Indicações do topiramato em adultos e crianças Eliana Garzon
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topiramato
Eliana Garzon
CRM-SP 63542 Doutora em Neurologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP); pós-doutora pela Cleveland Clinic Foundation – Estados Unidos; médica-assistente da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
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Como manejar adequadamente o topiramato em adultos e crianças No tratamento clínico de pacientes com epilepsia são considerados os seguintes objetivos: controle das crises, ausência de reações adversas e preservação da qualidade de vida. A condução do tratamento clínico e a definição da droga antiepiléptica (DAE) ideal estão relacionadas à acurácia do diagnóstico, ao conhecimento das reações adversas da droga prescrita, à determinação objetiva da intensidade e da freqüência das crises e ao conhecimento da evolução da doença. A classificação das crises e das síndromes epilépticas é de fundamental importância na escolha da DAE. A escolha da DAE deve ser individualizada de acordo com a eficácia da droga para o tipo de crise que o paciente apresenta, as reações adversas e em função das possíveis interações com outras drogas que o paciente utiliza. A idade do indivíduo, a presença de comorbidades, o estilo de vida e outras preferências também são fatores importantes para a determinação da DAE. O topiramato (TPM) é uma DAE de segunda geração com potenciais vanta-
gens sobre as drogas tradicionais ou de primeira geração. As vantagens das DAEs de segunda geração são a menor interação com outras drogas (antiepilépticas ou outras), a menor necessidade de monitoramento dos níveis séricos, a menor incidência de reações adversas e a possibilidade de prescrição com intervalos maiores entre as doses, ou seja, uma ou duas tomadas ao dia. O maior intervalo entre as doses promove maior adesão ao esquema terapêutico.
Princípios gerais do tratamento medicamentoso A freqüência das crises é importante para determinar a velocidade de titulação de uma DAE, pois pacientes com intervalos longos entre as crises podem iniciar a terapêutica de forma mais lenta, com baixas doses e com escalonamento lento. A titulação lenta oferece vantagens, pois diminui a chance da ocorrência de reações adversas.
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Em geral, a estratégia é fazer a titulação gradual, de forma lenta, atingindo doses suficientes para o controle da crise, ou subir a dose progressivamente até a dose máxima tolerada. A monoterapia é considerada superior ao esquema de politerapia, oferecendo melhor chance de controle das crises com menor incidência de reações adversas. A politerapia pode ser instituída após resultados não satisfatórios de monoterapias ou em casos com múltiplos tipos de crises. A dosagem do nível das DAEs pode ser útil na condução do tratamento clínico, especialmente para avaliação da concentração terapêutica, da toxicidade e da adesão ao tratamento.
Indicações do topiramato no tratamento das crises epilépticas O topiramato pode ser usado como monoterapia ou como droga de adição em pacientes com diagnóstico de epilepsia ou sem controle satisfatório das crises epilépticas. O TPM pode ser também usado em epilepsias recém-diagnosticadas e é eficaz em adultos e crianças. Pode ser usado nas crises epilépticas focais, em síndromes epilépticas com múltiplos tipos de crises, como na síndrome de Lennox-Gastaut, encefalopatias epilépticas etc. Pode ser utilizado em monoterapia ou como droga de adição nas crises generalizadas tônico-clônicas refratárias e nas crises mioclônicas.
Manejo terapêutico Dose Adultos – Inicia-se com 25 mg, administrado à noite, por uma semana. Aumenta-se a dose em 25 mg ou 50 mg ao dia, a intervalos de 1 ou 2 semanas, dividida em duas tomadas. A dose alvo inicial recomendada em monoterapia é de 100 mg/dia e a dose diária máxima recomendada é 500 mg. Alguns pacientes com formas refratárias de epilepsia toleraram doses de 1.000 mg/dia. Crianças – A dose pode ser iniciada por 25 mg/dia. Em crianças pequenas, pode-se iniciar a terapêutica com doses de 1 a 3 mg/kg/dia, uma vez ao dia ou divididas em duas tomadas, durante a primeira semana. Os ajustes podem ser semanais com incrementos de 1 a 3 mg/kg/dia, divididos em duas ou três doses, até o controle das crises, ou na dose de 5 a 10 mg/kg/dia. Em casos de epilepsia refratária, doses maiores de até 20 a 25 mg/kg/ dia podem ser utilizadas, desde que não ocorram reações adversas. Idosos – Embora as doses sejam as mesmas dos indivíduos adultos, a metabolização hepática pode ser mais lenta ou o clearance de creatinina pode estar comprometido, exigindo doses menores. A dose inicial deve ser menor nesse grupo etário, em torno de 25 mg/ dia, com ajustes de 25 mg/semana, administrados em duas ou três doses diárias, até a obtenção da eficácia desejada. Para indivíduos com função renal comprometida deve-se avaliar a
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creatinina sérica e calcular o clearance de creatinina antes do início do TPM. Pacientes com insuficiência renal – Clearance de creatinina < 70 mL/ min, prescrever metade da dose, promovendo incrementos o mais lentamente possível. O TPM é dialisável, com perda de aproximadamente 30% da concentração sérica após hemodiálise. Doses complementares para a reposição das perdas podem ser feitas após a hemodiálise (Tabela 1).
Interações O TPM não é considerado uma droga indutora. A indução enzimática, causando interações com outras drogas, ocorre com as drogas de primeira geração, sendo muito menos freqüente, ou em menor grau, com as drogas de segunda geração, por exemplo, o topiramato. Em doses mais baixas, esta é uma vantagem do TPM em relação às drogas indutoras. A interação é baixa com outras drogas como eritromicina, verapamil, cimetidina, outras DAEs, con-
traceptivo oral, o que pode ser uma vantagem para mulheres em idade fértil. Em doses superiores a 200 mg/dia, o TPM pode induzir o metabolismo de outras drogas, incluindo os contraceptivos orais. O clearance do TPM é aumentado em duas vezes por drogas indutoras, por exemplo, fenitoína, carbamazepina (Tabela 2). Na utilização do TPM concomitantemente a essas drogas, pode ser necessário o aumento da dose em até duas vezes a dose preconizada.
Reações adversas O topiramato é um inibidor parcial da anidrase carbônica e pode causar acidose metabólica crônica e nefrolitíase. Perda de peso é um efeito colateral comum e dose-dependente. Em geral, a média da perda de peso é em torno de 2 kg em três meses e pode ser cumulativa, chegando a perdas de 6 a 9 kg. A redução de peso é associada com perda de gordura e relacionada a menor ingestão calórica. Alteração cognitiva pode também ser um efeito colateral e é a causa mais freqüente de interrupção da terapêutica.
Tabela 1. Propriedades farmacocinéticas/farmacodinâmicas do TPM
Absorção Taxa de ligação protéica Metabolismo Excreção Biodisponibilidade Meia-vida de eliminação Tempo para atingir nível sérico Fração dialisável
Boa, inalterada pela ingestão de alimentos 15% a 41% (possui relação inversa à concentração plasmática) Hepático – enzimas P450 Urina – cerca de 70% a 80% é excretado sem metabolização 80% Adultos com função renal normal: 21 horas Crianças: 10 a 14 horas Idosos: 24 horas 1 a 4 horas 30%
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Outras reações adversas incluem parestesias, cefaléia, fadiga, zumbido, depressão e alteração de humor. A incidência dessas reações adversas tende a diminuir progressivamente, com exceção da perda de peso e das parestesias. Sonolência é outro efeito colateral comumente relatado; embora com doses mais baixas, em torno de 200 mg/ dia, o estado de alerta diurno não é significativamente alterado. Diminuição da sudorese com intolerância ao calor e hipertermia são relatados principalmente em crianças. Miopia aguda e glaucoma de ângulo agudo também são reações adversas, embora raros, podendo ocorrer nos indivíduos em uso de TPM. Pode haver, nos indivíduos em uso contínuo de TPM, acidose metabólica como resultado da perda de bicarbonato em razão de efeito inibitório da anidrase
carbônica. A principal manifestação clínica é hiperpneia.
Seguimento: avaliação clínica e laboratorial Alguns exames complementares devem ser solicitados antecedendo a introdução do TPM e, posteriormente, a introdução do TPM, de forma regular durante a terapêutica. É prudente fazer a dosagem de bicarbonato sérico, a avaliação da função renal (creatinina) e um exame de urina de rotina. Esses dados devem ser obtidos antes do início e periodicamente a intervalos de dois a quatro meses. Com doses mais elevadas de TPM, avaliar também a função hepática periodicamente. Considerar avaliação para nefrolitíase se houver suspeita clínica de cálculo renal. O paciente deve ser orientado a manter uma hidratação adequada
Tabela 2. Principais interações medicamentosas entre TPM e outras drogas Associação
Efeitos da associação
Observações
Carbamazepina + TPM
↓ concentração do TPM
Considerar modificação do esquema terapêutico
Drogas depressoras do Sistema Nervoso Central + TPM
↑ ou potencialização das reações adversas do TPM
Considerar com cautela a necessidade dessas associações
TPM + contraceptivo oral (estrógeno)
↓ concentração sérica do contraceptivo oral (estrógeno)
Apenas doses de TPM > 200 mg/dia, potencial risco de insucesso do contraceptivo
Fenitoína + TPM
TPM pode ↓ metabolismo da fenitoína Fenitoína pode ↑ metabolismo do TPM
Monitorar os níveis séricos
Ácido valpróico + TPM
TPM pode ↑ a hepatotoxicidade do ácido valpróico
Monitorar as reações adversas
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Situações especais
(dois a três litros de líquidos por dia), especialmente em regiões de clima quente. Considerar dosagem de amônia sérica para casos de letargia e vômitos sem etiologia determinada, medida da pressão intraocular se houver sintomas clínicos de glaucoma.
Topiramato em síndrome de West A síndrome de West consiste em espasmos infantis, retardo mental e hipsarritmia. O pico da idade de início varia entre 4 e 7 meses, e o sexo masculino é o mais afetado. A etiologia é classificada em sintomática e provavelmente sintomática. Nos casos sintomáticos a etiologia mais comum é pré-natal como malformações e distúrbio de migração neuronal ou processos infecciosos. Os casos pós-natal são encefalopatia hipóxico-isquêmica, hipoglicemia grave e parada cardiorrespiratória. Etiologia idiopática é aceita
Mecanismos de ação O topiramato tem múltiplos mecanismos de ação: bloqueio do canal de sódio voltagem-dependente, aumento da atividade gabaérgica com atuação em um sítio não benzodiazepínico nos receptores GABA (A) e antagonismo do receptor N-metil-D-aspartato (NMDA), além de ser um fraco inibidor da enzima anidrase carbônica (Figura 1).
Gabapentina Lamotrigina Levetiracetam Oxcarbazepina
Carbamazepina Oxcarbazepina Felbamato Lamotrigina Fenitoína Topiramato Ácido valpróico Zonisamida
Potencial de ação
Ca2+
Canal de cálcio voltagem-dependente
Na+ Despolarização
Canal de sódio voltagem-dependente Terminal pré-sináptico – Neurônio excitatório
Levetiracetam Liberação de glutamato Topiramato
Felbamato
Receptor AMPA/Kainato
Receptor NMDA Neurônio pós-sináptico
Na+ Ca2+
Na+ Ca2+
Topiramato: 2,3:4,5-bis-o-(1-metiletilideno)-b-D-frutopiranose sulfamato
Figura 1. Topiramato – mecanismos de ação: sinapse excitatória e bloqueio do canal de sódio voltagem-dependente
Holmes GL, Zhao Q. Choosing the correct antiepileptic drugs: from animal studies to the clinic. Pediatr Neurol. 2008;38:151-162
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apenas por alguns autores. Os espasmos consistem numa contração súbita, usualmente bilateral e simétrica, de músculos do pescoço, tronco e membros, e a principal característica eletroencefalográfica da síndrome de West é a hipsarritmia, que reflete eletrogênese cortical completamente desorganizada e caótica, com ritmos de base não distinguíveis da atividade epiléptica, que é usualmente de elevado potencial (> 300 μV). O prognóstico depende do diagnóstico e da precocidade do tratamento dos casos. Nos casos sintomáticos, ele depende da etiologia. Mas em geral não é bom, cursando com crises de difícil controle associadas a retardo mental grave. As drogas consideradas eficazes são a vigabatrina, os corticosteróides, como o ACTH, porém em muitos casos as drogas preconizadas oferecem resultados pouco satisfatórios. Dessa forma, é de extrema importância a determinação de outras drogas eficientes. O TPM pode ser uma opção terapêutica para os casos resistentes às terapêuticas convencionais, iniciando-se o tratamento com doses de 1 a 3 mg/kg/ dia com incrementos de 1 a 3 mg/kg/dia a cada dois ou três dias até o controle dos espasmos ou até a dose de 25 mg/kg/dia. Raros estudos chegaram até a dose de 50 mg/kg/dia, sem reações adversas. Este é um campo que merece estudos adicionais para comprovar eficácia e doses recomendadas.
Topiramato em estado de mal epiléptico (EME) Outro potencial campo de estudo é o TPM em EME refratário. Há relatos
publicados de casos em que se adicionou o topiramato após todas as tentativas habituais de controle terem falhado. Considerando que o topiramato é um anticonvulsivante com múltiplos mecanismos de ação, em receptores e canais iônicos, pode ser mais eficiente do que as drogas convencionais para o tratamento do EME refratário. A dose utilizada em adultos varia de 300 a 1.600 mg/dia, em três doses diárias, e em crianças, de 2 a 25 mg/ kg/dia. Os comprimidos devem ser amassados, diluídos em água e administrados por sonda nasogástrica. As doses são tituladas em um período de 24 a 72 horas. Em uma situação de emergência, a titulação não deve ser lenta como nos casos ambulatoriais. Uma vez controlado o EME, a dose pode ser cuidadosamente reduzida para se atingir melhor nível de consciência do paciente, determinando, dessa forma, a menor dose eficaz para a manutenção.
Exemplo prático da utilização do TPM em crises subintrantes BBS, 5 anos, sexo masculino, tem a seguinte história clínica: é o segundo filho do casal. A gestação foi sem intercorrências e o parto foi normal. A evolução foi normal até os 3 anos de idade, quando começou a apresentar eventos durante o sono caracterizados por abertura ocular e movimentos dos membros superiores muito breves como se fosse um susto. No intervalo de uma semana esse comportamento passou a ocorrer mais freqüentemente e de forma mais intensa. A família procurou um médico e vários exames foram realizados. Com
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essa história e os exames complementares, iniciou-se tratamento com fenobarbital na dose de 3 mg/kg/dia. A dose foi ajustada até 5 mg/kg/dia, porém os movimentos continuaram quase que diariamente, isolados, predominando durante o sono, porém ocorrendo também durante a vigília. Em função do controle não satisfatório das crises, foi associada carbamazepina, que foi progressivamente aumentada até a dose de 30 mg/kg/dia com nível sérico de 12 µg/mL. Houve melhora do número de eventos por aproximadamente seis meses. Após esse período, crises durante o sono, caracterizadas por extensão assimétrica dos membros superiores bilaterais, começaram a ocorrer em média uma vez a cada dois ou três dias. Durante a vigília, períodos de parada comportamental e desvio ocular para cima e para à esquerda e piscamento bilateral com duração média de 30 segundos eram quase diários. Chegou para investigação em uso de ácido valpróico, 30 mg/kg/dia, e carbamazepina, 25 mg/kg/dia. Como reações adversas das medicações apresentava sonolência e freqüentes episódios de náuseas. O exame físico geral não demonstrou anormalidades e o exame neurológico da criança apresentou leve atraso da linguagem e dificuldades escolares. O registro eletrográfico evidenciava atividade de base normal para a faixa etária do paciente, com surtos de atividade lenta na região frontal direita. Durante o sono foram observados os elementos próprios dessa fase como as ondas agudas do vértex e os fusos de sono em incidência e topografia habituais, porém os fusos foram de maior amplitude no hemisfério cerebral esquerdo. As demais investigações para a etiologia das
crises epilépticas não demonstravam anormalidades, incluindo a ressonância magnética de crânio. Aos 5 anos, na vigência de infecção pulmonar, o paciente evoluiu com crises subintrantes. Clinicamente as crises foram caracterizadas por parada comportamental, desvio ocular para esquerda, piscamento bilateral e assimétrico, maior à esquerda, elevação dos olhos e ligeiro desvio para a esquerda, queda da saturação de O2 para níveis de 88, cianose labial, elevação e extensão dos membros inferiores, evoluindo com automatismo à direita mantendo os olhos bem abertos e fixos até o fim da crise. No período pósictal, paresia à esquerda. O registro eletroencefalográfico inicial demonstrava depressão de ritmos na região temporal direita, atividade lenta irregular de projeção frontal direita e freqüentes paroxismos epileptiformes de ondas agudas na região multifocal, porém predominando na região frontal direita (Figura 2). As ondas agudas progressivamente evoluíam com aumento da amplitude, da freqüência e da distribuição e finalmente surgiu um ritmo ictal de freqüência alfa-teta em meio a ritmo beta na região posterior direita (Figura 3). Após punção venosa, administrouse diazepam, 0,3 mg/kg por via endovenosa. Após dez minutos do fim da injeção, mais duas crises haviam ocorrido, e a segunda dose de diazepam por via endovenosa (0,3 mg/kg) não provocou nenhuma mudança no ritmo ictal em evolução (Figura 3). Além das medidas clínicas e do tratamento do quadro infeccioso, fenitoína na dose de 20 mg/kg em bolus por via endovenosa foi aplicada sem resposta satisfatória e, na seqüência,
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Figura 2. Depressão da atividade de base na região temporal direita e alentecimento nas áreas anteriores do hemisfério cerebral direito. Freqüentes paroxismos epileptiformes de ondas agudas frontais à direita
Figura 3. Maior incidência dos paroxismos epileptiformes e atividade ictal alfa-teta occipital direita
Figura 4. Desorganização difusa da atividade de base após o controle clínico e eletrográfico das crises subintrantes com topiramato
fenobarbital sódico, 20 mg/kg, por via endovenosa. Após o fenobarbital, houve piora do padrão respiratório, porém a saturação de O2 mantinha-se entre 95% e 97% com máscara de O2 a 2 L/ minuto. As crises começaram a ocorrer em intervalos de 60 a 120 minutos, de curta duração. Em função do quadro pulmonar que se agravava e na tentativa de evitar a utilização de assistência ventilatória, optou-se, após o fenobarbital, por fazer topiramato na dose inicial de 6 mg/kg por via oral, amassando-se os comprimidos, diluindo-os em água e administrado-os por sonda nasoentérica. Após seis horas, as crises tinham duração menor com ocorrência a cada 120 a 300 minutos. Optou-se por aumentar a dose de topiramato para 12 mg/kg. Após 24 horas do início do topiramato, houve controle clínico e eletrográfico do estado de mal epiléptico com alentecimento difuso da atividade elétrica cerebral (Figura 4). Como drogas de manutenção a criança recebeu fenitoína, 7 mg/ kg, fenobarbital, 10 mg/kg, e topiramato, 6 mg/kg. Três dias depois do controle do estado de mal, a fenitoína foi suspensa. O paciente recebeu alta hospitalar dez dias depois da internação com fenobarbital, 5 mg/kg, e topiramato, 5 mg/kg. Esse caso ilustra o controle de crises subintrantes com topiramato, que foi iniciado em altas doses, para posteriormente estas serem reduzidas no momento em que o paciente apresentou controle clínico e eletrográfico das crises.
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Referências Ben-Menachem E, Axelsen M, Johanson EH, Stagge A, Smith U. Predictors of Weight Loss in Adults with Topiramate-Treated Epilepsy. Obes Res. 2003;11(4):556-62. Blumkin L, Lerman-Sagie T, Houri T, Gilad E, Nissenkorn A, Ginsberg M, Watemberg N. Pediatric refractory partial status epilepticus responsive to topiramate. J Child Neurol. 2005;20:239-41. Glauser TA, Clark PO, McGee K. Long-term response to topiramate in patients with West syndrome. Epilepsia. 2000;41(Suppl 1):S91-4. Glauser TA, Clark PO, Strawsburg R. A pilot study of topiramate in the treatment of infantile spasms. Epilepsia. 1998;39(12):1324-8. Glauser TA. Preliminary observations on topiramate in pediatric epilepsies. Epilepsia. 1997;38(Suppl 1):S37:41. Kahriman M, Minecan D, Kutluay E, Selwa L, Beydoun A. Efficacy of topiramate in children with refractory status epilepticus. Epilepsia. 2003;44(10):1353-6. Pennell PB, Gidal BE, Sabers A, Gordon J, Perucca E. Pharmacology of antiepileptic drugs during pregnancy and lactation. Epilepsy Behav. 2007;11:263. Perry MS, Holt PJ, Sladky JT. Topiramate loading for refractory status epilepticus in children. Epilepsia. 2006;47(6):1070-1. Sander JWAS, Manreza MLG. Topiramato. Os múltiplos mecanismos de Ação de Uma Nova Estrutura Molecular. In: Yacubian EMT (ed.). Tratamento medicamentoso das Epilepsias. São Paulo: Lemos Editorial, 2004. p.169-86.
Interação medicamentosa: A associação de topiramato a outras drogas antiepilépticas (fenitoína, carbamazepina, ácido valpróico, fenobarbital, primidona) não afeta suas concentrações plasmáticas no estado de equilíbrio, exceto, ocasionalmente, em alguns pacientes em que a adição de topiramato à fenitoína poderá resultar em aumento das concentrações plasmáticas de fenitoína. Contraindicação: não deve ser administrado durante a gravidez. O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Eurofarma em abril de 2009. Material de distribuição exclusiva à classe médica.
Produzido por Segmento Farma Editores Ltda. Avenida Vereador José Diniz, 3.300, 15o andar, Campo Belo – 04604-006 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 • www.segmentofarma.com.br • Cód. 8893.04.09
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Amplo espectro e tolerabilidade.
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Sugestão de titulação lenta de doses com AMATO
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*Epilepsia
Indicações Tratamento da epilepsia Profilaxia da enxaqueca
AMATO (topiramato) – Anticonvulsivante, tratamento da epilepsia e profilaxia da enxaqueca – FORMA FARMACÊUTICA E APRESENTAÇÕES: AMATO 25mg embalagem com 60 cprs; AMATO 50mg embalagem com 60 cprs; AMATO 100mg embalagem com 60 cprs. INDICAÇÕES: Monoterapia tanto em pacientes com epilepsia recentemente diagnosticada como em pacientes que recebiam terapia adjuvante e serão convertidos à monoterapia; adjuvante no tratamento de crises epilépticas parciais, com ou sem generalização secundária e crises tônico-clônica generalizadas primárias; adjuvante das crises associadas à Síndrome de Lennox-Gastaut; tratamento profilático da enxaqueca. CONTRA-INDICAÇÕES: hipersensibilidade ao topiramato ou a qualquer componente da fórmula do produto. Não deve ser administrado durante a gravidez. REAÇÕES ADVERSAS: Mais freqüentes: problemas de coordenação; alterações do pensamento, incluindo dificuldade de concentração, lentidão de pensamento e confusão; tontura; cansaço; formigamento; sonolência. Menos freqüentes: esquecimento, agitação, diminuição do apetite, distúrbios da fala, depressão, distúrbios da visão, alterações do humor, náusea, alterações do paladar, perda de peso e formação de pedras nos rins, cujos sinais são presença de sangue na urina ou dor na parte inferior das costas ou dor na área genital. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: Você não deve tomar Amato (topiramato) se você for alérgico a qualquer ingrediente do produto. Informe ao seu médico se você tem ou teve pedras nos rins. Ele deverá recomendar que você ingira muito líquido enquanto estiver se tratando com Amato (topiramato). Informe seu médico se você apresentar problemas de visão e/ou dor nos olhos. Amato (topiramato) pode causar diminuição da atenção em algumas pessoas. Certifique-se de que o medicamento não altera seu estado de alerta antes de você dirigir, operar máquinas ou executar tarefas que podem ser perigosas, caso você não esteja atento. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Avise seu médico a respeito de outros medicamentos que você esteja tomando. É muito importante que seu médico saiba se você está tomando digoxina, anticoncepcionais orais, metformina ou quaisquer outras drogas antiepilépticas, como fenitoína e carbamazepina. Você também deve informá-lo caso ingira bebidas alcoólicas ou esteja tomando drogas que diminuem a atividade do sistema nervoso (depressores do sistema nervoso central), por exemplo, anti-histamínicos, remédios contra insônia, antidepressivos, calmantes, narcóticos, barbitúricos ou analgésicos. POSOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO: Tratamento adjuvante em epilepsia - Adultos: Dose mínima eficaz é 200 mg ao dia. Em geral, a dose total diária varia de 200 mg a 400 mg, dividida em duas tomadas. Alguns pacientes eventualmente poderão necessitar de doses de até 1600 mg por dia, que é a dose máxima. O tratamento deve ser iniciado com 25-50 mg, administrados à noite, durante uma semana. Posteriormente, a intervalos de 1 ou 2 semanas, a dose deverá ser aumentada de 25 a 50 mg e dividida em duas tomadas. O tateamento deverá ser orientado pelos resultados clínico. Alguns pacientes poderão obter eficácia com uma dose única diária. Crianças: A dose total diária de Amato (topiramato) recomendada para crianças é de 5 a 9 mg/kg, dividida em duas tomadas. Monoterapia em epilepsia: Quando drogas antiepilépticas concomitantes são retiradas a fim de manter o tratamento com topiramato em monoterapia, deve-se considerar os efeitos que isto pode ter sobre o controle das crises. Uma diminuição da dose de Amato (topiramato) pode ser necessária, se for clinicamente indicado. Adultos: Inicia-se com 25 mg, administrado à noite, por uma semana. Aumenta-se a dose em 25 ou 50 mg ao dia, a intervalos de 1 ou 2 semanas, dividida em duas tomadas. Em adultos, a dose alvo inicial recomendada para o Amato (topiramato) em monoterapia é de 100 mg/dia e a dose diária máxima recomendada é 500 mg. Alguns pacientes com formas refratárias de epilepsia toleraram doses de 1000 mg/dia de topiramato em monoterapia. Crianças: Início varia de 0,5 a 1 mg/kg, à noite, durante uma semana. Aumenta-se em 0,5 a 1mg/kg/dia a intervalos de 1 a 2 semanas, dividida em duas tomadas. A dose-alvo inicial recomendada para o Amato (topiramato) em monoterapia em crianças é 3 a 6 mg/kg/dia. Enxaqueca: Inicia-se com 25 mg à noite durante 1 semana. A dose deve então ser aumentada em 25 mg/dia, uma vez por semana. A dose total diária de Amato (topiramato) recomendada na profilaxia de enxaqueca é 100 mg/dia, divididos em duas tomadas. N.º de lote, data de fabricação e prazo de validade: VIDE CARTUCHO. MS - 1.0043.0959 Farm. Resp.: Dra. Sônia Albano Badaró - CRF-SP 19.258 EUROFARMA LABORATÓRIOS LTDA. Av. Vereador José Diniz, 3465, Campo Belo, São Paulo – SP. e-mail: euroatende@eurofarma.com.br CNPJ: 61.190.096/0001-92. Indústria Brasileira. CENTRAL DE ATENDIMENTO – 0800 704 3876. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DA RECEITA. AMATO É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO, NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS. DISTRIBUIÇÃO EXCLUSIVA À CLASSE MÉDICA. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Referências bibliográficas: 1) Herranz, JL. Topiramato, un nuevo antiepiléptico. Rev. Neurol. 1997; 25(144): 1221-5. 2) Rocha C, et al. Topiramate: an experience in children with partial epilepsy. Arq. Neuropsiquiatr. 2001; 59(3-B): 768-71. 3) Sander Jwas, Manreza Mlg. Topiramato. Os Múltiplos mecanismos de ação de um nova estrutura molecular. In: Yacubian EMT (Org.). Tratamento medicamentoso das epilepsias. 2 ed. São Paulo: Lemos editorial. 2004; (2): 169-86. 4) Bula do medicamento Amato.
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511207 - BR AMATO SEP NEU JUL/09 - IMPRESSO EM ABR/09
Apresentações Amato 25 mg c/ 60 comp. Amato 50 mg c/ 60 comp. Amato 100 mg c/ 60 comp.
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