Imagem: Site Educação Integral
REFLEXÕES CRÍTICAS SOBRE A MÍDIA NO PROCESSO DE EDUCOMUNICAÇÃO
Esta cartilha faz parte do Projeto de Extensão Universitária Reflexões Críticas sobre a Mídia no Processo de Educomunicação, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), sob coordenação do Prof.º Me. Duílio Fabbri Júnior. Alunos Bolsistas de Extensão: Lucas Jerônimo Minéya Gimenes Fantim
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INTRODUÇÃO:
uando se pensa em cartilha, logo se vem à mente um livreto ou uma apostila pronto para ensinar alguém, a partir de um modelo testado e pronto para ser reproduzido. Nossa proposta é diferente. É claro que queremos deixar um registro das nossas experiências, na esperança de que sejam seguidas para que os resultados obtidos sejam como os nossos. Mas cada experiência é singular. E é a partir de uma série delas, que “juntamos” as nossas, para que outros grupos saibam como resolvemos nossas inquietações, dúvidas e como descobrimos o melhor caminho. Nossa sugestão, que também se chamará cartilha, se trata de dicas do que construímos ao longo de meses, investindo nossos conhecimentos e nossa energia em algo bom, compartilhado e que incentivou o crescimento de todos de uma forma cooperativa. Nas próximas páginas você vai saber como foi nossa primeira oficina, o porquê de escolhermos esse formato e como passamos de pessoas reunidas no mesmo lugar, a um grupo. Não queríamos professores reproduzindo modelos de sala de aula. Não que não fosse bom, mas a proposta era de usar o conhecimento de cada um, a diferença
de pensar e fazer de cada um para construir algo, compartilhado. Não queríamos uma massificação, uma homogeneização. O que queríamos era um incentivo diferente, um questionamento diferente para termos novas reflexões. E sobre o que estávamos refletindo? Ah sim, Reflexões Críticas sobre a Mídia no Processo de Educomunicação. E sob esse guarda-chuva, analisamos vários processos, vimos como nossas salas de aulas estão se modificando a cada momento, e avaliamos como as novas tecnologias impactam na nossa educação, tanto para o bem, quanto não tão para o bem assim. Nossa construção foi participativa. Professores da Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva, o professor extensionista, os alunos bolsistas... Todos de uma maneira igualitária puderam falar, comentar, empenhar seus conhecimentos e formar uma rede sólida de reflexões, de ações e, principalmente, de tomada de posição. Esse é só o começo. E, na cartilha, sempre ficará faltando algo para que os próximos grupos fiquem encarregados de terminá-la, e depois o próximo e o próximo...
Duílio Fabbri Júnior
PROFESSOR EXTENSIONISTA
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OFICINA 01: MEMÓRIA
encontro teve a participação de 10 professores, que iniciaram o debate a partir de seus próprios relatos sobre a realidade vivenciada na instituição. As contribuições dadas a partir da fala dos participantes se mantiveram em torno dos aspectos percebidos pelo meio externo, como por exemplo, o histórico de violência presente no bairro em que a escola está localizada em outros períodos. A percepção exemplificada pelos professores se confirmou a partir da compilação de publicações feitas pela imprensa local, como subsídio para as discussões na oficina, feita pelos alunos extensionistas que integram o projeto. As publicações feitas por veículos de comunicação de massa em vários períodos, anos e meses, serviram como exemplo para que a oficina caminhasse para o objetivo inicial, elaborado na preparação, pelo professor orientador e os estudantes, e consolidado no encontro presencial com
os professores. A tônica do encontro foi a abordagem sobre de que forma estes parâmetros de informação socializadas afetam o senso crítico de um todo. A partir das falas e da partilha de percepções, o grupo se viu convergente nas opiniões, dado o fato de que a imagem obtida por pessoas alheias à realidade diária da escola e do bairro se limita ao que se enraizou como um histórico negativo repetido como produto de veículos noticiosos em detrimento às novas perspectivas pretendidas e evidenciadas a partir do trabalho desenvolvido por estes próprios professores dentro e fora da sala de aula. Como conclusão da etapa, os professores avaliaram a necessidade de se estabelecer novas perspectivas possíveis para um novo contexto de compartilhamento de informações e utilização de ferramentas que possibilitem o protagonismo da comunidade escolar neste processo. Foto: Lucas Jerônimo
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute a memória
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OFICINA 02: MANIPULAÇÃO
o início do encontro, o professor orientador Duílio Fabbri Júnior questionou os participantes da oficina sobre o que entendiam por manipulação e se isto é bom ou ruim. Para prosseguir e ampliar a discussão, o professor ainda apresentou alguns exemplos de manipulação, como a informalidade evidenciada pela apresentadora do Jornal Nacional, da TV Globo, Maria Julia Coutinho, negra, e a intencionalidade em se compor um projeto de aproximação do telejornal com o público, haja vista a mudança de perfil destes expectadores ao longo dos anos em que este noticiário vai ao ar diariamente. Esta situação, como um dos exemplos, possibilitou que o grupo compreendesse o fator manipulação para além da edição de conteúdo ou apenas a indução. A partir disso foi possível aproximar esta prática das reflexões propostas pelo projeto de extensão como norteador para ações que
otimizem os processos de comunicação na escola, tanto para professores quanto para alunos. Como fomento ao debate, os professores participantes analisaram de que forma o olhar crítico a este tipo de composição, como a participação de Maria Julia Coutinho no Jornal Nacional, caracteriza um processo intencional de que o público receptor de informação absorva passivamente isso. A conclusão da oficina se deu como reveladora aos participantes, visto que este formato de análise se configurou, a partir da opinião expressada por eles, como norteador para que se observar as relações sociais para a comunicação como compostas de aspectos antes despercebidos. O debate possibilitou que o grupo ampliasse coletivamente a percepção proposta a partir desta temática, fosse pelo compartilhamento de exemplos ou pela realidade vivida no próprio colégio. Foto: Lucas Jerônimo
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute a manipulação
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OFICINA 03: OBSERVAÇÃO CRÍTICA
s professores participantes do projeto de extensão aprofundaram as reflexões sobre os processos de manipulação na comunicação com um recorte para as formas de se manipular a informação. Durante a oficina foi exibida uma entrevista feita pelo Fantástico, programa exibido pela TV Globo, com Suzane Von Richthofen, jovem condenada por matar os pais com a ajuda do namorado em 2006. O professor Duílio Fabbri destacou, durante a exibição do vídeo, pontos importantes para a composição da narrativa, como elementos verbais e não verbais que compunham ali uma armação evidenciada ao final da reportagem. Havia então a intenção da entrevistada, sob a orientação de um advogado, de se manipular, reverter a imagem negativa tida pelo público sobre o caso em que estava envolvida. Para o desenvolvimento da reflexão foi utilizado como subsídio um texto do linguista
americano Noam Chomsky sobre estratégias de manipulação. Um dos exemplos abordados foi a maneira de se fazer aceitar algo que se configura como impopular ao público, a quem se dirige a comunicação. Isto seria evidenciado de forma a apresentála como condição necessária para o convencimento, o que teoricamente decorria em uma aceitação posterior. Após assistirem à matéria, os professores concluíram o debate acerca da temática. Viram ali como facilmente seria possível o convencimento a partir da escolha de elementos para a manipulação, neste caso por parte da entrevistada. Os professores presentes concluíram citando exemplos de casos nos quais o comportamento e a condução das informações podem ou não contribuir para a didática, a participação dos alunos em sala de aula e em atividades extracurriculares. Foto: Lucas Jerônimo
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute a observação crítica
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OFICINA 04: NOVO CONTEXTO
terceira etapa da reflexão da temática manipulação teve início a partir dos aspectos levantados como norteadores nas oficinas anteriores: a manipulação como fator estratégico, na linha proposta e exemplificada pelo linguista americano Noam Chomsky. Fez-se memória do debate anterior, com o propósito de se nortear a compreensão acerca da atuação dos professores diante daquela realidade. Para exemplificar situações condicionadas às estratégias de manipulação, os professores participantes da oficina citaram casos ocorridos durante aulas, entre eles e alunos. A partir disso, o professor Duílio, juntamente com os alunos extensionistas, Lucas Jerônimo e Minéya Gimenes Fantim, propuseram a utilização de ferramentas de mídia como elemento agregador à vida escolar, dentro de formatos interativos e que coloquem os estudantes como responsáveis pela
elaboração desta dinâmica, sob orientação dos professores. A partir disso, a conversa se deu em torno de quais as formas possíveis para isso, a utilização destes recursos, e também de quais as experiências já vivenciadas neste contexto tenham sido agregadas positivamente para a consolidação de novas possibilidades entre os atores que desempenham o processo de educação. Ficou claro por parte dos professores, em suas exposições, que o sucesso destas iniciativas só se torna possível quando isto é compreendido como projeto coletivo. Para o fechamento das discussões, os professores destacaram a importância da observação crítica como decisiva para a comunicação e a construção coletiva de caminhos alternativos para uma comunicação que compreenda a realidade como um todo e valorize as vivências comunitárias daquela localidade. Foto: Edison Lins
Alunos da Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva apresentam vídeos sobre manipulação
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OFICINA 05: DESINFORMAÇÃO
ssa oficina contou com um convidado externo, o professor Fabiano Ormaneze, extensionista e também docente na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCampinas). Como os professores participantes do projeto estavam interessados em processos de manipulação, o professor falou de como o preconceito e a falta de informações adequadas e apuradas contribuem para desinformação, a manutenção do preconceito, além de distorcer comportamentos e visões sociais. Após a exposição do professor Ormaneze, todos participaram da oficina contribuindo com relatos de como essas “armadilhas midiáticas” reforçam as distorções e desníveis socioeconômicos e culturais da sociedade. Para ilustrar a oficina, o professor convidado e o professor extensionista Duílio Fabbri Júnior projetaram manchetes, textos e exemplos de como uma informação foi “interpretada” de forma diferente pelo mesmo veículo de comunicação e como a ideologia ajudava a gerar sentidos diferentes para o mesmo termo.
Também foi discutido como as palavras carregam significados e sentidos que muitas vezes “escapam” ao consciente e acabam revelando “heranças” trazidas e transmitidas socialmente. Os professores participantes relataram como a falta de uma leitura crítica dos meios de comunicação acabam influenciando em vários comentários. Todos gostaram de como o tema foi exposto. Embora essa oficina tenha contado com um professor externo, todo o material preparado pelos alunos extensionistas puderam ilustrar a discussão e fomentar relatos. As experiências relativas à discussão sobre manipulação estão registradas em artigo publicado no XVIII Congresso da Sociedade Brasileira de Ciências da Comunicação (Intercom), na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em setembro de 2015. O trabalho completo pode ser acessado pelo link: http://portalintercom. org.br/anais/nacional2015/resumos/R102851-1.pdf. Foto: Lucas Jerônimo
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute o preconceito e a desinformação
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OFICINA 06: PRECONCEITO
urante a oficina, a discussão foi sobre técnicas de edição e orientações editoriais nos diversos veículos de comunicação brasileiros. Impulsionados pelos conceitos de edição de texto e imagem em produtos jornalísticos, de espaço editorial e espaço publicitário, bem como pelos conhecimentos adquiridos sobre manipulação, refletimos sobre como os meios de comunicação disseminam ideologias, reportagens com recortes intencionais e, muitas vezes, visões preconceituosas aos seus espectadores. Analisamos duas reportagens publicadas no G1 sobre o tráfico de drogas. Em uma delas, a manchete dizia: “Polícia prende jovens da classe média com 300 kg de maconha no Rio”. A outra, “Polícia prende traficante com 10 kg de maconha em Fortaleza”. Vimos como a escolha das expressões “jovens de classe média” e “traficante” para definir quem eram as pessoas que portaram
drogas contribuíram para a construção de diferentes sentidos sobre os personagens envolvidos. Depois disso, a discussão voltou-se para os professores. Nesse momento, cada um apontou sua percepção e ponto de vista a respeito do assunto, mostrando exemplos que os atingem diretamente. Um deles foi uma reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 13/06/2015, cuja manchete era: “Derrotados, professores encerram greve mais longa da categoria em SP”. Observamos o poder do adjetivo “derrotados” na construção de um sentido que imputava aos grevistas a qualidade de perdedores e, implicitamente, de vencedor ao Governo do Estado. Ao final da oficina, percebemos como essas ideologias e preconceitos podem ser reproduzidos em sala de aula e contribuir para o processo de alienação. Daí a importância do uso de filtros e do senso crítico durante a construção dos sentidos. Foto: Minéya Fantim
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute técnicas de redação e preconceito
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OFICINA EXTRA: VISITA À EPTV
a oficina extra, realizamos uma visita à redação da afiliada local da Rede Globo em Campinas, a EPTV, bem como ao G1 Campinas. Na ocasião, participaram 12 membros da Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva, entre professores, diretora, funcionários e alunos. A ideia da visita surgiu após as discussões sobre manipulação, que despertaram o interesse dos professores em saber como é o processo de produção e veiculação de uma notícia. Sendo assim, foi necessário um ajuste no calendário inicial do Projeto de Extensão. A bolsista extensionista e o professor responsável pelo Projeto acompanharam a visita. Antes dela, os professores abordaram o tema “manipulação” em sala de aula, e propuseram atividades que estimulassem os alunos a refletir sobre como se dá a manipulação e o que ela significa. Fomos recebidos pelo Editor Executivo da emissora, Cássio Ribeiro, que nos
conduziu e apresentou aos seus diversos departamentos, como rádio-escuta, setor de pauta, editoria e estúdio. Para os professores, ficou claro que, em função da facilidade de acesso a outros meios de comunicação, manipular não é tão simples: se, por um lado, o editor possui a liberdade de selecionar o que vai ao ar, por outro, quando um equívoco é cometido, imediatamente a emissora começa a receber mensagens de telespectadores alertando sobre o erro. No G1 Campinas, discutimos a seleção de matérias e o processo de postagem no site. Ao final da visita, os professores manifestaram suas impressões com relação ao que havia sido visto e discutido. Percebemos e concluímos que uma visita in loco a um meio de comunicação foi um diferencial para a compreensão de conceitos que, anteriormente, só tinham sido abordados de maneira abstrata durante as oficinas. Foto: Michele Silveira
Professores da Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva em visita à EPTV e ao G1 Campinas
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OFICINA 07: PLATAFORMAS DIGITAIS
urante a oficina, discutimos o gerenciamento e a relação dos professores com as plataformas digitais em sala de aula, tanto na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva quanto de modo geral. O ponto de partida para a oficina se deu a partir das perguntas: já que os estudantes e os celulares são praticamente inseparáveis no que diz respeito ao lazer, por que não utilizá-los para fins educativos, como ferramentas de aprendizado? Como envolver o aluno na produção da sala de aula através das tecnologias? Para fomentar a discussão, analisamos reportagens que abordavam como as plataformas digitais, como sites, blogs, canais de vídeo e redes sociais podem e tem sido utilizadas como ferramentas de educomunicação e tecnologia. Segundo dados do Censo Escolar 2014, de 2010 a 2014, o percentual de instituições de
ensino com internet passou de 47% para 61%. Para exemplificar, foi exibida aos professores uma paródia da música Dark Horse, da cantora estadunidense Katy Perry, escrita por um professor de matemática para ensinar função quadrática a seus alunos. Após a exibição do vídeo, cada um dos professores expôs seu ponto de vista no que tange ao assunto. Ao final da discussão, concluímos que, embora o uso de plataformas digitais em sala de aula ainda não seja comum na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva, elas podem ser importantes aliadas, e não inimigas, no processo de transmissão de conhecimento aos alunos, por se trataram de instrumentos já inseridos na realidade dos mesmos. Além disso, tratam-se de ferramentas de fácil acesso, eficazes e atrativas para os jovens. Foto: Lucas Jerônimo
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute o uso de plataformas digitais em aula
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OFICINA 08: TECNOLOGIAS EM SALA I
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a oficina, o debate foi uma extensão do encontro anterior, em que se discutiu como as plataformas digitais podem se tornar ferramentas de educomunicação nas escolas e do fazer jornalístico. Na ocasião, discutimos as formas como as tecnologias podem ser incorporadas na sala de aula. Dessa vez, os professores compartilharam que a Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva já teve uma experiência com o uso das tecnologias com os alunos. Tratou-se de um projeto de educação realizado com os estudantes, em que as plataformas digitais foram estudadas como forma de combate ao preconceito. Durante a discussão, chegamos ao seguinte questionamento: se os estudantes se comunicam por Whatsapp e Facebook, por que o mesmo não pode ser feito pelos professores? A partir daí, os docentes expuseram
suas opiniões sobre o uso da tecnologia em sala de aula e, mais especificamente, em cada uma das disciplinas ministradas no Ensino Médio. Embora muitos deles tenham expressado preocupação com as ferramentas oferecidas, em particular, pelos celulares, que poderiam se tornar objeto de distração, concluímos que seu uso pode tornar o andamento da aula mais dinâmico. Muitas vezes, enquanto o professor aborda determinado assunto em sala, o estudante pode realizar uma pesquisa mais ampla sobre o tema através do Google, por exemplo. Ao final da discussão, o professor orientador do Projeto de Extensão, Duílio Fabbri Júnior, propôs que os docentes produzissem relatos em forma de texto, em que abordassem a forma como veem o uso das tecnologias em sala de aula. O resultado das produções é parte integrante desta cartilha. Foto: Minéya Fantim
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute o uso das tecnologias em aula
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OFICINA 09: TECNOLOGIAS EM SALA II
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essa oficina, estiveram presentes 10 professores. A discussão começou depois que o professor extensionista colocou o tema: tecnologia que tratou sobre o uso de mídias digitais e estratégias de uso. A discussão girou em torno da decisão ser do corpo docente, direção e supervisão da escola, porque não haveria sentido se um professor adotasse a tecnologia em aula e o colega, a seguir a proibissem. Os professores falaram de como ainda estavam em níveis diferentes de conhecimento, uso e aplicação desses recursos. O aluno bolsista Lucas colocou suas experiências na faculdade e como isso ajudava na construção de novos conhecimentos e, mais que isso, de aplicação para solução dos problemas. Os professores falaram novamente das experiências que estavam tendo como o uso do celular. O professor de filosofia trouxe a experiência de fazer um grupo pela ferramenta de microblog Whatsapp no
celular para que pudessem se comunicar e ordenar a apresentação de um trabalho. Também foi discutido alguns temas que os professores trouxeram do seminário de boas práticas, promovida pela Diretoria Regional Leste e assim se incorporaram ao tema discutido. Um deles foi como algumas escolas já estariam usando a tecnologia e como a Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva poderia se preparar para novas práticas. Novamente a discussão girou em torno da unidade da escola e do uso dos recursos de comunicação, onde os professores poderiam trocar suas experiências e assim todos poderiam sempre estar em níveis equilibrados de conhecimento, uso e aplicação dessa tecnologia. Nessa oficina também, o professor pediu que os participantes dissessem como a tecnologia poderia ser incorporada ao dia a dia e como isso os ajudaria em seu crescimento. Foto: Lucas Jerônimo
Oficina na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva discute o uso das tecnologias em aula
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O SITE E O BLOG
ideia da criação do Site da Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva e do Blog dos Professores surgiu da vontade dos professores de veicular notícias de interesse da comunidade escolar e dos moradores do bairro Costa e Silva, bem como de trocar informações de interesse público. Inicialmente, a proposta era que fosse criado apenas um produto, exclusivo para o Projeto de Extensão. Contudo, após conversa com os professores, constatamos a necessidade da construção de um site para a escola, já que a mesma não possuía. A partir daí, as duas alunas bolsistas da extensão à época (Rosangene e Minéya) responsáveis pela construção do site iniciaram o processo de pesquisa de dados sobre a escola, que pudessem enriquecer o produto, e de busca por formatos de sites gratuitos na internet. Os professores também participaram desse processo, enviando textos, fotos e
informações gerais sobre a escola e seus eventos. Optamos pela construção do site na plataforma online de criação e edição de sites Wix, por se tratar de uma plataforma gratuita e totalmente gerenciável. Foram criados dois sites: o primeiro, Escola Adalberto Prado e Silva, que é o documento oficial do Projeto de Extensão e da instituição; o segundo, Blog dos Professores, como um espaço exclusivo para os professores, coordenadores e funcionários da escola. Durante o Projeto, os dois espaços foram atualizados pelos alunos extensionistas, com resumos das discussões das oficinas e informações gerais da escola. Após a conclusão do mesmo, os sites continuarão sendo administrados, agora pelos professores, que terão liberdade para alimentá-los com notícias, opiniões e eventos que considerem relevantes para a comunidade escolar e para o bairro.
http://proextpradoesilva.wix.com/escolapradoesilva
http://proextpradoesilva.wix.com/blogdoprofessor
Página inicial do site
Página inicial do blog dos professores
O SITE
O BLOG
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COM A PALAVRA... OS PROFESSORES
s oficinas, como parte do Projeto de Extensão da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, a PUC-Campinas, iniciadas no primeiro semestre de 2015, foram recebidas, inicialmente, com expectativas e dúvidas. A expectativa se fundamentou na oportunidade de atualização e de inovação a partir de contato mais direto com o ambiente acadêmico. Dúvidas decorreram de uma percepção de que a academia vê nas escolas públicas campos para análises deterministas e pessimistas, como se tudo estivesse errado ou aquém de algum parâmetro, a partir de uma visão distante da realidade prática das escolas, com seus inúmeros desafios. As dúvidas foram superadas já nas primeiras oficinas, uma vez que a proposta considerava a realidade das salas de aulas, dos alunos, do bairro, do corpo docente e das possibilidades de inovação a partir de situações positivas já vivenciadas pela escola através de projetos desenvolvidos com êxito, sem, no entanto conformarse, diante dos resultados positivos, mas, a partir deles, avançar mais, valorizando a atividade docente na busca de valorizar o potencial criativo dos alunos a partir do uso do celular, visto em muitas vezes, como fator negativo, sobre o qual o
professor e a escola precisam impor a autoridade para que não seja usado durante as aulas, gerando assim conflitos. Nesse sentido as oficinas incentivaram fortemente o pensar em novos ambientes para o uso das mídias, o celular, por exemplo, como elemento de aprendizado e de uso criativo. Quanto ao processo nas oficinas, ele teve início como convite para que os docentes refletissem sobre sua prática. Questões abordadas em análises aligeiradas tais como “a escola é do século XIX, os professores do século XX e os alunos do século XXI”, ou ainda “a culpa é do professor” e mesmo a recorrente visão de vítima que, pela combinação de vários fatores, os professores têm de si até mesmo diante dos alunos. Então, nas oficinas, o contexto da escola, os bairros adjacentes, a comunidade e as muitas formas de manipulação da mídia, com prevalência de imagem negativa sobre a escola e o seu entorno, como representação social equivocada, foram evidenciadas. Não sem o contraponto valorizador, que a escola foi premiada, que há criatividade no ambiente da mesma e a partir disso não há porque não arriscar usando novos recursos, entre eles, o celular. PROF.º EDISON LINS
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COM A PALAVRA... OS PROFESSORES
urante meus longos anos como professora, tenho presenciado muitas mudanças comportamentais e sociais no grupo de docentes. Algumas boas, outras nem tanto, e nós professores tendo sempre que nos adaptarmos e procurarmos os meios para continuarmos nossa longa e árdua luta para o ensino e a garantia para levarmos conhecimento aos nossos alunos. Essa luta tem sido sempre desigual, pois convivemos com uma máquina pobre, opressiva e falida. Em relação ao uso de novas tecnologias não é diferente, competimos com computadores, tabletes e celulares cada vez mais avançados e tecnológicos. Enquanto que nossas escolas têm a configuração física do século XVIII, onde nossas salas de aula mantêm esse padrão de quadro-negro, giz e carteiras, entre outras coisas. Não que ache que isso seja totalmente ruim, pois devo confessar, que preso pelo ensino tradicional, embora procure me adaptar aos novos tempos, como disse o poeta Mario Quintana: “Opinião só não muda quem não tem.” Bem, dito isso, devo compartilhar minhas poucas, porém ricas experiências quanto ao uso dessas novas tecnologias em sala de aula.
Percebi há um bom tempo, que não temos como competir com os smartphones e depois de muito me estressar com os alunos, mudei de tática e agora tenho usado os mesmos para pesquisas, realização de lista de exercícios, como para o uso do dicionário online etc. E devo dizer que o uso tem sido bem positivo, pois procuro orientar meus alunos, para que façam pesquisas direcionadas e eles têm atendido prontamente. Por vezes até permito que ouçam músicas em seus fones de ouvido durante a realização de exercícios, e percebi que isso tem contribuído muito para a diminuição dos problemas disciplinares, não que os tivesse com frequência, pois como professora antiga dessa U.E., angariei o respeito e a simpatia dos meus alunos e tenho com eles uma relação de muito respeito e por que não dizer amizade. Sei, porém, que isso é uma exceção, nesse universo educacional. E para concluir deixo minha opinião: Não devemos brigar contra as transformações e como professores tê-las como aliadas e usá-las como ferramentas para a nossa difícil, mas linda missão de transformar crianças e jovens em homens que farão a diferença. PROF.ª ROSANA MARIA DE FARIA
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ENTÃO, POR QUE NÃO CONTINUAR?
“Cada ser humano trilha seu próprio percurso de formação, fruto do que é e do que o contexto vivencial lhe permite que seja, fruto do que quer e do que pode ser.” ISABEL ALARCÃO, 1997
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tema, uso de tecnologia na sala de aula, é bastante atual e, na prática docente, consiste em um desafio a ser mais compreendido em dimensões teóricas e práticas. Isso em si já justificaria a continuidade do Projeto. Há, no entanto, outras razões. Possibilitar troca de experiências é uma forte razão. Quantas vezes nós, professores, não nos sentimos isolados, entendendo que o desafio da caminhada para melhor prática docente ou tal prática de forma mais significativa é individual? As oficinas do Projeto de Extensão da PUC-Campinas, aplicado e vivenciado na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva, tiveram o mérito relevante de iniciar quebrando este isolamento. Ao verificar o que a escola já tinha feito de bom, a despeito da parcialidade da mídia em relação ao bairro e mesmo diante da instabilidade na manutenção do mesmo corpo docente, pelas regras de atribuição de aulas da SEE, trouxe para o corpo docente de 2015 a percepção do potencial para práticas pedagógicas inovadoras e participativas no ambiente da escola. É preciso destacar a abertura
proporcionada pela gestão da escola, em abrir espaço no período da chamada Aula de Trabalho Pedagógico Coletivo – o ATPC. As oficinas trouxeram ares motivadores, tratando do cenário, da prática docente, em perspectivas inter e multidisciplinares e alunos foram alcançados e desafiados a produzirem trabalhos temáticos, com pesquisa e conscientização. É importante que o espaço seja mantido e ampliado para outras unidades escolares, uma vez que trouxe: 1) Integração dos diferentes objetivos; 2) As conexões possíveis entre os diferentes conteúdos obrigatórios e transversais, parte do currículo; 3) Ação prática através de atividades criativas, críticas e proporcionadoras de protagonismo para os alunos e autonomia para os docentes. Toda a rede da escola é beneficiada. Então, por que não continuar?
PROF.º EDISON LINS