comunhao-abril-2021

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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ

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ANO XXXII - 377

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ABRIL DE 2021


expediente

Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor DIÁCONO JORGE AMÉRICO DE OLIVEIRA JUNIOR Equipe de produção ANTÔNIO CARLOS FERNANDES DANIELA FREITAS DA SILVA EVANDRO LÚCIO CORRÊA JOSÉ EDUARDO DUARTE LUCIANA OLIVEIRA MEZETTI SILVA MARIA ELIETE CASSIANO MOREIRA MARIVALDA CEZÁRIO SANTOS TOBIAS MESSIAS DONIZETE FALEIROS ROBERTO CAMILO ÓRFÃO MORAIS SIMARA APARECIDA TOTI VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Revisão VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br


errata

N

a edição anterior do jornal, a coluna responsável por apresentar os SÍMBOLOS trouxe como autor do texto sobre o Domingo de Ramos o nome do Sr. Iezo Venâncio. Este havia colaborado em uma edição anterior. Portanto, pedimos desculpas aos leitores, e apresentamos a seguir a autora do referente texto, a Sra. Joanaína Paulo Magalhães, leiga e catequista de crisma na Paróquia São José, na cidade de Capetinga/MG, a quem ofertamos o nosso pedido de desculpas e, agradecemos pelo trabalho prestado à evangelização por meio de nossa Diocese de Guaxupé.

editorial

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cenário nacional e mundial é assustador! Como atravessar esse “vale de lágrimas” com serenidade no coração? O equilíbrio, sem dúvida, está na prática da fé! Reze com intensidade, neste tempo pascal, esta bela oração, que a partir do Mistério Pascal, faz todo cristão entender o valor inegociável da dignidade e da vida humana: Ó Cristo, ressurreição e vida, da morte vencedor, por tua Páscoa o céu à terra uniste e aos que creem as portas do céu abriste. De ti recebemos a vida em plenitude, nossa morte foi redimida pela tua e em tua ressurreição nossa vida renasce e se ilumina. Volta a nós o teu rosto Pascal e seremos vivificados por atitudes de Ressurreição. A ti poder, honra e glória eternamente. Amém!

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voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

A IGREJA E O VALOR INEGOCIÁVEL DA VIDA HUMANA: DA CONCEPÇÃO AO FIM NATURAL

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“Vê, eu ponho hoje diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal.” (Dt 30, 15)

m nossa vida como cristãos, precisamos destacar a Vida como valor fundamental em todas as atitudes e decisões, pois é desse modo que a Igreja sempre se mostra com defensora da vida, por entendê-la com um presente e irrepetível do Criador. Um dos dons principais de Deus na sua Obra Criadora é a vida do homem e da mulher, justamente por esses serem feitos à imagem e à semelhança do Senhor. Nas últimas décadas, percebemos um descuido pela preservação da vida humana em nossa sociedade, com mudanças legais e concepções ideológicas que colocam em risco o valor autêntico da vida. Chegamos a um momento histórico no qual falávamos mais sobre a violência e suas implicações dolorosas do que das possibilidades de garantir a vida em todas as suas identidades. Se as estatísticas antes nos assustavam pela dureza em decorrência do descarte e da desvalorização do dom divino. Hoje, a indiferença e o desprezo ganham força, a vida é relativizada por conta de outras demandas sociais, numa cultura que privilegia sempre o ganhar e acumular dinheiro. Parece que ninguém mais se preocupa com a vida e, mesmo numa situação tão chocante como a morte de mais 260 mil JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 4


brasileiros devido à pandemia, não percebemos a gravidade da situação em que estamos. Sepultamos nossos sentimentos e nossas emoções, demos lugar à frieza e à indiferença, nos afastamos de uma reflexão dos desdobramentos da realidade atual, é a lei do salve-se quem puder. O que acontece com nossa sociedade? Quem conseguirá reverter tal situação diante de uma realidade tão alarmante? O que está acontecendo com o coração humano? A Palavra de Deus, no livro de Deuteronômio, nos aconselha a uma opção ainda possível: “Eu lhe propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Portanto, escolha a vida” (Dt 30, 19). A Igreja, perita em humanidade em sua missão de discípula de Cristo, assume como compromisso fundamental o serviço pela concretização da civilização do amor e da vida. Os cristãos não podem esperar apáticos uma resposta daqueles que não têm fé e se contentarem com a espera infértil da vida eterna, nossa presença no mundo deve ser uma escolha diária pela defesa plena da vida. É preciso uma atitude lúcida, rápida e capaz de suscitar no coração das pessoas um jeito novo de encarar a vida e entender sua preciosidade. Seremos cobrados por nossas ações e teremos que responder por tal omissão e descuido, por isso nos convertamos de todo o coração ao Senhor, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6). A nossa missão é a mesma de Jesus: acolher, cuidar e salvar vidas. Que o Senhor seja nossa força.

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opinião

Evandro Lúcio Corrêa é graduado em Marketing e Administração e pós-graduado em Gestão Pública

FAMÍLIA, FÉ E REDES SOCIAIS

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egundo a Bíblia, uma família é formada de pai, mãe e filhos. A família é uma instituição divina, isto é, algo idealizado e criado pelo próprio Deus. Partindo do pressuposto que somos todos uma família em Cristo, temos o dever de repensar a família nos tempos atuais. Temos famílias de todos os tipos e com todas as variações de concepções e, nem por isso, estas deixam de se enquadrar no amor de Deus por nós. Estamos vivenciando momentos difíceis durante esta pandemia e neste caso, as Redes Sociais vêm colaborando muito para mantermos a fé e, de alguma forma, para que a igreja e as pregações estejam presentes em nossos lares. Manter uma família unida muitas vezes não é fácil, pois são muitas as tribulações que enfrentamos, mas a fé é uma grande aliada para termos força que tudo podemos, Naquele que nos fortalece. A palavra de Deus é o pão que nos alimenta e nos conforta em inúmeros momentos. Faz-se necessário repensar a concepção de família, a fé e as redes sociais que nos influenciam. Sendo assim, nas redes sociais apresentam-se conteúdos variados e diversos, então, precisa-se de discernimento para JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 6


utilizarmos esta poderosa ferramenta que pode auxiliar-nos ou pode nos trazer muitos conflitos. Hoje, nossos filhos têm acesso a todo tipo de informação e precisamos ficar atentos aos conteúdos que está atingindo nossas crianças, jovens e adultos. O cenário atual é repleto de informações distorcidas e muitas vezes tendenciosas, é necessário a orientação da família para que as redes sociais sejam aproveitadas para o melhor. A tecnologia torna-se aliada quando bem aproveitada, e a igreja tem vários canais para uma orientação adequada, auxiliando a família na condução de sua fé e permanência nos princípios éticos e cristãos. A rede social se empossou de um espaço de compartilhamento, ou melhor, de “comunhão e partilha”, assim, percebe-se que a linguagem comum do catolicismo pode expressar essa rede de solidariedade e partilha que se faz necessário existir entre fiéis. A rede social também se constituiu em uma forma de estar presente, ainda que sem estar fisicamente. A tecnologia permitiu essa “presença”, essa aproximação e ação efetiva, que se torna cada vez mais comum na vida cotidiana, principalmente agora. Devemos aproveitar para ampliarmos a maneira de abordagens nas redes sociais e assim, consequentemente, abrirmos um canal avançado de união e permanência na fé, que se faz necessário para manutenção do espírito. As possibilidades da dinâmica e rapidez de comunicação são implícitas nos tempos atuais e a igreja não pode manter-se afastada diante da urgência que temos no dia a dia. “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18,20). A Família, a fé e as Redes Sociais são um conjunto que se fecha em um ciclo de união e restauração dos princípios filosóficos que cercam a igreja de Jesus Cristo. Que estejamos presentes em todas as partes, levando a palavra de Deus, em forma de JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7


libertação, consolo, união e principalmente de evangelização. Quando nos unimos, somos muitos, em um mesmo propósito. Na certeza de que estaremos sempre unidos na fé que nos levanta, colocando nossas famílias sempre na presença de Cristo Salvador, que estejamos sempre reunidos de todas as formas e maneiras possíveis, pois sempre em constante crescimento pessoal, pois precisamos acompanhar estas evoluções de maneira a agregar o que se há de bom! Que paz de Jesus Cristo esteja presente em nossas vidas, em nossos lares e principalmente, em nossos corações! Amém!

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Roberto é leigo e professor universitário no IF Campus Machado

fé e política O CASAL MARITAIN

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ivemos uma onda de intolerância, até mesmo de destruição de valores Éticos e democráticos. Assistimos um surpreendente avanço de ideias totalitárias que julgávamos sepultadas pela história. Até mesmo no interior da própria Igreja, alguns se julgam mais católicos do que o próprio Papa, semeando discórdia, divisões entre a comunidade de fiéis: basta observarmos as destemperadas reações contra a Campanha da Fraternidade deste ano. Diante dessa conjuntura, há que se considerar uma excelente referência, a vida de dois grandes filósofos católicos do século passado, o casal Jacques Maritain e Raissa Maritain. Em suas juventudes alimentavam o desejo de encontrar a verdade, caso isso não ocorresse, preferiam a própria morte. Influenciados pelo místico, escritor Charles Peguy, ambos, apreendem o “sentido do absoluto”. Influenciados pelo testemunho do romancista e ensaísta francês Leon Bloy, que afirmava, “só há uma tristeza, é de não sermos santos”, recebem a Graça do Batismo. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9


Caminhada de amor e fidelidade à Igreja, que resultou em mais de sessenta obras, tornando o casal, pilar da renovação do Tomismo e artífices de renovação da própria Igreja, vivenciada na Primavera do Concílio Vaticano II. A leitura das obras do casal Maritain faz-nos ver que, o grande caminho a seguir, é o da Pluralidade, o respeito ao Diferente, ao caminho da Democracia, ao caminho do Humanismo Integral; pois que, o homem e a mulher possuem uma incrível capacidade de Transcendência, de Mística e de Liberdade. Eis aí a Dignidade Humana. Controverso e incoerente é reduzir o ser humano em uma explicação química e biológica, negando a nossa vocação natural, negando a essência da Divina Criação. O casal Maritain, apaixonados pela busca da Verdade, do Bem e do Belo, como está demonstrado no livro de memórias de Raissa “As Grandes Amizades”, destaca que, “Só a amizade espiritual pode reconciliar o chamado da caridade com o da verdade. É preciso que o Amor proceda da verdade e que o conhecimento frutifique em Amor”. Em suas trajetórias combateram firmemente as concepções Nazistas, Fascistas e Comunistas através de valores éticos, demonstrados como, por exemplo, no livro “Cristianismo e Democracia”, onde resgatam ideias como a dignidade da pessoa e, a liberdade. Para Jacques e Raissa, democracia era muito mais que um sistema de governo pela maioria e, sim, “uma humana maneira de viver”. Necessitamos de verdadeiras referências para que, possamos ultrapassar as tempestades e, redescobrir novos horizontes JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 10


utópicos. Peregrinos do Absoluto, Jacques Maritain e Raissa nos mostram um novo horizonte: quando tudo parecia perdido, ambos souberam viver com Sabedoria a Fé, a Esperança e o Amor; e conseguiram influenciar toda uma geração, com valores cristãos de Justiça e Democracia, em plena comunhão com a Igreja.

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Assessoria CNBB

igreja em ação PACTO PELA VIDA E PELO BRASIL

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s instituições signatárias do Pacto pela Vida (lançado no Dia Mundial da Saúde, em 7 de abril de 2020) e pelo Brasil (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Ordem dos Advogados do Brasil, Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns, Academia Brasileira de Ciências, Associação Brasileira de Imprensa e Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) lançaram na tarde desta quinta-feira, 11 de março, uma nota frente ao quadro de agravamento da pandemia do novo Coronavírus e das suas trágicas consequências na vida do povo brasileiro, do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Brasil. Segundo o documento, intitulado “O povo não pode pagar com a própria vida!”, “o vírus circula de norte a sul do Brasil, replicando cepas, afetando diferentes grupos etários, castigando os mais vulneráveis”. No documento, as entidades se solidarizam com as famílias que perderam seus entes queridos e apontam a urgente necessidade de maior empenho e integração dos JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 12


três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) do Brasil, e entre estados e municípios, na busca por encontrar soluções para enfrentar a pandemia. As organizações signatárias do Pacto pelo Brasil fazem um apelo especial à juventude. “O vírus está infectando e matando os mais jovens e saudáveis, valendo-se deles como vetores de transmissão. Que a juventude brasileira assuma o seu protagonismo histórico na defesa da vida e do país, desconstruindo o negacionismo que agencia a morte”, afirma o documento.

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Equipe de Produção do Jornal Comunhão

igreja em ação 61 ANOS DA DEDICAÇÃO DA CATEDRAL

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a Solenidade de São José (19), Dom José Lanza presidiu a Santa Missa na Catedral Diocesana Nossa Senhora das Dores, em Guaxupé, recordando os 61 anos da Dedicação da Catedral. Fez-se também memória de São José, padroeiro do seminário propedêutico. Na ocasião, Dom José saudou e rezou pelos seminaristas de nossa diocese e rezou pelas vocações sacerdotais, matrimoniais e leigas. A celebração da memória de São José, Patrono da Igreja, foi o momento oportuno para a abertura do Ano da Família. Em sua homilia, Pe. João Ademir, assessor diocesano para o setor famílias destacou a importância deste ano para a caminhada diocesana, que já contempla este pilar em seu Plano Diocesano de Ação Pastoral. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 14


em pauta

Pe. Luiz Henrique é vigário paroquial na Paróquia Nossa Senhora Aparecida em Alfenas/MG

UMA IGREJA EM DEFESA DA VIDA E DIGNIDADE HUMANA: DA CONCEPÇÃO À MORTE NATURAL

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Igreja Católica defende a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até a morte natural e defende que a dignidade da pessoa não se perde nunca. Diz o Catecismo da Igreja Católica sobre a dignidade e valor vida. “O quinto mandamento: ‘Não matarás’ (Ex 20, 13). Ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás. Aquele que matar terá de responder em juíz.’ Eu, porém, digo-vos: Quem se irritar contra o seu irmão, será réu perante o tribunal (Mt 5, 21-22)”. A vida humana é sagrada porque, desde a sua origem, postula a ação criadora de Deus e se mantém para sempre numa relação especial com o Criador, seu único fim. Só Deus é Senhor da vida, desde o seu começo até ao seu término: ninguém, em circunstância alguma, pode reivindicar o direito de dar a morte diretamente a um ser humano inocente. Percebemos amadurecimento da Igreja Católica ao longo da história sobre o momenJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 15


to em que a alma espiritual é infusa, permitindo, deste modo, o surgimento da pessoa humana. Nos debates sobre a vida nascente, existe sempre uma pergunta fundamental e responsável que ilumina a reflexão sobre a eticidade da interrupção da gestação: “Quando começa a vida humana no desenvolvimento embrionário ou a partir de que momento existe um ser humano ou uma vida humana?” O Magistério da Igreja Católica considera, como sendo mais seguro, que a vida humana tenha o seu início desde a fecundação e funda-se numa proposição de fé, segundo a qual a vida humana tem caráter sagrado por ser um dom divino. Paulo VI, citando Pio XII, não deixa dúvidas: “Cada ser humano, também a criança no ventre materno, recebe o direito de vida imediatamente de Deus, não dos pais, nem de qualquer sociedade ou autoridade humana”. Atentar contra a vida é insultar o próprio Deus. Do direito à vida derivam todos os outros direitos, dos quais aquele é condição necessária. Assim, o mandamento divino: Não matarás refere-se à sacralidade da vida, que deve ser respeitada, por vontade divina, segundo um princípio abstrato, absoluto, universal e aplicável a todos os seres humanos. Uma vez que, segundo o magistério da Igreja, desde o primeiro momento da fecundação há uma pessoa humana completa, o aborto torna-se um ato moralmente inaceitável e um atentado contra a vida e, consequentemente, contra o próprio Deus, criador da vida. O argumento da defesa da vida escuda-se ainda na ideia do nascituro como pessoa possuidora de direitos desde a sua concepção, antes mesmo da concessão dada pela sociedade, à sua essência humana. Assim, o direito à vida apresenta-se como um direito ao mesmo tempo sagrado, natural e social. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 16


Padre Sebastião Marcos Ferreira, Paróquia Sagrada Família-Machado/MG

os leigos

O PROTAGONISMO DO LAICATO EM UMA IGREJA EM SAÍDA

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protagonismo do laicato é de suma importância para que a natureza missionária da Igreja seja mais completa dentro da história da salvação. Desde o início da Igreja houve leigos envolvidos com a missão. E vale-nos a pena lembrar que muitos deles alcançaram o mais alto grau da santidade e ao celebrarmos a memória litúrgica destes santos e santas da Igreja, atualizamos o testemunho deles em nossa vida de fé e evangelização. A missão da Igreja que é sempre obediência ao mandato missionário de Jesus: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-as a cumprir tudo o que vos ordenei” (Mt 28,19-20). O mandato de Jesus Cristo convoca a Igreja a estar sempre em saída. O Papa Francisco ao falar de uma Igreja em saída afirma que “cada Cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar este chamado: sair da própria JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 17


comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (EG n.20). Os inúmeros desafios para evangelizar sobrecarregam a vida dos ministros ordenados. Neste contexto, o protagonismo dos leigos é fundamental no agir missionário da Igreja. Portanto, é importante ter clareza que o protagonismo do leigo nas obras de evangelização existe não pelo fato desta sobrecarga na que sofrem os ministros ordenados ou pelo número insuficiente destes para suprir as necessidades pastorais das comunidades, mas porque o trabalho do leigo está enraizado na vida vocacional da Igreja. O leigo pela sua vocação batismal participa do tríplice múnus de Cristo: sacerdote, profeta e rei. O Concílio Vat II deixou claro que a missão do leigo e do ministro ordenado se completa ao afirmar que “há na Igreja diversidade de ministério, mas unidade de missão (...) os leigos, tornados participantes do múnus sacerdotal, profético e real de Cristo realizam na Igreja e no mundo a parte que lhes cabe na missão de todo o povo de Deus. Efetivamente, exercem a sua atividade apostólica para a evangelização e santificação dos homens e para animarem e aperfeiçoarem com o espírito evangélico a ordem das coisas temporais, de tal modo que a sua ação neste campo dê claro testemunho de Cristo e sirva para a salvação dos homens” (AA n. 2). Nesta perspectiva, o Papa Paulo VI considerou que o campo próprio da atividade evangelizadora do leigo é o mundo com todas as suas exigências políticas, sociais, científicas, culturais, familiares e demais situações o Evangelho o interpele. Assim, quanto mais leigos houver impregnados do Evangelho, e responsáveis de maneira compromissada com as coisas deste mundo exigente e complexo, mais estarão a serviço “da edificação do reino de Deus e, por conseguinte, da salvação JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 18


em Jesus Cristo” (EN n.70). A beleza e o sentido do protagonismo do leigo para uma Igreja em saída estão na vocação à santidade, pois, “os cristãos leigos, homens e mulheres, são chamados, antes de tudo, à santidade. São interpelados a viver a santidade no mundo” (CNBB; Doc. 105, n. 116). O Sagrado Concílio deixou claro a importância da santidade ao afirmar que “na Igreja, nem todos caminham pela mesma via, ainda assim, todos são chamados à santidade e têm igualmente a mesma fé pela justiça de Deus” (LG n. 32). Pois, “a dignidade do fiel leigo revela-se em plenitude quando se considera a primeira e fundamental vocação que o Pai, em Jesus Cristo por meio do Espírito Santo, dirige a cada um deles: a vocação à santidade, isto é, à perfeição da caridade. O santo é o testemunho mais esplêndido da dignidade conferida ao discípulo de Cristo (CfL n.16). Desejo que este breve artigo seja um despertar para os leigos e leigas no protagonismo missionário-eclesial na Igreja e no mundo de maneira que nunca deixem de buscar a santidade e o testemunho fiel do Evangelho. Portanto, não podemos esquecer que uma Igreja em saída acontece com a comunhão de ministérios ordenados e não ordenados. E isso, exige conversão pastoral e pessoal de todos nós em nosso agir eclesial de maneira que não haja entre nós nenhum tipo de competição ou vanglória, mas vivendo a harmonia e unidos no mesmo amor busquemos sempre a unidade (cf. Fl 2-1-4).

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Simara Toti é psicóloga e leiga

os santos também riem SANTO AGOSTINHO E O BOM HUMOR

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urélio Agostinho de Hipona, nascido na cidade de Tagaste em 354 A.C. ficou popularmente conhecido como Santo Agostinho. Foi um dos mais importantes teólogos e filósofos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental. O pai de Agostinho era pagão, algo comum na época. Sua mãe, Mônica (mais tarde canonizada como Santa Mônica), era cristã devota. Agostinho se converteu ao cristianismo ouvindo os sermões de Santo Ambrósio. Sua vida após a conversão foi dedicada à Igreja Católica. Agostinho fundou uma ordem religiosa, e, após a aproximação e morte do velho Bispo de Hipona, o religioso, foi sagrado bispo ocupando o cargo até 430, ano de sua morte. Uma das passagens mais engraçada na vida desse santo importante para a Igreja, foi quando, falando sobre a ressurreição de Lázaro, que intrigou o povo a ponto de tramar seu assassinato, Santo Agostinho diz: “Oh cogitação infeliz e furor cego! Se Jesus pôde ressuscitar um morto, por que não poderia ressuscitar um assassinado?”

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Marivalda Tobias é psicóloga e leiga

fé e saúde O IMPACTO DA FÉ NA SAÚDE

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fé é parte da história da humanidade, e sua influência está em todo contexto do cotidiano, nas organizações sociais, políticas e culturais, e o homem se apropria disto para o enfrentamento das mais diversas situações. Cada um de nós, temos uma forma de encarar e fazer a leitura dos acontecimentos da vida. As dificuldades diárias, a pandemia da COVI 19, a morte de pessoas conhecidas e amadas. O enfrentamento disto tudo, para muitos, está no sentido e na vivência da fé. A busca a Deus favorece a integração, principalmente espiritual, contribui para a autopercepção de vida, de saúde e de doença que a pessoa se propõe. E para integrar-se a Deus é necessário transpor a ciência (GOSWAMI, 2008).

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Buscar a Deus é voltar-se para a fonte criadora da vida, é se ver livre de preocupações materiais, considerar-se puro, aberto ao amor e ao próximo, nas suas necessidades, e fragilidades No contexto da saúde, é ampliar a compreensão da essência do ser humano, entender que recursos não-materiais podem ser eficazes na manutenção e recuperação da saúde. De um modo geral, as pessoas que procuram ajuda no meio religioso, em suas mais diversas situações de dificuldades encontram conforto espiritual, espaço à reflexão, fraternidade, carinho e amor. Os líderes religiosos inspiram confiança, instigam a esperança e a fé em Deus. Desenvolver a espiritualidade não implica em fugir da realidade ou evitar os embates da vida, mas sim, a pessoa sentir-se responsável por aquilo que construir de modo a ter sentido e beleza (BOECHAT, 2004). Dicas de fé e saúde: • Dedique parte de seu tempo para aquietar seu coração, ore; • Pratique a fé, doe um pouco de si a quem precisa; • Partilhe um pouco de você com alguém da família, com um amigo, diminua a distância que a correria do mundo nos impõe; • Participe de grupos online (terços, pastorais, etc.), diminuindo a distância e consequentemente a tristeza e solidão; • Permita-se novas formas de ser feliz e de levar a felicidade a quem precisa. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 23


José Eduardo Duarte, leigo e membro do ECC

símbolos DA CRUZ À LUZ

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cruz é o maior símbolo de nossa fé. Símbolo de salvação que perdura pelos séculos. Nos antigos tempos a cruz era símbolo de vergonha e humilhação, mas quando ela serviu de trono para o Rei dos reis, ela se tornou um troféu. A cruz é símbolo da Paixão de Cristo, do sofrimento que o católico carrega nesta vida e com o qual ele abre as portas do Céu. A cruz é nossa certeza de vitória, a esperança de salvação, pois foi através dela que o Salvador venceu a morte e o pecado. Se nós desejamos verdadeiramente ser chamados cristãos, devemos nos despojar de nossos defeitos seguindo o exemplo de nosso Divino Salvador em sua humildade ao aceitar os sofrimentos que lhe foram destinados e somente assim chegaremos JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 24


à glória dos céus. “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”. (Jo 12,32) Algumas mulheres permaneceram de pé junto à cruz, acompanhando Jesus naquela hora de solidão e abandono. No atual contexto da pandemia da COVID-19, um exército de soldados anônimos (médicos, enfermeiros, técnicos e agentes da área da saúde, voluntários, religiosos) se encontram de pé junto à cruz de tantas pessoas e famílias, em luta com as únicas armas que possuem: a dedicação e a solidariedade. “Da Cruz à Luz”, foi o lema de ordenação episcopal do saudoso dom Mauro, Em sua homilia de posse na Catedral Nossa Senhora das Dores em Guaxupé, ele disse “mesmo em meio a tantos sinais de morte que presenciamos no mundo, somos chamados a continuar semeando o Reino inaugurado por Jesus. Um Reino onde a vida vence a morte, onde o amor vence o ódio, donde a esperança vence o desânimo, onde a paz vence a violência”. Jesus veio para dar a si próprio, como um sacrifício por todos os povos. Só quem segue os caminhos da Cruz alcançará a verdadeira Luz, Nosso Senhor Jesus Cristo. A cruz aponta para a luz da ressurreição. Uma feliz e santa Páscoa a todos.

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rezando pelas vocações CONHEÇA O CHAMADO DE DEUS NA VIDA DO JOVEM JOÃO ANTÔNIO

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uerido leitor (a), paz e bem! Nascido na cidade de Carmo do Rio Claro, sou o Seminarista João Antônio, da etapa Discipular em nossa amada Diocese de Guaxupé. Desde meus cinco anos, sonhava e dizia querer ser padre, pois de muito perto acompanhava o Pe. Bernardo, pároco do Santuário do Senhor Bom Jesus dos Aflitos em Itacy, distrito de minha cidade. Com o passar dos anos, senti-me atraído e envolvido por algumas pastorais da Paróquia Sagrada Família, minha comuJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 26


nidade de origem, sendo elas: Catequese Infantil, Pastoral da Esperança, SALP, Acólitos e o Apostolado da Oração. A atuação nestas pastorais e movimentos fomentou ainda mais o desejo de ser Padre e me configurar ao Coração de Jesus. No ano de 2015, procurei o pároco de minha comunidade, o Padre Renato César Gonçalves e manifestei a ele o desejo de iniciar o processo de acompanhamento vocacional, trilhei um caminho de quatro anos, rezando, servindo a comunidade e buscando cada vez mais dar passos para um bom discernimento. Em 2019, com mais nove irmãos seminaristas, ingressei no Seminário São José em Guaxupé, tempo propício para adaptação e dedicação a vida de oração e estudos. No ano de 2020, mudei-me para Pouso Alegre e vivo a Etapa Discipular, buscando ser um autêntico e verdadeiro discípulo do Senhor, configurando-me ao seu coração amoroso. Hoje vivo o 2º ano da Faculdade de Filosofia, e sou feliz nesta caminhada, desejoso de que o Senhor da Messe envie mais operários para o trabalho de Evangelização e Serviço do Povo de Deus. Enviai Senhor, operários para vossa messe, e fazei de nós cada vez mais autênticos seguidores de vossos passos! #EuSouUmaVocação #RezePorMim

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Aretuza Prado Ramos é leiga. Coordenadora da Crisma na Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio em Machado / MG

doutrina A ORAÇÃO DE JESUS: O PAI NOSSO (PARTE 2)

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ENHA A NÓS O VOSSO REINO é a segunda petição: pedir o Reino de Deus é pedir o próprio Cristo, que habita em nós e vem a nós na Eucaristia, como é também pedir a

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vinda de Cristo nos últimos tempos. Isso não quer dizer que Ele (Jesus) já não esteja conosco, pois sendo um Deus que cumpre o que fala Ele está “...conosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”. Pedir que venha é desejar que este Reino seja manifestado a todos, por isso “Bem Aventurados os mansos, porque herdarão a terra”. Os mansos são aqueles que aparentemente são fracos e insignificantes aos olhos do mundo, mas possuindo uma força interior estão bem em qualquer lugar, são gratos e satisfeitos com tudo, possuem uma Piedade, que os tornam dignos herdeiros dessa terra. Jesus cumpriu obedientemente esta terceira petição, por isso, para que SEJA FEITA A VOSSA VONTADE, devemos conformar-nos a Ele. Que os homens cumpram a vontade d’Ele como os anjos fazem ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU, existe aqui uma distância espiritual entre o céu (justo) e a terra (pecador). Santo Agostinho nos apresenta três interpretações, sendo a 1ª o céu, morada dos anjos, e a terra, dos homens; a 2ª o céu como a alma e espírito e a terra como carne. Nesta interpretação, temos dois significados: pedimos a Deus que “como os justos (céu), assim também os pecadores (terra) façam a Tua vontade, convertendo-se a Ti”; o outro seria que a vontade de Deus seja feita em nós, homem total (corpo, alma e espírito), para que toda desordem humana chegue por fim à paz verdadeira, e a ordem original retomada; a 3ª interpretação seria terra Mulher/Igreja, e o céu Homem/ Cristo: assim pedimos que, como se cumpriu a Vossa vontade em Jesus Cristo, cumpra-se também na Igreja. Para que nada resista à Sua vontade e tudo seja conformado a ela: “Bem aventurados os que choram, porque serão JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 29


consolados”. Com o dom da Ciência somos iluminados, compreendemos o quanto nossas faltas ofendem a Deus e por isso choramos, abraçando assim a promessa da consolação. Na quarta petição vem ao encontro com todas as necessidades essenciais do ser humano; enquanto estivermos nessa vida temporal necessitamos do nosso pão cotidiano material e o Pão Espiritual que é a Eucaristia e a Palavra; assim como nosso corpo se não é fortalecido pelo alimento sólido desfalece, nossa alma também se desfalece se não se alimenta do Pão Espiritual, por isso pedimos confiantes ao Pai: O PÃO NOSSO DE CADA DIA NOS DAI HOJE; este nos é dado diariamente, enquanto ainda se diga hoje. “Bem Aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. O reino dos céus é dos perseverantes e é por isso que nesse pedido nos é dado o dom da Fortaleza.

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Maria Eliete C. Moreira, Pedagoga e leiga da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Alfenas/MG

ao redor do altar A LUZ DO CÍRIO PASCAL

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Círio Pascal é, desde os primeiros séculos do cristianismo, um dos elementos mais expressivos da Vigília do Sábado Santo. A palavra círio vem do latim cereus, cera (produto das abelhas). Na liturgia cristã, ao falar-se das “velas”, remete-se ao uso humano e ao sentido simbólico que os círios produzem, para tanto o círio mais importante é o que se acende na Vigília Pascal, como símbolo de Cristo-luz, e que se coloca sobre uma coluna em destaque ou candelabro adornado. O símbolo da Luz foi introduzido nas celebrações cristãs para auxiliar-nos a mergulhar no mistério, a luz denota estes significados: Cristo, vida, proximidade, fé, atenção, espera, verdade, felicidade, festa, amor, entre outros. Entre a Luz de Cristo (plenitude de Vida e Verdade comunicativas) e a luz existencial de um cristão (imagem sacramental para o mundo, da imagem de Cristo) está o Círio que preside as celebrações principais, como sinal de algo que arde e se mantém desperto em cada crente e na comunidade inteira, simboliza a fé e a alegria dos que estão convictos da presença de Cristo entre eles e de que Nele se encontra tudo o que esperam nesta vida ou na outra. O significado de cada elemento que compõe este rito da Vigília Pascal: 1. Luz - O Círio Pascal representa Cristo ressuscitado, “a verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo” e que dissipa as trevas (a morte). 2. Chama - No início, na procissão de entrada da Vigília, JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 32


a única luz é a do Círio Pascal. Então, com essa chama, a pequena vela levada pelos fiéis é acesa, o que significa a fé que todos nós recebemos e compartilhamos. Por meio deste ato, os batizados são lembrados de que devem ser portadores da luz de Cristo, testemunhas de seu amor, que como uma chama acende e aquece os corações. 3. A Cruz - A cruz é sempre o símbolo central, é o caminho que deve ser tomado, como Cristo, para chegar ao Pai. 4. Cravos - São cinco grãos de incenso, muitas vezes vermelhos, que são cravados no círio e simbolizam as cinco chagas de Jesus, os três pregos que perfuraram suas mãos e pés, a lança no lado direito do corpo e os espinhos em sua cabeça, 5. Fogo - O fogo da chama também representa uma imagem viva da ressurreição, do homem que abandona o pecado e nasce para uma nova vida. 6. Alfa e Ômega - As letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, indicam que a Páscoa de Cristo, o início e o fim do tempo e da eternidade, chega até nós sempre com nova força no ano especial em que vivemos. 7. Ano - O ano atual representa Deus no presente e como Mestre e Senhor de toda a eternidade. 8. Cordeiro – Cristo é representado pela figura de um cordeiro. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 33


O Círio Pascal representa a “verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo”, para tanto cada cristão recebeu nesta vida a tarefa de deixar-se iluminar pela luz de Cristo e ser, ele próprio, a luz para os demais “Vós sois a luz do mundo... Assim também brilhe a vossa luz aos olhos dos homens” (Mt 5,14,16). Deste modo, cada um precisa ser luz para os irmãos repartindo calor, amor e misericórdia de tal maneira que se possa dizer e se convencer de que somos verdadeiramente “filhos da luz”. Por fim, na cerimônia da Vigília Pascal e no acender do Círio Pascal e dos círios dos fiéis, cada cristão é chamado a consumir-se pelos outros, como uma vela que se gasta, dando testemunho de amor e verdade.

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Roberto Camilo Orfão Morais

espiritualidade A VIDA É BELA!

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história nos revela que quando a sociedade entra em crise, ocorre a procura pela espiritualidade, pois ela é fonte de sentido em nossas vidas. Neste itinerário costuma-se buscar referências, com o objetivo de guiar a plenitude existencial, em um processo de encontro com o Definitivo. Em minhas leituras, sobre este tema, deparei-me com o Diário da mística de Etty Hillesum, (Uma vida interrompida), algo comovente, que em vários momentos fez-me rezar e mergulhar em meditação. Esther (Etty) nasceu em 1914 em Middelburg, Zelândia (Países Baixos), em uma família judia não praticante. Começou seus estudos de Direito em Amsterdã, onde também vivia com seus dois irmãos. Jovem e mergulhada em conflitos internos, inicia terapia com psicoquirólogo, Julius Spier, com quem teve uma ligação amorosa. Spier aconselhou-a a realizar leituras, como a Bíblia, Santo Agostinho, Tomás de Kempis e a orientou a escreJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 35


ver um diário, que teve início em março de 1941, aos 27 anos. Organiza sua vida interior e tem seu encontro com o Absoluto: “Deus, toma-me em tuas mãos, irei obediente, sem muita resistência” (Diário,120) Com o avanço nazista contra os Judeus na Holanda, Etty viu seu povo ser conduzido para o Holocausto, fazendo-a, inclusive, prisioneira no campo de concentração em Westerbork, uma espécie de sala de espera, para solução final em Auschwitz, Polônia. Para o Cardeal José Tolentino Mendonça, a conversão de Etty, sua mudança de razão de ser, desenvolveu-se em três encontros definitivos: o primeiro tem o nome de uma pessoa, Julius Spier; o segundo tem o nome de um lugar, Westerbork; o terceiro não tem nome: é o encontro com o próprio inominável. O Papa Bento XVI, referiu-se a Etty Hillesum como uma jovem frágil e insatisfeita, transfigurada pela fé e que se transforma numa mulher cheia de amor e de paz interior, capaz de afirmar: “Vivo constantemente em intimidade com Deus”. (Diário, 262) A santidade de Etty como afirma o teólogo Faustino Teixeira tem traço da secularidade, onde a porta para o Castelo Interior foi sua própria vida: “Dentro de mim existe um poço muito profundo. E naquele poço está Deus. Às vezes consigo alcançá-lo, mas na maioria das vezes está coberto por pedras e areia: então Deus está sepultado. É necessário que eu o volte a desenterrar” (Diário, 85). Etty viveu uma mística de olhos abertos, mesmo passando por uma situação de sofrimento extremo em um campo de concentração. Foi capaz de reconhecer a beleza da criação e a presença do seu Criador: “quero dizer que há lugar para belos sonhos junto à mais cruel realidade - e continuo a louvar JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 36


tua criação, Deus - apesar de tudo” (Diário,178). A trajetória espiritual de Etty Hillesum é marcada pelo seu mantra: “A vida é Bela e cheia de sentido”, demonstrando assim uma extraordinária capacidade de resistir as vicissitudes da vida e uma euforia amorosa em relação a existência humana. A garota que não sabia se ajoelhar e que aprendeu a fazê-lo, tem seu encontro com a misericórdia, onde não há espaço para o ódio e ressentimentos, mesmo em relação aos algozes de seu povo: “Não há fronteiras entre as pessoas que sofrem, sofre-se de ambos os lados de todos as fronteiras e é preciso rezar por todos! (Diário, 222). Em setembro de 1943, Etty Hillesum juntamente com seus pais e irmãos, foi levada de trem para Auschwitiz. Possivelmente seus pais morreram ainda durante a viagem de três dias. Etty morreu em Auschwitz em 30 de novembro de 1943, aos 29 anos. Nos últimos registros em seu Diário afirma: “Parti meu corpo como pão e o dividi entre os homens” (Diário, 362). Esta sublime mística, deixa-nos um exemplo de encantamento com a vida, de encontro com Deus e de um fraterno abraço a humanidade. Partiu cantando, levada pelo trem da morte, porém deixando registrado, seu êxtase espiritual de Amor: “Gostaria de ser um bálsamo para tantas dores” (Diário, 363).

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comunicações aniversários abril Natalício 02 Padre Francisco Clóvis Nery 02 Padre José Maria de Oliveira 02 Padre Nelson Fernandes de Oliveira 08 Padre Reginaldo da Silva 11 Padre Weberton dos Reis Magno 14 Padre Reginaldo Vieira Santos 15 Padre Pedro Bauer da Cunha (Religioso) 15 Padre João Ademir Vilela 16 Padre Riva Rodrigues de Paula 17 Seminarista Luiz Fernando Gomes 18 Padre Gentil Lopes de Campos Júnior 20 Padre José Hamilton de Castro 20 Seminarista João Paulo de Souza 21 Seminarista Richard Oliveira 22 Padre Janício de Carvalho Machado 22 Padre Reinaldo Marques Rezende 23 Padre Francisco Carlos Pereira 23 Padre Rodrigo Costa Papi 25 Padre Denis Nunes de Araújo 26 Padre Eder Carlos de Oliveira 27 Padre Leandro José de Melo 28 Padre Sandro Henrique Almeida dos Santos Ordenação 08 Padre José Augusto da Silva 12 Padre Arnoldo Lourenço Barbosa 12 Padre José Maria de Oliveira 13 Padre Aloísio Miguel Alves 16 Padre Luis Januário dos Santos 16 Padre Francisco dos Santos 21 Padre Carlos Virgílio Saggio 22 Padre Paulo Rogério Sobral 23 Padre Graziano Cirina (in memoriam) 25 Padre Luciano do Nascimento Rodrigues 28 Padre Marcelo Nascimento dos Santos 28 Padre Donizetti de Brito 28 Padre Reginaldo da Silva 29 Padre Júlio César Agripino 30 Padre Luis Caetano Castro (Religioso) JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 38


chacelaria do bispado

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Reverendíssimo Senhor Pe. Sidney S. Carvalho, Chanceler do Bispado, comunica que o Excelentíssimo Senhor Dom José Lanza Neto, bispo diocesano de Guaxupé:

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