comunhao-agosto-2020

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JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ

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ANO XXXII - 369

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AGOSTO DE 2020

“ÉS PRECIOSO AOS MEUS [Isaias 43, 4]

OLHOS... EU TE AMO


expediente Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão JANE MARTINS Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265 Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160 Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br


editorial

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uitas vezes, em nossas conversas e nossos encontros, nos deparamos com cristãos que buscam viver sua fé de um modo light, sem tomar consciência das implicações que a fé gera na vida de cada pessoa. A grande problemática desse tipo de comportamento religioso é justamente a incompatibilidade profunda entre valores pessoais com aquilo que aparentemente se crê. Participar de uma comunidade de fé, assumindo sua crença de maneira autêntica, exige um reposicionamento total diante da vida. Não deveríamos nos propor a um percurso religioso que não repercuta na vida cotidiana e que não nos transforme por inteiro. A proposta de muitas tradições religiosas para a vivência da fé não é somente uma participação litúrgica, mas uma comunhão com um sistema de valores e crenças que formam a identidade do sujeito religioso. Não é raro encontrarmos pessoas que justificam com sua fé as ações maldosas, imorais e ilícitas que exercitam em seu dia a dia, sem preocupar-se com o mínimo de coerência com os ensinamentos religiosos de sua religião. Agem como se fossem totalmente imunes aos valores de fé ensinados nos templos sagrados. Obviamente, todos nós carregamos nossas incoerências e nossos limites humanos, mas a distância entre fé professada e atitude vital deve cada vez mais ser diminuída. Com o aprofundamento na fé, o fiel deve reconhecer os elementos de sua religião que estão em consonância com sua convicção pessoal e aqueles que antagonizam, senão manteremos sempre uma atitude hipócrita diante dos outros e de Deus.

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Para o escritor francês Victor Hugo, em seu livro Os Trabalhadores do Mar, podemos compreender a hipocrisia como algo que gera uma grave separação entre o aparente e a essência do hipócrita. A hipocrisia, na visão do autor, é “a premeditação indefinida de uma ação ruim, acompanhada por doses de austeridade, a infâmia interior temperada de excelente reputação, enganar continuadamente, não ser jamais quem é, fazer ilusão, é uma fadiga”. No livro do Apocalipse, o autor sagrado revela a palavra do Filho do Homem em relação à incoerência dos fiéis de Laodiceia mas que servem para os fiéis de hoje: “porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca” (Ap 3,16). Ter a coragem de seguir Jesus Cristo é estar disposto a assumir a fé cristã até as últimas consequências, sem dividir-se entre o Reino de Amor e Justiça e os impérios do poder e do prazer. O caminho trilhado pelos discípulos de Cristo deve, cada vez mais, convergir com os ensinamentos de seu Mestre que nos convida a viver a fé, a caridade e a esperança, e a fazer dos ensinamentos do Evangelho o nosso plano de vida. O que não se restringe ao ambiente religioso dos templos, mas deve ser marca presente em nossa família, nosso trabalho e nossa vida social. Portanto, devemos nos inspirar na vida e na atitude da pobre viúva que nós, católicos, encontraremos no Evangelho do domingo (Mc 12, 38-44), que nos ensina a nos doarmos não em parte, mas em nosso todo, não oferecendo o que nos sobra, mas sendo capazes de nos entregar por inteiro pelo Deus da vida, que nos convida paternalmente a viver em comunhão.

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voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

“CRISTO VIVE: É ELE A NOSSA ESPERANÇA” “Ele vive e te quer vivo! Escrevo a todos os jovens cristãos com carinho esta Exortação Apostólica, isto é, uma carta que recorda algumas convicções de nossa fé e que ao mesmo tempo nos encoraja a crescer em santidade e no compromisso com a própria vocação...” [Papa Francisco]

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cupar-se com os jovens de hoje é algo complexo, desafiador, surpreendente, pois assim também é o cuidado com o mundo. Tudo muda rapidamente, como muda a juventude. Os passos são largos e na luta contra o tempo, pouco se constrói. O que tem valor agora, amanhã já não serve mais, já ficou para trás, tudo novo de novo e mais uma vez. As gerações passam despercebidas, sem marcar o tempo, a linha e o norte. O mar está sempre agitado, é difícil a pesca. A turbulência, o mar, as ondas, os peixes, os pescadores estão todos por aí soltos sem conseguir se encontrar. Faz-se necessário mergulhar nesse turbilhão na busca dos nossos jovens, na cidade, no campo, na periferia, na universidade, no desemprego e no afastamento das escolas. Quem quer arriscar-se? Temos medo do trabalho pastoral junto aos jovens. Poucos acreditam e apostam nesse desafio. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5


É impressionante como a Igreja sempre acreditou e procurou buscar os diferentes meios como resposta a todos os jovens. Temos exemplos bonitos de papas muito envolvidos com a juventude. O papa São João Paulo II, por mais de décadas, fez apelos encantadores e obteve respostas concretas dos jovens com as Jornadas Mundiais da Juventude. Dizia ser necessário acreditar nos jovens e chamá-los para Cristo. Com toda a certeza, muitos, além de despertos à vida cristã mais intensa, deram uma resposta ao chamado vocacional. Papa Francisco também se envolve com os jovens do mundo inteiro e, preocupado com inúmeros desafios do tempo presente, provoca-os para o seguimento do Senhor, favorecendo seu protagonismo em relação a assuntos fundamentais, a ecologia e a economia. Escreve aos jovens, na exortação apostólica Christus Vivit, e traça um itinerário vocacional a partir das grandes figuras do Antigo e do Novo Testamentos. Sem dúvida, é uma verdadeira provocação no despertar do mundo juvenil. O chamado vocacional é de uma abrangência fundamental à vida, ao seguimento e ao serviço do Povo de Deus. Dizíamos que o jovem está metido no grande emaranhado do mundo sem norte, mas o Senhor Jesus o chama a qualquer momento e situação da história. O jovem definitivamente acolherá esse chamado, procurando responder conforme sua capacidade de compreensão e envolvimento e muito jovens se destacam por tamanha coragem e decisão com muita precisão e acerto. O Senhor chama a todo tempo como fez a seus discípulos e a todo o povo. O chamado não tem data de vencimento, a validade é a oportunidade de nossa resposta corajosa. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 6


minha vocação

Por Padre Leandro Melo, assessor diocesano do Serviço de Animação Vocacional

MÊS VOCACIONAL:“AMADOS E CHAMADOS POR DEUS” “Para realizar a própria vocação, é necessário desenvolver-se, fazer germinar e crescer tudo aquilo que uma pessoa é. Não se trata de inventar-se, criar-se a si mesmo do nada, mas descobrir-se a si mesmo à luz de Deus e fazer florescer o próprio ser: «Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação». A tua vocação orienta-te para tirares fora o melhor de ti mesmo para a glória de Deus e para o bem dos outros. Não se trata apenas de fazer coisas, mas fazê-las com um significado, uma orientação” [Exortação Apostólica Christus Vivit 257]

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mês vocacional desponta com inspiração na exortação apostólica pós-sinodal do papa Francisco, Christus Vivit, e quer despertar no coração de toda a Igreja o dom da santidade e do compromisso em prol da própria vocação. Para este ano, rezaremos o tema “Amados e Chamados por Deus” e o lema “És precioso aos meus olhos. Eu te amo” (Is 43,1-5). O mês vocacional será um tempo oportuno de despertar, refletir e rezar pelas vocações e pelos ministérios. A cada domingo do mês de agosto, a Igreja, reunida em assembleia, rezará por uma vocação específica. No primeiro domingo rezaremos pelos ministros ordenados, recordando-se dos diáconos, presbíteros e bispos. Neste JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7


domingo em especial celebra-se o Dia do Padre. O segundo domingo é dedicado à vocação para a vida e a família. O dia dedicado aos Pais também marcará o início da Semana da Família, com o tema “Família: Pilar da Caridade”. No terceiro domingo, recordará a vocação à vida consagrada: religiosos e religiosas, consagradas e consagrados nos vários institutos e comunidades de vida apostólica e também nas novas comunidades. Este ano, a novidade será o acréscimo da celebração da Semana Nacional da Vida Consagrada. Já no quarto domingo se celebra a vocação do cristão leigo na Igreja. No último domingo de agosto, celebraremos o Dia do Catequista e agradeceremos o serviço de inúmeros homens e mulheres que servem na missão de formar discípulos missionários para Igreja de Jesus Cristo. A temática vocacional celebrada em agosto quer recordar que todos temos uma vocação em comum, a santidade. Todo sentido da vocação cristã é imitar a Jesus Cristo. Cada um na sua vocação especifica se santifica e santifica o outro. Recordemos as palavras no papa Francisco na Christus Vivit: “Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 8


ço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”. (Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate 14) Com o intuito de celebrar e valorizar todas as vocações neste mês tão especial, convidamos membros da nossa Igreja diocesana para partilhar a vida, a vocação e a missão na Igreja, na família e na sociedade.

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Por Diácono Juliano Vasconcelos

minha vocação CHAMADO AO MINISTÉRIO ORDENADO

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ma força enorme de proporções nunca vistas está devastando a Amazônia, em duas dimensões que se combinam de forma brutal: a pandemia do Covid-19, atingindo corpos vulnerabilizados, e o aumento descontrolado da violência sobre os territórios. A dor e o grito dos povos e da terra se fundem em um mesmo clamor. Nasci aos 5 dias do mês de agosto de 1980 na cidade de Mococa (SP). Meus pais se chamam Antônio Carlos Vasconcelos e Maria de Lourdes de Oliveira Rodrigues (in memoriam). Sou o primogênito dos 5 irmãos. Apesar de ter nascido no interior do estado de São Paulo, sempre morei em Arceburgo (MG) e ali fui JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 10


criado; só mudei de cidade quando ingressei no Seminário. Em Arceburgo, germinou minha vocação em meio à convivência na Paróquia São João Batista. Fui iniciado na vida da Igreja por meu padrinho de Crisma, Antônio Mariano, quando tinha 18 anos de idade. Recebi os Sacramentos da Primeira Eucaristia e da Confirmação aos 19 anos. Eu proclamava a Palavra nas Missas dominicais e participava da RCC na comunidade e, a partir daí, fui tomando gosto pelas coisas de Deus. No ano de 2003, iniciei um novo trabalho na referida paróquia como sacristão que perdurou por quase 8 anos. Durante este período, me senti chamado ao sacerdócio e comecei o acompanhamento vocacional na Diocese de Guaxupé. Meu acompanhamento foi durante 3 anos e meio. Logo após, ingressei no Seminário São José, em Guaxupé, no dia 30 de janeiro de 2011. Ali vivi as primeiras etapas do processo formativo, a saber: Propedêutico e Filosofia, com duração de 4 anos. Posteriormente, me mudei para Pouso Alegre para cursar Teologia num período de 4 anos. Durante este tempo, realizei estágios pastorais aos fins de semana em algumas paróquias, entre as quais: Santa Bárbara em Guaranésia e Santa Rita em Nova Resende. Em 2019 realizei meu Ano Pastoral na Paróquia São Sebastião de Areado. Em 25 de outubro do referido ano recebi o Sacramento da Ordem no grau do diaconado com mais dois colegas. Já são 9 anos e meio de caminhada vocacional e muitas alegrias. E agora estou na expectativa aguardando o momento oportuno para a Ordenação Sacerdotal. Atualmente, exerço meu ministério na Paróquia São Francisco de Paula em Monte Santo de Minas. Queridos jovens, permitam-se sonhar com uma Igreja misJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11


sionária que atenda sempre aos anseios de seu povo. Lutem pela evangelização e propagação da fé e do Santo Evangelho, uma vez que a missão é feita com os outros e para os outros. Neste sentido, estimados jovens, não deixem de sonhar sua vocação. Certamente, a vocação é um grande desafio de amor e que exige de nossa parte dedicação, zelo e perseverança. Busquem sempre cultivar o dom da comunhão, da acolhida, do serviço, da humildade e da caridade. Assim, vocês assimilarão e buscarão viver o dom da vocação com amor e alegria na certeza de que o Senhor os chama para permanecer com Ele. Continuem dando testemunho com suas vidas e tudo o mais o Senhor vos acrescentará. Não se intimidem diante das dificuldades, mas tenham força e coragem! Como dizia Santa Madre Paulina: “Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários”. Rezem sempre pelas vocações para que nunca faltem operários à Messe do Senhor. Permaneçamos em paz.

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Por Paulinho e Renata

minha vocação CHAMADO AO MATRIMÔNIO

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ossa história teve início no ano de 1999, quando começamos a participar juntos de um grupo de jovens JCC, de nossa Paróquia São José, em Muzambinho. Sempre tivemos o mesmo objetivo de viver um namoro cristão para um dia construir uma família através do sacramento do Matrimônio. Nosso namoro foi de 4 anos, com 2 anos de namoro, noivamos e em 2003 nos casamos. Casamos com consciência que o Matrimônio não se baseia numa aventura e sim numa vida conjugal de amor, doação, renúncia e, acima de tudo, uma missão de Deus. Nesses 17 anos de casados, Deus nos presenteou com um casal de filhos maravilhosos, Ana Clara (15 anos) e Pedro Henrique (13 anos). Também tivemos mais duas gestações que não deram certo e, por isso, temos 2 filhos no céu. Desde pequenos, JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 13


consagramos nossos filhos a Deus e à Virgem Maria, sempre buscando educá-los na fé, nos princípios cristãos, com uma participação assídua na Igreja. Durante esse tempo, vivemos muitas lutas e desafios, que não foram fáceis, mas sempre tivemos uma certeza de que Deus não nos abandona e a cada dia renova nossas forças. A mensagem que queremos deixar é a seguinte: vale a pena ser família, vale a pena seguir a Cristo. Como é bom vivermos nossa vocação do matrimônio e, mesmo com tantos desafios e contrariedades no mundo atual, podemos afirmar que somos uma família feliz, pois nossa alegria vem primeiramente de Cristo.

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Por Irmã Marlene da Silva Della Torre

minha vocação CHAMADA À VIDA CONSAGRADA

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esde criança, ouvindo minha prima contar sobre a vida de Santa Terezinha do Menino Jesus, me apaixonei pela vida religiosa e não hesitava dizer a todos o meu desejo. Sonhava viver a santidade e já me consagrei a Jesus desde a infância. Embora tivesse sido batizada e feito a primeira comunhão, somente aos 14 anos iniciei a caminhada na Igreja com maior frequência e o chamado de Deus ardia cada vez mais dentro de mim. Aos 16 anos, conheci as Irmãs da Nova Betânia que foram participar de uma missa na capela da zona rural próxima à casa dos meus pais. Encantei-me ao vê-las. Marcamos um dia para conversarmos melhor, para conhecer a casa religiosa em que elas residiam e os trabalhos da congregação. Já no próximo mês, nos encontramos e combinamos de passar um dia com elas. E chegou JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 15


este tão esperado dia! No dia 21 de outubro de 1995, passei um final de semana com as Irmãs da Nova Betânia, em Guaxupé. Minha mãe sempre apoiou minha vocação, mas meu pai era um pouco resistente, pois eu nunca havia saído de casa. Ao me levar à congregação e conversar com madre Terezinha e com as irmãs, ele disse que não teria lugar melhor para se confiar uma filha. Assim, no dia 30 de outubro de 1995, ingressei como aspirante na congregação, iniciando minha caminhada religiosa. Participei de pastorais em diversas paróquias de Guaxupé e região. Em 2005, ingressei no curso de Enfermagem, o qual me possibilitou cuidar do “Cristo Vivo”, por meio da assistência como enfermeira no hospital de Guaxupé, completando a missão do carisma das Irmãs da Nova Betânia. Nossa saudosa madre Terezinha Ramos Bastos sonhava aperfeiçoar o carisma de nossa congregação, indo ao encontro das necessidades dos menos favorecidos de nossa sociedade. Permanecemos em oração, apresentando ao Senhor essa sublime missão. Em 19 de março de 2018, foi celebrada a missa para lançamento da pedra fundamental e início da construção, até que, em 15 de fevereiro de 2020, foi inaugurado o Centro de Acolhimento Nova Betânia, complemento de minha realização pessoal na vocação. E você? Qual é o chamado de Deus para sua vida? Qual é a sua resposta? Só um coração aberto e disponível em corresponder pode se realizar de verdade! Não tenha medo! Deus nos chama e nos sustenta em nossa caminhada! Ele nos abençoe e nos conduza sempre! JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 16


Por Natalina Vecchi Modesto

minha vocação CHAMADA AO LAICATO

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o próximo ano, a Campanha da Fraternidade será ecumênica e terá como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. E como lema o trecho da carta de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14ª). Essa será a quinta CFE e tem como objetivo geral “convidar as comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para superar as polarizações e as violências através do diálogo amoroso testemunhando a unidade na diversidade”. Sou natural de Guaranésia, mas moro em Guaxupé desde 1999, quando casei-me com Marcos Antônio Modesto, e no ano passado tive a grata satisfação de receber o título de Cidadã Guaxupeana. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 17


Minha infância foi na roça, no convívio familiar e nos trabalhos rurais. Aos 17 anos, mudei-me para Guaranésia e trabalhei durante 33 anos na área de informática da Usina Destilaria Alvorada do Bebedouro. Tenho formação em Licenciatura na faculdade FAFIG, em Guaxupé. Toda minha família é católica. Quando criança, frequentávamos poucas missas por morarmos muito distante da cidade, mas aprendi com minha mãe e minha avó paterna a rezar o terço e outras orações devocionais. Sou devota de São Sebastião, padroeiro do sítio onde eu morava, de Santo Antônio, padroeiro de nossa diocese, e de Santa Bárbara, padroeira de Guaranésia. Ainda jovem, participei de um grupo de oração e estudo bíblico chamado Comunidade Joia e servia o altar como proclamadora da Palavra. Depois de algum tempo, ingressei no Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus, ainda em Guaranésia. Em janeiro de 2001, já casada e morando em Guaxupé, comecei a assinar a revista Mensageiro do Sagrado Coração de Jesus, cuja mensagem central era oração e ação. Orar, adorar o Santíssimo Sacramento e trabalhar em prol da comunidade em pastorais sociais. Esse fato coincidiu com o curso de Iniciação Teológica promovido pela Diocese, no qual tive contato com Stela, que coordenava a Pastoral da Criança na época, e convidou os cursistas a participarem da pastoral que estava iniciando seus trabalhos em Guaxupé. Eu aderi prontamente ao convite, pois crianças sempre foram minha paixão. Acompanhar, ajudar e estar junto delas é muito gratificante. É um trabalho árduo, que requer muita dedicação e perseverança, mas ver um sorriso nos rostinhos das crianças e receber um abraço carinhoso, não JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 18


tem preço. É a luta pela vida: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Com o passar do tempo, foram agregados ao trabalho da pastoral o “Projeto Modesto e o Meio Ambiente” com a produção do sabão caseiro e o “Projeto de Assistência Social” que reaproveita, transforma e distribui às famílias assistidas alimentos provenientes de hortifruti. Atuo na Paróquia Sagrada Família e Santos Reis desde 2004. Fui Ministra Extraordinária da Eucaristia por 7 anos, serviço que amei fazer. Era apaixonada por levar Jesus Eucarístico às pessoas que não podiam ir até a igreja. Atualmente, participo do Apostolado da Oração do Sagrado Coração de Jesus como tesoureira e dedico-me também aos eventos de minha paróquia. Refletindo sobre a vocação leiga, entendo que todos nós já nascemos com uma vocação, mas temos sempre que orar e pedir o auxílio da graça de Deus, de Nossa Senhora, dos anjos e dos santos de nossa devoção para termos o discernimento. A partir daí, começamos a trilhar nosso caminho vocacional. Desde criança já ajudava muito as pessoas. Na escola, estava sempre atenta às dificuldades dos colegas. No trabalho, sempre auxiliando os que necessitavam. Mas foi no exercício das atividades pastorais que senti com maior intensidade a força da oração e da ação de Deus, quer na Pastoral da Criança, no ministério de MECE e também no Apostolado da Oração do SCJ. Por fim, procuro unir as três virtudes teologais, fé, esperança e caridade, mas, sem dúvida, a maior delas é a caridade. Fazei tudo por amor a Cristo pois a missão continua.

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Por Tiago Guida

minha vocação CHAMADO A SER CATEQUISTA

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ou da Paróquia São José, em Muzambinho, e gostaria de compartilhar com vocês um pouco da minha história de Catequista. Vocação para ser catequista é, sem dúvida, um chamado de Deus e uma resposta do homem. Geralmente, esse chamado vem através de uma mediação. Comigo, aconteceu dessa maneira. Em 2004, nas Missões Redentoristas na minha paróquia, fui convidado para ajudar na catequese da comunidade São Benedito e Santo Antônio. Tive um pouco de receio em aceitar mas, depois de tanta insistência, resolvi ir para conhecer melhor. Ao chegar na catequese, fui colocado em uma sala com uma catequista com uma experiência enorme e o objetivo era ajudá-la, pois a turma era numerosa. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 20


Ao presenciar os encontros, fui me apaixonando por Jesus Cristo e pela catequese. Passei a enxergar a catequese diferente do que pensava, vi a necessidade de fazer ecoar a Palavra de Deus, de anunciar com ousadia a riqueza incalculável que nos foi dada na pessoa de Jesus Cristo e do Reino de Deus que Ele veio inaugurar. Em 2005, assumi minha primeira turma de catequese em preparação para a Eucaristia e, também, uma turma de crisma. Sempre tive uma preocupação pelo que transmitia, se estava correto ou não, então, constantemente, participava dos cursos de formação oferecidos pela paróquia. Acompanhava com muita dedicação e curiosidade, fazia inúmeras perguntas, as quais fizeram com que eu me aperfeiçoasse e desempenhasse cada vez melhor a missão de ser catequista. Em 2006, assumi junto com outra catequista a coordenação da catequese na minha comunidade, sempre com muito entusiasmo e, na tentativa de interagir fé e vida, fazíamos alguns momentos marcantes com nossas crianças. Um bom exemplo é o Caféquese (café da manhã junto com o encontro de catequese), no qual deixávamos o tema livre, então tomávamos um delicioso café e aproveitávamos para conversar sobre a vida dos catequizandos para conhecer melhor suas realidades. Também fazíamos um Caterraia (arraiá na catequese), onde dançávamos quadrilha, fazíamos teatro, rezávamos o terço e depois participávamos de uma confraternização. Para esse momento, reuníamos todos os catequizando e seus familiares. Uma frase que eu sempre usava: “Catequista com os pés na realidade dos irmãos e o coração sempre em Deus”. Nós, catequistas, temos que fazer com que o encontro com Deus passe, JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 21


necessariamente, pelo encontro com os homens. A vida é uma dinâmica, como também a vivência da nossa vocação, por isso temos que sempre criar mecanismos e iniciativas para fazer com que a Palavra de Jesus seja sempre anunciada. Em 2007, comecei a ajudar na Coordenação Paroquial, na qual estou até hoje. Como a função exigia mais conhecimento, comecei a mergulhar em águas mais profundas, iniciei no curso de coordenadores paroquiais oferecido pela diocese, sempre com consciência e com muita dedicação em participar das formações. Tenho comigo que não basta ter vocação para ser catequista, é preciso se preparar, se responsabilizar, se dispor e cultivar constantemente a espiritualidade. Temos como missão fundamental instigar nos catequizandos à contemplação da beleza que Deus nos presenteia diariamente, para que, ao concluir a Iniciação à Vida Cristã, possa saber que orar é deixar Deus ser Deus em nossas vidas. O catequista traz em si a memória de Deus e aprende a despertá-la no coração dos outros. Sempre buscando um maior aprofundamento, tive a oportunidade de cursar o IRPAC, especialização em catequese oferecida pelo Regional Leste 2 da CNBB, com parceria com a PUC Minas, em Belo Horizonte. Percebi que ninguém nasce catequista por desenvolvimento espontâneo, para tornar-se um catequista é necessário um itinerário de formação que estimule e privilegie o querigma, o anúncio de Jesus Cristo, que nos leva ao seguimento. Não podemos seguir e nos apaixonar por alguém que não conhecemos. Portanto, concluo que o catequista vocacionado é aquele apaixonado por Jesus Cristo com a necessidade e o desejo de transmiti-lo com seus gestos e suas palavras para o próximo.

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Por Irmã Teresa Margarida do Coração de Jesus

minha vocação CHAMADA À VIDA CONTEMPLATIVA

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ma vida que foge aos padrões da época no sentido de estrutura familiar; já na primeira infância sofre cortes profundos: perdas familiares, mudanças bruscas de ambiente e cidade. Numa idade em que as referências de pai e mãe são fundamentais para um desenvolvimento salutar. Um terreno propício para gerar uma pessoa desequilibrada, viciada, revoltada ou mesmo transviada em sua índole. Mas, quando a graça de Deus tem entrada e, Deus é desconcertante, milagres acontecem! Minha vocação de carmelita de clausura é um grande milagre da graça de Deus. Tenho 29 anos de vida religiosa, destes quase 28 no Carmelo Teresiano e 24 de profissão religiosa. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 23


É impossível falar de minha vocação sem mencionar as mediações de Deus e a linguagem da fé, pois em minha vida sem esse olhar de fé nos acontecimentos que permearam minha existência, não tem como entender minha permanência no Carmelo. Tive a graça de ter tido uma avó paterna que me criou e educou na fé. Era uma mulher temente a Deus, coerente em sua vida e em sua fé, se alimentava da Palavra, participava das missas e era engajada no Apostolado da Oração, rezava o terço e ajudava os mais pobres que nós. Mas, era firme na sua formação e disciplinava meus erros. Ela falava dos dois caminhos: o de Deus e o do mundo, a porta estreita e a porta larga, e questionava-me: “qual deles tu queres seguir?” Uma das primeiras providências da minha avó foi meu Batismo aos quatro anos e nove meses de idade (há lugares tão atrasados e de difícil acesso, no Maranhão, que uma vez na vida chega um missionário). Minha grande catequista e formadora para a vida religiosa foi minha avó: “mãe Dedé”. Assistia aos filmes bíblicos, que naquela época passavam à noite, e no dia seguinte me contava. Cresci assim, gostando das coisas de Deus e sentia-me interiormente atraída por estar na igreja e participar da vida da Igreja. E quando encontrava as religiosas aos domingos na missa, e eram muitas e em sua maioria jovens, e dentre elas algumas estrangeiras, ficava fascinada e desejava viver aquele estilo de vida quando crescesse, pois elas irradiavam uma alegria diferente. No meu colégio, tocavam muito as músicas de padre Zezinho, SCJ, que ajudava a regar e sedimentar a sementinha da fé JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 24


na minha vida. Quando concluí o 1º grau, me preparando para a Crisma e participando de grupo jovem, desejei conhecer mais de perto umas religiosas, missionárias canadenses, que moravam nas proximidades da casa de minha avó. Aí dei um grande salto, através delas comecei a participar de encontros vocacionais e uma delas me inscreveu no vocacional da arquidiocese. Era um grupo misto e bem estruturado, com uma equipe formada por várias religiosas, padres e estudantes de teologia. Éramos em torno de cem vocacionados e nos encontrávamos no último domingo de cada mês, cada vez em uma casa religiosa diferente para conhecermos os diversos carismas. Também tínhamos testemunhos de casais e de leigos engajados. Uma riqueza! Alguns podem se perguntar se não senti tentações sobre outros brilhos e fulgores que costumam aparecer na adolescência. Claro que sim. É a fase da florescência, onde estamos deixando o que é de criança para querer ser adulto, nosso organismo em transformação, surgem as paixões da idade. Gostava de dançar, cantar, participar dos encontros de jovens e de participar das missas dos jovens por ser mais animada. E tive que vigiar meu coração diante das propostas dos rapazes que começavam a me notar diferente, também eu via os rapazes mais atraentes. Como consagrei meu coração a Jesus, não admitia infidelidade. O que me ajudou foi a amizade com as religiosas, a conversação delas, o ambiente, pois o mundo faz oposição ferrenha para nos roubar a vocação. Fiquei vocacionada por quatro anos, ao ponto de um padre, reitor do seminário arquidiocesano, toda vez que me via, dizia que tinha gente que ele iria diplomar de vocacionado. Sofria com isso porque queria fazer uma experiência religiosa, mas não tinha quem me substituísse junto à minha avó, que era sessenta JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 25


e três anos mais velha que eu. Disse a Jesus que 1990 seria meu último ano e Ele me pegou pela palavra: no dia 11 de novembro, fui chamar minha avó para participar da missa na TV e ela não acordou. De madrugada, Jesus a levou. Minha diretora espiritual, uma religiosa experiente, me ajudou a fazer a releitura dos acontecimentos e perceber a ação de Deus. Um mês depois, eu estava fazendo o retiro de 7 dias como vocacionada, o retiro que nunca podia fazer. E no dia que estava fazendo dois meses da partida de minha avó, eu estava deixando São Luís do Maranhão para sempre. Saí para o aspirantado de religiosas de vida ativa em Recife (PE), mas, antes de abrir o aspirantado, atendi um telefonema de uma carmelita de clausura que me marcou e mudou o curso de meu destino. Para sabermos o que Deus quer de nós é preciso escutá-Lo no silêncio do coração, na oração, considerar os prós e os contras junto de um guia espiritual e depois confiar na graça de Deus, que é maior que nossas fragilidades. “De repente aparece uma Luz e eu entrego o meu leme a Jesus”, foi o que eu fiz embalada pela música Há um barco esquecido na praia. Hoje, “tenho cruzes mas, vivo feliz” e realizada no chamado de Deus, no sonho que Deus pensou para mim. Ele preencheu os vazios do meu coração e encheu de sentido minha vida como carmelita de clausura. “Não tenha medo de entregar sua vida a Jesus, Ele não nos tira nada e nos concede tudo”.

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Por Assessoria de Comunicação - Rede Eclesial Pan-Amazônica

campanha AMAZONIZA-TE

U

ma vida que foge aos padrões da época no sentido de estrutura familiar; já na primeira infância sofre cortes profundos: perdas familiares, mudanças bruscas de ambiente e cidade. Numa idade em que as referências de pai e mãe são fundamentais para um desenvolvimento salutar. Um terreno propício para gerar uma pessoa desequilibrada, viciada, revoltada ou mesmo transviada em sua índole. Mas, quando a graça de Deus tem entrada e, Deus é desconcertante, milagres acontecem! Minha vocação de carmelita de clausura é um grande milagre da graça de Deus. Tenho 29 anos de vida religiosa, destes quase 28 no Carmelo Teresiano e 24 de profissão religiosa. Lançada no dia 27 de julho, a campanha organizada pela Comissão Episcopal para a Amazônia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com outras organizações eclesiais e da sociedade civil, a iniciativa surge atenta ao contexto onde as violências contra os povos tradicionais são agraJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 27


vadas pela pandemia da Covid-19. Enfrenta-se uma conjuntura onde o desmatamento e a grilagem, as queimadas, a mineração e garimpo se intensificam, tornando-se agentes de proliferação do coronavírus nas comunidades da região amazônica. A campanha levanta o chamado a “Amazonizar-te”, em um convite de ações que articulem as lideranças dos povos e comunidades tradicionais, a Igreja na Amazônia, os diferentes organismos eclesiais, artistas e formadores de opinião, pesquisadores e cientistas. A convocatória “Amazonizar” propõe a participação ativa de todo o povo em defesa da Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios. São vozes que se somam diante uma realidade de muitas vidas injustiçadas, expulsas de suas terras, torturadas e assassinadas nos conflitos agrários e socioambientais, vítimas de uma política norteada pelo agronegócio e por grandes projetos econômicos desenvolvimentistas que não respeitam os limites da natureza nem a sua preservação. A iniciativa une-se a caminhada realizada ao longo dos últimos anos em vista do Sínodo para a Amazônia, realizado em outubro de 2019, em Roma. Com o papa Francisco, a região Amazônica e a vida dos povos que habitam a região ganham o centro dos debates na Igreja. “Na Amazônia aparece todo tipo de injustiça, destruição de pessoas, exploração de pessoas em todos os níveis. E destruição da identidade cultural”, ponderou Francisco no encerramento do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia. De acordo com o presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, a campanha “Amazoniza-te” é um convite, uma convocação e uma oportunidade para se viver a solidariedade JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 28


com a floresta e com os povos da região. “Nós queremos, nesse convite a ‘amazonizar’, superar a violação sistemática da legislação de proteção ambiental e o desmonte dos órgãos públicos com atuação do governo para desregulamentar e ampliar de forma ilegal a atuação das mineradoras, agronegócio, madeireiras e pecuaristas na região”, destacou Dom Walmor. Orientados pela escuta dos clamores e esperanças, a campanha é culminância das diferentes ações e mobilizações realizadas pelas organizações eclesiais e sociais que atuam na Amazônia ou na defesa dela, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), Mídia Ninja e Movimento Humanos Direitos (MHuD).

A CAMPANHA A campanha “Amazoniza-te” nasceu do diálogo entre as organizações eclesiais e da necessidade de sensibilizar a opinião pública brasileira e internacional sobre o perigo ao qual está sendo exposta a vida na Amazônia, com os territórios e as populações. O desmonte dos órgãos públicos de proteção ambiental, o desrespeito contínuo da legislação, bem como ausência da participação da sociedade civil nos espaços de regulação e controle das políticas públicas também fomentaram a criação da campanha. Para tanto, a campanha Amazoniza-te se estrutura a partir de três eixos: JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 29


• Vulnerabilidade dos Povos Indígenas e comunidades tradicionais à contaminação pelo novo coronavírus, com destaque para a debilidade no atendimento e estrutura dos equipamentos públicos de saúde nos estados e municípios da região, aquém das condições de outras regiões do país; • Aceleração da destruição do Bioma pelo aumento descontrolado do desmatamento, das queimadas, a invasão de territórios indígenas e das Comunidades Tradicionais pela grilagem, mineração, garimpo, pecuária e plantio de monoculturas, e pelos efeitos das hidrelétricas sobre as populações ribeirinhas; • Violação sistemática da legislação de proteção ambiental e desmonte dos órgãos públicos, com atuação intencional do governo para desregulamentar e ampliar – de forma ilegal – a atuação das mineradoras, agronegócio, madeireiras e pecuaristas na região.

AMAZONIZA-TE O neologismo ‘amazonizar’ foi usado pela primeira vez em 1986 em uma carta pastoral do então bispo da diocese de Rio Branco, no Acre, Dom Moacyr Grechi. Na ocasião o bispo convocava o povo a assumir a causa da Amazônia e a defesa de seus povos. O verbo tem sido utilizado amplamente quando se pretende tratar da defesa da Amazônia. Durante o processo do Sínodo para a Amazônia a expressão Amazonizar também foi JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 30


muito utilizada e popularizada. É esse o sentido que a campanha propõe, mais do que conjugar o verbo amazonizar, torná-lo uma expressão pessoal, um chamado a todas as pessoas a se amazonizarem.

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comunicações aniversários agosto Natalício 7 Padre Edson Alves de Oliveira 12 Padre Clayton Bueno Mendonça 15 Padre João Pedro de Faria 15 Padre Mateus (Anderson) L. S. Resende 15 Padre Júlio César Martins 15 Padre Lucas de Souza Muniz 18 Padre Antônio Donizeti de Oliveira 19 Padre Sebastião Marcos Ferreira 29 Padre João Batista da Silva Ordenação 1 Padre Irineu (Rodeney) Olmedo Viana 8 Padre Wellington Cristian Tavares 10 Padre Gladstone Miguel da Fonseca 16 Padre Claudemir Lopes 13 Padre Adirson Costa Morais 20 Padre José Ronaldo Neto 24 Padre Riva Rodrigues de Paula 30 Padre Gilmar Antônio Pimenta

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