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ANO XXXII - 370

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SETEMBRO DE 2020

“ABRE A TUA MÃO PARA O TEU IRMÃO” [Dt 15, 11]

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ


expediente Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão JANE MARTINS Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265 Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160 Telefone 35 3551.1013 E-mail guaxupe.ascom@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br


editorial “Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. (...) Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio...”

[Os Sapos, do poeta Manuel Bandeira, 1919]

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inchamento, destruição de reputação, cancelamento, bloqueios, denúncias, milícias, ameaças etc. Nos últimos tempos, tornou-se costume ouvir esses termos bélicos adjetivados de forma dúbia como virtual. A definição mais popular da palavra é relacionada ao meio eletrônico, o mundo digital construído pela tecnologia humana, porém essa versão é demasiadamente neutra e exime o ser humano de sua responsabilidade. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 3


É possível fazer a opção pela segunda via possível, menos comum, mas justamente onde mora o perigo concreto do adjetivo, pois qualifica e direciona os atos mencionados no início do texto. A semântica do termo, aqui utilizada, foca a interpretação de virtual como algo “que tem a capacidade de existir” ou, ainda, “predeterminado a ser realizado”. Fazer essa distinção preparatória é causada por uma preocupação partilhada por alguns pensadores de mídia e relações sociais quanto ao uso virtual desses espaços sociais, pois o que é manifesto nas redes se trata de expressões humanas, com possibilidade de tornar-se algo concreto, que impacta e altera a realidade física. A violência que acontece nas redes sociais, sobretudo, é parte do ser humano que participa e sente-se livre para compartilhar suas ideias de ódio, intolerância e privilégios, sem falar, é claro, na propagação de notícias falsas que incitam à polarização extremada entre agentes sociais, favorecendo o crescimento de grupos radicais extremos. Será que esse estágio de virtualidade (compreendido, concomitantemente, como espaço e como atitude) não está gerando algo perigoso demais para este tempo e para as sociedades? Será que não há um favorecimento à emersão dos demônios humanos nas telas, considerando-os inofensivos? Há uma guerra interna e ininterrupta em todos nós, obviamente afetada por questões externas, mas é esse embate que estabelece as posições e as atitudes que teremos diante das diversas e mutáveis realidades da vida. O conflito só será equaJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 4


lizado no instante da morte, quando cessa a atividade psíquica e só aí o homo sapiens encontrará a paz que almeja (ou não). Enquanto isso, é, sim, necessário e urgente que haja limites e critérios que não favoreçam uma guerra interminável e crescente entre pessoas e grupos com pensamentos divergentes. Obviamente, cabe aqui um dito famoso inexatamente creditado a Voltaire por sua biógrafa: “Eu discordo do que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”. Talvez, seja proveitoso acrescentar à sentença, ousadia à parte, os parâmetros éticos que delimitem a liberdade da expressão legítima das ideias. Literariamente, a situação atual se compara ao clássico “O médico e o monstro” (1885) de Robert Louis Stevenson, com o qual se percebe, na relação psicológica entre doutor Jekyll e o senhor Hyde, a batalha constante entre a virtude almejada pela civilização e o limite sombrio da natureza humana. Vale a pena voltar ao texto e retomar o conflito existencial que marca a narrativa e aponta sua mira para o próprio leitor, fazendo-o enfrentar seus próprios anjos e demônios.

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voz do pastor

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

PALAVRA REVELADA: “ABRE TUA MÃO PARA O TEU IRMÃO”

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sempre oportuno o chamado que a Igreja faz aos católicos de nossas dioceses e nossas paróquias para, no mês de setembro, nos aproximarmos mais da Palavra de Deus, prestarmos mais atenção nela e redobrarmos nosso cuidado com a Bíblia. Neste Mês da Bíblia, a Igreja no Brasil, em sintonia com a Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética, destaca o livro do Deuteronômio com o lema “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11). O Deuteronômio é um livro rico em reflexões morais e éticas, com leis para regular as relações com Deus e com o próximo. É bastante presente no Deuteronômio a preocupação de promover a justiça e a solidariedade com os pobres, o órfão, a viúva e o estrangeiro. São leis humanitárias encontradas também no Código da Aliança (Ex 20-23). Feliz escolha deste livro bíblico para o momento atual, tão difícil e desafiante que enfrentamos e também muito complexo. O pano de fundo de toda a história da salvação possui profundas semelhanças: a prevalência, a qualquer custo e a qualquer preço, do privilégio de poucos em detrimento às possibilidades de muitos. Estamos num momento que traz seus agravantes próprios, no que diz respeito à moral e à ética, por isso a atualidade e JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 6


a relevância de refletir o livro do Deuteronômio. É até mesmo fundamental iluminarmos realidades que prejudicam a caminhada humana e um exemplo prático são as fake news. O objetivo da reflexão deste mês deveria estar na derrubada dos valores, prejudicialmente, já consolidados: a mentira e a agressão, que chegam a exaltar a violência e a destruição dos indivíduos. Acreditamos num mundo melhor, fundamentado nos valores do Evangelho, e é para isso que trabalhamos com todo o processo evangelizador. É fundamental criar um projeto de uma sociedade baseada na justiça, na verdade e no amor. Quanto mais assim pensarmos, acreditarmos e vivenciarmos, mais a Palavra de Deus ganhará força com nosso testemunho. Todas as nossas relações serão renovadas, com Deus, com a natureza e, principalmente, com os irmãos e as irmãs. Façamos todo o possível para que em nossa diocese e, consequentemente, em nossas paróquias e comunidades a Palavra de Deus ganhe mais atenção e torne-se critério para nossa ação, em vista de uma profunda transformação na sociedade, na família e em nossos relacionamentos. Uma proposta que sugiro é que você, leitor, busque em sua Bíblia o livro do Deuteronômio que, apesar de longo, vale muito a pena a leitura quantas vezes forem necessárias. Tenha a certeza que você terá uma compreensão da Aliança de Deus com seu povo. Vale a pena o interesse e seu esforço. Que Deus o ilumine. Amém.

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Por Otávio Lemes, seminarista

opinião SAGRADA ESCRITURA: FRUTO DO ENCONTRO AMOROSO DE DEUS COM SEU POVO

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silêncio costuma gerar as palavras certas. Antes de uma escrita, há o silêncio fecundo, que se traduz na vida. A linguagem que liga os seres, as palavras que não são simples dizeres, tem a missão de ligar aquele que fala com aquele que ouve. Assim acontece a trama da vida. O silêncio então é rompido, a vida passa a ganhar registros, formando uma estreita ligação entre a memória e o escrito. A Sagrada Escritura comporta este jeito. Não caiu pronta do céu, nem foi ditada, como se os autores sagrados vivessem o tempo todo em êxtase. Mas foi vivida, meditada no silêncio, reJORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 8


passada de viva voz. É emocionante imaginar a convicção com que o pai, na noite santa da páscoa, contava para o filho o fato fundante de sua história, um povo escravo que teve um encontro amoroso. Um Deus que toma a iniciativa e se revela como libertador. A partir deste fato, nasce a história do Povo de Deus, que era importante demais para ser levada pelo vento, caso não fosse registrada. Então, na época da monarquia israelita, com o nascimento da escrita, nasce o livro sagrado com o suor da fronte, as alegrias e tristezas de um povo, que eram alimentados pela esperança no Deus que um dia os libertou do Egito. E nesta história que foi ganhando registro, havia uma promessa. Um salvador, que iria libertar o povo de seus pecados. E eis que a promessa se cumpre: Deus envia seu filho ao mundo, que novidade imensa! A Palavra não é um livro, a Palavra é uma pessoa: Jesus de Nazaré. Ele é a auto comunicação de Deus, como nos ensina a teologia, a plenitude da revelação. Deus que visita o seu povo de forma plena e definitiva. Com isso, o Novo Testamento é inaugurado, são plenamente realizadas as promessas do Antigo. Tudo antes de Cristo é caminho rumo a Ele, tudo depois de Cristo é viver a partir Dele. Depois de sua morte e ressurreição, sua vida ganhou registro, fruto não de uma biografia, mas da experiência de fé da comunidade. Os apóstolos continuaram sua missão, Paulo levou seu nome às nações, a Igreja se encarregou de organizar e nos transmitir o que hoje temos em mãos. De forma bem sintética, está é uma breve história sobre como nasceu o que hoje conhecemos como a Bíblia Sagrada. Um livro que nos leva à experiência de fé. A mesma que Israel teve e que os apóstolos tiveram. Não devemos, portanto, lê-la JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9


com espírito saudosista, mas nos abrir ao Espírito que legitima em nosso meio a revelação que continua processual. Então podemos olhar para os homens e mulheres daquele tempo e, com uma ousadia que nasce da convicção, dizer como os homens disseram à samaritana: “Não é somente por causa dos teus dizeres que nós cremos; nós mesmos o ouvimos, e descobrimos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo” (Jo 4, 42).

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Texto/Imagem: Vatican News

notícias NOVO NÚNCIO APOSTÓLICO PARA O BRASIL É NOMEADO

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Santo Padre nomeou o novo Núncio Apostólico para o Brasil. O escolhido é o arcebispo titular de Giromonte, dom Giambattista Diquattro, que atuava na nunciatura apostólica para a Índia e o Nepal. Nascido em Bolonha, Itália, em 18 de março de 1954, é arcebispo, diplomata, teólogo e canonista. Foi ordenado sacerdote em 1981. Recebeu seu mestrado em Direito Civil na Universidade de Catânia, e doutorado em Direito Canônico na Pontifícia Universidade Lateranense em Roma e mestrado em Teologia Dogmática na Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma. Entrou para o Serviço Diplomático da Santa Sé em 1º de maio de 1985, e serviu em missões diplomáticas nas representações pontifícias na República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Chade, nas Nações Unidas em Nova York, JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11


e mais tarde na Secretaria de Estado do Vaticano, e na Nunciatura Apostólica na Itália. O Papa João Paulo II o nomeou núncio apostólico no Panamá em 2 de abril de 2005. Bento XVI o nomeou núncio apostólico na Bolívia em 21 de novembro de 2008 e em 21 de janeiro de 2017, o Papa Francisco o nomeou Núncio Apostólico na Índia e no Nepal.

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Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação – CNBB

JUSTIÇA E SOLIDARIDADE NO DEUTERONÔMIO SÃO PILARES DO MÊS DA BÍBLIA

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mês de setembro tornou-se referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em todo o Brasil, desde 1971, o Mês da Bíblia. Desde o Concílio Vaticano II, convocado em dezembro de 1961, pelo papa João XXIII, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais. “Já são quase 50 anos que temos essa tradição de dedicar um mês para o estudo mais aprofundado da Palavra de Deus, então é extremamente importante que as comunidades se deixem reunir e experimentar a Palavra de Deus. A Bíblia é para nós a Palavra de Deus revelada, a forma que Ele dialoga continuamente conosco na história”, afirma irmã Izabel Patuzzo, assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Este ano, 2020, a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia, em sintonia com a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), fundamentando-se no livro do Deuteronômio, com o lema “Abre tua mão para o teu irmão” (Dt 15,11). É um livro rico em reflexões morais e éticas, com leis para regular as relações com Deus e com o próximo. Destaca-se, no Deuteronômio, a preocupação de promover a justiça, a solidariedade com os pobres, o órfão, a viúva e o estrangeiro. São leis humanitárias encontradas também no Código da Aliança (Ex 20-23). E o Texto-Base para o Mês da Bíblia deste ano, segundo o arcebispo de Curitiba, dom José Antônio Peruzzo, quer oferecer ao leitor atual a experiência de fé daqueles que primeiramente acederam ao que Deus queria revelar de si mesmo. “Seus autores querem aproximar os leitores de hoje dos protagonistas JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 14


de ontem. É como se os de outrora e os de agora se reunissem para conversar sobre aquele Deus que se revelou, que se deixou conhecer”, afirma o presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Elaborado por um grupo de professores especializados, o texto-base, além de apresentar o contexto e os objetivos do livro, traz informações sobre as características itinerárias e vocabulário, além de sua importância teológica. “É um livro extremamente importante porque ele se apresenta como uma orientação para a comunidade israelita e também para nós. Teve uma grande influência no Antigo Testamento. Foi reelaborado, atualizado por várias vezes por ser extremamente importante”, explica irmã Izabel Patuzzo, assessora da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Encontros Bíblicos Além do texto-base, há o subsídio para os encontros bíblicos. Neste ano, foram preparados cinco encontros na metodologia da Leitura Orante, que garante uma pedagogia interativa e mistagógica. Ao final, há, ainda, sugestões de cantos que podem ser utilizados nos diversos momentos.

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Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação – CNBB

COLETA PARA LUGARES SANTOS TRANSFERIDA PARA A FESTA DA EXALTAÇÃO DA SANTA CRUZ

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Igreja no Brasil e no mundo convidam os fiéis ao exercício da generosidade e da fé nas missas do dia 13 de setembro. Neste dia, será realizada a Coleta para os Lugares Santos, que tradicionalmente ocorre na Sexta-feira Santa. Essa mudança se deu por causa da pandemia do novo Coronavírus que atingiu o mundo e a transferência de data, aprovada pelo Papa Francisco, foi escolhida por ser o domingo próximo à Festa da Exaltação da Santa Cruz. De acordo com o Vatican News, a coleta faz parte das atividades promovidas pela Custódia Franciscana da Terra Santa a fim de conservar e revitalizar os lugares sagrados do cristianismo na Terra de Jesus e em todo o Oriente Médio. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 16


A Igreja tem um cuidado especial com os lugares onde Jesus viveu. Ao todo, a Custódia da Terra Santa tem o compromisso de guardar 80 santuários, localizados nas atuais fronteiras de Israel, Palestina, Jordânia e Síria. “Do Monte Nebo, lugar de onde Moisés contemplou a Terra Prometida aos santuários da vida, paixão e morte de Jesus. De Jerusalém é considerada o coração da Terra Santa. No Monte das Oliveiras, os Santuários da Paixão: o pranto e o lamento de Jesus sobre Jerusalém são celebrados na igreja do Dominus Flevit, que oferece uma das vistas mais significativas da Cidade Santa. Poucos metros abaixo, ao lado do jardim das oliveiras, está a Basílica do Getsêmani, lugar da agonia de Jesus”, descreve a Custódia. E só é possível manter o cuidado e o sustento da presença cristã nestas regiões graças à contribuição dada por toda a Igreja na coleta feita especialmente para os Lugares Santos. O secretário executivo de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), padre Patriky Samuel Batista, ressalta a importância dos brasileiros participarem desta ação. Em um vídeo divulgado recentemente pelo Vatican News, o Custódio da Terra Santa, o padre franciscano Francesco Patton, ressalta que a coleta a favor da Terra Santa é um pequeno gesto de solidariedade para o qual toda a Igreja é chamada a participar. “Graças a generosa ajuda dos cristãos de todo o mundo, nós podemos continuar cuidando e mantendo os Lugares Santos do Cristianismo; do Santo Sepulcro à Basílica da Natividade até aos santuários menos notados; podemos sustentar a ação pastoral das paróquias a nós confiadas”, destaca.

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Frei Francesco explica no vídeo que com o dinheiro da coleta também é possível realizar diversas outras ajudas como educação, acolhida a migrantes e pessoas menos favorecidas.

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Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação/CNBB

CNBB SE POSICIONA CONTRÁRIA À ALTERAÇÃO DA POLÍTICA DE DROGAS NO PAÍS

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Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, carta reiterando sua posição contrária à descriminalização do uso de drogas divulgada em nota oficial de 26 de agosto de 2015. A entidade resolveu se manifestar novamente após a apresentação de um substitutivo ao Projeto de Lei 399/15 que prevê autorização do uso amplo e irrestrito da maconha no território nacional para muito além do uso medicinal. O texto original do PL autoriza apenas o plantio de maconha no País para fins medicinais. Um grupo de parlamentares aponta que este substitutivo não é admissível já que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 19


(ANVISA), em 2019, regulamentou o uso da Cannabis para fins medicinais através das Resoluções da Diretoria Colegiada – RDC Nº 327 e a RDC Nº 335, onde já se prevê a concessão da Autorização Sanitária para a fabricação e a importação, bem como estabelece requisitos para a comercialização, prescrição, a dispensação, o monitoramento e a fiscalização de produtos de Cannabis para fins medicinais, mediante prescrição por profissional habilitado, e dá outras providências. Cabe ressaltar que originalmente o PL 399/15 prevê a alteração do art. 2º da lei nº 11.343/06 que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad. A proposta é viabilizar a comercialização de medicamentos que contenham extratos, substratos ou partes da planta Cannabis sativa em sua formulação. No entanto, o substitutivo apresentado para análise direta do Plenário da Câmara dos Deputados inclui diversas alterações no texto que modificam profundamente a matéria apresentada e favorecendo assim o ambiente para uma verdadeira cadeia de comercialização e consumo da Maconha no Brasil, onde a dependência química representa um dos grandes problemas de saúde pública e de segurança. “O uso indevido de drogas interfere gravemente na estrutura familiar e social. Está entre as causas de inúmeras doenças, de invalidez física e mental, de afastamento da vida social. A dependência que atinge, especialmente, os adolescentes e os jovens, é fator gerador da violência social, provoca no usuário alteração de consciência e de comportamento. O consumo e o tráfico de drogas são apontados como causa da maioria dos atentados contra a vida”, destaca outro trecho da nota de 2015. JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 20


Diante dessa tentativa de alterar o texto original do Projeto de Lei, a conferência reitera sua posição contrária à descriminalização e destaca a importância de se voltar a atenção para políticas públicas de prevenção, apoio aos serviços de recuperação, inclusive os mantidos por entidades religiosas, a prática da justiça restaurativa e o rigor em face dos que lucram com a venda de drogas. Na carta encaminhada ao presidente da Câmara dos Deputados a CNBB reiterou ainda a disposição em colaborar sempre com as discussões importantes do parlamento.

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Por Luiz Fernando Gomes Vitor, seminarista

em pauta A MULHER E A PALAVRA: “IDE DIZER A TODOS QUE ELE RESSUSCITOU” (CF.: MC 16, 7)

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esus sempre teve uma relação especial com as mulheres. O primeiro anúncio da encarnação foi feito a Maria de Nazaré, que foi a mãe de Jesus (Cf.: Lc 1, 26-37). A primeira “visita” realizada por Jesus ainda no ventre de sua mãe foi a Isabel, que o reconheceu como “Senhor” (Cf.: Lc 1, 39-45). Ao longo de toda sua vida pública, manifestou um cuidado especial para com elas: preocupou-se com a viúva que caminhava triste no enterro de seu filho (Cf.: Lc 7, 11-17), com a pecadora adúltera (Cf.: Jo 8, 1-11), com Maria Madalena (Cf.: Lc 8,2; Mc 16,9), com a samaritana (Cf.: Jo 4, 7-29) e o anúncio da ressureição feito por mulheres (Cf.: Lc 24,1-5 ), entre outros encontros que não devem ter sido transcritos na Bíblia. A partir do Evangelho, é possível compreender o protagonismo feminino que existe na Igreja. As mulheres, rosto visível de Deus Pai e Mãe de Amor, anunciam e vivem hoje uma bela JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 22


missão de testemunhar Jesus e sua Palavra no mundo. Neste mês de setembro, o Em Pauta traz o testemunho de algumas leigas e sua relação com a Palavra e a comunidade, enaltecendo as contribuições e a doce presença feminina na Igreja.

Palavra, da família para a comunidade Zani Eduarda do Lago Dias Viana - Botelhos

Venho de uma família cristã, católica praticante e desde a tenra idade fui apresentada à Sagrada Escritura. Meu primeiro contato com Deus e com sua Palavra foi através de meus pais e foi testemunhal. Meus pais sempre tiveram uma vida de oração, fé e missão e isso, indubitavelmente, refletiu em mim. Em nossas conversas e orações, os ouvia agradecer a Deus pelo nosso alimento, nossa saúde, nossa casa, por cuidar de nós e aceitar nossas limitações. Enquanto eu via meus pais prepararem o alimento, cuidarem da casa, acudirem os tombos e limparem os machucados, me acolhiam no colo, onde me sentia amada, pensava então que Deus era como os pais e, por isso, Ele era bom e me amava. E ainda sem compreender quase nada sobre quem de fato era Deus, eu também O amava. Com o tempo, esse amor por Deus foi crescendo e com ele o desejo cada vez mais intenso de compreender, viver e anunciar a Boa Nova. Aos doze anos iniciei minhas atividades em minha Paróquia como auxiliar de catequese e me dedicava fielmente a fazer a leitura dos textos bíblicos nos encontros semanais e, assim como as demais crianças, ficava encantada ao ouvir a catequista “explicar” o que a leitura nos dizia.

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De auxiliar de catequese passei a catequista e acompanhei todo o processo de implantação da Formação Cristã em Comunidade “Tempo de Ver, Crer e Amar”, onde permaneci até meados de 2018. Integrei a equipe paroquial das Santas Missões Populares e pude saborear e vivenciar este processo tão transformador pelo qual passou nossa Diocese, e fiz parte do TLC. Atualmente, sou Ministra Extraordinária da Comunhão Eucarística, Catequista da Iniciação Cristã para Adultos e membro do ECC. Sou esposa e mãe! Sei que Deus é Mistério Inesgotável, mas busco, na Sagrada Escritura e na Eucaristia, compreender, pouco a pouco, sua revelação plena em Jesus Cristo. Sinto que, através da Sagrada Escritura, Deus sempre fala comigo de formas e maneiras novas e imprevisíveis e responde, a seu modo, o que lhe sussurro em oração. Encontro neste diálogo um amplo caminho de possibilidades, que muitas vezes são duras e difíceis de serem absorvidas e em outras são como bálsamo. Na Palavra, posso compreender, com nitidez, minha vocação e missão como mulher, criada à imagem e à semelhança de Deus, como esposa, mãe, discípula e missionária. É ali que posso vivenciar, tocar e sentir o que foi me apresentado tão docemente na infância: Deus é Amor! Alimentada desta Verdade, é impossível permanecer estática, é impossível! Mesmo com todas e tantas limitações, esse amor revelado me coloca em movimento, provoca o desejo de conversão, me dá coragem para sair e testemunhar a Boa Nova através dos carismas e dos serviços pastorais que me foram confiados! É minha força vivificante para acolher os enfermos e idosos, para palestrar, para fazer visitas missionárias, para catequizar, para viver o matrimônio e a maternidade e tentar ser para meus filhos a mesma presença de amor que meus pais um dia foram para mim. Não há outro JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 24


caminho, não há outra verdade. Quanto mais me adentro neste Mistério do Amor de Deus, mais distante vou ficando da margem e o retorno torna-se praticamente impossível. E, mesmo com minhas mazelas e imperfeições, mesmo com minhas cruzes e incertezas, mesmo com o cansaço da missão, ainda que pecadora, em meu coração pulsa forte, cada vez mais forte, o desejo de perseguir um único caminho, a Eternidade, e lá, pela Graça de Deus, me reconhecer plenamente em Jesus Cristo.

Palavra, anunciada e vivida na Catequese Deise Cristina - Muzambinho

Desde muito pequena fui influenciada e incentivada pelos meus pais a participar das atividades da Igreja. Eles foram os responsáveis por semear a Palavra de Deus no meu coração. Morávamos na roça e minha mãe era coordenadora da comunidade e meu pai era ministro da Eucaristia, então sempre os acompanhava. O tempo passou e fomos para a cidade. Nessa época eu tinha 8 anos e a primeira coisa que minha mãe fez foi me levar à catequese. Aos poucos, começamos a participar na comunidade Nossa Senhora Rosa Mística. No início foi difícil, mas o desejo e a vontade de participar era maior. Aos poucos, lá estava eu na catequese e minha mãe como Ministra da Comunhão Eucarística e na Pastoral do Batismo e, como sempre, eu a acompanhava nas visitas aos enfermos, no asilo e no curso de batismo. Mas foi na catequese que aumentou o amor que já vinha sendo cultivado em mim, daí por diante fui me encantando cada JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 25


vez mais com a Palavra de Deus. A catequese despertou em mim o desejo de servir a Deus, ficava encantada com minha catequista, Rosa, que hoje é minha madrinha de crisma. Eu ficava admirada com a alegria que ela conduzia os encontros e foi assim que a palavra de Deus guiou minha vida. Terminei a catequese, fiz a minha tão sonhada primeira eucaristia, mas não consegui sair da catequese e fiquei como ajudante, pois sentia que meus laços com a catequese não poderiam ser desfeitos. Depois fui fazer a tão desejada crisma e como foi maravilhoso e, novamente lá, fiquei encantada pelos encontros e pela catequista Elisandra. Foi um ano de muita alegria. Depois da crisma, assumi uma turma de catequese, acompanhada por outra catequista. Hoje sou catequista e coordenadora da catequese, faço parte da equipe de limpeza, da equipe de canto e do grupo de reflexão no setor. Para servir a Deus foi necessário abrir mão de algumas coisas e limitar outras, mas faria tudo novamente. Valeu e vale cada minuto dedicado! Os desafios são muitos, mas o amor e a misericórdia de Deus na minha vida superam tudo.

Palavra, espaço de reflexão e transformação Ana Cristina da Cruz Rafante - Nova Resende

A Bíblia sempre esteve muito presente em minha vida. Ainda pequena, sempre participava dos encontros em minha paróquia e dos grupos de reflexão em minha comunidade. Mas passei a participar ativamente a partir de um Curso Bíblico, assessorado pelo pessoal de Passos que trabalha com o JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 26


CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos). Este curso teve a duração de dois anos e meio, a cada dois meses vinham assessores diferentes, que nos ajudavam a entender um pouquinho sobre o Primeiro e o Segundo Testamentos. Quando você começa a aprender um pouquinho sobre a Bíblia, você passa a ficar fascinado e, a cada dia, você quer conhecer mais e mais. Existem muitas coisas por trás de uma parábola, coisas que, se a gente presta atenção, percebe que acontece hoje em nosso dia a dia. Então passei a colaborar com a “Bíblia e a Vida”, que são nossos grupos de reflexão. Não há melhor lugar para você conhecer e colocar em prática a Palavra de Deus. Nos Grupos de reflexão você conhece a vida das pessoas, o dia a dia comum, coloca em prática tudo o que Jesus nos pede nos Evangelhos. É lá que formamos opinião, passamos a ser sujeitos e formamos a comunidade. Jesus sempre ensina seus discípulos nas casas, é nas casas que ele forma sua comunidade, e é lá também que propagamos sua missão para que todos sejam senhores, sejam homens, mulheres, crianças. Todos são senhores, todos têm direito a dar sua opinião, a ter pensamentos críticos. Aprendo muito neste sentido nos Cursos Bíblicos de que participo, nos grupos de reflexão e na comunidade em que todos temos os mesmos direitos. A cada dia vemos isto em nosso meio, principalmente em relação a nós, mulheres, que estão, a cada dia, mais engajadas em levar os conhecimentos de Deus e que procuram seu lugar na sociedade, na política, nas decisões JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 27


em comum. Assim, a Bíblia se faz presente nas Comunidades Eclesiais de Base, onde vejo o olhar de Jesus para os mais enfraquecidos, para as mulheres que, em seu tempo, não tinham valor, mas para quem Ele olhava com compaixão. Quantas Marias Madalenas, símbolo no Evangelho de São João, do discípulo amado, não temos hoje em nosso meio em nossa sociedade? Este é o meu testemunho! A Bíblia está sempre presente em nosso dia a dia e nossa ideologia é e sempre será Jesus Cristo!

Palavra, santificação do tempo e da vida Tânia Cristina Fagundes Conti Neves - Machado

Papa Francisco sempre diz: “que as mulheres não se sintam hóspedes, mas participantes plenas na vida da Igreja”. Sou casada com o Afonso e temos cinco filhos. Sinto-me participante da vida da Igreja, afinal, sou Igreja, e procuro fazer minha parte, contribuir, cumprir minha missão, tendo Maria como exemplo. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ensina que Ela nos precede na santidade, que é o mistério da Igreja como “a Esposa sem mancha nem ruga”. Comecei a participar da Igreja ainda criança, quando meu pai me levou para fazer parte do coral infantil da paróquia, depois, senti o chamado para ser catequista e, ainda na juventude, disse sim ao Senhor. Hoje, minha família e eu fazemos parte do Caminho Neocatecumenal, onde temos contato diário com a Palavra através JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ | COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 28


da Liturgia diária e Liturgia das horas. Através do ofício das leituras e das proclamações dos salmos, é possível santificar o dia por meio da oração; através do Caminho, atuamos, também, na Pastoral do Batismo. Somos Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística e continuo fazendo parte da catequese, mas tudo com responsabilidade e prudência, sem comprometer meu papel de esposa e mãe, que também não deixa de ser um chamado, uma missão. A Palavra de Deus me impulsiona a agir, me convida a atuar na Igreja, anunciar oportuna e inoportunamente, levar Jesus ao outro. Tudo é um desafio, mas também um grande privilégio, uma honra. É seguir os passos de Santa Maria Madalena, que esteve aos pés da cruz de Jesus junto com Maria, sua mãe, e foi a primeira a anunciar o milagre da ressurreição. Dentro das minhas limitações e precariedades, peço todos os dias que o Senhor me ajude a perseverar e ser fiel até o fim.

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comunicações aniversários setembro Natalício 1 Padre Donizete de Brito 5 Padre José Ronaldo Rocha 15 Padre Carlos Miranda 17 Lucas (Adriano) Araújo Dutra Ordenação 11 Padre Claiton Ramos 13 Padre Glauco Siqueira dos Santos 19 Dom José Lanza Neto (episcopal) 28 Padre Pedro Alcides de Souza

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