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MITRA
CORREIOS
A Serviço das Comunidades JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ
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ANO XXXII - 318
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MAIO DE 2016
A família “é o primeiro lugar onde se aprende a relacionar-se com o outro, a escutar, partilhar, suportar, respeitar, ajudar, conviver” (n.º 276)
Editorial “O vosso trabalho requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas outras profissões, mas implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza...”
Assim, o papa Francisco qualifica o trabalho realizado pelos profissionais de comunicação, poucos dias após sua eleição para o serviço de Sumo Pontífice da Igreja de Cristo. É com esse mesmo intento que o Jornal Comunhão, órgão oficial da Diocese de Guaxupé, se esforça há mais de trinta anos em levar aos fiéis, clérigos e leigos, informação, conteúdo de qualidade, inspirando-se no mistério profundo do divino que se debruça sobre a humanidade. Essa experiência de amor e comunhão se concretiza de inúmeros modos. Entre elas, o núcleo social, no qual se forma as consciências de todos os homens e mulheres: a família. A alegria do amor desafia os cristãos de hoje a não esmorecerem diante dos desafios apresentados e a frutificarem novos caminhos que auxiliem na construção de uma realidade mais favorável à fraternidade.
Em sintonia com esse objetivo, os bispos do Brasil, em sua Assembleia Geral, não se eximiram de sua responsabilidade de pastores e se posicionaram firmemente diante da realidade nacional. Assumindo seu ministério como Pastores, não se lançaram sozinhos na busca da paz e justiça, convocaram leigos e leigas a caminharem juntos e a assumirem a missão de lançar as bases de um futuro favorável a todos, não somente a alguns privilegiados. Quem indica o caminho da igualdade é Maria de Nazaré, “mulher real, integrada a seu mundo, tem consciência das lutas de seu povo e, nessas lutas, descobre que tudo é dom de Deus”, no artigo de José Oseas Mota. “Um é o que semeia e outro é o que colhe” (Jo 4, 37)
A Voz do Pastor
Esta edição marca a transição na editoria do jornal. Concluindo seu trabalho dedicado e minucioso, padre Clayton Bueno Mendonça se lança em novos mares, na busca incansável pelo serviço amoroso realizado à Igreja. A ele, nossa gratidão e alegria por suas conquistas na evangelização pelos meios de comunicação. Assume, a partir desta edição, a função de editor do Jornal Comunhão o estagiário pastoral, Sérgio Bernardes, graduado em Jornalismo e em Teologia. “Aja como se tudo dependesse de você, sabendo bem que, na realidade, tudo depende de Deus” Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus.
Dom José Lanza Neto
54ª Assembleia Geral da CNBB Sem dúvida, a assembleia geral da CNBB em Aparecida é expressão de fé e solidariedade junto de nosso povo brasileiro que se dirige àquele santuário nacional buscando bênção e proteção numa confiança inabalável. Todas as manhãs, antes de iniciar os trabalhos, nos dirigimos àquele santuário para celebrar a Eucaristia, alimento indispensável. Sentimos a presença da Mãe naquela pequena imagem de Aparecida. Lugar de espiritualidade mariana, lugar de encontro de fé e vida, lugar de grandes acontecimentos da Igreja do Brasil. Nossa conferência sente-se acolhida não só pela Mãe Aparecida, mas também pelo povo brasileiro. Nos deparamos com pessoas de todas as regiões do Brasil. Esta assembleia trouxe como tema central Cristãos, leigos e leigas, sujei-
tos na Igreja e na sociedade, com a inspiração bíblica: “Sal da Terra e Luz do mundo”. Outro destaque foi a colaboração para a implantação da pastoral do dízimo em todas as dioceses e comunidades. Essa questão contribuiu decisivamente para o vislumbre de uma possível solução para essa dimensão eclesial. Outros temas e orientações de suma importância foram tratados como: liturgia e espiritualidade, a questão amazônica, diaconato permanente, eleições municipais, análise de conjuntura da realidade nacional, releitura de dados recentes sobre as religiões na América Latina e no Brasil e tantos outros. O intuito desse panorama de reflexões é formar um conjunto de informações e formações para a atuação mais consciente do episcopado.
Tivemos várias orientações nas privativas, reuniões exclusivas para os bispos. Há de se destacar a exortação apostólica do Papa Francisco sobre as conclusões do Sínodo sobre a Família. Fomos presenteados com a exortação “Amoris laetitia”. Entre algumas manifestações de bispos, afirmações de que o capítulo oitavo parece ser o eixo de todo o documento. Outros afirmam que a exortação tem mais um tom pastoral do que canônico e doutrinal. A grande novidade é que sempre aparece esta disposição: “atitudes de misericórdia”. Ainda em relação a esta exortação, alguns destacam que devemos ter o cuidado com os casais, as famílias, colocando o acento no aspecto mais particular, levando em conta as pessoas, sem julgamentos nem discriminações. Será necessário
acolher e integrar casais e famílias nas comunidades e trabalhar a formação das consciências. Em relação ao alcance dessa exortação, faz-se necessário que os casais da pastoral familiar, do ECC e demais movimentos estudem a exortação. Dois sínodos já aconteceram sobra a família - um olhar positivo deve brotar nos pastores. Uma assembleia é sempre rica na sua feitura. Deve ser considerada no seu todo, na organização, na fraternidade, na espiritualidade, na mística e, sobretudo, naquilo que o Espírito diz às Igrejas. Nosso agradecimento a todos, especialmente àqueles e àquelas que se dedicaram de maneira intensa e incansável em sua preparação. Nossa gratidão. Que a Mãe Aparecida abençoe a todos.
Diretor geral DOM JOSÉ LANZA NETO Editor SÉRGIO BERNARDES - MTB - MG14.808 Equipe responsável PADRE CLAYTON BUENO MENDONÇA, JANE MARTINS e JULIANNE BATISTA Revisão JANE MARTINS e PRISCILA LOIOLA
Jornalista responsável ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA - MTB: MG 14.265 JP Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA E DESIGN - bananacanelaedesign.com.br (35) 3713-6160 Impressão GRÁFICA SÃO SEBASTIÃO Tiragem 3.950 EXEMPLARES
Redação Rua Francisco Ribeiro do Vale, 242 – Centro CEP: 37.800-000 – Guaxupé (MG) Telefone (35) 3551.1013 E-mail jornal.comunhao.guaxupe@gmail.com Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal. Uma Publicação da Diocese de Guaxupé www.guaxupe.org.br
Expediente
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Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades
Opinião
A alegria do amor A missão da Igreja junto às famílias, de acordo com o papa, se resume a 3 verbos: acompanhar, discernir e integrar A exortação apostólica do Papa Francisco coloca-nos no cerne da mensagem evangélica. Depois da realização de dois Sínodos, a respeito do tema “Família”, o Santo Padre convida-nos a três atitudes fundamentais. Ei-las: 1. Igreja Acolhedora: o sopro do Ressuscitado sobre os apóstolos na tarde daquele primeiro dia da semana infundiu neles e por eles a toda comunidade eclesial uma realidade absolutamente nova: O perdão que gera vida. No Gênesis, o sopro Divino infundia existência, no Cenáculo infundiu Graça, portanto a vida da vida. 2. Igreja Participativa: Na Igreja, os membros têm por direito divino um lugar especial: serviço. Assumi-lo, com entusiasmo e alegria é missão e condição essencial para a própria realização. Todos são responsáveis. O Papa Francisco deseja que a consciência da PERTENÇA nos leve ao serviço da PRESENÇA. Esta presença é a mais forte expressão visível no hoje da Igreja. O amor é presença. 3. Igreja Missionária: A experiência radial com o Ressuscitado gera em todos a grande vocação de ir, ousadamente na linguagem do Santo Padre: Igreja em saída. No mundo de hoje, as pessoas escutam com os olhos, por isso o testemunho da presença de todos e de cada um é ou deve ser a grande ferramenta do serviço missionário. A Igreja Missionária é uma Igreja em movimento e assim é chamada a ser toda ministerial. A Igreja nasceu para ser, historicamente, uma expressão real e um sinal vigoroso da misericórdia de Deus. Ao gerá-la, o Senhor Ressuscitado a concebeu como comunidade em conversão. Misericórdia é sentir ao máximo o outro a partir do lugar dele. Foi o que Jesus Cristo fez. Veio estabelecer sua tenda entre nós e assim nos compreender. O coração do homem é a perícia de Deus. Todas as pessoas, nas diferentes circunstâncias da vida, precisam sempre de compreensão e nunca de condenação. A pessoa humana, bem como cada família, deve ser entendida como dom de Deus e compromisso humano. Tal compreensão nos coloca diante do grande desafio: Ser para o outro sinal de Deus. É na compreensão do outro que a vida possibilita o real sentido da fraternidade. O Santo Padre deseja que sejamos peritos em relações humanas, porque experientes na capacidade de sair sempre na direção do outro para servi-
to das famílias para a promoção de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo.
-lo. Somente Deus pode ocupar a centralidade da vida e ao redor desse centro é que a família se descobrirá como lugar do perdão e da festa. Nós, pastores, não somos donos nem da Graça e nem dos Ministérios Eclesiais. Somos servidores e como tal devemos realizar o sereno e saudável discernimento, confiando a cada pessoa conforme sua realidade histórica a real possibilidade de: Acolher e ser acolhida. É justo afirmar que profeticamente, no governo pastoral de dom José Geraldo Oliveira do Valle, css, nosso bispo emérito, a nossa diocese viveu esse três pontos intensamente. O que ecoava nos limites da diocese, hoje é proposto para a Igreja toda. Amoris Laetitia Conheça alguns pontos-chave da exortação apostólica num resumo do ZENIT* Capítulo 1 - “À luz da Palavra” Reflete sobre a Palavra de Deus que “não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho” (AL 22). Capítulo 2 - “A realidade e os desafios das famílias” Partindo do terreno bíblico, o papa considera a situação atual das famílias, mantendo “os pés assentes na terra” (AL 6), bebendo com abundância das relações conclusivas dos dois Sínodos, enfrentando numerosos desafios, desde o fenômeno migratório à negação ideológica da diferença de sexo (ideologia de gênero); da cultura do provisório à mentalidade anti-natalidade e ao impacto das biotecnologias no campo da
procriação; da falta de habitação e de trabalho à pornografia e ao abuso de menores; da atenção às pessoas com deficiência ao respeito pelos idosos; da desconstrução jurídica da família à violência para com as mulheres. Capítulo 3 – “O olhar fixo em Jesus: a vocação da família” Indica elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família. É importante a presença deste capítulo, porque ilustra a vocação à família de acordo com o Evangelho, assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. Capítulo 4 – “O amor no matrimônio” Constitui um pequeno tratado no conjunto de um desenvolvimento mais amplo, plenamente consciente do caráter cotidiano do amor que se opõe a todos os idealismos: “não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal implica ‘um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus’” (AL 122). Capítulo 5: “O amor que se torna fecundo” Centra-se por completo na fecundidade e no caráter gerador do amor. Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai. Mas também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento do contribu-
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Capítulo 6: “Algumas perspectivas pastorais” O Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Volta-se a sublinhar que as famílias são sujeito e não apenas objeto de evangelização. Observa que “os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias” (AL 202). Em seguida, o Papa desenvolve o tema da orientação dos noivos no caminho de preparação para o matrimônio, do acompanhamento dos esposos nos primeiros anos da vida matrimonial. Capítulo 7: “Reforçar a educação dos filhos” Dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. Capítulo 8: “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade” Representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: “acompanhar, discernir e integrar”, os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares. Em seguida, apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral. Capítulo 9: “Espiritualidade conjugal e familiar” Dedicado à espiritualidade conjugal e familiar, “feita de milhares de gestos reais e concretos” (AL 315), no parágrafo conclusivo, o Papa afirma: “Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida» (AL 325). *Disponível em pt.zenit.org Por padre Antônio Carlos Maia, vigário-geral
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Notícias
Pastoral da Criança inova em orientação nutricional e promove formação para brinquedistas Fotos: Pastoral da Criança/Divulgação
mentares das crianças e com o avanço da tecnologia, a realidade das pessoas atendidas chegou a uma situação inversa: as crianças estão obesas e sedentárias. A alimentação saudável é substituída por industrializados e refrigerantes, causando o aumento alarmante e preocupante de obesiFormação em Paraguaçu prepara agentes para novo método de dade, pressão alta e coorientação nutricional lesterol infantil. E, ainda, A Pastoral da Criança se propôs a um há o isolamento da criança pela troca de novo trabalho: a orientação nutricional brincadeiras em grupo pelo uso excesside crianças, gestantes e famílias assisti- vo de equipamentos eletrônicos. das. Esse método se diferencia do modeDiante dessa situação, a pastoral oplo iniciado por Zilda Arns e implantado tou pela implantação da orientação nuna diocese há 25 anos, com o objetivo tricional, que contempla a troca da mulde erradicação da diarreia e da desnutri- ti-mistura pelo incentivo de formação ção, através da multi-mistura, adotado de hortas caseiras, uma ação que conviaté 2014. A nova fórmula do trabalho da mães e crianças a colocarem a mão pastoral será experimentada por cinco na terra e a cultivar seu próprio alimenparóquias em destaque na diocese, que to. A capacitação foi realizada em Paraestão no estágio máximo das atividades guaçu entre os dias 8 e 10 de abril e fode acordo com a coordenação nacional. ram escolhidas as seguintes paróquias: Devido à mudança dos hábitos ali- Paróquia Nossa Senhora Aparecida e
São Félix de Nicosia, de Poços de Caldas; O encontro ofereceu aos participantes Paróquia Nossa Senhora do Carmo, de orientação sobre atividades que possam Carmo do Rio Claro; Paróquia Nossa Se- ser realizadas na Celebração da Vida, nhora de Fátima, de Alfenas; e Paróquia reunião mensal da pastoral. Além de inSão Benedito, de Passos. Segundo o pla- centivar a convivência das crianças, as nejamento da coordenação diocesana, brincadeiras e os jogos, sempre sob a sua iniciativa deve se concretizar em todas pervisão dos brinquedistas, estimulam as paróquias até agosto de 2017. o raciocínio e a criatividade. A partir de Outra ação desenvolvida pela pasto- agora, todas as paróquias do setor têm ral, sonhada desde 2013, é o resgate de equipes de brinquedistas, que podem brincadeiras de interação, “dos tempos utilizar livros desenvolvidos pela própria da vovó”, de acordo com o coordena- pastoral com danças, confecção de brindor diocesano, Pedro Neto. De acordo quedos com materiais recicláveis, pintucom ele, o objetivo dessas atividades “é ra e atividades físicas. favorecer os laços de amizade, a troca Por Pedro Neto de experiência, a brincadeira em equipe e o diálogo entre as crianças. Essas brincadeiras são aliadas da saúde, pois transformam as gorduras em músculos”. Pensando nisso, os agentes da pastoral da área Poços de Caldas realizou nos dias 23 e 24 de abril a capacita- Agentes de Poços de Caldas recebem instrução para oferecer às crianças ção de brinquedistas. brincadeiras lúdicas e pedagógicas
Paróquia de Guaranésia comemora 142 anos de criação
Diáconos realizam retiro espiritual antes da ordenação presbiteral
A Paróquia Santa Bárbara em Guaranésia celebrou, no dia 17 de abril, 142 anos de criação. As comemorações se iniciaram com uma caminhada nos arredores da praça central da cidade, acompanhada de paroquianos que realizaram a oração do terço em louvor à Santa Bárbara com a participação de todas as pastorais e movimentos. A Missa foi celebrada às 19 horas, presidida pelo pároco, padre Gentil Lopes, e com a participação de muitos fiéis. Santa Bárbara é popularmente conhecida como “protetora contra os relâmpagos e tempestades” e é considerada a padroeira dos artilheiros, dos mineiros e de todos os que trabalham com fogo. A Paróquia foi criada em 17 de abril de 1874, por dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, bispo de São Paulo, diocese à qual pertencia o território atual da Diocese de Guaxupé. Com aproximadamente 10 mil fiéis, a comunidade paroquial expressa sua fé através de inúmeras manifestações religiosas: festa em louvor a Santo Antônio, festa de Santa Bárbara, devoção à Nossa Senhora Aparecida. A paróquia valoriza e incentiva o fortalecimento de movimentos e pastorais, como: Pastoral do Dízimo, Pastoral do Matrimônio, Pastoral da Saúde, Pastoral do Batismo, Catequese (Crisma
Entre os dias 4 e 7 de abril, os diáconos Jeremias Nicanor Alves Moreira, Júlio César Agripino, Lucas de Souza Muniz, Rovilson Ângelo da Silva e William Franquis Venâncio, que se preparam para a ordenação presbiteral em abril e maio, participaram de um retiro espiritual no Mosteiro Cisterciense em Claraval. O pregador foi o padre Alexandre José Gonçalves, pároco da São José de Machado e que por quatro anos acompanhou o processo formativo dos diáconos. Uma das temáticas desenvolvidas foi a volta às raízes vocacionais, fazendo memória de pessoas e fatos relevantes na caminhada vocacional. O ministério presbiteral foi compreendido em sua profunda ligação com a Trindade. “A relação do presbítero com o Pai, aprendemos d’Ele a arte de cuidar; com o Filho, aprendemos a servir; e com o Espírito, aprendemos a dinamicidade do amar e relacionar-se”, explicou o diácono Júlio. Inspirado num texto do cardeal Nguyen Van Thuan, o pregador motivou os participantes a “escolher Deus e não apenas as obras de Deus” e deu a eles alguns conselhos para auxiliar na proficuidade do ministério. De acordo com o diácono Júlio, a experiência foi positiva. “Tivemos a oportunidade de, além de muita ora-
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Fotos: Divulgação/Pascom
Celebração Eucarística motiva fiéis a se engajar na comunidade e viver a fraternidade
e Eucaristia), MECEs, Acólitos, Música, Acolhida, ECC, RCC, Terço dos Homens, Movimento Mãe Rainha, Apostolado da Oração, Filhas de Maria e Irmandade do Carmo. Por Cássia Galante e Revista do Centenário
Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades
Fotos: Diácono Júlio César Agripino
No silêncio do Mosteiro de Claraval, futuros padres se preparam para os desafios do ministério presbiteral
ção, vivenciarmos ótimos momentos de convivência e de partilha”. Por Diácono Júlio César Agripino
Encontro Nacional valoriza comunhão e espiritualidade no ministério presbiteral
Visita pastoral valoriza o contato entre bispo e fiéis em Cássia
lembrou também a relação de mútua cooperação entre presbíteros e bispo. “Quero testemunhar o que eu aprendi ao longo dos meus anos de episcopado. A maior parte do que o bispo consegue realizar em sua diocese, consegue fazê-lo por meio de seus sacerdotes”, afirmou. A Diocese de Guaxupé está representada por três delegados, os padres César Acorinte, representante diocesano dos presbíteros, Alexandre José Gonçalves e Aílton Goulart Rosa. Representantes da diocese ressaltaram comunhão com o De acordo com padre César, a rebispo diocesano como um dos pontos principais do encontro Entre os dias 19 e 25 de abril, acontepresentatividade no encontro é ceu no Santuário Nacional de Aparecida importante para o desenvolvimento das a 16ª edição do Encontro Nacional de atividades na Igreja Particular. “LevarePresbíteros (ENP) com o tema “Presbíte- mos grandes contribuições para o cresros do Brasil, alegria no testemunho do cimento da vida e ministérios dos nosEvangelho”. Promovido pela Comissão sos irmãos presbíteros e fortalecimento Nacional de Presbíteros e pela Comis- da comunhão entre o presbitério”. são para os Ministérios Ordenados e a No dia 22, foi proporcionado aos Vida Consagrada, ambas da Conferência participantes um dia de espiritualidaNacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o de sobre o ministério presbiteral com a evento reuniu mais de 500 presbíteros orientação de dom Frei Luiz Flávio Capde todas as dioceses do país. pio, ofm, bispo da Diocese da Barra (BA). Participam do encontro o vice-presi- “O padre é profeta e missionário. Somos dente da CNBB, dom Murilo Sebastião colaboradores de Jesus no trabalho misRamos Krieger, scj, o presidente da Co- sionário. O coração do profeta missionámissão Episcopal para Ministérios Orde- rio deve ser grande, nele tem lugar para nados e a Vida Consagrada, dom Jaime todos”, destacou padre César. Spengler, e bispos membros da mesma No fim de sua reflexão, o bispo desComissão, dom Juarez Sousa da Silva e tacou o papel de Maria na vida dos sadom João Francisco Salm. cerdotes. “Maria nos acompanha nos Na celebração eucarística que mar- tempos atuais em nosso desempenho cou o início dos trabalhos, dom Murilo pastoral. Se alegra com nossas conquisKrieger presidiu a missa e falou aos pa- tas, nos encoraja nos momentos de dedres que muitos olhares estão voltados safios e nos olha com amor de mãe mepara eles na expectativa de um verda- diante nossas infidelidades”. deiro testemunho de alegria. O bispo Da Redação
Fotos: Pascom - Cássia
Foto: Arquivo Pessoal/Padre César Acorinte
Reunião com membros do Conselho Pastoral discutiu desafios, mas valorizou a caminhada e potenciais da comunidade
A comunidade da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Cássia, recebeu no Santuário de Santa Rita o bispo diocesano de Guaxupé, dom José Lanza Neto, para sua visita pastoral na cida-de. A programação foi iniciada com uma celebração eucarística presidida pelo Bispo, na noite do dia 22 de abril. Durante a homilia, dom Lanza disse que a visita missionária é um momento para ouvir a comunidade e ver a realidade paroquial. O bispo ressaltou a importância das Santas Missões Populares para demonstrar a misericórdia cristã no Ano Santo e exortou os fiéis, a exemplo de Santa Rita, a jamais abrirem mão do amor de Deus nas tribulações da vida. Ao final da celebração, na qual se celebrava a novena perpétua à Santa Rita, dom Lanza recebeu uma mensagem de boas vindas da comunidade. No dia 23, o bispo teve uma agenda cheia. No período da manhã, dom Lanza dedicou o tempo para visitar alguns enfermos e suas famílias. À tarde, visitou o Lar São Vicente de Paulo, onde rezou e abençoou moradores e vicentinos. Logo após, se reuniu com agentes de pastorais e movimentos num café comunitário, seguido por uma reunião com os membros do Conselho Pastoral Paroquial, com quem discutiu os desafios a serem enfrentados
e as luzes que iluminam a caminhada da comunidade. A programação do dia incluiu a dedicação da capela Nossa Senhora de Fátima e Servo de Deus Donizetti Tavares de Lima, nascido na cidade e em processo de beatificação. De acordo com o pároco, padre Sandro Henrique, o local “será um espaço de oração e união das famílias que já residem no
bairro”. Após a celebração, dom Lanza foi recepcionado pelos grupos de jovens da paróquia. Houve um momento para a troca de experiências entre os jovens e o bispo. “A alegria juvenil agra-dou ao nosso pastor e ele incentivou os jovens, através da fé e da formação, a encontrarem um lugar de protagonismo na Igreja e na sociedade”, afirmou o pároco. No domingo (24), o bispo teve a oportunidade de presidir a Eucaristia para os paroquianos nas quatro missas do dia. Antes de encerrar suas atividades, dom Lanza participou de um almoço em benefício do Lar Sã Vicente de Paulo. Da Redação
Nova capela irá atender moradores de uma região em crescimento na cidade
Projeto promove cursinho pré-vestibular em Passos para jovens de baixa renda O acesso à educação e à cultura é um dos direitos mais básicos garantidos em constituição. Não obstante, a Igreja sempre conservou a preocupação por garantir a todos o acesso a esse direito fundamental. O Concílio Vaticano II dedicou uma declaração exclusiva sobre a educação cristã, a Gravissimus educationis (GE), e apontou a educação dos jovens e a formação continuada dos adultos como urgente nos tempos atuais. Todo esse cuidado da Igreja se insere na dinâmica da sua Doutrina Social (DSI). A educação é um dos bens comuns, que “todo o homem deve ter a possibilidade de usufruir (...) para o seu pleno desenvolvimento” (DSI, n. 172). Por isso, toda forma de subsidiariedade, solidariedade e participação deve ser explorada, de modo que o empenho pela educação e a formação da pessoa humana seja, de fato, a primeira solicitude da ação social dos cristãos (DSI, n. 557). Em âmbito nacional, a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil faz grave denúncia sobre as mazelas do sistema educacional brasileiro. Os bispos apontam que milhões de crianças e adolescentes nem chegam a frequentar a escola e que a fome crônica, o trabalho infantil, a longa distância das escolas e outros fatores contribuem muito para o fracasso escolar da maioria dos estudantes (Doc. 47, n. 9). Assinala ainda que “os recursos financeiros destinados à educação têm sido, mais do que insuficientes, mal administrados” (Doc. Hernane Freitas 47, n. 22). Conscientes disso, alguns professores membros da Paróquia São Benedito de Passos tiveram a iniciativa de
promover um cursinho pré-vestibular, destinado a atender os jovens mais carentes da comunidade. O projeto nasceu da necessidade em ajudar esses estudantes a garantirem seu acesso à educação. Na cidade, há duas instituições de ensino superior, técnico e tecnológico, a Universidade do Estado de Minas Gerais e o Instituto Federal do Sul de Minas, além de instituições particulares por toda a região. A partir de uma parceria com a paróquia e com a ajuda de voluntários, o curso já atende 50 jovens que se preparam para ingressar nas instituições de ensino. Mas, para os idealizadores do proIniciativa busca recursos para aumentar número de vagas jeto, ainda falta disponíveis à população
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muito a ser percorrido, há uma grande lista de espera e o intuito é expandir a iniciativa, gerando mais vagas. O valor cobrado dos participantes é de vinte reais por mês para cobrir as despesas com material para provas e simulados. O que dificulta ainda é a falta de apoio e incentivo de empresas em contribuir financeiramente com a manutenção do curso. Parceira do projeto, a paróquia cede o espaço da sala de aula em seu centro pastoral, além de energia elétrica e água. De acordo com Hernane Freitas, um dos idealizadores do projeto, o trabalho é desafiante, mas dá esperança. “A ideia é captar recursos para que esses estudantes tenham mais comodidade, mais oportunidades de conhecer algumas universidades e buscar uma oportunidade que é garantida a todos os cidadãos pela constituição”. Quer conhecer o projeto? Entre em contato: prevestisaobenedito@bol.com. br, ou pelo telefone: (35) 3522-3047
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Notícias
Em 54ª edição da Assembleia Geral, CNBB demonstra comprometimento e vigor diante da realidade nacional e insiste na promoção da Paz Entre os dias 6 e 15 de abril, o Santuário Nacional de Aparecida (SP) acolheu mais de 300 bispos para a 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A temática central dessa edição, Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da Terra e Luz no Mundo, foi uma das norteadoras do encontro que se manifestou sobre temas relevantes para a Igreja no Brasil, como a situação política nacional, as reflexões sobre a família inspiradas pela exortação apostólica Amoris Laetitia, além da situação da Amazônia e outras perspectivas pastorais. “A Assembleia é momento muito precioso para nossa Conferência Episcopal e para as Igrejas particulares. Trata-se de um espaço de oração, partilha, estudos e convivência fraterna. Durante esses dias, fortalecemos a comunhão entre nós, bispos”, explica o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner. Na celebração eucarística na Basílica de Nossa Senhora Aparecida, que marcou a abertura da 54ª AG (6), o presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha, exortou os bispos à manutenção da comunhão e ao profetismo diante de variadas formas de violência. “Os nossos esforços em favor da unidade da Igreja, nosso empenho pela justiça e a paz no Brasil e no mundo devem ser acompanhados de muita oração e escuta da Palavra para poder discernir os passos a serem dados e ter a força necessária para caminhar na fidelidade ao Senhor”. Leigos e Leigas O tema central da 54ª AG, aprovado pelos bispos, se baseia numa versão ampliada do Estudo 107 da CNBB. O assunto já tratado na assembleia de 2015, após o acréscimo de contribuições dos regionais, retornou à pauta nessa edição. Para o vice-presidente do Conselho Nacional de Leigos (CNL) e assessor da Comissão para o Laicato, Laudelino Augusto, a divulgação do texto provocou um reconhecimento dos cristãos leigos em perceber sua ação eclesial na sociedade. “O tema foi estudado nas assembleias regionais da CNBB, nas paróquias, movimentos, associações laicais, novas comunidades, pelos profissionais e no mundo político. As assessorias aos encontros acontecidos, desde a primeira versão do documento, mostraram a expectativa em torno da reflexão”. O texto, organizado a partir do método Ver, Julgar e Agir, foi apresentado pelo arcebispo de Londrina (PR) e presidente da Comissão para o Laicato, dom Orlando Brandes. Conforme explicação, há inspiração na
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matriz eclesial do Concílio Vaticano II, no Documento de Aparecida e na exortação apostólica Evangelii Gaudium. Está estruturado a partir de dois eixos: o leigo como sujeito da ação pastoral e o mundo como primeiro campo de atuação do leigo. De acordo com o secretário-geral, o documento ressalta a influência que os leigos têm nos serviços de evangelização da Igreja. “Esse verdadeiro ministério, digamos assim, dos leigos dentro da Igreja é muito importante e o documento tentou ressaltar isso, trazer a reflexão, a meditação e também dar algumas pistas para os leigos, como exemplo, como eles podem nos ajudar ainda mais como Igreja, especialmente nas pastorais sociais”, disse. Situação Política Nacional Assunto de grande repercussão durante a assembleia foi o momento de crise nacional em relação ao cenário político. Em consonância com o histórico da CNBB e seu comprometimento com a sociedade brasileira, ao longo de toda a sua existência, a conferência divulgou uma declaração, durante uma coletiva de imprensa. De acordo com o presidente da CNBB, o episcopado insiste “que, nos encaminhamentos das decisões que são tomadas, que, de fato, se respeite, se preserve a ordem jurídica e constitucional estabelecida”. O texto, aprovado pela AG, corrobora outras declarações, publicadas anteriormente, da Presidência, do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) e do Conselho Permanente. “A crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participa-
ção popular, favoreça a autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições, assegure a governabilidade e garanta os direitos sociais”, apontam os bispos na declaração. Dom Sérgio da Rocha aproveitou a divulgação da declaração para recordar que as manifestações têm que ser pacíficas. “É importante que quem vai se manifestar, seja qual for a sua posição, deva fazer isso sempre num clima de respeito a quem pensa diferente, buscando a paz, rejeitando a diferença. Nós não podemos aceitar a violência como forma de manifestação de posição política, seja ela qual for”, observou. Sobre a posição da CNBB em relação ao impedimento da presidente, dom Sergio deixou claro que a missão da Igreja é profética, mas não é de caráter político-partidário. “Nós, normalmente, não nos pronunciamos sobre pessoas, partidos ou governos e um pronunciamento específico sobre esse tema, inevitavelmente, implica num pronunciamento de caráter mais político-partidário. E nós continuamos a nossa missão e dispostos a dialogar, favorecer o diálogo, insistir e colaborar com aquilo que estiver ao nosso alcance que esse diálogo aconteça”, ressaltou. Amoris Laetitia Divulgada durante a 54ª AG, a exortação apostólica pós-sinodal do papa Francisco, Amoris laetitia – sobre o Amor na Família, se tornou uma das pautas do episcopado brasileiro. O arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Scherer, particpante dos debates como padre sinodal, destacou alguns pontos centrais do documento. “A primeira perspectiva pastoral que
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o papa propõe é o anúncio da boa nova do amor e da família no casamento, no sentido de extrair da revelação divina, do evangelho, do ensinamento da Igreja”, afirmou o cardeal, destacando a indicação de que o casamento, a paternidade e a maternidade são coisas boas. O olhar oferecido por Francisco, segundo o cardeal, se dá a partir do enfoque da alegria, da beleza, da felicidade proporcionada pelo amor, pelo casamento, olhando o valor bonito que existe no amor humano. “A fonte não cessa, por mais que haja divórcios, separações, discursos contra o casamento, existem jovens querendo se casar. É da vocação humana. O papa tenta recuperar isso, a partir desse enfoque, trata também das situações problemáticas”, observou. Conforme o cardeal, as situações de fragilidade consideradas pelo papa, debatidas durante as duas assembleias sinodais, devem ser encaradas na perspectiva do acompanhamento, do discernimento e do critério da gradualidade. Questões semelhantes já foram abordadas na exortação apostólica Familiaris Consortio, de São João Paulo II, em 1981. “O que o papa insiste aqui é no acompanhamento pastoral e no discernimento dos pastores da Igreja em relação a essas situações. Existem muitas formas de participação da comunhão na Igreja e de participação da vida da Igreja, da vida missionária e pastoral onde essas pessoas podem e devem participar”, ressaltou. Encerramento Durante o encerramento do evento (15) e em consonância com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, o presidente da CNBB destacou alguns pontos essenciais da comunidade cristã: discipulado, “uma Igreja de discípulos que vivem do encontro com o ressuscitado e que se alimentam da sua palavra e da eucaristia”; misericórdia, “uma Igreja mãe misericordiosa e acolhedora, casa de portas abertas capaz de acolher tantos caídos por terra como Saulo, incapazes de ver, de caminhar, necessitados de mãos estendidas, de coração aberto para levantar-se das quedas, para caminhar na luz”; em missão, “é preciso sair ao encontro daqueles que no mundo de hoje vivem necessitados da luz da fé e do encontro com Cristo”; o profetismo da Igreja se dá “oferecendo a sua contribuição própria, à luz da fé em Cristo, os valores e critérios que brotam do Evangelho para orientar a vida política, econômica e cultural”.
DECLARAÇÃO DA CNBB SOBRE O MOMENTO NACIONAL “Quem pratica a verdade aproxima-se da luz” (Jo 3,21).
Nós, bispos católicos do Brasil, reunidos em Aparecida, na 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), frente à profunda crise ética, política, econômica e institucional pela qual passa o país, trazemos, em nossas reflexões, orações e preocupações de pastores, todo o povo brasileiro, pois, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Gaudium et Spes, 1). Depois de vinte anos de regime de exceção, o Brasil retomou a experiência de um Estado democrático de direito. Os movimentos populares, organizações estudantis, operárias, camponesas, artísticas, religiosas, dentre outras, tiveram participação determinante nessa conquista. Desde então, o país vive um dos mais longos períodos democráticos da sua história republicana, no qual muitos acontecimentos ajudaram no fortalecimento da democracia brasileira. Entre eles, o movimento “Diretas Já!”, a elaboração da Carta Cidadã, a experiência das primeiras eleições diretas e outras mobilizações pacíficas. Neste momento, mais uma vez, o Brasil se defronta com uma conjuntura
desafiadora. Vêm à tona escândalos de corrupção sem precedentes na história do país. É verdade que escândalos dessa natureza não tiveram início agora; entretanto, o que se revela no quadro atual tem conotações próprias e impacto devastador. São cifras que fogem à compreensão da maioria da população. Empresários, políticos, agentes públicos estão envolvidos num esquema que, além de imoral e criminoso, cobra seu preço. Quem paga pela corrupção? Certamente são os pobres, “os mártires da corrupção” (Papa Francisco). Como pastores, solidarizamo-nos com os sofrimentos do povo. As suspeitas de corrupção devem continuar sendo rigorosamente apuradas. Os acusados sejam julgados pelas instâncias competentes, respeitado o seu direito de defesa; os culpados, punidos e os danos, devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida a justiça. A forma como se realizam as campanhas eleitorais favorece um fisiologismo que contribui fortemente para crises como a que o país está enfrentando neste momento. Uma das manifestações mais evidentes da crise atual é o processo de
impeachment da Presidente da República. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil acompanha atentamente esse processo e espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitado o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito. A crise atual evidencia a necessidade de uma autêntica e profunda reforma política, que assegure efetiva participação popular, favoreça a autonomia dos Poderes da República, restaure a credibilidade das instituições, assegure a governabilidade e garanta os direitos sociais. De acordo com a Constituição Federal, os três Poderes da República cumpram integralmente suas responsabilidades. O bem da nação requer de todos a superação de interesses pessoais, partidários e corporativistas. A polarização de posições ideológicas, em clima fortemente emocional, gera a perda de objetividade e pode levar a divisões e violências que ameaçam a paz social. Conclamamos o povo brasileiro a preservar os altos valores da convivência democrática, do respeito ao próximo, da tolerância e do sadio pluralismo, promovendo o debate político com serenidade. Manifestações populares pacíficas contribuem para o fortalecimento da democracia. Os meios de
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comunicação social têm o importante papel de informar e formar a opinião pública com fidelidade aos fatos e respeito à verdade. Acreditamos no diálogo, na sabedoria do povo brasileiro e no discernimento das lideranças na busca de caminhos que garantam a superação da atual crise e a preservação da paz em nosso país. “Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a se preocupar com a construção de um mundo melhor” (Papa Francisco). Pedimos a oração de todos pela nossa Pátria. Do Santuário de Nossa Senhora Aparecida, invocamos a bênção e a proteção de Deus sobre toda a nação brasileira. Aparecida - SP, 13 de abril de 2016. Dom Sergio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ Arcebispo de São Salvador da Bahia Vice-Presidente da CNBB Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB
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50º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS
MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA FRANCISCO PARA O 50º DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS “Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo” Queridos irmãos e irmãs! O Ano Santo da Misericórdia convida-nos a refletir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia. Com efeito, a Igreja unida a Cristo, encarnação viva de Deus Misericordioso, é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir. Aquilo que dizemos e o modo como o dizemos, cada palavra e cada gesto deveria poder expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos. O amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus. Como filhos de Deus, somos chamados a comunicar com todos, sem exclusão. Particularmente próprio da linguagem e das ações da Igreja é transmitir misericórdia, para tocar o coração das pessoas e sustentá-las no caminho rumo à plenitude daquela vida que Jesus Cristo, enviado pelo Pai, veio trazer a todos. Trata-se de acolher em nós mesmos e irradiar ao nosso redor o calor materno da Igreja, para que Jesus seja conhecido e amado; aquele calor que dá substância às palavras da fé e acende, na pregação e no testemunho, a “centelha” que os vivifica. A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo, assim, a sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e harmonia. As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isto acontece tanto no ambiente físico como no digital. Assim, palavras e ações hão de ser tais que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças que mantêm prisioneiros os indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio. Ao contrário, a palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a comunicação. Por isso, queria convidar todas as pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados ressentimentos podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar e reconciliar-se. E isto aplica-se também às
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relações entre os povos. Em todos estes casos, a misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar, como se exprimiu muito eloquentemente Shakespeare: “A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe” (O mercador de Veneza, Ato IV, Cena I). É desejável que também a linguagem da política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia, que nunca dá nada por perdido. Faço apelo sobretudo àqueles que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado. É fácil ceder à tentação de explorar tais situações e, assim, alimentar as chamas da desconfiança, do medo, do ódio. Pelo contrário, é preciso coragem para orientar as pessoas em direção a processos de reconciliação, mas é precisamente tal audácia positiva e criativa que oferece verdadeiras soluções para conflitos antigos e a oportunidade de realizar uma paz duradoura. “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (...) Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 7.9). Como gostaria que o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis! A misericórdia pode ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a quantos têm conhecido apenas a frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz de superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos. Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu. O Evangelho de João lembra-nos que “a verdade [nos] tornará livres” (Jo 8, 32). Em última análise, esta verdade é o próprio Cristo, cuja misericórdia repassada de mansidão constitui a medida do nosso modo de anunciar a verdade e condenar a injustiça. É nosso dever principal afirmar a verdade com amor (cf. Ef 4, 15). Só palavras pronunciadas com amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os nos-
sos corações de pecadores. Palavras e gestos duros ou moralistas correm o risco de alienar ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão e à liberdade, reforçando o seu sentido de negação e defesa. Alguns pensam que uma visão da sociedade enraizada na misericórdia seja injustificadamente idealista ou excessivamente indulgente. Mas tentemos voltar com o pensamento às nossas primeiras experiências de relação no seio da família. Os pais amavam-nos e apreciavam-nos mais pelo que somos do que pelas nossas capacidades e os nossos sucessos. Naturalmente os pais querem o melhor para os seus filhos, mas o seu amor nunca esteve condicionado à obtenção dos objetivos. A casa paterna é o lugar onde sempre és bem-vindo (cf. Lc 15, 11-32). Gostaria de encorajar a todos a pensar a sociedade humana não como um espaço onde estranhos competem e procuram prevalecer, mas antes como uma casa ou uma família onde a porta está sempre aberta e se procura aceitar uns aos outros. Para isso é fundamental escutar. Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento. Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de onipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum. Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais cômodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Na escuta, consuma-se uma espécie de martírio, um sacrifício de nós mesmos em que se renova o gesto sacro realizado por Moisés diante
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da sarça ardente: descalçar as sandálias na “terra santa” do encontro com o outro que me fala (cf. Ex 3, 5). Saber escutar é uma graça imensa, é um dom que é preciso implorar e depois exercitar-se a praticá-lo. Também e-mails, sms, redes sociais, chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral. Rezo para que o Ano Jubilar, vivido na misericórdia, “nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse todas as formas de violência e discriminação” (Misericordiae Vultus,
23). Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à partilha. A comunicação, os seus lugares e os seus instrumentos permitiram um alargamento de horizontes para muitas pessoas. Isto é um dom de Deus, e também uma grande responsabilidade. Gosto de definir este poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa. Num mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade. Vaticano, 24 de Janeiro de 2016. Franciscus
“Para que se revigore o apostolado da Igreja em relação com os meios de comunicação social, deve celebrar-se em cada ano em todas as dioceses do mundo, (...) um dia em que os fiéis sejam doutrinados a respeito das suas obrigações nesta matéria, convidados a orar por
esta causa e a dar uma esmola para este fim, a qual será destinada a sustentar e a fomentar (...) as instituições e iniciativas promovidas pela Igreja”. (IM 18). Assim, indica a relevância do Dia Mundial das Comunicações Sociais o decreto conciliar Inter Mirifica, documento decisivo
para o desenvolvimento da informação eclesial e a evangelização através de veículos de comunicação. Por isso, nesta 50ª edição, conheça os temas tratados nos quatro pontificados desde sua instauração.
Paulo VI 1967 - Os meios de comunicação social 1968 - A imprensa, o rádio, a televisão e o cinema para o progresso dos povos 1969 - Comunicações sociais e família 1970 - As comunicações sociais e a juventude 1971 - Os meios de comunicação social a serviço da unidade dos homens 1972 - As comunicações sociais a serviço da vida 1973 - As comunicações sociais e a afirmação e promoção dos valores espirituais 1974 - As comunicações sociais e a evangelização no mundo contemporâneo 1975 - Comunicação social e reconciliação 1976 - As comunicações sociais diante dos direitos e deveres fundamentais do homem 1977 - A publicidade nas comunicações sociais: vantagens, perigos, responsabilidades 1978 - O receptor da comunicação social: expectativas, direitos e deveres João Paulo II 1979 - Comunicações sociais e desenvolvimento da criança 1980 - Comportamento ativo das famílias perante os meios de comunicação social 1981 - As comunicações sociais a serviço da liberdade responsável do homem 1982 - As comunicações sociais e os problemas dos idosos 1983 - Comunicações Sociais e promoção da paz 1984 - As comunicações sociais, instrumento de encontro entre fé e cultura 1985 - As comunicações sociais e a promoção cristã da juventude 1986 - Comunicações sociais e formação cristã da opinião pública 1987 - Comunicações sociais e promoção da justiça e da paz 1988 - Comunicações sociais e promoção da solidariedade e fraternidade entre os homens e os povos 1989 - A religião nos mass media 1990 - A mensagem cristã na cultura informática atual 1991 - Os meios de comunicação para a unidade e o progresso da família humana 1992 - A proclamação da mensagem de Cristo nos meios de comunicação 1993 - Videocassete e audiocassete na formação da cultura e da consciência 1994 - Televisão e família: critérios para saber ver 1995 - Cinema, veículo de cultura e proposta de valores 1996 - Os mass-media: areópago moderno para a promoção da mulher na sociedade? 1997 - Comunicar o Evangelho de Cristo: Caminho, Verdade e Vida 1998 - Sustentados pelo Espírito, comunicar a esperança 1999 - Mass media: presença amiga ao lado de quem procura o Pai 2000 - Proclamar Cristo nos meios de comunicação social no alvorecer do Novo Milénio 2001 - Anunciai-o do cimo dos telhados: o Evangelho na era da comunicação global 2002 - Internet: um novo foro para a proclamação do Evangelho 2003 - Os meios de comunicação social ao serviço da paz autêntica, à luz da Pacem in terris 2004 - Os mass media na família: um risco e uma riqueza 2005 - Os meios de comunicação: ao serviço da compreensão entre os povos Bento XVI 2006 - A mídia: rede de comunicação, comunhão e cooperação 2007 - As crianças e os meios de comunicação social: um desafio para a educação 2008 - Os meios de comunicação social: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Buscar a verdade para partilhá-la 2009 - Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade 2010 - O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos media ao serviço da Palavra 2011 - Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital 2012 - Silêncio e Palavra: caminho de evangelização 2013 - Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização Francisco 2014 - Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro 2015 - Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor 2016 - Comunicação e Misericórdia: um encontro fecundo
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Catequese
Maria na Catequese “Vou lhe contar uma história de uma jovem chamada Maria / Em Nazaré da Galileia outra igual eu não sei se existia. ” Esse verso inicia a música “História de Maria”, do Padre Zezinho. Em minha opinião, essa música é um dos exemplos mais didáticos para se explicar Mariologia que eu já conheci. Nela, o compositor conta toda a trajetória de Maria de forma muito simples e sucinta, como é comum em outras composições suas, e nos ajuda a ter um bom panorama da vida de Maria e do mundo em que ela viveu. Assim como devemos fazer em relação ao estudo da Cristologia, o conhecimento sobre Maria também deve estar fundado no conhecimento de seu tempo e nos ensinamentos que a Bíblia nos traz sobre ela. E o que encontraremos neste estudo? Uma visão sobre Maria que, muitas vezes, nos passa despercebida. Isso acontece porque durante quase toda a história do Cristianismo se acostumou a ver Maria simplesmente como Virgem, Santa, Mãe do Salvador. Claro que tudo isso é importante, mas pode nos levar a uma piedade mariana muito superficial, baseada em devoções que são, sim, importantes, que podem nos aproximar de nossa fé, mas que carecem de fundamento. Daí a necessidade de se pensar mais sobre esse assunto, especialmente nesse mês que é dedicado a ela, nossa mãe, e a todas as mães que existem ou já existiram. Uma das primeiras características que podemos ver em Maria é ser ela a perfeita discípula do Senhor. Vejamos a sua atitude quando, segundo o texto de Mateus, o anjo lhe anuncia que vai ser a mãe do Salvador. Ela vai primeiro ter um diálogo com ele, não vai aceitando de imediato. Isso porque, antes de dar sua resposta, precisa estar consciente do que vai assumir. Assim, seu sim vem todo consciente do papel que ela assumiria no plano de salvação de Deus. Maria foi obediente a Deus. Obedieri, em latim, significa escutar, o que é diferente de ser submisso. Ela não é uma escrava de Deus que tem que fazer o que Ele manda, mas é toda disponível à sua vontade; não era obrigada a dizer
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sim, mas, ao fazê-lo, realizou a perfeita união da liberdade com a vontade. Aí ela fez sua entrega de coração a Deus, aí ela demonstrou sua fé. Ela teve aquela confiança de criança que se joga nos braços do pai, sem receios, somente confiança, e por isso ela pôde ser chamada de “cheia de Graça”, e de Isabel, sua prima, ouvir essas palavras: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1, 45). Agora a humanidade poderia caminhar em direção à verdadeira libertação. Também é Maria aquela que medita a Palavra em seu coração. Por duas vezes Lucas diz isso (Lc 2, 19 e 2, 51). A segunda vez ocorre logo após Maria e José terem encontrado Jesus, aos doze anos, no templo e dele ouvirem isso: “Por que me procuravam? Não sabiam que eu devo estar na casa do meu Pai?” Aí Jesus começava a entender o projeto de Deus para ele, e sua mãe teve que se confrontar com essa realidade. Como ela o terá sentido? Pôde ela compreender como isso levaria seu filho para longe, para os perigos que ele enfrentaria? Como cuidar das coisas de seu Pai? Seu pai não era José? Ela poderia ter noção
da gravidez divina, mas talvez ainda não da divindade de Jesus. Maria se faz toda ela missionária. Poderia ter usado de sua condição para explorar os outros, mas se faz aquela que se põe a caminho, transbordando a Graça de Deus. Não se faz de arrogada. Quando sua prima Isabel, idosa e grávida, precisou de sua ajuda, não mediu esforços para ir ter com ela. Sua generosidade transborda e por ela se faz peregrina na fé, para quem qualquer chamado é um constante renovar. Sendo humana, estava sempre sujeita a fugir da rota, mas, para evitar isso, viveu um constante renovar de seu sim. Em Hb 4, 12a lemos que “A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes”. Esse texto ilumina as palavras de Simeão a Maria (“uma espada há de atravessar-lhe a alma”). Se a Palavra de Deus não fizer um “estrago” em nossa vida não é Palavra de Deus. Essa palavra a fez sair de si e ir ao encontro da prima, andando por dias, carregando água, etc. E ela, mulher, pobre, grávida, em meio a uma sociedade em que a mulher não tinha vez nem voz, vai ser a primeira catequista, a primeira a levar
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Jesus a alguém. Todas as atitudes de Jesus eram passos a mais que ele deveria dar na fé: é quando a razão se cala e a alma se entrega a Deus. Ela, sua mãe, abre mão de ter Jesus em casa, corrige sua rota, e vai ser uma no meio dos seguidores dele. Ela, que o educou na infância, agora vai aprender com ele. Ao mesmo tempo se mostra mulher de coração pobre, sinal da opção preferencial de Deus pelos pobres, sendo ela mesma pobre, além de mulher analfabeta e sem direitos dentro de uma sociedade patriarcal a machista. Através dela, Deus passou à frente da cultura da época e foi ao encontro do ser mais necessitado, a mulher, tão simples e desprezada. Pois é justamente ela quem, pobre, se faz solidária com os pobres, os massificados, os que mais sofrem. Maria é Santa, mas não uma santinha de altar que lá está apenas para ser venerada. Mais do que isso, ela é mulher real, integrada a seu mundo, tem consciência das lutas de seu povo e, nessas lutas, descobre que tudo é dom de Deus. Através dos relatos orais desse povo é que toma consciência do que acontece e demonstra um coração tão aberto que a faz “cheia de Graça”. Essa é Maria, aquela que não se engrandece, que mantém o coração aberto ao projeto de Deus, que entende que o que acontece não é por feitos extraordinários, mas por ser ela o que era no ordinário do dia a dia; aquela que une mística e cidadania, o espiritual com compromisso social, que não consegue conceber a vida sem que seja unida com a fé ou vice-versa; que sabe escapar do esquema do sagrado e profano. Pois que cada um de nós saiba ver Maria com os olhos daquele que busca seu exemplo, que se deixa contagiar pelo jeito tão humano dessa “mãe de Deus e nossa”, que tem a coragem de também dar o seu sim a Deus e, assim, cumprir com a grande missão de todo cristão: fazer com que o Reino do Céu aconteça no nosso aqui e agora. Amém. Por José Oseas Mota
Atualidade
“Eu era forasteiro, e me recebestes em casa” “Quando damos aos pobres as coisas indispensáveis, não praticamos com eles grande generosidade pessoal, mas lhes devolvemos o que é deles. Cumprimos um dever de justiça e não tanto um ato de caridade”. São Gregório Magno “Onde dormirão os pobres?” Essa interrogação que deveria incomodar toda a humanidade, especialmente os cristãos que pautam sua vida pelos princípios da fraternidade e caridade, é título de livro de um dos precursores da Teologia da Libertação na América Latina, Gustavo Gutiérrez. O autor, em suas obras, provoca os cristãos a refletirem sobre questões fundamentais sobre sua experiência de fé. Como falar sobre Deus a partir do sofrimento dos inocentes? É possível anunciar a fé cristã, alicerçada na experiência fraterna, num mundo onde os seres humanos não são irmãos? E, ainda, como falar da ressurreição em um mundo numa realidade marcada por uma ideologia da morte, onde faltam aspectos básicos para a sobrevivência? Um salmo bastante conhecido da tradição bíblica (Sl 23) indica o caráter sagrado em acolher em casa o peregrino, uma das Obras de Misericórdia ensinadas pela doutrina cristã, e dar-lhe condições de refazer-se de sua jornada: “Diante de mim preparas uma mesa aos olhos de meus inimigos; unges com óleo minha cabeça, meu cálice transborda”. Esse é o trabalho feito por inúmeras pessoas ao redor de todo mundo anonimamente, mas também de associações e congregações que se dedicam a acolher peregrinos e migrantes de outros países e de outras regiões. Na mensagem escrita pelo papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, em janeiro, é analisada a complexa rede de fatores que contribuem para o processo migratório em todo o mundo, incluindo a frágil economia de algumas regiões, o tráfico de pessoas, a perseguição política etc. “Os fluxos migratórios constituem já uma realidade estrutural, e a primeira questão que se impõe refere-se à superação da fase de emergência para dar espaço a programas que tenham em conta as causas das migrações, das mudanças que se produzem e das consequências que imprimem novos rostos às sociedades e aos povos. Todos os dias, porém, as histórias dramáticas de milhões de homens e mulheres interpelam a comunidade internacional, testemunha de inaceitáveis crises humanitárias que surgem em muitas regiões do mundo”, exorta o papa. A Diocese de Guaxupé, situada numa região favorável a diversas
culturas agrícolas e pecuárias, recebe todos os anos um número considerável de migrantes vindos de outros lugares com a intenção de conseguir trabalho, ainda que temporário, nas lavouras de café e em outras atividades. Apesar do último Censo (2010) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentar considerável redução do fluxo migratório em todo o território brasileiro, Minas Gerais ainda é considerado uma área de rotatividade migratória. No período de 2005 a 2010, foram mais de 370 mil brasileiros que chegaram ao estado, enquanto do outro lado, mais de 390 mil pessoas deixaram. Em relação à migração internacional, Minas Gerais está entre os principais destinos daqueles que chegam ao país, juntamente com São Paulo e Paraná. Somada a recepção desses es-
tados chega a mais da metade de outros estados da federação. É nessa realidade que é possível contar com a presença dos religiosos da Congregação dos Padres Carlistas na região, de modo destacado do padre Emídio Girotto. A congregação, com quase 130 anos de fundação pelo bem-aventurado João Batista Scalabrini, tem como marca o acolhimento, a atenção aos necessitados, a convivência cotidiana com as famílias para auxiliá-las a superar as adversidades e reconstruir suas vidas.
Acolhida Acolher, portanto, compreende a capacidade de “hospedar” o outro. Dá ideia de abertura de ânimo, vazio de preconceitos, escuta atenta, disponibilidade. Normalmente se traduz em prontidão para servir de forma cordial, cheia daquela ternura que flui da Trindade. A acolhida é gratuita. É atitude própria de quem amadureceu na arte de esquecer-se de si mesmo por amor aos outros. É alargar o coração para “conceber” cada pessoa simplesmente pelo fato que é pessoa, minha irmã, meu irmão.
O carisma scalabriniano* Conheça os valores que sustentam o carisma da congregação e se concretizam no apostolado realizado por religiosos e religiosas, que se inspiram na missão de João Batista Scalabrini:
Itinerância Não se trata de um termo simplesmente ligado ao espaço geográfico, mas também como elasticidade da mente, de coração, capacidade de mudar e também disponibilidade de ser enviada a “pastorear” em outros lugares. Não pretender mudar tudo o que outras/os fizeram; não absolutizar o “eu acho/eu gosto”. Mulheres consagradas, abertas ao novo, sem perder de vista o essencial! Pois, para ter “como pátria o mundo”, e para “ser migrante com os migrantes”, urge recomeçar a sair de si mesma, cada dia de novo, pois é do egoísmo humano que nascem e se formam os novos guetos, as acomodações, os preconceitos de todos os tipos, as falsas seguranças, os muros que dividem os homens entre pretos e brancos, pobres e ricos, católicos e muçulmanos, migrantes regulares e irregulares. Comunhão na Diversidade Acontece quando a pessoa acolhe e respeita, valoriza a riqueza do diferente, descobre o belo que está em outras pessoas, em outros povos e culturas. É superar preconceitos e eliminar indiferenças. É destruir muros de separação, e pacientemente construir a fraternidade universal, que se harmoniza em processo lento, pela força amorosa do Espírito, elo incomparável de comunhão. É também o paciente vigiar da pessoa sobre si mesma. O desarmar-se das próprias posições, certezas, superioridades. Numa palavra, é o amor/ caridade que facilita e faz acontecer a “comunhão na diversidade”. *Artigo “Apostolado: uma das dimensões do carisma - Espaço para amar as irmãs e irmãos em migração” de autoria da religiosa carlista, irmã Leocádia Mezzomo, mscs Por Seminarista Sérgio Bernardes
MAIO/2016
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Comunicações Comemorações de Maio Natalício 04 Padre Geraldo Henrique Benjamin 10 Padre Benedito Clímaco Passos 14 Padre José Benedito dos Santos 15 Padre Thomaz Patrick O’Brien – OMI 20 Padre José Hamilton de Castro 21 Padre Hiansen Vieira Franco
22 Padre Antonio Carlos Maia 24 Padre Graziano Cirina 26 Padre Homero Hélio de Oliveira 30 Diácono Jeremias Nicanor Alves Moreira Ordenação 04 Padre Francisco Albertin Ferreira
04 Padre José Hamilton de Castro 07 Padre César Acorinte 09 Padre Francisco Carlos Pereira 10 Padre Eduardo Pádua Carvalho 16 Padre Antonio Donizete de Oliveira 16 Padre Francisco Clóvis Nery 20 Padre Geraldo Henrique Benjamin
22 Padre Vítor Aparecido Francisco 22 Padre José Carlos de Carvalho 25 Padre Marcos Luis Silva Rezende 30 Padre Donizete Miranda Mendes 30 Padre José Ricardo Esteves Pereira 31 Padre Thomaz Patrick O’Brien – OMI
Agenda Pastoral de Abril 1 Diocese: 33º Encontro Diocesano de CEB’s - Nova Resende Encontro da Campanha da Mãe Peregrina Infanto-Juvenil no Santuário – Poços de Caldas 5º Encontro de Casais com Cristo 3ª Etapa na Paróquia Mãe Rainha - Guaranésia Dia do Trabalho 5 Reunião do Conselho de Presbíteros - Guaxupé 8 Ascensão do Senhor – Dia Mundial das Comunicações Sociais Dia das Mães 9 Reunião dos Presbíteros dos setores Alfenas e Areado - Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Alfenas 11 Reunião dos Presbíteros do setor Passos – Paróquia São Judas, Passos 12 Reunião dos Presbíteros do setor Guaxupé - Paróquia Mãe Rainha, Guaranésia 13 - 15 Cursilho Feminino – Setor Paraíso 15 Pentecostes
18 Reunião dos Presbíteros do setor Poços de Caldas – Cabo Verde 19 Reunião dos Presbíteros dos setores Cássia e São Sebastião do Paraíso - Jacuí 20 - 22 Cursilho Masculino - Setor Paraíso 21 Reunião da Coordenação Diocesana da Catequese - Guaxupé Reunião do Setor Famílias - Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos Grupos de Reflexão - Guaxupé 22 Solenidade da Santíssima Trindade Encontro Diocesano com Formadores das SMP – Guaxupé Preparação/Selar/Instituir para AA e Santuário Lar - CMPS – Mãe Rainha 26 Corpus Christi 28 Reunião do Conselho Diocesano do ECC - Monte Belo 29 Encontrão Diocesano do TLC - Poços de Caldas Data de Falecimento do 4º Bispo Diocesano – Dom Inácio João Dal Monte (1963)
Atos da Cúria - Abril de 2016 • Provisão nº 01/09- Livro nº 12 –Folha 23.- Nomeamos o Revmo. Pe. Clayton Bueno Mendonça, Diretor Espiritual do Seminário São José em Guaxupé (MG), no dia 04 de abril de 2016.
• Provisão nº 02/12 Livro nº 12 – Folha 23v.- Concedendo a Provisão de Vigário Paroquial ao Revmo. Pe. Heraldo de Freitas Lamim, da Paróquia Santa Rita de Nova Resende (MG), no dia 28 de abril de 2016.
• Provisão nº 01/11 Livro nº 12 –Folha 23v.- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Pe. Heraldo de Freitas Lamim, da Paróquia São Benedito de Petúnia (MG), no dia 28 de abril de 2016.
A Cúria Diocesana informa que a Santa Sé concedeu aos Padres Elizeu Guimarães Souza e Moisés Campos Gonçalves a Dispensa do Estado Clerical em conformidade com as normas canônicas.
Cartaz_gráfica.pdf
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26/04/2016
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O terremoto que atingiu o Equador deixou milhares de vítimas, entre mortos, feridos e desalojados. Seja solidário! A sua doação pode salvar vidas!
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL Brasília, 25 de Abril de 2016. P – Nº. 0313/16
SOLIDARIEDADE AO EQUADOR SOCORRO ÀS FAMÍLIAS VÍTIMAS DO TERREMOTO
Rezemos por essas populações. A ajuda de Deus lhes dará força e apoio neste momento difícil. Papa Francisco.
Banco do Brasil Agência: 3475-4 Conta Corrente: 33.362-X
Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasilia Secretário Geral da CNBB
Dom Murilo Sebastião Krieger Arcebispo de Salvador Vice Presidente da CNBB Dom João José Costa Arcebispo Coadjutor de Aracaju Presidente da Cáritas Brasileira
SE/Sul - Q. 801 - Conj. “B” - CEP 70200-014 - Caixa Postal 2037 - CEP 70259-970 - Brasília-DF - Brasil - Fone: (61) 2103-8300/2103-8200 - Fax: (61) 2103-8303 E-mail: secgeral@cnbb.org.br — Site: www.cnbb.org.br
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CM
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CY
CMY
K
Agência: 3475-4 C. Corrente: 33.362-X
Caixa Econômica Federal Operação: 003 Agência: 1041 C. Corrente: 3824-6
Caixa Econômica Federal Operação: 003 Agência: 1041 Conta Corrente: 3824-6
O Deus de ternura e de bondade derrame suas bençãos sobre cada pessoa pela colaboração e gesto amoroso em favor das famílias equatorianas.
Dom Sérgio da Rocha Arcebispo de Brasília Presidente da CNBB
Banco do Brasil Foto: AP Photo/Dolores Ochoa
Aos 16 de abril de 2016, milhares de pessoas foram afetadas pelo terremoto que arrasou grande parte do Equador. De acordo com dados da Secretaria Nacional de Gestão de Riscos, do governo equatoriano, o número de mortos é muito grande, com mais de 7.000 feridos e outras centenas de desaparecidos. O abalo atingiu 7,8 de magnitude na escala Richter. O epicentro do tremor ocorreu a 28 quilômetros da província costeira de Esmeraldas e a 173 quilômetros da capital, Quito. Esta foi a pior tragédia dos últimos 67 anos, no país. Em sintonia com os apelos do Papa Francisco, frente ao sofrimento das famílias equatorianas atingidas pelo forte terremoto, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira lançam a Campanha de Solidariedade ao Equador - SOS Equador. Os recursos arrecadados serão destinados para ações de socorro imediato (água potável, alimentos, abrigos e atendimento às necessidades especiais de crianças, mulheres e pessoas com deficiências), com apoio posterior à reconstrução das condições de vida da população. Conclamamos as dioceses, paróquias, comunidades, congregações, colégios e todas as pessoas de boa vontade para a realização de uma grande corrente de oração e coletas de solidariedade em favor do Equador, lembrando tantas mães, pais e filhos falecidos nessa tragédia. As ajudas financeiras podem ser depositadas nas seguintes contas, a cargo da Cáritas Brasileira:
CNPJ 33.654.419/0001-16
SO S .
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Equador Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades
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