátua foi feita para durar. Na primeira versão, a empolgação juvenil não deixou perceber que
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Roosevelt de Sá Kalume
Turma planta Árvore de Hipócrates
um monumento feito em gesso sobre argila iria perecer rapidamente ao ar livre. Na versão atual, ela foi erguida em cimento na cidade de Taubaté, interior de São Paulo, antes de seu delicado transporte para Vitória. No Hucam, os médicos daquela turma incluíram na programação da festa de inauguração o plantio de duas árvores ao lado de Asclépio. São as árvores de Hipócrates, o pai da Medicina. O pediatra, professor da Ufes e aluno daquela turma, Francisco Luiz Zaganelli, explicou o significado dos dois exemplares.
“Segundo a tradição, era sob a sombra da árvore de nome científico Platanus Orientalis que Hipócrates, o pai da Medicina, ensinava seus alunos. No Hucam são duas: uma representa Higeia, associada à prevenção, e a outra, Panaceia, associada à cura. A primeira universidade brasileira a plantar essa árvore foi a USP. Hoje, já existe em outras universidades”. A partir de agora, de volta à sua casa, a estátua de Asclépio poderá testemunhar a história dos próximos 50 anos do Hucam e fazer lembrar a luta e a ousadia dos formandos de 1971 para as gerações seguintes.
“APRENDEMOS A SER HUMANISTAS” Do tempo em que a Medicina era tratada tal qual sacerdócio, de convívio com grandes mestres humanistas, como o médico que deu nome à instituição, Cassiano Antônio Moraes, o psiquiatra João Vieira Nunes, da Turma da Graduação de 1971 da Ufes, contou de que forma o então Hospital das Clínicas foi berço da formação que o levou a lecionar na conceituada Universidade da Cidade de Nova York, nos EUA. “Entramos na Faculdade de Medicina da Ufes em 1966. Aprendemos coisas fantásticas, foi o melhor curso de Medicina que poderíamos ter tido, foi a melhor coisa que poderia ter feito na vida. Tive professores que nos ensinaram a pensar, todos fantásticos. Mas destaco os doutores Jayme Santos Neves, Jolindo Martins, Fausto Edmundo Lima Pereira, Thomaz Tommasi e Saulo Ribeiro do Val”, relembra João. O médico fez mestrado em psicoanálise e psicoterapia por seis anos, parte no Brasil e parte nos EUA. É especialista em psiquiatria para crianças e adolescentes. Dr. João e seus colegas de turma, que idealizaram e inauguraram neste mês de dezembro a estátua do deus da Medicina na Mitologia Grega da Medicina, Asclépio, foram precursores de um valor até hoje destacado no Hucam-Ufes: a humanização no trato com a população que precisa dos serviços altamente especializados que sempre foram marca da instituição. “Aprendemos a ser humanistas, como foi Dr. Cassiano. Nos en-
volvemos com a proJoão Vieira Nunes, psiquiatra fissão de uma forma tal, que cremos que a Medicina é mais que um sacerdócio. Não existe forma de tirar isso da gente. E todos nós devemos isso à instituição”. Da memória que tem dos primeiros cinquenta anos do hospital, o psiquiatra conta com nostalgia dos momentos de luta que antecederam a fundação do Hucam-Ufes. “Foi um feito monumental transformar algo absolutamente lindo aos olhos, cheio de bosques floridos, na época em que era sanatório para tuberculosos, em algo absolutamente funcional para os estudantes e a população. Aqui é o lugar onde as pessoas que precisam e vêm receber o melhor cuidado médico. O Hucam é um presente para população, que está sendo presenteada cada dia, por 50 anos”.
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GALERIA DOS DIRETORES-SUPERINTENDENTES
Dr. Nélio Espíndula - 1968
Dr. Hélio José Manato - 1970
Dr. Benito Zanandréa - 1971
Dr. Jayme Santos Neves - 1976
Dr. João Vidal de Moraes - 1979
Dr. José Carlos Soares da Silva - 1984
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Dr. Wilson Mário Zanotti - 1989
Dr. João Batista Pozzatto Rodrigues - 1993-1997 e 2004-2007
Dr. Paulo Mendes Peçanha - 1997-2004
Dr. Gerson Thomé Marino - 2007
Dr. Emílio Mameri Neto - 2007
Dr. Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior - 2013 - atual
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PREMIAÇÃO
Superintendente recebe troféu ao lado de Reny Ferreira (dir.) e da apresentadora Andressa Missio
EXCELÊNCIA EM SAÚDE
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ara coroar o ano do cinquentenário do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), a instituição recebeu o Prêmio Excelência em Saúde 2017, na categoria “hospitais públicos”. O vencedor de cada categoria da premiação, promovida anualmente pela TV Vitória/Rede Record, é escolhido por meio de votação popular, aberta na internet. O Hucam-Ufes concorreu com outras importantes unidades de saúde do Espírito Santo, como o Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves e o Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória. O troféu foi entregue ao superintendente do hospital, Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior, que dividiu o palco com dois ex-funcionários da instituição: Dr. Saulo Ribeiro do Val e a técnica de enfermagem Reny Ferreira. O evento ocorreu no Cerimonial Le Buffet, em Jardim Camburi, no dia 25 de outubro. O objetivo da premiação foi o de reconhecer e revelar as melhores instituições médicas do Estado, avaliando a satisfação dos usuários com os serviços de saúde oferecidos. Também é uma forma de estimular o
Como hospital público federal, que passa por esse momento de recessão orçamentária financeira, mostramos que temos uma equipe muito comprometida e que se dispôs a ser um hospital contemporâneo, a enfrentar seus desafios PROFESSOR DR. LUIZ ALBERTO SOBRAL VIEIRA JÚNIOR aperfeiçoamento de profissionais da área da saúde que trabalham nos ambientes de excelência e que melhor prestam serviços médicos. “Como hospital público federal, que passa por esse momento de recessão orçamentária e financeira, mostramos que temos uma equipe muito comprometida e que se dispôs a ser um hospital contemporâneo, a enfrentar seus desafios”, declarou o superintendente no momento da premiação.
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ATENÇÃO À SAÚDE
50 ANOS SERVINDO À ASSISTÊNCIA E AO ENSINO Marcio Martins de Souza, Gerente de Atenção a Saúde
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Hucam-Ufes, desde sua inauguração, sempre foi protagonista na Saúde Capixaba. Foi criado por necessidade de se ter um local para campo de prática para a então recém-criada Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Espirito Santo. Tornou-se o maior laboratório para as atividades relacionadas aos ensinamentos da área da Saúde, sempre atrelando o ensino à assistência de qualidade, o que o faz um ponto de atenção à saúde incomparável. Neste contexto foram resolvidos casos complexos com necessidade de profissionais e recursos diagnósticos exclusivos do ambiente universitário, mas que não impediram o esforço do hospital em manter integralmente os serviços prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Nesta última década, em que pesem os momentos de crise, em especial para os hospitais universitários, com aumento do custo devido à necessidade de incorporação de novas tecnologias, o Hucam-Ufes tem buscado ofertar os melhores serviços para os capixabas. Recentemente, a inserção da instituição na rede de atenção à saúde do Estado, efetivamente, como um ponto de atenção estratégico e regulado, integrando-se às diretrizes nacionais do politica nacional de regulação da assistência, e a criação do Núcleo Interno de Regulação e do Setor de Regulação com suas Unidades, bem como a edição de várias portarias criando regras para priorização do acesso dentro dos princípios do SUS a consultas, exames e leitos, representaram grande avanço.
Além disso, o Hucam-Ufes é um dos seis hospitais da rede Ebserh que participa da construção de um modelo nacional de Expansão da Regulação para os demais, por meio de modelo através de intercâmbio da rede com o sistema espanhol da Catalunha. A evolução no registro das informações com o aprimoramento da prestação de contas das metas quantitativas e qualitativas, cobradas pelo Gestor Estadual através da contratualização, também seguindo políticas nacionais, fez com que o papel do Hucam-Ufes na saúde pública do Espírito Santo fosse resgatado e permitiu que a superação da produção se tornasse uma realidade nos últimos anos. A implantação dos Colegiados Gestores com agregação das equipes multiprofissionais no planejamento da unidade e nas discussões dos planos terapêuticos dos pacientes pôde qualificar, ainda mais, a assistência e o ensino. O controle no uso de medicamentos e materiais médicos hospitalares tem proporcionado um grande avanço na aplicação dos recursos públicos, evitando desperdícios, e aumentado o número de pacientes beneficiados com as terapias oferecidas no hospital, assim como os alunos que podem usar toda a tecnologia disponível para sua aprendizagem. O Hucam-Ufes precisa, nos próximos anos, continuar neste caminho de progresso, ampliando os avanços conquistados e aprimorando a integração da assistência ao ensino, à pesquisa e à extensão. HUCAM 50 ANOS | 21
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SETOR DE REGULAÇÃO
A equipe do Setor de Regulação do Hucam-Ufes
GARANTIA DE EQUIDADE
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ospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) assinou inédito termo de cooperação técnica com o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA) para desenvolver um sistema informatizado que visa ser mais uma ferramenta para garantir, com critérios claros e imparciais, a ordem correta das filas para consultas, exames e cirurgia, além de aumentar a capacidade de internações realizadas. Na semana em que o termo foi assinado (14/12), a delegação do HU de Maranhão esteve no Hucam para mais uma etapa dos trabalhos do Projeto de Expansão do Modelo de Regulação Assistencial. A cooperação técnica é consequência desse projeto, que tem objetivo de fazer que todos os hospitais universitários da rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) tenham o mesmo padrão da Gestão da Oferta de serviços. Além do Hucam e do HU-UFMA, outras 37 unidades estão integradas à Ebserh. Esta padronização seguiu diretrizes elaboradas pela Diretoria de Atenção à Saúde da Ebserh em parceria com o Consórcio Hospitalar da Catalunha, da Espanha. Como o Hucam é um hospital-escola, os benefícios chegam também ao ensino pois, com uma casa mais arrumada, o hospital será exemplo ainda maior de gestão a
ser levado para a vida profissional de cada aluno. Sem contar a maior facilidade no acesso a documentos que servem de fonte para o Ensino e a Pesquisa. “Nosso hospital desenvolveu alguns sistemas informatizados e queremos fazer essa parceria com o Hucam para que cheguem aos mesmos resultados. O HU do Maranhão está dando toda a consultoria, neste trabalho maior, que é a implantação no Projeto de Expansão do Modelo de Regulação Assistencial”, explicou Silvia Helena Cavalcante de Souza, chefe do Setor de Regulação e Avaliação em Saúde do HU-UFMA. De acordo com Antônio Maurício Barros Ribeiro, analista de Tecnologia da Informação e Processos do HU-UFMA, o software a ser compartilhado nesta cooperação técnica será entregue junto com seu código-fonte, o que permitirá ao hospital da Ufes fazer adaptações de acordo com a realidade da unidade capixaba. “E caso o Hucam faça alguma melhoria no sistema, haverá retorno, troca de tecnologia. Trata-se de um pacto de colaboração”, explicou Ribeiro. Durante a visita, grupos de trabalho divididos em temas (internação, circuito cirúrgico, ambulatório e arquivo e documentação clínica) se reuniram para discutir o que deve ser melhorado na regulação assis-
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tencial. Para cada ponto fraco, chamado de nós críticos, foram construídos planos de ação. O planejamento inclui o retorno da delegação do Maranhão a Vitória para monitorar o andamento das ações. “A regulação do atendimento é macrofunção da Saúde, junto com financiamento e assistência. Com certeza, muitos dos nossos profissionais vão trabalhar como médicos reguladores, enfermeiros reguladores... A estrutura ficará cada vez mais regularizada, com uso de tecnologia, garantindo o acesso universal ao Sistema Único de Saúde, com equidade”, disse o superintendente do Hucam-Ufes, Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior. Sobral se referiu a uma das doutrinas fundamentais que constituem o SUS. Equidade, neste contexto, significa que todos os cidadãos têm o direito de usufruir do sistema de saúde. Apesar de todos terem acesso a cuidados prestados pelo sistema de saúde, a equidade contempla a realidade que locais e pessoas diferentes têm necessidades diferentes e, por isso, soluções e esforços diferentes devem ser feitos de acordo com o contexto em questão. O superintendente acrescentou que, além da cooperação com o Maranhão, o hospital da Ufes será multiplicador da experiência adquirida com o hospital do
Maranhão para outros dois integrantes da rede Ebserh: “Além da troca de experiências e de conhecimento, esse projeto fortalece a Ebserh em seu conceito de rede de hospitais universitários”. A cooperação técnica é um capítulo iniciado desde 2013, com a adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O hospital universitário vem profissionalizando a gestão, primando pela eficiência, resolutividade e qualidade da assistência aos usuários do SUS, sem abrir mão de Ensino, Pesquisa e Extensão. Em 2016, o serviço iniciou o controle de todas as Autorizações de Internação Hospitalar (AIHs), por meio do Sistema de Controle de AIHs (SCAIH), que permite à regulação ter o cadastro informatizado de todas as solicitações de internações e, consequentemente, realizar a gestão do tempo de espera da fila cirúrgica. O serviço vem passando por reestruturações, entre elas: controle de declarações de óbito, padronizações dos processos de trabalho, capacitações das equipes, revisão dos termos de consentimento e responsabilidade, humanização no atendimento, painel de senhas, climatização da recepção, interface com as diversas áreas do hospital e validação dos procedimentos operacionais padrão.
Silvia e Maurício (ao centro), com gestores do Hucam-Ufes
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IDENTIFICAÇÃO DIGITAL MARCA NOVA ERA PARA DADOS CLÍNICOS
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hospital universitário, em suas cinco décadas de história, acumulou uma incontável quantidade de arquivos com o histórico clínico de pacientes que foram tratados por seus profissionais. Ou melhor, deu sim para calcular: são cerca de 800 mil pastas com prontuários, uma rica fonte para pesquisa científica, sempre, claro, com o devido resguardo do sigilo envolvido neste tipo de informação. Até a celebração do contrato de gestão com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Hucam-Ufes não contava com uma estrutura interna de gestão da Tecnologia de Informação, o que permitiu a modernização na forma de administrar tais documentos. A equipe do Serviço de Prontuário do Paciente (SPP) deparou-se com a necessidade de controlar com maior eficácia a movimentação de prontuários entre o arquivo e os setores do hospital. A solução foi idealizada e, sob a consultoria do Setor de Gestão de Processos e Tecnologia da Informação (SGPTI), já se colhe os resultados da aplicação do “Sistema de Rastreamento de Prontuários” (SRP), implantado em 2016 e desenvolvido pela SGPTI. Em média, todos os dias, são desarquivados 1,2 mil prontuários para atender às demandas de assistência e pesquisa. Para evitar desencontros e eventuais perdas do arquivo físico, cada prontuário tem uma etiqueta com código de barras que permite localizá-lo consultando o SRP, em tempo real. Toda tramitação de prontuário pelo hospital, ao receber ou enviar, deve ser registrada utilizando-se um leitor de código de barras, que indicará a localização do prontuário do paciente. Após a implantação do SRP houve maior agilidade e precisão para encontrar um prontuário,
Etiqueta permite controle informatizado de prontuários
pois todos os profissionais do Hucam-Ufes que manipulam as pastas tornaram-se responsáveis pela eficiência do rastreamento. Além disso, o hospital confecciona cerca de 110 cópias de prontuários por mês para atender diversas demandas dos pacientes, familiares e mandados judiciais, seguindo as legislações vigentes. O prontuário é condição indispensável para o correto atendimento pelos profissionais de saúde. É tão importante que, pela lei, esses documentos são obrigados a serem arquivados por 20 anos e com toda a proteção ao sigilo.
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GERÊNCIA ADMINISTRATIVA
Sala faz parte de ambiente que concentra parte administrativa do hospital
HOSPITAL AUMENTOU PRODUÇÃO EM TRÊS ANOS
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pesar do cenário econômico adverso em todo o País nos últimos anos, o Hucam-Ufes conseguiu manter uma administração firme e conseguir resultados expressivos, o que aproxima o hospital de sua missão institucional (confira na página 3). Trocando em miúdos, o hospital conseguiu ampliar a sua produção hospitalar e ambulatorial desde 2015, mesmo com todas as restrições financeiras e orçamentárias. E mais: no campo do Ensino, foi ampliada em 40% a inserção dos estudantes de graduação no hospital e em cerca de 30% os recursos para bolsas de estudo. “Após longos anos de inércia, finalmente a instituição caminha para ser um hospital contemporâneo na promoção do ensino universitário, na pesquisa e no atendimento assistencial de nível terciário aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirma o gerente administrativo do Hucam-Ufes, o economista Maroun Simão Padilha. No aspecto orçamentário, o hospital enfrentou as restrições econômicas dos últimos anos, mantendo-se de portas abertas e abastecido. E mesmo com os custos aumentados em torno de 40%, avançou na realização de novos serviços à
população que depende do Sistema Único de Saúde, como a abertura do Pronto-Socorro e de novos leitos de UTI. No mesmo período, priorizou-se a recuperação da infraestrutura física para a adequação das enfermarias, climatização de todos os serviços do hospital, adequação e construção de espaços administrativos e assistenciais com recursos próprios. Após a implantação do Setor de Suprimentos, foram estabelecidos protocolos para os materiais de alto custo e redesenhados os processos de trabalho, saltando a taxa média de abastecimento de 63% para 97% nos dias atuais. “O hospital aprimorou os processos de aquisição de bens e serviços, permitindo redistribuir o seu orçamento para áreas que até então foram reprimidas”, complementa Padilha. No campo de investimentos, as gestões realizadas permitiram recompor o parque tecnológico do Hucam-Ufes e realizar importantes obras. Não apenas pela captação de recursos, mas também na antecipação de projetos para possibilitar a plena execução, que trouxeram benefícios ao ensino e à pesquisa, bem como à qualificação do atendimento aos pacientes.
97%
40%
é a taxa média de abastecimento de suprimentos
é o aumento na inserção de estudantes da Graduação no hospital HUCAM 50 ANOS | 25
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HOTELARIA HOSPITALAR
BEM-ESTAR, QUALIDADE E SEGURANÇA
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odo hospital como o Hucam-Ufes, que interna milhares de pessoas todos os anos, precisa ter uma estrutura logística tal qual a de um hotel. São quilos e mais quilos de roupas de cama para lavar e trocar diariamente, higienização de leitos, controle de circulação de pessoas pelas dependências internas e outras tantas tarefas que, se são difíceis de se perceber quando tudo funciona bem, são indispensáveis ao funcionamento da assistência e do ensino no hospital universitário. O Setor de Hotelaria Hospitalar (SHH) do Hucam-Ufes foi instituído em 2014 e tem como principal missão institucional prover a área assistencial na prestação de serviços essenciais ao funcionamento do hospital, de modo a proporcionar bem-estar, qualidade e segurança durante a permanência do paciente, com foco no atendimento humanizado dos serviços prestados. Além do processamento de roupas e recepção, o setor cuida ainda de gerenciamento de resíduos, da manutenção das áreas verdes tão características do Hucam e do controle de pragas. “Recentemente, várias melhorias foram implementadas no Serviço de Processamento de Roupas. No entanto, a maior conquista foi a consolidação do processo de terceirização da lavanderia, o que permitirá maior qualidade dos serviços prestados e ainda a redução dos custos do processo de lavagem”, afirmou a chefe do setor, Jackeline Frade Agrizzi. Em relação ao Serviço de Gerenciamento de Resíduos, houve ações de grande impacto, como a construção de abrigo intermediário de resíduos hospitalares e readequação do abrigo externo desses resíduos; adequações nos abrigos internos; integração dos serviços de higienização com o serviço de gerenciamento de resíduos; expansão do programa com ações educacionais e treinamento em serviço; maior visibilidade como referência para demais instituições de saúde e ensino; realização do Primeiro Seminário de Gerenciamento de Resíduos do
Hucam-Ufes e a criação do Projeto Plantando o Amanhã, em que mudas de árvores nativas da Mata Atlântica são oferecidas a pacientes da maternidade, sempre associando a doação à educação ambiental. PLANTANDO O AMANHÃ “Cria-se um vínculo com a instituição e com a natureza. Antes de entregar as mudas, fazemos uma palestra sobre educação ambiental. Falamos sobre compostagem de resíduos; descarte adequado de lixo e os benefícios que a árvore traz ao meio ambiente”, contou a coordenadora do programa, a enfermeira Bernadete Zandomenico. Depois de entregue a muda, começa uma nova etapa da ação. Um certificado é entregue à mãe, que deixa no hospital seus contatos pessoais e o local onde a árvore será plantada. Com essas informações, o programa vai montar um mapa com a localização de cada vegetal, de cada espécie. O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) cedeu mudas de árvores frutíferas em parceria ao projeto da Universidade Federal do Espírito Santo.
Roupas limpas são armazenadas na Lavanderia
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ENGENHARIA CLÍNICA
Uma das salas da Engenharia Clínica do hospital
CHOQUE DE GESTÃO
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ada equipamento do hospital é patrimônio a serviço do cidadão e, portanto, é dever da instituição mantê-lo e preservá-lo. No Hucam-Ufes, o setor responsável por essa missão é a Engenharia Clínica, criado em maio de 2014. A tarefa vem sendo cumprida e, atualmente, dos 1.700 aparelhos ativos do hospital, mais de 95% estão com cobertura de manutenção. Nem se compara com o panorama anterior, quando a cobertura era de apenas 16%. Com mais equipamentos sob os olhos da Engenharia Clínica, a tendência foi de queda no custo de cada manutenção individual. É o chamado ganho de escala. Essa redução já foi calculada, e o custo unitário anual de manutenção foi reduzido de R$ 6.300 para R$ 3 mil. Além disso, houve um aumento substancial na capacidade de atendimento imediato dos chamados para as manutenções corretivas. Um exemplo é a rapidez para atender aos equipamentos críticos: aproximadamente 80% dos chamados são respondidos em até 15 minutos. As atividades do Setor de Engenharia Clínica tiveram início com a admissão de um engenheiro para
chefia do setor e do então professor universitário do Departamento de Engenharia Elétrica da Ufes José Denti Filho. Durante dez meses, os dois profissionais desenvolveram os principais fluxos operacionais para execução das atividades pertinentes ao setor. Em fevereiro de 2015, foi contratada uma empresa especializada, por meio de licitação pública, para suporte técnico na manutenção do parque tecnológico de equipamentos médico-assistenciais. Atualmente, todo o parque tecnológico do Hucam-Ufes está devidamente mapeado e conta com manutenção preventiva. A estruturação do setor permite, hoje, o acompanhamento de todo o ciclo de vida da tecnologia, incluindo processo de aquisição, recebimento, testes de aceitação, treinamentos, calibração, desativação e manutenção. Com isso, há enorme contribuição na redução dos gastos com manutenção dos equipamentos, no aumento da vida útil e disponibilidade do parque tecnológico, na otimização das compras e incorporação de novas tecnologias, na redução no tempo de reparo dos equipamentos, entre outros benefícios. HUCAM 50 ANOS | 27
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NUTRIÇÃO
PLATAFORMA DIGITAL MELHORA ADMINISTRAÇÃO DE 1.200 REFEIÇÕES POR DIA A PACIENTES
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odos os dias, de domingo a domingo, pacientes internados no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) recebem cerca de 1.200 refeições. Cada um com uma prescrição diferente: uns com restrição a sal, outros a açúcar, enquanto há os que só podem ingerir líquidos. Um paciente pode receber até oito refeições por dia, e nenhuma delas pode ser entregue erradamente. Para ampliar a segurança das informações que chegam a todo momento na Unidade de Nutrição Clínica no Hucam-Ufes, está em operação desde junho de 2017 um novo sistema informatizado que aboliu o uso de prescrições de dietas em papel. Desenvolvido em parceria com o Setor de Gestão e Processos em Tecnologia da Informação do hospital, o programa informa em tempo real, na tela do computador, a necessidade alimentar de cada paciente internado. “O programa aumenta a segurança do paciente em relação à refeição entregue porque elimina o risco de erros pelo preenchimento a mão de papel, além de melhorar o uso de nossos recursos humanos”, explicou a chefe da Unidade de Nutrição Clínica, Glenda Petarli. Com interface de fácil entendimento, o programa consegue, inclusive, destacar as atualizações mais recentes e dispõe de filtros de busca de pacientes para cada tipo de dieta.
Unidade de Nutrição do Hucam-Ufes
Outra vantagem do programa, em construção desde o ano passado, é o de utilizar informações do banco de dados do Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU). Essa característica ajuda a unificar procedimentos.
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APOIO DIAGNÓSTICO
Profissional analisa exame de imagem
ALTA TECNOLOGIA E EFICIÊNCIA
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lta tecnologia, eficiência e qualidade no serviço prestado de forma gratuita dentro do Sistema Único de Saúde. Esses são os lemas que guiam a modernização do Setor de Apoio Diagnóstico do Hucam. Além da melhoria no atendimento a pacientes que procuram os serviços do setor com totens informatizados, o investimento em tecnologia para armazenar exames de 3,5 mil pacientes atendidos todos os meses pela Unidade de Diagnóstico por Imagem e Métodos Gráficos consegue gerar economia de recursos para o hospital. Com apoio fundamental do Setor de Gestão de Processos e Tecnologia da Informação, o servidor de dados trazido em 2015 ao Hucam pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) tem um espaço reservado para a armazenagem das imagens. Isso facilitou a vida de profissionais de saúde. Com o avanço, colaboradores que necessitem acessar determinado exame não precisarão mais imprimir novamente papéis ou as caras películas usadas em exames de raio-X, por exemplo, para ilustrar o ensino de alunos da universidade. Trata-se um de processo de modernização contínuo que ocorre desde 2015. Antes desse banco de dados acessível aos profissionais, pacientes já podiam consultar, pela internet, o resultado de exames feitos no hospital. O acesso via internet permite que o usuário do hospital, muitas vezes morador do interior do estado, não precise
fazer uma nova viagem só para pegar o resultado. As inovações não ficam por aí. Todos sabem que caligrafia de médico tem fama de ser de difícil entendimento, e não só pelos pacientes. Mas desde 2016, para evitar erros de interpretação e falhas no preenchimento de cadastros, foi instalado um sistema online de pedidos de exame. Sempre com foco no melhor atendimento, além do preenchimento digital, as orientações sobre o preparo para cada exame estão agora disponíveis a todos os profissionais pela intranet. Além disso, o Apoio Diagnóstico recebeu importantes equipamentos. O criostato é um aparelho capaz de permitir a identificação de doenças em amostras de células retiradas durante uma cirurgia. A vantagem é a rapidez. “O resultado do exame fica disponível antes da operação acabar, dando ao médico a chance de mudar o rumo da cirurgia e evitar novas intervenções”, explica o chefe do Setor de Apoio Diagnóstico, Rodrigo Moll. O chefe do setor destaca a trajetória de evolução do setor que, se na década passada e nos anos 90 sofria com sucateamento dos equipamentos e da estrutura física, o presente é de modernização. Em 2015, já por meio de investimento da Ebserh, foi adquirido e instalado um equipamento de mamografia de alta resolução digital (DR) . Já em 2016, foram adquiridos upgrade de software e hardware, instalação de servidor exclusivo de imagem, estações de trabalho dedicadas para laudo e cinco equipamentos de ultrassonografia de última geração. HUCAM 50 ANOS | 29
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CELEBRAÇÕES PELOS 50 ANOS
Apresentação da Banda da PM
Celebração da Medicina
Evento da Unidade de Apoio Multiprofissional
Bolo gigante em homenagem aos 50 anos
Apresentação do Algazarra Arte & Coral
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Sessão solene na Assembleia Legislativa e, abaixo, na Câmara dos Deputados
Missa reuniu comunidade do Hucam-Ufes
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CENTRO CIRÚRGICO
Operação em curso no Centro Cirúrgico
INSTALAÇÕES MELHORES E MAIS MODERNAS
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os últimos três anos, os avanços conquistados no Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) deixam a instituição em condições de oferecer mais pontos de ensino a seus alunos, maior volume e qualidade na assistência e maior proximidade com a autonomia financeira do hospital, que oferece 100% de seus serviços pelo Sistema Único de Saúde. A qualidade dos serviços cirúrgicos ganha novo patamar, por exemplo, por meio da videolaparoscopia, com equipamento presente em todas as salas cirúrgicas e disponível para todas as especialidades, o que proporciona maior segurança no procedimento médico e no pós-operatório do paciente. Ao final de novembro de 2016, o número de atendimentos cirúrgicos pôde crescer em 30% com a entrega de mais três salas cirúrgicas, segundo informa o chefe do Setor de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, Fernando Bermudes. O setor ocupa uma área construída de 456 metros quadrados. Com a expansão, serão dez salas de cirurgia. As melhorias também incluem os leitos de recuperação anestésica para adultos e crianças, que passarão de oito para 12. Uma nova recepção ampla e adequada foi concluí-
da, com monitores para informar sobre as cirurgias e divulgar utilidades sobre cuidado no pós-operatório. Pacientes e acompanhantes ganharam a melhoria dos vestiários, com um espaço novo e específico para deficientes. Para os funcionários, os vestiários foram ampliados e serão entregues em breve. Atendendo o projeto de estruturação das salas de cirurgia, elas foram equipadas com tecnologia para transmissão ao vivo, adequando-as para o Ensino.
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OUVIDORIA
SATISFAÇÃO GERAL DO PACIENTE CHEGA A 83%
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ntre as atribuições da Ouvidoria do hospital está a de aplicar um questionário entre os cidadãos que usam os serviços do Hucam-Ufes para saber como está a aprovação em relação a uma série de quesitos. E na mais recente pesquisa realizada entre os meses de outubro e novembro de 2017, pouco antes das comemorações do cinquentenário da instituição, o resultado mostra que há o que comemorar: o nível de satisfação geral entre os pacientes internados chegou a 83,32%. Destaca-se o percentual de usuários entrevistados que indicariam o hospital a um parente: 99% dos entrevistados. Como mencionado acima, esta é apenas uma das funções da Ouvidoria. Outra importante tarefa é acolher as manifestações que lhe forem dirigidas por qualquer meio de comunicação e proporcionar atendimento aos interessados. As manifestações são cadastradas no sistema eletrônico implantado na instituição (SIG – Ebserh) e encaminhadas eletronicamente para as chefias pertinentes. Posteriormente, as chefias respondem através do mesmo sistema à Ouvidoria, que por sua vez responde ao cidadão utilizando o e-mail ou telefone informado no ato da manifestação. O sistema
99% dos pacientes indicariam o hospital a um parente
QUANTIDADE DE ELOGIOS DE USUÁRIOS REGISTRADOS , POR ANO 400
300
200
371 269
100
0
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Fonte: (Arquivo extraído do sistema eletrônico SIG-EBSERH)
gera um número de protocolo, o que possibilita ao cidadão que cadastra seu e-mail acompanhar a tramitação da manifestação. Mas não é necessário ter acesso ao computador para se comunicar. Em ação implantada em 2017, a Ouvidoria instalou 30 caixas distribuídas em todo o hospital para sugestões, críticas, elogios, denúncias e solicitações de informação. HUCAM 50 ANOS | 33
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HUMANIZAÇÃO
Idosos em celebração natalina no Hucam
A SAÚDE PARA ALÉM DA MEDICAÇÃO
A
qui, o paciente tem voz. No Hucam-Ufes, há a convicção de que ouvir as necessidades do usuário do sistema, e não apenas “onde está doendo”, faz parte do sucesso do tratamento. A essa filosofia de trabalho, que deve permear todos os colaboradores e estudantes, dá-se o nome de humanização. O termo, de tanto usado nos últimos anos, pode passar a ideia errada de que “humanização” é apenas pintar murais bonitos na fachada ou fazer recepções coloridas com cadeiras e televisores. Isso é só uma ponta mínima do trabalho. O Hucam-Ufes está além disso, e uma das formas concretas dessa maneira de pensar ocorre com a adoção de horários estendidos de visita aos pacientes internados. “É o cuidado centrado no paciente, considerando-o como sujeito desse processo. O paciente deixa de ser passivo, passa ter voz ativa. (leia reportagem sobre o Hospital do Futuro, na página 54). E o desafio de levar esse movimento para os processos operacionais dos hospitais, parte do princípio que o paciente é único. Casa com a ideia do SUS de que é universal, integral e equânime”, define a assistente social Leandra Maria Borlini Drago, coordenadora da Câmara Técnica de
Humanização (CTH) do hospital. Estar ao lado da família no momento de dor é a reivindicação mais natural. No Hucam-Ufes, o horário de visita nas enfermarias ocorre diariamente, das 14h às 20h. E em outras clínicas específicas, como UTI e pronto-socorro, há horários especiais. Essas oito horas diárias não eram a prática na saúde pública de anos atrás. A assistente social Gislene Nascimento Brunholi, integrante da CTH, explica que a presença do visitante e, mais que isso, do acompanhante – aquele que fica além do horário do visitante, numa relação mais próxima – é benéfica, inclusive, para a gestão de recursos públicos: “Se eu adoto um procedimento que o paciente não demonstra adesão, sem ouvir sua vontade, geram-se mais custos. Projeto terapêutico singular é o conceito. Um outro paciente com mesmo quadro clínico não necessariamente segue a mesma terapia”. Gislene lembra que houve um momento na história em que a relação com a Medicina era mais próxima da família. O nascimento era em casa, a morte também. Ao longo das descobertas científicas, o tratamento entrou numa ordem de isolamento. A humanização
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aí está para fazer esse resgate. Simbólico em um hospital que começou como sanatório para portadores de tuberculose, onde a regra era apartá-los da sociedade. Não à toa, o prédio está em um aclive: “Os avanços continuam sendo importantes. Eles não se contrapõem à humanização, pelo contrário”. A humanização precisa estar na cabeça de todos. Nada adianta uma parte da equipe cumprir seu papel e os demais envolvidos, desde o segurança até o especialista, não vestirem a camisa. Cogestão dos processos de trabalho ouvindo a todos, desde o superintendente até quem atende à beira do leito, é uma tônica do trabalho. Outra expressão é o projeto terapêutico singular, ou seja, cada paciente merece e deve ter suas necessidades ouvidas para que tenha o melhor atendimento multiprofissional. Ou de que adianta curar o idoso se ele está socialmente vulnerável e a família não foi informada sobre o que precisará fora do hospital? Recuperação também é afetividade. Por isso, a instituição precisa se preparar para receber a família. Historicamente, uma das grandes justificativas contra a visita estendida era a possibilidade de aumento da infecção hospitalar. “Mas no Hucam, isso não foi impeditivo. A partir de alguns cuidados e parcerias importantes dentro dos serviços, a visita se tornou uma realidade institucional”, complementa Gislane.
Horário ampliado de visita é conquista dos pacientes
Além da visita estendida, o Hucam-Ufes também busca melhorias para o acompanhante. O hospital passou a oferecer três refeições diárias gratuitas a todos os acompanhantes. Todos os avanços da humanização estão ligados a uma política pública de saúde (Política Nacional de Humanização, de 2003). Não se trata de programa de governo, mas é política de estado que transversaliza o SUS, onde o Hucam-Ufes a cumpre na perspectiva de construção de um cuidado integral.
SERVIÇO SOCIAL NO HUCAM-UFES: UMA LONGA HISTÓRIA O Serviço Social se faz presente nesse espaço de saúde desde a confirmação dessa instituição como Sanatório Getúlio Vargas, na década de 1950. Já naquele época, caracterizado por segregação e isolamento, os dois únicos profissionais do Serviço Social ali atuantes, conforme retrata a história, realizavam busca ativa de familiares e articulação com a rede de apoiadores da época, almejavam busca da autonomia, ampliação de direitos e inserção, quando possível, ao retorno da convivência comunitária e familiar dos pacientes. Em 1967, o então Sanatório se tornava o Hospital das Clínicas. O Serviço Social perpassa essa transformação
e segue inserido junto à equipe clínica que iniciava seus trabalhos – marcando um posicionamento político da categoria na construção de um trabalho de saúde em equipe. A profissão ganhava espaço na cena política e ganhava estatutos legais e éticos. A visão mais abrangente da atuação deste profissional no espaço da saúde levou ao longo dos anos ao acréscimo do número de assistentes sociais lotados no Hucam-Ufes. Inseridos atualmente em enfermarias, programas específicos, serviços ambulatoriais, comissões temáticas, supervisão acadêmica e preceptoria de residência multiprofissional, existem hoje 19 assistentes sociais. HUCAM 50 ANOS | 35
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HUCAM SOLIDÁRIO
Dia Mundial do Rim é celebrado todos os anos pela Nefrologia
DEDICAÇÃO E VOLUNTARIADO
T
odos os anos, o hospital universitário coleciona exemplos de dedicação e voluntariado que extrapolam o que seria o dever comum no serviço público. Em 2017, o Hucam-Ufes integrou uma ação nacional, coordenada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que destacou parte sua mão de obra para sair a campo com objetivo de oferecer serviços de alta qualidade para os moradores do Asilo de Idosos de Vitória. Foram realizadas consultas odontológicas, inspeção dermatológica, exames de densitometria óssea e atividades lúdicas para melhorar o acolhimento e, consequentemente, a saúde dos idosos, grande parte em um cenário de abandono familiar e extrema carência física e emocional. Foram envolvidos em torno de 60 voluntários, entre profissionais assistenciais, administrativos, preceptores, graduandos e residentes. Mas isso não foi só. No mesmo ano, um esforço concentrado, sobretudo da equipe da Divisão de Enfermagem do hospital, marcou a participação em uma campanha de vacinação contra a febre amarela que contribuiu para afastar a cidade das preocupações sobre a doença. Foi uma mobilização sem precedentes na universidade para prevenir o alastramento da febre amarela. Um total
Ação contra o vírus da hepatite C
de 4.397 pessoas foram imunizadas em um único dia durante o mutirão no campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Centenas de voluntários participaram da ação. Servidores do Departamento de Atenção à Saúde (DAS), estudantes e professores das áreas de Enfermagem, Farmácia e Medicina trabalharam na triagem e na orientação à população, enquanto enfermeiros do Departamento de Enfermagem da Ufes e do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) aplicavam a vacina na população.
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Mobilização educativa pela doação de órgãos
AÇÕES EDUCATIVAS A vocação do Hucam-Ufes em oferecer conhecimento e informação científica também está presente em suas ações voltadas ao público. É comum, em todos os anos, que unidades das mais diversas especialidades médicas aproveitem datas comemorativas para promover educação em saúde. É assim nos meses em que se promove a saúde do rim, do combate ao câncer de próstata, da saúde da mulher, entre tantos outros. Entre os mutirões promovidos em articulação com a rede Ebserh, um deles teve foco nas ações educativas.
Urologia faz palestra sobre câncer de próstata
Em julho, ainda no ano do cinquentenário da instituição, a mobilização educativa escolheu temas ligados aos principais serviços de excelência do Hucam, uma verdadeira vitrine de algumas de nossas especialidades. Doação de órgãos, higienização das mãos, incentivo a amamentação materna, saúde ginecológica, gerenciamento de resíduos, combate ao tabagismo e saúde bucal foram alguns dos assuntos abordados. Houve ainda ações que explicaram ao público assuntos sobre a rotina do hospital, como a importância do acompanhante no tratamento de pacientes internados, o relaxamento pré-cirurgia e o papel da Ouvidoria dentro de um Hospital Universitário com serviços 100% inseridos no Sistema Único de Saúde. Impossível deixar de falar de grandes amigos do hospital, como o Rotary Clube, que já promoveu doações em benefício da Unidade Materno-infantil e realizou uma mobilização voluntária para realizar testes rápidos para o diagnóstico da hepatite C. Outro parceiro é o Grupo Girassóis, formado por voluntárias que, todos os Natais, promove uma campanha de arrecadação de donativos para serem distribuídos aos pacientes internados.
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SETOR DE APOIO TERAPÊUTICO
MULTIPROFISSIONAIS EM ALTA
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cuidado e tratamento dos cidadãos que buscam o Hucam-Ufes vão muito além do atendimento médico. Um dos orgulhos da instituição, a equipe de Apoio Multiprofissional ganha reconhecimento no Espírito Santo a cada ano. O hospital universitário tem neste trabalho especialistas em Serviço Social, Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Educação Física, Fisioterapia e Odontologia, além da integração com outras especialidades da área da saúde e até fora dela. Há duas turmas de residentes multiprofissionais no Hucam, o que causa impactos mensuráveis nos indicadores assistenciais, no trabalho em equipe e vai ao encontro de melhorias institucionais. A Residência Multiprofissional é uma modalidade de pós-graduação lato sensu supervisionada por profissionais capacitados, em regime de dedicação exclusiva, com atividades desenvolvidas no hospital. “O trabalho multiprofissional conta com áreas para além da saúde, como engenharia, arquivologia, desenho industrial, física...Trabalhamos com rodas de conversa, procedimentos, tudo em parceria com outras áreas, como a Divisão de Enfermagem”, disse a chefe da Unidade de Apoio Multiprofissional, Jamille Lima dos Santos. Entre os avanços conquistados com a residência, destacam-se aqueles voltados para a gestão do cuidado, man-
“
tendo a vocação do Hucam para as melhores práticas assistenciais. “O Apoio Multiprofissional tornou o trabalho, até então centrado especialmente nos saberes médicos e de enfermagem, num atendimento multidisciplinar com saberes e olhares diversos, favorecendo a qualificação do atendimento e a melhoria contínua no chamado Plano Terapêutico Individual, reduzindo as recidivas ou favorecendo o restabelecimento mais precoce do paciente, além da alta hospitalar com mais segurança”, explica o chefe do Setor de Apoio Terapêutico, Antônio Marcos Birocale. O chefe do setor relata que, graças ao quadro de fortalecimento da equipe multiprofissional, as atividades de ensino e pesquisa também melhoraram: “Favoreceu sobremaneira as atividades de ensino e pesquisa dos cursos envolvidos, tendo em vista ter havido maior oferta de vagas para alunos de graduação, que puderam participar e realizar sua formação prática com mais qualidade nas dependências desse hospital, bem como muitas ações foram se transformando em pesquisas clínicas cujos resultados foram disseminados em congressos e eventos, fortalecendo a imagem do Hucam-Ufes como um polo importante de trabalho e formação multiprofissional no Espirito Santo”.
A participação do Hucam na minha formação teve início durante a graduação. Considero um campo de prática singular na qual a academia, representada pela figura dos docentes, e a prática, composta pelos profissionais, se unem para ofertar o melhor ensino ao alunado e assistência de qualidade aos nossos usuários. Hoje, estou nesta instituição como fonoaudiólogo residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente. Sou privilegiado, mais uma vez, por esta oportunidade de formação no Hucam. É uma instituição que consegue nos preparar para os desafios extramuros da universidade e do campo ensino-assistência. O aprendizado é diário, e cada professor e demais profissionais que por aqui circulam têm muito a agregar na minha formação profissional e como ser humano. Também preciso agradecer por todo apoio que a instituição me forneceu para desenvolver meu projeto de pesquisa para o trabalho de conclusão de residência. O Setor de Avaliação e Regulação em Saúde e a Gerência de Ensino e Pesquisa foram fundamentais para o sucesso deste estudo. Agradeço a cada profissional que não mediu esforços nesta etapa. Graças a essa oportunidade dentro da instituição, foi possível amadurecer um projeto de mestrado que em breve estará em prática. Atualmente, foram seis anos de formação dentro do Hucam e não paro por aqui. Tenho a certeza de que as portas estarão abertas nesse meu novo desafio do mestrado.”
DEPOIMENTO
JONATHAN GRASSI RESIDENTE MULTIPROFISSIONAL NO HUCAM-UFES, GRADUADO EM FONOAUDIOLOGIA
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MATERNIDADE
Campanha pela amamentação materna
TODO AMPARO A GESTANTES
E
m 2018, a Maternidade do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes completa 42 anos. Tanto tempo de serviço à sociedade capixaba credenciou a unidade como referência para gestantes de alto risco atendidas na Região Metropolitana pelo Sistema Único de Saúde. Após o nascimento, o cuidado com o prematuro – muitas vezes extremo, com menos de um quilograma – é outra expertise da casa. Como fase do processo de humanização no cuidado do bebê de baixo peso está a ala Mãe-Canguru, inaugurada em 2015. Em média, são realizados 80 partos por mês no hospital. A ordem é dar todo o amparo à gestante de alto risco. Semanalmente, por exemplo, no dia do pré-natal, as futuras mamães são reunidas por uma equipe multiprofissional. Lá, as grávidas são orientadas sobre direitos, obrigações, tiram dúvidas e compartilham anseios. “É uma forma de ter visão global da paciente. Não só do ponto de vista médico, mas de todas as suas carências e seus anseios psicológicos e de serviço social. É uma paciente que a gente conhece de forma universal. Os ganhos para mãe e bebê são evidentes. A gestante
“É uma forma de ter visão global da paciente. Não só do ponto de vista médico, mas de todas as suas carências e seus anseios psicológicos e de serviço social” tem confiança de que o hospital é seu porto seguro”, completa o chefe da Unidade Materno-infantil do hospital, Cleverson Gomes do Carmo Junior. E em todos os casos, o Hucam-Ufes faz cumprir a lei federal 11.108, de 2015, que dá direito às mães a terem um acompanhante, de livre escolha, para apoiá-la antes de ganhar seu filho, durante o nascimento da criança e no pós-parto imediato. Mas os avanços não ficam nisso. Jovens grávidas que, por causa da idade, são mais suscetíveis a darem à luz prematuros, são acompanhadas no pré-natal e no pós-parto pelo Programa Mãe Adolescente. E para todas as futuras mamães foi adotada uma classificação de risco de pacientes, com critérios objetivos, que permite a mulher ter a segurança de ser tratada com prioridade caso haja sintomas que mereçam maior atenção. HUCAM 50 ANOS | 39
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INÍCIO DA VIDA
Incubadora da Neonatologia
SONHO REALIZADO
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os hospitais públicos e particulares do Espírito Santo, nascem todos os anos entre 50 mil e 60 mil bebês. Deste total, cerca de 10% vêm à luz antes da 37ª semana, considerados prematuros. No Hucam-Ufes, o Serviço de Neonatologia do Hucam interna cerca de 35% dos nascidos vivos na Maternidade do hospital. São 25 leitos para receber bebês que nasceram em gestação de alto risco, o que inclui os que tiveram parto prematuro. A chefe da Unidade de Terapia Intensiva e Semi-intensiva Pediátrica e Neonatal, Norma Suely Oliveira, descreve as conquistas da área nos últimos anos: “O setor da Neonatologia ampliou a oferta de serviços com três importantes entregas: a implantação dos Cuidados Progressivos Neonatais (com dez leitos de UTI Neonatal (Utin), dez de Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal (UCINCo) e cinco
do tipo Canguru (UCINCa), a ampliação do Ambulatório de Seguimento de prematuro (‘Follow up’) e a implantação do Ambulatório de Egressos do Alojamento Conjunto”. REDE DE BALANÇO Há três anos, o Hucam-Ufes inseriu mais um método para atingir o objetivo na qualidade do atendimento: uma rede de balanço para acolher o bebê, dando maior aconchego ao ambiente da incubadora. Os pequenos que são indicados para usarem a rede não ficam lá o dia todo, apenas uma ou duas horas suficientes para acalmá-los. A ENFERMARIA CANGURU Outro diferencial no cuidado ao prematuro é o Método Canguru, que tem três etapas: na primeira, o bebê
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Mãe carrega bebê na enfermaria canguru
recebe o tratamento dentro da Utin enquanto ele ainda está muito doente. Imagine um prematuro que nasceu de seis meses, pesando 1.000g, precisando de muitos cuidados médicos e de enfermagem. Mesmo assim os pais são acolhidos na Utin, participam dos cuidados com o bebê e a mãe é incentivada e apoiada a manter a produção de leite, importantíssima para a alimentação do prematuro. O contato pele a pele com o bebê na posição canguru já pode ser iniciado, o que também facilita o ganho de peso e o bem-estar da mãe, bebê e família. Quando o bebê já está melhor e mais estável, com 1 mês de vida, por exemplo, e pesando 1.500g, ele é transferido da Utin para a Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), onde pode ficar junto de sua mamãe, que interna de novo no hospital para que, com a supervisão e apoio da equipe multiprofissional, possa cuidar, amamentar e estimular o filho na posição canguru. Mãe e bebê juntinhos o tempo todo, é como se chamada a etapa II. Na UCINCa ele fica internado até que
a mãe esteja bem segura para cuidar e amamentar o bebê em casa, agora com o apoio de sua família. Quando isso acontece e o bebê está ganhando peso, cresceu mais um pouco e está pesando em torno 1.800g, aí então a alta é programada. Depois de deixar o hospital, começa a terceira etapa: a ambulatorial. Eles vão para casa, mas voltam ao hospital em dias alternados, no início, para que a equipe veja se está tudo bem, até que o bebê esteja com 2.500g. Essa metodologia de assistência aos bebês prematuros passou a fazer parte obrigatória do cuidado oferecido pelo Sistema Único de Saúde aos recém-nascidos prematuros, após a publicação da portaria 930 do Ministério da Saúde, em maio de 2012. Além disso, o Hucam-Ufes faz parte da Rede Cegonha, do Governo Federal, que consiste em uma estratégia que tem a finalidade de estruturar e organizar a atenção à saúde materno-infantil. Visa, sobretudo, assegurar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo. HUCAM 50 ANOS | 41
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BANCO DE LEITE É REFERÊNCIA
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Banco de Leite Humano (BLH) do hospital é referência do Ministério da Saúde no Espírito Santo em Aleitamento Materno e na formação de políticas públicas para a área. Esse compromisso o torna apoiador dos sete bancos de leite do estado, incentivando e apoiando as salas para a mulher que amamenta, em seu local de trabalho. O Banco de Leite do Hucam faz o processo de pasteurização do leite humano, com seu alto padrão em qualidade, para as mães que vão retornar ao trabalho e querem deixar sua reserva em casa para os bebês em situação de risco do Serviço de Neonatologia. Em média, os prematuros do Hucam precisam de 2,5 litros de leite materno por dia.
Parte da equipe do Banco de Leite Humano do Hucam
Além da oferta de leite, o BLH faz atendimento à saúde materno-infantil, acompanhando o processo de amamentação e suas dificuldades, por exemplo, a pega incorreta da mama, fissuras, além da avaliação do ocrematócrito (quantidade de calorias do leite humano). Os bons serviços prestados fazem o BLH do Hucam colecionar certificados e prêmios de excelência, dentro e fora do Espírito Santo. Entre as conquistas, destaca-se uma de projeção internacional: a segunda colocação no prêmio Maria Cecilia Puntel de Almeida, promovido pelo XIII Conferência Ibero-Americana de Educação em Enfermagem promovido pela Associação Latino-Americana de Escolas de Faculdades de Enfermagem, em 2015.
“
Eu entrei na Residência Médica do Hucam-Ufes em 2005 no programa da Clínica Médica. Neste período, pude sedimentar minha identidade como médico, adquirindo conhecimentos, habilidades e obtendo confiança para assumir atitudes que só o treinamento como residente consegue proporcionar. Em 2007, entrei no então recém-criado programa de Residência da Nefrologia (fui o primeiro residente). Foi muito desafiador iniciar uma especialização com o Serviço de Nefrologia em restruturação...muito trabalho! Ao mesmo tempo, foi recompensador. A Residência Médica eleva a qualidade assistencial do hospital, e com a Nefrologia não foi diferente. Atualmente, sou médico da Ufes (servidor técnico-administrativo) e atuo no Serviço em que fui capacitado. Acompanhei todos os residentes da especialidade desde que entrei e afirmo que eles têm oportunidades de aprendizagem cada vez melhores, já que equipe conta com profissionais que fizeram treinamento em outros centros, incluindo ex-alunos, e assim puderam somar ao corpo clínico já existente. Agradeço ao Hucam, incluindo a todos os preceptores médicos, colegas residentes mais velhos, outros profissionais da equipe multiprofissional, funcionários e pacientes que me auxiliaram na conquista da confiança de exercer a Medicina.”
DEPOIMENTO
GUSTAVO LÚCIO GOMES DE SOUZA PRIMEIRO RESIDENTE DO PROGRAMA RESIDÊNCIA EM NEFROLOGIA, MÉDICO NEFROLOGISTA
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PEDIATRIA
BRINQUEDOTECA GARANTE DIREITOS À CRIANÇA
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Brinquedoteca hospitalar, que atende a bebês, crianças e adolescentes, funciona em área reformada do prédio da Pediatria e é um exemplo de que é possível garantir, ainda que em um sempre delicado período de internação, o direito fundamental do menor de 18 anos de ter acesso à recreação, à interação social e, claro, de brincar. O espaço existe desde 2015 e foi equipado por meio de doações. Apenas em uma delas, foram cerca de R$ 14 mil em novos produtos. Atualmente, o acervo tem brinquedos apropriados a cada faixa etária e fabricados, em sua maioria, em tipo de plástico que permite uma assepsia adequada para o uso em ambiente hospitalar. A brinquedoteca do hospital, além de cumprir a Lei Federal 11.104, de 2005, garante, sobretudo, o direito fundamental da infância e adolescência ao lazer e ao afeto. No Hucam, o espaço permitiu ampliar o campo de prática da Terapia Ocupacional. A Unidade de Atenção à Saúde da Criança e Adolescente (Uasca), que faz a gestão da brinquedoteca, reúne três setores da Pediatria e tem por finalidade prestar assistência integral à saúde da criança e do adolescente. São eles: o setor de internação pediátrica, cirurgia pediátrica e ambulatório de pediatria geral (vinculado ao Ensino) e de especialidades pediátricas. “Sou da turma de 1984 e tive a felicidade de abrir o ensino hospitalar de Pediatria no Hucam com a enfermaria que, naquela época ficava onde é hoje a Neonatologia. Apenas nos anos 90 é que fomos para o prédio em que está até hoje”, disse a chefe da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, Rita Checon. O setor de internação pediátrica (enfermaria de pediatria) e ambulatório de pediatria desta Unidade prestam assistência a pacientes (zero a 18 anos de idade), sendo referência na investigação de doenças com-
Além de cumprir a lei federal, a instalação garante, sobretudo, o direito fundamental da infância e da adolescência ao lazer e ao afeto. No Hucam, o espaço permitiu ampliar o campo de prática da Terapia Ocupacional
Brinquedoteca do Hucam tem rico acervo
plexas da infância e adolescência, tanto para o estado do Espírito Santo, quanto para algumas regiões dos estados vizinhos. A Unidade conta com 20 leitos clínicos, 100% regulados pela Secretaria Estadual de Saúde, gestora do SUS em Vitória, e quatro leitos cirúrgicos, todos de autogestão, que atendem aos casos cirúrgicos oriundos do ambulatório de pediatria do Hucam-Ufes, bem como de atendimentos cirúrgicos de crianças e adolescentes encaminhados de outros setores do hospital, como otorrinolaringologia, oftalmologia e urologia. HUCAM 50 ANOS | 43
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SAÚDE BUCAL
DENTISTAS PARA PREVENIR INFECÇÕES
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egundo a Associação Brasileira de Odontologia, muitas mortes por pneumonia em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) são causadas por bactéria bucal. A falta de um dentista em uma UTI de um hospital pode dificultar a descoberta da origem de uma infecção que pode levar a morte do paciente em poucos dias. Pensando nisto, em 2015, o Hospital Universitário Cassiano Antônio de Moraes (Hucam-Ufes), da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) convocou três profissionais da área em seu quadro de pessoal. Eles são concursados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e vêm permitindo grandes benefícios aos pacientes internados na UTI. O consultório odontológico portátil permite que a equipe desenvolva ações com as intervenções em centro cirúrgico, as quais podem determinar infecções a distância, podendo assim alterar positivamente o desfecho clínico, uma vez que minimiza fatores que possam influenciar negativamente o tratamento da saúde do paciente como um todo. A cavidade bucal é a primeira via para microrganismos patogênicos respiratórios que causam infecções sistêmicas, sendo a pneumonia apenas uma entre as mais
“
Odontólogos examinam paciente internado
conhecidas na literatura científica. Os odontólogos do Hucam-Ufes estão todos inseridos no contexto de uma equipe multiprofissional. A presença do dentista em hospitais permite, entre outras vantagens terapêuticas, o restabelecimento da função mastigatória normal, diagnóstico de alterações estomatológicas, intervenção em hemorragias oriundas de cavidade oral e eliminação da dor.
Sou a primeira pedagoga admitida para trabalhar na instituição na área de desenvolvimento de pessoas. Já existia, consolidado, um trabalho de educação permanente, mas sem o profissional da área da pedagogia. Pude participar da construção de processos de trabalho e de projetos focados na capacitação envolvendo todas as áreas do Hucam-Ufes. O que me gratifica é que estou contribuindo para a formação contínua dos profissionais que atendem os nossos pacientes, sendo o Hucam uma referência na área da assistência e formação profissional em saúde. Sinto-me parte desta instituição, motivada a contribuir para o seu crescimento a cada dia.
DEPOIMENTO
VANESSA GOMES ZECHNER PEDAGOGA, CONCURSADA DA EBSERH DESDE 12 DE MAIO 2014 – 1ª TURMA
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NEFROLOGIA
MELHORIAS FÍSICAS E DE DESEMPENHO
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Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes) novamente é credenciado para a realização de transplante de rim pelo Ministério da Saúde, um plano da instituição que terá o apoio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Um projeto, segundo Lauro Vasconcellos, chefe da Unidade de Gestão de Transplantes, a ser trabalhado em 2018. “Nossa equipe está toda preparada e ansiosa para que o serviço de transplante, com a devida infraestrutura física e material, volte a funcionar”, disse Vasconcellos, cuja gestão abriga também os serviços da Nefrologia. TRANSPLANTE O hospital tem longo histórico de bons serviços prestados à sociedade capixaba na área de transplantes. Em um primeiro momento, os transplantes de rim foram realizados no Hucam-Ufes entre 1992 e 2013. Atualmente, o hospital realiza transplantes de córnea. O Serviço de Nefrologia, integrado à Unidade de Gestão de Transplantes do Hucam-Ufes, reúne profis-
Ampliação de 9 para
12 leitos de hemodiálise
Equipe da Nefrologia do Hucam-Ufes
sionais do setor e gestores da instituição todos os anos para apresentar resultados e perspectivas para o calendário seguinte. Entre os resultados positivos do último biênio, é possível mencionar a ampliação do número de leitos para hemodiálise, de nove para 12, a nova sala administrativa e o desempenho de programas e ambulatórios ligados à unidade. São vários os projetos realizados pela equipe de Enfermaria da Nefrologia, como o Programa de Diálise Peritoneal; o Programa de Prevenção e Assistência Integral ao Paciente Renal (Prevenir); da equipe Multiprofissional; o Programa de Interconsultas/agudas dos ambulatórios da Nefrologia; e dos Transplantes. HUCAM 50 ANOS | 45
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ENTREVISTA
A ARTE DO EXERCÍCIO MÉDICO
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busca incessante de melhoria da assistência médico-hospitalar e a garantia da qualidade do cuidado aos seus usuários levaram a instituição a atravessar vários desafios nestes 50 anos de existência, com a aquisição de novas tecnologias, equipamentos e modernização de sua infraestrutura. Tais mudanças tiveram que acompanhar as mudanças no ensino médico ao longo dessas cinco décadas. A chefe da Divisão Médica do Hucam-Ufes, Aparecida das Graças Carvalho Gomes, nos conta em entrevista o que mudou e qual a essência do que deve permanecer nos próximos 50 anos.
rumo à elaboração de padrões básicos de referência para o exercício profissional (Protocolos Clínicos). Mas se indicação de internação hospitalar é um ato médico, o tratamento médico hospitalar é realizado por uma equipe multiprofissional, onde o paciente e sua família também desempenham um papel importante na elaboração do Plano Terapêutico. A qualidade da assistência hospitalar está diretamente relacionada, portanto, a Comunicação, Cultura e Trabalho desta equipe. As palavras chaves de 2017 no Hucam-Ufes/Ebserh foram EFICIÊNCIA e SUSTENTABILIDADE como metodologias para atingir sua missão, qualidade de assistência e ensino.
O que mudou no exercício da assistência em saúde no Hucam em sua história? A Medicina cresceu em resolutividade, melhoria do diagnóstico e tratamento, assim como decresceram os riscos da assistência hospitalar. Sabemos que, no passado, os diversos serviços, muitos com esforços individuais dos seus chefes, transformaram o Sanatório Getúlio Vargas em “Hospital das Clínicas”, reconhecida e querida instituição capixaba, orgulho dos servidores, alunos e docentes. Mas os tempos são outros, e a assistência hospitalar à saúde avançou na complexidade. A gestão e o financiamento do hospital, somados à fiscalização crescente da assistência e do ensino pelos órgãos competentes, passaram a exigir um profissionalismo administrativo, transparente, sistematizado e comprometido com o resultado.
A chave da qualidade é fazer todos falarem a mesma língua, certo? Quanto maior a integração entre os membros, maior a chance de se atingirem as expectativas do usuário. A Tecnologia da Informação veio colaborar com esta nova organização. As ferramentas de monitoramento e avaliação da assistência passaram a fundamentar as tomadas de decisão dos gestores e a facilitar os processos de trabalho. No entanto, a burocracia necessária para a gestão pode em alguns momentos interferir no tempo de atenção dos profissionais da saúde com o paciente e seus familiares, devendo a todo momento ser avaliada. Há de se lembrar que o cuidado individualizado suplanta qualquer padrão de qualidade e é o que permite preencher a necessidade sentida do usuário.
Como essa exigência ocorreu na prática? Os avanços das evidências científicas, por exemplo, impulsionaram os procedimentos médicos e os guiaram
A senhora quer dizer então que chega um momento em que a relação entre médico e paciente não se traduz em protocolos, que é insubstituível?
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A Arte do exercício médico não é processual, e a relação médico–paciente que se estabelece atravessa o tempo e os momentos da História. A Arte da Medicina convive bem com a modernidade. O conhecimento geral, comum a todos os casos, e a individualidade em especial, admitem que as diretrizes terapêuticas uniformes da “Medicina baseada em evidências” não sejam definitivas, permanentes e irrevogáveis. Há o respeito às estatísticas sem, contudo, desprezar “a etapa da criação”. É no olhar da criação artística do médico que surgem os novos questionamentos e os avanços da ciência. Fale mais sobre a arte da Medicina... A Arte da Medicina permite ao médico ser humano, quando ele consegue se colocar no lugar do paciente e oferecer a mesma competência, delicadeza e devoção que ele mesmo gostaria de receber naquela situação. Esta empatia é imprescindível para a cura e espelho na formação dos futuros profissionais. A arte preza a moral. O Hucam-Ufes, na sua fase madura, consegue conviver com as diversas interfaces da Medicina Arte e da Gestão como essenciais para sua sobrevivência. O Hucam-Ufes possui 64 especializadas médicas em atendimento nos seus ambulatórios e unidades de internação hospitalar aos usuários do SUS. Em 2017, o conceito de integração do atendi-
Desejo que complete muitos e muitos 50 anos, seja sempre orgulho para nós servidores e para a sociedade capixaba de forma geral
Dra. Graça Gomes, chefe da Divisão Médica
mento com as Redes de Atenção à Saúde permitiu maior resolutividade dos problemas do paciente, assim como favoreceu a continuidade da assistência em todos os níveis, facilitando a acessibilidade e universalidade da atenção. Qual sua mensagem para a comunidade do Hucam-Ufes neste seu primeiro cinquentenário? Neste aniversário de 50 anos, parabenizo meu querido Hucam-Ufes, em nome de todo Corpo Clínico, com um MUITO OBRIGADA. Obrigada primeiramente ao nosso paciente/cliente, sentido do nosso existir como servidores da saúde e do ensino dos cursos do Centro de Ciências da Saúde – Ufes. Agradeço também a cada colega do “Time Hucam-Ufes”, que são igualmente importantes: equipes com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, educadores físicos, odontólogos, recepcionistas, vigilantes, funcionários administrativos e apoiadores de um modo geral, que se dedicam a construir uma instituição hospitalar de excelência, acolhedora e humana.
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ENFERMAGEM
O CUIDADO E O ENSINO NOS 50 ANOS DO HUCAM-UFES
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inserção da enfermagem no mundo do trabalho e na área de atenção à saúde surge a partir de Florence Nightingale, que conjugou elementos que caracterizam a prática científica da profissão. O cuidado de enfermagem orienta-se com base na visão holística do indivíduo, concebendo-o como um ser que reage como um todo frente aos fatores agressores ou ameaçadores do ambiente. Assim, cada um deve ser compreendido e cuidado considerando-se sua individualidade. Nesta concepção, não pode ser negligenciado o contexto da família e da comunidade na qual está inserido. As inovações científicas e tecnológicas da profissão, bem como as exigências de novas condutas, têm levado a enfermagem a vivenciar novas formas de saber, ser, fazer e conviver. Para além de atender as demandas cabíveis à prática assistencial, enfrentar os desafios da construção de novos conhecimentos e ampliação do seu campo de atuação. Aos enfermeiros impõem-se posição compatível não só com a prática de cuidar e de ensinar a cuidar, mas com a prática da pesquisa e da produção científica. A Divisão de Enfermagem (DE) incorporou avanços nos aspectos quantitativo e qualitativo de sua
equipe para o exercício profissional, sendo atualmente composta por 289 enfermeiros, 396 técnicos de enfermagem e 173 auxiliares de enfermagem. O aumento do número de enfermeiros proporcionou sua inserção em novos espaços de trabalho. Esse acréscimo possibilitou a extinção da função de supervisão noturna e possibilitou a continuidade da assistência de enfermagem qualificada com presença de enfermeiros em todas as unidades assistenciais nas vinte e quatro horas do dia. No aspecto da gestão do Serviço de Enfermagem, outras ações apontam para a proposição de alteração do modelo organizacional vigente. Na atual estrutura, os profissionais da equipe de enfermagem, que atualmente estão dispersos nos vários serviços que compõem as linhas de cuidado, aproximam-se por meio do retorno das ações de coordenação dos serviços à Divisão de Enfermagem, o que favorecerá a gestão do processo de trabalho. Assim, a enfermagem se fez de todo presente, acompanhando as transformações ocorridas desde o antigo Sanatório Getúlio Vargas até o atual Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), ressignificando o seu exercício profissional para a qualificação da atenção, formação e gestão, fazendo e continuando a fazer parte da história da instituição.
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BARIÁTRICA
EQUIPE BATE A META NO ATENDIMENTO A OBESOS
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Hucam-Ufes é o único hospital da rede pública do Espírito Santo capaz de oferecer ao Sistema Único de Saúde (SUS) uma técnica de cirurgia que exige menos cortes e, consequentemente, menos dor e recuperação mais rápida para pacientes com indicação para cirurgia bariátrica. É a videolaparoscopia, método usado inclusive com propósito de ensinar melhor aos estudantes da universidade as técnicas que serão exigidas durante a vida profissional. O hospital universitário oferece atendimento 100% coberto pelo Sistema Único de Saúde. Isso inclui tanto o preparo antes da cirurgia, a fase durante o procedimento e o pós-operatório com a cirurgia plástica. No Espírito Santo, o Programa de Cirurgia Bariátrica do Hucam-Ufes cumpre seu papel de ser referência neste tipo de tratamento ao quebrar, em 2017, o recorde de operações realizadas. Foram 160 procedimentos em pacientes com nível elevado de obesidade e outras doenças associadas. Como prova da capacidade de trabalho da equi-
Izabel Hoppe (esquerda) e equipe
pe do Programa de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hucam-Ufes, ano passado foram atendidos, em apenas um dia, 216 pacientes obesos. Na ocasião foram realizados exames pré-operatórios e atendimento multidisciplinar com nutricionistas, psicólogas e assistentes sociais. O que poderia levar um ano para ser concluído todas essas etapas, durou das 7h às 17h. Isso só foi possível com a união de toda a equipe de médicos-residentes, médicos, enfermeiros, endocrinologista, assistente social, atendentes, pessoal de limpeza, laboratório, entre tantas outras áreas, que mostraram que unidos por uma causa nobre pode-se fazer a diferença, como pontuou o chefe da Unidade de Cirurgia Geral, José Alberto da Motta Correia. Ele destacou o empenho em especial da enfermeira Izabel Hoppe, que capitaneou toda equipe, e Gustavo Peixoto, cirurgião do aparelho digestivo, que sempre motiva iniciativas como essa. Os exames foram realizados na Casa 3 do hall de ambulatórios do Hucam-Ufes, onde os pacientes convocados aguardavam ser chamados. Foram realizadas consultas na área de endocrinologia. “Apenas três instituições fazem este tipo de acompanhamento pelo SUS no Espírito Santo, por isso, a demanda é muito grande”, explicou a enfermeira Izabel. Os tipos de cirurgia bariátrica mais realizados no Hucam-Ufes são o bypass gástrico (que reduz drasticamente o tamanho e volume do estômago e se realiza um desvio da parte intestinal), e a gastrectomia vertical (o estômago do paciente obeso é grampeado em forma de tubo que vai do esôfago até o duodeno. Assim se reduz o estômago em até 80% do seu tamanho). HUCAM 50 ANOS | 49
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ENSINO E PESQUISA
ENSINAR ESTÁ NO NOSSO DNA
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odos os semestres, cerca de 2.500 alunos de 16 cursos de graduação da Ufes passam pelo Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes. O corpo discente é a razão de ser de uma instituição que quer ser um hospital de ensino. No caso do Hucam-Ufes, os pontos de aprendizado acontecem potencialmente em cada consulta, em cada exame, em cada cirurgia, o que faz do hospital o maior campo de prática acadêmico-profissional da Universidade Federal do Espírito Santo. Os números e o cotidiano fazem do Hucam-Ufes uma casa de ciência. Entre 2016 e 2017, foram 106 pesquisas iniciadas. Dessas, 67 estavam em andamento em janeiro de 2018. Todo conhecimento gerado no nosso Hucam faz com que o hospital seja um local para dar continuidade à formação em saúde com programas de pós-graduação e residências, qualificando ainda mais nossos profissionais que atuarão na assistência à saúde. “É importante que se diga que, nesse volume de trabalho, há pesquisas clínicas também, ainda que não se-
jam a maioria (a maior parte é de trabalhos acadêmicos como monografias e trabalhos de conclusão de curso), são estudos financiados, de grande importância para a geração de conhecimento e tecnologia em saúde”, explica a gerente da Ensino e Pesquisa do Hucam, professora doutora Carolina Anhoque. É fato que outros hospitais capixabas servem de campo de prática para a formação na área da saúde, mas com o Hucam-Ufes, é diferente, conforme complementa a gerente: “Não somos um hospital que meramente recebe alunos. Somos um hospital de ensino. Gerar conhecimento é algo que só se faz em hospital universitário, onde se produz com inovação em um ambiente que favorece, ambiente esse que chamamos de ‘nuvem científica’. Em todos os processos de trabalho há alguém com a cabeça voltada para pensar na prática de ensino e pesquisa. Por exemplo, nas reuniões dos colegiados gestores, há sempre presença de professor, preceptores, estudante e residentes na discussão da gestão, assistência e processos de trabalhos da unidade”.
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Carolina gosta de falar que o Ensino e a Pesquisa estão no DNA do hospital. A própria gerência que ela encabeça é prova disso, pois coloca essa prioridade no próprio organograma da instituição. O estágio é apenas uma das formas de o conhecimento circular pelo hospital. Há alunos do curso de Medicina no internato, que é uma fase da graduação em que a carga horária para aprendizado justifica esse nome. Existem também estudantes em aulas práticas, visitas técnicas, aulas guiadas, discussões de casos clínicos e sessões clínico-científicas. Por isso, é comum para quem circula nas dependências do hospital encontrar rodinhas de alunos com o acompanhamento de um profissional para debater “na real” sobre temas aprendidos na sala de aula. A integração entre ensino e serviço na lógica da assistência ao paciente não pode ser algo apenas da boca para fora. Um exemplo claro disso se deu quando houve uma ação no hospital para ensinar a correta higienização das mãos. Ainda que todos os profissionais do Hucam-Ufes tivessem aprendido corretamente a técnica de melhor custo-benefício para prevenir infecções hospitalares, sem envolvimento dos estudantes na causa, tudo seria praticamente em vão. “Por isso não pode haver hierarquia entre a assistência e o ensino. Ambos têm que andar lado a lado no Hospital Universitário porque os alunos são parte das equipes e dos processos de trabalho que movimentam o hospital”, conclui a gerente de Ensino e Pesquisa do Hucam-Ufes. Engana-se quem pensa que são apenas alunos de
Medicina e Enfermagem os que passam pela instituição. Além dos cursos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Ufes, que também incluem Odontologia, Fonoaudiologia, Nutrição, Fisioterapia, Farmácia e Terapia Ocupacional, há ainda cursos da área de Humanas – Psicologia e Serviço Social. Pelo senso comum, não se imagina alunos de Exatas nos corredores de um hospital para aprenderem, mas o Hucam-Ufes rompe essa barreira para receber estudantes da Graduação em Física, Arquivologia, e as engenharias de Produção, Mecânica, Civil e Elétrica. RESIDÊNCIA PROFISSIONAL Nesta etapa, o aluno já concluiu a Graduação e agora, já formado, busca sua especialização. No Espírito Santo, o Hucam-Ufes é o principal campo de residência médica e multiprofissional do Estado, o que faz da instituição um marco estratégico nas políticas de saúde pública do Espírito Santo. A cada ano 193 residentes, em 24 especialidades médicas diferentes e a residência multiprofissional aprimoram seu conhecimento se especializando em áreas de interesse para sociedade. Residência acontece na lógica do treinamento e formação em serviço, ou seja, ele está imerso em dedicação exclusiva e integral na rotina do hospital e de seus pacientes para buscar sua qualificação. É um aprendizado prático de forma organizada, com tutores e preceptores, além de uma rotina de reuniões científicas e de discussões de caso.
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Sou servidora há 36 anos, poderia ter aposentado desde 2014. Porém, o amor pelo hospital me fez continuar seguindo o caminho de fazer sempre o bem. É muito gratificante você presenciar o vai-e-vem de pessoas tão carentes e, quando a gente tem a oportunidade de fazer algo para amenizar o sofrimento delas, não tem preço. Nesse período, cresci com o hospital e minha família também, pois minha filha nasceu nesta instituição. Acredito que a sociedade capixaba merece um hospital de excelência, e hoje pode contar com os melhores especialistas do Espírito Santo. Temos consciência de que podemos avançar muito mais e estamos trabalhando para isso”.
DEPOIMENTO
LUCELENA M. DE JESUS SERVIDORA DA UFES, HOJE ATUANDO NA SECRETARIA DA SUPERINTENDÊNCIA DO HUCAM-UFES
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Profissionais realizam teleconsultoria
UNIDADE DE E-SAÚDE: COLABORATIVA E CONECTADA
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profissional da área de saúde que necessitar de informação educacional qualificada, ou mesmo apoio técnico em casos clínicos que assiste no cotidiano, pode contar com a utilidade da Unidade de e-Saúde do Hucam-Ufes, ainda que esteja a centenas ou até milhares de quilômetros de distância do hospital. A teleconsultoria em tempo real ou gravada é apenas um dos serviços prestados pela unidade, ligada à Gerência de Ensino e Pesquisa. Suas principais atividades são desenvolvidas por meio de videocolaboração (videoconferência, webconferência e streaming), além de plataformas para teleassistência e tele-educação, proporcionando a interação à distância em tempo real e promovendo a participação interinstitucional em Pesquisa, Ensino e Extensão. Então chamada de Unidade de Telessaúde, foi inaugurada em 2013 e, desde então, mantém-se integrada à Rede Universitária de Telemedicina (Rute), o que permite a utilização de serviços avançados de rede, espalhada em todo o País. Uma destas atividades é o SIG (Special Interest Group), um tipo de reunião à distância que integra várias instituições de dentro e fora do Brasil para
pesquisa, discussão de casos e atualização de interesse comum. A Unidade de e-Saúde possui equipamento, conectividade e ambiente com equipe especializada, recursos estes utilizados por toda a comunidade. A partir da unidade são organizadas e transmitidas todas as atividades de Tele-educação do Telessaúde ES. São capacitações em assuntos diversos e atuais que contribuem para oferecer informações importantes para os profissionais da saúde da Atenção Primária do Espírito Santo e de todo o Brasil. As atividades são programadas em consonância com as demandas da Secretária de Saúde do Espírito Santo, e também com base nas solicitações de teleconsultorias realizadas pelos usuários do serviço de Segunda Opinião Formativa, que o Hucam-Ufes oferece a todo o Espírito Santo. Neste ambiente, esforçou-se no último ano para colocar em marcha os projetos colaborativos e atualmente coordena 3 SIGs Nacionais, dos 57 SIGs propostos; participa de 20 que são de interesse direto dos colaboradores e estudantes da instituição, que levaram a um acréscimo de 30% de adesão às atividades de atualização.
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Guilherme Crespo e a impressora 3D
INOVAÇÃO E TECNOLOGIA DE VANGUARDA A SERVIÇO DO SUS
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o Laboratório de Inovação em Saúde do Hucam-Ufes (Lais), as portas estão abertas às diferentes habilidades que constituem a universidade, como engenharia, design, produção, medicina, terapia ocupacional, fonoaudiologia, enfermagem, fisioterapia e todos interessados em conhecer e aplicar a tecnologia de impressão 3D. Engana-se quem pensa que esses equipamentos que fazem peças com precisão em três dimensões são, no hospital, algo que está apenas no plano das ideias. A tecnologia que promete revolucionar a indústria nos próximos anos é hoje um projeto de extensão do Setor de Gestão de Pesquisa e Inovação tecnológica da Gerência de Ensino e Pesquisa, com o Curso de Graduação em Terapia Ocupacional do Centro de Ciências da Saúde da Ufes. Os alunos desenvolvem objetos para auxiliar a vida de quem está com algum tipo de deficiência motora. Estabilizadores de punho, copos cortados e peças para facilitar a manipulação de canetas ou talheres são apenas alguns dos objetos que estão sendo fabricados sob medida para pacientes do hospital. É prova de que o Sistema Único de Saúde pode oferecer serviço de vanguarda. “Enquanto há muitos projetos com impressora 3D que são bons, mas ainda fazem projeções para o futuro, no Hucam as coisas já acontecem na prática, beneficiando pacientes”, afirma Guilherme Crespo, chefe do Setor de
Gestão da Pesquisa e Inovação Tecnológica da instituição. Esse caldeirão de diversidades de conhecimento é o ambiente ideal para a criação de soluções atualmente conhecidas como disruptivas e que vem mudando o rumo das relações em todo mundo. Além disso, o Hucam-Ufes desponta com produções científicas de alto valor, além de todo destaque na assistência e no ensino. Muitas pesquisas desenvolvidas no hospital ganharam destaque em periódicos importantes, tanto em áreas de especialidades multiprofissionais, como de tecnologias em saúde. Em média, mais de 50 projetos de pesquisa são iniciados ao ano utilizando o Hucam-Ufes como campo de pesquisa, recebendo diversos pesquisadores da Ufes e de outras universidades. O hospital conta com diversos pesquisadores nas mais diferentes áreas de assistência em saúde e amplo campo acadêmico, composto por mestres, doutores e professores altamente qualificados. O Hucam-Ufes possui reconhecimento nacional e internacional, tanto pela qualidade das pesquisas quanto de seus pesquisadores, e conduz pesquisas financiadas por diversas instituições públicas e privadas. NATS Seguindo as boas práticas recomendadas pela Ebserh, o hospital constituiu em 2016 o seu Núcleo de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Nats). HUCAM 50 ANOS | 53
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SAÚDE DO AMANHÃ
O HOSPITAL DO FUTURO
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ire da cabeça o mundo futurista dos Jetsons, de Star Trek, dos aparelhos com luzes em neon ou de outros clássicos da ficção científica. A ideia do futuro que se tinha no passado ficou obsoleta. Na saúde pública do amanhã, os hospitais - sobretudo em um País que escolheu oferecer cobertura universal e gratuita da saúde pública - devem sim ter máquinas modernas. Mas nada disso terá valor se a forma de trabalhar nessas instituições não mudar dramaticamente. O bem-estar dos interesses corporativos perde o papel de protagonista e entra em cena uma estrela que todos conhecem, ainda que sem o destaque devido: a necessidade do paciente. “Construímos a base das instituições hospitalares nunca tendo como centralidade o paciente, mas os profissionais, o interesse das corporações, interesses econômicos, políticos... A tradução da ideia da centralidade no paciente é acompanhada pela afirmação dos direitos humanos e sociais”, explicou Armando de Negri Filho. Doutor em Ciências pelo Departamento de Medicina Preventiva da USP, De Negri é gestor do Laboratório de Inovação em Planejamento, Gestão, Avaliação e Regulação de Políticas, Sistemas, Redes e Serviços de Saúde do Hospital do Coração, em São Paulo. Na semana em que se comemorou os 50 anos de fundação do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, o médico deu
palestra no auditório Rosa Maria Paranhos sob o título: Hospital do Futuro. De Negri explicou que um dos grandes erros do sistema é ganhar remuneração a partir da quantidade de atendimentos realizados, com pouca importância para a satisfação do cliente. “Onde, em nossas estatísticas, medimos o resultado do paciente?”, perguntou o palestrante, preparando a plateia para a afirmação seguinte: “O que medimos é a produção. Não podemos continuar a sermos pagos pela produção. Temos que nos rebelar contra esse método, que induz a uma lógica de funcionamento que está desconectada com o resultado assistencial. Exemplo: o médico opera 100 pacientes por mês, mas morrem 80. Isso (a mortalidade) não interessa, porque a produção dele é alta e isso remunera o hospital. Se não dá certo, paciência. Desculpe a forma anedótica de colocar isso”. E o médico palestrante continua. Décadas de pensamento errado sobre o que deve ser mais importante, segundo seu diagnóstico, desumanizou o atendimento hospitalar na saúde pública brasileira. “Há superlotação dos sistemas de urgência no Brasil, onde matamos em escala industrial. E nós aceitamos isso progressivamente. (...) Outra forma de se verificar essa oferta hospitalar insuficiente é através das filas de espera para procedimentos que dependem de hospital”.
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O senso comum é de que as urgências hospitalares ficam cheias porque recebem pacientes com problemas simples, que deveriam ser resolvidos nos postos de saúde. Ele acha essa explicação insuficiente. O tratamento complexo também superlota. Na ilustração mental de Negri, a superlotação ocorre no momento em que um tumor, diagnosticável logo no início em uma unidade básica, torna-se um câncer que exigirá vários dias de internação hospitalar, e pior: com menos chances de atender ao interesse do paciente que, convenhamos, seria o Armando de Negri Filho de nem ficar doente. “Se o hospital não se aliar estrategicamente para fortalecer a atenção básica, ela continuará tendo uma atuação diretor, a autoridade regional de saúde tem que ter asmarginal”, resumiu o especialista. sento. Função: trazer as necessidades da população para Para tanto, esqueça o SUS em que cada unidade de o dia a dia do hospital. Também é grande debate sobre saúde se fecha em seu próprio universo. Todos devem como trazer um representante da comunidade”, disse o saber o que cada unidade de saúde e cada hospital faz. palestrante, que completou: “A mesogestão é importante Só assim dá para saber a quantidade de cada serviço que porque, à medida que trago as necessidades da popué oferecido à população e entender se isso acompanha a lação, o outro passo é levá-las para o conjunto dos núnecessidade do público atendido. É a oferta que se adapta cleos de produção do hospital. Quem tem mais recursos à demanda, e não o contrário. tem mais responsabilidades sobre um sistema complexo “Quando começo a entender os sistemas e subsistemas como esse, adaptativo”. de necessidades, posso olhar o que estou fazendo soNeste raciocínio, os hospitais, que absorvem 70% de bre sistemas e subsistemas de todos os recursos do Sisresposta. Analisando os comtema Único de Saúde, são ponentes dos núcleos de proos que possuem as maiodução de cada hospital, passo res responsabilidades. Por Construímos a base das a entender melhor qual é a isso, De Negri advoga que instituições hospitalares capacidade de atendimento, a é fundamental aumentar nunca tendo como capacidade de diagnóstico e o o número de leitos hospicentralidade o paciente que tem que fazer em aliança talares por mil habitantes com os outros hospitais e a no sistema público para atenção básica de saúde”. que se consiga atender às Ninguém disse que é fácil. necessidades do paciente. Há de se romper com o que o Hoje há 0,7 leitos por mil médico chama de “ditadura do passado”. Os hospitais habitantes. Ele diz que o ideal é 4 leitos para o mesmo não deveriam ser administrados em núcleos de especiali- número de pessoas. E não é uma batalha apenas por dades (ginecologia, urologia, oftalmologia, etc.), mas em quantidade, mas por qualidade e tipo de leito, sempre núcleos de necessidades assistenciais. Para chegar nessa acompanhando os princípios centrais apresentados em fórmula, as lideranças assistenciais e os prestadores de sua palestra. serviço têm que ter assento na gestão. “Temos que apostar numa lógica em que as pessoas “Isso é feito com muito pouco. Na Europa, essa foi uma fiquem empoderadas. Pessoas com doenças e não doendiscussão muito quente nos últimos anos, que foi a va- tes. A doença é um ELEMENTO de sua vida e não lorização da mesogestão. De que forma? No conselho A SUA vida”, completou o palestrante. HUCAM 50 ANOS | 55
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PLANEJAMENTO
O economista Aminthas Loureiro Junior
FÓRMULA DE GESTÃO ORGANIZA DESTINO DO HUCAM-UFES
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lanejar é a melhor forma de fazer você tomar nas mãos o seu próprio futuro. É assim com as pessoas, é assim também com as instituições. No Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam-Ufes), a fórmula usada para construir o próprio destino envolveu a utilização de metodologia do Planejamento Estratégico Situacional (PES). Neste método, nada é por caso. Todo trabalho é dividido em fases, conforme a cartilha do criador do PES, o chileno Carlos Matus. No Hucam-Ufes, a fórmula permitiu a construção do Plano de Desenvolvimento Estratégico (PDE) do hospital. Na prática, é um trabalho feito a partir do diagnóstico de grandes problemas, chamados de “macroproblemas”, com as descrições de todas as Ações e Atividades que cada parte do hospital precisa fazer para enfrentar essas dificuldades e melhorar seu futuro. O chefe da Unidade de Planejamento do Hucam-Ufes, Aminthas Loureiro Junior, explica como o PDE faz a diferença de quem precisa, seja o usuário do SUS, o professor, os alunos de nosso hospital-escola ou os demais colaboradores da instituição. “O planejamento leva à melhoria da gestão. Quando melhora a gestão, melhora tudo o que oferece. Há melhoria no uso de recursos. Quando a gestão consegue aproximar numa mesma sala os responsáveis pelas compras e pelas licitações e melhora em 25% a rapidez nos processos, para não faltar medicamentos, aí tem planejamento. Temos, além de pacientes, os professores que vêm fazer pesquisa aqui e os estudantes. Se a gestão consegue
atender a mais pacientes, por causa da otimização dos recursos, são mais pontos de ensino para os professores, e os alunos aprendem melhor”. Como é o método de trabalho para a elaboração do Plano Diretor Estratégico? O PDE é uma ação de planejamento coordenada depois da realização de um curso, por alguns membros do Hucam-Ufes, no Hospital Sírio-Libanês (em São Paulo). O primeiro ciclo do plano teve horizonte entre de 2014 a 2016. Embora o hospital já tenha tido inciativas de planejamento, este foi o primeiro sob o contrato de gestão a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A metodologia é dividida em quatro fases: explicativa, normativa, estratégica e técnico-operacional. Como é cada fase? Na explicativa ocorre o diagnóstico dos problemas; a normativa é quando se faz a elaboração do que deve ser feito; a estratégica é quando se verifica a exequibilidade da normativa. E a operacional é quando se põe na prática. Quais são as características do PDE do Hucam-Ufes? O PDE é uma ferramenta de gestão importantíssima, que está em seu segundo ciclo (2017-2019). Ambos os ciclos ocorreram de forma participativa, envolvendo os vários atores do hospital e considerando os atores externos.
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A ideia do planejamento estratégico é você construir o seu futuro a partir da leitura do ambiente, evitando a ingenuidade determinística, mas sim sabendo onde se quer e se pode chegar. O hospital quer qualidade em seu atendimento e que contribuir para gerar conhecimento. Com isso, construir é para que tenhamos o melhor hospital para nosso paciente, estudante e docente. O caminho que se trilha é principalmente para atacar o macroproblema cinco, o que significa criar as pré-condições para ter a melhor relação com a academia e oferecer melhor ambiência para o ensino e a pesquisa. Não é só trabalhar com máquinas avançadas, mas integrar os profissionais a essa máquina, para lidar com gente. Criar ambiente para que os profissionais trabalhem bem. Com isso, o hospital dá sua contribuição para a universidade e a sociedade capixaba como um todo. Fazendo acontecer o que está previsto no PDE, ele constrói o futuro que ele quer. O hospital caminha passos largos para ser hospital de assistência multidisciplinar integral.
Uma vez que se sabe quais são os macroproblemas, o que fazer? Cada macroproblema é destrinchado em nós críticos. Para cada nó crítico são relacionadas em ações que são desdobradas em atividades, essas, por sua vez, são detalhadas em planos de trabalho. Essa metodologia trabalha de cima para baixo e de baixo para cima na hierarquia do hospital. Quando se chega lá embaixo, pode se ver a necessidade de alguma alteração e, então, é corrigida. Isso é o planejamento inteligente, não pode ser enrijecido.
Como se sabe se as atividades são cumpridas? A Unidade de Planejamento dá o apoio, mas é importante que se diga que é um processo construído pelos atores do hospital. Reunimos aqueles que potencializam uma construção mais direta. O acompanhamento das execuções foi um grande avanço. Inicialmente, o monitoramento era feito por um programa próprio, o MS Data, mas nossa ambição era fazer isso online. Para tanto, conseguimos, com esforço O senhor citou um dos macroproblemas diagnosso, customizar um software livre que está atendendo. nosticados durante a elaboração do PDE. Conte Isso é o hospital do futuro em termos de planejamento. sobre os demais. É simples, mas não se consegue, ainda, fazer na maioria Foram diagnosticados cinco macroproblemas. No pri- dos órgãos públicos, com tal robustez de monitoramento. meiro ciclo, forame elencados 11, que foram agregados Hoje, o superintendente pode abrir o computador na sala até se transformarem em cinco. E numa postura inte- dele e conferir as evidências da execução de cada atividaligente, no ciclo de 2014 a 2016 optou-se por trabalhar de prevista no PDE. com três. Esses três tratavam muito mais da parte de gestão ou da parte administrativa. Era necessário organizar E quando não se cumpre? o hospital para depois melhorar. O que não foi cumprido no primeiro ciclo é acompaO primeiro foi sobre recursos humanos, infraestrutura e nhado diretamente pelo Colegiado Executivo do hosinsumos. O segundo sobre a necessidade de maior qualifi- pital. Estamos fazendo esforço de captação de recursos cação da gestão. Todos eles organizados. O terceiro é sobre para poder finalizar as ações previstas no PDE 2014a relação com o SUS. O quarto trata da pouca integração 2016 que apresentavam dependência de grande volume do hospital com a academia; e o quinto é o problema da de recursos financeiros. assistência dita fragmentada, esses dois últimos atacados Há reformas emergenciais dos ambulatórios que no segundo ciclo, que abrange o triênio (2017-2019). estamos fazendo com captação de recursos somada à Os três primeiros dizem respeito a organizar o hospital. criatividade. Não adianta ter profissionais bons se não há medicaHoje, o hospital é referência na parte de engenharia mentos. Um macroproblema foi para arrumar a casa. O clínica e de hotelaria hospitalar para a rede Ebserh, e com segundo foi para ter gente para ter a casa arrumada. E o uma economia de recursos muito grande. Atitudes simterceiro foi para se relacionar melhor com o SUS, já que ples, que o paciente não percebe, mas que vão culminar 100% dos nossos serviços são ofertados para o sistema. no melhor atendimento. HUCAM 50 ANOS | 57
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PROJETOS ESTRUTURANTES
Representação virtual do projeto para o Ambulatório 1
NOVO COMPLEXO AMBULATORIAL
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omo fruto das discussões de planejamento estratégico do Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes, foi escolhida para o futuro do Hucam-Ufes uma série de projetos, chamados de estruturantes, que vai definir a nova cara do hospital nos próximos anos e melhorar o atendimento ao público. Parte está em andamento, e outros estão prontos para captação de recursos. O principal deles consiste na construção do Complexo Ambulatorial Multirreferenciado do Hucam para substituir as conhecidas “casas”, que abrigam este tipo de atendimento no hospital. Essas casas são as edificações horizontais de cobertura hidráulica metálica, antigas, que funcionam como ambulatórios. A ideia é fazer a construção em três etapas, para que o atendimento ao público não seja interrompido em nenhum momento. Numa comparação simplória, é como se um trem fosse reformado durante a viagem, em que os passageiros seriam acomodados em outros vagões enquanto o primeiro passa por reformas.
O complexo ambulatorial prevê uma arquitetura sustentável, de acordo com as mais recentes normas sanitárias vigentes, num trabalho de autoria do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos, a Unops. O empreendimento do Complexo Ambulatorial compreende três Ambulatórios. O Ambulatório 1 será executado primeiramente (utilizando estrutura do prédio inacabado), possibilitando a transferência dos atendimentos, liberando o espaço para a construção dos Ambulatórios 2 e 3, depois da demolição das respectivas “casas”. Outro projeto estruturante é a modernização da rede elétrica do hospital. Esta intervenção já está em andamento com previsão de ser concluída este ano. “Apontar a modernização da rede elétrica como projeto estruturante significa usar melhor recursos que, no futuro, teriam que ser gastos para consertar equipamentos danificados por causa de uma infraestrutura de energia falha ou insuficiente para as demandas atuais, em que há muito mais computadores, equipamentos eletrônicos de ponta e grande necessidade de climatiza-
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ção, que não existiam nos anos 40 e 50, quando o Hucam era um sanatório”, explica o superintendente do Hucam-Ufes, Luiz Alberto Sobral Vieira Júnior. Em todas as fases de discussão para os projetos estruturantes, sempre se partiu da premissa de integração entre Assistência, Ensino, Pesquisa e Extensão universitárias. No complexo ambulatorial, por exemplo, salas foram projetadas para permitir a discussão de casos clínicos entre docentes, acadêmicos e pesquisadores com mais recursos técnicos e conforto, além do conceito de “ilhas didáticas”. Todas as instalações foram pensadas para facilitar o acesso de alunos aos pontos de ensino. Confira a lista dos demais projetos estruturantes para o Hucam-Ufes:
Projeto prevê uso da área onde estão as “casas” dos ambulatórios
FARMÁCIA A expectativa é de que, com a nova Farmácia, haja redução de custo por causa da melhoria dos fluxos de atendimento e do maior controle na dispensação de medicamentos. Sem contar a adequação do espaço físico atendendo à resolução em vigor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
ACESSIBILIDADE EXTERNA Prevê a criação de caminhos seguros e acessíveis para cadeirantes e portadores de necessidades especiais em geral, atendendo às normas de padronização, como calçadas regularizadas, painéis em braile e piso podotátil.
NOVO ESTACIONAMENTO O projeto prevê uso de área hoje sem pavimentação, que funciona como estacionamento informal. A intenção é facilitar o acesso de todos, com um ambiente iluminado e demarcado, inclusive de pacientes de cidades afastadas.
NUTRIÇÃO A proposta é fazer um local centralizado e adequado para a realização de refeições no hospital, com cozinha industrial e restaurante, de forma a atender melhor os usuários, garantindo a qualidade nutricional. Com isso, será possível reduzir os custos da instituição com alimentação.
Croqui indica ligação do Complexo Ambulatorial com o hospital
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Tirar do papel os Projetos Estruturantes permitirá melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo Hucam-Ufes de forma significativa para estudantes, docentes e toda a comunidade assistida pela instituição. Os resultados da realização de investimentos, aliados à presença de corpo técnico e administrativo competente e dedicado, permitirão que seja dado um grande passo para o atingimento da Visão de Futuro do Hospital, que é ‘Ser hospital universitário de excelência em assistência e ensino com geração de conhecimento para valorização da vida’.
LUIZ ALBERTO SOBRAL VIEIRA JÚNIOR SUPERINTENDENTE DO HUCAM-UFES
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