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ANO XXXII - 335

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OUTUBRO DE 2017

Sou caipira, Pirapora nossa Senhora de Aparecida Ilumina a mina escura e funda O trem da minha vida Renato Teixeira

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ


editorial expediente Diretor geral

DOM JOSÉ LANZA NETO Editor

PE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808 Equipe de produção

DOUGLAS RIBEIRO JANE MARTINS Revisão

JANE MARTINS Jornalista responsável

ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

Projeto gráfico e editoração

BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160

“A tarefa a que os missionários se propunham não era transplantar os modos europeus de ser e de viver para o Novo Mundo. Era, ao contrário, recriar aqui o humano, desenvolvendo suas melhores potencialidades, para implantar afinal, uma sociedade solidária, igualitária, orante e pia, nas bases sonhadas pelos profetas. Essa utopia socialista e seráfica floresce nas Américas, recorrendo às tradições do cristianismo primitivo e às mais generosas profecias messiânicas. Ela se funda, por igual, no pasmo dos missionários diante da inocência adâmica e do solidarismo edênico que se capacitaram a ver nos índios, à medida que com eles conviviam” [Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro]

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este mês, temos motivos para celebrar a brasilidade de nossa gente, pois aqui, nestas terras férteis e acolhedoras, germina a esperança de um povo que percebe, na pequenina imagem de terracota encontrada no Rio Paraíba do Sul, há 300 anos, a ação de Deus que se coloca junto dos mais necessitados. A devoção mariana nascida no coração de cada brasileiro, ainda criança, tem os traços da nossa gente. A Virgem Aparecida presenteada a todo o povo brasileiro, como Rainha e Padroeira, abre seu manto para acolher os milhares de romeiros piedosos que recorrem aos seus rogos de mãe, levando-lhe uma imensidão de pedidos e agradecimentos que jorram do íntimo de seus corações.

Em outubro, também celebramos os 65 anos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que também assume seu papel de intercessora do povo brasileiro. Nos últimos tempos, vemos ressurgir a voz profética de nossos bispos pelo bem de nosso povo. Através de sua presença, a CNBB demonstrou fidelidade à sua dupla origem: a entrega total de Cristo pela humanidade e o compromisso eclesial com a sociedade brasileira, que ainda enfrenta a força das oligarquias nacionais que se movimentam para a extinção dos direitos de nosso povo. Exortados pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, os cristãos católicos são convidados a unir-se aos irmãos luteranos na Comemoração dos 500 anos da Reforma Luterana. Apesar de

parecer contraditória a celebração da separação eclesial, o que se objetiva é a valorização dos passos dados em direção da cooperação mútua e do diálogo entre as duas tradições. A busca pela unidade será definitivamente o testemunho que o mundo espera de nós, cristãos, membros do único Corpo, que possui como Cabeça, o Cristo. A edição também é marcada pela homenagem a dois grandes presbíteros de nossa diocese. Padre Pedro Meloni, falecido no dia 26 de agosto, sempre demonstrou a vitalidade e a força de um verdadeiro guerreiro da fé. E tivemos, também, a alegria de celebrar o centenário de vida do monsenhor Hilário Pardini, referência de caridade e amor ao próximo, ao longo de quase 75 anos de serviço à Igreja e ao Povo.

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voz do pastor É

providencial este momento da celebração dos 300 anos do Jubileu do encontro da pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul quando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil celebra 65 anos de sua criação, em vista de uma evangelização eficaz, duradoura, testemunhal e profética. Nasceu a partir de uma realidade dura em que vivia nosso querido povo brasileiro, o sofrimento era visível e as demandas eram de toda ordem, especialmente no campo religioso. Por várias iniciativas, membros da Igreja, bispos, padres e leigos, trabalharam fortemente para estabelecer uma conferência capaz de reorganizar a vida da Igreja no Brasil como um todo em diversas dimensões: a catequese, a formação do clero, a liturgia e, em especial, a evangelização com sua organização pastoral. A criação da CNBB foi um grande achado que trouxe um bem enorme traduzido como graça de Deus e iluminação do Espírito Santo. De lá para cá, a Igreja cresceu na ação evangelizadora. Sua voz muitas vezes foi

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profética, denunciando todo tipo de mazelas, mas, ao mesmo tempo, procurou ser fiel ao Seu Senhor. São bem visíveis a comunhão e a unidade entre os bispos e dos bispos com as Igrejas Particulares. Na caminhada da CNBB, foram sempre a Palavra de Deus e a força do Reino que delinearam suas decisões e, de maneira inconfundível, percebe-se a grande inspiração da Mãe de Deus e nossa. É bom lembrar que muitos bispos foram corajosos, acreditaram na força de Deus e venceram grandes dificuldades, foram pioneiros na criação e nos primeiros anos de caminhada. As presidências são determinantes, mas algumas ganharam notoriedade pela coragem e enfrentamentos. O mesmo aconteceu com alguns membros da CNBB. Trouxeram grandes reflexões, posicionamentos, enriquecendo o campo evangelizador da Igreja no Brasil. Celebrar é sempre motivo de alegria e gratidão a Deus pelos benefícios recebidos. Hoje, precisamos agradecer tanta gente que se dedica ao bem-estar da Igreja com suas as-

Dom José Lanza Neto, Bispo da Diocese de Guaxupé

sessorias. A CNBB é do povo brasileiro, de nossas comunidades; é de todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, colaboram para que o Reino de Deus seja sentido e vivenciado por todos. Por vias seguras e nas pegadas maternais fomos conduzidos até sua casa, o Santuário Nacional de Aparecida, lugar de acolhida, espiritualidade e caminho seguro que nos aponta para o Cristo Redentor dos homens. Estamos em festa, a celebração dos 300 anos de graças e bênçãos. Junto a Nossa Mãe Aparecida, a CNBB se sente amparada de múltiplas formas, em especial, na companhia dos romeiros e devotos, o mesmo povo fiel merecedor de nossos cuidados como verdadeiros pastores que zelam pelas ovelhas. Hoje, podemos rezar juntos do nosso povo e como é bom sentir a presença, o olhar, o toque, o encontro e a certeza de que estamos buscando o mesmo objetivo, nosso encontro com Jesus Cristo. Mãe Aparecida, interceda por nós!


opinião

Por padre Hiansen Vieira Franco, doutor em História da Igreja e professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre

CNBB, 65 ANOS DE EXERCÍCIO DA COLEGIALIDADE

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sexagésimo quinto aniversário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comemorado neste mês de outubro, dá-nos o ensejo para nos determos sobre a história e a relevância desta entidade para a missão evangelizadora da Igreja em nosso país. Em breves acenos, procuraremos evidenciar estes aspectos. A atuação conjunta dos bispos na definição de ações comuns remonta aos primórdios da Igreja. Recordemos, por exemplo, a reunião dos apóstolos em Jerusalém (cf. At 15). E, no desenrolar da história eclesiástica, os bispos mantiveram – com maior ou menor frequência – a realização de assembleias, sínodos, concílios regionais e gerais, com a finalidade de manter a comunhão e traçar metas comuns ante os desafios de cada época. No final do período medieval, contudo, verificou-se certo esfriamento dessas iniciativas colegiais. Mas diante dos desafios que se apresentaram após a Revolução Francesa, fez-se patente a necessidade de maior aproximação entre os pastores da Igreja. Até meados do século XIX ainda não existiam conferências institucionais de bispos como existem hoje. A primeira conferência episcopal a ser criada foi a dos bispos da Suíça, em 1863. Com a codificação do direito canônico, em 1917, foi ratificada a praxe, já em ato desde o Concílio Plenário Latino-Americano (1899), das reuniões episcopais, por províncias eclesiásticas, a cada três anos. Dois anos depois, a Santa Sé pediu que se formassem também, em cada país, assembleias de cardeais e arcebispos, com reuniões anuais. Desse modo, foi crescendo a consciência da colegialidade e, na Europa, surgiram várias conferências episcopais. Existindo, portanto, de modo informal, já no período pré-conciliar, essas conferências foram oficializadas no Concílio Vaticano II (1962-1965). No Brasil – à exceção do Sínodo da Bahia, em 1707, que produziu as Constituições Primeiras, que normatizaram a vida eclesiástica no país até o final do século XIX – a primeira vez que o episcopado se reuniu para um posicionamento comum foi em 1890, após a separação entre Igreja e Estado. Pouco depois, por força do supradito Concílio Plenário, os bispos passaram a fazer reuniões trienais, por província eclesiástica, das quais resultou a Pastoral Coletiva, com sucessivas edições. Nas primeiras décadas do século XX deu-se um aumento extraordinário no número de bispos. A criação de novas dioceses revitalizou a Igreja e os desafios da vida nacional impulsionaram os bispos a buscarem soluções conjuntas para os problemas que se apresentavam. Tudo isso conduziu o episcopado nacional a uma maior percepção da relevância da colegialidade. Em 1939, realizou-se o primeiro e único Concílio Plenário Brasileiro, cujo sig-

nificado, porém, não foi de grande alcance. No final dos anos 40, verificava-se, no Brasil – em parte como fruto da Ação Católica – um grande surto de renovação eclesial, evidenciando a necessidade de um exercício de comunhão e corresponsabilidade episcopal sempre maior e de modo permanente, e não apenas episódico. Urgia a criação de estruturas adequadas para a coordenação das ações pastorais. Além disso, a conjuntura política do momento exigia que os bispos se posicionassem sempre mais coletivamente. Nesse contexto se destacou a ação de dom Hélder Câmara, então bispo auxiliar do Rio de Janeiro, com o propósito de unir os bispos numa conferência institucional. Com o aval do núncio apostólico, dom Hélder fez uma consulta prévia aos bispos sobre a conveniência da criação de uma conferência episcopal. Obtido parecer favorável, realizou-se, no Rio de Janeiro, a sessão oficial de fundação da CNBB. Era o

dia 14 de outubro de 1952. Para seu primeiro presidente foi escolhido o cardeal dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, à época arcebispo de São Paulo, e, para secretário-geral, dom Hélder Câmara. Inicialmente, as assembleias gerais se realizavam a cada dois anos e constituíam – como ainda hoje – o ponto alto da entidade, visto que, através delas, os bispos se inteiravam melhor dos problemas nacionais e articulavam as forças vivas da Igreja em vista das metas comuns. A responsabilidade colegial despontava no horizonte da Igreja do Brasil como verdadeira aurora que preanunciava o Concílio Vaticano II. Quando os padres conciliares enfatizaram a colegialidade entre os bispos, o Brasil já tinha uma experiência amadurecida nesse sentido. Já em 1962, antes da abertura do Concílio, a CNBB viabilizara o Plano de Emergência, atendendo a um apelo do Papa aos bispos de cada país e, mais tarde, ainda em Roma, na sua 7ª Assembleia

Geral, em 1965, formulou o Plano de Pastoral de Conjunto. Era o começo do caminho hoje seguido pelas atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora, que iluminam e dinamizam a vida da Igreja no Brasil. A existência da CNBB não subestima o papel do bispo na sua diocese, na qual ele continua sendo autônomo. O escopo da conferência é fortalecer e fazer com que o ministério de cada bispo dê mais frutos ainda. Congregando os bispos do maior episcopado do mundo e promovendo a comunhão entre eles, a CNBB os auxilia para responderem com mais eficácia aos desafios contemporâneos, proporcionando-lhes, ao mesmo tempo, um espaço privilegiado de diálogo e fecundo intercâmbio de opiniões e experiências. Nisso se concretiza a colegialidade episcopal e se promove aquela convergência de ações pastorais que enriquece o povo de Deus presente nas mais de 270 circunscrições eclesiásticas espalhadas pelo território brasileiro.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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notícias ‘Despertar Jovem’ 3º Aviva Jovem anima juventude em Poços de Caldas valoriza discernimento vocacional em Alfenas Texto: Laís Jardim/Imagem: Wender Batista

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terceira edição do Aviva Jovem, teve como tema “Avivados para servir”. Nessa missão reuniu milhares de jovens para experimentarem um encontro pessoal com Jesus Cristo. O evento que durou oito dias teve início no domingo (3/9) com a Missa de abertura na Basílica Nossa Senhora da Saúde, presidida pelo pároco, padre Francisco Carlos Pereira. Durante a semana, os jovens se encontraram para diversos momentos com oração, louvor, animação, gincanas e até mesmo uma saída ao encontro das pessoas que passeavam pelo centro na cidade, para anunciar o amor de Cristo. Na sexta-feira (8), natividade de Nossa Senhora, a noite foi dedicada à Mãe de Deus, e o evento aconteceu no Santuário Fonte de Vida Nova (Santuário da Mãe Rainha), sob a condução do ministério Mensageiros do Espírito mais

de 600 jovens foram embalados no colo da mãe. No sábado (9), um lual levou mais de 500 jovens a adorar Jesus no mirante do Cristo Redentor. No domingo (10), último dia do evento, os jovens se reuniram logo cedo, iniciando às 10 horas, para um dia de pregações, teatro, momento mariano, adoração ao Santíssimo Sacramento e, no fim da tarde, a Santa Missa presidida pelo frei Marcelo Martins, pároco no Santuário Nossa Senhora de Fátima, padroeira do evento. Na homilia, o frei convocou os jovens a ser Igreja, lembrando a eles que a Igreja é mãe e que nela nós encontramos a verdadeira “fonte de energia” para viver, a Eucaristia. Para encerrar a semana, aconteceram os shows de cantores católicos, Brais Oss e, em seguida, Eliana Ribeiro, com participação de Maikel Marques.

Série de eventos movimenta a juventude católica da cidade e da região

Texto/Imagens: Luciana E. Pereira – SAV – São Sebastião e São Cristóvão

A proposta do evento é esclarecer os participantes da diversidade de vocações

No dia 20 de agosto, o Serviço de Animação Vocacional (SAV) de Alfenas promoveu o encontro Despertar Jovem 2017 com o objetivo de apresentar os diversos ministérios na Igreja aos jovens da cidade. Estiveram presentes 96 jovens no Salão Paroquial da Paróquia São Sebastião e São Cristóvão. Os jovens participaram de atividades ao longo do dia, dinâmicas, oração e palestras. À tarde, aconteceu um descontraído programa de entrevistas, “Meu caminho foi”, com representantes de cada vocação. A ação foi desenvolvida por um catequista e contou com a presença de seminarista, freira, membros de comunidade de vida e um casal leigo. O encontro foi encerrado com a celebração da Missa na Igreja Matriz São Se-

bastião e São Cristóvão, presidida pelo responsável diocesano do SAV, padre Éder Carlos de Oliveira. Na homilia, o presbítero promoveu a reflexão sobre as vocações e motivou os jovens a se integrarem à vida comunitária, usando o exemplo de Maria, ressaltando que, quando servimos a Deus e aos irmãos, Cristo cresce em nós. A experiência de comunhão com jovens de toda a cidade foi o que marcou a jovem Júlia, que motivou e levou muitos amigos para o encontro. “Foi uma grande alegria ver a juventude unida num ambiente saudável, buscando esclarecer para quê estamos aqui, e participar do Despertar Jovem foi realmente receber esta luz, a luz do Espírito Santo no meu e no coração de todos”, concluiu.

Encontro Diocesano da Pastoral da Juventude Texto/Imagens: Jean Lucas Rosa

No dia 27 de agosto, aconteceu o encontro comemorativo pelos 30 anos de existência da Pastoral da Juventude na diocese de Guaxupé. O encontro contou com aproximadamente 110 jovens vindos das mais diversas cidades da diocese. O dia começou com a oração do Ofício Divino da Juventude, conduzida pelo irmão Kiko, da congregação do Sagrado Coração de Jesus, que exerceu um grande trabalho com a juventude da diocese de Guaxupé e atualmente reside em território da diocese de Campanha. Logo em seguida, houve um momento de resgate histórico da PJ diocesana, conduzido por Chiquinho (Francisco de Paula Araujo), que reside em Paraguaçu e por muitos anos esteve à frente da PJ na diocese. Após o almoço, o encontro foi assesso-

rado por Edgar Mansur, da cidade de Betim, que exerceu diversos serviços em defesa da juventude no regional Leste 2 e em nível Nacional e, atualmente, é assessor especial da secretaria de estado de direitos humanos, participação social e cidadania. Edgar guiou sua reflexão apontando para a importância de se manter e valorizar a identidade da PJ. No final do encontro, os setores se reuniram para conversar e avaliar a caminhada, inspirados pelas provocações feitas durante todo o dia. Vários apontamentos, sugestões e projetos foram propostos para os participantes. A partir da reorganização da PJ, espera-se resgatar a espiritualidade e onjeito de ser da pastoral, além de reerguer os inúmeros grupos presentes na diocese.

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Pastoral da Juventude celebra 30 anos e demonstra vigor nas ações


Acordo Brasil-Santa Sé reflete assuntos relevantes para dioceses Texto/Imagens: Assessoria de Comunicação | Grazielli Bento

Bispos, padres, religiosos e leigos de todo o Brasil participaram, em Belo Horizonte, do Seminário Acordo Brasil-Santa Sé nos dias 29 e 30 de agosto. O encontro, organizado pelo Regional Leste 2 (Minas Gerais e Espírito Santo) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reuniu centenas de pessoas interessadas em refletir sobre as questões tratadas no acordo, firmado em 2008. Participaram do evento o núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni d’Aniello; o cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, presidente da Comissão Episcopal para Implementação do Acordo Brasil Santa-Sé; dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo metropolitano de Uberaba e presidente do Regional Leste II da CNBB, e padre Roberto Marcelino, secretário executivo do Regional Leste II da CNBB. O núncio apostólico, dom Giovanni, também destacou a importância de tornar o acordo conhecido nas realidades políticas de cada região do Brasil e sugeriu que sejam feitos encontros com prefeitos e ve-

Evento tratou de assuntos de relevância em diversas áreas instiucionais

Setor São Sebastião do Paraíso realiza encontro com Apostolado da Oração Texto/Imagens: Padre Gladstone Fonseca/Apostolado da Oração

No dia 3 de setembro, a Paróquia São José em São Sebastião do Paraíso acolheu o encontro do Apostolado da Oração do Setor Pastoral São Sebastião do Paraíso. Cerca de 285 pessoas das sete paróquias que participaram do encontro tiveram, na oportunidade, momentos de oração, reflexão, palestras e muita alegria. Padre Gladstone Fonseca, coordenador de pastoral do setor, conduziu o encontro e falou da importância desta força viva na Igreja que é o Apostolado da Oração e convidou a todos para refletir na missão de testemunhar Jesus Cristo em sua vida. Dom José Lanza Neto, bispo diocesano, também esteve presente e levou uma mensagem de gratidão e ânimo a todos os membros do Apostolado da Oração. As paróquias que estiveram representadas foram: Imaculada Conceição e São Carlos Borromeu de Jacuí, São Tomás de Aquino, São João Batista de Itamogi, e as paróquias de São Sebastião do Paraíso – São Sebastião, Nossa Senhora de Sion, São Judas Tadeu, além da comunidade Nossa Senhora do Rosário e da anfitriã, Paróquia São José.

readores para que seja debatido o tema. Dom Paulo, presidente do Regional Leste II da CNBB, ressaltou que a realização do Seminário foi uma iniciativa definida durante a Assembleia do Regional Leste II da CNBB, sendo o tema de grande interesse e relevância para toda a Igreja. A Diocese de Guaxupé enviou quatro representantes para o evento: Ana Maria Cardoso Moraes, ecônoma e contadora, Grazieli Machado Bento, analista contábil, ambas colaboradoras diocesanas, padre Henrique Neveston, coordenador diocesano de pastoral, e Dácio Lemos, advogado e membro do Conselho Econômico da diocese. Para Ana Maria, o encontro foi muito valoroso pela presença de palestrantes de relevância nacional. “É estimulante ver a preocupação de pessoas da sociedade dedicadas a defender os interesses da Igreja no meio jurídico e nas instâncias públicas, inclusive a defesa de valores fundamentais. Conteúdos valiosos nas apresentações e troca de experiências entre os participantes”.

Iniciativa marca o processo de estruturação do movimento em nível diocesano

4º Congresso Missionário Nacional realizado em Recife Texto/Imagens: Pontifícias Obras Missionárias

Organizado pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), em parceria com a Comissão Episcopal Pastoral para Animação Missionária da CNBB e a Arquidiocese de Olinda e Recife, o 4º Congresso Missionário Nacional foi realizado de 7 a 10 de setembro, em Recife (PE), e reuniu 700 pessoas de todo o Brasil. Representaram a Diocese de Guaxupé, o seu bispo, dom José Lanza Neto, bispo referencial para a Ação Missionária no Regional Leste 2, padre Henrique Neveston, coordenador diocesano de pastoral e membro da Equipe Nacional das Santas Missões Populares, e José Eduardo da Silva, seminarista da Teologia. Para o autor da letra do hino, dom Pedro

Brito Guimarães, arcebispo de Palmas (TO), “todo congresso anima, fortalece, conscientiza”, mas também alerta para os desafios da missão, pois, segundo ele, não se pode pensar que um congresso irá resolver tudo. “A missão se alimenta de uma série de outras convicções do nosso interior. E se tudo é missão, a animação missionária precisa de congressos, mas a vivência missionária precisa de espiritualidade, de apoio, de convencer-se diariamente da missão. O desejo é que este Congresso traga mais lideranças, que as pessoas cresçam nas suas convicções”, espera dom Pedro. Leia a mensagem escrita pelos participantes do congresso na editoria Missão

Representantes da Diocese junto de dom Sérgio da Rocha (terceiro da esq. para a dir.), presidente da CNBB

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em pauta

Da Redação

CNBB: 65 ANOS DE PROFETISMO E EVANGELIZAÇÃO NO BRASIL

A

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi fundada em 14 de outubro de 1952, no Rio de Janeiro, e transferida para Brasília (DF), em 1977. A CNBB é um organismo permanente que reúne os Bispos católicos do Brasil que, conforme o Código de Direito Canônico,

“exercem conjuntamente certas funções pastorais em favor dos fiéis do seu território, a fim de promover o maior bem que a Igreja proporciona aos homens, principalmente em formas e modalidades de apostolado devidamente adaptadas às circunstâncias de tempo e lugar, de

“Os homens se movem e Deus os conduz: eis o resumo das minhas impressões ao recordar o surgimento da CNBB e sua caminhada. Hoje, é fácil ver como o Espírito de Deus, por meio de movimentos como o Movimento Bíblico, o Movimento Litúrgico e, sobretudo, a Ação Católica (Geral e depois Especializada), preparou o Concílio Vaticano II, completado, para os latino-americanos, pela Assembleia Latino-americana de Bispos, em Medellín.

Hoje, é fácil verificar como aludidos movimentos prepararam o surgimento das Conferências de Bispos, em plano nacional como a CNBB, ou continental como o CELAM (Conselho do Episcopado Latino-americano). O Espírito de Deus queria conduzir-nos à vivência da Colegialidade Episcopal e da co-responsabilidade de todo o Povo de Deus. O Espírito de Deus, mantendo unida em torno de Cristo e de Pedro a Madre Igreja, santa e pecadora, queria conduzir-nos à vivência correta da Igreja local, em união com a Igreja de Cristo no mundo inteiro, em íntima sintonia com o Santo Padre, e a serviço dos homens, nossos irmãos”.

A CNBB Natureza e Fins A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é a instituição permanente que congrega os Bispos da Igreja católica no País, na qual, a exemplo dos Apóstolos, conjuntamente e nos limites do direito, eles exercem algumas funções pastorais em favor de seus fiéis e procuram dinamizar a própria missão evangelizadora, para melhor promover a vida eclesial, responder mais eficazmente aos desafios contemporâneos, por formas de apostolado adequadas às circunstâncias, e realizar evangelicamente seu serviço de amor, na edificação de uma sociedade justa, fraterna e solidária, a caminho do Reino definitivo. Missão Respeitada a competência e a responsabilidade inalienáveis de cada membro, em relação à Igreja universal e à sua Igreja particular, cabe à CNBB, como expressão peculiar do afeto colegial: • fomentar uma sólida comunhão entre os Bispos que a compõem, na riqueza de seu número e diversidade, e promover sempre a maior participação deles na Conferência;

confiado pela Sé Apostólica ou pela Conferência dos Bispos. (cf. cân. 450). Nesta edição, destacam-se três personagens expoentes da história da organização e seus pensamentos sobre a conferência dos bispos e também sobre a evangelização na América Latina e no Brasil.

Dom Luciano Mendes

Dom Hélder Câmara Personagem fundamental na fundação da CNBB e Secretário Geral por dois mandatos ( 19521964)

acordo com o direito” (cân. 447). Pertencem à CNBB, pelo próprio direito, todos os bispos diocesanos do Brasil e os que são a eles equiparados pelo direito, os bispos coadjutores, os bispos auxiliares e os outros bispos titulares que exercem no mesmo território algum encargo especial,

• concretizar e aprofundar o afeto colegial, facilitando o relacionamento de seus membros, o conhecimento e a confiança recíprocos, o intercâmbio de opiniões e experiências, a superação das divergências, a aceitação e a integração das diferenças, contribuindo assim eficazmente para a unidade eclesial; • estudar assuntos de interesse comum, estimulando a ação concorde e a solidariedade entre os Pastores e entre suas Igrejas. Relacionamento eclesial A CNBB, no âmbito de suas finalidades e competência: • manifesta solicitude para com a Igreja e sua missão universal, por meio de comunhão e colaboração com a Sé Apostólica e pela atividade missionária, principalmente ad gentes; • favorece e articula as relações entre as Igrejas particulares do Brasil e a Santa Sé; • relaciona-se com as outras Conferências Episcopais, particularmente as da América, e com o Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).

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Secretário Geral por dois mandatos (19791986) e Presidente, também por dois mandatos (1987-1995) “A CNBB entra na história como um grande exemplo da presença de Deus. Porque nós, os bispos, somos tão diferentes uns dos outros. Vocês sabem disso. Mas houve uma convivência. Há uma convivência, que pode sofrer desgastes, mas nas horas mais duras estivemos juntos. Posso dizer a vocês que visitei uma grande parte dos bispos do Brasil naqueles anos, desde os bispos das áreas indígenas, mais sofridas, até aqueles que estavam passando por doenças. Essas visitas fizeram a gente se conhecer melhor do que numa assembleia. Na assembleia, a pessoa pega o microfone e diz o que acha naquela hora, mas as conversas em clima

de amizade são diferentes. (...) Assim, há, realmente, um nível de relacionamentos entre pessoas que a história não conta, e que é mais importante, e é isso que faz a CNBB. É a ligação existencial, é o perdão quando a gente diz uma coisa errada, quando a gente, às vezes - eu me lembro - saía de uma assembleia, procurava o bispo e dizia: ‘O senhor me desculpe pelo que falei’. Às vezes a gente ia se confessar com ele naqueles dias de confissão comum: ‘O senhor me desculpe’. Isso é uma coisa muita bonita e que talvez não exista em outros lugares. Pelo que eu conheço dos bispos dos Estados Unidos, Canadá, França, Espanha, Itália, convidado que fui naquelas épocas, como outros também, não era tão forte o tipo de relacionamento das pessoas”.

Dom Aloísio Loscheider – Cardeal Loscheider Secretário Geral por dois mandatos (1968-1971) e Presidente, também por dois mandatos (19711978). Em 1976, foi nomeado Cardeal pelo papa Paulo VI. “Olhando para a América Latina, onde Medellín e Puebla exercem papel importante, poderíamos, globalmente falando (as nuanças são muitas!), distinguir dois grandes modelos de Igreja: um, que se caracteriza pela preocupação e busca da salvação eterna do indivíduo, sem compromisso com a transformação de uma sociedade injusta, mas orientado, isto sim, para a vivência da honestidade cristã individual dentro do próprio ambiente de vida. A sua prática de fé é mais devocionista, mais sacramentalista, marcadamente jurisdicista, e faz dos mandamentos de Deus e da Igreja uma leitura fortemente individualista; outro, mais caracterizado pela busca de uma sociedade nova, dentro

de um assumir comunitário participativo, marcado por uma vivência sociocrítico-profético-transformadora dentro do próprio contexto histórico de vida em que se encontra. (...) A Igreja no Brasil possui suas Diretrizes de Ação Pastoral. São elas que orientam o fazer da Igreja diante deste mundo pecaminoso que aí está. Importa que todos assumam essas Diretrizes, de modo especial a evangélica opção preferencial e solidária pelos pobres. Se houver uma efetiva pastoral de conjunto em todas as dioceses e paróquias do nosso país, é certo que a vitória será da justiça e do amor fraterno. O compromisso com a justiça, que significa concretamente compromisso com os pobres, está ainda longe de ser assumido por todos. É bom que cada um pense na responsabilidade diante do enorme problema que aí está desafiando a todos”.


bíblia

Por padre Dirlei da Rosa, doutor em Bíblia e professor da Faculdade Católica de Pouso Alegre

“PARTIU APRESSADAMENTE” (LC 1,39): UMA ABORDAGEM BÍBLICA SOBRE A MISSÃO DE MARIA

O

s versículos que antecedem Lc 1,39 narram a anunciação do Anjo Gabriel à virgem Maria. O enviado de Deus, ao revelar a missão de Maria no projeto de salvação, também revela quem é Maria aos olhos de Deus. De fato, o anjo não cumprimenta a jovem com o nome que ela era conhecida entre os seus, mas como é vista por Deus. O anjo Gabriel chama Maria de “Cheia de graça”. O enviado de Deus ainda afirma sobre Maria: “O Senhor está contigo” (v.28) e “encontraste graça junto a Deus” (v.30). Ela é alguém que possui graças especiais e exclusivas que revelam alguém à altura da missão de ser mãe do Salvador. No final da anunciação e do diálogo entre Gabriel e Maria, as últimas palavras encerram a adesão plena da virgem de Nazaré e o enviado de Deus. Em suas palavras, Maria assume e aceita seu encargo de ser mãe do Messias como “serva do Senhor” e completa afirmando que tudo aconteça conforme a Palavra do anjo (isto é, de Deus). Maria assume sua missão não como alguém revestida de poder e privilégios, mas como serva: está pronta para cumprir plenamente não sua vontade, mas a vontade de Deus. A sua realidade humana (simplicidade, pobreza, humildade...) não muda, mas tudo ela coloca a serviço da Palavra (Vontade) de Deus. No decorrer do diálogo entre Maria e o anjo Gabriel há outra revelação e anúncio: Isabel também será mãe. O próprio anjo in-

forma que a parenta de Maria é idosa e já está no sexto mês de gravidez (cf. Lc 1,36). O v.19 inicia com alguns verbos que marcam uma nova realidade para Maria. Diz São Lucas que Maria “levantou-se”. Ela estava, até o momento, ouvindo e, como discípula, encontrava-se assentada apreendendo tudo da boca do anjo Gabriel. Após a partida do anjo, Maria inicia sua ação. O anúncio do anjo não foi acolhido como privilégio pessoal, mas como serviço que ela assume com palavras e depois com atos. Maria, tão logo foi possível (Lucas fala:

“naqueles dias”), se colocou a caminho para se encontrar com Isabel. Maria tinha recebido uma grande visita (anjo Gabriel), agora ela é quem vai visitar alguém. O enviado de Deus foi servo e porta-voz da Palavra de Deus; agora é Maria quem se coloca como serva da Palavra de Deus. Lucas ainda diz que Maria se colocou a caminho “apressadamente” para ir se encontrar com Isabel. Este termo também pode ser interpretado como: “agir com diligência, zelo”. O evangelista quer ressaltar que a visita de Maria possui um caráter es-

personagem

pecial: de zelo e ajuda para com sua parenta que estava necessitando de cuidados especiais. Assim, Maria não viaja apressadamente por mera curiosidade, pois a idosa Isabel estava grávida depois de uma vida sem poder ter tido um filho. Maria parte em missão como serva da Palavra e da vontade de Deus, tudo isto após conhecer a sua vocação dentro do projeto de Deus. De fato, o sentido primeiro de toda missão é sair e ir ao encontro, pois é nesta realidade que Deus vai se revelando e as pessoas se conhecendo. Maria teve sua missão revelada no encontro com o anjo; agora é a serva de Deus, se coloca a serviço do próximo. Todo o texto narrativo da anunciação e depois do encontro com Isabel encontra-se estruturado em torno da figura de Maria como principal protagonista de toda ação. Ela toma iniciativa após conhecer sua missão, se coloca a caminho e se disponibiliza para o serviço ao próximo. Maria parte da periferia do território de Israel (da cidade de Nazaré) para servir Isabel nas “montanhas da cidade de Judá”. Não é a Cidade Santa de Israel (Jerusalém), mas um lugar desconhecido e sem expressão, mas onde encontrava-se alguém que necessitava de ajuda. Na anunciação, é o anjo que vai a cidade de Nazaré e entra onde está Maria, agora é a Mãe do Salvador que entra na casa de Isabel e ela mesma traz a mais bela notícia de Deus para a humanidade.

Por Assessoria de Comunicação

MONSENHOR HILÁRIO PARDINI

P

ela sua antiguidade e popularidade o poeMonsenhor Hilário Pardini é, definitivamente, uma testemunha importantíssima dos 100 anos de história da Diocese de Guaxupé. O padre completou, no dia 6 de setembro, 100 anos de vida, destes 75 dedicados ao sacerdócio. Nascido numa família católica em Guaranésia, recebeu dos pais a instrução católica e cultivou desde a infância o interesse em dedicar-se ao ministério presbiteral. Sua formação ocorreu em Belo Horizonte, finalizando os estudos de Filosofia e Teologia em 1942, quando se mudou para Poços de Caldas para auxiliar na evangelização da cidade. Após quatro anos, tornou-se diretor do

Seminário de Guaxupé, função que ocupou por mais de 4 anos. Após esse período, o padre dedicou-se diretamente na construção do novo prédio do seminário, onde funciona atualmente o Centro Universitário da Fundação Educacional Guaxupé – UNIFEG. Após a conclusão das obras, mudou-se para Paraguaçu, assumindo sua primeira paróquia, onde atuou por seis anos. Depois desse período, retornou à Guaxupé para assumir a função de cura da Catedral e sua permanência na sede episcopal foi de 13 anos. A transferência para São Sebastião do Paraíso ocorreu em 1980 para substituir monsenhor Mancini, que havia falecido. Entre suas tarefas na cidade, o monsenhor tra-

balhou como diretor da Rádio Difusora, que seria substituída pela Rádio da Família. Em seu programa diário, Lira Evangélica, evangelizava os ouvintes da cidade e da região que ligavam o rádio para aprender com seus ensinamentos. No dia 3 de setembro, na Igreja São Sebastião, em São Sebastião do Paraíso, aconteceu a Missa Jubilar pelo centenário de vida do monsenhor Hilário Pardini. Presidida pelo bispo diocesano dom José Lanza, a celebração contou com a participação do bispo emérito de Guaxupé, dom José Geraldo Oliveira do Valle, CSS, e de 23 padres da região e um grande número de fiéis.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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liturgia

Por Irmão André Luiz Oliveira, CSsR, missionário redentorista, associado da Academia Marial

FLORES A MARIA

A

o iniciarmos o mês do rosário (outubro), pode passar por nossas mentes uma pergunta: Por que rezar o rosário? É partindo desta interrogação que quero iniciar meu artigo elencando pontos importantes dessa devoção tão antiga da Igreja. Em sua etimologia, a palavra rosário, de origem latina, significa coroa de rosas: rosarium; é um buquê de rosas espirituais que ofertamos a Maria. O rosário ou terço – como é popularmente conhecido – é uma das mais antigas piedades mariana, ele surge para suprir a necessidade do povo, que em tempos idos, não tinha acesso às Sagradas Escrituras; surge para equivaler à leitura dos 150 salmos bíblicos, rezados nos mosteiros e conventos, naquele tempo rezava-se 150 Pai-Nossos ou Ave-Marias, era um saltério popular composto por 150 louvores. Outro fator muito importante para difusão do rosário foi todo o apostolado de propagação realizado por São Domingos de Gusmão, através da Ordem dos Pregadores (Dominicanos). Conta-se que, em 1214, ele teria tido uma visão na qual Nossa Senhora lhe revelava a oração do terço. Outro ocorrido que contribuiu para a propagação do rosário foi o pedido realizado por Nossa Senhora, em 1917, na sua aparição

em Fátima/Portugal, quando ela disse aos videntes: “Rezem o terço todos os dias”. Contemplar os mistérios da vida de Cristo é assimilar as verdades eternas. Para ressaltar a importância do rosário, São João Paulo II, em 2002, escreveu a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae – O Rosário da

Virgem Maria – na qual o pontífice nos adverte: “O rosário situa-se na melhor e mais garantida tradição da contemplação cristã”. O terço é uma catequese dos mistérios cristológicos da fé católica. Contemplando os mistérios do rosário é possível meditar toda a vida de Jesus Cristo, de Seu nas-

patrimônio

cimento até Sua morte e ressurreição. O rosário é composto por Mistérios, não enigmas, da vida de Cristo, de fatos marcantes de espiritualidade; como os mistérios gozosos, que narram o nascimento e a infância de Jesus; os dolorosos, que descrevem o sofrimento padecido por Ele em Sua entrega em favor dos homens; os gloriosos, narrando o mais extraordinário evento da vida do Divino Mestre: a ressurreição. Em 2002, o Papa João Paulo II acrescentou os mistérios luminosos, que descrevem a vida pública de Jesus. O rosário é uma escola de fé, com disciplinas fundamentais para o cristianismo, com pedagogia própria. Ele sustenta os fracos, fortalece os tíbios, cura os feridos e salva os pecadores. Mais do que uma oração a Maria ele é um ato cristológico à Trindade, um compêndio do Evangelho, é um tesouro espiritual a descobrir. Quereis agradar a Jesus, dediqueis flores a Maria, oferecei à nossa boa Mãe, rosários de fé, rosários de esperança, rosários de caridade; para que Maria os apresente ao seu divino Filho e assim, no jardim da virtude humana, o Criador volte a passear (Gn 3:8) por entre as flores espirituais colhidas pelo rosário. Amor a Jesus e flores a Maria!

Por Dom Hélder Câmara

DEUS NOS TEMPOS DE HOJE O “Dom da Paz”, como era conhecido, está em processo de beatificação

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

O

que pensar dos tempos de hoje? Há pessoas que se afligem muitíssimo com os tempos de hoje. Afligem-se com a violência e o ódio que rebentam no mundo inteiro. Basta abrir um jornal, ouvir um rádio, assistir a programas de televisão. É impressionante a massa de informes de guerras, de sequestros, de assaltos, de roubos, de mortes. Há pessoas que se afligem ouvindo palavrões, que hoje são ditos com a maior naturalidade, presenciando modas e modos que provam como anda baixa a moral. Afligem-se ouvindo flagrantes de gastos loucos com a fabricação de armas e com o desperdício da sociedade de consumo. (...) Não faltam, então, pessoas

sinceras que se afligem em viver em dias tão agitados, tão violentos, tão desumanos e ficam, não raro, suspirando por não terem vivido ou no tempo do romantismo, ou no tempo da Renascença ou, de modo especial, nos primeiros tempos de cristianismo. Os que temos a felicidade de crer em Deus, Criador e Pai, os que sabemos que não existe acaso, mas a amorável Previdência Divina, nem podemos vacilar, temos que preferir de verdade, de todo coração, viver no tempo e no lugar que Deus escolheu para nós. Temos que abraçar o tempo e o lugar em que Deus nos permite viver e trabalhar. Vamos meditar juntos em como descobrir todo o outro lado da realidade, altamente positivo e encorajador. Vamos meditar juntos, durante várias meditações, na parte que nos cabe,

tentando ser, juntamente com nossa comunidade de vida e de trabalho, “sal da terra e luz do mundo”. Em momentos de pessimismo, podemos imaginar que o mundo foi abandonado por Deus e está perdido. Podemos imaginar que está tudo caindo de podre. Se há mesmo podridão, temos que perguntar a nós mesmos se estamos cumprindo nossa missão de sal. Em momentos de pessimismo, podemos ter a impressão de que há trevas por todos os lados, de que a escuridão avança e uma noite grande e triste cai sobre a humanidade. Antes de assombrar-nos, sem saber como dar um passo, com o risco de rolar no abismo, ou de dar perigoso esbarrão, temos que perguntar a nós mesmos se estamos cumprindo nossa missão de luz.


catequese

Por Leandro Gomes, seminarista – Teologia – Diocese da Campanha

A IDADE DA RAZÃO COMO OPORTUNIDADE DE INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ

F

oi o Papa São Pio X quem, no início do século passado, em meio a uma série de providências para devolver à Eucaristia, mais precisamente ao Mistério Pascal de Cristo nela celebrado, o lugar central da vida cristã, favoreceu a comunhão diária aos adultos e permitiu às crianças, alcançada a idade da razão, o acesso ao sacramento eucarístico, ápice e coroamento do processo de Iniciação à Vida Cristã. A este respeito, o Código de Direito Canônico (cân. 97, § 2) estabelece que esta chamada idade da razão ocorre aos 7 anos, quando a criança já é capaz de saber por si mesma o que faz. Fato é que, de lá pra cá, a catequese no Brasil tem feito um caminho de redescoberta da importância e do papel fundamental da catequese com adultos. Basta lembrarmos de toda a reflexão feita em torno da 2ª Semana Brasileira de Catequese, em 2001, que teve como tema “Com adultos, catequese adulta”. No entanto, neste mesmo processo, desencadeado pelo Concílio Vaticano II (19621965), tem-se feito também um caminho de redescoberta da inspiração catecumenal, o que nos leva hoje a considerar a catequese como um processo de iniciação à Vida Cristã, em consonância com o recém-lançado documento 107 da CNBB, em maio deste ano. Sem desprezar a catequese com crianças, com adolescentes, com jovens, com adultos e até mesmo com pessoas idosas,

o foco atual é que, com quem quer que seja, a catequese tem que formar discípulos missionários, ou seja, cristãos de verdade, nascidos da experiência pessoal e comunitária do encontro com Jesus Cristo. Destarte, pode-se falar de catequese com crianças desde que esta não seja uma pré-escola da fé, uma catequese infantilizada, mas seja já uma experiência mistagógica, uma introdução ao mistério de Deus em Jesus Cristo, capaz de sustentar o discipulado ao longo de toda a vida. Isto é possível? Sem dúvida. Quantos de nós não adentramos nas fileiras dos discípulos de Jesus em tenra idade? No entanto, não deixa de ser um arriscado desafio. Não podemos, com uma catequese escolar, enfadonha, cansar as crianças de modo a, muito cedo, nas encruzilhadas da adolescência,

in memoriam

não suportarem mais ouvir falar de Jesus, de seu Evangelho, da Igreja e do Reino. Nossa catequese infanto-juvenil precisa passar por um processo de conversão pastoral, precedido necessariamente da conversão pessoal de nossos pastores e catequistas, a fim de chegar a ser o que deve ser: uma oportunidade de iniciação à Vida Cristã, a porta que os introduz para sempre no seguimento de Jesus Cristo, numa comunidade eclesial concreta e humanamente palpável. Para tanto, valem as dicas que o já citado documento 107 dá para uma catequese verdadeiramente de inspiração catecumenal, com as necessárias adaptações às idades: • fidelidade à doutrina dos Apóstolos; • centralidade da Palavra de Deus;

• inserção na comunidade; • integração catequese e liturgia; • interação catequista-iniciando, ou seja, acompanhamento personalizado; • vida de oração pessoal e comunitária; • estímulo ao compromisso com a justiça e o serviço à caridade; • visão global da pastoral (cf. n. 167); • cuidado com a linguagem (cf. n. 187) e • unidade teológico-pastoral entre os sacramentos do batismo-crisma-eucaristia (cf. n. 143), compreendendo-os como um único processo iniciático para uma vida pautada nos valores do Evangelho. É preciso, portanto, que elaboremos – urgentemente – um planejamento catequético que privilegie uma fé madura, adequada a todas as idades e que faça de cada um dos iniciandos o verdadeiro sujeito da sua caminhada de iniciação à Vida Cristã. Isso implica produzir uma hermenêutica da nossa prática catequética atual que nos leve a percebê-la em continuidade com a tradição catequética que nos precede, para que ninguém pense que a Igreja está propondo uma ruptura ou uma inovação sem fundamento, mas que reconheça que ela está se abrindo ao Espírito que renova todas as coisas e que agora quer mostrar que o processo de transmissão da fé deve ser sempre vivo e dinâmico. É chegada a hora de avançarmos para águas mais profundas. Mãos à obra!

Texto/Imagem: Douglas Ribeiro Lima, seminarista – Teologia

O SAUDOSO CRAQUE NO FUTEBOL: PADRE PEDRO MELONI NETO

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m Jacutinga (MG), nasceu Pedro Meloni Neto no dia 17 de abril de 1929. Pedro foi o primeiro dos treze filhos do casal Leonor Caridade e Atílio Meloni. Em 1939, devido às dificuldades da época, a família mudou-se para Passos. Terminado o primário e manifestando vocação religiosa, em 1942 foi para o Seminário Coração Eucarístico em Belo Horizonte (MG), pois, em plena Segunda Guerra Mundial, o Seminário de Guaxupé manteve-se fechado. Realizou todos os seus estudos na capital mineira fazendo grandes amizades, crescendo intelectualmente e realizando uma de suas grandes paixões: o jogo de futebol. Recebeu a ordenação Sacerdotal no dia 8 de dezembro de 1955 na Catedral Nossa

Senhora das Dores em Guaxupé, que ainda estava em construção. Escolheu como lema sacerdotal: “Seduziste-me Senhor, e eu me deixei seduzir” (cf. Jr 20, 7). Lecionou latim por quatro anos no Seminário Diocesano São José. No período em que ministrou as aulas, auxiliava nas paróquias das cidades de São Pedro da União, Bom Jesus da Penha e na comunidade de Biguatinga. Após este período, foi transferido para Machado, onde foi coadjutor do padre Marco Aurélio, e depois foi para Poços de Caldas trabalhar na Basílica Nossa Senhora da Saúde, auxiliando monsenhor Trajano. Foi no período em que trabalhou em Poços de Caldas que se revelou um grande craque de futebol, defendendo as cores da Cal-

dense. O sucesso foi tão grande que mereceu reportagem na revista ‘O Cruzeiro’, e em muitas outras. Após este período foi para Cássia substituir monsenhor Sílvio Puntel. Depois, assumiu a paróquia São Sebastião, em Areado, substituindo monsenhor José Faria de Castro. Logo em seguida, foi pároco de Serrania por três anos desenvolvendo um árduo trabalho. No dia 11 de março de 1967, com 38 anos, foi nomeado pároco da paróquia Nossa Senhora do Carmo em Paraguaçu onde permaneceu até o seu falecimento no dia 26 de agosto de 2017. Famoso pelo seu jeito sério e bravo, na pequena cidade de Paraguaçu é amado pelo povo, onde também cultivou três paixões: o futebol, a pesca e o gosto em contar piadas. COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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missão

Por Participantes do Congresso Missionário

VOCÊS SERÃO MINHAS TESTEMUNHAS ATÉ OS CONFINS DA TERRA (CF. AT 1,8) Mensagem do 4º Congresso Missionário Nacional às comunidades eclesiais do Brasil

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eunidos no 4º Congresso Missionário Nacional, de 7 a 10 de setembro de 2017, no Colégio Damas, em Recife (PE), nós, os 700 missionários e missionárias, vindos de todas as regiões do Brasil, fomos fortemente desafiados a testemunhar “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída” Contemplar a realidade com o olhar de discípulo missionário O exemplo dos mártires e profetas, como Dom Helder Câmara, ajudou-nos a olhar para o Brasil, mergulhado numa profunda crise que fere, no coração e na alma, a nós e a tantos irmãos e irmãs empobrecidos, excluídos e descartados. Como se estivesse anestesiada, a população brasileira assiste ao fortalecimento de políticas neoliberais que retiram direitos e agravam a situação dos trabalhadores/ as, dos povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores e dos que vivem em outras periferias geográficas e existenciais. As reformas trabalhista, previdenciária, política e da educação, bem como a retomada das privatizações, mostram que o governo e o Congresso Nacional viraram as costas ao povo. A corrupção e a falta de ética, que atingem tanto a classe política quanto empresarial e outros setores da sociedade, têm levado o desencanto e a desesperança aos brasileiros e brasileiras. Causam-nos indignação a devastação da Amazônia, a degradação da natureza e a violência que ceifa a vida de lideranças, como o assassinato do casal Terezinha Rios Pedrosa e Aloísio da Silva Lara, ocorrido no Mato Grosso em setembro, e o massacre de indígenas, em agosto deste ano, no Vale do Javari, Amazonas, divulgado enquanto acontecia o Congresso. O decreto do governo que extingue a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) é um duro golpe nos direitos dos povos indígenas e no bioma amazônico. Essa realidade, longe de nos desanimar, cobra-nos uma ação missionária vigorosa, transformadora, libertadora. Revigorados pelo espírito da Conferência de Medellín que, há 50 anos, deu à Igreja Latino-americana o rosto de uma Igreja em saída, pobre, missionária e pascal, somos motivados a vencer a tentação da indiferença, do comodismo, do desencanto, do desânimo e do clericalismo presentes em muitas de nossas comunidades. Somos guiados pela fé e pela esperança cristãs, capazes de reacender, no coração de todos, a chama do amor pela vida, pela justiça e pela paz. Discernir os caminhos da missão que gera alegria

A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída

Juntos na missão permanente A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída

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A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída

Aponte para Assista e o cartaz surpreenda-se!

Campanha Missionária 2017 Dia Mundial das Missões - Coleta Nacional - 21 e 22 de outubro Pontifícias Obras Missionárias (POM) - Comissão Episcopal para a Amazônia (CNBB)

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Campanha Missionária 2017 Dia Mundial das Missões - Coleta Nacional - 21 e 22 de outubro Pontifícias Obras Missionárias (POM)- Comissão Episcopal para a Amazônia (CNBB)

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Campanha Missionária 2017 Dia Mundial das Missões - Coleta Nacional - 21 e 22 de outubro Pontifícias Obras Missionárias (POM) - Comissão Episcopal para a Amazônia (CNBB)

A palavra de Deus é luz, sabedoria e força que nos tornam discípulos missionários e missionárias ousados e criativos, mais capazes de colaborar com a transformação de estruturas caducas e a construção de uma nova sociedade, que seja sinal do Reino de Deus em nosso meio. Os documentos da Igreja são também fonte salutar que nos ajudam a compreender melhor a natureza missionária da Igreja. Nesse particular, destacamos as palavras e gestos do Papa Francisco, base do conteúdo deste Congresso. É surpreendente como ele se coloca à nossa frente, a passos largos e rápidos. Ele é, verdadeiramente, um profeta missionário que nos anima na caminhada. A missão constitui verdadeiro kairòs, tempo propício de salvação na história. Somos provocados a sair de nós mesmos, deixar nossa terra, tirar as sandálias para “pisar” o solo sagrado do outro, como hóspedes, aqui e além-fronteiras. A proximidade e a reciprocidade levam ao encontro com o outro que faz contemplar o horizonte escatológico do Reino de Deus. Na missão, animam-nos o testemunho e o profetismo de tantas mulheres e homens que encontraram sua alegria no Evangelho e a partilharam com os prediletos de Deus

10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

na radicalidade da doação de sua vida. Os profetas e mártires são exemplo de coragem e de fidelidade a Cristo e ao Evangelho até o extremo de entregar a própria vida: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (Jo 15, 13). Sustentados pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, os missionários e missionárias têm, hoje e sempre, a responsabilidade de não deixar morrer a profecia, lembrando que “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Na missão, Aquele que chama e envia, bem como a mensagem enviada e seu destinatário, são maiores que o enviado, isto é, o missionário. Sem este, no entanto, não há quem seja enviado e a mensagem do amor de Deus não chega a seus destinatários. O missionário, porém, só cumpre autenticamente a missão se caminhar junto com outros missionários, vencendo a tentação do monopólio da Boa Nova, reconhecendo a riqueza da unidade na diversidade e ultrapassando os estreitos limites da Igreja particular para lançar-se ao mundo. No cumprimento da missão, os evangelizadores se lembrem de que sua alegria não está nos prodígios que possam realizar, no sucesso que venham a alcançar, mas em saber que

seus nomes estarão inscritos na “memória afetiva de Deus” por terem sido fiéis mensageiros do Evangelho (cf. Lc 10,17-20). Comprometer-se com Jesus Cristo e o Reino de Deus para uma Igreja em saída O 4º Congresso Missionário Nacional foi o encontro de irmãs e irmãos que partilharam sua fé, suas lutas, suas angústias, seus sonhos, suas esperanças. Durante todo o tempo, sentimos agir em nós o Espírito Santo, protagonista da missão, reforçando nossa convicção de que ser missionário é uma graça e uma responsabilidade. Por isso, renovamos nosso compromisso com a Infância e Adolescência Missionária e com a Juventude Missionária, em união com as demais expressões juvenis, a fim de que crianças, adolescentes e jovens sejam protagonistas da missão onde quer que estejam. Reafirmamos a vocação dos cristãos leigos e leigas como sujeitos na missão. Confirmamos o testemunho das consagradas e consagrados, dos seminaristas, dos ministros ordenados – diáconos, padres e bispos – que cada vez mais assumem a missão como resposta ao chamado de Deus. Impulsionados pela Santíssima Trindade, viveremos esta nossa vocação na sinodalidade e na comunhão, comprometidos com a Igreja em saída que promove o encontro e anuncia a alegria do Evangelho a todos. Assumimos a tarefa de apostar, cada vez mais, nos espaços que nos ajudam a ser uma Igreja sinodal, fortalecendo os organismos e conselhos missionários em todas as instâncias. Para a vivência da missionariedade é imprescindível a atitude da escuta. Contribui para isso a formação missionária contínua que alimenta nossa espiritualidade, cria a cultura da missão e contribui para que todos os batizados assumam sua vocação missionária. Assim, onde estivermos iremos ecoar o refrão que ficou gravado em nossos corações: “Tudo com missão, nada sem missão”. Deixemos arder em nosso peito o apelo do Papa Francisco: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! (…) Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mc 6, 37)” (EG, 49). Maria, Mãe Aparecida, comunicadora da alegria do Evangelho, caminhe conosco!


atualidade

Por padre Sérgio Bernardes – assessor de comunicação

UT UNUM SINT: DO CONFLITO À COMUNHÃO Um pouco de história Há 500 anos, exatamente no dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero enviava uma correspondência ao arcebispo de Mainz (Mogúncia – Alemanha), com um conteúdo que modificaria a história da Igreja até os nossos dias. Na carta, em anexo, o monge agostiniano expunha as suas 95 teses intituladas “Disputa sobre a Eficácia e o Poder das Indulgências”, que afirmavam as indulgências como prejuízo para a espiritualidade cristã. Logo, as teses se espalharam por toda a Alemanha, desembocando numa investigação eclesiástica sobre o caráter herético e ofensivo das teses apresentadas por Lutero (bula Exsurge Domine). O caminho posterior foi marcado por uma série de tentativas frustradas de conservação da unidade, com possibilidades de defesa para Lutero, que resultaram infrutíferas, e também com uma efervescente série de atos públicos que acirraram ainda mais a tensão entre os dois lados. Assim, em 3 de janeiro de 1521, Martinho Lutero foi declarado fora da comunhão eclesial pela bula Decet Romanum Pontificem. Século 20: olhos voltados para a unidade Abrir caminhos de encontro, diálogo e cooperação intereclesial, de modo a promover a restauração histórica da unidade cristã, com uma atitude dialogal que propicie conteúdo, método e finalidade comuns é algo que ainda parece desafiar as comunidades cristãs em todo o mundo. Entretanto, inúmeras iniciativas, a partir de meados do século 20, foram promovidas para aproximar os irmãos separados por motivações históricas e perspectivas teológicas. É necessário citar iniciativas não ofi-

ciais, mas extremamente relevantes para a reflexão e direcionamento da busca ecumênica: os esforços teológicos de nomes como Congar, Rahner e Danielou que irão influenciar no Vaticano II; o fortalecimento da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (1937); a criação de organismos ecumênicos, como o Centro Istina (Paris), o movimento Una Sancta (Alemanha) e o centro Pro Unione (Roma); o diálogo estável entre anglicanos e católicos (1921-1925); a

ação social – os cristãos se solidarizam nos esforços pela promoção humana, principalmente entre as duas guerras mundiais. Essas iniciativas irão motivar o primeiro pronunciamento oficial do magistério católico, De motione ecumenica (1949), indicando abertura ao ecumenismo, “inspirado pelo Espírito Santo”. Indiscutivelmente, no Concílio Vaticano II, a Igreja Católica oferece um testemunho favorável à vivência e à fraternidade ecle-

para aprofundar

sial, destacando a peculiaridade de cada uma das experiências cristãs. O decreto Unitatis Redintegratio estabelece diferenciações, a partir de elementos comuns com a tradição católica, entre as Igrejas Orientais (doutrina da Trindade, veneração à Maria e dos santos, sacramentos, episcopado, sucessão apostólica, sacerdócio e Eucaristia) e as nascidas com a Reforma Luterana (a fé em Cristo, as Escrituras, os sacramentos, principalmente o batismo e, por fim a vida com Cristo, que gera a caridade). Novo olhar A partir do evento conciliar, a caminhada ecumênica passa a estabelecer uma pauta real para a valorização da unidade, embasando-se em alguns pilares fundamentais: a atitude cordial entre cristãos, eliminando palavras, juízos e ações que não favoreçam à fraternidade; o diálogo teológico, que estabeleça uma hierarquia de verdades, distinguindo o conteúdo da forma das verdades de fé; a cooperação pastoral em iniciativas concretas; e a espiritualidade voltada à unidade. Dessa forma, a celebração conjunta dos 500 anos da Reforma Luterana, proposta pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e Federação Luterna Mundial, acontece num cenário mais favorável à compreensão, num tempo mais aberto ao diálogo, e num clima mais cordial. Celebrar a Reforma não é de modo algum festejar a divisão eclesial, mas alegrar-se nos atos firmes e estáveis que as comunidades cristãs, católicas e protestantes, realizaram nesse último século. Viver este período histórico é motivo de esperança para a Igreja de Cristo que caminha rumo à unidade.

Texto/imagem: Divulgação

DO CONFLITO À COMUNHÃO

O

documento descreve a trajetória do diálogo católico-luterano internacional que em 2017 completará 500 anos, traça os avanços alcançados, identifica os pontos em que o diálogo deve se aprofundar e, sobretudo, faz, pela primeira vez, uma leitura conjunta do evento da Reforma, ainda que com ênfases específicas – católicas e luteranas – e coloca parâmetros para uma comemoração conjunta da Reforma no ano de 2017. Esclarece que não se tratará de come-

morar a divisão da Igreja, mas o testemunho comum à salvação em Cristo. Na apresentação do documento, o cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e o reverendo Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial, destacam os frutos gerados pelo diálogo teológico bilateral entre as instituições em busca da unidade eclesial. “Do Conflito à Comunhão oferece a católicos e luteranos um enfoque

conjunto para a comemoração dos 500 anos da Reforma, em 2017. É a primeira tentativa histórica no âmbito internacional de descrever a história da Reforma conjuntamente, de analisar os argumentos teológicos que estavam em jogo, de traçar os desenvolvimentos ecumênicos entre nossas comunhões, de identificar a convergência alcançada e as diferenças ainda persistentes”, afirma o documento produzido conjuntamente.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA

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comunicações aniversários outubro Natalício 09 Padre Aloísio Miguel Alves 11 Padre Gilmar Antônio Pimenta 15 Padre Ademir da Silva Ribeiro 10 Monsenhor Mário Pio de Faria 16 Padre Edno Tadeu de Oliveira 22 Padre César Acorinte

22 22 26 30

Padre Padre Padre Padre

José Neres Lara Glauco Siqueira dos Santos Arnoldo Lourenço Barbosa Ronaldo Aparecido Passos

Ordenação 17 Padre Márcio Alves Pereira 18 Padre Gilvair Messias da Silva 25 Padre José Luiz Gonzaga do Prado 29 Padre Donizete Antônio Garcia 31 Padre Robervam Martins de Oliveira 31 Dom José Lanza Neto (presbiteral)

agenda pastoral 1 Kairos RCC em Petúnia 7 Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral – Guaxupé Assembleia Diocesana do Cursilho – Guaxupé 11 Reunião da Pastoral Presbiteral – Guaxupé 12 Tricentenário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil 14 Reunião do Conselho Diocesano do ECC - São José da Barra 20 - 22 Cursilho Masculino - Poços de Caldas 21 Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPSs) 22 Festa da Aliança de Amor no Santuário da Mãe Rainha - Poços de Caldas Reunião preparatória do Cursilho 25 Encontro com os Presbíteros com até 5 anos de ministério

atos da cúria •

Provisão nº 9/44, livro nº 12, fls. 33v. Nomeamos o Revmo. Padre Gledson Antonio Domingos, pároco da Paróquia São José em Passos, 19 de agosto de 2017.

Provisão nº 9/45, livro nº 12, fls. 34, Nomeamos o Revmo. Padre Manoel Rodrigues de Souza, Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Sion em São Sebastião do Paraíso,1/9/2017.

jubileu 300 anos de Bênçãos ORAÇÃO JUBILAR: 300 ANOS DE BÊNÇÃOS Senhora Aparecida, Mãe Padroeira, em vossa singela imagem, há 300 anos aparecestes nas redes dos três benditos pescadores no Rio Paraíba do Sul. Como sinal vindo do céu, em vossa cor, vós nos dizeis que para o Pai não existem escravos, apenas filhos muito amados. Diante de vós, embaixadora de Deus, rompem-se as correntes da escravidão! Assim, daquelas redes, passastes para o coração e a vida de milhões de outros filhos e filhas vossos. Para todos tendes sido bênção: peixes em abundância, famílias recuperadas, saúde alcançada, corações reconciliados, vida cristã reassumida. Nós vos agradecemos tanto carinho, tanto cuidado!

Hoje, em vosso Santuário e em vossa visita peregrina, nós vos acolhemos como mãe,

e de vossas mãos recebemos o fruto de vossa missão entre nós: o vosso Filho Jesus, nosso Salvador. / Recordai-nos o poder, a força das mãos postas em prece! Ensinai-nos a viver vosso jubileu com gratidão e fidelidade! Fazei de nós vossos filhos e filhas, irmãos e irmãs de nosso Irmão Primogênito, Jesus Cristo, Amém! 12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

27 - 29 Cursilho Feminino - Poços de Caldas 28 Encontro Diocesano para Animadores da CF 2017 – Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana de CEBs – Guaxupé Reunião da Coordenação Diocesana dos MECEs – Guaxupé Reunião da Equipe Diocesana de Comunicação – Guaxupé Encontro Coordenadores Paroquiais de Catequese – Setores Guaxupé, Passos, São Sebastião do Paraíso, Cássia e Areado 29 Dia Nacional da Juventude – DNJ Encontro Coordenadores Paroquiais de Catequese – Setores Poços de Caldas e Alfenas 30 Aniversário de Ordenação Presbiteral de Dom José Lanza (1980)


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