ACES
Ação Comunitário da Espírito Santo
Projeto Ponte
Uma Experiência em Arte - Educação Vitória , ES - 2008
Mara Perpétua Marcela Fraga
Autoras: Mara Perpétua Banhos Pereira Marcela Fraga Gonçalves Fotografia: Luara Monteiro Projeto Gráfico: Interativa Edson Arcanjo Luara Monteiro Revisão de Português: 1ª Versão- Miguel Marvila 2ª Versão Raquel Loureiro Impressão: nome da Gráfica
1ª Edição Vitória (ES), 2008. Esta publicação da sistematização do Programa Ponte. Uma parceria entre Aces, Fundação Otacílio Cozer e OSNSG. A reprodução integral ou parcial do texto sob qualquer forma ou quaisquer meio, requer autorização por escrito das instituições.
Incapacidade de Ser Verdadeiro Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não ficou só sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu leva-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça. - Não há nada a fazer Dona Coló. Este menino é um caso de poesia. Carlos Drummond de Andrade
Agradecimentos Agradecemos a todos que compartilharam conosco essa experiência em um esforço coletivo, possibilitando às crianças e aos adolescentes o acesso à arte como forma de expressão e conhecimento, proporcionando o desenvolvimento de seus potenciais e ampliação de seus saberes. O nosso muito obrigada e reconhecimento aos educadores sociais, estagiários e voluntários que contribuíram com suas experiências para a construção dessa proposta metodológica; às diversas instituições que estiveram presentes, compartilhando suas dificuldades e seus êxitos; à Ação Comunitária do Espírito Santo, à Fundação Otacílio Coser e à Obra Social Nossa Senhora das Graças, que em parceria, nos chamaram a aceitar o desafio de construir novas formas de pensar a ação educativa. E finalmente, às crianças e aos adolescentes, propósito deste trabalho, que nos ensinaram como trilhar este caminho.
Mara Perpétua e Marcela Fraga
com o papel artesanal fizemos , formas, texturas, cores e muitos amigos! Ivanete Marilza Educadora social - Brinquedoteca
APRESENTAÇÃO O produto aqui apresentado é o resultado da co-gestão em investimento social privado, na área da educação, entre a Ação Comunitária do Espírito Santo –(Aces) e a Fundação Otacílio Coser. Dirige-se a um público qualificado mostrando como atuam estruturalmente e quais os seus princípios norteadores na realização do Projeto Ponte. “O pro de planejar, de ter vontade e o jecto de pôr para fora, de disseminar, de multiplicar, de doar nossos conhecimentos aos outros” (Lima, T.B. 1999), justifica o entendimento do termo projeto como “a possibilidade de construir, de organizar no sentido mais profundo a partir da nossa vida. Mas é fundamental a coragem de socializar, disseminar conhecimentos” (Lima, T.B.1999). A Obra Social Nossa Senhora das Graças, situada na Cidade de Vitória, no estado do Espírito Santo, realizava em 2001 atividades de educação não-formal, na intenção de proteger crianças e adolescentes em situação de risco social. Cheios de determinação todos trabalhavam naquela organização almejavam uma
transformação na comunidade, imbuídos de boa vontade e compromisso social. A parceria com essa organização, laboratório da experiência aqui apresentada tornou possíveis as bases do Projeto Ponte em 2003. No ano de 2005 foi sistematizada a proposta metodológica do projeto e no período de 2006 a 2008 a consolidação de forma processual. Estabelecida a aliança estratégica entre os parceiros, aos poucos a estrutura da rotina de atendimento e gestão institucional foi desconstruída, sob os princípios da arte e educação e seus novos conceitos, dando lugar a um trabalho em sintonia, resultante de um mundo de oportunidades de participação ativa. A transformação foi marcada pela preocupação com a determinação e clareza do foco de atuação, que transcendeu à benemerência. Como projeto, o Ponte contribuiu para a ampliação do papel social da escola formal de origem da clientela assistida pela Obra, como difusor de solidariedade, participação e exercício de direitos que promovem a cidadania,
a elevação da auto-estima, a inclusão social, a ampliação do universo cultural e o estreitamento dos laços comunitários de 200 crianças (diretamente envolvidas), suas famílias (indiretamente envolvidas), técnicos, gestores, educadores sociais e outros das comunidades adjacentes.
com a educação como meio de desenvolvimento social, num país mais preocupado com a tarefa de fazer a escola chegar às crianças e os insumos á escola, não tendo tempo de aprofundarse em métodos pedagógicos. É possível a replicabilidade da metodologia em outros espaços educativos, salvaguardadas as especificidades desses espaços, considerando os conceitos e práticas institucionais de forma integrada e integradora. Confiantes os envolvidos nessa aliança estratégica, não mediram esforços para elevar o Ponte à condição de Programa Ponte em 2008.
Na prática diária, as tarefas planejadas e desenvolvidas foram inspiradas nos conteúdos verticais e transversais do currículo de ensino fundamental e na realidade sócio-comunitária e familiar das crianças e adolescentes. A partir de temas-eixos foram realizadas oficinas integradas e estruturadas em três módulos. O encerramento de cada módulo foi em forma de um evento aberto à comunidade e especialmente às famílias dos envolvidos. Nesta oportunidade destacamos que o investimento na melhoria As crianças e os adolescentes foram protagonistas das atividades de qualidade de vida na infância e na juventude impõe-se como apresentadas e ao mesmo tempo anfitriões da comunidade prioritário, para muitas empresas que, como o Grupo Coimex sem assumir o papel do Estado, atuam no lugar de instituição convidada. mediadora, fortalecem estrategicamente as organizações sociais Este livro é referência para educadores e outros comprometidos parceiras e contribuem para o desenvolvimento do Terceiro Setor.
Ana Beatriz Lorch Roth
Seledyr de Azeredo Gomes
Joel Rodrigues Pacheco
Superintendente Fundação Otacílio Coser
Gerente de Projetos Sociais Ação Comunitária do Espírito Santo
Presidente Obra Social Nossa Senhora das Graças
SUMÁRIO Introdução Mudando para Crescer Concepção do que é Ser Criança Hoje Espaço Socioeducativo Função do Educador Arte-Educação: Uma Área de Conhecimento Fazer Significativo em Arte:s Interação com as Manifestações artísticas Contextualização: A Construção do Fazer Pedagógico Ações Pedagógicas Eventos Socioculturais: Organização Interna e Planejamento: Espaços Educativos: Oficinas Socioculturais O Trabalho Socioeducativo Realizado em 2005 Módulo Comunicação é tudo Equipe de Trabalho Planejamento e Avaliação Criando Pontes, Estreitando Laços Produções do Projeto Ponte Referências Fontes Consultadas A Bailarina
11 12 13 14 16 17 19 20 22 24 24 24 24 25 26 30 34 36 41 43 44 45 46
reciclagem Todo dia na Obra Social é muito legal. A gente aprende brincando Com Reciclagem de pano. Na Sala de Leitura Vamos fazer costuras Construir Brinquedos, Casas com caixas de leite. E boneca para enfeite
As tampinhas , os anéis, as garrafas e os botôes são usados todo dia, transformando em alegria a nossa fantasia a criança se diverte aprendendo a reciclar, nas nossas brincadeirinhas todos vão se amarrar. Sala de Leitura- Monteiro Lobato Varal de roupas Poesias produção coletiva
INTRODUÇÃO No ano de 2000, a Ação Comunitária do Espírito Santo, a Fundação Otacílio Coser e a Obra Social Nossa Senhora das Graças firmaram parceria e, através do Programa Educação e Ambiente, realizaram ações socioeducativas com crianças e adolescentes dos bairros Romão, Forte de São João, Cruzamento e Ilha de Santa Maria, situados na periferia de Vitória, capital do Espírito Santo. Em 2003, como resultado da avaliação das ações socioeducativas, nasceu o Projeto Ponte com o objetivo de construir um ambiente/espaço propositor de socialização e produção do conhecimento, através do acesso ao mundo da arte em suas linguagens, tendo como alicerce os conhecimentos da arte-educação. Com o apoio dos parceiros, com a participação das crianças e dos adolescentes e, principalmente, com o suporte de uma equipe sem medo de mudar e ousar, o Projeto Ponte passou por inúmeras transformações que culminaram em 2005 na construção coletiva da sua proposta pedagógica de arte-educação comprometida com o desenvolvimento integral do público atendido. Um espaço intencional, sistemático e, ao mesmo tempo, prazeroso, onde crianças, adolescentes e adultos podem experimentar descobrir e aprender de forma ativa, crítica e criativa. Uma alternativa pedagógica voltada para uma educação democrática, para o exercício da cidadania. Durante 2006 e 2007 a proposta foi aprimorada e consolidada, e, em 2008, o Projeto Ponte galga o status de Programa Institucional, norteando toda a práxis pedagógica da Obra Social Nossa Senhora das Graças, ampliando o número de atendimentos e parcerias envolvidas, momento adequado à publicação da sistematização da sua práxis pedagógica, como forma de partilhar a experiência no campo socioeducacional, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade da educação e para o resgate da identidade cultural de nossas comunidades, nossa cidade, nosso estado e nosso país. Para facilitar a compreensão do caminho percorrido nessa construção coletiva, o conteúdo deste livro está divido em dois capítulos. O primeiro traz o processo de construção, os conceitos, referencial teórico e princípios básicos. O segundo relata como ocorrem a estrutura do atendimento, a organização do trabalho e a ação metodológica. A práxis pedagógica é ilustrada com parte do trabalho realizado em 2005, ano do grande salto qualitativo do Projeto Ponte, tanto no que se refere à sistematização da estrutura do atendimento quanto à natureza das atividades oferecidas ao grupo, constituindose em importante material didático para a formação de educadores sociais, para o fomento da discussão em torno da práxis pedagógica realizada pelo terceiro setor e ainda possibilitando a replicação da metodologia desenvolvida em outros espaços socioeducativos.
MUDANDO PARA CRESCER Em 2002, a Obra Social Nossa Senhora das Graças realizava o Projeto Mudando para Crescer – Autônomo e Cidadão com o objetivo essencial de contribuir para o avanço qualitativo no atendimento das 90 crianças e adolescentes, de 7 a 14 anos, em horário alternativo ao da escola formal, oferecendo um trabalho voltado para o“reforço escolar” em duas salas de aula com 45 crianças e adolescentes em cada uma, uma sala de informática e uma biblioteca. O trabalho era pautado em uma prática pedagógica tradicional tanto na forma de compreender o processo ensino-aprendizagem como na organização e planejamento das atividades propostas, e, além disso, utilizava o cartilhamento para o ensino dos conteúdos.
ficavam diariamente na instituição, em horário alternativo ao da escola formal e circulavam por todas as salas/ambientes passavam a escolher as atividades, dentre as muitas oferecidas, de acordo com seu desejo e/ou interesse.
Ainda em 2002, criamos um espaço experimental, com atividades de artes visuais, realizadas no refeitório e na sala de informática da instituição das quais as crianças e os adolescentes participavam sob forma de rodízio. O envolvimento das crianças e dos adolescentes nessa nova dinâmica interna foi o caminho para reelaborarmos o Projeto para 2003, propondo aos parceiros uma mudança que envolvia tanto a estrutura do atendimento quanto a natureza das atividades oferecidas ao grupo. Assim surgiu o Ponte, um projeto em arte-educação em que todos os espaços se constituem em salas/ambientes pelas quais as crianças e os adolescentes circulam sob forma de rodízio.
À medida que os desafios eram vencidos, percebíamos a necessidade de construir, como equipe, os conceitos básicos da nossa prática pedagógica, nos aproximando como educadores, sujeitos integrantes de todo o processo pelo qual estávamos passando: medo, dúvida, angústia e muita vontade de acertar. Foi o que nos uniu.
Nas salas/ambientes funcionaram as diversas oficinas e o grupo atendido passou a não freqüentar obrigatoriamente todos os dias a instituição. Com isso, as crianças e os adolescentes puderam escolher as atividades com as quais mais se identificavam, participar de outros projetos oferecidos em sua localidade e viver mais em comunidade. Além disso, o Projeto pôde ampliar o número de atendimentos de 90 para 140 crianças e adolescentes. Ainda Inspiradas no nome do projeto inicial “Mudando para Crescer”, nesse ano, foi formado o Grupo de Adolescentes do Projeto Ponte, começamos a desenvolver estratégias capazes de nos levar às que passou a ser atendido pela manhã, com as mesmas oficinas transformações tão desejadas. oferecidas às crianças da tarde.
No ano de 2004, o Projeto Ponte defendeu com sucesso, juntamente com seus parceiros, uma outra mudança que foi fundamental para o êxito do trabalho: as crianças e os adolescentes que até então
Quatro concepções e seus respectivos referenciais teóricos foram trabalhadas e se tornaram pontos norteadores da experiência: concepção de criança e adolescente; de espaço educativo; de educador; e de arte-educação como área de conhecimento.
13
CONCEPÇÃO DO QUE É SER CRIANÇA HOJE Compreendemos a criança e o adolescente como sujeitos de direito - atores sociais autônomos, solidários, criativos e dignos - que devem participar das decisões que lhes dizem respeito, e, como beneficiários de obrigações por parte da família, da sociedade e do Estado, que devem propiciar-lhes as condições para o seu desenvolvimento integral, ou seja, para a transformação da potencialidade de cada pessoa em competências, atitudes e habilidades que lhes permitam viver, conviver, produzir e ampliar cada vez mais seu autoconhecimento e o conhecimento do mundo.
Na construção em rede desse sistema simbólico de significações é que está o jogo lúdico. Vygostsky (1984) aponta para o fato de as crianças exercerem tarefas diversas dando a elas um caráter lúdico e particular. A criança, como sujeito social, brincando, não está só fantasiando, mas trabalhando suas contradições e ambigüidades, trabalhando valores sociais. O brincar não é uma característica específica do universo infantil, mas do ser humano, constituindose em uma fonte de prazer, criação e descobertas.
Pensar a criança e o adolescente como cidadãos de direitos possibilita entender esse universo tão singular, pois transforma o Respeitar as diferenças e os interesses pessoais de cada criança preconceito do “menor portador de carências” em sujeito pleno de e de cada adolescente é promover a inclusão social. É através da direito ao desenvolvimento integral e da “criança-problema” em percepção e da sensibilidade, afetiva e cognitiva, que cada criança cidadão com total potencialidade de futuro. faz sua leitura de mundo, descobre os textos e ressignifica as múltiplas linguagens em diferentes contextos. Por isso, é necessário propiciar o estabelecimento de relações sensíveis e ricas com o mundo, estímulos significativos geradores de idéias, sensações, pensamentos e conhecimentos, como afirma Kramer (1986): “Adultos e crianças, ambos sujeitos nas atividades educativas, são cidadãos, criadores de e criados na cultura, produtores da e produzidos na história, feitos de e na linguagem”.
Mudar o processo metodológico, passando de uma abordagem tradicional de ensino para uma proposta democrática e libertadora, provocou-me também uma mudança de mentalidade.Esse trabalho sócio-educativo não se limita a uma aprendizagem isolada (...), mas direciona-se à construção de valores fundamentais, para o exercício e formação da cidadania.O interessante é que nesse processo, todos vivenciamos um aprendizado mútuo, trocando conhecimentos, aonde todos se beneficiam e se desenvolvem enquanto pessoas . Margarida Morais Educadora Social - sala de leitura monteiro lobato
CONSTITUIÇÃO DO ESPAÇO EDUCATIVO Entendido como lugar de construção coletiva. Assim, no espaço socioeducativo, cada sala, parede, brinquedo, móvel e livro assume múltiplas funções a cada instante em que é manipulado e explorado pelas crianças e adolescentes. O estar com o outro passa a ser um exercício de auto-conhecimento e de convívio com a diferença, sendo o educador cúmplice desse jogo: é ele quem orienta e desafia o grupo para novas descobertas. O espaço socioeducativo é o espaço educativo transformado em um laboratório de intensas vivências coletivas, um território cultural que é bagunçado, arrumado, rearranjado, construído e reconstruído incessantemente. Um espaço/ambiente propositor e estimulador da produção do conhecimento e da interação entre sujeitos, participantes ativos na construção coletiva. Algumas estratégias foram adotadas a fim de redimensionar os espaços, considerando-se que dinamizar o espaço físico é potencializá-lo para que se constitua em espaço social construído nas relações, no coletivo, e com o esforço de todos. Com esse objetivo, os seguintes procedimentos foram realizados:
•“mutirão” para limpeza, pintura e organização do espaço; •troca de “mesas de braço” tradicionais por mesas coletivas; •mudança da disposição em fileiras de cadeiras e mesas para a disposição em círculo, deixando espaço livre para usar o chão; •exposição de jogos, brinquedos e materiais didáticos de modo a ficarem à mão, para uso de todos; •eliminação dos quadros-negros, transformando-os em painéis de comunicação do/para o grupo; •instalação de painéis feitos com folhas inteiras de compensados nas salas, refeitório e corredores para criar novos espaços de exposição; •paredes livres dos desenhos estereotipados, feitos a priori pelos adultos, para dar lugar a ricas imagens de significação para as crianças e adolescentes que fizeram parte das atividades desenvolvidas;
•otimização de uma pequena área lateral, que, com duas mesas de cimento e banquinhos, se transformou na “Praça do Mosaico”; •transformação da tradicional biblioteca em “Sala de Leitura Monteiro Lobato”, com uma dinâmica de atividades diversificada, sem se restringir apenas a livros e estantes, mas tornando-se um espaço propositor de acesso ao mundo das leituras e das produções textuais; “ Aqui a gente aprende coisas
•construção, no pátio interno, de um tablado de madeira para as apresentações dos grupos de teatro, música e dança (espaço do palco); •desmembramento, na área destinada ao refeitório, das mesas e cadeiras enfileiradas em corredores, passando as refeições a ser servidas no sistema self-service ;
que a gente nem imaginava que existisse.” Kayane - 8 anos participante do projeto ponte
•transformação de salas de aulas em salas/ambientes, passando cada uma a ter um design próprio, de acordo com a atividade desenvolvida naquele espaço.
Praça do Mosaico
FUNÇÃO DO EDUCADOR Diante das mudanças e da retomada de concepções tão importantes para nossa prática educativa, a reflexão sobre a concepção de educador não podia faltar. Precisávamos responder a pergunta: Quem é o educador, qual a sua função nesse processo? Nesse processo de construção do conhecimento, o educador é um mediador, um provocador, tendo como base para o ensinoaprendizagem o uso de artefatos culturais, das idéias e dos rituais que constituem a experiência cultural da comunidade. Sabemos que crianças e adolescentes aprendem e desenvolvem-se à medida que vivem novas experiências, trocando afetos e saberes, e que é através da mediação feita pelo outro que se inserem no mundo. Aliás, é assim que nos apropriamos da cultura de nosso grupo. Em contato com vizinhos, amigos e familiares aprendemos as regras do viver coletivamente. O educador, no entanto, difere de outros adultos, pois suas ações possuem uma intenção educativa. Reconhecendo e valorizando o que as crianças e os adolescentes sabem e trazem para o grupo, respeitando seus sentimentos e desejos, o educador deixa de ser aquele que sabe de tudo, o que
tem as verdades prontas para serem repassadas em conteúdos fechados e compartimentados em momentos estanques, para ser alguém também em formação, em processo de transformação. Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia (1996), discorre sobre o educador e sua constante formação, e afirma que ensinar exige consciência do inacabamento: “Como professor crítico, sou um ‘aventureiro’ responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente.” (p. 50). Garrido (2001) faz considerações importantes quanto ao papel mediador do educador e sua relação com o conhecimento e com o ensino-aprendizagem: É coordenador e problematizador nos momentos de diálogo em que os alunos tentam justificar suas idéias. Aproxima, cria pontes, coloca andaimes, estabelece analogias, semelhanças ou diferenças entre a cultura “espontânea” e informal do aluno, de um lado, e as teorias e as linguagens formalizadas da cultura elaborada, de outro, favorecendo o processo interior de ressignificação e retificação conceitual. Explicita os processos e procedimentos de construção do conhecimento em sala de aula, tornando-os menos misteriosos e mais compreensíveis para os alunos. Ao fazer os alunos pensarem, ao invés de pensar por eles, está favorecendo a autonomia intelectual do aluno e preparando-o para atuar de forma competente, criativa e crítica como cidadão e profissional. (DOMINGUES; PESSOA, 2001, p. 130)
17
ARTE - EDUCAÇÃO: UMA ÁREA DE CONHECIMENTO Definir a linha teórica suporte do nosso projeto foi o maior desafio que enfrentamos. Ter a arte-educação como área de conhecimento norteadora de todas as nossas atividades implicou na construção de um referencial a que todos tivessem acesso. Tarefa difícil, principalmente por ser essa área tão marginalizada no currículo escolar ou, quando valorizada, utilizada como meio para a autoexpressão e o espontaneísmo, em lugar de ser considerada como um corpo organizado de conhecimento. Para construir esse novo olhar diante do ensino da arte o grupo debruçou-se sobre a literatura da área a fim de conhecer os pressupostos conceituais existentes. Encontramos na proposta triangular para o ensino da arte, de Ana Mae Barbosa as bases para o nosso trabalho. Para ela [...] um currículo interligando o fazer artístico, a história da arte e análise da obra de arte estaria se organizando de maneira que a criança, suas necessidades, seus interesses e seu desenvolvimento estariam sendo respeitados e, ao mesmo tempo estaria sendo respeitada a matéria a ser aprendida, seus valores, sua estrutura e sua contribuição específica para a cultura (BARBOSA, 1991, p. 35).
Vermelho Coração
lindo
Laranja
flitz
com cenoura
amarelo tranquilidade
verde
Verde
Azul
azul
lima
silvestre
da
chuva
limão
praia
azul
roxo
Rosa
tubarão
do
de
sonho
beijo
18
Assim, a proposta triangular envolve três vertentes: o fazer artístico, Fundamental é a pluralidade dos modelos: um amplo leque no qual o jovem poderá fazer escolhas, em direção daquilo que a leitura de imagens e a história da arte. melhor lhe convém. Não se trata de imitar, copiar, reproduzir certos O intercruzamento de padrões estéticos e o discernimento de valores detalhes de tais procedimentos, mas admirar sucessos de vários tipos, revivê-los, olhando-os, contemplando-os, habituando-se a devia ser o princípio dialético a presidir os conteúdos dos currículos na isso, tentando reencontrar em si mesmo um pouco de tal estilo, de escola. Através da magia do fazer, da leitura deste fazer e dos fazeres tal perspectiva sobre o mundo. (SNYDERS, 1988, p. 255) populares e eruditos, e da contextualização destes artistas no seu tempo e no seu espaço. (Barbosa, 1991, p. 34)
É a partir dessa proposta metodológica que desenvolvemos nossas atividades, criando momentos de interação entre os vários lados da triangulação. No Projeto Ponte a proposta triangular acontece da seguinte forma: se através da experiência sensível, da descoberta, porém sem atividades com exercícios repetitivos, modelos prontos para a mera execução ou apenas um jeito de ser.
Martins (1992) reforça o conceito do que seja o “fazer significativo” no espaço educativo quando propõe que as atividades devem propiciar o estabelecimento de relações ricas e sensíveis com o que está sendo produzido: mediar o sujeito com seu mundo, e não fazer/dever. Nesse sentido, as atividades e os conteúdos desenvolvidos priorizam fundamentalmente a participação das crianças e dos adolescentes nas situações de verdadeira produção de sentido para todos os que estão envolvidos no processo de interação: arte e educação.
19
FAZER SIGNIFICATIVO EM ARTES É através do fazer que podemos descobrir as possibilidades e as limitações das linguagens expressivas, de seus diferentes materiais e instrumentos. No entanto, essa produção artística não se refere ao aspecto decorativo ou a fixação de conteúdos: é a expressão pessoal a partir do repertório de cada sujeito, é a expressão do olhar sob o mundo das coisas e sua relação com o outro. A coordenação motora e as habilidades técnicas também serão desenvolvidas por meio da arte, porém sem atividades com exercícios repetitivos, modelos prontos para a mera execução ou apenas um jeito de ser, e sim do prazer e da liberdade em construir o seu próprio trabalho, expressar-se através da experiência sensível, da descoberta. Fundamental é a pluralidade dos modelos: um amplo leque no qual o jovem poderá fazer escolhas, em direção daquilo que melhor lhe convém. Não se trata de imitar, copiar, reproduzir certos detalhes de
tais procedimentos, mas admirar sucessos de vários tipos, revivêlos, olhando-os, contemplando-os, habituando-se a isso, tentando reencontrar em si mesmo um pouco de tal estilo, de tal perspectiva sobre o mundo. (Snyders,1988:255)
Martins (1992) reforça o conceito do que seja o “fazer significativo” no espaço educativo, quando propõe que as atividades devam propiciar o estabelecimento de relações ricas e sensíveis com o que está sendo produzido: mediar o sujeito com seu mundo, e não fazer/dever. Nesse sentido as atividades e conteúdos desenvolvidos devem priorizar fundamentalmente a participação das crianças e adolescentes, situações de verdadeira produção de sentido para todos os que estão envolvidos no processo de interação: arte e educação.
HISTÓRIA DA ESCRITA SALA DE LEITURA MONTEIRO LOBATO
ser criança criança brinca, estuda corre, passeia canta dança e pula passeia e tudo isso é diversão é bom ser criança pode ser brnca, loira ou negra não importa a cor o importânte é sermos amigos e brincar sem briga somos felizes por sermos crianças e nunca deixaremos de ser mesmo adultos, queremos ser amigos dançar e brincar pra valer Sala de Leitua - Varal de Poesias produção coletiva
21
INTERAÇÃO COM MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS É conhecer a História da Arte e apreciar o que foi e o que é criticamente a expressão artística como linguagem inserida em desenvolvido como produção de arte. Propõe contato com um determinado tempo e espaço. desenhos, pinturas e esculturas por meio de reproduções em livros A idéia de leitura da imagem é construir uma metalinguagem da e revistas e de visitas às ruas do bairro, a museus e a exposições. imagem. Não é falar sobre uma pintura, mas falar a pintura num outro Incentiva o conhecimento da música erudita ou contemporânea, discurso, às vezes silencioso, algumas vezes gráfico, e verbal somente na da música popular em suas várias manifestações, através de sua visibilidade primária. audições de CDs, rádio e também de alguém tocando algum instrumento (um colega tocando atabaque, por exemplo). Estimula, Nossa concepção de história da arte não é linear, mas pretende ainda, a apreciação do teatro e da dança, através de apresentações, contextualizar a obra de arte no tempo e explorar suas circunstâncias. espetáculos produzidos coletivamente na escola, assim como a Em lugar de estarmos preocupados em mostrar a chamada “evolução” fotografia, o vídeo e o cinema. das formas artísticas através do tempo, pretendemos mostrar que a arte não está isolada de nosso cotidiano, de nossa história pessoal. Na arte, a leitura crítica do mundo que nos cerca acontece de forma subjetiva e não segue uma regra comum, uma lógica sobre Apesar de ser um produto da fantasia e imaginação, a arte não está o objeto em foco ou apenas um único ponto de vista. Ler a obra separada da economia, da política e dos padrões sociais que operam na de arte pressupõe um mergulho dentro de cada um em busca dos sociedade. Idéias, emoções, linguagens diferem de tempos em tempos próprios conhecimentos, sentimentos e desejos, e um incentivo à e de lugar para lugar e não existe visão desinfluenciada ou desolada. imaginação e à criatividade, a fim de gerar novas significações para Construímos a história a partir de cada obra de arte examinada pelas o mundo, crescendo intelectualmente _ construir o conhecimento crianças, estabelecendo conexões e relações entre outras obras de arte sobre uma experiência poética/estética. Assim, apreciar e outras manifestações culturais (BARBOSA, 1998, p. 19). esteticamente é mais do que achar bonito ou feio, é poder olhar
Contextualização: Significa trazer esses saberes para a realidade dos educandos. Assim, seus conhecimentos produzirão sentido. A contextualização pressupõe uma abordagem de estudos realizados que sejam de conhecimento dos educandos e, a partir daí, ampliar seus saberes. Contextualizar é resgatar o contexto atual a fim de produzir significação para quem aprende. É a partir da leitura das inúmeras formas de representação humana que construímos idéias, adicionamos elementos novos ao que já sabemos, ampliamos nosso repertório pessoal e enriquecemos o mundo. Martins (1992) contribui com nossas reflexões acerca do ensino da arte quando fundamenta as ações educativas em duas metas interdependentes como duas faces da mesma moeda: Desvelar o repertório pessoal de cada indivíduo – é incentivar o outro a “falar”, a expressar, desafiando seu pensamento e instigando-o a socializá-lo; é dar espaço para que ele se coloque como sujeito; é conhecer mais de perto seus desejos, sua percepção de mundo e seus sentimentos. Ampliar esse repertório pessoal – é propiciar ao outro avanço, desenvolvimento e conhecimento de novos elementos que venham a contribuir com o enriquecimento cada vez maior dos saberes que já traz o sujeito, permitindo a apropriação do objeto de conhecimento: arte, através do trabalho com os códigos das linguagens artísticas e do contato com as produções de outras crianças, adolescentes, adultos e artistas. O desvelamento da expressão e a ampliação dos conhecimentos apenas vão ocorrer com a interferência do educador, que será o propositor e o facilitador de uma alfabetização cultural. [...] A Arte é objeto de conhecimento. É o registro da percepção inteligente, da imaginação (MARTINS, 1992, p. 12).
Concomitante ao estudo dos conceitos básicos e do referencial teórico trabalhamos os princípios essenciais no desenvolvimento das oficinas propostas,dos conteúdos e das estratégias pedagógicas adotadas. São eles: •a identidade cultural a partir do universo multicultural; •a descoberta, a autonomia e a pesquisa como propulsoras do conhecimento científico e da expressão estética; •a valorização das diferentes experiências e saberes que crianças e adolescentes trazem, proporcionando a ampliação do conhecimento através de sua contextualização; •a ludicidade, na qual o pensar e o fazer são ações indissociáveis, voltadas para o prazer e a expressão pessoal; •a integração das diferentes áreas do conhecimento, em um trabalho interdisciplinar; •o desenvolvimento do potencial criativo, voltado para a superação de bloqueios e preconceitos, ressaltando a autoconfiança e a auto-imagem positiva. •o desenvolvimento das competências básicas: relacionais, cognitivas, produtivas e pessoais. Construir em grupo as concepções acerca do universo infantojuvenil, do espaço socioeducativo, do papel do educador, da arte educação e dos princípios essenciais ao desenvolvimento da proposta pedagógica foi extremamente importante para que tivéssemos no Projeto uma atitude reflexiva frente ao desafio que é apostar em uma educação pautada no acesso à cultura como um direito do cidadão decorrente da qualidade de vida que deve dispor.
“Trabalhar no Ponte acabou me abrindo portas para desenvolver meu trabalho com Arte em outros espaços educativos” Sônia Alves Educadora Social- Oficina de Artes Visuais
A CONSTRUÇÃO DO FAZER PEDAGÓGICO A estrutura de desenvolvimento do trabalho Ao iniciarmos o trabalho, a primeira semana foi destinada ao planejamento das ações do Projeto durante o ano. Toda a equipe envolvida reuniu-se, nessa ocasião, a fim de elaborar um calendário anual, em que foram previstas as atividades e as datas de realização. Organizamo-nos a partir de três ações integradas, aqui separadas para efeito didático: Ações pedagógicas: Dizem respeito às oficinas socioculturais, aos conteúdos, às estratégias pedagógicas e aos eixos temáticos que se constituirão nos módulos de trabalho. São ações que envolvem diretamente as crianças e os adolescentes. Eventos socioculturais: Atividades que visam a aproximar o trabalho realizado pelos grupos sociais afins,buscando ou reforçando as parcerias. Momentos de encontro entre a família, a comunidade, a escola e o Projeto, através de reuniões, palestras, apresentações, exposições e outros. Organização interna e planejamento: Tempo destinado à organização do espaço, a reuniões de capacitação, ao planejamento das atividades e à troca de experiências entre todos os envolvidos no trabalho. Definidas as ações do Projeto, ficamos cúmplices quanto às atividades e ao tempo destinado a elas, facilitando o trabalho da assessoria, da coordenação e dos educadores, permitindo uma visão globalizada das atividades do grupo, e não apenas da atuação de cada um.
Espaços educativos: oficinas socioculturais O passo seguinte foi o planejamento das atividades das oficinas socioculturais. Ao todo oito espaços foram oferecidos às crianças e adolescentes em horário alternativo ao da escola formal sendo que cada participante pôde escolher as oficinas a serem freqüentadas em horários estabelecidos. As oficinas possuem conceitos e objetivos bem definidos por tratarem de linguagens específicas com diferentes meios e modos de existir. No entanto, a forma de organizar, planejar e desenvolver o trabalho pedagógico propõe a interação entre todas as oficinas, sem que suas especificidades se percam. Na construção do itinerário formativo é que são enfatizados os princípios pedagógicos da interdisciplinaridade e da contextualização do conhecimento. Mesmo tendo a arte como área norteadora,as diferentes áreas de conhecimento dialogam permanentemente garantindo, a todo tempo, o cruzamento dos diferentes saberes para se investigar, problematizar e estudar um tema. Exercitar a autonomia na escolha de um itinerário formativo talvez seja o que há de mais difícil para muito de nós. Nós não estamos acostumados a isso por muitas razões. A primeira delas é porque passamos muitas décadas, principalmente as duas de ditadura, durante a qual o controle burocrático estimulou a burocratização da escola e da própria prática docente. A segunda é porque a autonomia pressupõe correr riscos e, eventualmente, errar; isso demanda disponibilidade ao risco e um novo entendimento do erro, como algo construtivo, coisa fácil de dizer, mas difícil de praticar (DOMINGUES; PESSOA, 2001, p. 44).
O trabalho socioeducativo realizado em 2005 Sem dúvida, foi em 2005 que o Projeto Ponte deu seu grande salto qualitativo, com a construção coletiva e a sistematização da sua práxis pedagógica. OFICINAS
CONCEITOS CHAVES
SALA DE LEITURA MONTEIRO LOBATO
Escrita Oralidade Leitura
INFORMÁTICA
Tecnologia digital Internet
OBJETIVOS
PARTICIPANTES
- Estimular o desenvolvimento das linguagens, como instrumentos de interação humana; - oportunizar o acesso ao mundo da leitura visual, oral e escrita; - propiciar o uso da língua materna em suas diferentes funções sociais.
88 crianças e 40 adolescentes
- Possibilitar a inclusão digital das crianças e adolescentes; - propiciar o uso do computador como ferramenta para o acesso à informação.
TEATRO
Espaço cênico Jogos dramáticos Expressão corporal
- Explorar a expressão corporal como forma de expressão e comunicação; - estimular a criação e a improvisação, através de jogos dramáticos; - identificar os elementos compositores do teatro (cenário, espaço, figurino, sonoplastia, maquiagem, adereços e iluminação); - conhecer as diferentes manifestações teatrais e suas variações no tempo e no espaço.
79 crianças e 40 adolescentes
37 crianças e 40 adolescentes
27
OFICINAS
Musicalização
Percussão
Artes visuais
CONCEITOS CHAVES
Composição Instrumentalização Interpretação
Ritmos, timbres e variações sonoras Sons percursivos
Cor Forma Linha Plano Espaço
OBJETIVOS - Desenvolver o canto individual e coletivo; - possibilitar o acesso a técnicas de instrumentalização; - propiciar a criação e a interpretação musical;
PARTICIPANTES
25 crianças e 18 adolescentes
-Possibilitar a pesquisa de diversos sons e timbres; - explorar a música como linguagem artística a de comunicação e expressão humana; - construir instrumentos sonoros a partir da pesquisa e da experiência.
45 crianças e 40 adolescentes
- Propiciar a construção bidimensional e tridimensional; - proporcionar a composição a partir dos elementos da linguagem visual; - conhecer diferentes meios e modos da produção imagética; - reconhecer nas artes visuais uma produção ligada a um determinado tempo e espaço.
74 crianças e 40 adolescentes
28 OFICINAS
Capoeira e maculelê
Brinquedoteca
CONCEITOS CHAVES
Expressão corporal Movimento Ritmo
Jogos e brinquedos
OBJETIVOS - Promover o jogo corporal com suas regras e combinações; - explorar o movimento ritmo da capoeira e do maculelê; - reconhecer a capoeira e o maculelê como manifestações culturais. - Criar um ambiente voltado para o faz-de-conta e o jogo simbólico; - desenvolver jogos com regras e a construção de brinquedos artesanais; - propiciar relações interativas (criança-criança, criança-adolescente, criança-adulto, e o meio
PARTICIPANTES 48 crianças e 40 adolescentes
41 crianças e 34 adolescentes
As inúmeras transformações pelas quais o Projeto passou demandaram da equipe de trabalho uma postura crítica e criativa diante dos desafios que lhe eram apresentados. Foi a partir da integração da equipe de trabalho que pudemos construir uma proposta democrática com base na diversidade cultural que já está posta quando se reúnem diferentes adultos, crianças e adolescentes com o desejo do encontro – a troca de experiências e saberes.
Adolescentes/Manhã Atendimento às segundas, quartas e sextas-feiras das 8h30 às 11h30
40 participantes Crianças/Tarde 100 participantes
Atendimento de segunda a sexta-feira das 13h às 16h30
O Grupo de Percussão Batuquê foi uma experiência musical de pesquisa e construção de cidadânia, tanto que ele se tornou o projeto sou do som . Igor soares educador social- Oficina de percussão
30
O trabalho das oficinas acontece de forma integrada, pois possui o mesmo eixo temático, um assunto que perpassa todas elas.
o Módulo “Comunicação é Tudo!”, desenvolvido pelo Projeto Ponte no ano de 2005.
O eixo temático é mais do que um tema ou um conteúdo a ser estudado, é uma provocação para o debate, uma questão de qualquer natureza para ser discutida e polemizada por todos os envolvidos. Cada eixo temático escolhido vem carregado de conhecimentos de toda ordem, preconceitos e diversas opiniões para o mesmo assunto. É assim que acabamos por precisar de conhecimentos de outras áreas do saber para ampliar e construir um caminho ligado à expressão e à produção do conhecimento. O eixo temático funciona como um fio condutor do trabalho e a sua definição dáse na construção coletiva a partir de uma discussão que já tenha sido trazida pelo grupo, que ganha espaço e se torna um foco de estudo. Durante o ano desenvolvemos três eixos temáticos, que são trabalhados em módulos distintos. No entanto, o tempo destinado a cada módulo não é previamente determinado: podemos ter um módulo com quatro meses e outro com dois meses, de acordo com o itinerário formativo escolhido.
Módulo: Comunicação é Tudo!
Período: 04/06 a 14/10/2005 Tema Central: Diferentes formas de comunicação e expressão humana. Objetivo Geral: Propiciar o conhecimento das diferentes Com o objetivo de mostrar a organização de um módulo de formas de comunicação construídas pelo homem e como estas trabalho e seu planejamento coletivo utilizamos, como exemplo, linguagens de expressão se interagem no cotidiano de nossas
OFICINA:
Sala de Leitura Monteiro Lobato
Brinquedoteca
CONTEÚDOS:
ESTRÁTÉGIAS PEDAGÓGICAS:
- Criação de um alfabeto paralelo interno (novos signos) - Produção de textos individuais e coletivos - História da Escrita e sua evolução -Produção de plaquinhas de ao longo dos tempos argila (escrita cuneiforme) em baixo relevo - Código Alfabético - Criação de um Jornal Mural - Arte pré-histórica (pintura rupes- - Criação do nome e logomarca do Jornal (interação com a tre) oficina de Informática) - Fontes de informação nos dias - Construção coletiva de uma “caverna” atuais - Produção de desenhos e pinturas - Desenhos sob couro (pirografia)
RECURSOS DIDÁTICOS
RECURSOSO MATERIAIS
- ZATZ Lia, Aventura da escrita, História do desenho que virou letra. São Paulo: Moderna, 1991. - Argila - Papel Kraft - Palitos - Lápis de cera - Carvão - PERES, Sandra; TATIT, Zé. Cantigas de Roda, São Paulo: Coleção - Retalho de Couro (100X80 cm) Palavra Cantada Produções Musi- Pirógrafo cais, 1998.1CD. - MANGE, Marilyn Diggs, Arte Brasileira para crianças. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
BEDRAM, Bia . A Caixa de Música de Bia, Rio de Janeiro: Angelus, 1996.1 CD.
WEISS Luise, Brinquedos e engenhocas, Atividades lúdicas com -Jogos e brincadeiras coletisucata. São Paulo: Ed.Scipione, vas 1997. - Produção de brinquedos - Novos Brinquedos de ta- A oralidade como elemento de através da sucata - PERES, Sandra; TATIT, Zé. Can- buleiro: Cara a cara, Xadrez, interação com o outro - Leitura do Livro: Cambaxirra Ludo e Dama ções de Brincar, São Paulo : Cole- Histórias acumulativas (jogo dramático) ção Palavra Cantada Produções - Organização do II AcampaMusicais, 1996.1CD. mento da Paz (Manguinhos – Serra -MACHADO, Ana Maria, Cambaxirra, São Paulo: Pioneira, 1980.
OFICINA:
CONTEÚDOS:
ESTRÁTÉGIAS PEDAGÓGICAS:
RECURSOS DIDÁTICOS
RECURSOSO MATERIAIS
- Enciclopédia: termos usados na informática - Produção de um jornal virtual (nome, logo e programação visual) - As novas tecnologias de informação Informática
- Acesso à internet e a utilização de e-mail
- Jornal virtual - Comunicação verbal
- Produção de um jornal em audiovisual (gravação, edição e exibição)
-Câmara de vídeo - Fitas de vídeo VHS -Mídias virgens
- Correio da Amizade: correspondências internas (código de postagem, selo, endereço e entrega)
Teatro
- BANDA DE CONGO, panela de - Construção de Máscaras barro de goiabeiras. Brincar o (Papietagem) Congo no Espírito Santo. Vitória: -Jogos dramáticos Lei Rubem Braga, 2003.1 CD. - História do uso da máscara no - Brincadeiras coletivas teatro - III Festival de Teatro e - PERES, Sandra; TATIT, Zé. -Os códigos teatrais Dança da OSNSG - CEFETES Canções do Brasil, São Paulo : - Cia. Teatrosnsg (Grupo de Coleção Palavra Cantada Teatro) Produções Musicais, 2001.1CD.
_ Cola branca - Cola quente - TNT (várias cores)
OFICINA:
Musicalização
Percussão
Artes Visuais
Capoeira e Maculelê
CONTEÚDOS:
ESTRÁTÉGIAS PEDAGÓGICAS:
RECURSOS DIDÁTICOS
- Organização Rádio Ponte Instrumentalização: flauta - Jingue para a rádio Doce Variados CDs (diferentes gra- Programação semanal - O Rádio e a sua de informar - Visita ao Studio de rádio do CEFE- vações a disposição dos pare produzir cultura ticipantes) TES - Roteiro: Programação mu- Veiculação diária da programação sical e informativa
RECURSOSO MATERIAIS - Flautas Doces - CDs - Mídias Virgens - Som - Caixas de Som - Microfone
- Colheres Inox Grandes - Grupo Batuquê de Percussão MERCURY, Daniela. Música de -Arame maleável - Ritmo africano – Aponingé - Pesquisa de sons e produção de Rua. Rio de Janeiro: Sony, - Prego instrumentos alternativos - Pesquisa de instrumentos 2000.1 CD. - Fita adesiva larga - Orquestra de Colher alternativos - Sucatas em geral - Construção de painel informativo: Você conhece Pablo Picasso? - O Desenho como lingua- Desenho com variadas pontas figem gráfica xas (lápis, caneta, pincel) -A linha como recurso ex-Desenho com fios (arame, barbanpressivo te, lã e linhas) - Vida e obra de Pablo Picas-Desenhos com tinta sob vidro e esso pelho - Leitura de imagem: Desenhos de Pablo Picasso
-Xerox colorida PICASSO Pablo, Picasso em - Arame fino. Galvanizauma só linha. Rio de Janeiro: do, maleável Ediouro, 1998. - Lã colorida - Linhas coloridas BERNADAC Marie-Laure, Pi- Barbante casso, o sábio e o louco. Galli- Tinta guache mard: Objetiva, 1986. - Pinceis - Recorte de espelho e - Reproduções xerográficas: vidro obras de Pablo Picasso
- Leitura de imagem: Obras do artista de Debret -A Dança como manifesta-Construção de um livro coletivo, ção cultural com os registros pesquisados - a Escravidão no Brasil - Leitura de Imagem: Obra - Rodas de Capoeira e Maculelê - Reproduções xerográficas: obras de Jean Debret (movimento, repertório e instrudo artista Debret mentos) - História da Capoeira e do - Construção artesanal do instruMaculelê mento Berimbau
- Xerox Colorida - Papelão - Corda fina (sisal)
34
EQUIPE DE TRABALHO O papel da equipe de trabalho é “promover o outro”, o crescimento em um movimento de superação, de criação de um meio rico e aberto para a ampliação de oportunidades e para o acesso aos bens culturais. Isso inclui todos os envolvidos nesse processo construtivo.
análise para que possamos comemorar as vitórias e enfrentar os desafios, caminhando juntos em direção à tão almejada transformação social.
Organizamos para esse fim ações que favorecem essas trocas, constituindo-se em espaço de formação, tão essenciais para o Uma equipe que aposta em um projeto que tem como propósito o crescimento de nosso trabalho pedagógico: ideal coletivo precisa estar afinada tanto em seus objetivos quanto •planejamento mensal com toda a equipe pedagógica; em suas ações, quer no sentido social, quer no sentido político. O olhar do outro é um contraponto importante para o exame da própria prática. O parceiro cumpre função análoga àquela que o
•reunião semanal de planejamento com cada educador, a coordenação pedagógica e a assessoria em arte-educação;
professor exerce junto ao aluno na perspectiva construtivista. Nesta abordagem, a ação docente tem por finalidade estimular o pensar dos alunos. O professor também precisa da mediação de um colega
•leitura coletiva do “texto do mês” com um tema de interesse do grupo;
para atenuar a subjetividade das análises, favorecer o processo de desconstrução das certezas do senso comum pedagógico e ajudálo a propor novas e melhores alternativas de ensino (DOMINGUES; PESSOA, 2001, p. 137).
Para tal, é necessário promover a formação continuada da equipe através de encontros periódicos, para se discutir a definição de uma linha de trabalho que venha integrar a atuação de todos.
•encontro de formação:“Repensando o papel das instituições sociais”, realizado em três módulos com a participação de outras instituições que desenvolvem trabalhos afins. A perspectiva do professor reflexivo/investigativo abre a possibilidade para a transformação da escola num espaço de desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional aberto a projetos emancipatórios. Que esta via também nos permita vislumbrar na vivência da sala de aula
Em freqüente planejamento, desenvolvimento e avaliação, o trabalho socioeducativo desenvolvido deve estar em constante
e nos ambientes escolares “o máximo de sabor possível” (DOMINGUES; PESSOA, 2001, p.139)
36
PLANEJAMENTO E AVALIAÇÃO O processo de planejar e avaliar as ações educativas desenvolvidas pelo Projeto durante o ano não se dá em momentos estanques, mas faz parte da dinâmica de construção das atividades propostas e acontece de forma indissociável delas. É por meio do planejamento envolvendo toda a equipe de trabalho que traçamos as metas a serem alcançadas e, a partir delas, a programação das ações para chegarmos aos objetivos propostos. O planejamento acontece, em um primeiro momento, com toda a equipe pedagógica, sistematicamente uma vez a cada mês. Nesse planejamento, são definidas a organização do cotidiano do Projeto, a unidade da linha de trabalho, as ações coletivas quanto aos eixos temáticos e as concepções a serem desenvolvidas nas oficinas socioculturais. Posteriormente, o acompanhamento do desenvolvimento das oficinas é feito semanalmente com cada educador e a coordenação do Projeto traçando as estratégias pedagógicas específicas para cada linguagem. Dessa forma, as
atividades propostas não ficam isoladas, as oficinas interagem umas com as outras, trocando conhecimentos e formas de expressão. Acreditamos que, para traçarmos o rumo do Projeto, devemos partir de uma avaliação crítica, a fim de percebermos o impacto positivo de nossas ações, bem como de nos reposicionarmos ou retomarmos decisões. Avaliar, neste sentido, significa pensar no processo pelo qual o trabalho passou, para crescermos em nossa prática com as crianças e os adolescentes, e não apenas medir, comparar ou julgar. Para isso é necessário que a “clássica” forma de avaliar, buscando erros e culpados, seja substituída por uma dinâmica capaz de trazer elementos novos que possam gerar transformações em nossa conduta, permitindo ajustes e um novo replanejar. Em nossa avaliação, usamos alguns instrumentos que julgamos capazes de apontar elementos que possam ajudar a mensurar nossa atuação pedagógica e o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes participantes do Projeto Ponte*:
Instrumentos de avaliação
Fichas de acompanhamento individual
Objetivos
Resultados qualitativo
Resultado quantitativo
Diagnóstico integral do grupo atendido, relacionados às competências básicas Conhecer e acompanhar os avanços para o desenvolvimento humano. 100% das crianças e adolescentes acompessoais, relacionais e superações panhados individualmente. cognitivas. Intervenção pedagógica a partir de dados reais.
Práxis pedagógica realizada a partir do conhecimento da realidade do grupo at3 Módulos de trabalho, a partir de eixos Dimensionar o envolvimento, interendido. esse e desenvolvimento das crianças temáticos. e adolescentes quanto às estratégias Desenvolvimento de habilidades e atipedagógicas propostas. tudes positivas
Participação e interação entre o público Realização de 5 eventos socioculturais abRelatos de crianças, adolescentes, pais e ertos à comunidade local. atendido, comunidade e Projeto Ponte. Promover a articulação entre o tripé equipe pedagógica público atendido, Projeto Ponte e Atendimento individual aos pais ou re- Três reuniões trimestrais com as famílias comunidade. do público atendido. sponsáveis pelas crianças e adolescentes.
Aprimoramento da práxis pedagógica.
Reuniões pedagógicas coletivas mensais (10).
Registrar o desenvolvimento do trabalho pedagógico. Troca de experiências e saberes entre os Reuniões semanais pedagógicas por áreintegrantes do Projeto Ponte. as específicas.
Instrumentos de avaliação
Objetivos
Resultados qualitativo
Resultado quantitativo 3 Exposições anuais abertas a Escola formal e a comunidade local.
WProdução realizada pelas crianças e adolescentes no Projeto
Possibilitar o diagnóstico da relação ensino-aprendizagem, mediante a metodologia pedagógica utilizada.
Exposição periódica dos trabalhos realizados nas oficinas pedagógicas.
3º Festival de Teatro e Dança do Projeto Ponte, participação de 11 instituições sociais. 4a Semana de Arte-Educação do Projeto Ponte.
Ampliação do repertório em arte e expressão criativa.
5 Apresentações nas escolas públicas de origem.
140 crianças e adolescentes expressando-se plasticamente.
Lista de freqüência e pontualidade
Pontuar a assiduidade das crianças e adolescentes no Projeto.
Freqüência efetiva na participação das oportunidades educativas propostas.
140 crianças e adolescentes freqüentando semanalmente o Projeto Ponte, com 8% de evasão, 15% de faltas/mês.
Auto-avaliação das crianças e adolescentes.
Avaliar o desenvolvimento do trabalho do Projeto.
Pontuar a percepção e avaliação do Projeto como um todo através do olhar das crianças e adolescentes participantes.
140 crianças e adolescentes avaliando criticamente sua trajetória educativa e o Projeto Ponte.
Impacto positivo no ano escolar. Registro da trajetória das crianças e adolescentes na escola pública formal
Registro da trajetória das crianças e adolescentes na escola pública formal
Permanência na escola formal. Desenvolvimento da criticidade e da criatividade das crianças e adolescentes diante da construção do conhecimento.
140 crianças e adolescentes freqüentando a escola pública formal, com repetência de 15%.
Instrumentos de avaliação
Relatórios mensais de avaliação de toda equipe pedagógica
Objetivos
Identificar a relação planejamento, execução e avaliação de trabalho metodológico.
Resultados qualitativo
Resultado quantitativo
Replanejamento, alteração nas estratégias pedagógicas adotadas nos módulos de trabalho.
8 oficinas socioculturais em arte, sendo desenvolvidas em 3 módulos anuais .
Formação continuada da equipe pedagógica.
Encontro de capacitação para educadores sociais, em 3 módulos temáticos, perfazendo um total de 32 horas.
Interação com outras instituições educativas (ONGs e escolas públicas).
Participação de 12 instituições educativas no Encontro de Capacitação
* Dados referenciais – dezembro de 2005
Através do Projeto Ponte pude experimentar trabalhar com atividades que eu nunca pensei que pudessem ser desenvolvidas com crianças e adolescentes. Claudia Feijó educadora social - Informática
CRIANDO PONTES , ESTREITANDO LAÇOS Ao concluirmos o relato do processo pelo qual passou o Projeto Ponte, hoje Programa Ponte, nesses anos de construção e realização coletiva, sentimos que plantamos em terreno fértil. O Projeto acertou ao acreditar na educação democrática e ao apostar no encontro como um momento único, como o maior prazer de estar vivo. Durante esse tempo que passamos juntos, sonhamos em acolher todos em um espaço que propiciasse esse encontro..., encontro de pessoas, de idéias, de amigos, encontro de poesia, encontro de sujeitos tão diferentes, mas que juntos, através das trocas, tecem uma belíssima e inigualável rede de conhecimentos. Temos certeza de que o processo de construção e crescimento vai continuar. Alterações e complementações virão a partir da construção de pontes com outras experiências e saberes. Sem medo de ousar, de voltar atrás, quando necessário, e de transformar. Mas sempre na busca de um querer fazer da educação um espaço intencional, sistemático e ao mesmo tempo lúdico, voltado para vivências múltiplas, que proporcionam experimentar, descobrir e aprender de forma plena, fazendo do Ponte um lugar de encontros e de oportunidades para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. Hoje, fazendo uma retrospectiva dos tantos desafios que nos foram colocados e quantos ainda estão por vir, temos a certeza que construiremos tantas pontes quantas forem necessárias para permanecermos juntos.
III Festival de Teatro e Dança da OSNSG
livro lendas e mitos, p.6, 2007 sala de leitura monteiro lobato
PRODUÇÕES DO PROJETO PONTE “Quebra Queixo” Produção musical coletiva Direção: Musical Francinardo Oliveira e Igor Soares Gravado no Estúdio Nova Arte, Vitória(ES), 2003. Tiragem: 200 cópias “Poesias de Bolsa” Produção Coletiva, Sala de leitura Monteiro Lobato, 2003. Tiragem: 180 cópias I Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das Graças Pátio interno da Obra Social Nossa Senhora das Graças – Vitória(ES) - Ano 2003. “Livrinho de Receitas” Produção Coletiva, Oficina de Informática, 2004. Tiragem: 140 cópias “Jornalescência” Jornal de comunicação – Produção coletiva - 05 edições Tiragem por edição: 500 exemplares II Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das Graças Auditório do CEFETES Vitória(ES) - Ano 2004
Livro “Crescendo” Produção Coletiva, Sala de Leitura Monteiro Lobato, 2005. Exemplar único Coleção: “Cores” Produção Coletiva, Oficina de Artes Visuais, 2005. Exemplares Únicos, 6 Volumes. “Capoeira, sua história!” Produção Coletiva, Oficina Capoeira e Maculelê, 2005. Exemplar único III Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das Graças Auditório do CEFETES - Vitória(ES) - Ano 2005. IV Festival de Teatro e Dança da Obra Social Nossa Senhora das Graças Auditório do CEFETES - Vitória(ES) - Ano 2006. “ Mitos e Lendas” Produção Coletiva, Sala de Leitura Monteiro Lobato, 2007. Exemplar único
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE,Carlos Dumond; et al .Deixa que eu conto.São Paulo: Ática, 2002. BARBOSA, Ana Mae. Tópicos utópicos. Belo Horizonte: C. Arte, 1998. ———. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 1991. DOMINGUES, Amélia Domingues de; PESSOA, Anna Maria de Carvalho (Org.), Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Thomson Learning, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. São Paulo: Cortez, 1986. MARTINS, Miriam F. Celeste. Aprendiz da arte: trilha do sensível olhar pensante. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1992. MEIRELES, Cecília. Ou Isto ou Aquilo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1990. SNYDERS, George. A alegria na escola. São Paulo: Massole, 1998. VYGOSTSKY, Lev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.
45
FONTES CONSULTADAS ANDRÉ, Simone; COSTA Antônio Carlos Gomes da. Educação para o SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática. desenvolvimento humano. São Paulo: Instituto Ayrton Senna, 2004. 2006. BARBOSA, Ana Mae. (org). Arte-educação: leitura no subsolo. São VASCONCELOS, C. S. Avaliação da Aprendizagem: práticas de Paulo: Cortez, 1997 mudança. São Paulo: Libertad. 1998. BARTHES, R. A aula. São Paulo, Cultrix, 1977. CANETTI, Elias. A Língua Absorvida: história de uma juventude. (Trad. Kurt Jahn). São Paulo: Companhia das Letras, 1987. CENPEC, Guia de ações complementares à escola para crianças e adolescentes. 2. ed. São Paulo: Cenpec/Unicef, 1998. _______, Cadernos Cenpec, Educação, Cultura e Ação Comunitária, nº 01 – primeiro semestre. São Paulo: Cenpec, 2006. _______, Cadernos Cenpec, Educação, Cultura e Ação Comunitária, nº 02 – segundo semestre. São Paulo: Cenpec, 2006. FUSARI, Maria F. de Rezende; FERRAZ, Maria Heloísa C. de T. Arte na educação escolar. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1993. GUERRA, Maria Terezinha; PICOSQUE, Gisa; MARTINS, Miriam Celeste. A língua do mundo. São Paulo: FTD, 1998. PEREIRA, Mara Perpétua B. O Espaço escolar infantil: um território cultural de produção coletiva. Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, 2000. PILLAR, Analice; VIEIRA, Denyse. O vídeo e a metodologia triangular no Ensino da Arte. Porto Alegre: Fundação Iochpe, 1992.
A BAILARINA
Esta menina tão pequenina quer ser bailarina. Não conhece nem dó nem ré mas sabe ficar na ponta do pé. Não conhece nem mi nem fá mas inclina o corpo para cá e para lá. Não conhece nem lá nem si, mas fecha os ohos e sorri. Roda, roda, roda com os bracinhos no ar e não fica tonta nem sai do lugar. Põe no cabelo uma estrela e um véu e diz que caiu do céu. Esta menina tão pequenina quer ser bailarina. Mas depois esquece todas as danças, e também quer dormir como as outras crianças. Cecília Meireles