MAIO/JUNHO 2022
Oficinas de Caricatura /Retrato
o projeto Partindo da frase disparadora “Brasil visto de perto, Brasil visto de preto”, convidamos estudantes, educadores e toda a comunidade a (re)pensar os 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922, especialmente as produções literárias de autoria de pessoas negras e indígenas. Quem foram esses representantes da população negra e indígena da época? De que maneira eles foram ou não contemplados no movimento? E quem são esses autores e autoras da contemporaneidade? Visando ampliar o olhar e não apenas enxergar a literatura como matéria escrita, mas também como matéria visual pensamos em trazer o desenho como linguagem que proporcionasse essa investigação. Ao pensarem e perceberem esses autores e autoras a partir do próprio traço, nossos alunos e alunas tiveram a oportunidade de perceber durante as oficinas, uma outra dimensão do que foi este movimento artístico, literário e cultural que começou na Semana de Arte Moderna de 1922 - e que, entre desdobramentos, limites e contradições, nos leva também aos dias de hoje.
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as oficinas
As oficinas oferecidas em razão do Concurso de Declamação aconteceram entre 2 e 6 de Maio de 2022 e envolveram todos os alunos da unidade Cerro Corá do Colégio Oswald de Andrade. A ideia da oficina foi desenvolver desenhos que pudessem ser usados para as camisetas-prêmio aos vencedores do Concurso de Declamação. As oficinas de apenas duas horas, aconteceram em seis turmas conforme os anos de cada aluno. Com um período tão curto de tempo para abordar um assunto tão complexo como o retrato ou mesmo a caricatura, entendemos que a oficina funcionou sobretudo como experiência e portanto temos nesta exposição um olhar sobre processos. A partir de uma seleção de autores definidos pela equipe de Linguagens, cada turma pôde escolher aquele que gostaria de retratar a partir de duas opções. A lista incluía autores/artistas do século XX como Heitor Villa Lobos, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Tarsila do Amaral, Patrícia Galvão e Lima Barreto, assim como artistas contemporâneos como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Daniel Munduruku, Djamila Ribeiro e Mano Brown. Como metodologia, para deixar mais claro aos alunos as etapas que envolvem um desenho, a atividade foi dividida em fases utilizando materiais específicos. 9
Desenhos de Clara Visibelli: a esquerda, um desenho feito na fase Reconhecimento 1 e à direita, um desenho feito na Fase Soltar o Traço. 10
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aquecimento Como iniciar um desenho? Por onde começo a enfrentar a folha em branco? Antes de avançar na complexa tarefa de representação, a primeira atividade foi um “aquecimento”, um exercício gráfico com a intenção de ativar relações motoras e iniciar um processo de concentração mental que o desenho demanda. Foi pedido que fossem desenhados círculos concêntricos com lápis preto sobre papel sulfite. E os resultados foram incríveis! Como apreciar? Mergulhe na riqueza de gestualidades que esse exercício trouxe à tona. Liberados de qualquer expectativa representativa, os alunos expressaram suas gestualidades singulares. Extrapolaram o pedido dos círculos concêntricos e no conjunto podemos sentir o impacto de linhas cheias de energia e vigor.
reconhecimento 1 Se ativamos o gesto no primeiro exercício, o segundo passo foi ativar o olhar. Porque para desenhar precisamos não apenas tomar posse de nossa força e destreza motora, mas precisamos nos desfazer de olhares condicionados que não nos permitem enxergar de fato aquilo que queremos desenhar. Supomos muitas coisas, desenhamos aquilo que sabemos mais do que aquilo que vemos. Esse é o grande desafio do desenho: realmente olhar para aquilo que queremos desenhar. Para isso, a fase de reconhecimento aconteceu em duas etapas. A primeira foi o desenho cego, que consiste em olhar para o assunto desenhado e não olhar para a folha que se desenha (daí o “cego” do termo). Uma atividade que parece banal, mas que exige a coragem de abandonar o desejo de olhar e corrigir para apenas desenhar, para sentir o que se desenha, sentir com o gesto. Mão e olho caminham juntos nessa exploração. A coragem é também de poder mostrar esse trabalho que não vai deixar felizes aqueles que só apreciam o que é proporcional, perfeito e simétrico. Mas que, para o bom apreciador, permite usufruir de uma linha inteligente, viva, que traduz um percurso tão íntimo daquele que desenha, que revela uma forma tão pessoal de construir um olhar. 27
reconhecimento 2 Depois dessa primeira tarefa de olhar bem para o sujeito que desenhamos, o desafio seguinte foi redesenhá-lo usando o tracing ou tracejamento. Colocando uma folha vegetal sobre uma cópia de fotografia do artista escolhido, os alunos “copiaram” a imagem com lápis sobre uma sulfite A4. E aqui uma grande surpresa. Se é “cópia”o que foi feito, o resultado deveria ser sempre o mesmo. Porém, aqui vemos a diversidade de olhares e de escolhas. Apreciamos gestualidades e temperamentos. 47
soltar o traço
Aqui partimos para a etapa mais desafiadora. Se os outros exercícios tinham um modelo mais limitador a seguir, aqui o único parâmetro foi o uso de material, além é claro, do sujeito a ser representado. Os alunos também tiveram opções a escolher entre papéis canson, couché e cartolina preta em dimensões maiores que o A4 usado nas atividades anteriores. Além disso, podiam escolher entre nanquim, carvão e pastel oleoso ou seco. A ideia era soltar o traço depois de toda a investigação feita em relação às proporções, luzes e sombras de cada imagem trazida como referência nas fases anteriores. Aqueles que escolheram trabalhar com a cartolina preta tiveram o desafio extra de inverter o raciocínio mais usual que é trabalhar a linha escura sobre o papel claro, e dessa forma tendo um olhar voltado para as sombras. Porém com o pastel branco ou a pemba branca, os alunos foram estimulados a olharem para a luz. Esse recurso foi aplicado no sentido de quebrar um olhar condicionado sobretudo na representação dos autores negros incentivando uma percepção mais cuidadosa. Considerando o tempo dado para realizar tudo, tivemos resultados muito interessantes. Encontramos ainda mais diversidade de linhas e de expressividade. Em alguns casos, a intensidade, em outros o humor ou a delicadez. 53
na exposição
aquecimento ALICE MURITIBA COMPAGNONI CAROLINA SOTTO AIRES DANIEL CAMBA LAMUCCI DOS SANTOS DORA BONTEMPI ESTELA LEVY BICUDO BEGA ISABEL BRÍGIDO RODRIGUES JONAS DE LIMA HÖRÜGEL LÍVIA IOZZI DE CASTRO SERDEIRA LUIZA LEVY BICUDO BEGA PEDRO HENRIQUE DANTAS SOUSA ROSA BRESCIANE ROXO
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reconhecimento 1 AMÉRICO LAZZARESCHI TOGNI ARTHUR DE OLIVEIRA CONCEIÇÃO CAROLINA ASPRINO MACHADO CLARA LACOMA VISIBELLI DANIEL VELLOSO ALTMAN DORA BONTEMPI ENZO CARVALHO LEMOS GIOVANA GADELHA BAUNGARTNER JONAS DE LIMA HÖRÜGEL LUCA ZWEMMER ALVES MATEO DOBERTI SUÁREZ PAULO BARBOSA DE SOUZA CAMPOS RAFAEL GOMES BRAGA SOPHIA SANTIAGO DE JESUS VINÍCIUS PALOMO LEMOS
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reconhecimento 2 ANTONIO SZYMANSKI MATERA BRUNO HENRIQUE ANDRIGHETTI BRAGA BRUNO IATÃ FORSTER ESCUDEIRO FERREIRA DA SILVA CAETANO OROZ RIBEIRO CAIUBI ARDANUY MACEDO CAROLINA SOTTO AIRES DORA BONTEMPI ELISA COIMBRA SERRA GOSSON JORGE ELOÁ DE MENDONÇA OLIVEIRA QUAGLIO ESTELA LEVY BICUDO BEGA FRANCISCO LUÍS ALMEIDA DO NASCIMENTO FRANCISCO THOME DE MELO GOIS GABRIELA CONSERINO DE FREITAS TEIXEIRA GUSTAVO ALVES SILVA GUSTAVO ARTURO GALLO BRANT ISABEL NASSAR MARUXO ISABELLA ALMEIDA LIMA DE MENDONÇA ISABELLA ROMANO IVAN KHOLMOGOROV CANNABRAVA JADY GUEDES DE ARAUJO JOÃO PETRONI GALVÃO JORGE GOMES MARIOTTO JORGE MATOS MACHADO DOS SANTOS JULIA TEREZA MAKRAY ESTEVES KATHERYN ANDREINA ARRAIZ TREMARIA LEONARDO TRAVERSIM MARQUES PEREIRA LEVI QUINTELA FERNANDEZ LORENA MORENO LUIZA BARBIELLINI CAPPI LUIZA LEVY BICUDO BEGA LUIZA VARANDA DE MATTOS MARIA ISABEL GHERARDINI MORILLO MORA MATEUS BUARQUE PUGLIESI MIGUEL GALIZIA SOARES VALERIO DE SOUSA MIGUEL PIMENTEL ROJAS MIGUEL TAVARES RODRIGUES FONTES 116
NINA ARISTIDES ALVES DOS SANTOS PEDRO DOMINGUES PAIM PEDRO PERSSON FACCINI PIETRA PANARIELLO SMETANA RAFAEL GASQUES RICARDO CHRISPIM CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE ROBERTA PALOMO KRUSCHEWSKY RODRIGO MORAES ALVARENGA THEO ROCABADO ZAPELLA ANDRADE VICENTE LUNKES VIDIGAL CAVALCANTI VINÍCIUS PALOMO LEMOS YUKI MORBACH SERODIO LORCA AGUIRRE
soltar o traço AMANDA DOS SANTOS APOLIDORIO ANA CLARA ABRAHÃO SANTANA ANNA BELLA AUTRAN TORRES CAMARGO BRUNO CORTEZ BRUNO IATÃ FORSTER ESCUDEIRO FERREIRA DA SILVA CAIO RESENDE QUENTAL CAIUBI ARDANUY MACEDO CAROLINA ASPRINO MACHADO CAROLINA PIZZO BONTORIM DE CARVALHO CAROLINA SILVA BARWICK CAROLINA SOTTO AIRES CLARA HAYASHI INARELLI CLARA LACOMA VISIBELLI CLARA MÓZ FERREIRA DANIEL VELLOSO ALTMAN DORA BONTEMPI ENZO CARVALHO LEMOS FRANCISCO BERNARDONI MEDEIROS DE ANDRADE GABRIEL AMARAL RAMOS GAEL HUBNER EIGENNHEER MELIGENI GIOVANA ANJOS GUSTAVO ALVES SILVA ISABEL BRÍGIDO RODRIGUES ISADORA CORREIA DE SOUZA DIAS MARTINS JADY GUEDES DE ARAUJO JOANA KITAMOTO FACUNDO TAMBELLI 117
JOÃO SIMÕES RUBINI JOAQUIM GUIMARÃES JOAQUIM YAHN DALOIA JONAS DE LIMA HÖRÜGEL JULIA TEREZA MAKRAY ESTEVES LÍVIA IOZZI DE CASTRO SERDEIRA LUCA ZWEMMER ALVES LUCAS MEDEIROS DE QUEIROZ LUCIA WEISS KAUFMANN LUISA MARCELINO CIDADE WEMATSU LUIZA LEVY BICUDO BEGA MANOELA GUIMARÃES JORGE MANUELA UCHOA CORREA MARCO CAPELLA TRUPEL MARIA CLARA DUARTE DE BARROS MARIA FERNANDA ROLLA TAPAJÓS MARIA LUISA BARBOSA NUNES MARIANA ZABOTTO UDILOFF MILA WELLBAUM BRIERRE NINA ARISTIDES ALVES DOS SANTOS PEDRO BASTOS PITA FIORINI PEDRO DOMINGUES PAIM PEDRO HENRIQUE ALBUQUERQUE E SILVA PEDRO LUIZ DIAS PERES DE FRANÇA RAFAEL PEREIRA LIMA RAFAELA MONTELATTO BORTOLUSSI SABRINA PEGORIN BRIER TIÊ ORNELAS TOLEDO DE MENEZES VINÍCIUS PALOMO LEMOS
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realização
CONCEPÇÃO DO PROJETO MALU RANGEL DE BONIS VIVIAN CRISTINA GUSMÃO CONCEPÇÃO DAS OFICINAS MIRLA FERNANDES EQUIPE DE APOIO
ASSISTÊNCIA DE ÁREA DE LÍNGUA PORTUGUESA VIVIAN CRISTINA GUSMÃO COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO CULTURAL E BIBLIOTECAS MALU RANGEL DE BONIS COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA FERNANDO PIMENTEL GABRIELA IKEDA LAURA NASSAR TARSO LOUREIRO DIREÇÃO GERAL ANDREA ANDREUCCI 119
DESIGN GRÁFICO MIRLA FERNANDES REVISÃO DE TEXTO
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