Caderno Dez - Rádio Tóquio / J Music

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CADERNO DEZ!

SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 4/8/2009

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Rádio

SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 4/8/2009

IVES PADILHA

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CADERNO DEZ!

As bandas que fazem parte da programação todos os anos no Anipólitan ganharam festivais só para si, como o J Music Festival

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tokio

NINA NEVES

CAPA ❚ A grana é pouca,

as piadas, obscuras, mas eles querem fazer j-music

O esquema é o mesmo de qualquer banda no começo de carreira. Instrumentos emprestados, ensaios no prédio do amigo, pindaíba restringindo performance de palco, show quase de graça e nem sempre para um público muito interessado em ouvir. A diferença é que as bandas de j-music conseguem ser ainda mais underground – o jota é de Japão e o som é o cover de bandas nipônicas, aberturas de desenhos em japonês e quilos de piada interna. A não ser que você seja iniciado e entre no coro a cada ”watashi” e ”kokoro” dos megastars do outro lado do mundo, sucesso em rádios e vendas antes de chegar aqui como trilha de anime. Na terra da malemolência music, a produção é mais humilde e ser o lado alternativo dos alternativos requer força de herói. Os festivais de cultura pop japonesa costumam ser o primeiro palco, como o Anipólitan, que aconteceu nos últimos sábado e domingo [1 e 2/8]. Mas os grupos começam a se afirmar sozinhos e a bancar seus próprios festivais, conta o produtor Felisberto Santos, 25, que criou o J Music Festival em Salvador em 2007. ”Foi uma iniciativa das próprias bandas, a gente se uniu e fez uma festa só de música, desvinculada da questão do desenho“. O festival já está na terceira edição e

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Blog do Dez

entrevista cantor dos temas de Digimon Ayumi Miyazaki galeria de fotos bastidores do Anipólitan

tem, na cidade, companhia do Tóquio Yume e do Ten Ga Kyokai. ”Mas é mais por diversão. Ninguém está preocupado em fazer mídia”. Para quem quiser ser comercial, público não falta, garante Lucas Esteves, 26, que em 2004 fundou com os amigos a Sentai Rock Band, uma proposta de covers de tokusatsus [aqueles seriados de heróis robôs a la Power Rangers e Changeman]. O som não é barreira. ”Nunca estive nessa por causa da música japonesa. Achava divertido e queria criar um som realmente bom”. Lucas conta que não esquecer o lado empresarial fez diferença para a investida dar certo. “Conseguimos ganhar dinheiro com isso, gravar disco, vender camiseta, fomos na TV. Antes de fãs éramos uma banda”. A Sentai acabou faz um ano, por ”direções diferentes”, mas o baterista revela como chegar em todos. ”Um bom som atrai quem curte desenho ou quem curte rock“.

Clã da Sombra da Lua Peruca, meia-arrastão e maquiagem ocupam as três vozes femininas da Shadoc antes dos shows. Só então todos os seis vão ao palco e mostram o poder de fogo na hora em que a vocal Stephanie “Funny“ Nereu, 19, anuncia a abertura do anime Bleach. Mais cedo, durante o ensaio, ela explicava o repertório. “Tem também aberturas em português, mas cantamos mais j-music”. Três membros do curso fazem curso de japonês para segurar a onda. As influências são as nipônicas Kagrra e Ayabie, conhecidas pela internet. Tocando desde 2004, a Shadoc [sigla criada por eles para Clã da Sombra da Lua] é quase mainstream nos eventos. Nada que o baixista Diego Bittencourt, 23, não desmistifique. “Às vezes a gente paga pra tocar. É mais pela diversão”.

Dragão de fogo O som é parecido e o protocolo inclui caras de mau, cabelão headbanger e roupas negras, explica Eric Abbehusen, 19, fundador da banda de j-metal [metal japonês] Karyuu. Mas por que então não cantar os clássicos metaleiros? “O som que os caras fazem tem algo diferente, sei lá, fiquei fascinado”. Importado também foi o visual kei, em que os homens usam maquiagem e roupas meio andróginas, lápis preto e “estilo drag queen”, define Eric. “O pessoal que vai já está acostumado, não estranha mais”. A meta agora é levar o show da banda que significa Dragão de Fogo para o palco do rock do Carnaval 2010. “Queremos tocar para todos”.

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mportugal@grupoatarde.com.br

IVES PADILHA

MIRELA PORTUGAL

Número cabalístico A Se7te sai do palco anunciando show dia 8 de agosto no Play Music Festival e chamando o público para visitar sua comunidade no orkut. Nada mal para o segundo show da banda que nasceu na rede, no grupo de chat Anime_BA. Foi em março desse ano, e primeira tarefa foi dar nome ao grupo. “Pensamos em milhares de coisas japonesas, tipo Tofu Frito. Depois procuramos o número de integrantes em várias

línguas, ficou o italiano. O sete no meio foi para ficar estiloso”, Nome explicado, a vocalista Ana Camila Menezes, 19, conta que os ensaios são semanais, são em estúdio alugado por R$ 40 por 3 horas, “pago com vaquinha e paitrocínio”. A maioria das canções, em português, é abertura de seriados como Pockemon e DuckTales. Não ter composições não descarta uma carreira comercial, diz o guitarrista Pedro Martins, 16. “As músicas que tocamos aqui são sucesso no Japão. É como um cantor de MPB fazendo música pra novela”.

Máfia pop-rock

NINA NEVES

Na primeira vez do Gabriel Menezes, 22, como guitarrista da Yakuza, a guitarra morreu. Problema concertado, foi a vez do som do teclado ir embora. O ano era 2007 e o não-show foi substituído por outro no Clube de Engenharia da Ufba um mês depois. Desde então, rola uma apresentação aqui, outra ali. Entrou já na segunda formação do grupo, criado entre colegas de escola e amigos de internet. “A gente toca coisas não muito pesadas, mas também não muito leves. A maioria é

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de bandas que conhecemos em blogs na internet” Para cantar os fonemas complicados, ele dá a receita. “Jogamos a letra no Google, procuramos vídeos”. A diferença da Yakuza é que músicas de abertura de desenhos e seriados estão fora do setlist, feito só de covers. “Eu era metaleiro antes e continuo, mesmo tocando j-metal”. É simples para ele explicar por que, dentre tantas opções, música em japonês é melhor. “Eles fogem muito do padrão, fazem uma mistura louca. Acho massa”.


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