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ANO XXXII - 349
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DEZEMBRO DE 2018
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E isto vos servirá de sinal: encontrareis um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura Lc 2, 12
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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT
JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
editorial “No firmamento brilhou uma estrela maior do que todas as outras! A sua luz era indescritível. A sua novidade causou estranheza. Mas todos os demais astros, incluindo o Sol e a Lua, fizeram coro à Estrela. Esta, porém, ia arremessando a sua luz por sobre todos os demais. Houve, por isso, agitação. Donde lhes viria tão estranha novidade? Desde então, desfez-se toda a magia; suprimiram-se todas as algemas do mal. Dissipou-se toda a ignorância; o primitivo reino corrompeu-se, quando Deus se manifestou humanamente para a novidade de uma vida eterna ” [Santo Inácio de Antioquia, século I]
expediente Diretor geral
DOM JOSÉ LANZA NETO Editor
PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção
LUIZ FERNANDO GOMES JANE MARTINS Revisão
JANE MARTINS Jornalista responsável
ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265
Projeto gráfico e editoração
BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160
Impressão
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vivência histórica de Jesus de Nazaré indica a profunda relação existente entre a vontade de Deus Pai com o ministério e o sacrifício de Cristo, que se torna paradigma para a realização humana. A integralidade da mensagem e do projeto salvífico tornam-se tão presentes na ação de Jesus que não há dúvida quanto à autenticidade e à singularidade da revelação divina na história. A marca fundamental que diferencia a atuação de Jesus está na busca de um envolvimento profundo e íntimo da pessoa de Jesus com o Reino de Deus. E essa experiência de identificação ocorre somente quando o humano se permite deixar tocar-se por um Deus benevolente e generoso com a humanidade. O modo de agir de Jesus demonstra, sobretudo aos pobres, mulheres, crianças e estrangeiros, os excluídos da sociedade
judaica, que Deus direciona sua ação misteriosa propiciando o bem aos seus filhos, sem restrições. A via escolhida por Jesus é o caminho do amor. Ao experimentar a condição histórica, Jesus Cristo, o Verbo de Deus, não transita entre os homens e as mulheres de seu tempo como uma apresentação mágica. Jesus de Nazaré vive junto de seu povo, condicionado às peculiaridades históricas que o oprimem. Assim, ao tomar consciência de sua missão, Jesus combate profundamente as estruturas sociais que violentam seu povo e, ao assumir essa postura, torna-se inimigo dos poderosos que desejam manter seu poderio. Jesus de Nazaré, a encarnação do Verbo de Deus, restitui com seus gestos e palavras a aliança rompida pela inconsistência humana. E faz mais, estabelece novos modos de agir, de pensar e viver, inclusive
a fé. Ao aproximar-se dos amansados pelo peso da injustiça, o Mestre de Nazaré indica o caminho àqueles que anseiam pela comunhão com Deus e denuncia com sua força profética o fratricídio constante da humanidade. A encarnação deve justamente lançar os cristãos num esforço em vivenciar sua espiritualidade na concretude da vida. O caminho rumo à eternidade se inicia obrigatoriamente aqui. A kenosis (rebaixamento misericordioso) do Cristo acontece como marco que rompe os abismos que separavam o humano e o divino. Na dupla natureza de Jesus, une-se definitivamente o Céu e a terra. Na Cruz, o homem-Deus vivencia seu momento sublime, assume o martírio em prol de uma causa que se baseia na fraternidade, no relacionamento ético e justo que vise o bem de todos.
GRÁFICA SÃO SEBASTIÃO Tiragem
3.950 EXEMPLARES Redação
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voz do pastor
Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé
JESUS É A LUZ QUE ILUMINA A HUMANIDADE
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eus nos criou para uma vida repleta de sentido, iluminada. Ao nos criar, fez tudo em vista de seu filho, Jesus Cristo. Ele é o esplendor do Pai. Caminhamos continuamente para Deus e Jesus nos ensina esse caminho seguro que é penhor, pois Nele fomos e somos resgatados. O mundo, hoje, tira toda essa beleza que completa o ser humano e também toda a humanidade, negando toda espécie de transcendência. Assim, prosseguindo nesta compreensão que esvazia o humano, a vida fica pobre, materializada, extremamente limitada e valendo enquanto dura. A pergunta que se faz é: vale a pena ser vivida? Por quanto tempo vai durar esta ousadia? Querer matar a compreensão da vida à luz da fé e da transcendência é teimosia e negar o destino último da eternidade da vida, a saber: a vida em Deus. Surge diante de nós o núcleo da vida e
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da fé - o centro de toda compreensão da revelação das escrituras - Jesus Cristo, a verdadeira luz que ilumina a humanidade. Jesus não pode ser compreendido somente como uma questão de fé para aqueles que esperam e confiam n’Ele ou um simples evento que fala a todas as pessoas. Toda a humanidade, o tempo e o espaço recebem sua marca. Com a Criação, tudo passa a ser transpassado pelo Filho de Deus. Muitos admiram, compreendem, têm até mesmo o desejo de aprofundar-se em seu conhecimento, mas, infelizmente, concluem sua busca na superfície. Por isso, nós, cristãos, devemos seguir seus passos, fazer valer um dos dons do Espírito Santo: o temor do Senhor. Buscá-lo sem medo e receio, entregar-nos totalmente, fazer um mergulho na graça divina com todas as nossas forças. Nesta ocasião da Festa do Natal, quan-
do refletiremos e rezaremos a partir do mistério da encarnação do Filho de Deus, temos uma oportunidade, um momento de graça de nos deixarmos surpreender por Ele. O Natal é a festa da Luz por excelência, a humanidade é acolhida, abraçada e se enche de sentido. Os pequenos e os grandes percebem que nesta criança há algo diferente, extraordinário. Um farol, uma luz que brilha na escuridão da humanidade e que faz toda a diferença, uma luz que não se apaga e aquece nossos corações para todo o sempre. Essa luz é como o ar que respiramos, a água que bebemos, a comida que comemos, a noite que dormimos. Jesus é a verdadeira Luz! Ele se auto denomina: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não caminhará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
opinião
Por padre Pedro Alcides de Sousa, pároco – Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio, em Machado
NATAL: A COMUNICAÇÃO DA BOA NOVA
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história da salvação se dá mediante a comunicação de nosso Deus: “e Deus disse” (Gn1,3ss). Na criação do homem surge uma história de amor, pois o homem é a imagem e semelhança de Deus. Esse homem sente a necessidade de ver como Deus é, e Deus, em sua infinita bondade, para atender o desejo humano, e para a nossa salvação, faz a experiência kenótica, esvaziando-se de si mesmo, e assumindo a condição humana, menos o pecado (Cf. Fl2,1ss). A plenitude desse esvaziamento encontramos no nascimento do Deus feito homem, Jesus Cristo. É na manjedoura que começa um novo ciclo da história da salvação. Mas para que o menino Deus pudesse ser contemplado, podemos maravilhar-nos com a plenitude da comunicação do Pai, que respeita os limites humanos, e agora não apenas diz, e tudo se faz, mas vem e pede permissão a Maria, para que pudesse habitar em nosso meio. A comunicação de Deus com o ser humano é algo esplendoroso, que nos enche de alegria. Essa comunicação é mediada, no caso da vinda de Cristo, pelo Anjo Gabriel: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Quando Maria percebe a presença de Deus, não tem dúvidas em seu coração, acolhe o pedido do anjo, aceita o desafio, pois quer caminhar com Deus, em Deus e para Deus. A comunicação se dá mediante o diálogo, Deus fala e Maria responde: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra!” (Lc 1,38). Vale a pena nos determos um pouco em três palavras ditas a Maria neste anúncio. São palavras fundacionais na comunicação da Boa Nova do Pai:
cidade, mas à disposição, pois Deus está contigo. Onde está Maria, está Deus. Aprendemos com Maria a ser vocacionados do Pai, que comunica seu amor com cada um de nós. E a plenitude da comunicação divina se dá por meio do nascimento de seu Filho Amado, Nosso Senhor Jesus Cristo, na noite de Natal. Mais uma vez encontramos a comunicação de Deus naquela noite, que se apresenta aos pastores dizendo: “Não tenhais medo! Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será para todo o povo: Nasceu-vos hoje, um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi” (Lc2,11). Mediante a comunicação de Deus, os pastores não têm medo, enfrentam a noite escura, guiados pela estrela guia. Vão ao encontro do Menino Deus, e ali se maravilham, fazem suas orações e o adoram. Mais uma vez, Deus comunica-se com eles, para
não voltarem pelo mesmo caminho. Eles ouvem a voz de Deus e seguem à risca o convite, tendo em si a grande alegria, que ninguém pode tirar. Celebrar o natal é celebrar a comunicação da Boa Nova, pois temos a oportunidade de encontrar o sentido pleno de nossa vida. Esse sentido se dá mediante a oração. E na oração mediante a Palavra de Deus temos a seguinte estrutura: É UM DEUS QUE FALA: A iniciativa é sempre de Deus. A oração é sempre diálogo, sempre fala o mais importante, e Deus é mais importante, portanto, a oração é escuta. No princípio é a voz que depois se tornou rosto. Voz que falava com Deus sem ver o rosto: Jesus é o rosto de Deus. É O HOMEM QUE RESPONDE a Deus que fala, gerando então uma aliança. O resulta-
do da experiência da Palavra é a Aliança, Ele é meu, eu sou Seu. A fé não consiste na resposta, mas na inserção. O problema na relação com Deus depara-se com a liberdade, Deus me procura, mas posso ignorar. Quando se diz não, surge, então, o pecado, que é não aceitar o convite de Deus, não dar ouvido à Palavra. A verdadeira resposta é a fé. Maria é o modelo de resposta. Maria ouve e acolhe a Palavra, por isso é a mulher habitada da Palavra. É a mulher da oração. A Bíblia Sagrada é o livro da comunicação de Deus com a humanidade, e só se pode compreender por meio da fé. O lugar originário da interpretação das Escrituras é a vida da Igreja. No centro da Palavra está Jesus, o máximo da revelação, o máximo da comunicação, é Deus vivendo em nosso meio, sentido nossos sentimentos, e nos dando o novo mandamento: “Como eu vos amei, amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34).
ALEGRA-TE: É uma exortação. Ave não é uma tradução, é uma forma de saudar para os romanos. Vos anuncio uma grande alegria (Lc 2,10). A Vocação é um chamado à plenitude. Onde há vocação, há alegria. E a vocação do ser humano é a felicidade. E Maria é a vocacionada por excelência. CHEIA DE GRAÇA: É uma declaração de amor. É uma relação com aquele que é chamado. Eu sou o que sou, graças a Deus. Quando Deus chama alguém, o mais importante é a relação que ele quer estabelecer com a pessoa. Deus não utiliza o ventre de Maria. Ele quis foi seu coração. Ela é cheia de graça porque aceita o plano de Deus em sua vida. O SENHOR ESTÁ CONTIGO: É uma promessa. Essa expressão, o Senhor esteja contigo, é tão forte que é parte integrante da Liturgia. A promessa para Maria é exclusiva, porque o filho que ela trará é o Filho de Deus. Como isso vai ser? “Eu estou contigo”. A vocação não está ligada à capaCOMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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notícias Cinco novos diáconos são Seminário Propedêutico acolhidos no clero de Guaxupé receberá 10 novos seminaristas Texto: Filipe Zanetti / Imagem: Pascom Serrania
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Texto: Douglas Ribeiro | Foto: Henrique Vilas Bôas
os dias 10 e 11 de novembro, aconteceu o último Encontro Vocacional de 2018, no Seminário Diocesano São José, em Guaxupé. Esse encontro tem a finalidade de uma reunião ampla com os jovens que, depois de um período de acompanhamento, têm a possibilidade de ingressar no seminário para o discernimento vocacional. Entre reuniões formativas sobre a vida e os desafios do jovem no mundo atual, momentos de oração e meditações, os participantes também tiveram a oportunidade de conversar com uma psicóloga e com os promotores vocacionais, os padres Éder Carlos de Oliveira e Dione Piza.
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Catedral Diocesana Nossa Senhora das Dores sediou, na manhã de 3 de novembro, a ordenação na qual foram acolhidos para o grau do diaconado: Hudson Ivan Teixeira (Alfenas), José Eduardo Aparecido Silva (Guardinha), Luciano do Nascimento Rodrigues (Cássia), Matheus Júnior Pereira (Passos) e Reginaldo Vieira Santos (Alfenas). “Eis que venho fazer, com prazer, a vossa vontade Senhor!” (Sl 39), foi o lema escolhido pelos ordenados, que manifestaram sua alegria
e desejo de colaborar com a ação evangelizadora da Igreja particular de Guaxupé. Em sua homilia, dom José Lanza convidou os novos diáconos a serem corajosos diante dos desafios do mundo atual e que, a exemplo dos diáconos das comunidades primitivas, dediquem-se à oração e ao ministério da Palavra, com a sabedoria que vem do Espírito Santo. Ao final, o bispo agradeceu a expressiva presença do clero, testemunho de comunhão para toda a diocese.
Diocese reúne auditores e instrutores dos processos de nulidade matrimonial
Com informações e imagem do padre Francisco Clóvis Nery, vigário judicial – Diocese de Guaxupé
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o dia primeiro de novembro, ocorreu, na Cúria Diocesana de Guaxupé, o Encontro da Justiça Eclesiástica da Diocese de Guaxupé com padres que atuam como juízes auditores/instrutores nos setores pastorais, junto ao nosso bispo diocesano, juiz por excelência pelo múnus episcopal. O bispo diocesano fez uma análise do atual desenvolvimento dos processos: “Percebemos quantos passos demos na organização e o quanto caminhamos, conscientes dos desafios atuais e os que temos pela frente, porém não devemos perder o foco pastoralista de nosso trabalho, não [nos limitando] apenas diante das leis”. Frente ao número de processos crescentes se exige um trabalho criterioso desde o início e no transcorrer dos processos. “A Igreja não é divorcista, zela pela riqueza do matrimônio, porém com clareza de que muitos casamentos, de fato, nunca existiram e podem ser declarados nulos, diante de provas, sejam elas testemunhais ou
documentais”, revela o padre Francisco Clóvis Nery, vigário judicial da diocese. Foram entregues aos padres auditores/ instrutores diversos materiais e orientações teórico-práticas de procedimentos nas diversas situações através de modelos e formulários exigidos pela justiça canônica, que garantem maior legitimidade aos atos processuais. Por fim, ficaram determinados, para o próximo ano, alguns encontros com o vigário judicial do Tribunal Eclesiástico de Divinópolis (MG) e outro com os leigos e leigas notários que atuam junto ao Tribunal na Câmara Eclesiástica da diocese. Também foi acordado que os padres se deslocarão de seus setores pastorais, na medida do possível, para auxiliar os presbíteros que têm em mãos muitos processos a serem ouvidos e encaminhados ao Tribunal. Desse modo, os processos transcorrerão no curso e ritmo devido e natural, sem pressa ou delonga, gradativamente e com qualidade melhor possível nos depoimentos.
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Os vocacionados receberam a visita do bispo diocesano, dom José Lanza, que os motivou e agradeceu pelo sim de cada um, ao confiar suas vidas nas mãos da Igreja, a serviço do povo de Deus. No ano de 2019, o Seminário Propedêutico receberá 10 novos seminaristas, são eles: Pablo Henrique (Juruaia), Rafael Alves (Passos), Samuel Medeiros (Itamogi), Eli Policarpo (Alfenas), João Antônio Rocha (Carmo do Rio Claro), Kaique Almeida (Arceburgo), Rodrigo de Castro (Guaxupé), Luiz Paulo Lopes (Monte Belo), Walisson José (Paraguaçu) e Rovilson Alves (Muzambinho).
Assembleia Regional de Pastoral: olhos voltados para a missão no mundo Texto/Imagem: Assessoria de Comunicação – Regional Leste 2
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Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo) da CNBB, por meio do Conselho Episcopal de Pastoral, realizou a Assembleia Regional de Pastoral entre os dias 13 e 15 de novembro. O tema escolhido para a assembleia foi: “Uma Igreja em saída frente aos desafios e esperanças do mundo urbano”, visando reunir (arce)bispos, coordenadores diocesanos de pastoral, representantes dos presbíteros e coordenações de pastoral, para criar um local de reflexão e debate. Participaram 140 lideranças pastorais, bispos, clérigos, religiosos e leigos. Representando
a Diocese de Guaxupé, participaram dom José Lanza Neto, padre Alexandre Gonçalves, coordenador diocesano de pastoral, e Jorge Damasceno, membro da equipe preparatória da Assembleia Diocesana de Pastoral. Dentre as colocações, os temas foram: “Cenários urbanos: personagens, linguagem, desafios e sonhos” ministrada pela professora do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC Minas, Luciana Teixeira Andrade; “Uma igreja em saída no mundo urbano: luzes a partir da Palavra de Deus”, pelo professor de Bíblia, Pe. Johan Konings; Mesa redonda sobre “Uma Igreja em Saída: Olhares Teológicos”, com
Osvaldo Manoel Corrêa, dom Edson Oriolo dos Santos e padre Geraldo Di Mori. Encerrando a programação do encontro deste ano, o público presente pôde se informar sobre a Campanha da Fraternidade para o ano de 2019. Esta campanha terá três verbos de ação: participar, redescobrir e educar. Eles serão colocados em prática com a participação da comunidade católica nos conselhos
paritários nos diversos municípios para promover uma educação que tenha como prioridades o Evangelho e a doutrina social da Igreja e para redescobrir as pastorais sociais.
Fraternidade e Políticas Públicas: diocese promove formação sobre CF 2019
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Texto: Assessoria de Comunicação| Imagens: Lázara Assunção
stimular a participação em políticas públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja, para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade”. Esse é o objetivo principal da Campanha da Fraternidade (CF) 2019 que traz como tema Fraternidade e Políticas Públicas. Visando a capacitação de agentes pastorais para a concretização da campanha, a coordenação diocesana de pastoral promoveu, no dia 17 de novembro, um encontro de apresentação da CF 2019 para 100 lideranças pastorais, entre leigos, religiosos e padres. A formação foi realizada pelo padre Patriky
Samuel Batista, coordenador de pastoral da Diocese de Luz (MG). Com uma fala objetiva, o assessor destacou os principais pilares da CF 2019, indicando aplicações práticas da proposta da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Numa de suas falas, padre Patriky qualificou a importância do envolvimento da Igreja no Brasil com as pautas sociais, lembrando a existência de 26 pastorais sociais que necessitam de um revigoramento para continuar no exercício eficaz de sua missão. “As pastorais sociais são as grandes propulsoras da proposta de políticas públicas. Valorizar e retomar o trabalho das pastorais já são o início de um caminho. É preciso
compreender as Pastorais Sociais como a marca da evangelização no Brasil”, concluiu. Para a participante Otávia Cristine, secretária da formação de leigos na diocese, a formação foi relevante justamente por destacar a importância da Igreja em formar consciência e cidadania em seus membros. “Sensibilizou os leigos sobre a necessidade de inserir e contribuir para melhoria da política pública e de assumir o compromisso com ações sociais nas paróquias, além de destacar, também, a importância do conhecimento da Doutrina Social da Igreja”.
Entre as principais ações propostas pela CF 2019 para todas as paróquias no Brasil, é possível destacar: o conhecimento das Políticas Públicas, a exigência da ética como pressuposto básico, o despertar das consciências para o espírito de cidadania, a proposição de alternativas para o bem comum, a promoção da formação crítica dos fiéis e a inserção de católicos na política.
Pontifícias Obras Missionárias completam 40 anos de fundação no Brasil Fonte/Imagem: Assessoria de Comunicação – CNBB
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uatro décadas de muitas histórias e dedicação ao trabalho missionário. No dia 20 de novembro, as Pontifícias Obras Missionárias (POM), que são organismos oficiais da Igreja Católica, celebraram seu 40º aniversário de fundação no Brasil. “Uma história construída com a vida doada de muitos missionários e missionárias, sendo sinal de esperança nos locais mais necessitados. O caminho percorrido pelas POM é sinodal e de profunda comunhão, interligando todas as forças vivas das Igrejas particulares e dos conselhos missionários em diferentes âmbitos”, destaca o diretor Nacional das POM, padre Maurício Jardim, em editorial da Revista SIM. Ao longo de 2018, as POM realizaram diversas atividades em comemoração à data, como o mês missionário em outubro, que foi um momento de mostrar para a Igreja no Brasil o trabalho missionário que vem se desenvolvendo no país. Padre Maurício Jardim explica que as POM são organismos oficiais da Igreja Católica que trabalham para intensificar a animação, a formação
e a cooperação missionária em todo o mundo. “Os elementos comuns às quatro obras são a mística missionária e seu caráter pontifício. A mística que as identifica tem um tripé: oração, sacrifício e ofertas. Ou seja, a primeira obra é rezar pelas missões, pois o protagonista é o Espírito Santo; a segunda é a oferta existencial da própria vida e a terceira é a partilha econômica para a missão universal. O caráter pontifício significa que são obras do papa para toda a Igreja. Elas se desenvolvem com o apoio da Santa Sé que, ao fazê-las próprias, concede-lhes caráter universal”, ressalta. As quatro Obras Missionárias da Congregação para a Evangelização dos Povos • Pontifícia Obra Missionária para a Propagação da Fé, fundada por Pauline Marie Jaricot em 1822: visa suscitar o compromisso pela evangelização universal em todo o povo de Deus e promover, nas Igrejas locais, a ajuda tanto espiritual como material; • Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária, fundada pelo Bispo de Nancy (Fran-
ça), Dom Carlos de Forbin-Janson em 1843: auxilia os educadores a despertar gradualmente a consciência missionária nas crianças e adolescentes, animando-as a partilhar a fé e seus bens materiais com as crianças das regiões mais necessitadas; ajuda, também, a promover as vocações missionárias desde a infância; • Pontifícia Obra Missionária de São Pedro Apóstolo, fundada por Joana Bigard e sua mãe, Stephanie em 1889: visa sensibilizar o povo cristão acerca da importância do clero local nos territórios de missão, convidando-o a colaborar espiritual e materialmente na formação dos candidatos ao sacerdócio e à vida consagrada; • Pontifícia União Missionária, fundada pelo Beato Padre Paolo Manna em 1916: visa a sensibilização missionária dos sacerdotes, dos seminaristas e da vida consagrada masculina e feminina. Esta Obra é como que a alma das outras Obras, porque ocupa-se especificamente com a formação missionária.
Um Mês Extraordinário para a Missão O ano de 2019 também será especial para as POM. Em outubro, a Igreja vai celebrar o Mês Missionário Extraordinário, proclamado pelo papa Francisco, em honra ao centenário da carta Apostólica Maximum Illud do Papa Bento XV. O tema: “Batizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo” foi escolhido por Francisco para reavivar a consciência batismal do Povo de Deus em relação à missão da Igreja. O papa indica quatro dimensões para viver, mais intensamente, o caminho de preparação e realização do Mês Missionário Extraordinário. • O encontro pessoal com Jesus Cristo vivo em sua Igreja: Eucaristia, Palavra de Deus, oração pessoal e comunitária. • O testemunho dos santos, dos mártires da missão e os confessores da fé, expressão das Igrejas dispersas em todo o mundo. • Formação missionária: escritura, catequese, espiritualidade e teologia. Caridade missionária.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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em pauta 2018, FOI UM ANO DE...
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ser humano é dado aos símbolos e aos rituais. A história de seus ancestrais aponta como, desde o início, os Homo Sapiens costumavam marcar o começo e o término de uma situação ou experiência com celebrações, danças e cultos. O modo de delinear o tempo, datando o começo de um novo ciclo, possui uma função muito importante na vida em comunidade e individual das pessoas. O fim de um ano pode significar a possibilidade de findar um período de experiências ruins, de situações desagradáveis, gerando esperanças de uma nova época, de um novo tempo na vida de uma pessoa ou de uma comunidade inteira. Como, também, pode ser o coroamento de uma etapa de experiências boas, cheias de sucesso e realizações. De todos os modos, estabelecer essa dobradiça no tempo é se permitir virar a página da própria história, dando início a um novo capítulo. Pensando nisso, o Jornal Comunhão trouxe em sua retrospectiva uma forma diferente de relembrar o ano de 2018. Para além dos fatos que foram assuntos nos noticiários deste ano, estão milhares de brasileiros que fizeram sua história. Dessa vez, algumas pessoas partilham suas vivências e nos contam um pouco sobre como viveram os últimos 12 meses.
citar a passagem do Apóstolo Paulo que diz: “quando me sinto fraco, então é que sou forte” (2Cor 12, 10). Tenho muitas coisas a agradecer, meus novos amigos, pessoas que me adotaram ao longo desses anos difíceis, que salvaram minha vida: a todos vocês, o meu amor e gratidão eterna. Deixo 2018 com a certeza de que tudo o que passei serviu de aprendizado e para meu crescimento. Resumo 2018 com um trecho dessa música que descreve tão bem este ano iluminado: “(...) aquilo parecia impossível, aquilo que parecia não ter saída, aquilo parecia ser minha morte, mas Jesus mudou minha sorte, sou um milagre, estou aqui”.
MUITAS SURPRESAS Lara Lis Melo – Juruaia
porque fizemos uma viagem para Aparecida. Também foi o ano em que comecei a ser coroinha, comecei a participar do projeto “Gênios da Matemática” e ganhei a medalha Canguru de Matemática. Também foi o ano em que me preparei para a primeira comunhão, que será agora em dezembro. Estou ansioso e muito feliz. Foi um bom ano, aprendi novas matérias e muitas coisas novas. Em cada ano que passamos temos sempre novas perspectivas e o jeito que vivemos esse ano faz com que ele seja diferente. CORAGEM Carol Botelho– Monte Belo
AGRADECER COM A ALMA Jorge Américo de Oliveira Junior – Pouso Alegre
REALIZAÇÕES, DESAFIOS E SAUDADES Erica Fátima Lage – Passos
Um ano repleto de novas perspectivas, mais um ano de vida. Eu costumo dizer que devemos agradecer a Deus por cada novo dia, cada novo ano, porque Ele está nos dando a chance de começar outra vez. Se eu fosse resumir o ano de 2018 em algumas palavras seriam: amizade, companheirismo e gratidão. Desde o falecimento de minha mãe, eu venho me redescobrindo, me reinventando, me reerguendo e não pensem vocês que isso é tarefa fácil, porque não é. Na solidão destes sete anos de saudades eu tive que me descobrir de várias formas, e em 2018 também não foi diferente. Descobrir-se como uma pessoa fraca e forte ao mesmo tempo, não é uma coisa muito fácil. Gosto de
mais um ano e, menos ainda, no céu. Por isso, oferto ao Senhor, nestes poucos dias que nos separa de um novo ano, as duas moedas que trago, e deste modo repito o gesto da pobre viúva (Mc 12, 42): oferto as minhas duas moedas, a da vida e a das obras que fiz por meio do meu viver.
Mais um ano lá se vai, e assim rezo inspirado em São Lucas: já é hora de ‘proclamar o ano da graça do Senhor’ (Cf. Lc 4, 19). Porque Deus fez grandes coisas em meu favor: deu-me a vida como dom, para que eu fizesse por meio dela as pessoas felizes; concedeu-me a graça de viver em comunidade, e, deste modo, construir um sacerdócio de humildade, comunhão e obediência; derramou sobre mim, pela assinalação com o Crisma, os dons do Espírito. Pelo dom da Inteligência, dilatou a minha mente para que eu pudesse receber com Sabedoria os conteúdos da Fé e da Tradição no estudo da Sagrada Teologia; alegrou-me com o natal de meu primeiro sobrinho; fez-me crescer junto à comunidade em que exerço o meu apostolado aos finais de semana; tornou-me, pelo Ministério de Leitor, um arauto da esperança do Reino de Deus. Quantas bênçãos o Pai das Misericórdias derramou sobre mim e sobre aqueles que me cercam. Como Deus tem sido generoso! Sabe uma coisa, a fé ilumina nossa vida e nos projeta sempre para frente, com os pés no chão e os olhos nos irmãos. Sozinho ninguém chega a lugar algum, nem mesmo ao final de
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Sofri a perda do meu tio logo no começo do ano. Conheci novas pessoas e alguns amigos especiais se afastaram. Um ano de muitas saudades, dores, mas muito aprendizado. Foi um ano para se pensar sobre certas escolhas que tive que tomar na minha vida. Mas vivi cada dia intensamente. Os passeios com os amigos foram os melhores, as conversas jogadas fora e as tantas risadas. São muitas lembranças boas! E o que 2018 me deixa é a vontade enorme de conquistar meus sonhos. Só tenho a agradecer a Deus, porque eu amo minha vida! Vale a pena viver, nova vida viver.
2018 foi o ano em que finalmente tive a clareza de ir atrás de desejos que sempre estiveram comigo, mas nunca foram realizados. O ano de saber que com Deus do meu lado eu posso me transformar na pessoa que ele quer que eu seja. REVIRAVOLTAS E GRANDES MUDANÇAS Carolina Souza – Alfenas
ALEGRIA Felipe Henrique – Muzambinho
A vida sempre continua, mas a cada ano a gente nunca pode desistir e sempre continuar perseverante. 2018 foi um ano muito alegre,
Este foi um ano em que me senti mais próxima e, ao mesmo tempo, mais distante do meu trabalho e da minha profissão. Passei por algumas dificuldades na faculdade, dificuldades que ainda estão presentes na minha vida. E por várias vezes me questionei se realmente estou no lugar certo, tanto profissional quanto
Reportagem: Luiz Fernando Gomes | Imagens: Arquivo Pessoal
academicamente. Concebi várias perguntas, mas tive poucas respostas. Na vida pessoal, pelo contrário, foi um ano de transformações e presentes, todos surpreendentes e maravilhosos. Criei amizades e laços mais resistentes com pessoas que já me rodeavam. Consegui dar entrada no pagamento do meu apartamento e sinto que, finalmente, estou cada dia mais próxima da minha tão sonhada independência. E, por fim, o acontecimento mais significativo de todos: conheci o amor da minha vida. Não só no sentido romantizado, mas, especialmente, no sentido real do termo; alguém que me apoia, me auxilia, me ama incondicionalmente e que estará comigo nessas descobertas da vida adulta. Sinto que foi um ano desafiador, porém, extraordinário e brilhante. PAZ, SAÚDE, REALIZAÇÕES, LUTAS E CONQUISTAS Carlos Zanetti – Poços de Caldas
Um ano em que tive a graça de continuar servindo minha Igreja, minha paróquia, minha comunidade. Ano em que os projetos de Evangelização de nossa Diocese foram tocados com ânimo, coragem e determinação por todos os envolvidos. 2018 também foi um ano importante em muitos aspectos: ano de eleições gerais, de escolhermos um novo Presidente da República, novo Governador de Estado, Senadores, Deputados Federais e Estaduais. Ano de muitos debates, de exposição de ideias, de conflitos nas áreas política, social, industrial e empresarial. Ano em que os ânimos estiveram muito exaltados, algumas vezes levados ao extremo, em que a intolerância dominou muitos de nossos dias. Mas, também, um ano em que pudemos sentir muito de perto o amor entre as pessoas, com notícias de gente espalhando boas obras e solidariedade em todos os cantos, pelo mundo afora. 2018 caminha para seu final com boas perspectivas: engajamento das comunidades, vontade de
continuar servindo e contribuindo com o projeto do nosso papa em favor da humanidade. REALIZAÇÕES DE DEUS Pe. Antônio Batista Cirino – Machado
Não meras realizações humanas, mas realizações de Deus na minha vida e na minha história vocacional. No primeiro semestre do ano, recebi o ministério diaconal, um momento de grande graça vivenciado por mim, minha família e também pela comunidade paroquial de São Sebastião da Vila Cruz, em Poços de Caldas. No segundo semestre do ano, tive a grande alegria de receber o ministério presbiteral, momento ímpar para toda a minha família e também momento especial para Paraguaçu, que há quase 50 anos não recebia uma ordenação presbiteral, e grande alegria para a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora que ordenou seu primeiro fruto. E ainda um ano de muitas bênçãos em que posso fazer uma profunda experiência com o povo de Deus da cidade de Machado, exercendo o início do meu ministério na Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio. Posso dizer, com toda certeza, que este ano de 2018 foi o ano em que Deus apresentou toda sua graça dentro da minha história. Ano da ação do Pai em minha vida. Toda história pessoal é sagrada, pois nela Deus se manifesta realizando seu projeto de salvação. Ninguém pode desprezar sua vida e os acontecimentos que nela se dão. Por isso, sempre olhe com os olhos de Deus para as coisas que estão em sua biografia e assim será possível perceber como Deus escreve certo nas linhas tortas de nossa história. Adeus, 2018! Seja bem-vindo, 2019!
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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área pastoral
Reportagem: Assessoria de Comunicação | Imagens: Arquivo Pessoal
MINHA EXPERIÊNCIA MISSIONÁRIA
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á um ano e dois mese, faço missão na Área Pastoral Canastra. No início das atividades elaborei um plano de ação para três anos e meio, analisado pelo então coordenador de pastoral, padre Henrique Neveston, e aprovado pelo bispo dom José Lanza. A Área Pastoral situa-se em Delfinópolis e é formada pelas comunidades: Olhos D´água, Canastra, Babilônia (Ponte Alta), Mata dos Marques e Vale da Babilônia, cada uma com características próprias. As distâncias dificultam o trabalho em conjunto. A comunhão e a integração se tornam um grande desafio, o acesso se dá unicamente por estradas sem pavimentação. Duas comunidades situam-se em cima das serras. Em períodos chuvosos, o acesso é ainda mais difícil, até mesmo para a celebração da Missa. Os canastreiros, geralmente, sitiantes e donos de pousadas, lutam para manter-se na terra, de onde tiram o sustento familiar. O turismo é crescente na região. Apesar do acesso difícil, as belezas da natureza encantam a todos. A parte mais plana forma as duas maiores comunidades: Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora dos Remédios, correspondentes aos dois distritos. A região é rica em belezas naturais, serras, represa, riachos e cachoeiras por toda parte. As principais fontes de renda são: criação de gado e cultivo de banana, cana de açúcar e soja, além do turismo. Desde o início dos trabalhos, tive o apoio do padre Antônio Carlos Maia [pároco em Delfinópolis, município onde está localizada a área pastoral]. No entanto, a administração [da área pastoral] é autônoma. Coletas, dízimos, taxas, doações e festas servem para a subsistência. Pagamos normalmente a contribuição mensal à Cúria Diocesana e demais honorários como uma paróquia. Os sacramentos realizados continuam sendo assentados na Matriz [da Paróquia Divino Espírito Santo] em Delfinópolis. O desafio nos primeiros dias foi conciliar a lida da casa e os trabalhos pastorais sem funcionários e com poucos líderes comunitários engajados. No início dos trabalhos comprei material litúrgico (alfaias, lecionários, missais, entre outros); preparei e institui alguns ministérios (coroinhas, acólitos, leitores e ministros extraordinários da comunhão eucarística); fiz uma semana missionária com missionários leigos para visitar as famílias e começar os trabalhos. Como as comunidades são pequenas e a participação dos católicos nas celebrações é reduzida se comparado com o número de habitantes, assim, o dízimo não era praxe. Para manter os trabalhos, dependo da realização de festas e eventos. Graças a Deus, tivemos duas excelentes festas, uma em cada distrito, com excelente participação de fiéis nas celebrações das novenas e também com grande envolvimento na parte social. Eu mesmo faço café, comida, lavo roupas,
limpo casa e também limpo os lotes e cuido da manutenção dos imóveis [de propriedade da área pastoral]. Faço, também, a contabilidade (transações bancárias, organizo as notas fiscais, recibos, entre outros). Participo do setor pastoral Passos por questões de acessibilidade, [o setor] Cássia não seria muito viável por causa da balsa. Temos um projeto em fase de elaboração para construção da futura casa paroquial no distrito de Babilônia, pois, logisticamente, essa comunidade fica no centro da Área Pastoral. Em breve, iniciaremos os trabalhos de construção com a ajuda do povo e as bênçãos de Deus, por intercessão de Nossa Senhora das Dores. Padre Célio Laurindo da Silva, responsável pela Área Pastoral Canastra
Na semana entre os dias 14 e 21 de outubro, os seminaristas do Propedêutico, etapa inicial da formação presbiteral, participaram de uma semana missionária na Área Pastoral Canastra. Com a presença de seu formador, padre Leandro Melo, os sete seminaristas puderam visitar as famílias, participar de celebrações e conhecer a realidade da região. A seguir, você acompanha os relatos dessa visita missionária.
A semana missionária foi muito proveitosa, tive a oportunidade de conhecer uma realidade diferente da qual eu vivia. Foi uma ótima experiência onde pude fortalecer minha fé e minha vocação, tendo um contato mais de perto com as pessoas e suas realidades, com suas alegrias e tristezas. Várias vezes me emocionei ao ouvir pessoas dando seus testemunhos e nisso pude sentir a fé verdadeira daquelas pessoas. Espero que assim como eu senti Deus naquelas pessoas que elas também tenham sentido através de mim a presença de Deus.
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Rodolfo Henrique de Carvalho, Poços de Caldas Partir em missão para a Serra da Canastra foi partir para um encontro comigo mesmo. A semana missionária me proporcionou viver experiências tão únicas que a mim só cabe testemunhar e louvar a Deus por este amor gratuito que, através de pessoas simples e verdadeiras, me levaram a Deus. Houve pessoas que encontrei e que através delas entendi que eu estava ali por aquela pessoa, não porque eu fui levar Deus a ela, mas porque ela me levou a Deus. Nesses momentos parei e percebi que minha existência ganhou mais sentido, crescendo formidavelmente o meu desejo de seguir a Cristo em minha caminhada. Henrique Camargo Vilas Bôas, Botelhos
“Enviados para testemunhar o evangelho da paz”. Foi inspirado nesse lema que fizemos a semana missionária na área pastoral de nossa diocese, semana na qual tivemos momentos marcantes que sempre ficarão gravados em nossos corações. Tivemos a oportunidade de visitar as casas e os doentes das comunidades, rezando e partilhando as experiências de fé, aprendendo com aqueles que têm esperança de um mundo melhor, com mais respeito e dignidade a todos. Tenho certeza que não só levamos Deus às pessoas, mas saímos abastecidos e revigorados na fé com cada testemunho que ouvimos. Gustavo Henrique de Souza Ribeiro, Alfenas E disse Jesus aos discípulos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Foi com esse espírito missionário que começamos a missão. Experimentei vivamente essa passagem da Sagrada Escritura: anunciar o evangelho a todos. Fui designado a fazer a semana missionária no distrito de Ponte alta. Foi muito gratificante perceber a alegria que podemos proporcionar a tantas famílias com uma visita, uma palavra de conforto e de esperança. Vi estampada em muitos rostos a felicidade. Aprendi que não podemos perder a esperança em Deus, mas podemos vencer as dificuldades. Halefy Ferreira dos Santos, Alfenas Foi uma semana intensa e marcante. Deus nos chamou a servir na comunidade
de Olhos d’Água. Visitamos doentes e acamados. Em muitas casas as famílias se comoveram com nossas vistas pois precisavam de palavras de ânimo e fé. Acredito que pude deixar mensagens de fé e esperança, o que também me fez sair de lá mais revigorado vocacionalmente, por isso, louvo e agradeço a Deus pela oportunidade. Alif Gonçalves de Matos, Pratápolis Venho falar com muita alegria da experiência missionária que muito fortaleceu minha vocação. Pude sentir de perto a sede que as pessoas têm de Deus. A cada visita que eu fazia, era um testemunho lindo de fé. Essa experiência se tornou uma grande lição para nossa vida, pois é para isso que estamos sendo formados: para estarmos juntos com o povo, anunciando no meio deles o Reino de Deus. Caiki Ribeiro, Paraguaçu Foi uma semana de aprendizado com a comunidade da área pastoral na Serra da Canastra. A vida nos proporciona momentos belíssimos que devemos levar para a vida toda. Compartilhando um pouco dessa missão, que foi de um grande progresso em minha vida vocacional, pude visitar várias famílias, pessoas enfermas etc. Agradeço a oportunidade de ter ido lá conhecer esse povo tão amável e de grande fé e amor ao próximo. Alexsandro Aparecido Francisco, Paraguaçu Realizar missões junto do povo de Deus que está na Área Pastoral Nossa Senhora da Saúde, em Delfinópolis, foi extraordinário. Poderia resumir a missão dos seminaristas e minha em encontros celebrativos, inúmeras partilhas, bênçãos de enfermos e casas. Seja nas montanhas ou nas baixadas, encontrei com homens e mulheres de fé, pessoas marcadas por histórias lindas e cheias de esperança e que também sonham com um mundo melhor e fraterno. Espero que nossa presença tenha fortalecido no coração daquele povo a busca de Deus, o amor ao próximo e a esperança de dias melhores. Não poderia deixar também de dizer das belezas naturais da Serra da Canastra, que lugar maravilhoso! Um paraíso cheio de montanhas, com belas cachoeiras e estradas para bons missionários aventureiros. Agradeço ao Padre Célio pela acolhida e a ele desejo um ministério frutuoso. Padre Leandro José de Melo, reitor do Seminário Diocesano São José
homilia aos jovens
FONTE: Papa Francisco – Missa de Encerramento do 15º Sínodo dos Bispos
OS JOVENS, A FÉ E O DISCERNIMENTO VOCACIONAL
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episódio escutado é o último narrado pelo evangelista Marcos no ministério itinerante de Jesus, que, pouco depois, entra em Jerusalém para morrer e ressuscitar. Assim, Bartimeu é o último que segue Jesus ao longo do caminho: de mendigo na margem da estrada para Jericó, torna-se discípulo que vai juntamente com os outros para Jerusalém. Também nós caminhamos juntos, «fizemos sínodo» e agora este Evangelho corrobora três passos fundamentais no caminho da fé. Antes de mais nada, olhemos para Bartimeu: o seu nome significa «filho de Timeu». O próprio texto o especifica: «Bartimeu, o filho de Timeu» (Mc 10, 46). Mas o Evangelho, ao mesmo tempo que o reitera, põe a descoberto um paradoxo: o pai está ausente. Bartimeu jaz sozinho na estrada, fora de casa e sem pai: não é amado, mas abandonado. É cego e não tem quem o ouça; e, quando queria falar, mandavam-no calar. Jesus ouve o seu grito. E, quando Se encontra com ele, deixa-o falar. Não era difícil intuir o pedido que faria Bartimeu: é óbvio que um cego queira ver ou reaver a vista. Mas Jesus não tem pressa, reserva tempo para a escuta. E aqui temos o primeiro passo para ajudar o caminho da fé: escutar. É o apostolado do ouvido: escutar, antes de falar. Em vez disso, muitos dos que estavam com Jesus repreendiam Bartimeu para que estivesse calado (10, 48). Para estes discípulos, o indigente era um transtorno no caminho, um imprevisto no programa pré-estabelecido. Preferiam os seus tempos aos do Mestre, as suas palavras à escuta dos outros: seguiam Jesus, mas tinham em mente os seus projetos. Trata-se dum risco do qual sempre nos devemos precaver. Ao contrário, para Jesus, o grito de quem pede ajuda não é um transtorno que estorva o caminho, mas uma questão vital. Como é importante, para nós, escutar a vida! Os filhos do Pai celeste prestam ouvidos aos irmãos: não às críticas inúteis, mas às necessidades do próximo. Ouvir com amor, com paciência, como Deus faz conosco, com as nossas orações muitas vezes repetitivas. Deus nunca Se cansa, sempre Se alegra quando O procuramos. Peçamos, também nós, a graça dum coração dócil a escutar. Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós, adultos: desculpai, se muitas vezes não vos escutamos; se, em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos. Como Igreja de Jesus, desejamos colocar-nos amorosamente à vossa escuta, certos de duas coisas: que a vossa vida é preciosa para Deus, porque Deus é jovem e ama os jovens; e que, também para nós, a vossa vida é preciosa, mais ainda necessária para se avançar. Depois da escuta, um segundo passo para acompanhar o caminho de fé: fazer-se próximo. Vejamos Jesus, que não dele-
ga em ninguém da «grande multidão» que O seguia, mas encontra Ele pessoalmente Bartimeu. Diz-lhe: «Que queres que Eu faça por ti?» (10, 51). Que queres – Jesus amolda-Se a Bartimeu, não prescinde das suas expetativas – que Eu faça – fazer, não se limita a falar – por ti – não segundo ideias pré-estabelecidas para todos, mas para ti, na tua situação. É assim que Deus procede, envolvendo-Se pessoalmente com um amor de predileção por cada um. Na sua maneira de proceder, ressalta já a sua mensagem: assim a fé germina na vida. A fé passa para a vida. Quando a fé se concentra apenas em formulações doutrinárias, arrisca-se a falar apenas à cabeça, sem tocar o coração. E quando se concentra apenas na ação, corre o risco de tornar-se moralismo e reduzir-se ao social. Ao contrário, a fé é vida: é viver o amor de Deus que mudou a nossa existência. Não podemos ser doutrinaristas ou ativistas; somos chamados a levar para a frente a obra de Deus segundo o modo de Deus, na proximidade: unidos intimamente a Ele, em comunhão entre nós, próximo dos irmãos. Proximidade: aqui está o segredo para transmitir, não algum aspeto secundário, mas o coração da fé. Fazer-se próximo é levar a novidade de Deus à vida do irmão, é o antídoto contra a tentação das receitas prontas. Interroguemo-nos se somos cristãos capazes de nos tornar próximo, capazes de sair dos nossos círculos para abraçar aqueles que «não são dos nossos» e a quem Deus ansiosamente procura. Sempre existe aquela tentação que reaparece tantas vezes na Escritura: lavar as mãos, desinteressar-se. É o que faz a multidão no Evangelho de hoje, é o que fez Caim com Abel, é o que fará
Pilatos com Jesus: lavar as mãos. Nós, pelo contrário, queremos imitar Jesus e, como Ele, meter as mãos na massa, sujá-las. Ele, o caminho (cf. Jo 14, 6), por Bartimeu deteve-Se ao longo da estrada; Ele, a luz do mundo (cf. Jo 9, 5), inclinou-Se sobre um cego. Reconhecemos que o Senhor sujou as mãos por cada um de nós e, fixando a Cruz, recomecemos de lá, da lembrança de Deus que Se fez meu próximo no pecado e na morte. Fez-Se meu próximo: tudo começa de lá. E, quando por amor d’Ele também nós nos fazemos próximo, tornamo-nos portadores de vida nova: não mestres de todos, não especialistas do sagrado, mas testemunhas do amor que salva. Testemunhar é o terceiro passo. Olhemos os discípulos que chamam Bartimeu: não vão junto dele, que mendigava, levar uma moedinha para o contentar ou dar-lhe conselhos; vão em nome de Jesus. De facto, dirigem-lhe apenas três palavras, todas de Jesus: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te» (10, 49). No resto do Evangelho, só Jesus diz «coragem!», porque só Ele ressuscita o coração. No Evangelho, só Jesus é que diz «levanta-te», para curar o espírito e o corpo. Só Jesus chama, mudando a vida de quem O segue, colocando de pé quem está por terra, levando a luz de Deus às trevas da vida. Tantos filhos, tantos jovens, como Bartimeu, procuram uma luz na vida! Procuram amor verdadeiro. E como Bartimeu que, apesar da multidão, só invoca Jesus, também eles imploram vida, mas frequentemente só encontram promessas falsas e poucos que se interessem verdadeiramente por eles. Não é cristão esperar que os irmãos inquietos batam às nossas portas; somos nós que devemos ir ter com eles, não lhes
levando a nós mesmos, mas Jesus. Ele manda-nos, como aqueles discípulos, para encorajar e levantar em seu nome. Manda-nos dizer a cada um: «Deus pede para te deixares amar por Ele». Quantas vezes, em vez desta mensagem libertadora de salvação, nos levamos a nós mesmos, as nossas «receitas», as nossas «etiquetas» na Igreja! Quantas vezes, em vez de fazer nossas as palavras do Senhor, despachamos como palavra d’Ele as nossas ideias! Quantas vezes as pessoas sentem mais o peso das nossas instituições que a presença amiga de Jesus! Então aparecemos como uma ONG, uma organização parestatal, e não como a comunidade dos redimidos que vivem a alegria do Senhor. Ouvir, fazer-se próximo, testemunhar. No Evangelho, o caminho de fé termina, de maneira bela e surpreendente, com Jesus que diz: «Vai, a tua fé te salvou» (10, 52). E todavia Bartimeu não fez profissões de fé, não realizou ação alguma; pediu apenas piedade. Sentir-se necessitado de salvação é o início da fé. É o caminho direto para encontrar Jesus. A fé, que salvou Bartimeu, não estava nas suas ideias claras sobre Deus, mas no facto de O procurar, de O querer encontrar. A fé é questão de encontro, não de teoria. No encontro, Jesus passa; no encontro, palpita o coração da Igreja. Então serão eficazes, não as nossas homilias, mas o testemunho da nossa vida. E a todos vós que participastes neste «caminhar juntos», digo obrigado pelo vosso testemunho. Trabalhamos em comunhão e com ousadia, com o desejo de servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da nossa vida: Jesus.
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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novas comunidades
Por padre Glauco Siqueira Santos, pároco em Conceição Aparecida
ESCOLA DE FORMAÇÃO PARA NOVAS FUNDAÇÕES: CASTIDADE, POBREZA E OBEDIÊNCIA
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oram os conselhos evangélicos o tema tratado por ocasião do segundo módulo da escola de formação das novas comunidades da Diocese de Guaxupé. No período de 24 a 27 de maio, nas instalações da casa de encontro em Machado, as consagradas da comunidade católica Oásis, Cristina e Gislaine, elucidaram a grandeza inestimável da vivência da vocação, qualquer que seja ela, pela observância fiel da castidade, pobreza e obediência. No último artigo que aqui apresentamos (edição – agosto/2018), discutimos que o carisma de uma nova fundação “é sempre algo de Cristo, é sempre um aspecto divino de sua vida, é uma nova forma de viver determinada página do Evangelho. É viver para fazer viver o Cristo que aquele tempo ou este tempo precisa”. Neste segundo módulo, portanto, esta perspectiva irrenunciável é aprofundada pormenorizadamente aproximando-nos mais da radicalidade de Cristo e sua pobreza, castidade e obediência. Assim viveu o Cristo, assim viverá todo cristão. Contudo, os que desejam responder ao amor de Deus através de uma consagração de vida experimentará a radicalidade desta vivência levada a termo até as últimas consequências. No desenvolvimento dos ensinos, durante a escola, as formadoras ilustraram esta vocação toda cristológica afirmando que nada mais se trata senão de viver cada dia como Cristo, amar a Deus mais que a si mesmo e, na retidão de todas as coisas, responder ao chamado salutar de Deus, mantendo vivos “os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo” (Cf. Fl 2,5).
A santa Igreja ensina que os conselhos evangélicos “manifestam a plenitude viva da caridade” (Cf. CIC 1974) e, por isso, a vida consagrada se caracteriza pela vivência destes conselhos (CIC 944). Trata-se de um projeto de vida radicalmente orientado para a glória de Deus Pai e a salvação de homens e mulheres deste tempo. O consagrado ou os que se preparam para tal, devem, segundo seu estado de vida, deixar-se iluminar e conduzir pelos bons e santos propósitos deste projeto de vida. O despojamento, o oferecimento de si, a busca pelo Bem Supremo e o acatamento do chamado ao desapego, fará o consagrado abraçar destemidamente a pobreza de Cristo. A partir das muitas reflexões realizadas neste módulo, podemos compreender que não há dar-se sem deixar-se. Cristo se entregou à medida que “despojou-se de si” (Cf. Fl 2, 7), mesmo sendo Deus. É preciso aderir o entendimento de que
a pobreza nos salva das preocupações deste mundo e nos lança para aquela liberdade em relação ao desejo de domínio, nos medica contra toda espécie de orgulho e vanglória e nos direciona com beleza para a humildade, generosidade e gratidão, virtudes sem as quais ninguém poderá viver com autenticidade a própria vocação. O chamado de Cristo a esta vivência autêntica exige dos que se consagram a Deus uma vida que assuma Jesus como único amor. Este objetivo último só é alcançado por meio da luta incessante em viver a castidade de Jesus Cristo. Os que a vivem em seu estado de vida, se tornam o que as formadoras chamaram de sinal profético de que esta vida, na verdade, é um caminho para uma realidade maior, quando estaremos todos no Cristo. Trata-se de “brilhar como astros luminosos” (Cf. Fl 2,15) neste mundo egoísta e de profunda banalização da sexualidade humana. Aqui, o primado do Absoluto torna-se real em
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nossa existência pois a castidade é o bem que faz o consagrado alcançar “a unidade interior no seu ser corporal e espiritual” (CIC – 2337), e é a nossa resposta ao fato de que Deus mora em nós. É fruto de um caminho de decisão e vida combatente, mas acima de tudo é uma graça que se busca na vida de Deus através de uma espiritualidade profunda e atenta. Tanto a pobreza como a castidade conduzem o consagrado, de certa forma, a viver a vida dos apóstolos. Nada mais é senão um desdobramento da vida de Cristo e, por isso mesmo, todos os valores inerentes à consagração de vida em uma nova fundação só serão vividos na verdade e na profundidade se houver reta obediência. A consagração é um modo particular de vida que é embebido no mistério de Cristo, o servo obediente “até a morte e morte de cruz” (Cf. Fl 2, 8). As formadoras da escola refletiram que consagrado significa “doado, oferecido a Deus” e isso implica, necessariamente, obediência que se concretiza na orientação da vida toda à luz dos mandamentos de Deus, do magistério da Igreja e do Evangelho de Cristo. Na mesma perspectiva, aparecem as regras da comunidade que impelem o consagrado a viver segundo o carisma próprio da fundação. Esta vivência a partir de Cristo é a expressão de um amor autêntico, total e único. Envereda-nos a seguir aquele caminho do Evangelho que vai nos tornando um com Cristo Jesus, conquista-nos a liberdade que o Senhor nos preparou e permite-nos uma vocação que seja verdadeiramente uma resposta providencial para este tempo.
FONTE: Vita Consecrata, são João Paulo II, 1995
GUIADOS PELO ESPÍRITO DE SANTIDADE
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o ouvirem isto, os discípulos caíram por terra, muito assustados” (Mt 17,6). No episódio da Transfiguração, os sinópticos põem em evidência, embora com acentuações diferentes, a sensação de temor que se apodera dos discípulos. O fascínio do rosto transfigurado de Cristo não os impede de se sentirem assustados diante da Majestade divina que os ultrapassa. Sempre que o homem vislumbra a glória de Deus, faz também a experiência da sua pequenez, provocando nele uma sensação de medo. Este temor é salutar. Recorda ao homem a perfeição divina, e ao mesmo tempo incita-o com um premente apelo à « santidade ». Todos os filhos da Igreja, chamados pelo Pai
a « escutar » Cristo, não podem deixar de sentir uma profunda exigência de conversão e de santidade. Mas, como se salientou no Sínodo [sobre a Vida Consagrada, realizado em 1994], esta exigência chama em causa, em primeiro lugar, a vida consagrada. Na verdade, a vocação recebida pelas pessoas consagradas para procurarem acima de tudo o Reino de Deus é, antes de mais nada, um chamamento à conversão plena, renunciando a si próprias para viverem totalmente do Senhor, a fim de que Deus seja tudo em todos. Chamados a contemplar e a testemunhar o rosto « transfigurado » de Cristo, os consagrados são chamados também a uma existência transfigurada. A respeito disto, é significativo o que se diz
10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ
na Relação final da II Assembleia Extraordinária do Sínodo: « Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis, ao longo de toda a história da Igreja. Hoje, temos muita necessidade de santos, graça esta que devemos implorar continuamente a Deus. Os Institutos de vida consagrada, mediante a profissão dos conselhos evangélicos, devem estar conscientes da sua especial missão na Igreja de hoje, e nós devemos encorajá-los nessa sua missão ». Estas considerações encontraram eco nos Padres desta IX Assembleia sinodal, quando afirmam: « A vida consagrada foi, através da história da Igreja, uma presença viva desta ação do Espírito, como um espaço privilegiado de amor absoluto a Deus e ao próximo, testemunho do
projeto divino de fazer de toda a humanidade, dentro da civilização do amor, a grande família dos filhos de Deus ». Igreja sempre viu na profissão dos conselhos evangélicos um caminho privilegiado para a santidade. As próprias expressões com que é designada — escola do serviço do Senhor, escola de amor e de santidade, caminho ou estado de perfeição — já manifestam quer a eficácia e a riqueza dos meios próprios desta forma de vida evangélica, quer o especial empenho requerido àqueles que a abraçam. Não foi por acaso que, no decorrer dos séculos, tantos consagrados deixaram eloquentes testemunhos de santidade e realizaram façanhas de evangelização e de serviço, particularmente generosas e árduas.
catequese
Com informações e imagens do site Catequese do Brasil
4ª SEMANA BRASILEIRA DE CATEQUESE: SEGUIR JESUS DE MODO AUTÊNTICO NUM MUNDO PLURAL
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4ª Semana Brasileira de Catequese aconteceu nos dias 14 a 18 de novembro, em Itaici, Indaiatuba (SP) com a presença de bispos e 425 participantes. Estiveram presentes: dom Leonardo Steiner, secretário geral da CNBB, dom Otávio Ruiz Arenas, representante do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização, dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB e o padre Antônio Marcos Depizolli, assessor nacional da Comissão. Na cerimônia de abertura, Lucimara Trevizan fez memória das Semanas Brasileiras de Catequese destacando o conteúdo, detalhes dos participantes e compromissos de cada uma. Primeiro Dia No dia 15, o primeiro da Semana Brasileira de Catequese, a celebração da Eucaristia foi presidida pelo bispo de Roraima, dom Mário Antônio Silva. Logo após, foi realizada a primeira conferência do dia com o professor Edward Guimarães, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), com o tema “Anunciar-testemunhar Jesus Cristo num mundo plural: novos interlocutores”. Na ocasião, o professor ressaltou que ser cristão deixou de ser um desafio diário de conversão e que a vida cristã não tem provocado mudança no agir das pessoas. “A conversão deixou de ser critério de inserção na comunidade que não exige um itinerário de fé. As mudanças do mundo atual exigem que se mude o jeito de acolher e viver a fé cristã”, disse. De acordo com ele, o cristianismo não tem evangelizado, está morno. “Há a necessidade de se superar ritos e de provocar a intimidade com Deus, uma vida nova de fraternidade e justiça, de cultivar a fé de Jesus e não simplesmente a fé em Jesus. A vida digna é o culto maior a Deus. Deus é amar e não só amor”, falou. Os interlocutores de hoje, segundo o professor Edward são pessoas transformadas pela cultura secularizadas; pela experiência de novas tecnologias, pertencentes a outras religiões e outras Igrejas. “Como anunciar Jesus neste mundo plural? É necessário superar o combate às demais tradições religiosas, a pretensão de desbancar outras Igrejas cristãs, o desconhecimento dos sem religião e sem fé em Deus, a apologética e o proselitismo, o sentido antigo de evangelizar”, revelou. Para o professor, é preciso evangelizar fazendo ver, porque o seguimento precisa entrar pelos olhos e penetrar o coração. “Viver o cristianismo exercitando o diálogo, o sentido coletivo e humanitário, assumindo o compromisso ético em defesa da vida,
catequizar com leveza, alegria e com coragem profética”, assegurou. Irmã Vera Bombonatto apresentou a segunda conferência do dia sobre o “Seguimento de Jesus e o sentido da vida”. A religiosa questionou o que significa seguir Jesus, hoje, na sociedade pós-moderna e na cultura digital. Destacou, entre outras coisas, que o evento fundante do cristianismo é a relação profunda e pessoal com Jesus e seu projeto. “A finalidade do seguimento é assemelhar-se a Jesus. Ter o estilo de Jesus é o mais importante. O ser cristão começa com um encontro que dá sentido à vida. A história da salvação é uma história de seguimento”, disse. Na catequese à serviço da Iniciação à Vida Cristã (IVC), irmã Vera afirmou que o discipulado é o fio condutor que culmina na maturidade do discípulo missionário. A religiosa concluiu sua fala apresentando o vídeo com a mensagem do papa Francisco no Congresso Internacional de Catequese, em Roma, em 2013. O vídeo ressalta a necessidade de viver sob o olhar de Jesus e o ir, sair ao encontro do irmão. No período da tarde foram realizadas 20 oficinas, nas quais os participantes escolheram previamente as de seu interesse.
Tais atividades aprofundaram o tema geral e os temas das conferências. Segundo Dia O segundo dia da 4ª Semana Brasileira de Catequese teve início com a Celebração Eucarística presidida por dom Armando Bucciol, bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Logo após, houve a primeira conferência com dom Leomar Antônio Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre sobre “O Querigma e a transmissão da fé no contexto atual”. Na ocasião, dom Leomar destacou alguns desafios deste contexto e características do tempo atual. Ele citou o pluralismo cultural e religioso e o culto sem envolvimento com a ética como sendo alguns deles. Para ele, é necessário propor um diálogo que estabeleça uma verdadeira pedagogia de escuta e anunciar Jesus Cristo em linguagem acessível e atual. Após o café, foi a vez do padre Thiago Faccini Paro, assessor do Setor Espaço Litúrgico da CNBB proferir a segunda conferência da manhã com o tema “Celebrar e iniciar ao mistério: a Liturgia”. Ele deu destaque à questão da compreensão da Iniciação na vivência da liturgia. “A inicia-
ção é um conjunto de ritos, de ensinamentos orais que provocam uma transformação no estatuto religioso e social do iniciando. A iniciação realiza uma segregação, separação, um tempo de processo iniciático e a incorporação na identidade do grupo/ comunidade e mudança de identidade. Entra-se de um jeito e se sai de uma maneira nova”, disse. Terceiro Dia No terceiro dia do encontro, a Celebração Eucarística foi presidida por dom Carlo Verzeletti, bispo de Castanhal, no Pará. Após o café, às 9h, dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB, proferiu a conferência “Do encontro com Jesus ao encontro com o irmão: viver em comunidade”. No conteúdo apresentado, dom Peruzzo destacou que a Igreja no Brasil pede a seus filhos que recomecem a partir de Jesus Cristo. “Nossa vocação e missão apontam para o encontro com Ele e com o irmão, ou seja, para experiências comunitárias e eclesiais de seguimento”, disse. O bispo afirmou ainda que é hora da fé e da esperança no caminho da Iniciação à Vida Cristã. “Os evangelistas parecem ter percebido isso desde seus primeiros escritos. Pedem que não nos atrasemos”, enfatizou. Após o intervalo, a palavra foi dada ao professor Moisés Sbardelotto para a conferência: “A catequese na era digital: novas linguagens, novos processos de comunicação”. Na ocasião, ele destacou o uso dos processos de comunicação por parte da Igreja. “Não está em questão o uso de tecnologias, o que está em jogo é uma cultura nova que vai além do uso de tecnologias”, apontou. De acordo com o professor, hoje se tem uma Igreja diversa e, por isso, é importante entender a lógica da cultura digital. “Em 30 anos a transformação no mundo foi enorme. Também a Igreja mudou sua maneira de fazer comunicação”, disse. Em suma, o professor apontou a necessidade da catequese circular no espaço digital. “Se a catequese não circula no espaço digital, amadores ocupam este espaço. Quem é cultura da participação não suporta ficar sentado, precisa participar. O debate é mais precioso. É uma cultura do fazer”, enfatizou. Às 16h30, os participantes retornaram ao auditório para uma conferência com dom Otávio Ruiz Arenas, Secretário do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. À noite, foram feitas homenagens ao irmão Israel José Nery, Therezinha Motta Lima da Cruz, Marlene Maria Silva, dom Francisco Javier e o padre Luiz Alves de Lima
COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA
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comunicações aniversários dezembro Natalício 1 Monsenhor Enoque Donizetti de Oliveira 1 Padre Vítor Aparecido Francisco 3 Dom José Geraldo Oliveira do Valle 6 Padre Alexandre José Gonçalves 9 Padre Luís Januário dos Santos 11 Padre Marcelo Nascimento dos Santos 12 Padre Adirson Costa Morais
15 Padre José Natal de Souza 17 Padre Valdenísio Justino Goulart 21 Padre Francisco Albertin Ferreira 21 Padre Gladstone Miguel da Fonseca 25 Dom Messias dos Reis Silveira 31 Padre Heraldo de Freitas Lamin 31 Dom José Lanza Neto 31 Padre Maurício Marques da Silva
agenda pastoral 1 3 4 8
Espiritualidade e confraternização da equipe Diocesana de Catequese Aniversário Natalício de Dom José Geraldo – Bispo Emérito Confraternização Anual dos Presbíteros da Diocese Imaculada Conceição de Nossa Senhora
Ordenação 5 Padre José Milton Reis 8 Padre Carlos Miranda 8 Padre Mário Pio de Faria 10 Padre José Pimenta dos Santos 12 Padre Célio Laurindo da Silva 12 Padre João Pedro de Faria 12 Padre Gilgar Paulino Freire
15 25 30 31
Reunião do Conselho Diocesano do ECC em São Tomás de Aquino Natal do Senhor Solenidade da Sagrada Família de Nazaré Aniversário Natalício do 9º Bispo Diocesano – Dom José Lanza Neto
patrimônio espiritual
Fonte: Decreto Ad Gentes, Concílio Vaticano II (12)
O TESTEMUNHO CRISTÃO
A
Presença da caridade presença dos cristãos nos agrupamentos humanos seja animada daquela caridade com que Deus nos amou, e com a qual quer que também nós nos amemos uns aos outros. Efetivamente, a caridade cristã a todos se estende sem discriminação de raça, condição social ou religião; não espera qualquer lucro ou agradecimento. Portanto, assim como Deus nos amou com um amor gratuito, assim também os fiéis, pela sua caridade, sejam solícitos pelos homens, amando-os com o mesmo zelo com que Deus veio procurá-los. E assim como Cristo percorria todas as cidades e aldeias, curando todas as doenças e todas as enfermidades, proclamando o advento do reino e Deus, do mesmo modo a Igreja, por meio dos seus filhos, estabelece relações com os homens de qualquer condição, de modo especial com os pobres e aflitos, e de bom grado por eles gasta as forças. Participa nas suas alegrias e dores, conhece as suas aspirações e os problemas da sua vida e sofre com eles nas ansiedades da morte, trazendo-lhes a paz e a luz do Evangelho. Trabalhem e colaborem os cristãos com todos os outros na reta ordenação dos problemas econômicos e sociais. Dediquem-se, com
cuidado especial, à educação das crianças e da juventude por meio das várias espécies de escolas, as quais hão de ser consideradas não só como meio exímio de formação e promoção da juventude cristã, mas também, simultaneamente, como serviço da maior importância para os homens, e em particular para as na-
12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ
14 Padre Gledson Antônio Domingos 18 Padre José Ronaldo Rocha 20 Padre Antônio Garcia 20 Monsenhor Hilário Pardini 22 Padre Luiz Gonzaga Lemos 26 Padre Ailton Goulart Rosa 26 Padre Nelson Fernandes de Oliveira 28 Padre Gentil Lopes de Campos Júnior
ções em vias de desenvolvimento, a fim de elevar a dignidade do homem e preparar condições de vida mais humanas. Além disso, tomem parte nos esforços dos povos que, lutando contra a fome, a ignorância e a doença, se afadigam por melhorar as condições de vida e por assegurar a paz no mundo. Nesta atividade
prestem os fiéis, com prudência, a sua colaboração efetiva às iniciativas promovidas pelas instituições particulares e públicas, pelos governos, pelos organismos internacionais, pelas diversas comunidades cristãs e religiões não-cristãs. A Igreja, porém, não quer, de maneira nenhuma, imiscuir-se no governo da cidade terrena. Nenhuma outra autoridade reclama para si senão a de, com a ajuda de Deus, estar ao serviço dos homens pela caridade e pelo serviço fiel. Intimamente unidos com os homens na vida e no trabalho, os discípulos de Cristo esperam oferecer-lhes o verdadeiro testemunho de Cristo e trabalhar na salvação deles, mesmo quando não podem anunciar plenamente a Cristo. Porque não procuram o progresso e a prosperidade material dos homens, mas promovem a sua dignidade e fraterna união, ensinando as verdades religiosas e morais, que Cristo esclareceu com a Sua luz. Deste modo, vão abrindo pouco a pouco o acesso mais pleno a Deus. Assim, os homens são auxiliados na aquisição da salvação pela caridade para com Deus e para com o próximo, e começa a brilhar o mistério de Cristo, no qual apareceu o homem novo que foi criado segundo Deus (cf. Ef. 4,24) e no qual se revela a caridade divina.