game revolução francesa

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CADERNO DEZ!

SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 8/7/2008

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CAPA ❚ Testamos o Tríade, game baiano desenvolvido na Uneb

NO BRASIL Só 16 anos depois da invenção dos games, o primeiro jogo de console chegou ao Brasil. Hoje a indústria nacional corre atrás do prejuízo unindo pesquisa universitária e tecnologia para games online

REPRODUÇÃO

TÁSSIO OLIVEIRA, 17 3º ano do Colégio Salesiano

das escolas estaduais. Mas, nos testes finais, uma surpresa: “As máquinas estão sucateadas e o jogo não roda”, aponta Arivan Bastos, aluno de análise de sistemas da mesma universidade. Segundo a coordenadora do núcleo de tecnologia da Secretaria de Educação, Norma Bastos, o jogo será distribuído nas escolas melhor equipadas. “As outras terão de aguardar uma versão mais leve”. INVESTIMENTO – O Tríade foi resultado do edital para games

"Os ambientes estão perfeitos, e os gráficos 3D não ficaram pesados. A caracterização das personagens está muito boa, apesar dos rostos não estarem muito nítidos. Além disso, as cenas com texto para explicar a história não são massantes”.

educativos da Financiadora de Estudos e Projetos [Finep], de 2006, que selecionou 13 entre 200 trabalhos de todo o Brasil. A verba foi de R$ 145 mil. Outros dois projetos baianos foram contemplados: A Turma do Claudinho, do Senai, e um conjuno de jogos de educação ambiental, uma parceria da Universidade Federal da Bahia com a Estadual de Feira de Santana.

JOGABILIDADE

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ENREDO

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GRÁFICOS

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TRILHA SONORA

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VANESSA VERGNE, 16 3º ano do Colégio Salesiano "Ótimo, com certeza muito melhor do que ficar lendo os livros chatos de sempre, sem contar que deu para revisar. Os gráficos são simples e legais, fizeram eu me sentir dentro do jogo".

HAROLDO ABRANTES | AG. A TARDE

JOGABILIDADE

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GRÁFICOS

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TRILHA SONORA

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RODRIGO CUNHA, 16 3º ano do Colégio Estadual Teixeira de Freitas

“Na Bahia não há uma tradição de games. Tiramos dúvidas na internet, em comunidades de pesquisa e em livros importados“ Raphael Montenegro 22, aluno de desenho industrial e integrante da equipe doTríade ❚

1961 Steve Russel, aluno do Instituto de Tecnologia de Massachussets [MIT], inventa o primeiro jogo eletrônico, o Spacewar

1968 Ralph Bauer cria o primeiro console para televisão em casa

"Gostei do jogo também porque ele é bilinear, e você pode trazer dois caminhos distintos para zerar o game".

JOGABILIDADE

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ENREDO

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GRÁFICOS

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TRILHA SONORA

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Equipe responsável pela elaboração do game sobre fatos revolucionários antes da queda da Bastilha

DÉCADA DE 70

1977

ANOS 80

A Philco lança no Brasil o Tele-Jogo [um dos “clones” do Home Pong lançados nos EUA] e o Odissey é trazido pela Philips

Brasil incia uma produção própria pulverizada, principalmente em pólos universitários. Em 1981 chegam os genéricos gringos do Atari 2600: o Top Game, da Bit Eletrônica; Futura Milmar e Dactari, da Sayfi, e Dynavision, da Dynacom

G

Missão: apagar a má fama dos games quando o assunto é escola. Se depender de Henri Valois, protagonista do Tríade, RPG em 3-D desenvolvido por alunos da Universidade Estadual da Bahia [Uneb], a vilania do videogame está com os dias contados. O trabalho do fidalgo francês não é fácil: ele deve cumprir a tarefa enquanto articula reuniões conspiratórias, salva documentos secretos e enfrenta soldados do rei, ajudando a detonar a Revolução Francesa. O Tríade chega às escolas públicas de Salvador no começo de agosto, mas o beta [versão para teste] da primeira fase já está online, disponível para download, [comunidadesvirtuais.pro.br/triade/]. O Dez! levou três estudantes de ensino médio para testar o jogo, e o resultado agradou. Para quem torce o nariz para games educativos, calma – o termômetro de entretenimento do jogo não esbarra em conteudismo. Esse, aliás, é seu grande mérito: apresentar naturalmente os conceitos históricos sem perder de vista a jogabilidade comercial. A idealizadora do Tríade é Lynn Alves, pesquisadora em educação e tecnologia e professora da Uneb. Para Lynn, todo game é educativo, porque oferece tarefas de lógica, raciocínio e concentração. “Não gosto de jogos só pedagógicos porque isso não atrai. O que atrai é a interatividade, o realismo”.

Montenegro, 22, aluno de desenho industrial da Uneb. O jogo foi construído usando a engine Torque [programa-base para a elaboração de games] e o software de modelação de imagens 3D Max. Divididos nas equipes de design, roteiro e programação, e turbinados por cafeína e sessões de Playstation, eles partiram para a construção de personagens e arte conceitual para depois unir as peças no tabuleiro. O resultado é um jogo inspirado em RPGs como Chrono Thrigger e Shadows of Rome, mas com gráficos mais modestos, de olho no processamento dos PCs

A convite do Dez!, três estudantes do ensino médio foram ao núcleo de pesquisa em tecnologia da Uneb jogar uma partida de Revolução Francesa. Confira o resultado

HAROLDO ABRANTES | AG. A TARDE

PO N

mportugal@grupoatarde.com.br

GAME OVER – Para chegar à fase final, Tríade levou 18 meses e mobilizou uma equipe de 25 alunos e profissionais numa jornada com armadilhas e obstáculos digna da trama revolucionária. A estrutura de produção, bem mais tímida do que o projeto, foi uma delas. Encastelada no núcleo de pesquisa em tecnologia da Uneb, para a maioria da equipe aquele era o primeiro vôo solo. “Na Bahia não há uma tradição de games. Tiramos dúvidas na internet, em comunidades de pesquisa e livros importados. Fomos pioneiros em muitos aspectos”, diz Raphael

Teste do Tríade

O roteiro caracteriza a França do século 18

Revolução MIRELA PORTUGAL

SALVADOR, TERÇA-FEIRA, 8/7/2008

Nolan Bushnell, fundador da Atari, se inspira em Bauer e cria os arcades, que popularizam de vez os games

1983

1989

1992

Gradiente, Milmar, Dismac e outras multinacionais trazem o NES para o País

1993 Nitendo chega ao Brasil

CADERNO DEZ!

Games made in Brasil ainda longe da grande indústria Dentro da indústria do entretenimento, o mercado mundial de jogos já conseguiu mostrar sua força – em 2007 os videogames abocanharam U$ 41 bilhões [cerca de R$ 65,6 bi], mais que a indústria do cinema, combalida pela pirataria e downloads na internet e dona de U$ 38 bi [R$ 60,8 bi]. No Brasil, porém, o faturamento da indústria de games é bem mais modesto, ficando em R$ 150 milhões no mesmo período. Os números, da Associação Brasileira de Games [Abragames] refletem um descompasso natural entre o mercado interno, ainda verde, e um território externo demarcado pelos titãs do console [Nintendo, Playstation, Xbox] e pelos crescentes jogos online. Segundo o presidente da Abragames, André Penha, ainda não temos fôlego para concorrer com os importados. “Estamos engatinhando, enfrentando a falta de investimentos e o mercado dominado pela pirataria”. Por enquanto, a produção nacional de videogames escolheu outra trilha para desviar do impacto dos piratas: os jogos casuais. São os jogos de celular e publicidade online. Mais simples, mais baratos, com menos regras, e menos sujeitos à pirataria eles são o melhor balão de ensaio para a indústria nacional. Mas a poeira da produção brasileira em jogos para console, PC e online promete ser sacudida pela chegada da Ubisoft, estúdio francês produtor de gigantes de vendagem como os jogos de ação Prince of Persia e Splinter Cell, que vai abrir escritório em São Paulo. A empresa vai funcionar a partir do final de deste mês e promete inverter a fuga de cérebros para estúdios internacionais. “Eles estão

1995

DÉCADA DE 2000

A Sony entra na briga com o lançamento do PlayStation

Na Bahia, há quatro grupos produzindo ativamente jogos eletrônicos: a Virtualize Interatividade Digital, o grupo de pesquisa Comunidades Virtuais da Uneb, o Núcleo de Educação a Distância do Senai e o Instituto do Recôncavo de Tecnologia

Fundação das primeiras empresas nacionais fabricantes de jogos eletrônicos O Atari 2600 só foi lançado por aqui em agosto de 1983 pela Polivox [pertencente ao grupo Gradiente]

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de olho nos nossos profissionais qualificados e baratos. Mas ganhamos em aprendizado“, aponta André. EDUCAÇÃO – A vertente que tem sido responsável por aumentar o cacife da tecnologia em games nacionais é a dos jogos educativos, favorecidos pelos editais de financiamento do governo. ”É mais fácil para os jogos pedagógicos receberem esse tipo de fomento, pelo retorno social“, aponta Lynn Alves, que organiza o seminário Jogos Eletrônicos, Educação e Comunicação – Construindo Novas Trilhas, na Uneb, nos dias 18 e 19 de agosto. Uma das pautas é o Spore, novo jogo desenvolvido por Will Wright, autor do The Sims. O game ”criador de criaturas“ mistura origem do universo, evolução e diversão, e promete livrar os jogos educativos da pecha de ”chatos“.

33 %

das empresas desenvolvedoras de games do País estão no Paraná

63 % das empresas de jogos focam o mercado de PC, mais tradicional. Em segundo lugar, vem o de celulares, com 22%

210 mi de dólares foi o prejuízo causado pela pirataria de games no Brasil, em 2004

Jeanne Valois, protagonista da 2ª fase

36 % dos profissionais dos jogos nacionais são programadores REPRODUÇÃO

6

100 mi foi o faturamento da indústria nacional de games em 2004 Fonte A Indústria de Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos no Brasil [Abragames]

2006

INFOGRAFIA Mauro Girão

Os gráficos destruidores do PlayStation 3 apontam para novos horizontes de refinamento nos games. Pouco depois, a Nintendo responde, elevando a jogabilidade e a interatividade a seu ápice com o Nintendo Wii. Fundação do curso de design de games na Anhembi Morumbi, São Paulo

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Profissão: desenvolvedor de videogames Trabalhar fazendo videogame, além de figurar no imaginário de adolescentes em algum momento, se mostrou uma profissão recompensadora. O mercado brasileiro, pelo menos, é favorável. A ausência de profissionais especializados unida à necessidade das novas empresas – sobretudo as de jogos casuais – resultaram na abertura, recentemente, de três cursos de graduação na área. A má notícia é que as opções para os interessados estão concentradas no sul e sudeste do País – design de games na Anhembi-Morumbi, em São Paulo; curso superior de tecnologia em jogos digitais, na Feevale, Rio Grande do Sul; e jogos digitais, na Unisinos, em São Leopoldo, também no Rio Grande do Sul. O mais novo é o curso da Feevale, cuja primeira turma termina agora o semestre 2008.1. O coordenador da graduação, professor Marsal Ávila, explica que a formação superior veio suprir lacunas bem específicas. “Pouco se absorve de profissionais de programação. Precisamos qualificar roteiristas, editores e designers, ou seja, produtores de conteúdo”. Assim, segundo o professor, o perfil do graduado o capacitaria para trabalhar desde o desenvolvimento de games até a criação em TV, publicidade, web e hipermídias. “Para desenvolver jogos eletrônicos é fundamental uma equipe multidisciplinar. Seja roteiro, seja pesquisa de arte, seja tecnologia... é uma área muito rica”. A formação do campo com valores profissionais cada vez mais fortes só confirma que os games são tão nobres, ricos e rentáveis quanto o resto da indústria da diversão.

2008

Fundação do Curso Superior de Tecnologia em Jogos Digitais, na Feevale

FONTE Abragames [Associação Brasileira de Games] - A Indústria de Desenvolvimento de Jogos Eletrônicos no Brasil / nitendo.com / sega.com


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