JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
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ANO XXXII - 379
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JUNHO DE 2021
expediente
Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor DIÁCONO JORGE AMÉRICO DE OLIVEIRA JUNIOR Equipe de produção DANIELA FREITAS DA SILVA EVANDRO LÚCIO CORRÊA JOSÉ EDUARDO DUARTE LUCIANA OLIVEIRA MEZETTI SILVA MARIA ELIETE CASSIANO MOREIRA MARIA FERNANDA CAMPOS MARIVALDA CEZÁRIO SANTOS TOBIAS MESSIAS DONIZETE FALEIROS ROBERTO CAMILO ÓRFÃO MORAIS SIMARA APARECIDA TOTI VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Revisão VALÉRIA HELENA ALBINO DA SILVA CORRÊA Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br
editorial
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ão se constrói nada sozinho. É preciso de muitas mãos, e mãos generosas! É assim que as comunidades vão ganhando forma, e da mesma forma, as obras que ajudam na evangelização. A Igreja, desde sempre evangelizou! Pelo testemunho dos Santos Apóstolos, pela entrega incondicional dos que foram coroados pelo martírio, pelos compilados, pela distribuição dos sacramentos, pela caridade e, por tantos outros meios. Com o decorrer dos anos, a Igreja entendeu que também era necessário utilizar da imprensa escrita em prol da fé. E assim, fez com que o Evangelho chegasse mais perto das pessoas. E com o avanço tecnológico, a rádio se tornou uma grande aliada dos meios de comunicação. Pio XI, no entanto, foi o primeiro Pontífice a discursar numa emissora radiofônica. Pensou-se que com o advento da TV e internet, a rádio seria suprimida, bem como pensou-se o mesmo com o jornal impresso. No entanto, percebe-se que ainda que os meios de comunicação se evoluam, na comunicação, há lugar para todos os veículos. Há quem ainda se interesse pelo jornal impresso, outros pelos aplicativos sociais, outros ainda pela TV. Mas a rádio sempre estará no coração e fará uma boa companhia aos viajantes.
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voz do pastor
Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé
A RÁDIO DO CORAÇÃO EM SINTONIA COM DEUS
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o princípio de tudo, estava a Palavra e a Palavra era Deus (cf. Jo 1,1). O Evangelho de São João nos indica o papel fundamental da comunicação como manifestação do Senhor a seu Povo, Deus quis deixar-se perceber ao longo da história e isso acontece por meio de inúmeras mensagens compartilhadas por seus escolhidos, tornando-se evidente com o anúncio de Jesus de Nazaré. Ao valorizar os inúmeros avanços dos meios de comunicação, a Igreja compreende a importância do uso desses novos espaços, verdadeiros areópagos onde se comunicam a Boa Nova a um número imenso de espectadores, ampliando o espaço do púlpito das igrejas e tornando-se acessível a todos que desejam se aproximar da Verdade. É com essa consciência que celebramos, com gratidão, o trabalho evangelizador da Rádio Difusora Live, em Machado, que completa 70 anos de fundação, sendo a primeira rádio paroquial de todo o país, adquirida pela Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio, em 1955. O trabalho de evangelização pelo rádio tem um papel fundamental até os dias de hoje, pois em muitas realidades, o rádio ainda é o veículo de comunicação mais popular, especialmente nas áreas rurais, onde há precariedade do sinal de internet. Mas, esse não é o único motivo para a grande popularidade do rádio, as rádios são veículos que valorizam, sobretudo, a produção de conteúdo com uma identidade local e regional, e isso gera uma profunda intimidade do ouvinte com aquele que produz a informação. Devemos muito da espiritualidade de nosso povo ao trabalho proporcionado pelo meio radiofônico, pois é possível re-
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conhecer a relação próxima e afetiva que muitos têm com os programas realizados por padres e leigos com partilhas sobre o Evangelho, orações que favorecem a santificação das famílias e testemunhos de fé marcantes. Quem nunca se emocionou ao ouvir e rezar junto a Ave Maria, às 18 horas? Com toda certeza, como todos os meios de comunicação, as rádios se desenvolveram e se adequaram a uma nova linguagem para continuar a missão de ser companhia no dia a dia da labuta das donas de casa, daqueles que saem para o trabalho e de muitos que viajam, todos encontram no rádio uma presença confortadora. É preciso agradecer o trabalho de todos aqueles que se dedicaram à Rádio Difusora, ao longo de tantos anos, de modo carinhoso, ao Cônego Walter que evangelizou por décadas correntes, e também àqueles que nos dias de hoje assumem o desafio de manter a rádio num tempo de tantas possibilidades de comunicação, de forma destacada ao padre Pedro Alcides, que assumiu a direção juntamente com a Associação Civil Sagrada Família, em 2018. Sendo assim, a celebração dos 70 anos de fundação traz a novidade da migração da frequência AM para FM, que deve acontecer em breve, ampliando a capacidade de chegar a mais lugares. Que o Espírito de Deus continue a favorecer a missão da Difusora Live e que a Boa Nova de Jesus Cristo chegue a todos os lares...
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Professor Wanderlei Freire
opinião CASAMENTOS MODERNOS
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matrimônio é uma tradição na sociedade desde os primórdios da humanidade, é uma celebração que continua a acontecer pelo mundo afora nas suas mais diversas culturas e costumes, mas que vem sofrendo algumas evoluções JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 6
e mudanças nas últimas décadas. Para nós cristãos católicos, o matrimônio é definido pelo Código de Direito Canônico como sendo “o pacto pelo qual o homem e a mulher constituem entre si o consórcio íntimo de toda a vida, ordenado por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à procriação e educação da prole, entre batizados foi elevado por Cristo Nosso Senhor à dignidade de sacramento. É, portanto, um dos sete sacramentos da Igreja, que estabelece uma santa e indissolúvel união entre um homem e uma mulher, e lhes dá a graça de se amarem, multiplicarem e educarem os seus filhos”. Com o passar dos anos, com o advento da tecnologia e com as inúmeras possibilidades que esta oferece, as pessoas se intitularam “modernas”, mudando a maneira de pensar e agir. Diante da questão do casamento, também não é diferente. Se na época de nossos pais era comum se casar muito jovem, hoje esse cenário mudou. Muitos são os fatores que levaram a essa mudança de comportamento, um deles é a busca da estabilidade financeira. A geração atual visa primeiro a independência, a realização profissional, a promoção no trabalho, etc. A partir disso, é que vão pensar num parceiro(a) com as mesmas características para juntos constituírem a família. Ao contrário do que ensina a igreja, muitos casais optam por não terem filhos e muitos deles preferem apenas um contrato de união estável, sob a alegação de que é menos burocrático e que para subirem ao altar fica dispendioso. Sob estas e outras alegações o sacramento vem infelizmente perdendo sua essência na vida das pessoas intituladas “modernas”. A igreja atenta a tudo isso, oferece por meio de seus ensinamentos, apoio e ajuda aqueles que dela se aproximam para a busca de uma união alicerçada nos valores evangélicos. Portanto, a família é o projeto de Deus para a humanidade, sem ela, não sabemos a que porto chegar. E para selar o pacto familiar com o Divino, a Santa Mãe Igreja concede os sacramentos, marcas indeléveis que assinalam a vida dos cristãos católicos, inserindo-os no Corpo Místico de Cristo. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7
Infelizmente tudo parece conspirar contra o casamento: as novelas, a literatura, os casais famosos que se separam. Tudo isso cria uma sensação angustiante de que o casamento está falido, e obviamente não está. No entanto, todo aquele que constrói sua casa sobre a rocha, vindo as tempestades da vida, esta permanece de pé. Portanto, o matrimônio que tem esta base sólida, resiste e permanece na certeza da união. Nascemos para sermos felizes e juntos fazermos a felicidade um do outro. Deus é amor, é fiel; Ele faz cumprir suas promessas, o homem deixará seu pai e sua mãe e unirá à sua esposa e juntos formarão uma só carne e desta união perpetuará a família, nosso bem maior. Sendo assim, que Deus nos ajude e nos fortaleça na missão!
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Prof. Me. Matheus Barbosa Ribeiro é mestre em Educação e Coordenador de Pastoral do Colégio Imaculada Conceição em Passos-MG
fé e política
O CRISTÃO NO EQUILÍBRIO ENTRE FÉ E POLÍTICA
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o ser questionada sobre suas preferências políticas, Irmã Dulce declarava: “Não entro na área política, não tenho tempo para me inteirar das implicações partidárias. Meu partido é a pobreza”. A resposta, que mais se parece como uma sábia maneira de se esquivar de qualquer polêmica, na verdade ressalta os verdadeiros destinatários da ação social transformadora que protagonizava o Anjo Bom da Bahia: o pobre, o fraco, o marginalizado. É nesse sentido que, ao pensar as questões sociais no âmbito da relação entre Fé e Política, é preciso ter claro que a Igreja não se constitui como um partido, embora não se aliene das discussões políticas, pois estas são o instrumento humano de viabilização do bem comum. É preciso salientar, a princípio, que a Igreja não se esconde sob o véu da isenção ou da indiferença política, pois isso signifiJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9
caria a conivência com os graves problemas sociais que afligem inúmeros irmãos. As preocupações com as condições sociais que ferem a dignidade humana, tais como o desemprego, a fome, a miséria, a insegurança, o abandono infantil e tantos outros, fazem parte da função profética da Igreja neste mundo. A política, enquanto “forma sublime de caridade”, como afirmava Paulo VI, constitui-se como um dever cristão a ser amplamente inspirado pelos valores do Evangelho. Por outro lado, é preciso advertir que a Igreja tampouco se apequena à militância político-partidária, pois sua missão não se assenta sobre as diferentes e inconsistentes configurações ideológicas humanas, mas se fundamenta na perene Verdade do Evangelho. A política é um meio, não a finalidade do testemunho cristão. A política não é redentora, não possui um salvador, apesar de muitas vezes observarmos até mesmo entre os cristãos uma espécie de culto a personagens políticos – de direita ou esquerda. Aqueles que assim o fazem, lembram-me da resposta blasfema e desesperada dos judeus para Pilatos: “Não temos outro rei, senão César” (Jo 19, 15). Estes mesmos judeus traziam nos lábios e no coração a prece pela vinda de um Salvador que os livrassem do mesmo império. Observando tais considerações, é evidente a dificuldade de se pensar e exercer a política do ponto de vista cristão. Em função dela estar inserida no plano das ações humanas, ela é também carregada de contradições, mudanças e fragilidades. Torna-se inviável, portanto, qualquer tentativa de reduzir a política cristã a uma personalidade ou partido. As experiências de se eleger “candidatos oficiais” entre outras comunidades, que representariam a totalidade dos valores dos seus membros, são prova desse grande desafio para o cristianismo no âmbito polítiJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 10
co. Não obstante às pautas muito importantes que são defendidas em nome do Evangelho, vemos também muitas situações de contratestemunho público que envergonham o nome de Cristo. Nota-se, portanto, que na relação entre Fé e Política, a Igreja vive na síntese entre a preocupação com os mais necessitados do pão de cada dia, sem desviar o olhar para o destino humano que é o céu. Entre os extremos da indiferença e do fanatismo, o Evangelho exige que se “dê a César”, sem descuidar das coisas de Deus. Pode-se exercer a política sem instrumentalizar a Fé, sem torná-la subserviente aos interesses ideológicos do poder. É possível um agir político genuinamente cristão que supere as brigas mesquinhas do partidarismo, elevando-a à busca das grandes aspirações humanas como a fraternidade, a justiça e a paz. Tal conquista só é possível à medida que nos desvencilhamos das crenças infantis em heróis ou mitos, levando a certeza de que enquanto cristãos, “não temos outro rei”, senão o próprio Deus.
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Diego Ribeiro Lima é irmão gêmeo do Diácono Douglas
notícia CÂMARA APROVA E MONTE BELO VAI MUDAR NOME DE RUA EM HOMENAGEM AO DIÁCONO DOUGLAS
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a noite do dia 18 de maio de 2021, a Câmara municipal de Monte Belo (MG) aprovou a alteração do nome de uma rua em homenagem ao Diácono Douglas Ribeiro Lima
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através do projeto de lei de autoria da vereadora Rosaria Aparecida Souza. A proposta foi aprovada unanimemente pelos vereadores da Câmara de Monte Belo. Agora, a Rua A no bairro Jardim das Oliveiras passará a se chamar Rua Diácono Douglas Ribeiro Lima. A mudança foi proposta considerando a fiel vocação religiosa do diácono que por muitos anos de sua vida levou com entusiasmo e fé a palavra de Deus aos munícipes. Diácono Douglas nasceu em São Paulo (SP) no dia 29 de março de 1992 e aos dois anos de idade mudou-se com a família para Monte Belo. Após o período de acompanhamento vocacional, ingressou no seminário em 2011 com apenas 18 anos. Cursou Licenciatura em Filosofia e Bacharelado em Teologia. Durante o processo formativo, trabalhou em diversas paróquias para amadurecer a sua vocação. Sua ordenação diaconal aconteceu no dia 25 de outubro de 2019 na Catedral Diocesana de Nossa Senhora das Dores, em Guaxupé. E, faleceu no dia 09 de novembro de 2019.
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Pe. Pedro Alcides é pároco da Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio e Diretor da Rádio Difusora Live
em pauta
HISTÓRICO DA RÁDIO DIFUSORA LIVE
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o ano de 1945, tem-se início o trabalho na busca da concessão de uma emissora de rádio para a cidade de Machado, como diretores, o Tenente Brito, João Antônio da Costa e Walter Mattos Reis. Por meio da portaria nº 837 do Ministério da Viação e Obras Públicas no dia 01 de setembro de 1950, obtiveram a autorização de funcionamento. No dia 08 de maio de 1951, a Rádio Difusora de Machado foi ao ar pela primeira vez. Em sua grade de programação apresentava dois grandes jornais falados, um programa esportivo, um programa de calouros e uma seção religiosa. No ano de 1955, a rádio foi adquirida pela Paróquia Sagrada Família na pessoa do Pe. Ildefonso Sigrist. Em 1961, a Rádio é transferida para o pavimento inferior da Casa Paroquial, tendo como diretor o Pe. Santo Marini. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 14
Em 1965, Cônego Walter Maria Pulcinelli assumiu a Paróquia Sagrada Família e a partir daí, fez da Rádio Difusora uma grande emissora católica, tornando-a conhecida como a primeira Rádio paroquial do Brasil, como sempre diz o Pe. Zezinho, filho desta terra e um grande comunicador. Cônego Walter ficou à frente da Rádio até sua morte no ano de 2017. Então, no ano de 2018, a rádio foi assumida pela Associação Civil Sagrada Família, conforme foi a vontade do Cônego Walter, mediante testamento. Neste momento, a Rádio Difusora se encontra em uma nova fase, preparando-se para a migração de AM para FM, a fim de ter uma melhor qualidade de áudio, com isso, ampliar sua audiência e evangelizar nossa comunidade.
PALAVRA DO DIRETOR DA RÁDIO Vivemos um tempo marcado pelo distanciamento das pessoas, tempo difícil de evangelizar, em que fomos chamados a sermos criativos, e percebemos a importância da transmissão de uma Santa Missa, ou seja, percebemos o quanto é importante uma emissora de rádio a serviço da evangelização. Foi um momento em que todas as paróquias tiveram que mostrar a força da PASCOM.
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Mesmo na era das redes sociais, dos aplicativos de músicas, de inúmeros de canais de tv, sabemos que o rádio ainda é o mais ouvido. Conseguimos trabalhar, dirigir ou fazer outras atividades apreciando a programação do rádio, e ainda, chega a todos os lugares e abrange muitas idades. Há um tempo atrás, tivemos alguns padres visionários como o Cônego Walter, Monsenhor Hilário Pardini e Pe. Mário Pio que acreditaram na evangelização por meio do rádio, e com isso, levando a Palavra de Deus para dentro dos lares diariamente. Hoje percebo aqui na Paróquia, que o rádio é fundamental para a comunicação com nossos fiéis. Neste período de Pandemia, conseguimos trabalhar a dimensão da Igreja Doméstica, a família reunida em torno do rádio para ouvir a Santa Missa, sem perder a dimensão da unidade paroquial. Vivemos a era das fake News, ou seja, a falsa notícia, e como evangelizadores temos o dever de levar a Boa Nova, a notícia verdadeira, e sabemos o que é a verdade, “Eu sou o caminho a verdade e a vida” (Jo14,6). Temos uma emissora em nossas mãos, que está a serviço da evangelização, que possamos utilizar a mesma de modo que o anúncio da pessoa de Cristo siga a todos os lares, para que as famílias sejam restauradas, a paz seja reestabelecida, que o amor seja vivenciado e que Deus seja louvado por todos filhos Seus. Sabemos que após o período da pandemia, necessitareJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 16
mos resgatar esse valor da evangelização por meio do rádio. Ainda mais agora, nós da Rádio Difusora Live, que estamos neste processo de migração de AM/FM, precisaremos da contribuição de todos nossos fiéis, portanto temos a certeza que com esse apoio, continuaremos levando a boa música, a informação e claro, a Boa Notícia. Somos a primeira rádio paroquial do Brasil e não mediremos esforços para promover uma comunicação evangelizadora a partir da fé Católica Apostólica Romana. Apresentamos como valores a serem seguidos a Paixão por comunicar a Boa Nova, o respeito pelas pessoas, tendo sempre Compromisso de fé, e almejamos ser referência em comunicação como meio de evangelização no Sul de Minas Gerais. E que o nosso bom Deus nos conduza nessa caminhada.
RELATOS DE ALGUNS OUVINTES “Eu fico muito feliz por fazer parte desta história, faz 30 anos que a Rádio Difusora Live é minha companheira todos os dias, já chego para trabalhar cedo e a primeira coisa é ligar o rádio na Difusora Live” (Iolanda). “A Rádio Difusora Live é uma benção em nossas vidas. É como um membro de nossa família e está presente todos os dias nos fazendo companhia, evangelizando e alegrando nossos dias. Agradeço a Deus por ela existir até hoje” (Luísa Lucas). “Para mim, a Rádio significa uma benção, acompanho desde criança quando minha mãe e minha avó sempre ouviam o JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 17
programa do cônego Walter e hoje, meus filhos também estão sendo evangelizados através da Rádio Difusora Live” (Gislene, de Carvalhópolis/MG). “A Rádio Difusora Live é muito importante para nós, por ser uma Rádio católica, que nos transmite somente programas bons para nosso crescimento espiritual e nos informa sobre tudo que acontece em nosso município. Peço a Deus que possa ouvi-la ainda por muito tempo. Parabéns Difusora Live” (Maria Moraes). “A Rádio é uma bênção muito grande para nós, sou ouvinte todos os dias. Desde pequena aqui na minha casa só ouvimos a Rádio Difusora Live, é uma Rádio que nos ajuda na evangelização, muito boa mesmo” (Dagmar Corsini).
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leigos
Ygor Lacerda Batista da SilvaAcólito na Paróquia Nossa Senhora Aparecida/Alfenas
ALEGRIA DA MINHA JUVENTUDE
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ma famosa frase atribuída a São João Paulo II afirma que “a Igreja só será jovem quando o jovem for Igreja” orientou boa parte da minha adolescência e juventude em que toda quinta-feira me dirigia ao grupo de jovens “Amor Maior” e aos domingos à missa das 18h na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Alfenas. Minha caminhada, de forma mais consolidada, na Igreja iniciou logo cedo, aos 12 anos, no grupo acima citado. Foi nessa turma de jovens católicos, que a minha conversão, que beirava o protestantismo, se consolidou na Igreja Católica. No “Amor Maior” aprendi sobre generosidade, comprometimento e, sobretudo, o apreço pelas coisas do céu.
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Como quase todo jovem que adentra nas pastorais e movimentos católicos e inspirado na frase de São João Paulo II, minha maior vontade era mudar muitas coisas, mas com o amadurecimento fui percebendo que havia mais em mim que precisava ser mudado. Era necessário realmente ser Igreja. Essa maturidade aconteceu justamente com a caminhada pastoral que nunca se limitou as reuniões de quinta-feira. Foram dias e dias em que me dirigi à paróquia e ali, tal como a Sagrada Escritura diz sobre Jesus, fui crescendo em sabedoria, graça e estatura (Cf. Lc 2, 52). Aos que me conhecem sabem que cresci bem mais em estatura do que nas outras duas características. Nesse tempo, comecei a participar dos Acólitos, que foi fundamental para poder entender a grandiosidade da liturgia. A beleza dos momentos litúrgicos foi muitas vezes escondida pela falta de conhecimento sobre eles. Posteriormente ingressei na Catequese de Crisma, um ministério que pude aprofundar ainda mais sobre a essência e sublimidade da Santa Igreja. Foi um passo relevante para conhecer a Doutrina e o Magistério, e uma oportunidade de ajudar outras pessoas a conhecerem e amarem a Igreja Católica. Talvez nessa caminhada, um dos pontos mais importantes foi na Jornada Mundial da Juventude de 2013, realizada no Rio de Janeiro, em que na vigília o Santo Padre, o Papa Francisco, disse “somos parte da Igreja; mais ainda, tornamo-nos construtores da Igreja e protagonistas da história. Jovens, por favor, não se ponham na «cauda» da história. Sejam protagonistas. Joguem ao ataque!”. Não me esquecerei nunca deste momento, mesmo completamente distante, rodeado de pessoas que nunca imaginei conhecer, prestes a dormir na beira de uma calçada de Copacabana, ouvir do Sumo Pontífice que eu deveria ser um JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 20
protagonista na Igreja de Cristo, foi um incentivo para continuar minha caminhada. Minha juventude participando nos movimentos e pastorais católicos ajudou na minha formação como um indivíduo que preza pelo bem social e também pelas coisas sobrenaturais, como a santificação das almas. O protagonismo em que assumi ao participar de cada um dos movimentos eclesiais mudou me para sempre, aproximou-me mais de Cristo, a alegria da minha juventude. Logo eu que queria que tudo mudasse ao meu querer, fui preso, acorrentado, por uma beleza sem limites: a Igreja Una Santa Católica Apostólica Romana. Hoje, já aos 24 anos me preparo para receber o sacramento do matrimônio e louvo a Deus por cada momento que estive trabalhando em suas obras, agora, ainda mais iniciando uma nova família e prosseguindo naquela mesma paróquia que foi diferencial em minha juventude.
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Simara Toti é psicóloga e leiga da Paróquia N. S. Aparecida, em Alfenas/MG
os santos também riem
SANTA DULCE DOS POBRES
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hamava-se Maria de Souza Brito Lopes, nasceu no dia 26 de maio de 1914, em Salvador na Bahia. Tornou-se religiosa pela Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e passou a ser chamada de Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe. Era conhecida como o “Anjo bom da Bahia”. Irmã Dulce andava por Salvador em busca de doações para JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 22
aqueles que não tinham dignidade e direitos reconhecidos. Após várias tentativas e busca de lugares onde poderia acolher seus doentes, em 1949, Irmã Dulce improvisou, no galinheiro do convento, um abrigo para aqueles que eram resgatados nas ruas. No ano de 1959, um terreno foi doado para a construção do Albergue Santo Antônio. Anos mais tarde, foi fundado o Hospital Santo Antônio, coração das Obras Sociais de Irmã Dulce. Sofrendo com problemas respiratórios, faleceu no dia 13 de março de 1992, em sua casa, no Convento Santo Antônio. Foi beatificada no dia 22 de maio de 2011, tendo o dia 13 de agosto como data oficial de celebração de sua festa litúrgica. No dia 13 de outubro de 2019, em uma cerimônia presidida pelo Papa Francisco, Irmã Dulce foi proclamada “Santa Dulce dos Pobres”, tornando-se a primeira santa brasileira. Mulher de muita fé não poderia faltar o bom humor, então, conta-se que após ter se instalado no galinheiro com seus pobres, a madre foi visita-la e curiosa pergunta o que fora feito com as galinhas. Irmã Dulce responde com um belo sorriso: “deram uma boa canja para os meus doentes”.
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fé e saúde
Simara Toti é psicóloga e leiga da Paróquia N. S. Aparecida, em Alfenas/MG
DEPRESSÃO PÓS-PARTO
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maternidade ainda é vista com muito romantismo pela maioria da população, especialmente entre as mamães de primeira gestação e as pessoas que não vivenciaram a maternidade. Não se pode negar que é uma experiência única e maravilhosa, porém não se pode e não se deve contrapor que também ela traz consigo muito sofrimento físico e emocional. É mais comum que se pensa a mulher desenvolver doenças durante a gestação e pós parto. Uma das incidências mais frequentes é a depressão pós-parto. Essa condição é definida como uma profunda tristeza que pode trazer consequências para a mãe e o bebê, visto que, há comprometimento do vínculo entre eles. Os sintomas da depressão pós-parto geralmente aparecem JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 24
nas três primeiras semanas após o parto, mas varia de mulher para mulher, podendo ocorrer meses após o parto. Alguns sintomas que sugerem um quadro depressivo e devem ser valorizados: · Falta de interesse por atividades diárias que anteriormente eram prazerosas. · Perda ou ganho de peso rápido; · Insônia ou excesso de sono; · Cansaço extremo; · Ansiedade e excesso de preocupação; · Sentimento de menos valia. · Sentimento de culpa; · Tristeza profunda; · Dificuldade para se concentrar e tomar decisões; · Vontade de prejudicar ou fazer mal ao bebê ou a si própria. Por se tratar de uma situação extremamente delicada, muitas vezes, quem está auxiliando a puérpera não sabe ao certo como lidar com isso, já que exige muita paciência e cuidado. Sugere-se a procura de ajuda do profissional médico e psicólogo ao notar qualquer sintoma acima descrito por mais de três dias. É preciso ter consciência de que se trata de um transtorno, portanto, é necessário apoio profissional o quanto antes, para evitar o agravamento e as consequências severas do distúrbio. Para além da ajuda profissional, a participação da família é fundamental. A nova mamãe precisa de apoio durante a gestação e após o nascimento do bebê. É importante que ela reconheça sua rede de apoio, tendo a certeza de que estarão presentes quando ela precisar.
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Sendo diagnosticada e tratada a tempo, a depressão tende a ser controlada rapidamente e a relação mãe e filho é plenamente reestabelecida, podendo assim, fortalecer os vínculos e saborearem as alegrias da maternidade.
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Gislaine Monteiro Heluany Costa é professora e Coordenadora da Pastoral dos Proclamadores da Palavra da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Cássia/MG
símbolos
CORPUS CHRISTI
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solenidade de Corpus Christi é uma das festas mais importantes da Igreja. Foi instituída pelo Papa Urbano IV no ano de 1264, após o Milagre de Bolsena, em que um sacerdote celebrante da Santa Missa, no momento de partir a Sagrada Hóstia, teria visto sair dela sangue, que empapou o corporal. O papa determinou que os objetos milagrosos fossem trazidos para Orvieto em grande procissão em 19 de junho de 1264, sendo recebidos solenemente por Sua Santidade e levados para a Catedral de Santa Prisca. Esta foi a primeira procissão do Corporal Eucarístico de que se tem notícia. A Festa de Corpus Christi é uma celebração do sacramento da Eucaristia, como uma forma de relembrar a morte e ressurreição de Jesus Cristo, tendo como objetivo litúrgico agradecer e louvar pela eucaristia e realizar uma manifestação pública de fé na presença real e permanente de Jesus Cristo no Pão vivo JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 27
descido do céu. Tudo isso expresso pela celebração da própria missa e pela procissão solene nas ruas com a Hóstia consagrada. A Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de ação de graças, oferecido ao Pai, uma vez por todos na cruz; por este sacrifício. (CIC 1407) A celebração Eucarística inclui sempre: a proclamação da palavra de Deus, a ação de graças a Deus Pai por todos os seus benefícios, sobretudo pelo dom do seu Filho, a consagração do pão e do vinho e a participação no banquete litúrgico pela recepção do corpo e do sangue do Senhor. Estes elementos constituem um só e mesmo ato de culto. É o próprio Cristo, que, agindo pelo ministério dos sacerdotes, oferece o sacrifício eucarístico. E, é ainda o mesmo Cristo, realmente presente sob as espécies do pão e do vinho, que é a oferenda do sacrifício eucarístico. Os sinais essenciais do sacramento eucarístico são o pão de trigo e o vinho da videira, sobre os quais é invocada a bênção do Espírito Santo e o sacerdote pronuncia as palavras da consagração ditas por Jesus durante a última ceia: Isto é o meu corpo, que será entregue por vós... Este é o cálice do meu sangue... Pela consagração, opera-se a transubstanciação do pão e do vinho no corpo e no sangue de Cristo. Sob as espécies consagradas do pão e do vinho, o próprio Cristo, vivo e glorioso, está presente de modo verdadeiro, real e substancial, com seu corpo e seu sangue, com sua alma e a sua divindade. Tendo passado para o Pai, Cristo deixou-nos na Eucaristia o penhor da sua glória junto d’Ele. Peçamos a Jesus que através da comunhão eucarística nos JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 28
tornemos semelhantes a ele, que sejamos sustentados ao longo de nossa peregrinação terrestre, e desejemos a vida eterna. Que possamos sempre acolhê-lo como divino hóspede em nossos corações, e sermos sacrários vivos. Principalmente em tempos de pandemia e quarentena, que iluminados pelo Espírito Santo possamos perceber melhor o que está acontecendo com o mundo e a humanidade, e nos tornemos em Cristo, cristãos autênticos e solidários.
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rezando pelas vocações CONHEÇA O CHAMADO DE DEUS NA VIDA DO JOVEM MIGUEL
S vida.
ou Miguel, tenho 19 anos e sou natural da cidade de Bragança Paulista – SP. Mas desde os dois anos, moro em Paraguaçu–MG, onde cresci e vivi a maior parte da minha
Aos cinco anos, eu já mencionava que quando crescesse queria ser padre, porém, com o passar dos anos, outros desejos foram surgindo. Fiz minha primeira comunhão com 11 anos e a partir disso, comecei a entender mais a Igreja, a fé e a Jesus JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 30
Cristo. Participei do grupo de jovens e do grupo de acólitos na Paróquia Nossa Senhora. Quando era questionado sobre vocação, sempre surgiam minhas dúvidas, até que em novembro de 2017, aconselhado por alguns seminaristas e pelo padre, iniciei o acompanhamento vocacional com a Diocese. Com os encontros vocacionais, acabei me encontrando e em fevereiro de 2020 ingressei no seminário. É uma trajetória simples, mas acredito eu, que bela, marcada principalmente pela oração, que me amparou e me auxilia a dar o meu sim a esse grande chamado. #EuSouUmaVocação #RezePorMim
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doutrina
Padre Glauco Siqueira dos Santos é pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição Aparecida, em Conceição da Aparecida/MG
O PERIGO DO RELATIVISMO PARA A NOSSA ECLESIOLOGIA
“T
odo conhecimento é relativo”, é o que apresenta a maioria dos dicionários de português ao definir o relativismo na perspectiva filosófica. A teoria condiciona o conhecimento ao contexto, às circunstâncias, de modo que, não pode haver verdade absoluta. Immanuel Kant, filósofo alemão do século XVIII, defendia a existência da subjetividade e não da objetividade, ou seja, tudo depende de como cada um percebe. Depende da observação e da percepção no que tange ao conhecimento. Ocorre que, nesta perspectiva, a verdade é modificável, adaptável, pode ser relida e redefinida; está sujeita à mudança e depende do ponto de vista que pode ser uma variante frente a uma doutrina, teoria ou conhecimento. Em 24 de abril de 2005 o Papa Bento XVI, em uma homilia, chamou o relativismo de uma ditadura dos dias de hoje. Alertou para o fato de que essa forma de conceber a verdade nada reconhece como definitivo e que “deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”. Não é difícil reconhecer a JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 32
presença e as consequências desta teoria na sociedade atual. Encontramos o “Relativismo” na família, nas múltiplas formas de relação, na política, na educação e, até mesmo, na religião. O filósofo Zygmunt Bauman, ao falar do mundo globalizado, chama nossa modernidade de “líquida”, ou seja, cada qual deseja moldar a sociedade à sua cabeça, por assim dizer. Desta maneira, o ser humano não se compromete, deixa de ter certezas, questiona todas as coisas e todos os conceitos estão em adaptação de modo ininterrupto. O relativismo ameaça, como nunca, nossa eclesiologia. Contamina o exercício da fé e nos empurra de modo avassalador para uma releitura do cristianismo, com instrumentos e concepções não cristãs. Este pensamento torna possível e até “necessário” a relativização das verdades de fé e da moral evangélica. Não é estranho dizer que existem pensadores de vários segmentos e até mesmo teólogos reconhecidos, que impõe um esforço para modificar o cristianismo e, principalmente o catolicismo. Muitas vezes, tudo é proposto com linguagem bíblico-cristã, no entanto, a intenção é reinventar a Igreja numa perspectiva não tanto mais sobrenatural, mas altamente visível e social. Percebemos mais claramente este esforço ao notar que a salvação em Cristo Jesus, nosso Senhor, bem como a missão da Igreja é apresentada única e exclusivamente como uma espécie de libertação política e social. É uma mutilação do mistério da Redenção, pois faz parecer que as questões sociais, econômicas e políticas, uma vez que tenham seus problemas sanados, farão irromper o reino sonhado por Cristo.
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A Igreja sempre foi ativa e responsável na defesa da dignidade humana e da vida. Sempre ensinou e promoveu a solidariedade e o compromisso com as diversas necessidades do ser humano. Tudo isso feito no contexto da missão e da evangelização. Contudo, não podemos e não precisamos imanentizar a busca de Deus e de seu Reino. O conteúdo do sagrado não pode ser esvaziado na imanência humana. A esperança transcendente não pode ser negada e o cristianismo não pode ficar reduzido a uma realidade mental. A Igreja não precisa recorrer a ideologias e teorias filosóficas para defender e colaborar na libertação do homem. Já está na essência da sua missão e no conteúdo do seu anúncio. Aqui queremos provocar uma reflexão no sentido de que, o relativismo, como apresentamos, pode inspirar e até mesmo determinar uma nova hermenêutica cristã católica. Desta forma, todas as realidades da vida eclesial se tornam mutáveis e adaptáveis. Vemos isso, quando nos deparamos com o subjetivismo na celebração da Liturgia, na catequese e nos ensinamentos e opções morais. O relativismo disfarçado de necessidade de uma nova Igreja pode fazer cair no esquecimento o senso do pecado, a importância da conversão interior, pode esvaziar o sentido dos Sacramentos como meios de santificação e presentificação da obra de Cristo e fazer da Igreja uma mera sociedade humana. Urge recordar, crer firmemente e testemunhar que “a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano...” como lemos na Lumen Gentium (Cf.: LG 01). JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 34
Seminarista Richard Oliveira
ao redor do altar O QUE APRENDI DA MESA DA PALAVRA
H
á alguns anos, quando morava em Londrina, no Paraná, vez ou outra, era convidado a participar da missa na capela da casa de Dom Albano Cavallin, bispo já emérito daquela arquidiocese, hoje falecido. Dom Albano era reconhecido como bispo da catequese, e suas historinhas tocavam o coração de todos que o ouviam, desde as pessoas mais simples até os mais cultos. Na casa de Dom Albano, uma coisa me intrigava: a capela pequena e muito simples tinha dois suportes iguais colocados na parede lado a lado, um com o sacrário, e outro com a bíblia. Numa das idas lá, não me contive e perguntei a ele porque ali a bíblia estava colocada do mesmo jeito que o sacrário. Ele sem demora, disse: “Ah! Então você não sabe? O Concílio Vaticano II nos fez ver que não há só uma mesa. São duas. A mesa JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 35
da eucaristia e a mesa da palavra. Nas duas, nós somos alimentados pela presença de Jesus e não há uma que é mais importante que a outra”. Para mim, aquilo era uma grande novidade. Bíblia era bíblia, aquele livro que a gente abre pouco ou escolhe algumas palavras que nos agradam. E aquela foi uma virada na minha compreensão da importância da Palavra de Deus. Percebi que, por mais que eu tivesse uma vivência de fé, ainda havia muito que buscar e aprender. Era preciso ir às fontes. Li na Constituição Sacrosantum Concilium: “Quanto mais a palavra de Deus for oferecida aos fiéis, maior acesso eles terão aos tesouros da Bíblia. Por isso, deve-se ler uma parte bem maior das Escrituras, nos espaços litúrgicos que lhe são reservados cada ano.” (SC 51). Então, as leituras na missa não são só recortes da bíblia para preencher a celebração? Não. As leituras bíblicas não são para preencher o tempo ou para tornar o rito mais solene. Elas têm um fim em si. Elas são a comunicação da Palavra de Deus, que não é qualquer palavra. Palavra com letra maiúscula é o próprio Cristo. Então, da mesa da Palavra é Ele que nos instrui, educa, dá esperança e alimenta para a nossa caminhada de fé. Daquela mesa também partilhamos. Como “ouvintes da Palavra” somos transformados pela Verdade. “Eu sou a Verdade” disse Jesus (Jo 14,6). Ione Buyst, uma grande liturgista, diz que a Palavra é Deus mesmo falando à comunidade que está reunida e, nesse diálogo, coisa grandiosa acontece: libertação, salvação, comunhão. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 36
“(…) a palavra na celebração se converte em sacramento por intervenção do Espírito Santo.” (ELM, 41). A Instrução para o Elenco das Leituras da Missa no n. 10, assim se lê: “A Palavra de Deus e o mistério eucarístico foram honrados pela Igreja com a mesma veneração, embora com diferente culto. A Igreja sempre quis e determinou que assim, fosse, porque, impelida pelo exemplo de seu Fundador, nunca deixou de celebrar o mistério pascal de Cristo, reunindo-se para ler “todas as passagens da Escritura que a ele se referem” (Lc 24,27) e realizando a obra da salvação, por meio do memorial do Senhor e dos sacramentos”. Com efeito, “a pregação da Palavra é necessária para o próprio ministério dos sacramentos, visto que são sacramentos da fé, a qual nasce da palavra e dela se alimenta”. Espiritualmente alimentada nessas duas mesas, a Igreja, em uma, instrui-se mais, e na outra santifica-se mais plenamente; pois na Palavra de Deus se anuncia a aliança divina, e na Eucaristia se renova esta mesma aliança nova e eterna. Numa, recorda-se a história da salvação com palavras; na outra, a mesma história se expressa por meio de sinais sacramentais da Liturgia. Portanto, convém recordar sempre que a Palavra divina que a Igreja lê e anuncia na Liturgia, conduz como a seu próprio fim, ao sacrifício da aliança e ao banquete da graça, isto é, à Eucaristia. (ELM 10) Então, ao estar reunida em torno da Mesa, a comunidade é constituída pela Palavra. Se, como se pode ler na carta aos Hebreus, “A Palavra é viva e eficaz”,(Hb 4,12). Então, o Povo de JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 37
Deus que a acolhe e vive, faz-se missionário pelo próprio testemunho de transformação da vida pela ação da Palavra. A mesa da Palavra torna-se, então, como elemento integrante de eucaristia, revelação de Jesus no meio de nós que se dá por palavras e gestos. Ouvir a Palavra nos interpela também ao seguimento. Se naquelas historinhas que ouvia de Dom Albano, sentia o coração arder pelo desejo de conhecer Jesus mais de perto, mesmo sem entender direito que o que ele fazia, e tentava traduzir a Palavra numa linguagem que me fosse acessível. E quanto mais agora, poderei arder o coração ao perceber-me ouvinte da Palavra, quando o próprio Deus me fala.
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Roberto Camilo Orfão Morais
espiritualidade SIMPLICIDADE
C
ercados pela tragédia que já ceifou no Brasil mais de 430 mil vidas, assistindo pelas mídias/ redes sociais às investigações que revelam a barbárie, o assassinato de uma criança de 4 anos, podemos constatar que a humanidade já perdeu há muito tempo sua inocência. Mergulhada na banalidade do mal, onde a máxima de René Descartes, “Penso logo existo” foi substituída pelo “Apareço logo existo”, temos visualizado a hipocrisia daqueles que em público se autoproclamam homens e mulheres de bem, mas na escuridão de suas masmorras existenciais, exercem as mais sórdidas práticas de desrespeito a dignidade e valores éticos, “Humano, demasiado Humano” diria Friedrich Nietzsche. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 39
Diante desse cenário de dor e indignação, tenho encontrado na virtude da “Simplicidade” um excelente antídoto, pois essa virtude contraria a superficialidade, o hedonismo e intolerância do momento. Refletindo percebemos com facilidade a oposição entre “Simplicidade” e atitudes como soberba, ira, luxúria e vaidade. Atitudes mesquinhas combatidas na história por aquele “verdadeiro Deus e verdadeiro homem”, o Cristo que na simplicidade assumiu plenamente a natureza humana para restituir o Bem e a Verdade. Deus é a simplicidade Absoluta, por isso nossa limitação em entendê-lo. Mas como podemos definir a “Simplicidade” e porque ela é uma ótima escolha contra a banalidade do mal? Simplicidade não deve ser confundida com Simploriedade, pois a pessoa simples não é desprovida da capacidade de elaborar, de questionar. Inteligência não é sinônimo de esnobismo, arrogância, pelo contrário, ela é sinônimo de humildade que vem de húmus, fertilidade. A realidade da vida se mostra complexa e simples, como afirma Goethe: “Tudo é mais simples do que podemos imaginar e, ao mesmo tempo, mais intricado do que poderíamos conceber”. A Simplicidade está expressa nos versos do poeta e místico Ângelus Silesius: “A rosa não tem porquê, floresce porque floresce, não se preocupa consigo, não deseja ser vista”. Simplicidade é sinônimo de bom senso, de competência e habilidade na arte de traduzir do mais incompreensível ao mais simples, basta observar que o conhecimento está na clareza das ideias e não JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 40
na obscuridade. Simplicidade é Graça, sabedoria dos Santos, sempre generosa, como demonstra São Francisco de Assis o “Primeiro depois do Único”, ao vivenciar no século XIII de forma intuitiva o que a mais refinada ciência apresenta. Ou seja, todo o universo está interligado, somos todos irmãos e irmãs, no suave e belo “Canto das Criaturas”! Portanto a Simplicidade é a virtude das virtudes, sem ela segundo André Sponville a humildade seria expressão pernóstica, a coragem exibicionismo. A Simplicidade é um modo de ser e agir, que tem por essência a alegria, espontaneidade e frescor. Ela é o caminhar sereno e leve de amor, onde podemos dizer sim e amém às belezas da Vida.
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comunicações aniversários junho Natalício 14 Padre Sidney da Silva Carvalho 15 Padre Adivaldo Antônio Ferreira 19 Padre Wellington Cristian Tavares 22 Padre Donizete Miranda Mendes 26 Padre Luis Caetano Castro (Religioso) 29 Padre Pedro Alcides Sousa Ordenação 17 Padre Valdeci Martins (Religioso) 19 Padre Clayton Bueno Mendonça 19 Padre Juliano Borges Lima 25 Padre Eder Carlos de Oliveira 26 Padre Bruce Éder Nascimento 29 Padre José Eduardo Aparecido Silva
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