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Ou se governa, ou se dança Lambada

Augusto Bandeira Opinião

Outros julgam ser donos da casa da democracia - tem título de presidente, mas não é dono.

Eu já venho dizendo em algumas crónicas de opinião que a novela ainda vai a meio e que muita coisa vai acontecer. No fundo não culpo o Galamba, culpo quem o colocou como ministro, depois do passado deste senhor, nunca era de o convidar para ministério nenhum. Se ele vem da escola de um senhor que denegriu o país, “Sócrates”, como se tem coragem de o convidar para fazer parte de um governo?

Os deuses deviam de estar loucos! Daquela pessoa nada de bom era de esperar, basta ver o passado recente e envolvimentos em que ele esteve. Portugal tem um governo muito imaturo, muita infantilidade e muito pouca experiência, com um líder muito distraído e mais virado para as políticas externas, por isso não tem tempo para liderar o seu rebanho.

Coisa muito grave, uma imagem passada para o exterior muito negativa e muito pouca democracia, a semana passada fica marcada pela negativa em todos os sentidos. Tudo politicamente incorreto, a começar pelas celebrações do 25 de Abril. Esteve mal a forma como foram feitos os protestos pelo Chega, mas também muito mal terem permitido o Presidente do Brasil ter uso da palavra no dia do aniversário da liberdade em Portugal, esta é a minha opinião. Respeito, mas o presidente da Assembleia esteve mal ao dar autorização. Receber sim e de braços abertos, mas não nas celebrações do 25 de Abril. Havia outras formas e altura para o receber. Esteve bem a forma como o presidente da Assembleia, Augusto Santos Silva, mandou o recado para que houvesse mais respeito, pedindo mais respeito. É a casa da democracia onde deve haver respeito. Muito mal, mas mesmo muito mal três artistas de cinema ao serem apanhados na conversa de café, logo as três maiores forças de Estado, ficou muito mal a todos a forma como criticaram e se pronunciaram sobre a Iniciativa Liberal e o Chega, pior ainda foi depois apagarem as imagens, isto é o inicio da vergonha e o caminho aberto para uma ditadura.

Augusto Santos Silva é presidente, mas não é dono daquela casa e tem que dar o exemplo, porque todos os deputados foram eleitos pelo povo. O respeito e saber ser e

Cristina Carvalho

estar vale muito, neste campo ele, presidente da Assembleia, mostrou ser oportunista e usou o poder para publicidade própria. Na minha opinião perdeu um pouco do que tinha - categoria de saber ser. Quem pede que respeitem deve respeitar, foi infantil a conversa entre os três. Povo, abram os olhos porque Portugal merece melhor.

Depois acontece a continuação da novela Galamba, que mais se pode chamar dança de Lambada. Vergonha para o mundo. Portugal cai de dia para dia na qualidade. Um líder sem capacidade de controlar o seu rebanho, escolhas feitas que mais parece do tipo deitar a moeda ao ar.

De um senhor que tem um passado problemático, nada melhor se podia esperar senão vergonhas, que é mesmo o que ele sabe fazer. Desta vez bateu mesmo no fundo da lata e só fica no governo porque António Costa não tem mais ninguém para queimar. Já ninguém quer fazer parte do grupo dos falhados, mas Galamba não tem nenhumas condições para continuar.

Para quem não sabe esta foi uma semana que ficou marcada por mais uma polémica a envolver a TAP, afinal havia muita coisa escondida e caldeiradas preparadas nas costas dos portugueses e, desta vez, foi o ministro das Infraestruturas, João Galamba, que se viu envolvido numa complica-

W. B. Yeats – Onde vão morrer os poetas

Neste «romance biográfico» de Cristina Carvalho (n.1949) sobre W.B. Yeats (1865-1939) embora o título refira «os poetas» no plural o conteúdo destas 164 páginas é a biografia deste singular poeta e dramaturgo, Prémio Nobel da Literatura em 1923.

Um outro aspecto curioso do título do livro (Editora Relógio d´Água, foto de José Lorvão, revisão de Joana Nunes) é o apelo ao lugar «onde», o mesmo será dizer a geografia que neste caso é essencial para perceber as direcções e os sentidos dos seus poemas. Ou seja: há uma paisagem e um povoamento nesta poesia e é dessa paisagem povoada que dá conta o trabalho de Cristina Carvalho a encaixar a estrutura de dois discursos – o do escritor biografado e o seu próprio discurso. W.B. Yeats nasceu (1865) em Sandymount e o seu corpo está sepultado (1948) em Drumcliffe com o seguinte epitáfio: «Cast a cold eye/on life, on death/ Horseman, passa by!» o que na versão da autora será: «Deita um olhar de desprezo/à vida, à morte/ Cavaleiro, segue em frente!».

Ao longo do tempo escreveu milhares de poemas e afirma: «Amei tudo. Nunca fui um bom aluno. Tudo fiz para escapar à solidão. Foi esta a minha luta e a minha recompensa.» Aplicou à sua escrita uma norma: «Quanto mais naturalidade melhor.

Ao escrever sou natural, sou eu. Não ensaio nada de especial, não recorro a imagens requintadas. Sou eu.» Organizado como uma memória descritiva de um tempo pessoal e interior mas também do tempo social e político da República da Irlanda (cujos passaportes incluem um poema de Yeats nas suas páginas) o livro faz, de modo hábil, o cruzamento de dois discursos: o do poeta cuja autobiografia foi começada em 1915 e a da autora que para escrever este livro fez um «trabalho de campo» em Sligo, Drumcliffe, Ben Bulben, Rosses Point, Hazelwood Forest e Dublin incluindo o Bar Dunne & Crescenzi que o poeta frequentou durante muitos anos. ção muito grave que envergonha o país. Como disse o Presidente da República, é um problema muito sério para ser resolvido em praça pública. Já é dentro do próprio partido que se pede mais qualidade, isto para quem perceber e entender quer dizer alguma coisa.

O título do livro está presente nas páginas 9,139, 144 e 159 com uma interrogação mas a resposta está no próprio livro que formula a pergunta pois dos poetas só morre o corpo; o espírito continua vivo e presente em livros como este.

Isto é uma crise política que envolveu um computador portátil, uma bicicleta e os serviços secretos portugueses. Isto é um caso gravíssimo, nunca houve uma necessidade de uma remodelação no governo como agora, e o primeiro-ministro nem a boca abre, mas vai ter de ganhar coragem e tomar a iniciativa de demitir o ministro, ou então vai ter que ser o Marcelo Rebelo de Sousa. Foram cenas tristes e demonstrou muita imaturidade, muita irresponsabilidade e muitas mentiras pelo meio, e a pessoa responsável por tudo chama-se João Galamba. Foi tão mau e feio ao ponto do abuso de poder ser usado, nem o António Costa, nem Marcelo Rebelo de Sousa podem deixar que isso fique sem ser resolvido e têm que dar uma explicação ao país. O primeiro-ministro tem de colocar ordem na casa que anda desgovernada. A ser assim, vamos ter muitos episódios da novela para ver, esperem pelos próximos episódios.

Bom fim de semana.

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