4 minute read

Jovem mantida em cárcere privado por namorado foi torturada de forma lenta e queimada até no chuveiro

ThaTiana Melo anna GoMes

Tortura sofrida pela jovem de 20 anos resgatada no início da noite de segunda-feira (30) em uma casa na Vila Almeida foi feita de forma lenta para causar o máximo de dor à vítima, conforme indicam as apurações realizadas pela Polícia Civil.

Advertisement

Ela teve o corpo queimado com um maçarico improvisado com um inseticida. Ela foi mantida em cárcere pelo namorado de 27 anos, preso na mesma noite.

A delegada Elaine Benicasa, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), pediu a prisão preventiva do autor e disse em coletiva de imprensa nesta terça (31) que a jovem foi muito agredida pelo namorado, torturada até mesmo com o vapor de um ferro de passar roupas.

Agressões

Segundo a delegada, o autor colocava o vapor do ferro junto ao rosto da jovem, que foi queimada também embaixo do chuveiro.

O rapaz chegou a arremessar uma balança contra a vítima e desferiu socos contra a jovem, que teve parte dos cabelos queimados e arrancados da cabeça.

Novo depoimento

Elaine Benicasa relatou que o rapaz negou ter torturado a namorada, mas pediu para realizar um novo depoimento onde revelará o que de fato aconteceu, segundo ele.

A delegada informou que o rapaz teria dito à namorada que ela só sairia do cárcere assim que os machucados sarassem.

A vítima tinha um relacionamento de 1 ano e 4 meses com o rapaz e pediu por medi- das protetivas. Ele está preso e deve passar por audiência de custódia nesta quarta-feira (1.º).

Discussão em tabacaria antecedeu sessão de tortura

Aa

Antecedente

Há 4 anos, outra jovem passava pela mesma cena de terror que a mulher de 20 anos resgatada na Vila Almeida, sendo mantida em cárcere privado pelo rapaz –que está preso na Deam.

O fato aconteceu em maio de 2019, quando a jovem estava na companhia de uma amiga e teve o carro “fechado” pelo autor. Ele retirou a vítima do veículo à força pelos cabelos, colocou-a dentro de outro carro e a levou para sua casa.

A polícia foi acionada pela mãe da jovem depois da amiga avisar o que tinha ocorrido. Os policiais foram à casa do rapaz e com sinais sonoros pediram para que saísse.

Era possível ouvir os gemidos da vítima de dentro da casa. A jovem foi encontrada nua, enrolada em um lençol e com vários ferimentos pelo corpo, como mordidas, socos e tapas. A vítima disse não ter sido estuprada pelo ex-namorado, preso e encaminhado para a Deam. O rapaz havia descumprido medida protetiva e estava usando tornozeleira eletrônica. (TM e AG)

A jovem contou que tudo começou no sábado (28), dia do aniversário dela. O casal estava em uma tabacaria e, por volta das 2h, discutiu. A garota pediu para que ele a levasse para casa. Neste momento, o autor respondeu que a vítima iria para a casa dele, na Vila Almeida.

Em desespero, ela puxou o freio de mão do carro e o homem teria a enforcado. A mulher desmaiou e acordou já na cama do namorado, sem roupas. Ele jogou álcool nela e a amarrou com fita. O autor usou spray de inseticida e um isqueiro para fazer um maçarico e queimou os lábios da vítima.

A mulher ficou com queimaduras, foi levada para o banheiro e colocada debaixo do chuveiro, momento em que parte dos cabelos caiu. O homem fez ameaças com uma faca.

A vítima passou a reclamar de dores e, no domingo (29), o autor saiu por volta das 17h para comprar remédios, deixando-a trancada em casa. O homem confiscou o celular da vítima.

Esqueceu o celular

Na segunda-feira, ele a trancou e saiu para ir à sua empresa, mas esqueceu o celular da jovem. A vítima aproveitou para pedir ajuda por telefone ao irmão, que acionou a polícia. Quando os PMs chegaram, o autor tentou mentir, dizendo que estava no local com outra mulher.

O irmão da vítima a reconheceu pela janela. A mulher tinha vários machucados e enrolada em um lençol. A polícia encontrou em um saco de lixo preto a fita usada para amarrar a mulher e os instrumentos usados na tortura.

A vítima foi resgatada e, na unidade de Saúde, contou que ainda foi estuprada pelo namorado. O homem foi preso e autuado por cárcere privado, sequestro, tortura e estupro e levado para a Deam. (TM e AG)

Preso por tortura e estupro diz que namorada caiu em narguilé e se queimou

O rapaz de 27 anos preso por manter em cárcere privado, torturar e estuprar a namorada de 20 anos contou na delegacia que a jovem se queimou ao cair em cima de um narguilé.

O rapaz contou que as brigas eram constantes entre o casal e que não proibiu a namorada de ir para a casa de uma amiga após a saída da tabacaria, no sábado, onde estavam comemorando o aniversário dela. Ele contou que, no trajeto, os dois brigaram e a jovem pulou do carro, caindo no canteiro da Avenida Duque de Caxias e que a ajudou levando-a para casa. Segundo o rapaz, na residência, as brigas continuaram e ele derrubou álcool na jovem “sem querer”, foi acender o narguilé e a jovem caiu em cima do objeto. Ela teve partes do corpo queimadas, assim como os cabelos e, para ajudá-la, ele pegou uma toalha molhada e colocou no corpo da vítima.

Roupas em córrego

O rapaz negou que tenha ameaçado a jovem com uma faca e que tenha jogado um copo de água quente na virilha da vítima. Segundo ele, a namorada estava nua porque não conseguia colocar roupas devido aos ferimentos. E que jogou a roupa queimada da jovem no Córrego Prosa de madrugada.

O rapaz contou que não a levou para o hospital porque

Moradores da região da Vila Almeida que presenciaram o resgate da jovem de 20 anos na segunda-feira (30) contaram estarem surpresos com tudo o que aconteceu.

“A gente se sente impotente porque aconteceu perto de casa”, disse um morador que não revelou o nome. Ele falou que era um casal muito pacato e que estavam há 3 meses aproximadamente morando tinha passagens pela polícia e que foi até uma farmácia comprar remédios para a namorada. Sobre mentir que estava com outra mulher na casa, ele disse que a namorada tem outro na residência.

Outros moradores contaram nunca terem ouvido gritos de socorro e que, em algumas ocasiões, a jovem saía, ficando na frente de casa enquanto o namorado a observava pelo portão. “Parecia um casal normal”, disse o morador. Moradores ainda relataram o susto ao verem muitas viaturas no bairro, considerado pacato por todos. (TM e AG) nome e a chamou assim. Ele negou também que a tivesse amarrado com fitas e usado um inseticida como maçarico improvisado para queimar a namorada.

This article is from: