Programa de Qualidade na Educação - Guiné-Bissau

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Programa de Ensino de Qualidade em Português na Guiné-Bissau (PEQPGB)

A Guiné-Bissau é um dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que possui maiores problemas em quase todas as áreas, mas com especial ênfase na educação e saúde. O país ocupa a 176ª na posição no índice de desenvolvimento humano, num total de 186 países, e possui várias desigualdades em termos de acesso a oportunidades consignadas na Carta dos Direitos Humanos. Entre outras fragilidades, a Guiné-Bissau é um país onde a esperança média de vida é de 49 anos. Apesar das inúmeras dificuldades, ao longo de vários anos, tem existido um grande esforço de entidades nacionais e internacionais para minimizar o vasto leque de problemas da GuinéBissau. Entre essas entidades encontra-se a Fundação Fé e Cooperação, Organização Não Governamental (ONG) portuguesa que actua na Guiné-Bissau desde 2003. Esta ONG tem desenvolvido um trabalho extremamente meritório na área da educação em zonas mais frágeis do país contribuindo para a qualificação dos professores guineenses. Neste momento, para além do sector da educação, a FEC actua também na área da saúde e dos direitos humanos contando com vários financiadores e parceiros como o Instituto Camões, a Unicef, União Europeia, Fundação Calouste Gulbenkian entre outros. A minha primeira participação em projectos da FEC na Guiné-Bissau aconteceu em 2005 e, mais recentemente, recebi o convite para colaborar na qualidade de consultor de avaliação no Programa de Ensino de Qualidade em Português na Guiné-Bissau (PEQPGB). Foi nessa qualidade que, no passado mês de Junho, estive a realizar a segunda visita de acompanhamento do projecto. Perante os desafios que o país vive, as minhas funções até parecem ser muito simples: desenvolver e acompanhar um sistema de monitorização e avaliação que permita ter indicadores de desempenho para analisar o impacto das actividades realizadas, traduzidas de forma clara para financiadores e parceiros. Quando estou na Guiné-Bissau fico marcado por um conjunto de aspectos: a) As profundas necessidades básicas da população no acesso a cuidados de saúde, de educação, água potável, energia, etc.; b) As condições em que se processa a educação, com fraca qualidade das escolas, da qualificação do corpo docente (muitos deles sem o ensino secundário completo), da ausência de manuais escolares em língua portuguesa, da escassez de materiais didácticos, desadequação curricular, etc.;


c) O profissionalismo de muitos professores guineenses que, em muitas situações sem salário durante meses e com escassos recursos, continuam mergulhados em tentar fazer mais pela educação na Guiné-Bissau; d) O profissionalismo e o sentido de missão de muitos professores portugueses, em particular os técnicos da FEC, que há vários anos lutam por melhorar a qualificação dos professores, deixando no país recursos humanos preparados para multiplicaram o conhecimento adquirido; e) O sentimento de profundo enriquecimento pessoal e profissional que é colaborar nestes projectos. Sinto claramente que recebo muito mais do que dou.

Os sinais de esperança para todos estes problemas surgem da ousadia, profissionalismo e visão de organizações como a FEC. É por isso que me orgulho de colaborar no Programa de Ensino de Qualidade em Português na Guiné-Bissau, que tem como objectivo geral melhorar a qualidade e a equidade da educação na Guiné-Bissau, realizando para o efeito várias iniciativas junto de quase 3000 agentes educativos (desde a educação de infância ao ensino secundário) e cerca 400 escolas. O desafio é enorme mas acredito que a cada passo é possível melhorar. Quero deixar o repto a todos os profissionais da educação que vivem uma fase difícil da sua carreira em Portugal com a indicação que, em muitos PALOP, existem desafios e oportunidades nas áreas da formação, investigação, consultoria educacional, materiais didácticos, manuais escolares entre outras. Fica o desafio…

Miguel Dias Professor e Consultor migdias@gmail.com | www.migdias.weebly.com


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