SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 2/12/2008
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CADERNO DEZ!
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ENTREVISTA ❚ André Abujamra mostra no Mercado Cultural seu segundo álbum solo, Retransformafrikando
“Lavo, passo e cozinho” ROBERTA GOLDFARB | DIVULGAÇÃO
Obaluaê é a rosa-dos-ventos da egotrip em forma de álbum que se chama Retransformafrikando, o segundo CD solo de André Abujamra. A metamorfose que prega o orixá está nas letras, na vida e no som do cantor, que mescla orquestra com forte presença percussiva. Mas o show do CD é anônimo e universal, uma worldmusic popular brasileira. O compositor das trilhas sonoras de Durval Discos, Encarnação do Diabo e Carandiru conversou sobre criação com a repórter MIRELA PORTUGAL. Ele se apresenta domingo [7] às 20h na Sala Principal do Teatro Castro Alves. O ingresso custa R$ 8.
AT – Compor uma trilha para um diretor ou fazer um CD autoral. O que é mais difícil? André Abujamra - Acho que para mim não tem uma dificuldade maior entre as duas. Sou um artista brasileiro que lavo, passo e cozinho. Faço de tudo um pouco por necessidade, o que os caras me pedem eu vou. Depois de quase 40 longas, já trabalhei com todo tipo de diretor e de filme, aprendi a entrar na cabeça do cara. AT – A trilha de Encarnação do Demônio foi premiada no Festival Paulínea de Cinema. Como foi o processo de composição? AA – Esse particularmente foi muito difícil. Queriam uma música não-musical, queriam tensão. Foi uma trabalheira, imagina você que sempre que ela ficava um pouquinho bonita o Zé rejeitava. AT – Por que o nome do CD é Retransformafrikando? AA – Fiz uma operação de redução do estômago e perdi 80 kilos. E no candomblé o Obaluaê diz que a
gente não muda, só quando morre. Mas eu me retransformei ficando. Meu trabalho tem a ver com o pós-operação: quando você perde 80 quilos, vira uma outra pessoa. Usei um “frika ”meio África e meio ”freak”, porque eu sou meio malucão e negão apesar do olho azul, e sou do candomblé. AT – Praticante? AA – Filho de santo, frequento terreiro em São Paulo. Meu orixá é Obaluaê, o da mudança. Sou filho de ateus, entrei na Umbanda na faculdade de música. Se existem cor e frequência de som que a gente não percebe, então deve ter gente que a gente não vê, até pela física do negócio. AT – O CD é independente e está na web. Como você vê os direitos autorais de suas trilhas e músicas? AA - Em relação à minha música pop não ligo, quanto mais gente ouvir melhor. Tem essa maravilha do myspace, que dá vez para todos. Outro dia o Luis Caldas me acessou, gostou do som, entrou
O compositor se apresenta, domingo , no encerramento do VIII Mercado Cultural no Teatro Castro Alves
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“É uma brincadeira gostosa. Não levo meu trabalho muito a sério, as pessoas às vezes não entendem” André Abujamra, músico ❚
em contato comigo e vamos gravar juntos. Ele vai participar do show aí em Salvador. Mas o cinema é uma coisa eterna, que eu respeito muito. Ganho meu dinheirinho e acho super válido. AT – Esse é o seu segundo trabalho solo. E o Karnak, a quantas anda? AA – Gravamos em 2009. O Karnak é muito grande, temos 17 anos já. Tentamos acabar, não deu certo. Criamos um monstro.
AT – E o Fat Marley? Como surgiu esse projeto? As pitadas eletrônicas do CD novo lembram o som dos álbuns dele. AA – Sim, tem um dedo dele. Era um personagem do Durval Discos, achei o nome legal e resolvi criar esse misterioso DJ de reggae e eletrônica. Mas não demoraram a descobrir que era eu. É uma brincadeira muito gostosa. Não levo meu trabalho muito a sério, as pessoas às vezes não entendem.
RENATO REIS | DIVULGAÇÃO
HEADPHONE HELIO FLANDERS, 22 é vocal e compositor da maioria das canções da queridinha do folk rock brasileiro Vanguart
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