Caderno Vestibular - Carreira fora da faculdade

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10 HISTÓRIA E MODELOS DA UNIVERSIDADE Entenda como foi criada a instituição de ensino superior

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VESTIBULAR

SALVADOR, SEGUNDA-FEIRA, 6/10/2008

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Grécia Platão fundou sua Academia em Atenas 387 a.C. Mas foi a Idade Média que estabeleceu o modelo atual.

Bolonha e Paris Incluíram uma formação básica cultural antes dos cursos de direito, teologia ou medicina.

Inglaterra

Napoleão Anticlerical, criou faculdades independentes, de formação profissional, as escolas normais e politécnicas.

Centros técnicos convivem com os aristocráticos e tradicionais campos de pesquisa Oxford e Cambridge.

CAPA ❚ Relação entre diploma, emprego e ensino é mais complexa do que a urgente escolha por um curso

Dentro ou fora da academia FERNANDO AMORIM | AG. A TARDE

MIRELA PORTUGAL mportugal@grupoatarde.com.br

Se a busca pelo diploma é a nova corrida do ouro, passos apressados e olhos mirados no emprego e na bonança futura, o trajeto nem sempre será tranquilo. “Diploma não garante emprego. Esse é um raciocínio distorcido“, diz sem hesitar o educador, escritor e teólogo mineiro Rubem Alves, conhecido por suas análises pouco suaves ao modelo educacional brasileiro. Rubem condena a eleição da academia a plano de carreira sensato ou ideal, descartando outras vocações. ”As escolas deveriam levar profissionais de várias áreas, artistas, artesãos, gente que usa outras habilidades e competências“. As palavras tragédia e catástrofe definem a transformação da lista de cursos oferecidos por esta ou aquela instituição em roteiro de orientação vocacional. ”Talento e prazer é que devem pautar as escolhas para o resto da vida“. E se isso envolver atividades sem a tutela sagrada da academia, não há desonra alguma nisso. "É uma idéia obsoleta, de antigamente, quando os pais se diziam descansados se um filho ’diplomasse’ em direito ou medicina", diz o escritor. A noção de elite intelectual pode ter diluído, mas os ofícios continuam para gente da prateleira de baixo. Ponto para os empresários da educação segundo o IBGE, 73,3% dos universitários baianos estão em instituições privadas. Apesar das palavras enfáticas, o professor se isenta de fazer uma campanha anti-universidade. ”Acho maravilhoso, caso você tenha inclinação para o curso

superior“. Mas, como esperado, Rubem carrega lucidamente nas ressalvas, desde o vestibular ao modus operandi das instituições de ensino. ”O vestibular é tão danoso com seu programa massacrante que o sorteio seria mais justo para a cabeça de um jovem. A memória é inteligente, esquece tudo que não faz sentido“. Os pesquisadores reféns do Lattes por sua vez não seriam exatamente o melhor exemplo de produção intelectual “Isso é doideira de americano, esse publish or perish. Universidade é mais que ser um preenchedor de Lattes“. CARCEREIRO – É a pesquisa, porém, que deve desempenhar um dos papéis protagonistas para aqueles que escolhem fazer um curso superior, segundo o o professor Paulo Sérgio Bareicha. O diretor da faculdade de educação da Universidade de Brasília [UnB] acredita que essa visão é requisito para aqueles que optam pela universidade. “A academia deve ter um compromisso com a produção de conhecimento“. O professor condena a criação de cursos de graduação cada vez mais específicos e fechados, fenômeno que classifica como profissionalização do ensino superior. “Há outros espaços para isso, fora da academia. Ela não tem obrigação de atender uma demanda de mercado“. A grade curricular, expressão que Rubem Alves não titubeia em atribuir a um carcereiro frustrado, também é vilã para Bareicha. ”O nosso modelo tem conteúdos muito recortados, o que restringe a produção de ciência“. É justamente o espaço para a especialização a grande qualidade dos cursos técnicos, ao menos se a questão é projeção rápida dentro

SEM DIPLOMA

Leonardo da Vinci Com 14 anos era aprendiz em ateliês de artistas. Aos 20, já independente do mestre, o gênio da ciência resolveu estudar sozinho de botânica a astronomia e óptica.

Bill Gates Cursos tecnológicos revisitam a idéia de local de produção do saber

do mercado de trabalho. Para o professor Renato Anunciação Filho, coordenador do ensino técnico do Centro de Educação Tecnológica da Bahia [Cefet-Ba], tal opção é um bom atalho. ”A educação técnica é uma alavanca social. E hoje o técnico não é apenas um executor de processos, mas alguém que reflete e tem muitas opções de atuação“. Só no Cefet, há 32 especializações técnicas em todo o Estado, freqüentadas por 7 mil alunos. QUALIDADE – É importante não confundir a abstenção do ensino superior formal com falta de

estudo, porém. A diretora da Faculdade de Educação da Ufba , Celi Taffarel, reforça a importância de se ter acesso à educação profissional, dentro ou além do bacharelado. ”Eu não defendo o autodidatismo como saída num País com esses índices educacionais que nós temos“. Ela levanta outra questão a observar: a idoneidade do curso. ”Todas as iniciativas de enriquecer a formação humana são relevantes, contanto que não seja uma mercadorização do saber“. A lição é simples: escolher bem seu espaço de qualificação, com ou sem canudo.

O ex-homem mais rico do mundo só conseguiu um diploma honorário 30 anos depois de ter saído do curso de matémática e direito, em Harvard, para fundar a Microsoft.

Pagu Mais que a musa do modernismo, Patrícia Galvão é autora do primeiro romance proletário nacional publicado nos EUA, Parque industrial. Feminista e militante, foi poeta e atriz.


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