A Crise da Saúde – Versão 2023

Editorial

O nosso sistema de saúde está em crise e a sua causa tem de ser posta aos pés daqueles que gerem as estruturas do setor da saúde, ou seja, todos nós. Claro que podemos apontar o dedo aos governos pela sua gestão, mas no fundo somos nós que os elegemos com os nossos votos e todos nós estamos cientes da deterioração organizacional há muitos anos e nada fizemos a esse respeito. A Covid-19 foi um alerta para o colapso estrutural que existia nas bases do sistema porque havíamos permitido que vários governos ignorassem as necessidades básicas das populações.

As pessoas têm morrido sempre de doenças e continuarão a morrer. A morte é o resultado de várias causas, mas a realidade é acelerada por consequências que envolvem a vida de cada individuo e muitas vezes não nos cuidamos física e mentalmente. Sim, o mundo deu uma volta dramática nos últimos três anos, sujeitando todos neste planeta a uma pandemia que a maioria não entendeu e continua a criar extensas discussões sobre os métodos utilizados para curar a doença.

A reação do mundo tem sido desastrosa, tanto a nível económico, como individual. Esta pandemia tem dado origem ao colapso dos sistemas de cuidados de saúde e o sistema canadiano, um dia considerado um dos melhores do mundo, é um excelente exemplo disso. Os governos estão a esforçar-se para encontrar soluções, mas não se consegue encontrar uma cura, do dia para a noite, para os problemas que estão a fermentar há muitos anos. Demorará anos e uma perspetiva de soluções reformadoras para permitir que a saúde neste país seja o privilégio que já foi.

A Ontario Federation of Labour sugere que se trata dos salários, mas será mesmo? Admitindo que existe falta de enfermeiros, em que ajudaria ter mais se não existe espaço nos hospitais e nas instalações de cuidados de saúde? Portanto, a solução é; mais hospitais – estão a ser construídos, mas desde a sua conceção à abertura de portas pode demorar cerca de 10 anos.

Se 76% dos cidadãos de Ontário acreditam que os salários dos profissionais de saúde não devem ser limitados, quanto mais estarão os cidadãos dispostos a pagar por esse tipo de gasto indiscriminado?

O Canadá continua a aumentar a quantidade de imigrantes, mais 423,000 em 2023. Eles também precisam de médicos e enfermeiros que já estão em falta para tratar dos novos imigrantes. A imigração não é uma decisão de Ontário, é uma decisão do Gover- no canadiano. Se não tem trabalhadores para construir hospitais e instalações de cuidados de saúde, como será a população cuidada?

A luta contínua entre governo federal e provincial sobre a transferência de mais fundos para cuidados de saúde é um exercício sem sentido, com base num sistema danificado. Os federalistas querem que as províncias sejam melhores na gestão dos seus gastos e cuidem melhor da estrutura médica administrada pelo Governo do Canadá, que impõem maiores desafios às províncias. Numa organização disfuncional, os sistemas de gestão falham até ao nível mais baixo de todas as instituições. Fundações débeis num país danificado, onde os jogos e pensamentos políticos são comprados e vendidos, tal como a coligação NDP/Liberal nos mostrou, resultam no cidadão comum a ser usado como cobaia para acomodar o poder mal utilizado sendo comprado por aqueles que deveriam estar a proteger o povo do Canadá.

À medida que as pessoas se cansam de esperar pelo atendimento médico, aumentam o número de mortes. O envelhecimento de uma população só aumentará os pedidos de cuidado e compaixão para superar os obstáculos de saúde mental, sendo esta a realidade na maioria dos países em desenvolvimento, incluindo no Canadá. Será necessário mais dinheiro, mas se a competência não for inserida no sistema, nenhuma quantia de financiamento aten-

Leia a qualquer hora do dia derá essas necessidades. Os norte-americanos estão a ser passivos, daí o excesso de peso e obesidade. Embora muitos afirmem que esses dois problemas estão também relacionados com a saúde mental, a maioria concorda que é uma questão relacionada com o consumo, devido a um mundo sem glúten e socialmente carente. A passividade física resulta em muitas doenças que sobrecarregam ainda mais o sistema de saúde e os governos não fazem nada para desencorajar as pessoas a adotarem esses modos de vida apáticos.

Cada um tem a responsabilidade de cuidar de si próprio e não contar continuamente com um sistema de cuidados de saúde para curar a sua própria indiferença e estupidez. Se os políticos não conseguem cuidar deles próprios, como podem cuidar de si?

Esteja feliz por ser saudável porque a solidão é o maior fator de deterioração da saúde. Qual é o propósito de uma esperança média de vida elevada se muitos dos últimos anos vão ser passados na cama? Sai caro ser idoso neste país, pois os requisitos para nos mantermos vivos excedem em muito o das pessoas com menos de 50 anos.

Portanto, existe uma responsabilidade de cuidar do seu corpo para garantir que esses custos sejam reduzidos para prevenir o colapso do sistema.

Ano XXXII- Edição nº 1626

3 a 9 de fevereiro de 2023

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Redação: Adriana Paparella, Adriana Marques, Inês Barbosa, Inês Carpinteiro, Lizandra Ongaratto. Colaboradores do jornal: Adam Care, Aida Batista, Augusto Bandeira, Cristina Da Costa, Daniel Bastos, Luís Barreira, Paulo Gil Cardoso, Raul Freitas, Rosa Bandeira, Vincent Black, Vítor M. Silva.

Cartoonista: Stella Jurgen

Traduções: Inês Carpinteiro e David Ganhão

Parcerias: Diário dos Açores e Jornal de Notícias

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