Marjane Satrapi e geopolítica do Irã

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SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 7/7/2009

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CADERNO DEZ!

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MUNDO ❚ Autora de Persépolis

investe contra situação política do Irã

Marjane Satrapi e o presidente Iraniana em Paris MIRELA PORTUGAL mportugal@grupoatarde.com.br

Marjane Satrapi ficou conhecida por pintar o Irã com infinitas nuances dentro do preto e branco das páginas de Persépolis. Com senso de humor e melancolia, contou a história da menina que queria depilar as pernas e ser a sétima profetiza do Islã, cresceu, apaixonou-se e começou a fumar. Vida como outra vivida em qualquer hemisfério, não fosse a liberdade emoldurada pelo véu. Hoje morando em Paris, a quadrinista veio a público no dia 16 de junho com um documento que, afirmou, provaria definitivamente o golpe de Estado do presidente Mahmoud Ahmadinejad nas eleições do Irã. Ao lado do cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf [diretor de Caminho para Kandahar], apresentou um ofício que seria do Ministério do Interior

INTERNET ❚

O navegador dá suporte a HTML5, que permite inovações multimídias como o vídeo sem plugin

“Quando vim para os Estados Unidos, tentei provar que nós iranianos não somos um conceito abstrato, mas seres humanos para os quais as palavras orgulho, dignidade, patriotismo e vida têm exatamente o mesmo significado que elas têm para os americanos“.

iraniano, e revela número de votos 4 vezes maior para o reformista derrotado Mussavi. Marjane usou palavras decididas perante a coletiva de jornalistas na Bélgica . “Reconhecer a legitimidade de Ahmadinejad significaria não reconhecer a legitimidade do povo iraniano. Nosso povo quer ser capaz de sonhar e definir seu lugar como uma grande nação dentro da comunidade internacional“. GUERRILHA – Assim como o movimento “Where Is My Vote“ [Onde Está o Meu Voto] se organizou com ajuda dos blogs e twitters, Marjane também usou seu blog no New York Times para protestar. No post “Defending My Country“ [Defendendo Meu País], contou de sua desconfiança ao desembarcar numa América da era Bush. “Queria mostrar que Eixos do Mal também incluem pessoas como eu. Que eu vi uma guerra de verdade [a

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satrapi.blogs.nytimes.com

Guerra Irã-Iraque] e não há nada de glorioso nisso. Que a guerra mata “. Defender o país, ela escreveu, é impulso natural de todos. Seja o Irã onde nasceu ou a França onde mora, seja os Estados Unidos dos americanos que ”acreditam nos direitos humanos e preferem cultura e diálogo à violência e guerra”. As eleições continuam nebulosas, como a origem do documento de Marjane. Nos posts, ela não cita o ocorrido nem detalha como teria

obtido o vazamento de informação. A imprensa internacional ainda se divide entre apuração de denúncias e comparação de pesquisas que, mesmo antes da votação, já apontavam vitória de um Ahmadinejad apoiado nos votos de zonas rurais. Mas os protestos da guerrilha online deixam a sensação de um novo capítulo para um povo já independente, e que sabe se fazer ouvir fora da fronteira, seja através dos seus intelectuais ou da rede.

Raposa avança em Firefox 3.5 Se você não sabe se HTML5 é de comer ou se brilha no escuro, não se preocupe. Vai aproveitar do mesmo jeito as vantagens do último lance da Mozilla no disputado mundo dos navegadores. O Firefox 3.5 definitivo foi lançado terça passada e chegou prometendo velocidade 12 vezes maior na navegação. O Dez! testou e viu que, de fato, sites de ferramentas

personalizáveis como Gmail e Wordpress carregam com maior facilidade. Mas o grande buzz desta edição está nas novas funções, como o suporte ao HTML5, que possibilita edição de vídeo online: você pode interagir com a projeção, redimensionar e inserir links. Ou a navegação regional, que oferece serviços e informações relacionados à localização do seu IP [pode ser desabilitada].

Para outros, a melhor notícia é a navegação privada, que corta todo traço de registro em sua sessão online. Graficamente, a mudança é mínima, o que até agora é a maior falha do projeto, ainda quadradão e antiquado nos gráficos. Aos navegantes: HTML5 é uma nova versão da linguagem web, que permite mais leveza e joga fora plugins como o Flash. [mirela portugal]


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