SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 5/2/2008
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CADERNO DEZ! BILL PUGLIANO | AFP PHOTO
ELEIÇÕES EUA PRIMÁRIAS DOS PARTIDOS A escolha do candidato de cada partido pode ser tão disputada quanto a eleição propriamente dita. Na verdade as primárias são uma eleição prévia, na qual eleitores dos 50 Estados dos EUA escolhem delegados que participam das convenções dos Partidos, onde são confirmados os vencedores, que disputam a presidência na eleição de 4 de novembro. O número de delegados é proporcional aos habitantes de cada Estado e determinado por sua representação no Congresso, com um delegado por deputado e dois por cada senador. O candidato mais votado em cada Estado indica os respectivos delegados – Nebraska e Maine são exceções, dividindo os delegados proporcionalmente aos votos. COLÉGIO ELEITORAL Diferente do Brasil, o presidente dos Estados Unidos não é eleito pelo voto popular direto, mas por um Colégio Eleitoral, formado pelos delegados eleitos nas primárias. No dia da eleição funciona assim: o candidato que tiver mais votos da população do Estado tem o voto dos delegados. O Colégio Eleitoral representa 538 votos no total. Para ser eleito presidente dos EUA, o candidato precisa da maioria simples 270 votos dos delegados. Isso significa que mesmo tendo mais votos diretos, o importante é vencer nos Estados que vão garantir um número maior de delegados no Colégio Eleitoral. Em muitos Estados, os delegados são obrigados a votar no candidato que o indicou. Casos de "traição" são raros, mas não inéditos. Quase sempre, porém, respeita-se a convenção escolhendo o candidato que teve maioria simples popular em seu Estado. O voto americano é facultativo. Fonte ❚ Agência Globo, FolhaPress
O pré-candidato republicano John McCain, senador pelo Arizona, em campanha no Estado de Michigan
Longo caminho até a Casa Branca Maira Araujo disfarçou o riso quando viu mais um eleitor entrar acompanhado na cabine de votação em Constatine, Michigan. O voto nos Estados Unidos não era, afinal, tão secreto assim. A baiana estava com 15 anos e decidiu acompanhar seus pais americanos na votação que decidiria a reeleição de Bush, em 2004. Não pediram nenhum documento antes da intercambista bisbilhotar a votação por cédulas. O ritual a fez lembrar das eleições de grêmio de colégio: entregavam uma folha de papel gigante e uma caneta, e as pessoas marcavam seus candidatos para tudo, representante de vila, presidente da biblioteca local, até presidente do país. “Fiquei espantada como é arcaico, os americanos estão há anos-luz atrás de nós em processo eleitoral“ . Maira, hoje com 19 anos, mantém a opinião que formou ao deixar o posto de votação para o carro da família que a acolheu: de que a eleição por colégio eleitoral não é apenas loucura, é injusta. “Lembro do meu professor de
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“Meu professor de história americana dizia que George Washington e Benjamin Franklyn não achavam a população inteligente para decidir o melhor para o país, por isso estipularam essa forma doida de eleição“ Maira Araujo, 19, acompanhou a eleição de Bush nos EUA ❚
história americana dizendo que George Washington e Benjamin Franklyn não achavam a população inteligente o suficiente para decidir o melhor para o país e por isso estipularam essa forma doida de eleição.“ O chefe da nação mais influente do mundo tem um caminho longo, antiquado e confuso até chegar na Casa Branca. O mecanismo de votação indireta permite peculiaridades como uma vitória sem ter necessariamente recebido o maior número de votos. O último exemplo célebre foi o primeiro mandato de Bush, possível mesmo com uma desvantagem de 550 mil votos em comparação ao concorrente Al Gore. Os americanos vão às urnas como em qualquer outra eleição [ver texto ao lado], com a diferença de que a apuração não elege o mais votado ou classifica os dois melhores colocados para um segundo turno. O candidato mais votado escolhe os delegados estaduais que irão representá-lo no colégio eleitoral nacional.
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Disputa segue bem apertada nas prévias Prévia a prévia, as peças se posicionam nos dois lados da disputa. Hillary venceu em Michigan, New Hampshire, Nevada e Flórida [esta última não tem validade para indicação]. Obama foi vitorioso em Carolina do Sul e Iowa. Os Estados de Wyoming, Michigan e Nevada apóiam Mitt Romney. O senador McCain tem New Hampshire, Carolina do Sul e Flórida. Mike Huckabee fica atrás, apenas apoiado por Iowa. A votação da Flórida, no último dia 29, tirou do páreo o pré-candidato democrata John Edwards. O ex-prefeito de Nova Iorque Rudolph Giuliani também retirou sua candidatura presidencial republicana e e deu seu apoio ao senador John McCain. Com desistência de Giuliani, a disputa centra-se em McCain e o ex-governador Mitt Romney. Obama lidera a campanha democrata quanto a número de delegados, com 63, seguido por Hillary, com 48. Certamente, ainda há muito para se debater, principalmente na Califórnia, o maior e mais importante Estado americano, e o que mais delegados apresenta, tanto na Convenção Republicana quanto na Democrata. Ele é um dos Estados a realizar votações partidárias hoje, na Superterça. Os nomes finais da disputa serão conhecidos no segundo semestre, quando, de 25 a 28 de agosto, acontece a Convenção democrata em Denver, para designar o candidato final do partido; e de 1º a 4 de setembro, na Convenção republicana, em Minneapolis. A identidade do presidente americano será conhecido dia 15 de dezembro. Terminada a votação em cada Estado, os partidos fazem seus congressos nacionais, nos quais os candidatos são finalmente oficializados, apesar de já se saber antes o vencedor, pela soma dos delegados conquistados nos Estados.