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FIGURA 4 - TAXAS DE PARTO NORMAL X CESÁREA NO BRASIL

Partindo ainda dos dados do SINASC (BRASIL, 2019), é possível fazer uma comparação entre as taxas de cesarianas das cinco regiões brasileiras, ilustradas na Figura 4. A região centro-oeste lidera o ranking, seguida da região sul. A terceira da lista é a região sudeste, enquanto as duas últimas são a região nordeste e a norte. Para Patah e Malik (2011), o aumento nos índices de cesarianas no Brasil destaca o quão importante é observar e guiar as variantes ligadas à escolha pelo tipo de parto, já que em todo esse percurso há a presença de diferentes agentes que geram influência no processo assistencial.

Figura 4 - Taxas de parto normal x cesárea no Brasil Fonte: Adaptado de SINASC (BRASIL, 2019) Grande parte da população do Brasil depende e utiliza os serviços do SUS (Sistema Único de Saúde), ou seja, do sistema de saúde público. De certa forma, na maioria das vezes o parto é realizado por um profissional diferente daquele que acompanhou a gestante durante o pré-natal. Isso se torna fator contribuinte para a realização de cesáreas, já que não se tem informações anteriores sobre a gestação e nem um vínculo entre médico e paciente para decidirem, em conjunto, sobre a melhor alternativa. Por outro lado, encontram-se as pacientes do sistema de saúde suplementar, ou seja, da rede privada. Nesse caso, a gestante geralmente é atendida e acompanhada pelo mesmo médico desde o pré-natal até o parto, estreitando os laços entre eles (PATAH; MALIK, 2011).

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Mas então, o que justificaria a taxa de 84,6% de partos cesáreos na rede privada divulgada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (BRASIL, 2019)? De acordo com Faúndes e Cecatti (1991), tem-se por parte das mulheres o medo da dor no trabalho de parto, aliado à ideia de que uma cesárea eletiva às permite não sofrer com dores por conta das medicações recebidas, além de manter íntegra a anatomia da vagina. Por outro lado, há o favoritismo dos médicos por esse tipo de procedimento, já que este pode ser programado e rápido, enquanto um parto normal pode demorar de seis a doze vezes mais. Além disso, tem-se uma falsa associação de que aumentar as taxas de cesarianas implica necessariamente em diminuição da mortalidade perinatal, bem como a comprovação de casos de violência obstétrica (Figura 5), principalmente nos partos naturais (BRASIL, 2001).

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