A PRÁTICA HOMOSSEXUAL E A BÍBLIA Presb. Daniel Carvalho
No mês passado, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução nº 175 estabelecendo que os cartórios de todo o país não poderiam recusar a celebração de casamentos civis de casais do mesmo sexo ou deixar de converter em casamento uma união estável homoafetiva.
Sabemos que ocorre em nosso país um intenso debate sobre os direitos relativamente aos homossexuais – discussão que vai desde o direito à união estável, ao casamento, à adoção de filhos e a eventual necessidade de leis que punam a discriminação ou violência decorrente de preconceito por orientação sexual (a tão falada homofobia).
Esta
semana,
mais
precisamente
no
dia
05/06/13,
houve
uma
manifestação em nossa cidade, na Esplanada dos Ministérios, organizada por lideranças evangélicas e católicas, reunindo aproximadamente 70 mil pessoas. Um dos temas criticados nesta manifestação foi a mencionada resolução e a questão dos direitos dos gays, etc.
Diante deste cenário, acredito que valha a pena discutir tal questão sob a ótica bíblica, uma vez que cremos ser a Escritura a nossa única diretriz para a vida. A origem de tudo Acredito que o ponto de partida para tal discussão é a doutrina da depravação total da raça humana.
O pecado e a tentação fazem parte da vida de todos os seres humanos, inclusive dos crentes. Todos nascemos com inclinações pecaminosas, que nos fazem desejar o pecado (Salmos 14: 1-3; Gênesis 6:5; Tito 1:15; Romanos 5:12; I João 1:810).
O certo é que o pecado nos estragou por completo, distorcendo todas as nossas emoções, sentimentos, pensamentos (Jeremias 17:9), de sorte que não podemos confiar no nosso próprio julgamento para sabermos o que é ou não é uma prática correta (Salmos 119: 9 e 11).
Este é um ponto que destaco: os nossos desejos, sentimentos, emoções também foram corrompidos pelo pecado. O fato de desejarmos algo verdadeiramente, não torna este algo lícito. Precisamos entender que todo o nosso ser foi corrompido, sendo necessário colocar-nos sob o crivo da Bíblia. Somente a Escritura tem a última palavra sobre o que é bom, desejável, justo.
Por conta de estímulos, genética(?), influências culturais, sociais e outros fatores, pessoas experimentarão essa corrupção de diferentes formas. Alguns são mais suscetíveis ao pecado na área financeira, outros em questões sexuais, outros têm tremenda dificuldade em falar a verdade, outros são vaidosos, preguiçosos, comilões, etc – a lista é infindável.
Não temos como controlar as áreas de fraqueza, de depravação, onde somos mais suscetíveis. Apesar disso, a nossa tendência (esta também impregnada de preconceito religioso, pecaminoso) é sempre enxergar a fraqueza do outro como algo muito mais simples de administrar.
Assim, se eu nunca tive qualquer inclinação pecaminosa que gerasse em mim uma atração por alguém do mesmo sexo, isto não me torna melhor ou pior do que alguém que tem tal atração. Isso não me justifica nem me faz mais justo que alguém que sinta atração por outro do mesmo sexo; é simplesmente um pecado (uma tentação) que nunca tive que enfrentar.
Estas inclinações pecaminosas geralmente nos perseguem até o final de nossas vidas, exceto quando Deus nos livra delas extraordinariamente. Não seremos libertos totalmente das nossas inclinações até que ocorra a restauração do corpo na ressurreição. É assim que funciona uma vida corrompida. O nosso trabalho, como crentes, é, auxiliados pelo Espírito, fazer o que for possível para controlá-las, nos colocando sob o Senhorio de Cristo (Lucas 9:23; Gênesis 4:7b).
Ao colocar a questão nesta perspectiva, na perspectiva bíblica, conseguimos nos identificar com outros pecadores, porque nos reconhecemos também pecadores, inclinados para o pecado em várias áreas da vida.
Assim, ao vermos alguém cedendo à inclinação do homossexualismo, precisamos entender que o problema dele é, na essência, exatamente o mesmo que o nosso. Temos uma natureza corrompida que nos faz suscetíveis a essas inclinações.
Pessoas com desejos homossexuais podem ser crentes, salvos em Cristo Jesus? Evidentemente, concordo com aqueles que dizem que o homossexualismo é pecado (Levítico 18.22, 20.13; Romanos 1.27; 1 Coríntios 6.9; 1 Timóteo 1.10). Entretanto não creio que ele esteja além da carnalidade do crente. Também não acredito que, se alguém sente desejos homossexuais por toda sua vida, está necessariamente excluído do Reino de Deus. Espero que ninguém confunda o meu argumento. Eu, de forma alguma, apóio o comportamento homossexual ou procuro relativizar seu aspecto abominável perante o Senhor. Mas eu penso, sim, que nós, que não somos tentados dessa forma, muitas vezes falhamos em enxergar a seriedade da luta que as pessoas que cometem esse pecado enfrentam.
Para mim, é fato inegável que até a presente data as igrejas evangélicas não têm conseguido lidar adequadamente (com raras exceções) com esta questão. Quando se houve falar de alguém com uma conduta desta natureza na Igreja, ela passa a ser excluída da comunidade, torna-se quase “um leproso”, portador de uma “doença contagiosa”. De outro lado, aqueles que chegam à Igreja com “maus antecedentes” nesta área dificilmente conseguem ser aceitos sem reservas pela comunidade. É ou não é assim? Agora, de volta à questão central. Homossexuais1 podem ser cristãos? Essa é uma questão teológica que evidencia uma falta de entendimento do pecado e da redenção. Ela revela um grande engano sobre a natureza do pecado ao colocar o homossexualismo em sua própria categoria separada, por causa de sua natureza depravada. Se, por um lado, eu creio (e a Bíblia assim o afirma) que o homossexualismo é um pecado, por outro, não acredito que aqueles que possuem essa inclinação deveriam ser vistos de forma diferente dos outros.
Nós poderíamos elaborar a pergunta da seguinte forma: pessoas que tem inclinações pecaminosas podem ser cristãs? É claro. Quem mais poderia? Cristo foi o único que nunca teve uma inclinação pecaminosa. Tudo bem então, que tal assim: pessoas que tem inclinações pecaminosas realmente ruins podem ser cristãs? Novamente, a única resposta bíblica é sim. Pessoas que tem inclinações pecaminosas 1
Para melhor compreensão, neste texto o termo “homossexual” identifica a pessoa que sente atração por outro do mesmo sexo, não necessariamente aquele que tem práticas homossexuais
realmente ruins podem ser cristãs. No fundo, a pergunta que está sendo feita é: pecadores podem ser cristãos? Novamente eu digo, quem mais poderia ser?
Alguns podem responder dizendo que, mesmo que admitam que homossexuais possam ser cristãos, eles precisam passar por um processo de superação desta inclinação pecaminosa. Em outras palavras, eles precisariam demonstrar uma consistente e perpétua vitória sobre essa inclinação, passando mesmo a somente ter inclinações heterossexuais.
Será que isto é verdade? É certo que homossexuais podem vencer essa inclinação, e, algumas vezes, de fato, vencem ao ponto de abandonar totalmente esse estilo de vida, mas eu não posso pensar que necessariamente é isso que vá acontecer, que esta é a regra.
Basta olhar para si mesmo e você verá que esta não é a regra. Ou você pode afirmar que, após entregar-se a Cristo, não sente mais qualquer inclinação para o pecado ou que não possui áreas onde é mais suscetível a fracassar? Eu diria que na minha vida há inclinações que eu sinto que já venci e há outras que permanecem como uma teia de aranha, grudentas e persistentes.
Novamente: enquanto concordo que os homossexuais podem e devem vencer esse pecado, pode acontecer de a batalha não ser tão simples assim. Essa batalha pode ser uma luta contra os próprios atos do homossexualismo ou uma luta constante contra os desejos até o fim da vida. E isso não é diferente para nenhum cristão que não tenha inclinações para uma vida de homossexualismo. Muitos de nós temos outras sérias inclinações que podem nos perseguir até a vinda do Reino.
Pode-se ainda dizer: mas e as afirmações bíblicas de que os homossexuais não herdarão o Reino de Deus? “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus.” 1 Coríntios 6.9-11
“Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte". Apocalipse 21:8
Eu te pergunto: nós todos não nos enquadramos em nenhuma das outras categorias excluídas do Reino? O que a Bíblia afirma nestes versículos, em outras palavras, é que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Se Cristo não os salvar, o destino deles será o inferno! Conclusão Concluindo, é necessário reconhecer a profunda pecaminosidade da perversão sexual. Homossexualismo é um pecado, e um dos mais destrutivos. Mas precisamos tomar cuidado e sermos graciosos com aqueles que lutam contra esse pecado, entendendo que a luta contra o pecado é comum a todos nós. A solução é não se comprometer com a agenda politicamente correta da nossa cultura, que transforma qualquer pecado em uma escolha de estilo de vida perfeitamente aceitável, mas ao mesmo tempo, sermos graciosos, sabendo que a única esperança que alguém pode ter é ser coberto pela justiça de Cristo, não a nossa.
Uma pessoa com desejos homossexuais pode ser um cristão? Sim. Todos os pecadores podem ser cristãos. De fato, todos os cristãos são pecadores. Que olhemos todos para essa questão importante à luz de um entendimento profundo da luta contra o pecado e que Deus nos ajude a vencer as nossas inclinações.
A luta deles é essencialmente a mesma que a nossa: não ceder às tentações, resistir às inclinações da natureza pecaminosa.
Recomendo, ainda, a leitura dos seguintes artigos, que, a meu ver, tratam tal questão de forma bíblica, amorosa, em hipotéticas situações dentro do ambiente familiar: “O que eu faria se minha filha me contasse que é lésbica?” por Stephen Altrogge, disponível no seguinte link http://iprodigo.com/traducoes/o-queeu-faria-se-minha-filha-me-contasse-que-e-lesbica.html
“Carta de amor a uma lésbica” por Jackie Hill, disponível no seguinte link http://iprodigo.com/traducoes/carta-de-amor-a-uma-lesbica.html “Que carta você escreveria para um filho gay?” por David Murray, disponível no seguinte link http://iprodigo.com/traducoes/que-carta-voceescreveria-para-um-filho-gay.html
Que Deus possa nos ensinar a sermos misericordiosos com todos, não apenas com aqueles que se parecem conosco.
Fonte de pesquisa: http://iprodigo.com/traducoes/homossexuais-podem-ser-cristaos.html