JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
ANO XXXII - 368
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JULHO DE 2020
Ninguém nasce odiando o outro pela cor de sua pele, ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar [Nelson Mandela, 1994]
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expediente Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão JANE MARTINS Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265 Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160 Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br
editorial “Apunhalado pelas costas Esquartejado pelo imposto em postas E como analgésico nóiz posta que Um dia vai tá nos conforme Que um diploma é uma alforria Minha cor não é um uniforme Hashtag “Pretos no topo”, bravo 80 tiros te lembram que existe pele alva e pele alvo Quem disparou usava farda (mais uma vez) Quem te acusou nem lá num tava (bando de espírito de porco) Por que um corpo preto morto É tipo os hits das parada Todo mundo vê mas essa p**** não diz nada” [Ismália, Emicida]
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eja quem você é. Esse talvez seja um dos slogans que identificam a postura do ser humano na pós-modernidade, um dos imperativos que nos impactam, de modo violento, nos dias de hoje. Nunca houve tanta necessidade de expressar nossa personalidade e construirmos uma identidade totalmente nossa que nos particularizem entre os outros 7 bilhões de homo sapiens que respiram sobre a terra. Mas será possível identificar nossa individualidade de tantas influências limitantes recebidas desde nosso nascimento? O quanto de nossas ideias e nossos valores, e até daquilo que nos caracteriza como pessoas, são realmente escolhas nossas, frutos de um convicto exame pessoal e exercício criativo da mente humana? Estamos muito acostumados a repetir padrões de comportaJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 3
mento desde nossa infância. Alegramo-nos profundamente quando uma criança repete os padrões de linguagem e comportamento nossos, os adultos, daí a estimulamos a se adequar àquilo que nós desejamos que ela faça. O problema disso é que com essa atitude reprimimos sua criatividade e a formação de sua personalidade. É como se, inconscientemente, quiséssemos formatar aquele ser em construção, com suas ações e expressões, conforme nossa vontade. Dito isso, reflitamos: será que realmente somos capazes de gerir autonomamente nossa personalidade ou será que nos tornamos meros repetidores de padrões sociais, que muitas vezes nem sequer compreendemos? Agir somente por aquilo que outras pessoas esperam de nós não propicia uma maturidade humana e também não nos realiza como pessoas, é necessário que nos aprofundemos em nossa própria consciência e tomemos decisões que nos definam em profundidade. Por mais que queiramos fazer parte do universo à nossa volta e nos sentir aceitos em nosso grupo social, não podemos nos abster de vivenciar nossas experiências próprias e, até mesmo, desenvolver e nos aprofundar em nossas ideias. O tecido social, do qual todos fazemos parte, deve ser compreendido como uma colcha de retalhos que valoriza e harmoniza indivíduos diferenciados e até contrastantes, mas que se unem por uma meta comum. A valorização das diferenças deve resultar na compreensão do outro como um alguém que possui sua dignidade e sua individualidade. E nossa sociedade deveria buscar não a massificação de indivíduos condicionados a se encaixar num modelo único e restrito de cidadãos, mas o florescimento de sujeitos conscientes de sua participação social que oportunizem modos criativos de contribuir para a humanidade. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 4
voz do pastor
Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé
“AI DE MIM, SE EU NÃO ANUNCIAR O EVANGELHO!”
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uem, como São Paulo Apóstolo, não chegou ao limite de suas forças e, até mesmo, no limite de sua compreensão e seu conhecimento para concluir que somos alguma coisa simplesmente pela graça de Deus? Tudo é graça. Já sabemos que anunciar o Evangelho do Senhor possui complexidade e desafios, para não mencionar o esforço físico e a entrega pessoal, tão necessários para uma vida missionária em favor de irmãos e irmãs. Tudo isso é necessário para tornarmos consciência de sermos instrumentos da ação divina com uma vida passageira, porém que pode se eternizar nas realizações amorosas em prol do Evangelho. Carregamos a certeza de que o anúncio se centraliza no Senhor, não em nós mesmos, apesar de sermos importantes para a missão cristã. Convictos disso, percebemos como o Senhor se apresenta sempre de forma humilde, compassiva e cheia de misericórdia. Quando São Paulo esclarece que a fraqueza humana é lugar da manifestação da força de Deus, compreendemos a justiça divina que ampara o ser humano, criatura amada, na sua infinita graça que torna possível o que para o ser humano seria insuportável. Para experienciar essa beleza do amor gratuito de Deus é fundamental um verdadeiro mergulho de fé, é necessário converter-se constantemente à generosidade misericordiosa de Deus. Assumir a JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5
missão de evangelizar exige colocar-se, primeiramente, como discípulo e entregar-se a um despojamento total para aproximar-se do amor do Senhor. Na vida missionária e evangelizadora, é necessário estar atento para não medir os frutos do anúncio do Evangelho em resultados práticos e fatos concretos, pois nossa recompensa é invisível e, se não estivermos preparados, será frustrante: as pessoas podem ir embora, abandonar o barco, passar de lado e se opor à fé. É preciso não perder o foco em Cristo. O grande apóstolo Paulo, mais do que ninguém, é modelo a ser seguido em tudo o que fez e ensinou. “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1 Cor 9, 16). Ao concluir sua vida apostólica, São Paulo está pronto, maduro e capaz de entender todo o caminho percorrido. Ninguém como Paulo teve tanta certeza da fé e do Evangelho ensinado por Jesus. Homem completo e cheio do sentido do espírito das bem-aventuranças, agora está pronto para ficar com o Senhor definitivamente e ninguém pode roubar-lhe este prêmio, a coroa do martírio. A Igreja caminha e se fortalece a partir dos ensinamentos e da vida desse apóstolo. Como uma moeda tem dois lados, Paulo está estampado no lado mais belo da história da Igreja, constantemente chamada a evangelizar, mesmo em meio a tantas dificuldades. Sem essa coluna, Paulo, Apóstolo das Nações, a Igreja de Cristo não teria vivenciado de modo tão sublime sua gênese evangelizadora, apostólica e missionária.
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Por Padre Andrey Nicioli, assessor de comunicação da Arquidiocese de Pouso Alegre e assessor eclesiástico para a Pastoral da Comunicação no Regional Leste 2 da CNBB
opinião
A EVANGELIZAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA
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Liturgia da Palavra do dia 29 de junho nos trouxe o Evangelho em que Jesus convida seus discípulos a atravessarem para o outro lado da margem (Mt 8,18-22). Era preciso que os discípulos saíssem da segurança, do conforto do reconhecimento, enfim, era preciso desinstalar-se. Rezei esta passagem a partir de toda essa situação de pandemia que estamos vivendo: é nossa passagem, o nosso desinstalar-se. E como tem sido dolorido e difícil! De repente, tudo parou. Não temos mais nosso ritmo, nossa rotina. A Igreja Católica, de modo profético e sábio, também interrompeu suas atividades. As missas deixaram de ter a presença de fiéis e, ao retornar, a participação das pessoas deve respeitar um controle. As pastorais e movimentos não se reúnem. Estamos fazendo a passagem. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7
Por que tem sido difícil? Porque estamos tendo que repensar nosso jeito de agir e de evangelizar. Estamos saindo das nossas seguranças, da manutenção. Mas não podemos duvidar: “É um período fértil para a evangelização”. Vimos uma corrida aos meios de comunicação e mídias sociais. Padres, bispos e leigos se viram obrigados a usar essas novas tecnologias para atingir os fiéis. E isso não é louvável? Temos que dar Graças a Deus, já que a Igreja do Brasil é uma das poucas no mundo a incentivar a Pastoral da Comunicação em suas paróquias. Ainda mais que não sabemos quando e como será o retorno aos grandes encontros comunitários, se é que isso será novamente possível. A evangelização, agora, mudou sua perspectiva, não sua mensagem: continua sendo Jesus Cristo. E nesse universo, o on-line, é também uma possibilidade de encontro. Ali há emoção, há sentimento envolvido, portanto, há presença. Estar on-line é também se fazer presente, e isso nos obriga a explorar esse meio. Que as pastorais, movimentos e o clero sejam motivados a se reunir com seus agentes neste novo formato. Palestras, formações, momentos de espiritualidade podem acontecer pelos sistemas digitais, alcançando mais fiéis e pessoas que jamais estariam em nossas igrejas. Estamos aprendendo que muitas de nossas reuniões poderiam ser um e-mail. Mas, atenção: isso não significa que o objetivo da comunicação eclesial seja substituir o comunitário, mas chamar, apontar e conquistar fiéis para o presencial.
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Mas quais seriam, então, nossas preocupações no uso das novas tecnologias neste tempo de pandemia? 1. Redescobrir o valor da Palavra de Deus: ter mais atenção e aprender a rezar com a Sagrada Escritura. A Constituição Dogmática Dei Verbum já nos trouxe esse alerta: “As divinas Escrituras sempre foram veneradas como o próprio Corpo do Senhor pela Igreja, que – máxime na Sagrada Liturgia – não cessa de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, tanto na mesa da Palavra de Deus quanto da mesa do Corpo de Cristo”. (n. 21). Nas missas transmitidas, não há a Comunhão Sacramental, mas temos a Palavra de Deus, que na história da Salvação sempre foi alimento salutar e saudável, conduzindo o Povo em direção à Libertação. Olhemos para nossas celebrações comunitárias: qual o valor que damos à Liturgia da Palavra? Às vezes fazemos com pressa, sem atenção, como se fosse uma parte sem importância. Aproveitemos desse momento para catequizar nossos fiéis; 2. Catequizar nosso povo para o valor do perdão, da concórdia e da fraternidade. Que pelo testemunho pacificador, dentro de um discurso tão polarizado, a Igreja ajude a humanidade a repensar suas atitudes violentas e cheias de más intenções, optando sempre pelo diálogo. “Quando o outro pensa diferente de mim não significa que ele seja meu inimigo e precise ser eliminado”. Que o clero e religiosos também tenham um discurso pacificador e não “incendeiem” as redes sociais com discursos políticos; 3. Ajudar as pessoas a entenderem que todo discurso da Igreja sempre se dá a partir da dignidade da pessoa e da JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9
defesa da vida. Nossa mensagem, a partir de Jesus Cristo, apresenta razões de esperança. Aqui entra, também, nossas atividades caritativas e sociais. Que apresentemos esse trabalho à comunidade não como forma de aparecer, mas para demonstrar que lutamos pela vida; 4. E, por fim, nossa mensagem deve sempre combater as notícias falsas. Num momento onde milhões de notícias são compartilhadas a cada minuto, ajudemos nossos fiéis a entender o fenômeno das fake news; Que o Espírito Santo nos conduza nessa travessia, fazendo desse momento o tempo da Graça de Deus em nossas vidas. E que seja um período fértil para a evangelização. Amém!
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Por Aline Eloísa da Silva, professora da rede pública de ensino, graduada em Letras e Pedagogia e pós-graduada em Estudos Linguísticos e Literários
diário da quarentena
MESMO COM ISOLAMENTO, AMPLIAR HORIZONTES E INTERAÇÕES SOCIAIS
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ma força enorme de proporções nunca vistas está devastando a Amazônia, em duas dimensões que se combinam de forma brutal: a pandemia do Covid-19, atingindo corpos vulnerabilizados, e o aumento descontrolado da violência sobre os territórios. A dor e o grito dos povos e da terra se fundem em um mesmo clamor. A Pandemia da COVID-19 mudou completamente o cenário social no qual estávamos imersos. Fizeram-se imperiosas mudanças e adaptações no setor profissional. Muitas áreas foram e seguem sendo afetadas, especialmente aquelas que estão diJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11
retamente ligadas ao entretenimento, à cultura, à educação, à religião, ao turismo e ao setor alimentício. Cresceram consideravelmente as lives, entregas por delivery, drive-thru, cultos e missas transmitidas pelas mídias digitais. Especialmente no campo educacional, para além de uma adaptação, se fez necessária uma reinvenção do trabalho, para que fosse possível a continuidade das nossas atividades. De um dia para o outro, traçamos novas rotas e modificamos a rotina, bem como as tecnologias que utilizávamos e já eram costumeiras: Giz, lousa e livro didático. Num primeiro momento, a escola criou um grupo de Whatsapp por turma, viabilizando a interação entre docentes e discentes e a fim de estabelecer qual seria o canal de comunicação adequado nesse período. Foi então que as aulas ganharam um novo formato mantendo, assim, nossa nova rotina de estudos. Nossas salas de aula físicas foram transportadas para o Google Classroom, uma plataforma em que é possível criar salas, enviar e receber atividades dos estudantes, corrigi-las e dar uma devolutiva. A plataforma também permite a publicação de vídeo- aulas e sugestões de links para os estudantes. Ao mesmo tempo em que tem sido desafiador, o aprendizado também tem sido constante, percebo que até nossos alunos, tão familiarizados com as tecnologias digitais, encontraram dificuldades para migrarem da sala real para a virtual. Infelizmente, nem todos os estudantes estão na plataforma ou nos grupos de Whatsapp por não terem acesso à internet. Nesse sentido, como servidora pública, devo reconhecer o esforço por parte dos órgãos superiores na tentativa de minimizar o retrocesso da aprendizagem nesse período. Os estudantes do nosso estado estão tendo aulas televisionadas, estão sendo disponibilizadas apostilas dos conteúdos JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 12
através dos PETS (Programa de Estudos Tutorados), e há um aplicativo gratuito com um chat onde é possível tirar as dúvidas da garotada. Não tem sido fácil, mas estamos transpondo barreiras para fazer com que a educação não pare. A escola segue fechada e essa decisão é imperiosa para a ocasião. D e f i n i t i vamente, ainda não temos condições de estabelecer um plano contingencial para retomada das aulas presenciais: nossas salas de aulas têm lotação máxima, o que tornaria o distanciamento impraticável. Nossos bebedouros e banheiros são todos coletivos, entradas, saídas e intervalos provocariam aglomerações constantes, e além do mais não disponibilizamos de recursos físicos e financeiros suficientes para que haja limpeza minuciosa de todo o prédio de hora em hora, da garantia do uso de álcool em gel e o devido uso e troca de máscaras por parte de todos os estudantes. Mas em meio a tantas incertezas e perdas, a educação ampliou os horizontes, os muros da escola foram ultrapassados, não obstante a distância física que nos separa, nos aproximamos não só de nossos estudantes, como também de suas famílias. Estou apostando que, quando essa pandemia passar, seremos seres humanos melhores, mais solidários, humildes e agradecidos a Deus, que não permitiria o mal se dele não pudéssemos tirar um bem maior, e que não fecha portas sem já ter escancarado as janelas.
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Por Flávio Borges, professor adjunto do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e doutor em Ciências
diário da quarentena
ANÁLISE DE CONTEXTO: PANDEMIA E AS MUDANÇAS COTIDIANAS
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situação atual de isolamento social devido à pandemia interferiu, diretamente, no cotidiano e na rotina de todas as pessoas do mundo. A doença atravessou nosso cotidiano, forçando-nos a adaptar a um novo contexto de vida: privado de socialização, de lazer ao ar livre, de contato com amigos e familiares e, inclusive, reorganizando nossa forma de trabalhar, diretamente de nossas casas, quando possível. A partir do meu lugar de fala – professor do magistério superior de um curso da saúde de uma universidade pública federal situada no interior do estado de São Paulo – encontro-me em isolamento social desde o mês de março. Impossibilitado de viajar a trabalho e de visitar minha família que reside em Minas Gerais, trabalhando em home office diariamente e senJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 14
do cobrado para manter a mesma produtividade acadêmica de antes. Sem a possibilidade de desenvolver atividades físicas ao ar livre, mantenho-me em isolamento social com minha família em casa, conforme prezam a ciência e as orientações de saúde mundiais: isolamento social como única forma, até o momento, de prevenir a doença e sua propagação. O contexto obrigou que eu fizesse diversas adaptações. Algumas até melhores do que a rotina que tinha anteriormente como, por exemplo, minha alimentação que passou a ser mais saudável, afinal, posso cozinhar todos os dias em casa e obter alimentos frescos para essa preparação diária, diminuindo o consumo de fast food e comida industrializada. Contudo, a prática de atividade física precisou ser adaptada para que pudesse ter uma melhor qualidade de vida, sendo desenvolvida no quintal da minha casa. Somado a isso, tive que desenvolver uma disciplina mais rigorosa com os horários de dormir, acordar, trabalhar e descansar, pois foi preciso manter uma rotina de trabalho, preservando os momentos de descanso, finais de semana em família, tempo de sono, etc. Desafio imenso de colocar em prática, pois é muito fácil desorganizarmos esses limites quando estamos fazendo tudo isso em um mesmo espaço físico: nossa casa. Contudo, considero-me uma exceção, afinal, não foram todas as famílias que tiveram a oportunidade de apenas adaptarem suas vidas. Muito pelo contrário. É preciso levarmos em consideração os determinantes sociais e as imensas desigualdades existentes em nosso país, que se tornaram ainda mais nítidos após a pandemia, colocando em evidência a miséria, o impacto do desemprego na vida das pessoas, a má distribuição de renda, que faz com que grande parte da população se coloque em JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 15
risco, cotidianamente, na busca pelo próprio sustento. O Brasil necessita de políticas públicas que garantam mais do que igualdade, mas equidade: dando mais àqueles(as) que mais precisam. Só assim, será possível alcançarmos um país mais justo e que leve em consideração a interseccionalidade dos fatores que interferem no bem estar social da população em geral.
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ecumenismo
Texto: Assessoria de Comunicação – CNBB Imagem: Ateliê 15
IGREJAS PROPÕEM ECUMENISMO COMO UM ‘COMPROMISSO DE AMOR’ EM CAMPANHA V Campanha da Fraternidade Ecumênica
“Cristo é a nossa paz:
do que era dividido, fez uma unidade”. (Ef 2.14a)
ARTE: ATELIÊ15
“Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”
28 de Março
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o próximo ano, a Campanha da Fraternidade será ecumênica e terá como tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. E como lema o trecho da carta de Paulo aos Efésios: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2, 14ª). Essa será a quinta CFE e tem como objetivo geral “convidar as comunidades de fé e pessoas de boa vontade para pensar, avaliar e identificar caminhos para superar as polarizações e as violências através do diálogo amoroso testemunhando a unidade na diversidade”. A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) de 2021 já tem cartaz escolhido. A equipe que prepara a CFE do ano que vem, composta por representantes da CNBB e de outras igrejas-membro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), realizou concurso para a escolha da arte. A arte para ilustrar o caminho fraterno de diálogo e comunhão foi elaborada pela agência Ateliê 15. O cartaz remete ao apelo de Cristo pela unidade. O secretário executivo para Campanhas da CNBB, padre Patriky Samuel Batista, destaca que “Cristo é a nossa paz e suas ações nos inspiram a concretiza-la por meio do nosso testemunho de vida”. “Seu amor nos une, sua Palavra desperta em nossos corações o compromisso com a construção de uma sociedade que seja capaz de dialogar superando assim as polarizações que adiam a “cultura do encontro” e o desejo de Cristo de que todos sejamos um (Jo 17,21). Cultura capaz de iniciar processos de vida nova a partir de um coração que se converte e, como tal, jamais deixará de dialogar, viver a fraternidade e, em conjunto, trabalhar em favor da justiça e pela paz”, reforça padre Patriky.
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Segundo os artistas do Ateliê 15, a base do desenho é uma ciranda, uma grande roda onde não há primeiro, nem último, onde todos formam uma unidade e precisam trabalhar na mesma sintonia e ritmo para não perderem o compasso. “A ciranda lembra uma canção muito comum em nossas comunidades, ‘baião das comunidades’ do cantor e compositor Zé Vicente. Todas e todos são convidados a participarem desta ciranda pela vida construindo a civilização do amor, da justiça, da igualdade e da paz. Na ciranda há uma criança com a mão estendida a espera de mais pessoas a fim de que o movimento de fraternidade não pare. Somos todos convidados!”. A seleção da arte se deu por meio de um concurso. Em relação ao texto base, a previsão é de que no mês de julho ele esteja concluído. O hino também deve ser divulgado em breve. São membros do CONIC as seguintes Igrejas: Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiteriana Unida, Aliança de Batistas do Brasil. Ainda participam da comissão de preparação representantes do Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização (CESEEP) e a Igreja Betesda como Igreja convidada.
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comunicações aniversários julho Natalício 3 Padre Edimar Mendes Xavier 5 Padre Guilherme (Gleyner) Silva Souza (Prior) 9 Padre Francisco dos Santos 11 Padre Antônio Carlos Melo 12 Padre Ailton Goulart Rosa 15 Padre José Eduardo Aparecido Silva 16 Padre José Milton Reis 17 Rovilson Ângelo da Silva 17 Padre Matheus Junior Pereira 22 Padre José Pimenta dos Santos 28 Padre Juvenal Cândido Martins Ordenação 1 Padre Sérgio Aparecido Bernardes Pedroso 2 Padre Denis Nunes de Araújo 6 Padre Norival Sardinha Filho 9 Padre Edson Alves de Oliveira 10 Padre Antônio Donizeti de Oliveira 15 Padre Robison Inácio de Souza Santos 16 Padre Sidney da Silva Carvalho 16 Padre Weberton Reis Magno 17 Padre Reinaldo Marques Rezende 17 Padre Paulo Carmo Pereira 20 Monsenhor José dos Reis 22 Vinícius Pereira Silva 23 Dom José Geraldo Oliveira do Valle (episcopal) 30 Padre José Ricardo Esteves Pereira 30 Padre Ademir da Silva Ribeiro 30 Padre Sebastião Marcos Ferreira 31 Padre Thomaz Patrick O’Brien – OMI JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 20