educação fisica

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VESTIBULAR

SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 5/11/2007

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PORTFÓLIO EDUCAÇÃO FÍSICA ❚ Profissional precisa unir conhecimento

DEPOIMENTO ❚ JOA SOUZA | AG. A TARDE

sobre saúde física e emocional e ter muita disposição para ensinar

Academia é mais teoria que ginástica HAROLDO ABRANTES | AG. A TARDE

MIRELA PORTUGAL mportugal@grupoatarde.com.br

As aulas de educação física na escola costumam dividir alunos em dois grupos bem distintos: os não muito afeiçoados à prática de esportes e os que mal podem esperar para exercitar o corpo e fugir das aulas de matemática. Quase sempre é do segundo grupo que saem os futuros profissionais de educação física, atraídos pela filosofia de unir corpo e mente. "Nosso diferencial é trabalhar com a saúde, e não com a doença", afirma Carlos Pimentel, professor e presidente do Conselho Regional de Educação Física. Pimentel explica que o profissional da área é capacitado para aplicar atividades físicas e lúdicas, que estimulem a integração social e o trabalho em grupo. Para isso, os alunos da graduação são avaliados em conteúdos práticos e teóricos, desde anatomia e fisiologia humanas até sociologia. Para Pimentel, os conhecimentos teóricos são a parte mais relevante do curso. “Alguns alunos enxergam a faculdade como uma grande academia de ginástica. Mas quem entra no curso pensando que vai virar atleta está enganado". Cláudio Lira, professor de voleibol na Ufba, diz que o aluno precisa ser capaz de ensinar todos os esportes. “Avaliamos o exercício da docência. O aprendizado das modalidades deveria ser durante o ensino fundamental, antes da faculdade. Mas como alunos da escola pública podem aprender a nadar? Cadê as piscinas? Por isso damos algum conhecimento prático, mas não é o foco“. CURSOS – Na Bahia, a graduação é oferecida por 22 instituições de ensino superior, entre elas Ufba, Uneb [campi de Juazeiro, Jacobina

A estudante Suzane Quadros, 24, quer trabalhar em academias

“O diferencial é que trabalhamos com a saúde, não com a doença" Carlos Pimentel, do Conselho Regional de Educação Física ❚

e Guanambi], Ucsal, Uefs, Jorge Amado e FTC. Na maioria das faculdades, o curso pertence à área de ciências e saúde. Na Ufba, ele é parte da faculdade de Educação [Faced]. Por isso, na segunda fase, o vestibular inclui provas de português, história e geografia. Sobre a ênfase na docência, a coordenadora do curso, Celi

Taffarel, explica: "Defendemos maior equilíbrio no currículo, sem predominância de áreas do conhecimento. É a docência que caracteriza historicamente o profissional de educação física. As outras áreas de prestação de serviços também são direcionadas à formação por meio do ensino”. A Ufba oferece formação continuada, com cursos de especialização gratuitos na pós-graduação em educação. Foi esse diferencial que atraiu Gabriel Soares, 19, aluno do segundo semestre da Ufba. Ele filosofa: "Não quero ser mais um profissional, mas alguém com compromisso e visão ampla, que entende o poder de agente modificador do esporte". CARREIRA – Apesar de essencialmente voltados para o ensino nas escolas, há outras atividades para os formados em educação física. Clubes, centros de reabilitação e lazer, academias e acompanhamento individual [personal trainer] ocupam boa fatia do mercado. Segundo Jehorvan Melo, presidente do Sindicato dos Profissionais de Educação Física da Bahia, o salário mensal de um personal trainer que aplica três aulas por semana fica em torno de R$ 300 por aluno. “Mas isso depende da freqüência das aulas e do profissional“. Suzane Quadros, 24, oitavo semestre de educação física na Universidade Católica do Salvador [UCSal], quer trabalhar em academias, mas lamenta que o nível de exigência do trabalho não venha acompanhado pelo reconhecimento. "As pessoas acham que trabalhar em academia é só colocar pino e placa. Mas tudo segue uma lógica, ou você pode acabar machucando as pessoas". Mas levar saúde por meio do lazer supera as eventuais críticas.

Guilherme acompanha treino de natação na Sudesb, em Salvador

Paciência e profissionalismo, sem perder o bom humor GUILHERME PEREIRA DOS REIS guizinho@hotmail.com

Dizem que a escolha da profissão é um dos momentos mais difíceis na vida de um adolescente, e não foi diferente para mim. Chegar à decisão de educação física foi complicado. Já quis ser jornalista, publicitário e até médico. Comecei a me familiarizar com educação física quando entrei em uma academia. Sempre gostei de esportes desde pequeno, e por que não trabalhar com isso? Um dos elementos que me ajudou a ter certeza sobre a minha escolha foi a visita fiz à

Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia [Sudesb]. Lá tive a plena certeza de que para ser um profissional dessa área é necessário gostar de esportes e, principalmente, de ensinar, além de se dedicar bastante e se especializar. Acompanhei o treinamento de uma equipe mirim de natação [até 13 anos]. Vi como a relação professor-aluno deve unir paciência e profissionalismo, seguindo toda a técnica, sem perder o bom-humor. GUILHERME PEREIRA DOS REIS, 17, vai fazer vestibular para educação física

O técnico ensina: paciência e bom-humor são fundamentais


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