design para interiores técnica com emoção guia prático
mirtes birer koch
guia prรกtico projetos para
cozinhas home theaters e closets
mirtes birer koch ago|2013
Agradeço aos meus filhos Klaus, Otto e Irena, ao meu marido Pedro e minha mãe Maria, pelo recíproco respeito à leitura e a escrita.
ÂŤThe truth is that writing is the profound pleasure and being read the superficial.Âť Virginia Woolf, 1953
índice dos capítulos índice índice fotos, figuras, tabelas, quadros, plantas e elevações apresentação
o que influencia o design de interiores contemporâneo 01 aspectos materiais e imateriais 01 mercado 02 usuário 03 história e memória: identidade e felicidade 04
Inspiração para a percepção 04 tributos sensórios e atributos técnicos 08 design verde 09
CAPÍTULO I planejamento para o design de interiores 11 criação 11 atribuições do designer de interiores 12 as atividades práticas 13 processo de projeto 14 regras, normas e legislação 20 planejamento e percepção 21 elementos objetivos do ambiente levantamento físico 21 elementos objetivos do ambiente - questões funcionais 23 elementos subjetivos do ambiente comportamento 23
processo de execução da obra 26 documentação 26 conclusão do capítulo 28
CAPÍTULO II usabilidade e conforto 29 antropometria 29 ergonomia e ambiente de trabalho 30 medidas do ser humano pessoas para padrão de projeto 31 conforto ambiental 32 conforto higrotérmico 33 em clima quente e seco 34 em clima quente e úmido 35 em clima temperado 36 conforto acústico 36 conforto luminoso 38 luz natural 38 luz artificial 39 luz e percepção 39 normas 39
CAPÍTULO III desenvolvimento do projeto de design de interiores representação 41 cozinha 41 levantamento de dados 41 objeto de estudo 43 análise de conforto 44 análise antropométrica 46 produtos da etapa e compatibilização 49 bases,paginação, marcenaria, luminotécnico, eletrotécnico, hidráulica, forro de gesso, cores home theater 64 levantamento de dados 64 objeto de estudo 65 análise de conforto 65 análise antropométrica 67 conforto visual 68 conforto acústico 70 produtos da etapa e compatibilização 72 forro de gesso, luminotécnico, eletrotécnico, paginação de piso
closet 79 levantamento de dados 80 objeto de estudo 81 análise de conforto 81 análise antropométrica 82 luminotécnico 85
CAPÍTULO IV sistemas especiais 86 tipos de madeira: história, contexto e aplicação 86 MDF 87 MDP 87 Aglomerado 88 Compensado, sarrafeado e laminado 89 OSB 90 tipos de ferragem e aplicação 92 paredes de Drywall 94 ar condicionado 96 domótica 97 cadernos de projeto 100 conclusão 101 sobre a autora 102 referência bibliográfica 103
índice fotos, figuras, tabelas, quadros, plantas e elevações Fotos 1 2 3 Projeto de arquitetura sustentável 10 Fotos 4 5 6 7 8 A sequência de fotos de maquete posicionada conforme norte magnético, ilustra o percurso do sol no interior da casa em diferentes horários do dia 42 Fotos 9 10 Fotos cozinha 62 Fotos 11 12 13 Maquete 3D 78 Fotos 14 a 18 Tipos de madeiras industrializadas 91 Fotos 19 a 28 Puxadores, corrediças telescópicas e dobradiças 93 Fotos 29 e 30 cadernos de projeto com detalhamento para execução 100 Gráfico 1 áreas que atendem a automação residencial 98 Figura 1 Sistematização do processo de relação homem X ambiente 21 Figura 2 Medidas antropométricas baseadas na estatura média dos brasileiros 46 Figura 3 Modelos de cozinhas com layout conforme a regra do work triangle 47 Figura 4 Estudos à mão para distribuição dos armários e equipamentos na cozinha e lavanderia 49 Figura 5 Estudos à mão para distribuição dos armários e divisões internas 81
Tabela 1 Tabela adaptada para organização do
Processo de Projeto de Design de Interiores 16 Tabela 2 Referencial normativo para a sustentabilidade nos projetos 18 Tabela 3 Referencial normativo para a qualidade nos processos 19 Tabela 4 Elementos objetivos do ambiente Levantamento físico 22 Tabela 5 Elementos objetivos Questões funcionais - Entrevista 24 Tabela 6 Elementos subjetivos Comportamento - Análise dos espaços 25 Tabela 7 Processo de execução de obra 27 Tabela 8 Medidas de ser humano atributos médios de homens e mulheres brasileiros 31 Tabela 9 e 10 Coeficientes de reflexão de materiais e cores 40 Tabela 11 Fatores de interferência 54 Tabela 12 Legenda luminárias, tipos e quantidades 55 Tabela 13 A distância entre o sofá e ao televisor como parâmetro para definir polegada da tela 68 Tabela 14 Sistemas de home theaters 70 Tabela 15 Legenda luminárias, tipos e quantidades 74 Tabela 16 Legenda luminárias 85 Tabela 17 Madeiras industrializadas tipos e aplicações 90 Tabela 18 Referenciais para definição de potência (BTUs) de ar condicionado
Quadro 1 Materiais e seus atributos sensórios e técnicos 08 Quadro 2 Processo de projeto 26
PLANTA 1 Estudo da projeção do sol para estratégias de insolação e iluminação 43 PLANTA 2 Definição da localização do mobiliário e de equipamentos (fogão, geladeira e pia) 44 PLANTA 3 Paginação de piso com bases de alvenaria 50 PLANTA 4 Bancadas de silestone 51 PLANTA 5 Planta baixa - layout 52 PLANTA 6 Luminotécnico 54 PLANTA 7 Eletrotécnico 56 PLANTA 8 Pontos elétricos 57 PLANTA 9 Pontos hidráulicos 59 PLANTA 10 Forro de gesso 60 PLANTA 11 Estudos de insolação 66 PLANTA 12 Layout 67 PLANTA 13 Disposição do Sistema 5.1 e zonas absorventes e reflexivas 71 PLANTA 14 Projeto Luminotécnico 73 PLANTA 15 Projeto Eletrotécnico 75 PLANTA 16 Pontos elétricos 76 PLANTA 17 Paginação de piso 77 PLANTA 18 Projeto luminotécnico 85
ELEVAÇÕES 1 Conjunto de elevações do projeto de cozinha 53 ELEVAÇÕES 2 Revestimento paredes 61 ELEVAÇÕES 3 Soluções acústicas e térmicas 73 ELEVAÇÃO 4 Divisões internas medidas antropométricas 83 ELEVAÇÕES 5 Conjunto de elevações do projeto do closet 84
Todas as imagens © Mirtes Birer Koch
apresentação
apresentação Há 20 anos, a decoração de interiores _como era designada_, estava cerceada por um escopo nos limites do acessório. Com o tempo a área se alargou e apropriou sistemas como luminotécnico e automação, incorporando tecnologia e complexidade aos projetos de design de interiores. O novo conteúdo trouxe importantes transformações no processo de projeto, ampliou os domínios do designer e consequentemente, suas responsabilidades. Se antes o decorador finalizava a obra, hoje o designer está presente desde o início do processo de projeto e sob o seu olhar são compatibilizados os produtos de todos os especialistas envolvidos. Isso implica no conhecimento de leis, normas técnicas e regras vigentes, na constante atualização de novos materiais e métodos de execução e no domínio dos conteúdos dos demais sistemas que se sobrepõem ao projeto de design de interiores. A abrangência das especialidades exige também, a adesão de métodos e técnicas para a gestão do processo de projeto, para que os afazeres práticos (desenhos, cronogramas etc) e burocráticos (documentação, entrevistas etc) de todos os profissionais, sejam cumpridos dentro dos prazos estabelecidos e principalmente, que o produto resultante atenda as expectativas do seu usuário. A normalização dos processos resulta em produtos precisos e de alta qualidade, mas que carecem de algo pessoal e único, que emocione e surpreenda o seu usuário. Mas, como contemplar os projetos contemporâneos com técnica, sem perder a emoção? A gestão metodológica e a frieza de processos técnicos não impedem a adesão de ferramentas para humanizar e personalizar seus produtos. A arquitetura e por extensão o design de interiores, sempre aproximou e incorporou vários métodos científicos e experimentais para harmonizar o homem em seu espaço. Desde a geometria sagrada, conceito postulado na antiga Grécia que relaciona proporção e forma, passando pela abordagem fenomenológica do genius loci para definir o caráter e a interação entre lugar e identidade, os profissionais buscam transcender os limites da compreensão
apresentação
técnica do espaço. Nos últimos anos, os profissionais de design de interiores aderiram a diferentes métodos para “ligar” o homem ao seu pedaço, tornando seus espaços mais saudáveis e felizes. Entre os mais conhecidos o feng shui que é uma corrente do pensamento chinês que estuda as influências magnéticas do espaço da construção. Também a Geobiologia, que estuda a interação entre a terra (geo) e a vida (bio), e na mesma linha a Arte Zahorí, que detecta as interferências presentes nas formas dos ambientes. Todos esses métodos são aplicados quando da organização espacial, distribuição de móveis e definição de cores e alguns requerem a adesão de determinados objetos. Porém, todos tem o mesmo objetivo de neutralizar energias negativas e aproveitar as energias potencialmente boas do lugar. Outros métodos mais científicos estudam a relação dos espaços construídos e seus usuários, analisando como o indivíduo recebe, processa e reage às informações visuais e táteis. Diferentes áreas da saúde, da publicidade e do design estudam a percepção ambiental e cada qual na sua linha, propõe medidas para maior segurança, satisfação e conforto dos usuários. O estudo das cores, por exemplo, ganhou força a partir do século XIX, quando filósofos e escritores desenvolveram a psicodinâmica das cores, que relaciona o emprego da cor com as respostas neurofisiológicas do observador. Atualmente esses estudos embasam a aplicação das cores nas estratégias de marketing e no design de interiores, quando o emprego da cor é pelo seu efeito terapêutico. Também na linha de estudos que consideram a interação homemambiente, a psicologia ambiental propõe métodos para analise e diagnóstico de espaços construídos. O usuário, que é o centro do projeto, terá suas reações cognitivas, fisiológicas e psicológicas mapeadas frente aos estímulos sensoriais do espaço e a resultante subsidiará adequações ou a retroalimentação de novos projetos. Cada área que estuda as relações do homem com seu espaço físico, geográfico, cultural e social, propõe instrumentos para melhorar esse
apresentação
convívio. Cabe ao designer de interiores, incorporar as diretrizes mais relevantes dentro do seu processo de projeto, para preencher espaços tecnológicos e frios de saúde e felicidade.
Para quem se destina? A proposta para este guia surgiu durante a minha pesquisa para dissertação de mestrado em design e arquitetura, quando utilizei as bases da psicologia ambiental para avaliar os espaços públicos e seus frequentadores. Com objetivo de atar os laços entre espaço-usuário e para prover proteção e cuidado ao patrimônio cultural e natural através do resgate da identidade local, organizei metodologicamente ferramentas para incorporar as necessidades e expectativas sensoriais dos usuários no processo de re-criação de espaços. Mais tarde, extrapolei esses estudos para o design de interiores, onde já trabalhava com o conceito de forma intuitiva. No preparo das aulas de design de interiores, aprofundei as pesquisas e adaptei métodos e técnicas para inserir a psicologia ambiental ou a percepção do usuário no processo de projeto. No dia-a-dia da profissão, apliquei e ajustei as ferramentas propostas. Esse volume é um registro do material produzido para as aulas e percorre alguns temas do design de interiores através de pequenos projetos executados, descritos com seus métodos e técnicas. Com olhar sistêmico e pouco aprofundado é especialmente útil aos aspirantes a arquitetos e designers de interiores (estudantes e graduandos), e aos interessados no assunto.
Mirtes Birer Koch Rio de Janeiro, 2013
o que influencia... aspectos materiais e imateriais
o que influencia o
novas necessidades, hábitos sociais e
design de interiores
costumes. Como resultante visual,
contemporâneo
tem-se aquilo que é tratado como
aspectos materiais e
“estilo”.
imateriais O design de interiores pode
Os estilos são adaptações anatômicas e estéticas dos
ser definido como um conjunto de
movimentos sociais, culturais,
técnicas e conhecimentos que
econômicos, religiosos e tecnológicos
permitem planejar e organizar
de uma sociedade. Isso equivale
espaços incorporando conforto,
dizer que os estilos surgem para
beleza e criatividade na solução dos
suprimir necessidades que emergem
problemas.
do cotidiano das pessoas, seja pela
É uma área do
funcionalidade, simbolismo ou
conhecimento que aborda questões
estética. Com o tempo, essa
estéticas, sociais, tecnológicas e
miscelânea criada por regionalistas,
culturais. Mas, no atendimento das
vanguardistas e outras frentes
particularidades de cada projeto
criadoras se combinam umas as
tangenciará com conteúdos mais
outras e se encadeiam
simbólicos que envolvem as áreas da
progressivamente e historicamente
psicologia e da religião. Ainda, para
no acervo cultural de cada lugar.
a organização do processo de projeto
Um estilo não vem em
e da execução da obra, prescindirá
substituição ao anterior,
do desdobramento de aspectos
simplesmente. Vários convivem ao
gerenciais, estratégicos e
mesmo tempo, adaptados ao micro
operacionais.
universo ao qual estão inseridos e
O design de interiores não
ainda, alguns ultrapassam suas
se realiza apenas de conhecimento
fronteiras tornando-se símbolos da
específico nos limites estreitos da
transculturação da aldeia global.
decoração. Ele conversa com muitas
Alguns estilos se antecipam ao seu
outras áreas é influenciado e
tempo, antevendo formas, materiais
também influenciará consolidando
e usos até então impensados. De tão
01
o que influencia... mercado
Para o bom design é preciso equacionar técnica (para aplicação de materiais, tecnologia etc) e emoção. O usuário é fonte inesgotável e valiosa de inspiração, sem o qual a indústria não cria novos produtos, materiais e tecnologias para a arquitetura e o design de interiores. simbólicos, permanecem como
e se expandiram para as áreas das
ícones atravessando fronteiras e
artes decorativas, escultura, moda,
tempo.
publicidade e arquitetura. Hoje a mercado
ilusão ainda persiste em obras
Historicamente, o design
miméticas, mas a possibilidade de
consolidou-se mais fortemente a
criar espaços estimulantes está
partir do século XVI com as
principalmente, na aplicação de
manufaturas reais na Europa. A
tecnologia e de novos materiais.
produção de tecidos, objetos de
Contudo, apesar da
cerâmica e de mobiliário
tecnologia e da imensa oferta de
referenciavam o poder da corte e
materiais o design de interiores visto
seus costumes. Através da
nos últimos anos apresenta-se
identidade local, as estratégias para
homogêneo, com poucas variáveis
aproximar o produto do seu
visuais, mantendo-se reticente aos
consumidor continham apelos
pluralismos. Essa linguagem
sentimentais (paisagens locais e
marcadamente impessoal tem
regionais) ou da modernidade
aplicação em áreas mais comerciais
anunciada¹.
como no mercado imobiliário
O fascínio do homem pela
(unidades decoradas de
ilusão, no entanto, tem registros
lançamentos), em mostras
históricos desde o século 5 a.C.,
comerciais de arquitetura, design de
quando em competições, os artistas
interiores e mobiliário e no showroom
imitavam a natureza confundindo a
de lojas de móveis, entre outros usos
seus expectadores com suas obras
que transformaram o modelo em
miméticas. A partir da Renascença as
modismo ou tendência.
1 CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. São Paulo:
técnicas foram ampliadas, evoluíram
Falta ao modelo-tendência,
Ed. Blucher, 2008
02
o que influencia... usuário | inspiração para a percepção
o usuário e sua história,
inspiração para a
reminiscências e emoções. Falta
percepção
iconografia.
Para definir a «fonte de inspiração» dentre tantos materiais
usuário
disponíveis, é preciso entender como
Sempre que o designer de
o usuário sente e percebe os
interiores intenciona aproximar o
estímulos sensoriais recebidos.
resultado final do projeto à
Através da percepção, o indivíduo
expectativa do cliente, a percepção
organiza e interpreta as suas
do usuário é considerada. Tudo que
impressões sensoriais para atribuir
é visto e tocado provoca uma
significado ao seu meio. De modo
sensação e uma resposta. Então, a
simplificado, a percepção consiste na
percepção (resposta) que é uma
aquisição, interpretação, seleção e
atividade mental inerente, em
organização das informações obtidas
alguma medida está presente em
pelos sentidos.
todos os projetos. Mas, interpretar algo que
O conceito de percepção estuda as energias do ambiente
passa pela subjetividade é
(estímulos) que atuam nos órgãos
desafiador e vai além de entender a
sensores de um indivíduo: olhos,
necessidade física e funcional de
ouvidos, nariz, língua, pele,
uma pessoa. Também, não se trata
músculos e em seu sistema nervoso
de vasculhar intimidades para
central. Bartley (apud Eysenk e
descobrir emoções inauditas e
Keane,1990), definiu percepção
sonhos inconfessos. As sensações
como “reação discriminatória
“Importante não é ver o
devem ser planejadas, tomando
imediata do organismo para os
que ninguém nunca viu,
como princípio resgatar a cultura, os
órgãos sensoriais ativadores de
costumes e a tradição.
energia”, onde “discriminar é
Reminiscências individuais, que
escolher uma reação em que as
serão resgatadas pelo designer e
condições contextuais têm o papel
devolvidas às rotinas familiares no
decisivo”.
convívio com seu espaço.
mas sim, pensar o que ninguém nunca pensou sobre algo que todo mundo vê.“ (Schopenhauer)
“O conceito de estética provêm da palavra grega «Aisthesis» e significa percepção sensorial.” (LÖBACH, 2001)
03
inspiração para a percepção | história e memória: identidade e felicidade
Nos ambientes, a percepção está ligada ao resultado visual que
influenciar no comportamento.² E nesse sentido, os estudos
será processado pelo usuário. Toda
da relação ambiente X
ação formal ou funcional em um
comportamento envolvem outras
ambiente está relacionada a uma
áreas, como o conforto visual,
resposta perceptiva. Quando se
acústico, térmico, antropometria e o
propõe um projeto, deve-se
luminotécnico.
considerar a interface do olhar e dos
Então, como incorporar ao
demais sentidos que atuam para
projeto sensações e reações positivas
compreensão do espaço envoltório.
que reflitam na qualidade de vida
Para Ferrara (1986), a relação interpretante está
das pessoas? A percepção é um tema
relacionada com a elaboração de um
recorrente em diferentes áreas do
juízo perceptivo do observador,
conhecimento. Na área de
quando este constrói sobre
arquitetura e design de interiores, a
determinado objeto uma
percepção ambiental possui papel
interpretação e utiliza como
preponderante na comunicação do
parâmetro a experiência
espaço construído. Pois, as imagens
armazenada. Já Lynch (1988) divide
resultantes de um projeto de design
as imagens da cidade entre as de
de interiores, trazem elementos
topo e de base. Em sua análise, que
estimulantes que provocam o
em menor escala reflete o espaço
usuário. Provocações que podem
interior, as imagens dos volumes
causar emoções positivas ou
maiores ou de topo são marcos
negativas, quando mal planejadas.
“As pessoas ficam perturbadas não pelas coisas, mas pela imagem
visuais, enquanto que as de base normatizam o uso do espaço livre e
história e memória:
impõem aos usuários códigos de
identidade e felicidade
postura. Derivações isoladas, todos
Incorporar estímulos
concordam que o ambiente é local
visuais para provocar sensações
de intensa troca sensorial, com
positivas nos usuários dos espaços, é
potencial capacidade para
transformar a história dos ocupantes
que formam delas.” (Epictetus)
2 KOCH, Mirtes B. Parques Urbanos Sul-americanos: Imaginação e Imaginabilidade. (Dissertação mestrado, FAU USP), 2009
04
história e memória: identidade e felicidade
em informações tátil e visual. O usuário é a principal
coletiva. A primeira se refere ao indivíduo. São as coisas que
matéria prima do projeto e é preciso
pertencem ao seu acervo pessoal,
estabelecer um canal de
frutos da sua história de vida. Já a
comunicação para que ele abasteça o
fonte coletiva, apresenta elementos
processo com informações que sejam
que são estimulantes a um maior
relevantes. É recorrente, em
número de pessoas.
qualquer projeto, que os usuários
A percepção pessoal é mais
tenham preferências, desejos e
complexa e tomando como exemplo
necessidades e queiram vê-las
uma experiência vivida em um
contempladas nos espaços. Desse
projeto executado, que será
modo, o usuário tem expectativa de
apresentado nesse livro, pode-se
ser a principal fonte de informação.
exemplifica-la do seguinte modo.
Estabelecido o canal com o cliente,
Um cliente tinha da infância, um
as informações mais relevantes serão
forte apego a imagem da avó e
consideradas e transformadas em
lembrava especialmente, do doce de
estímulo visual ou tátil. Mas,
leite que ela fazia, do cheiro e da cor.
transformar lembranças e memórias
Por motivos óbvios, não queria ver a
genuínas em informação espacial,
parede da cozinha pintada na cor do
através de elementos simbólicos, é
doce, mas aprovou ter um lugar
uma das portas que se pode abrir.
especial para expor o livro de
Existe também a opção de
receitas que pertencera à avó. Nesse
incorporar materiais com
caso, a lembrança foi resgatada
características marcadamente
através de um signo referencial que
sensórias, para promover sensações
tem conexão direta com a situação e
que são comuns a qualquer usuário
que faz emergir a lembrança da avó,
(ver p 08).
do doce e da infância. Qual a
Para facilitar o
conexão que a parede pintada na cor
entendimento, convém pensar que
do doce teria? Dentro de outro
as sensações podem ser originárias
contexto a parede na tal cor não
de duas fontes: uma pessoal e uma
remeteria a mais nada, além da
05
história e memória: identidade e felicidade
própria mensagem que a cor
elástico, contribui para o
incorpora aos ambientes.
desenvolvimento da personalidade e
A criatividade é a ferramenta principal para resolver
conduta dos indivíduos. A identidade, portanto, se
com eficiência todas as pequenas
socializa e se molda dentro de um
reminiscências que remontam a
processo dinâmico e contínuo, onde
história e que irão determinar a
as pessoas influenciam e são
identidade do projeto. As
influenciadas e sob esse aspecto, é
reminiscências são retalhos de um
que atuam os projetos sem
tecido precioso tramado no dia-a-dia
identidade.
e guardado na memória, com
"Só nos consideramos
cuidado e zelo. Requer ser mantido
afortunados quando temos tanto ou mais
por perto e cultuado, porque faz
do que as pessoas com quem crescemos,
parte da história e é uma peça
trabalhamos, que temos por amigos e
fundamental da identidade. A
com quem nos identificamos na esfera
história é um conjunto de todos os
pública. Se formos obrigados a viver
retalhos, que unem em uma única
num casebre frio e insalubre, subjugados
trama a família, a origem, a cultura,
à ordem rígida de um aristocrata, senhor
a rua onde nasceu, a vizinhança, os
de um grande castelo bem aquecido, e no
amigos da infância e da juventude.
entanto verificarmos que os nosso iguais
Já a identidade de uma pessoa é o
vivem nas mesmas condições que nós,
registro de todas as tramas, cores,
então a nossa condição parecer-nos-á
texturas e estampas. É a marca
normal; lamentável, é certo, mas estará
indelével que o tempo e os
longe de ser solo fértil para o sentimento
acontecimentos vão impregnando na
de inveja. Já se tivermos uma casa
imagem que se tem de si e dos
agradável e um emprego confortável,
outros. Para Kruger (1986), «... é a
mas cometermos a imprudência de
consciência que cada um tem de si» e
comparecer numa reunião de ex-colegas
será essa percepção que o permitirá
de escola e viermos a saber que alguns
diferenciar-se dos demais. Ainda,
dos nosso velhos amigos (não existe
este sistema perceptório, que é
grupo de referência mais poderoso) estão
“A arquitetura não nos proporciona apenas refúgio físico, mas também psicológico.» (BOTTON A., 2007)
06
história e memória: identidade e felicidade
a viver em casas maiores do que as
referência exercem grande influência
nossas, adquiridas com os proventos de
nas decisões de projeto, tornando as
empregos mais cativantes, é bem
concepções padronizadas aceitáveis.
provável que voltemos para casa a alimentar um desagradável sentimento
Mas, se o que diferencia os
de infortúnio. É essa sensação de que
membros de um grupo é a história
poderíamos ser outra coisa que não
de cada um, porque não nos
aquilo que somos - uma sensação
servirmos dessa matéria única _a
transmitida pelos feitos superiores
história_, para um novo projeto?
daqueles que tomamos por nossos iguais - que gera um sentimento de ansiedade e ressentimento” (Botton A., 2005) No texto de BOTTON
«A criação de algo novo é consumado pelo intelecto, mas despertado pelo instinto de uma
(2005), ele expõe com clareza que as
necessidade pessoal. A mente criativa
pessoas se moldam aos demais,
age sobre algo que ela ama.» Carl Jung
muito embora prefiram viver ou aparentar viver, de modo superior. A identidade confere ao indivíduo unidade e personalidade, mas no convívio com seus pares, enquanto ator social, ela atua sobre o sentimento de pertencimento ao grupo. Com base nessas informações, torna-se compreensível a aceitação por projetos padronizados pela tendência do momento, por ambientes similares ao show room de lojas e de empreendimentos imobiliários. As comparações com os grupos de
07
atributos sensórios e técnicos
atributos sensórios e
relacionado diretamente com seus
atributos técnicos
atributos técnicos.³
A percepção do usuário
O metal, por exemplo, é frio
está relacionada também aos
ao toque porque dissipa o calor do
atributos sensórios de cada material.
dedo rapidamente. Isso acontece
Então, na delimitação dos espaços e
porque o metal apresenta boa
na escolha dos materiais, tecnologias
condutividade térmica, enquanto o
e equipamentos prevalecerá a
contrário acontece com materiais
expectativa sensorial do cliente.
percebidos como quentes ao toque.
Um material tem atributos
Esses atributos interessam
e associações percebidas que
ao designer de interiores, porque
conferem personalidade _ou não_,
cada material deve ser
quando combinados em um
adequadamente utilizado em acordo
produto.
com o caráter do ambiente, o clima e Manzini (apud ASHBY,
a cultura do lugar e principalmente,
2011) ilustra como a combinação de
com o usuário. Logo, revestir piso de
material e forma é usada para obter
dormitório com um material frio,
atributos de produtos e respostas
como a cerâmica, ao tato não será a
humanas específicas. Cada material
melhor escolha para uma casa na
tem um atributo estético que está
montanha, onde o mais comum é o
Quadro 1 Materiais e seus atributos sensórios e técnicos
3 ASHBY, M.F. Materiais e Design: Arte e ciência da seleção de materiais no design de produto. Rio de Janeiro:
Quadro 1
Elsevier, 2011
08
design verde
piso de madeira. Mas, um
desde a criação do projeto com
revestimento de cimento polimérico
diretrizes formais e espaciais que
poderá ser uma opção interessante e
consagrem o aproveitamento da luz
surpreendente.
solar, do regime de ventos, das
A escolha dos materiais
águas da chuva e reuso de materiais,
portanto, é uma tarefa complexa e
além do uso racional da energia
técnica e baseada nos processos e
elétrica e da água tratada. Também
materiais que melhor satisfaçam às
inclui um rigoroso planejamento e
condicionantes climáticas e
acompanhamento das etapas do
requisitos sensórios. Será
processo construtivo de modo a
equacionada ainda, por fatores
minimizar o impacto ambiental
econômicos e por aspectos ligados à
advindo da nova edificação que uma
sustentabilidade e tecnologia. O
vez implantado, deverá incorporar
designer enfim, deve apresentar
outras ações, como coleta seletiva do
soluções criativas que satisfaçam
lixo, destinação para reciclagem,
todos os aspectos apresentados.
entre outras boas práticas cotidianas. No design de interiores, a escolha dos materiais, objetos e
design verde
equipamentos deve ser pautada
A sustentabilidade na
pelos selos e certificações que
arquitetura e no design economiza
atestem a qualidade e
recursos naturais _item desejado
sustentabilidade dos produtos.
quando da aplicação do conceito_,
Enfim, os limites serão estabelecidos
mas também produz ambientes
pelas condicionantes e devem ser
inspiradores que provocam a
aceitas pelos usuários do espaço,
reflexão sobre a temática ambiental e
como também devem ser pertinentes
reverberam atitudes sustentáveis.
as atividades que ali serão
Por finalidade, a arquitetura sustentável ou verde
desenvolvidas. Mas, todo projeto que
deve gerar um menor dispêndio
admite um programa sustentável,
ambiental. Sua abordagem envolve
minimiza o impacto ambiental e
“Você precisa ir além da usabilidade para um design ótimo. Ele também precisa ser desejável”. (BRUNNER, 2012)
09
design verde fotos 1 2 3
promove sensações positivas que
espaços generosos e permitir o
refletem na qualidade de vida dos
convívio pleno dos usuários.
usuários, corroborando para uma postura igualmente sustentável. É necessário que as
4. Paisagismo voltado para conforto e compensação ambiental = plantas perfumadas próximas às
soluções sejam eficientes do ponto
aberturas (portas e janelas),
de vista do conforto, que os
valorizam, refrescam e perfumam os
ambientes sejam bem iluminados,
ambientes.
com controle da temperatura e da insolação direta, para a satisfação fisiológica do usuário. Dentro de uma abordagem perceptiva, as soluções devem contemplar cada premissa sustentável com uma manifestação sensorial correspondente. Algumas possibilidades: 1. Grandes aberturas com panos de vidros para aproveitamento da luz natural = jogo de luz e sombra, ambientes que registram as horas e tonalidades do dia e dialogam com a área verde existente.
A transparência do brise R Hunter Douglas e dos panos de vidro, amplia os espaços e convida a natureza para entrar, altera o humor das cores dos objetos na passagem das horas e mantêm o ambiente dinâmico
2. Espaços fluídos (poucas paredes), encampando vários ambientes coletivos para promover maior aproveitamento da luz natural. 3. Pintura com tinta branca para refletir a luz natural entre os Fotos 1 2 3
Fotos 1 2 3 Projeto de arquitetura sustentável, autoria Mirtes B. Koch, SP, 2010
10
capítulo I planejamento para o design de interiores | criação e atribuições
CAPÍTULO I
As principais diretrizes
planejamento para o
norteadoras do processo de projeto
design de interiores
foram geradas à partir de métodos
criação
utilizados em planejamento, como o
Para projetar não basta
PMBOOK (Project Management
criatividade, é necessário a adoção de métodos e técnicas que
Book). Para organizar o processo
organizem o passo-a-passo do
de projeto é preciso conhecer cada
projeto. A criação guiada
etapa e as atividades criativas e
unicamente pela intuição, pode
burocráticas que serão
encontrar soluções irrealizáveis ou
desenvolvidas. Também, determinar
superficiais.4
o tempo de execução e seus autores.
A criatividade é vista como
Enfim, fazer a gestão do processo,
elemento essencial no
que em hipótese alguma, deve se
desenvolvimento de um projeto de
realizar sem a devida organização e
qualidade, mas as grandes idéias
acompanhamento.
ocorrem especialmente em pessoas
Na lista fornecida à seguir,
que tenham domínio de métodos e
estão delimitadas as atividades de
técnicas para organizar o ambiente
um projeto arquitetônico mais
criativo e seus processos. Inclusive,
complexo em sua totalidade, com as
alguns autores defendem que o
atribuições do designer de interiores
excesso de liberdade pode inibir a
destacadas. Evidentemente, nenhum
criatividade (Angier, 1999).
profissional trabalha sozinho e todas
O desenvolvimento de
“Virtualmente qualquer obstáculo emocional no caminho do cliente pode ser ampliado em uma mudança perceptiva negativa sobre sua empresa e seus projetos.” (BRUNNER, 2012)
as partes devem ser organizadas em
métodos para organização do
torno de um único cronograma. Isso
processo de projeto descreve cada
facilita o andamento e a
etapa e suas atividades e conteúdos,
sobreposição das partes, evita
considerando que a criatividade
conflitos e facilita a
pode ser conduzida, como uma
compatibilização.
ferramenta de projeto. 4 MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2008
11
capítulo I atribuições do designer de interiores
atribuições do designer de interiores As atribuições do designer de interiores se sobrepõem a de outros profissionais. No sentido de evidencia-las dentro de um processo de projeto, as atividades apresentam-se destacadas e sublinhadas. 1.
Levantamento Topográfico
2.
Sondagem
3.
Projeto hidro-sanitário a.
hidráulico
b.
esgoto
c.
águas pluviais
Definição de pontos hidráulicos nas cozinhas e banheiros e em áreas de lazer. 4.
5.
Projeto Superestrutura e Infraestrutura a.
Corte (aterro, desaterro ou movimento)
b.
Perfuração
c.
Fundação
d.
Formas, etc.
Projeto Luminotécnico Definição dos pontos de luminárias, arandelas, postes, etc.
(Especificação de materiais e acessórios elétricos e de acabamento, quantidades, tipos etc) 6.
Projeto elétrico a.
QGBT (Quadro geral de baixa tensão);
b.
GMG (Geradores de energia);
c.
Cabine primária; POP; shafts
Definição do local de instalação dos quadros de energia; 7.
Projeto de climatização (Ar Condicionado) a.
Máquinas (Schiler a ar ou água)
b.
Condensadoras
Definição do local de instalação dos equipamentos (de ar e condensadoras) e em espaços pequenos o cálculo de BTU´s, tipo, quantidade
12
capítulo I atribuições e atividades do designer de interiores
de equipamentos etc) 8.
9.
Projeto Bombeiro a.
Hidrantes (com isométrico)
b.
Reservatórios
c.
Iluminação de emergência
d.
Detecção (de calor e de fumaça)
e.
Materiais, portas (PCF), etc
f.
Sinalização de emergência
g.
Sprinkler
Projeto de sinalização Definição da arte final, dos tipos (placas diretivas, de atenção, totens,
guias etc), dos locais que serão sinalizados, dos materiais, quantidades etc. 10. Projeto de domótica (automação de equipamentos) Definição dos locais que serão automatizados (Home-theater, homecare, segurança, iluminação geral etc). 11. CFTV (Circuito Fechado de TV) Localização dos pontos para monitores e centrais de controle. 12. Projeto Paisagístico Definição dos locais que receberão vegetação natural, dos portes e volumes, cores, perfumes e soluções para manutenção, que auxiliem o paisagista. 13. Projeto do mobiliário a. desenho de móveis e objetos b. proposição de tapeçaria, móveis e peças de design, quadros etc.
as atividades práticas
hábitos, necessidades,
a.
desejos, limitações etc)
Entrevista com o cliente (nº de pessoas, idade dos
b.
Medição do imóvel ou
moradores, atividades
planta de projeto
profissionais e de lazer,
arquitetônico
13
capítulo I processo de projeto
c.
d.
Levantamento do acervo
janelas (caixilhos, cor,
cozinha etc)
acabamento, cortinas,
Estudo de circulação
brises, fechamentos etc) k.
Definição de pontos
antropometria
elétricos e hidráulicos,
Distribuição do mobiliário
acabamentos e acessórios
(Layout) f.
Detalhamento das portas e
pessoal (biblioteca, closets,
(fluxos) e Ergonomia e
e.
j.
l.
Demais atribuições
Pré-acabamento
destacadas no itens: 3, 5, 6,
(substratos) de paredes e
7, 9, 10, 11, 12 e 13
pisos (drywall, divisórias,
g.
h.
i.
contra-piso, gesso liso,
processo de projeto
gesso desempenado (sem
Quando da contratação de
taliscas) ou sarrafeado (com
um profissional de design de
taliscas e mestras etc)
interiores, o cliente espera receber
Paginação de piso
um único produto: um ambiente
(definição de rodapé,
perfeito! Mas para a obtenção desse
detalhes, tipos de
objetivo, bom gosto não basta. Para
revestimentos,
confeccionar um projeto de design
quantidades, cores,
de interiores perfeito, que contemple
texturas, ponto de
ambientes com beleza, conforto e
arranque, angulação etc)
segurança, é preciso saber que:
Revestimento de parede
- beleza é um conceito
(tintas, texturas, detalhes,
subjetivo e depende de cada um,
material, altura, rodameios,
portanto é preciso compreender o
papel de parede, tecidos,
usuário e conhecer a imensa oferta
quadros, objetos de
de materiais disponíveis no mercado
decoração, aberturas, etc)
para sugerir os produtos mais
Detalhamento de teto -
adequados;
luminotécnico (rodatetos, rebaixo, sancas e molduras)
- conforto do ponto de vista psicológico, depende de
14
capítulo I processo de projeto
características pessoais e culturais e
cuja sequência e encadeamento com
do ponto de vista fisiológico
os outros especialistas deve ser
depende de fatores climáticos e
planejado com antecedência, para
regionais. Enquanto área da ciência,
que todos executem seus trabalhos
o conforto requer conhecimento
como músicos em uma orquestra:
técnico do regime de ventos, de
em sincronia.
insolação e materiais e métodos para
Existem diferentes métodos
definir aberturas, sugerir ventilação
de organização do processo de
natural ou mecânica, determinar
projeto, sendo que a forma
tecidos, revestimentos e outros
preferencial é o método que
materiais. O conforto também
organiza as etapas dentro de um
envolve áreas como ergonomia e
cronograma que «amarra» todos os
antropometria, para as medidas de
eventos e prazos de execução etc.
conforto dos móveis e acessibilidade. - segurança é um termo
Pode-se optar pela admissão de programas específicos de tecnologia computacional. A
bastante amplo dentro do design de
maioria deles, apresenta uma visão
interiores. A segurança pode ser
geral da situação através de um
pessoal e patrimonial. Pode ser
gráfico de barras, que cruza as
garantida por dispositivos de
informações do cronograma,
segurança (câmeras, alarmes,
insumos para realização e
sensores de calor, sprinklers etc),
especialistas envolvidos e permitem
mas também por fatores que estão
o acompanhamento por toda equipe.
intrinsecamente ligados ao próprio
Carecem da adoção de uma forma
conforto físico e psicológico, como a
eficiente de comunicação, pois todos
ergonomia e a luminotécnica.
irão utilizar a mesma plataforma
Então, é preciso dominar os
para acompanhar o processo e
conteúdos das etapas descritos nas
também para fazer upload de
atribuições do designer (p 12, 13 e
projetos revisados, publicação de
14), e saber que cada atribuição tem
atas de reuniões, atualização de
o momento certo para acontecer,
dados etc. O Processo de Projeto é
15
capítulo I processo de projeto
dividido em quatro etapas, que delimitam atividades e descrevem
MELHADO (1994).5 Também foi considerada a
produtos. A Tabela 1 (p 16) é uma
ABNT NBR 13531:1995 - Elaboração
adaptação da proposta por
de Projetos de Edificações.
Consultar também os manuais de escopo da ASBEA - Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura http://www.asbea.org.br /asbea/assuntos/manuais. asp
Tabela 1 Tabela 1 Tabela adaptada para organização do Processo de Projeto de Design de Interiores
5 MELHADO, S.B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. São Paulo: 1994. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.
16
capítulo I referencial normativo para a sustentabilidade
Faz parte da organização do processo os referenciais normativos para a sustentabilidade e qualidade no projeto de design de interiores. À partir do estudo de autores que se debruçaram sobre o tema e do checklist de certificadoras que atuam no Brasil, Keeler (2010), propõe tabela
Certificadoras: - Green Building Council Brasil (GBC Brasil) http://www.gbcbrasil.org.br - AQUA (Alta Qualidade Ambiental) http://www.vanzolini.org.br
onde apresenta uma lista com os itens que devem ser observados quando da construção de um edifício. A seleção e adoção dos itens sugeridos dependem do escopo de cada projeto e da adesão do cliente.6
6 KEELER, Marian. BURKE, Bill. Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis. Porto Alegre: Bookman, 2010
17
capĂtulo I referencial normativo para a qualidade Tabela 2 Referencial normativo para a sustentabilidade nos projetos. Proposta por Keeler (2010)
Tabela 2
18
capítulo I referencial normativo para a qualidade | regras Tabela 3 Referencial normativo para a qualidade nos processos proposta por MELHADO (1995)
Tabela 3 As tabelas com o conteúdo
executores e prazos para execução.
das etapas do projeto e para
Existem programas
verificação dos requisitos de
computacionais para grandes obras,
qualidade e sustentabilidade (Tab.
como o MS Project MicrosoftR que
1,2 e 3), são as mais importantes,
através de gráficos detecta
mas outras ferramentas como as
atividades em conflito e fora do
tabelas para verificar a expectativa
prazo. Para projetos menos
perceptiva do cliente (à partir da
complexos pode-se criar um
p21), também podem ser utilizadas
cronograma no Excel MicrosoftR.
para o planejamento e gestão do processo. As tabelas podem ser
Em projetos de arquitetura pode-se adotar programas computacionais mais eficientes. O
admitidas integralmente, ou apenas
sistema BIM (Building Information
alguns itens, dependendo da
Modeling) é um conceito aplicado em
envergadura da obra. Nesse caso, é
alguns softwares. como por exemplo
feito um recorte com as fases do
o Revit da Autodesk e ArchiCAD da
projeto e as diretrizes para a
Graphisoft. Esses programas
Gráfico LOB (Line of balance)
qualidade e sustentabilidade
permitem produzir os desenhos em
Gráfico Grantt
consideradas mais pertinentes. Os
2 e 3D e ainda gerenciar os processos
Diagrama PERT | CPM
itens extraídos deverão ser
de projetos. São pouco utilizados em
distribuídos em um cronograma, de
projetos de design de interiores,
modo a elencar as atividades, seus
dado a complexidade de pequenos
Outros Cronogramas:
(Program Evaluation And Reviem Tecnique - Critical Path Method) PDM (Precedence Diagraming Method)
19
capítulo I regras, normas e legislação
detalhes e peças exclusivas. Determinados projetos,
Técnicas regulamentam o mobiliário (mesas e cadeiras etc) e a
geralmente financiados ou de
acessibilidade (corredores, portas de
grandes edifícios, exigem que seja
passagem etc). As NR´s-Normas
apresentado um cronograma físico-
Reguladoras, também da ABNT
financeiro com o orçamento previsto
estabelecem níveis adequados para o
para cada etapa da execução da obra
conforto ambiental (iluminação,
ou ainda itemizado, onde cada item
acústica, umidade etc). O Corpo de
implementado terá seu valor
bombeiros, normatiza a segurança e
contabilizado. Nesse caso, o valor de
a prevenção de sinistros (sinalização,
cada elemento é composto pelo valor
portas corta-fogo, escadas
do material, da mão-de-obra para
pressurizadas, materiais de
aplicação ou montagem do material
acabamentos, revestimentos e
e INSS incidente.
forrações anti-chamas etc).
para comprar e consultar a validade das normas http://www.abntcatalogo. com.br/norma.aspx? ID=4829
Todas as etapas terão um regras, normas e
grupo de normas aplicáveis para
legislação
ajustar ou normalizar os processos.
Para a composição do
Outros documentos devem
projeto de design de um ambiente
ser consultados, de acordo com a
existe uma série de leis, regras e
envergadura da obra e
normas que estabelecem parâmetros
principalmente, quando o autor dos
para conforto e segurança dos
projetos for também arquiteto e este
usuários. Além da legislação
encampar o projeto arquitetônico.
municipal, estadual e federal que
Nesse caso, as legislações
será aplicada na produção do
municipais, estaduais e federais,
projeto arquitetônico, existe um rol
como o Código de Obras do
de leis, normas e regras que devem
Município, regras do Condomínio
ser atendidas na organização interna
onde o imóvel será construído etc,
dos espaços.
deverão ser consultadas.
As normas da ABNTAssociação Brasileira de Normas
normas brasileiras para ter sempre à mão: ABNT-NBR 16280:2014 Reforma em edificações Sistema de gestão de reformas Requisitos ABNT-NBR 9050:2004 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos ABNT-NBR 15575:2013 Norma de Desempenho ABNT-NBR 5674:1999 Manutenção ABNT-NBR 14037:1998 Manual de Uso, Operação e Manutenção ABNT-NBR 15526:2007 Rede de distribuição para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais - Proj. e execução ABNT-NBR 15215:2003 Iluminação natural – Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos NR 17 - Ergonomia
20
capítulo I planejamento e percepção
O estudo da percepção no design de interiores, nasce da necessidade de incorporar ao projeto, elementos que provoquem sensações e reações positivas, que reflitam na qualidade de vida das pessoas. planejamento e percepção No planejamento do projeto de design de interiores durante a etapa inicial descrita como «Idealização do Produto - Definições Preliminares e Programa de Necessidades» (ver Tabela 1), será determinado, à partir do levantamento dos problemas que devem ser solucionados, as diretrizes para delimitação dos espaços e suas funções. Esse primeiro diagnóstico encaminhará a definição dos materiais, tecnologias e equipamentos norteados por aspectos práticos e mensuráveis (econômicos, técnicos etc). A percepção também contribuirá para a definição de aspectos que a princípio parecem imensuráveis, como a forma do edifício e o design dos móveis e objetos. Com base na sistematização dos processos perceptórios dos usuários desenvolvida por Silva e Ely (2006), à partir dos estudos de Okamoto (2002) e de Vasconcelos (2004), foram criadas tabelas-questionários para serem preenchidas durante a fase inicial. O conjunto de três tabelas, perfazem os
Figura 1 Sistematização do processo de relação homem X ambiente Silva e Ely (2006)
aspectos:
elementos objetivos do ambiente - levantamento físico Tabela 4 Esse levantamento pode ser aplicado em projetos arquitetônicos ou em reformas de obras prontas. No caso de projeto de novo imóvel, a idéia é avaliar o acervo que será reutilizado, como o mobiliário existente, seus usos, cores e texturas, estilo, etc. Os equipamentos eletrodomésticos, utensílios, coleções (livros, vinhos etc), roupas, sapatos etc. Em reformas, a idéia é anotar as características físicas da obra, os componentes paisagísticos e as dimensões dos ambientes, as formas, cores e aberturas etc.
21
capítulo I elementos objetivos e levantamento físico
Objeto:
objetivo: data:
Ambiente - Elementos Objetivos
local:
Levantamento físico
Levantamento Morfo-perceptivo Tipo
Quantidade
Observação
Mobiliário: (Me sas, cade iras, sofás, aparadore s te le fone s, te le visore s e tc)
Componentes paisagísticos: (Jardins, vasos e tc)
Componentes arquitetônicos: (Me dição do imóve l ou ambie nte s que se rão re proje tados)
Tabela 4 Elementos objetivos do ambiente Levantamento físico
Tabela 4
22
capítulo I elementos objetivos e subjetivos
elementos objetivos do ambiente - questões funcionais entrevista Tabela 5 A aproximação do cliente com o projeto no momento da criação, ajudará o designer a compor espaços com mais personalidade. De outra ponta, o cliente terá a percepção da sua identidade resguardada. A adoção dessa ferramenta de levantamento, ajudará a conscientizar o cliente que sua participação na composição dos espaços é mais efetiva e tem implicações para além das decisões práticas. A entrevista cria um diálogo aberto com o usuário e deve ser aprofundada em itens que revelem o uso dos espaços de lazer, descanso, serviços e tecnológicos da casa. Caberá também registrar sobre os esportes preferidos, atividades intelectuais, sociais e culturais e hábitos mais simples da rotina da família. O design de interiores tem uma vida útil entre 5 e 20 anos e planejar espaços longevos, depende do mapeamento da realidade da família no momento da confecção. O projeto personalizado tem potencial para adaptações ao longo do tempo.
elementos subjetivos do ambiente - comportamento análise dos espaços Tabela 6 O levantamento dos elementos subjetivos se refere aos estímulos visuais dos ambientes. Nos ambientes em reformas um objeto significativo em local estratégico, grandes aberturas, uma empena etc. Em novos projetos, a potencialidade do entorno, como uma visada interessante ou uma paisagem permanente, devem ser aproveitadas através de aberturas estratégicas, com vedos de vidro, brises, painéis vazados entre outros. O objetivo é valorizar o desejo do cliente, aproveitando o potencial de cada lugar, através de estímulos visuais (materiais) bem embasados pelas analises de pré-projeto.
23
capítulo I elementos objetivos e questões funcionais
Objeto:
objetivo: data:
Ambiente - Elementos Objetivos
local:
Questões Funcionais | Entrevista
Levantamento Morfo-perceptivo Todos os dias
Esporadicamente
Nunca
Mobiliário
Ve ge tação
Outro
Pouco
Muito
Normal
pre e nche r
pre e nche r
pre e nche r
Qual a fre quê ncia e te mpo de pe rmanê ncia nos ambie nte s da casa?
O que falta a e sse e spaço?
Acha inte re ssante ?
Outras que stõe s? Re ligião Cultura Esporte favorito Laze r, e tc
Tabela 5 Elementos objetivos Questões funcionais Entrevista
Tabela 5
24
capítulo I elementos subjetivos e análise dos espaços
Objeto:
objetivo: data:
Ambiente - Elementos Subjetivos
local:
Comportamento | Entrevista
Levantamento Morfo-perceptivo pre e nche r
pre e nche r
pre e nche r
pre e nche r
pre e nche r
pre e nche r
Qual o compone nte visual mais marcante de sse e spaço?
Outras questões?
Tabela 6 Elementos subjetivos Comportamento Análise dos espaços
Tabela 6
25
capítulo I processo de execução da obra | documentação
processo de execução da obra documentação Os documentos que fazem parte do processo de execução da
Quadro 2
obra, também devem ter seus conteúdos recortados de modo a
usuário
agrupar no cronograma de execução, apenas as atividades e
necessidade requisitos
conteúdos pertinentes ao projeto. O cronograma em questão, pode estar sobreposto ao físicofinanceiro, para que cada etapa
tangíveis
normas regras legislação econômicos etc
tenha seus valores orçados expressos, bem como seus
intangíveis
executores e prazos de realização.
solução | produto
de design de interiores pode
executadas, reformas ou projetos de
processo de projeto
novas construções. Certamente, o melhor momento para o designer iniciar seus trabalhos é no início do
designer
problema
Como já colocado, o projeto
acontecer em obras recém
culturais religiosos ambientais etc
processo de execução
soluções (gestão do processo de projeto, desenhos) cronograma (prazos, executores e custos) orçamento dos materiais e mão-de-obra administração da obra
processo, já que seu projeto irá determinar diretrizes para outras especialidades. A tabela com as fases do processo de execução e seus percentuais de custo, auxilia na montagem do cronograma, onde se estabelecerá os prazos e executores.
Quadro 2 Processo de projeto (autora)
26
capítulo I processo de execução
Os custos por metro quadrado de construção é fornecido mensalmente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de cada Estado, que cumpre o que dispõe na Lei nº. 4.591/64 e está de acordo com o determinado pela Norma NBR - 12721:2006 da ABNT
Tabela 7
Tabela 7 Processo de Execução de Obra - As atividades sublinhadas são atribuições de arquitetos e designers de interiores
27
capítulo I processo de projeto e de execução | conclusão
conclusão do capítulo
entre outros requisitos. Quando se
Um edifício deve permitir
dimensiona a iluminação apenas
aos seus usuários vive-lo intensamente, confortavelmente e longamente, facilitando-lhes fluxos e
pela área (metragem quadrada), exclui-se a qualidade luminosa e a segurança do ambiente. Também a distribuição do
permanências com conforto térmico,
mobiliário pode se valer de um
luminoso e acústico.
espaço entre pilares, de um vão sob
Um projeto arquitetônico deve ser abrangente e contemplar
a escada ou pode suprimir a construção de uma parede inserindo
além dos subsistemas (estruturais,
um móvel em seu lugar. A alocação
hidro-sanitário, eletrotécnico e
correta dos equipamentos elétricos e
luminotécnico, telemática, CFTV,
eletrônicos determinam os pontos
SPDA, ar-condicionado etc), o
elétricos, hidráulicos (entradas e
design de interiores (inclusive
saídas), de gás, telefonia, ar
design de móveis e paisagismo).
condicionado etc, delimitando
Quanto mais alargado e sistêmico
modelos, classes, quantidades.
for o escopo, mais funcional e longevo será o edifício. Todos os projetos devem
Outro caso que explicita a necessidade do projeto de interiores para dimensionamento dos demais
ser conduzidos conjuntamente
complementares é na domótica (casa
_ainda que por diferentes
inteligente), onde o imbricamento
profissionais_, para quando da
dos subsistemas é efetivado pelo uso
compatibilização entre o projeto
da tecnologia.
arquitetônico e seus subsistemas, as
A interface entre todos os
necessidades apontadas pelo projeto
projetos determina a infraestrutura
de interiores sejam contempladas.
necessária ao bom funcionamento
Os vários sistemas
do edifício. Um projeto de
trabalham de modo complementar.
arquitetura não deve ser unicamente
Por exemplo, a disponibilidade de
regimentado por parâmetros legais e
iluminação deve ser dimensionada
normativos, mas pela cultura e
de acordo com as cores do ambiente,
necessidades únicas dos moradores
o mobiliário (suas dimensões e
e usuários e o design de interiores
materialidade), as atividades que
deve incorporar esses aspectos no
serão desenvolvidas e os efeitos
ordenamento e arranjo estético dos
desejados (percepção e ambiência),
ambientes.
28
capítulo II usabilidade e conforto | antropometria
CAPÍTULO II usabilidade e conforto
personalidade, podem resultar em
Conforme exposto, as
físico e psíquico. O capital genético,
um grande esforço para adaptação e redundar em sofrimento cognitivo,
decisões de projeto serão embasadas
a história patológica e os costumes
pelos requisitos tangíveis e
étnicos e culturais pesam no custo
intangíveis (ver Quadro2, p26). Os
pessoal e devem ser considerados na
requisitos tangíveis (normas, regras
concepção de um ambiente.
e legislação) serão selecionados e admitidos de acordo com a
antropometria
envergadura da obra e com o
À medida da evolução dos
resultado das leituras da prospecção
modos de viver, trabalhar e morar e
dos requisitos intangíveis. Para o
da constante atualização dos
mapeamento dos requisitos
espaços, o usuário passou a ser
intangíveis (culturais, religiosos,
observado e considerado como
ambientais etc), serão aplicadas as
centro de decisões. Seu
ferramentas propostas nas Tabelas 4,
comportamento reativo frente aos
5 e 6 (p22, 24 e 25).
componentes formais, visuais e
A resultante do
auditivos do ambiente, ou seja, suas
mapeamento será um conjunto de
medidas de conforto passaram a
diretrizes para as diferentes
embasar estudos que geraram
especialidades do projeto. Por
normas para o desenho do
exemplo, algumas características do
mobiliário, limites de conforto e de
usuário, como idade e biótipo
segurança para o indivíduo.
carecerão de atenção antropométrica
Fatores como a idade,
e luminotécnica, enquanto que a
biótipo e etnia, interferem nos
cultura pode ser ressaltada no
índices ótimos de conforto. Cada
estudo cromático, por exemplo.
indivíduo tem parâmetros próprios
Segundo Christophe Dejours (1992),
que se relacionam com a mobilidade
as frustações resultantes de um local
do corpo e com a visão.
inadequado às necessidades da
29
capítulo II ergonomia e ambiente de trabalho
A antropometria é uma
realização das suas atividades e
área da ciência que utiliza as
rotinas em seus respectivos locais
medidas do corpo humano e dos
(postos), determinará a seleção dos
instrumentos de trabalho, repouso e
móveis, equipamentos e objetos e
lazer para promover saúde física e
prescreverá as diretrizes para os
mental aos usuários. As dimensões
projetos complementares.
antropométricas estão diretamente relacionadas com as medidas e
ergonomia e ambiente de
alcances dos movimentos do corpo
trabalho
humano e as posturas adotadas no
Paralelo aos estudos da
ambiente. O objetivo da analise
antropometria, a ergonomia se ocupa dos ambientes, máquinas e
antropométrica é confeccionar
equipamentos de trabalho. Trata da
móveis e objetos que estejam
prevenção de acidentes com
adequados às características físicas e
sugestões de equipamentos de
pessoais dos usuários, de modo a
segurança, locais adequados para
oferecer a medida de conforto, onde
descanso, higiene e alimentação e
a angulação das articulações será
também delimita a jornada das
neutra. Como exemplo, o punho
categorias e cria mecanismos para a
linear ao braço, sem angulação, para
valorização profissional.
cima ou para baixo, está em posição
A evolução da tecnologia
neutra. Já quando se está sentado, a
impôs maior complexidade nos
posição neutra é com o joelho
componentes cognitivos exigindo
dobrado num ângulo de 90 graus e
mais que esforço físico. Em
os com os pés no chão. O correto
ambientes de alta pressão por
dimensionamento dos móveis e
resultados e de relacionamentos
objetos não agride as articulações,
ásperos, as doenças do trabalho
músculos e tendões dos usuários,
avançam pelo campo da psiquiatria.
promovendo conforto.
Alain Wisner (1994), lembra da
O levantamento das necessidades individuais na
diversidade de reações e tolerâncias dentro de uma mesma população
30
capítulo II ergonomia e trabalho | médias
exposta a um determinado
máquina ao seu operador, para que
problema.
o seu esforço seja pertinente a
Nos projetos de interiores
operacionalidade dos equipamentos,
corporativos (escritórios, bancos etc),
sem esforços extenuantes e com
e de home offices, deve-se
segurança.
considerar as contingências sociais e
As soluções ergonômicas
culturais no campo antropométrico
devem ser planejadas para cada
para intervir ergonomicamente nos
local específico de trabalho,
ambientes e no mobiliário. A
observando as normas (quando
intervenção sobre os ambientes deve
houverem) e averiguando o perfil
se basear nos aspectos físicos,
dos trabalhadores. Os problemas
comportamentais e organizacionais,
físicos e psíquicos decorrentes de
na Análise Ergonômica do Trabalho
um ambiente inadequado, ainda que
(AET) e nas medidas de proteção
doméstico, podem causar limitações
coletiva e individuais
ou mesmo incapacidade de
implementadas, para adaptar a
trabalhar.
atividade ao trabalhador. A avaliação dos postos deve
medidas do ser humano
registrar além dos aspectos
para padrão de projeto
ambientais (barulho, iluminação,
A Tabela 8, é uma
temperatura, umidade etc), também
adaptação da apresentada por
as variáveis fisiológicas do operador.
Ashby (2011), para os padrões
O conceito de Ergonomia se aplica na adaptação de uma
Características Altura quando em pé, m Altura acima do assento quando sentado, m Largura do assento, m Alcance do braço à frente, m Largura do ombro, m Altura dos olhos, em pé, m Massa do corpo, kg Massa da cabeça, kg Tabela 8
europeus e norte americanos em idade produtiva.
Tabela 8 Medidas do ser humano atributos médios de homens e mulheres, brasileiros em idade produtiva, adaptada de Ashby (2011)
Homem (18-40) Mulher (18-40) 1,62 - 1,84 0,80 - 0,92 0,33 - 0,40 0,74 - 0,89 0,40 - 0,48 1,48 - 1,70 60 - 94 1,4 - 1,7
1,54 - 1,76 0,75 - 0,86 0,35 - 0,43 0,56 - 0,70 0,36 - 0,44 1,40 - 1,61 44 - 80 1,25 - 1,6
dados do IBGE: http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/ condicaodevida/pof/2008_2009_ encaa/tabelas_pdf/tab1_1.pdf
31
capítulo II conforto ambiental
conforto ambiental
função de escoar a neve, de modo a
Analisar o clima local e a
não acumular e criar um sobrepeso
arquitetura do edifício é essencial
na cobertura. Em períodos
para entender o substrato do design
ensolarados, o telhado recebe a
de interiores e definir corretamente
principal cota de calor, que será
materiais e equipamentos. A boa
armazenado entre a cobertura e a
arquitetura sem dúvida, é aquela
subcobertura e transferido para os
que considera todas as
demais ambientes deixando a casa
condicionantes locais. Mas, o Brasil é
quentinha. As janelas tipo bay-
pródigo em importar arquiteturas de
windows tem aberturas discretas
climas distintos e alguns modelos
para não escapar calor e as paredes
até permitem adequações físicas,
recebem revestimentos térmicos tipo
mas em alguns casos só o design de
clapboard (pré moldados em
interiores pode resolver os
concreto, madeira, PVC etc). Tudo
problemas de conforto.
para atender uma arquitetura de alta
Para exemplificar, o modelo arquitetônico cujo sótão habitável é um dos principais determinantes formais, tem redesenhado alguns condomínios de alto padrão em São Paulo e principalmente, Rio de Janeiro. É uma solução que permite
inércia. O clima na cidade do Rio de Janeiro tem amplitude térmica relativamente baixa, com verões quentes e úmidos e invernos amenos e com poucas chuvas. Em áreas mais
aproveitamento total do espaço
urbanizadas é comum o efeito "ilha",
construído, o que em tese é bom
com temperaturas acima dos 40°C.
para quem vende e também para
Esse tipo de clima requer
quem compra. Mas, será que esse
construções de média à baixa
tipo de construção é o mais adequado para regiões quentes como o Rio de Janeiro? O telhado alto, com
inércia, ou seja, que tenham paredes finas para trocas rápidas de temperatura e aberturas generosas
inclinações acentuadas, mansardas,
com barreiras físicas para proteger
bay-windows e telhas tipo shingle é
do sol, mas que permitam que o
um sistema construtivo nativo de
vento transpasse todos os ambientes.
países frios, cuja finalidade vai muito além do aproveitamento do sotão. A inclinação adotada tem a
32
capítulo II conforto ambiental | higrotérmico
O telhado para as construções em regiões quentes
fotovoltáicas para produção de energia.
como o Rio de Janeiro é um item
É preciso atenção especial
realmente importante, já que em
no iluminamento dos ambientes, já
horários de sol intenso a
que o aproveitamento da iluminação
temperatura da cobertura pode
natural é limitado pelas pequenas
chegar a 70°C. Colocar telhado na
aberturas que ainda inibem o
edificação não é regra, mas quando
aproveitamento da paisagem do
da adoção devem ser analisadas as
entorno. E por fim, quando se
condições climáticas de cada região,
divide o espaço com o reservatório
os tipos de telhas disponíveis (telhas
de água, o incomodo do barulho
de barro, metal, plástico, amianto,
deve ser minimizado com a
vidro, zinco, concreto, palha etc),
instalação de isolantes acústicos.
regime de ventos, índices
É preciso considerar, em
pluviométricos e também a estética
qualquer tipo construtivo, que todos
(telhado clássico, neoclássico,
os elementos que compõem o
colonial, normando etc).
ambiente, interferem em alguma
A admissão do chalé ou de
medida no conforto visual, acústico
suas variações com telhados
ou higrotérmico. Pois, os materiais
habitáveis, requer analise dos
devem ser selecionados de acordo
aspectos ambientais e também
com o caráter do ambiente e com a
econômicos, considerando que o
função que irão desempenhar. O
custo desse tipo de arquitetura não
conforto, resulta do clima local e da
termina com sua construção. O
sobreposição e interface de todos os
maior custo está na manutebilidade
materiais escolhidos.
Para encontrar soluções de bioarquitetura: VAN LENGEN, Johan. Manual do Arquiteto Descalço. São Paulo: Empório do Livro, 2008
do imóvel, gerado pelo uso intensivo de ar condicionado para climatização artificial dos espaços. A forma da cobertura ainda limita a
conforto higrotérmico O organismo humano trabalha o tempo todo para manter a temperatura interna relativamente
instalação de placas solares para
constante. A sensação de
aquecimento de água e de placas
desconforto acontece sempre que o
33
capítulo II higrotérmico em clima quente e seco
aparelho termorregulador precisa
demais implicações relativas à
reduzir os ganhos ou aumentar as
incidência do vento. Então, para
perdas de calor através de seus
contemplar o projeto de design de
mecanismos de controle. A termorregulação, apesar de ser um meio natural de controle do organismo, requer dispêndio 7
energético do metabolismo.
Existem condicionantes
interiores com conforto higrotérmico, a análise do projeto arquitetônico (índice biofísico) e mapeamento dos índices fisiológicos e subjetivos, será imprescindível.
ambientais e individuais que interferem nos índices de conforto
em clima quente e seco
térmico, sendo possível organiza-los em três grupos: biofísicos, fisiológicos e subjetivos. A espessura e o material
Cada clima apresenta um conjunto de condicionantes e soluções específicas. Em climas
das paredes e lajes do ambiente, a
quentes e secos, as variações
interferência do entorno, a
climáticas são amplas, podendo
implantação no terreno, entre
variar até 15º no decorrer de um
outros, respondem pelos índices
único dia. Para que os espaços
biofísicos. As reações fisiológicas dos corpos, respondem pelos índices fisiológicos. E as reações que se baseiam nas sensações individuais, respondem pelos índices subjetivos. As aberturas para
internos não acompanhem as variações externas, a arquitetura geralmente apresenta uma inércia elevada. As paredes grossas retardam a passagem da onda de
ventilação devem ser dimensionadas
calor que só atingirá os ambientes à
e posicionadas de modo a
noite, mantendo o ambiente com
proporcionar um fluxo de ar
temperatura agradável mesmo
adequado ao conforto e higiene dos
durante os extremos da temperatura
ambientes. O fluxo de ar que entra
externa.
ou sai do edifício depende da
Aberturas para o exterior
pressão entre os ambientes e da
com panos de vidro ou outros vedos
resistência oferecida pelas aberturas,
que apresentem baixa espessura,
barreiras físicas internas e externas e
proporcionam trocas imediatas de
7 FROTA, Anésia Barros, SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de Conforto Térmico: arquitetura e urbanismo. São Paulo, Estudio Nobel: 2003
34
capítulo II higrotérmico em clima quente e úmido
temperatura e neste clima, devem
em clima quente e úmido
ser pensadas em conjunto com
Nesse clima, as variações
outros dispositivos de proteção. As
não apresentam grandes amplitudes
aberturas com vedos de baixa
térmicas e a arquitetura de média a
inércia, ainda podem receber brises,
baixa inércia são as melhores opções.
cobogós ou outros fechamentos
As aberturas devem ser suficientes
parciais ou transitórios.
para promover ventilação nos
O projeto de paisagismo
horários do dia que a temperatura
pode conter soluções interessantes,
externa estiver menos elevada. A
como a cortina de vegetação, que
proteção nas aberturas deve impedir
além de sombrear as aberturas ainda
a radiação solar direta sem criar
retêm a poeira em suspensão.
barreiras físicas para o vento. As
Espelhos d´água, fontes e cascatas
aberturas devem ser generosas, para
são protagonistas no paisagismo e
ventilar os ambientes nos períodos
umidificam os ambientes ampliando
de temperatura externa mais amena
a sensação de conforto.
que a interna, mas devem ter vedos
As soluções para o design
com isolantes para não deixar os
de interiores devem responder aos
ambientes perderem calor quando a
parâmetros verificados no projeto
temperatura exterior estiver mais
arquitetônico. Se a arquitetura
baixa.
apresentar alta inércia (paredes e
Em climas úmidos, a
lajes grossas, etc), então a liberdade
ventilação é uma grande aliada para
será maior e o conforto será
impedir o mofo e o bolor.
concentrado no caráter e nas
Nos ambientes de trabalho
características intrínsecas ao
para locais com clima quente e
ambiente. Já se a arquitetura
úmido, considerando a NR 17 –
apresentar baixa inércia (paredes
Ergonomia, o índice de temperatura
finas, vidros etc), então os
efetiva deve permanecer entre 20º
parâmetros que estabelecem os
(vinte) e 23º (vinte e três graus
índices biofísicos serão os principais
centígrados), a velocidade do ar não
norteadores do design de interiores.
deve ser superior a 0,75 m/s e a
35
capítulo II conforto... em clima temperado |acústico
umidade relativa do ar não deve ser
clima temperado. Por ser um
inferior a 40 (quarenta) por cento.
material de baixa condutividade
Se a arquitetura contudo,
térmica mantém a temperatura no
não apresentar soluções suficientes
interior da habitação estável,
para solucionar os problemas do
independente das condições
clima quente e úmido, o design
exteriores. A madeira como isolante
poderá oferecer atenuantes.
térmica, é superior ao tijolo e ao
Paredes revestidas com
concreto e por suas características
lambri ou papel de parede mais
viscoelásticas, suporta umidade sem
espesso, oferecem maior inércia às
deformação e ainda regulariza a
perdas de calor. Pisos revestidos
atmosfera, além de ter baixa
com material cerâmico, porcelanato,
manutenção. Pode ser aplicada nos
pedras ou cimento polimérico,
pisos, forros, lambris e vedos, em
oferecem maior reflexão do calor,
substituição a alvenaria.
mantendo a temperatura interna
De modo geral, a pintura
mais agradável. Porém, quando
das paredes exteriores em regiões
utilizados nas áreas externas, o calor
quentes devem ser claras para
armazenado durante o período de
refletir a radiação solar.
sol será devolvido ao ar durante a noite, aquecendo os espaços.
Independente do clima ou do partido arquitetônico adotado, será sempre necessário averiguar o
em clima temperado
norte magnético e estudar o caminho
Algumas localidades tem
do sol dentro do ambiente e nas
inverno e verão igualmente intensos.
paredes externas, para oferecer as
Nesses climas a arquitetura deve ser
soluções mais pertinentes.
flexível. As aberturas devem permitir ventilar nos períodos
conforto acústico
quentes e fechar hermeticamente no
Um ambiente com conforto
rigor do inverno. A madeira é um material amplamente utilizado nas regiões de
acústico permite perfeito entendimento do que é para se ouvir (inteligibilidade da fala), mantêm
36
capítulo II conforto acústico
contidos os ruídos por ele
incidentes e se comportam como se
produzidos e não permite que
emanassem da fonte simetricamente
entrem ruídos indesejáveis.
inversa ao ponto refletor. A reflexão
No design de interiores o conhecimento sobre conforto acústico é necessário para
do som pode ocasionar os fenômenos eco e reverberação. Refração: A onda sonora
desenvolvimento de projetos
passa de um meio para outro,
corporativos, para resolver
mudando sua velocidade de
problemas de privacidade nas
propagação e comprimento de onda,
amplas salas abertas e coletivas
mas mantendo constante a
(oficce space planning) e em salas de
frequência.
reuniões, por exemplo. Também
Difração: Fenômeno em que
para projetos de auditórios e salas
uma onda sonora transpõe
de música ou em menor escala, para
obstáculos, como orifícios e fendas e
resolver problemas de privacidade e
sofrem um alargamento ou
home-theater. E é também
espalhamento, alterando o
imprescindível, o conhecimento do
comprimento da onda.
comportamento acústico dos materiais. O som se propaga pelo ar e sofre fenômenos ondulatórios nos
Interferência: Consiste no recebimento de dois ou mais sons de fontes diferentes. Reverberação: O som
ambientes. Saber pregnosticar os
quando encontra várias paredes,
pontos passíveis da ocorrência e
produz reflexões múltiplas que o
apresentar soluções eficientes é a
reforçam e prolongam a curva por
premissa básica de um bom projeto.
algum tempo depois de cessada a
Os fenômenos acústicos principais, são: Reflexão: Quando as ondas
emissão. A reverberação é esse prolongamento e ocorre quando o som refletido atinge o ouvinte no
sonoras encontram um obstáculo
mesmo momento que o som direito
plano e rígido, se propagam em
está se extinguindo, ocasionando o
sentido contrário ao das ondas
prolongamento da sensação
37
capítulo II usabilidade e conforto | conforto acústico e luminoso
conforto luminoso
auditiva. Ressonância: Quando um
A iluminação de um
corpo começa a vibrar por influência
ambiente tem como principal
de outro, na mesma frequência.
objetivo iluminar para a visibilidade,
O clima e a altitude, interferem no deslocamento da onda sonora. Em localidades de baixas
segurança e orientação dos seus usuários. A aparência de um objeto é
altitudes, como em praias, os sons
resultado da iluminação incidente
são mais audíveis que em altas
sobre o mesmo. E nesse sentido, a
altitudes, onde o ar é menos denso.
cor e a luz devem ser pensadas
O partido arquitetônico sugerido
conjuntamente, pois a luz apresenta
para clima quente e úmido
diferenças na visualização das cores
(construções de baixa ou média
ao longo do dia, interferindo na
inércia), é adequado para o conforto
tonalidade das superfícies e
higrotérmico, mas as paredes mais
revestimentos.
finas não tem boa performance acústica e requerem tratamento para
luz natural
maior privacidade.
Explorar a iluminação
Para partidos
natural é um fator indispensável
arquitetônicos em regiões de clima
nesses tempos onde o consumo
quente e seco (construções de alta
energético deve ser repensado. Um
inércia), é provável que o
projeto de iluminação alinhado com
desempenho das paredes não
a sustentabilidade, otimiza os
necessite de grandes correções.
recursos da iluminação natural e
Sons graves ou baixos têm
flexibiliza os recursos da iluminação
frequência menor e os sons agudos
artificial na obtenção de conforto
ou altos têm frequência maior. A voz
luminoso.
do homem tem frequência que varia
Devido a mutabilidade, a
entre 100 Hz e 200 Hz (grave ou
luz solar apresenta variáveis na
grossa) e a da mulher, entre 200 Hz e
quantidade e cor da luz projetada.
400 Hz (aguda ou fina).
Deve-se planejar o layout de acordo
Medidas sustentáveis: A Europa e EUA não produzem mais lâmpadas incandescentes. No Brasil a Portaria Interministerial 1007, fixou índices mínimos de eficiência luminosa e as lâmpadas incandescentes de 60 Watts deixaram de ser produzidas em julho de 2014 e só poderão ser vendidas até junho de 2015.
38
capítulo II luz natural, artificial e percepção
com o percurso que a luz fará dentro
para compor diferentes «cenas»,
do ambiente e em sua interface nas
como num show ou teatro.
8
superfícies. O design de interiores deve evitar a radiação solar direta
luz e percepção
em superfícies que absorvam calor e
A luz é um fator presente
nas superfícies brilhantes. O bom
em todos os estímulos visuais. A
uso de cortinas, persianas e painéis
percepção no entanto, depende não
controlam a luz e evitam o
só da resposta fisiológica do usuário
ofuscamento direto.
mas da sua experiência anterior, da personalidade, da idade, do gênero,
luz artificial
do humor e de aspectos culturais e
Buscar fontes de
estéticos.
iluminação natural para os projetos de design de interiores são ações
normas
indispensáveis. E o projeto
A ABNT NBR normatiza os
luminotécnico deve incorporar
projetos luminotécnicos e
produtos que permitam a
eletrotécnicos com um rol de leis
minimização do consumo
bastante conciso. A NBR utilizada
energético, como os dimerizadores
no design de interiores, para
para controle da intensidade da luz
projetos luminotécnicos, era a NBR
e de lâmpadas fluorescentes e leds.
5413:1992 - Iluminância de
Para que um ambiente seja
interiores, que foi cancelada em
iluminado de forma eficiente é
março de 2013 e está sendo
preciso seguir uma série de
substituída pela norma NBR
requisitos técnicos, que contemplem
ISSO/CIE 8995-1:2013.
a função do ambiente, a idade dos
As tabelas 9 e 10 (p 40),
usuários e as cores das superfícies.
apresentam os coeficientes de
Mas para criar um projeto para
reflexão de alguns materiais e cores,
proporcionar sensações e
para considerações em projetos de
surpreender, o conjunto de
Normas brasileiras para projetos luminotécnicos: NBR ISO/CIE 8995-1:2013 Iluminação interior NBR 15215-1a4:2005 corrigido em 2007 Iluminação natural NBR 5461:1991 - Iluminação (definição de grandezas) NBR ISO 31-6:2006 Grandezas e unidades (luz e radiações eletromagnéticas) NBR 5382:1985 - Verificação da iluminância de interiores
iluminação.
8 GURGEL, Miriam. Projetando espaços: design de interiores. 3.ed. São Paulo:
iluminação deve ser programado
SENAC, 2010
39
capítulo II conforto luminoso | normas
Cores
%
Branco
Materiais
%
70.80
Rocha
60
Creme claro
70.80
Tijolos
5.25
Amarelo claro
55.65
Cimento
Rosa
45.50
Madeira clara
Verde claro
45.50
Esmalte branco
65.75
Azul celeste
40.45
Vidro transparente
60.80 6.8
Cinza claro
40.45
Madeira aglomerada
50.60
Bege
25.35
Azulejos brancos
60.75
Amarelo escuro
25.35
Madeira escura
15.20
Marrom claro
25.35
Gesso
Verde oliva
25.35
Laranja
20.25
Vermelho
20.25
Cinza médio
20.25
Verde escuro
10.15
Azul escuro
10.15
Vermelho escuro
10.15
Cinza escuro
10.15
Azul marinho
5.10
Preto
5.10
15.40 40
80
Tabela 10
Tabela 9 e 10 Tabelas de coeficientes de Reflexão de Alguns Materiais e Cores
Tabela 9
40
capítulo III desenvolvimento do projeto | representação |cozinha e levantamentos
CAPÍTULO III desenvolvimento do projeto de design de interiores representação Em um projeto residencial, ambientes de trabalho, íntimos e sociais tem diferentes necessidades e
aplicação dos conceitos técnicos.
cozinha A cozinha tradicional ou gourmet, a sala de almoço, lavanderia, estocagem e as áreas de suporte a realização do trabalho, são
devem ser planejados
exemplos de projetos que integram
individualmente.
diferentes especialidades (hidro-
Alguns ambientes tem prerrogativa de estudos de acústica e de conforto higrotérmico e ergonômico, como o home theater, por exemplo, que requer muito conforto e tecnologia. Outros, como
sanitário, elétrica, luminotécnico, conforto e tecnologia), com abordagens específicas. A cozinha é um dos ambientes que mais evoluíram nos
a cozinha, exigem estudo
últimos anos. Deixou de ser um local
antropométrico para
unicamente de trabalho e ganhou
dimensionamento e distribuição dos
status de ambiente social com os
armários, equipamentos e utensílios,
mesmos privilégios de materiais e
para proporcionar conforto e
acabamentos.
segurança na execução do trabalho. Já o closet, exige estudos para o conforto higrotérmico e ergonômico e da tecnologia disponível para
Levantamento de dados Para o projeto da cozinha
correções ambientais e
na fase de levantamento de dados
aprimoramento funcional da
(ver Tabela 1, p 16), complementar
marcenaria.
informações com as especificidades
A exposição do método para organização do processo de projeto, será desse modo, evidenciada através da apresentação de um projeto de cozinha, de um home theater e de um closet, com seus produtos mais relevantes
culturais, sociais e organizacionais da família (ver Tabelas 4, 5 e 6, p 22, 24 e 25). Na prática, a etapa em questão terá o seguinte conteúdo: 1.
Levantamento de documentos (plantas
(desenhos) e com ênfase na
41
B
capítulo III analise de conforto de cozinhas
limitações físicas, estatura,
2,8
4,5 0,8
do projeto
hidráulico, normas,
usuários, hábitos culturais,
legislação e regras,
organizacionais e sociais.
DORM. 1 4,5
necessidades especiais dos
1,9
arquitetônico, elétrico,
3,6
COZINHA
2,8
DORM. 2
Planta 1
0,7
SALA 1,9
2,8
1,5
2,4
BANº
3,6
acervo de fotos do local
PLANTA B
Esc.: 1:100
2.
Levantamento dos
primeira etapa será o
equipamentos existentes e
dimensionamento, registro
dos desejáveis
fotográfico, levantamento de dados
(eletrodomésticos,
(documentos e plantas etc), do local
utensílios, equipamentos,
e entrevista com os usuários. No
internet, interfone,
caso de projeto novo, levantamento
porcelanas, cristais,
das plantas e entrevista. O próximo
pratarias, móveis, bebidas
passo será cadastrar os móveis,
etc)
equipamentos e eletrodomésticos
3.
Condicionantes
que irão para o novo espaço e
locais: percurso do sol e
principalmente, levantar aqueles que
entorno, profundidades
precisam de lugares especiais para
dos móveis, a altura do pé
armazenamento, como os vinhos,
direito, dimensões das
pratarias, cristais etc.
janelas e portas, sapatas de
deve contemplar a rotina, as
revestimentos, condições
atividades prioritárias da família,
das instalações hidráulicas
para que o ambiente tenha a
e elétricas existentes e
funcionalidade necessária às
materiais de acabamento
atividades mais executadas. Nesse
entre outras características
sentido, a entrevista com os usuários
físicas.
irá descrever a rotina de uso do Condicionantes
Vista superior de maquete da planta de estudo
Vista da fachada posterior analisada
Vista do interior do ambiente às 10 horas da manhã
Lembre-se que o projeto
alvenaria, iluminação,
4.
Fotos 4 5 6 7 8
Em caso de reforma a
etc)
Planta exemplo de estudo de insolação de uma cozinha ao longo de um dia, durante inverno no Rio de Janeiro (agosto 2013)
espaço e as carências que esperam
imateriais: o número de
ver suprimidas, as expectativas,
usuários, idade, profissão,
como espaços maiores para
Vista do interior do ambiente ao meio dia
Vista do interior do ambiente às 14 horas
Fotos 4 5 6 7 8 A sequência de fotos de maquete posicionada conforme norte magnético, ilustra o percurso do sol no interior da cozinha em diferentes horários do dia
42
capítulo III analise de conforto de cozinhas
circulação de cadeirante, alturas especiais para usuários com
apartamento em São Paulo. A cozinha e área de serviços
diferentes padrões de peso e altura e
foram idealizadas para proporcionar
inclusive, os aspectos culturais da
funcionalidade e segurança aos
família.
funcionários, pois o cliente, solteiro, não cultiva o hábito de cozinhar. objeto de estudo A planta e demais
Durante as analises perceptivas, o cliente declarou que
ilustrações utilizadas para
gostaria que o ambiente tivesse uma
exemplificar os produtos de cada
leitura clássica e durável.
etapa do processo de projeto da
Colocando o desejo do
cozinha, fazem parte de um projeto
cliente como uma prerrogativa de
completo de reforma de um
projeto, o caráter funcional e a
As manchas descrevem o percurso do sol no período mais crítico do ano
Cozinha
Dependência de Funcionário Lavanderia Sala de almoço
Dependência de Funcionário Elevador Social
Hall Social
PLANTA 1
Hall de Serviços
Elevador de Serviços
PLANTA 1 Estudo da projeção do sol para estratégias de insolação e iluminação
43
capítulo III analise de conforto de cozinhas
longevidade dos móveis,
produto (Tab.1, p16)_, iniciar com
equipamentos e acabamentos, vão
analise da projeção do sol dentro dos
conduzir desde a organização
ambientes. Essa avaliação permitirá
espacial até a escolha das cores e
delimitar as áreas banhadas pelo sol
materiais. Especialmente nesse
para definir o layout (Ver Planta 1, p
projeto, o encaminhamento se deu
43). O sol deve ser evitado em
pelas analises de conforto,
equipamentos como geladeira, fogão
funcionalidade e segurança.
e sobre o tampo da mesa, análise de conforto
principalmente se este for de
Para composição do projeto
material absorvente de calor. Mas, é
preliminar _principal produto da
muito bem vindo sobre superfícies
etapa de desenvolvimento do
de trabalho, como a pia e bancadas A pia posicionada sob a janela receberá painel solar para controle da insolação
O sol incidirá sobre a lateral da geladeira que receberá um painel piso teto para proteção work triangle
Dormitório de Funcionário
Freezer Geladeira
Lavanderia
Dormitório de Funcionário Elevador Social
A janela receberá painel para proteção do tampo da mesa que será em madeira, sob coluna elíptica.
PLANTA 2
Hall Social
Hall de Serviços
Elevador de Serviços
PLANTA 2 Definição da localização do mobiliário e de equipamentos work triangle (fogão, geladeira e pia)
44
capítulo III analise de conforto antropométrico de cozinhas
úmidas, pois o sol têm propriedades antibacterianas. A geladeira nunca deve ser
definição do layout. A análise de insolação é auxiliada por programa
alocada próxima de equipamentos
computacional e quando feita à mão,
que produzem calor ou posicionada
requer domínio de métodos
em canto de paredes, pois do mesmo
específicos e conhecimento da carta
modo, concentrará o calor
solar do hemisfério em questão, que
produzido pelo seu motor.
basicamente, fornecerá dois ângulos
Para saber o percurso que o
que serão usados para encontrar a
sol fará no ambiente é preciso
orientação (azimute), do raio solar
determinar o norte magnético na
em determinado momento do dia.
planta e analisar o clima e as
Uma avaliação mais
construções do entorno. As
simples sugere que posicionado de
características climáticas do lugar
frente para o norte, o sol desenhará
NORTE LESTE OESTE SUL
mantém relação com o partido
um arco de parábola que vai da mão
arquitetônico adotado e as condições
direita para a esquerda, de leste para
físicas da obra. O entorno se
oeste. Conhecendo o norte do local e
constitui pelas construções de casas,
o caminho predominante do sol do
edifícios e praças e mantém relação
nascente ao poente, as prováveis
com o sombreamento externo da
áreas de insolação e a projeção do
construção e com os caminhos do
sol dentro do edifício poderá ser
vento.
desenhada. Essas verificações são mais
As soluções serão pontuais
pertinentes ao desenvolvimento do
para cada ambiente, mas
projeto arquitetônico e
normalmente, as empenas que estão
provavelmente, serão executadas
ao sul não recebem insolação na
pelo arquiteto e nesse caso, caberá a
maior parte do ano ficando também
ele compartilhar as informações com
expostas ao vento gelado. Enquanto
o designer. Contudo, dentro dos
que, as empenas expostas ao sol
ambientes, o designer deve proceder
nascente recebem o sol mais ameno
sua analise ainda que visual, para a
do dia. O contrário acontecerá com
45
capítulo III analise antropométrica da cozinha
para preparo de alimentos,
A geladeira, fogão e pia,
escorredores de louças, tábuas
serão alocados nas vértices do triângulo, no work triangle, de modo
Figura 2
60
análise antropométrica
deslizantes etc. As torneiras também apresentam inúmeros modelos e
espaço (ver Planta 2, p 44). A
acabamentos e a escolha será
geladeira deve ter 1,20m livre na
orientada pelo local de instalação (se
parte da frente, para o giro de
na parede ou na própria bancada),
abertura da porta (90º).
forma da cuba e pelos tipos de
10
60
a incorporar funcionalidade ao
louças que serão lavadas. Para a
chamada de sapata). A sapata exige
mangueiras extensoras são uma
uma obra de alvenaria, mas
excelente opção. Em qualquer uma
proporciona maior espaço dentro da
delas, o arejador economiza água e
bancada. Quando sem sapata, a
ainda impede que respingue para
bancada terá menos espaço interno,
fora da pia. Em regiões mais frias a
pois terá que ser fixada a 0,15 ou
torneira deve ter misturadores para
0,20m do piso para deixar espaço
água quente e fria. As bancadas devem ter
4cm
áreas molhadas (com borda para
e profundidades variadas e a escolha
conter água) e áreas secas (sem
deve ser baseada pelo tamanho das
bordas para execução de tarefas e
panelas e na quantidade de louças
uso de eletrodomésticos). Quando
que serão lavadas. Os modelos
delimitar a área molhada, lembre-se
variam em tamanho, mas também
que deve acomodar um escorredor
no material (inox, cerâmica, poliéster
de louças e deixar espaço livre nas
ou silestone) e no formato (simples,
duas laterais para conter os
duplas e de canto), independentes
respingos. A área seca deve ser
ou fundidas na própria bancada.
planejada de acordo com os
Alguns modelos vêm com opcionais
equipamentos eletrodomésticos que
20
A cuba da pia tem larguras
0
VISTA LAT. sem sapata de alvenaria (com armário suspenso) Sem esc.
84 64 7
para a limpeza.
50
exemplo, as torneiras com
20
ou sem base de alvenaria (também
DET Sem esc.
38
84 64
lavagem de panelas grandes, por
20
inferior, podem ser instaladas com
10
As bancadas do armário
1cm
3cm
1cm
PLANTA Sem esc.
53
5
VISTA LAT. com sapata de alvenaria Sem esc. Figura 2 Medidas antropométricas baseadas na estatura média dos brasileiros (Tabela 8, p 31)
46
capĂtulo III modelos de layout conforme o work triangle FIGURA 3 sem escala
Freezer Geladeira
Freezer Geladeira
PLANTA cozinha-gourmet com fogĂŁo em ilha
Freezer Geladeira
Freezer Geladeira
PLANTA cozinhas tradicionais
Figura 3 Modelos de cozinhas com layout conforme a regra do work triangle
47
capítulo III analise antropométrica da cozinha
irá receber (filtros de água -
estampas devem ser duráveis, pois
purificadores, liquidificadores,
uma cozinha planejada pode durar
batedeiras etc).
até 20 anos. Também á importante
A profundidade da
escolher corretamente os puxadores.
bancada, considerando a pia, varia
Os mais indicados para cozinhas são
entre 0,58 e 0,62. A altura
os embutidos. A mesa deve ser
antropométrica ideal para a bancada da pia é delimitada pela borda da
dimensionada pelo número de
pia no nível da cintura (ver Figura 3,
pessoas sentadas que irá acomodar.
p 46), algo entre 0,82m até 0,94m.
Considerando individualmente,
Os balcões em cozinha
cada posto ocupa 0,60m no
gourmet para bancos altos, pode ter
perímetro e 0,90m na parte posterior
entre 1,00 até 1,10m. As medidas do
para afastar a cadeira da mesa.
tampo nunca devem ter menos de
Então, uma mesa para 4 pessoas terá
0,30m (suficiente para acomodar um
0,80 x 0,80m (dimensão mínima), e
prato).
requer espaço livre de 1,70 x 1,70m. A profundidade adequada
das gavetas é de 0,14 para toalhas de mesa, guardanapos e talheres. O gavetão-paneleiro deve ter no
A altura deve ser entre 0,70m e 0,75m. Para mesas circulares, os diâmetros mínimos, são:
mínimo 0,30m de profundidade.
2 pessoas - 0,60m
Convém mensurar todos os
4 pessoas - 0,90m
equipamentos que serão instalados
5 pessoas - 1,10m
nos nichos, como: micro-ondas,
6 pessoas - 1,20m
geladeiras, frezzer, fogão, coifas etc.
8 pessoas - 1,40m
Existem linhas de
Para mesas quadradas,
acessórios aramados que facilitam a
reservar de 0,50 a 0,60m para cada
organização dos equipamentos, com
pessoa (cadeira) à mesa e mais 0,10m
economia de espaço. A madeira
em cada uma das extremidades.
industrial utilizada deve ser resistente a umidade e as cores e
6 pessoas = de 1,40m x 0,80m ou 1,60 x 0,90m
48
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | layout
Na representação, pode-se
8 pessoas = 2,00 x 0,80m ou
Figura 4
acrescentar pequenos textos ou
2,20 x 0,90m (módulo de 0,60m)
descrições com linhas de chamada, produtos da etapa e
descrevendo os acabamentos, cores,
compatibilização
texturas e detalhes «invisíveis» do
As medidas dos
desenho. Poderá também, seguir as
equipamentos são necessárias desde
regras de representação gráfica com
o início dos estudos, para que as
indicações de cortes, elevações e
dimensões sejam corretamente
detalhes, para melhor compreensão
estabelecidas na planta e nas
de todas as partes do projeto.
Elevação A
Elevação B
Após a definição do layout
elevações. Os desenhos que perfazem a primeira etapa
e distribuição dos equipamentos
(conforme Figura 4), são:
pela regra do work triangle, se inicia
- planta
estudo para elevação dos armários.
Elevação C
As elevações devem
- elevações - perspectivas
mostrar todos os componentes do
A planta deve conter todos
espaço, com suas alturas, espaços
Elevação D
os itens (armários, equipamentos,
livres, espessuras, texturas e cortes
revestimentos etc), que estarão no
de paredes, tetos, rebaixos de gesso
ambiente.
etc. Elevação E
A B
C
Elevação F
D E F
Planta medidas de eletrodomésticos utilizados no projeto apresentado
Perspectiva Figura 4 Estudos à mão para distribuição dos armários e equipamentos na cozinha e lavanderia
49
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | paginação
Os desenhos sugeridos
apresenta vantagens em termos de
devem ser em número suficiente
tempo, legibilidade e o mais
para o entendimento do cliente,
importante, facilidade na
considerando que à partir deles
compatibilização com os demais
serão feitas revisões e ou alterações.
especialistas.
Os desenhos iniciais,
A Planta com as bases de
podem ser executados à mão ou em
alvenaria contém as medidas de
programa computacional e após
topo (largura e comprimento) e as
aprovação do cliente, antes de iniciar
alturas especificadas em linhas de
o detalhamento, convém escolher
chamada.
uma ferramenta para a representação gráfica do projeto. O desenho computacional
As bases podem ser mostradas na planta de paginação de piso, que será executada na
Bases de alvenaria com 0,10m de altura
Porcelanato 0,60x0,60m (descrição completa), com tabeira de granito marron 0,30m (descrição completa), em todo diâmetro e Peças do linearmente às arranque sapatas
PLANTA 3
PLANTA 3 Paginação de piso com bases de alvenaria
50
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | bancadas
sequência. A paginação (Planta 3, p
formato de memorial. É importante ressaltar no desenho a peça chamada
50), deve mostrar as peças do
«arranque», para indicar ao
revestimento de piso conforme serão
profissional executor, qual a
assentadas, na horizontal ou vertical,
primeira peça a ser instalada. A
com detalhes de tabeira (faixa linear
escolha deve considerar sempre as
ao longo do perímetro), e descrição
portas principais de acesso ao
do rodapé. Em linhas de chamada
ambiente, para que recortes do piso
serão descritos os detalhes do piso
fiquem nos cantos opostos.
(marca, tamanho, cor, característica
Planta silestone
As bancadas de granito,
de uso etc). Também podem ser
silestone, limestone, mármore etc,
descriminados em uma lista na
devem ser detalhadas para corte,
lateral da prancha de desenho, no
conforme det. (ver Planta 4, p 51) Bancadas em silestone coffee brown, com espelhos nas paredes do fundo de 0,10m e 0,08m na moldura frontal
Vista frontal silestone silestone cor coffee brown
Detalhe peças de limestone
Bancadas com áreas molhadas (com molduras e rebaixo) e áreas secas (sem rebaixos)
Balcão com bancada tipo cavalete, com aproximadamente 1,10m/m (ver detalhe)
PLANTA 4
PLANTA 4 Bancadas de silestone
51
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | marcenaria
quando da distribuição dos pontos
É importante ordenar a confecção dos desenhos de acordo
hidráulicos e elétricos (eletrotécnico
com a sequência de execução da
e luminotécnico) para os
obra. As primeiras pranchas de
especialistas nessas áreas.
desenho devem ser aquelas que O detalhamento para
envolvem o projeto arquitetônico, que mexem com a alvenaria.
marcenaria requer precisão, mas
Quando o conjunto de pranchas:
para ganhar tempo e evitar atrasos,
layout, planta de paginação e bases
convém fazer o projeto baseado nas
de alvenaria estiver pronto, deverá
medidas do projeto e quando da
ser compartilhado com o
execução dos armários, solicitar que
profissional responsável pelo
todas as medidas sejam revisadas in
arquitetônico e posteriormente,
loco.
Coifa Lavadora de louças. Microondas
A B
C D
Frente Winne coller
Dormitório de Funcionário
Freezer Geladeira
Lavanderia
E Cozinha / Copa
Dormitório de Funcionário Elevador Social
Hall de Serviços
Elevador de Serviços
Tampo mesa suspenso em madeira rádica de imbuia Armário piso/teto com portas laterais de correr com perfil alumínio com vidro leitoso e prateleiras internas. No centro prateleiras na parte superior e gaveteiro na inferior
PLANTA 5
Hall Social
Armários com portas de correr + prateleiras internas + varão para roupas passadas + tábua de passar retrátil + dois cestos basculantes + gaveteiro
PLANTA 5 Planta baixa - layout
52
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | marcenaria ELEVAÇÕES 1 Conjunto de elevações do projeto de cozinha R executados em autoCAD (autodesk)
Rebaixos de gesso
Armário suspenso com porta de bater e prateleiras internas
Armário sob a pia, com espaço para lava-louças +2 gavetões aramados armados paneleiros + uma porta com prateleira interna.
Armário sob bancada de granito, ao lado do fogão com porta tempero em aramado
ELEVAÇÃO A Armário suspenso com duas portas basculantes com pistão, fechamento em perfil de alumínio com vidro leitoso.
Rebaixos de gesso
Mesa, sendo tampo suspenso em rádica de imbuia, sobre base elíptica de alumínio ou aço inoxidável
ELEVAÇÃO B
Armário com portas de bater com prateleiras internas, gaveteiro com face em rádica de imbuia.
Rebaixos de gesso 204
Torre com geladeira e freezer na parte inferior e armários com portas de correr e prateleiras internas na parte superior Na lateral garrafeiro para arrematar parede com sem pastilhas. Armário sob bancada da pia com portas de correr e prateleiras internas. Móvel 2ª opção
Móvel tipo buffet, com base de alvenaria, tampo e face das gavetas em rádica de imbuia e portas de correr com perfil de alumínio com fechamentos de vidro.
ELEVAÇÃO C
Rebaixos de gesso
Armário suspenso com porta de correr e prateleiras internas
Armário sob bancada de granito, com dupla face, compartimento para Wine cooler, gaveteiro e painel cego
ELEVAÇÃO E
Armário sob bancada de granito, dupla-face, com portas de correr com perfil de aluminio e fechamento de vidro.
Torre com geladeira e freezer, com armário na parte superior com porta de correr e prateleira interna.
ELEVAÇÃO D
ELEVAÇÕES 1
53
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico Tabela 11
Para a elaboração do
O projeto luminotécnico antecede o eletrotécnico, para que o
projeto luminotécnico (Planta 6), é
cálculo das cargas e a distribuição
preciso considerar outros fatores que
das tomadas e interruptores não seja
interferem na quantidade e
aleatório. A norma NBR ISO/CIE
qualidade da luz, como a cor das
8995-1:2013 - Iluminação interior que
paredes e das superfícies, texturas
está substituindo a ABNT NBR
etc (ver Tabela 11).
A radiação solar e a luz Luz e Cores Fator do Recinto Luminância Índice de reprodução de cores Temperatura de cor Tabela 11 Fatores de interferência
Um breve roteiro para
5413:1992 - Iluminância de Interiores, manteve os mesmos
analise e cálculo, pode ser o
índices mínimos de iluminamento
seguinte: 1. Defina o nível de
estabelecidos para cada atividade e ensina um cálculo para determinar o
iluminamento, em função do tipo de
número de luminárias.
atividade visual que será desenvolvida no local.
30
Tubular led para iluminar áreas de trabalho sob o armário suspenso
60
Coifa
Lavadora de louças. Microondas
80
24
80
90
60
92
60
D 101
56
Dormitório de Funcionário
60
93
56
77
56
116
39
60
67
60
93
28
Cozinha / Copa
60
Lavanderia
60
28
405
60 Freezer Geladeira
Frente Winne coller
28
43
30
73
94
71
227
30
C
72
60
93
A B
73 185
72
36
45
82
Dormitório de Funcionário 87
Elevador Social
Forro de gesso em placas de o,60m x 0,60m
91
9
74
Em todo perímetro do rebaixo de gesso, fita de led para iluminação embutida
113
PLANTA 6
Hall de Serviços
172
21
Elevador de Serviços
Hall Social
PLANTA 6 Luminotécnico
54
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico
3. Para determinar o fator
Onde:
K=
C.L
de utilização, que é o fluxo útil que incidirá sobre o plano de trabalho,
(C + L). A
C= comprimento do local
consulte também a tabela do
L= largura do local
fabricante da luminária escolhida.
A= altura da luminária ao
de luminárias
plano de trabalho
N=
2. Escolha as lâmpadas e
0T 0L
luminárias, considerando os fatores
N = Número de luminárias
mencionados (Tabela 11, p 54), e
0T = Fluxo luminoso total
também o custo, manutenção, estética e funcionalidade.
Glossário: Projeto luminotécnico: Planejamento da iluminação necessária em cada área (de trabalho, de efeito etc); Cálculo de iluminância (ex.: 500 lux/m² bancada de trabalho); Definição de efeitos estéticos e criação de cenas; Definição e quantificação dos acessórios e demais acabamentos. Projeto Eletrotécnico: Cálculo das cargas, montagem dos sistemas, quadros elétricos, distribuição dos eletrodutos, fiações etc.
4. Para calcular o número
requerido
0L = Fluxo luminoso de uma luminária.
Ver mais sobre projeto luminotécnico http://www.osram.com/ lighting/principles.html
LEGENDA LUMINÁRIAS QUANTIDADES SIMB.
CÓD.
Cód.: Ref.:
Cód.: Ref.:
Cód.: Ref.:
Tabela 12
DESCRIÇÃO
Lustre pendente para 01 lâmpada incandescente. Em alumínio escovado com haste preta
Spot embutido para 01 lâmpada eletrônica. Produzido em alumínio e pintura eletrostática branca. Vidro fosco 3mm
Lâmpada tubular de Led Ø 30x590mm Cor Emitida: Branca Quente Iluminamento: 100 Lux (3.200K)
W
LUM.
LAMP.
1X60W
02
02
1X23W
24
24
1x 100Lux
02
02
Tabela 12 Legenda Luminárias, tipos e quantidades
55
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico
número de lâmpadas e a potência de
5. Para a distribuição das luminárias no forro, o espaçamento
cada uma. (ver Tabela 12, p 55).
depende da sua altura com relação
Para facilitar o
ao plano de trabalho e da sua
entendimento do Engº elétrico, que
distribuição de luz. Este valor situa-
fará o cálculo das cargas
se em média, entre 1 e 1,5 vezes o
considerando as demais demandas
valor da área útil em ambas
de uma residência, convém montar
direções.
uma planta, aqui chamada de eletrotécnica com definição dos
Feita a distribuição, monte uma tabela com os modelos de
grupos de luminárias que serão
luminárias, suas quantidades,
acionadas num único toque e a
marcas, cores e demais detalhes.
localização dos interruptores (Planta
Para cada uma, especifique o
7).
Tubular led para iluminar áreas de trabalho sob o armário suspenso
potência da lâmpada
100 D
23
F
A
60
D
60
101 60
60
23
C Frente Winne coller
Freezer Geladeira
B
56
S.A S.B S.G S.H
23
23
23 G
93
C
23
23
Lavanderia H
H
D
77
23
23
B
B
56
A
23 G
23 G
23 H
116
23 H
39
60
67
60
93
D
28
Cozinha / Copa
23
60
60 23
Dormitório de Funcionário
60
G
56
43
60
94
E
S.C S.D S.E
30
73 23
A
A
227
30
C
72 23
23
92
185
71
B
73
100
405
24
S.F S.B 60
A
93 72
F
80
28
90
Microondas
23
F
80
28
60
23
Lavadora de louças.
E
localização de interruptor
30
Coifa
100
S.D
indicador de interruptor
171
82
S.G S.H
23
23
D
36
45
D
Dormitório de Funcionário 87
Elevador Social
Forro de gesso em placas de o,60m x 0,60m
23
91
B
23 A
Hall Social
S.A S.B 113
PLANTA 7
Hall de Serviços
9
74
Em todo perímetro do rebaixo de gesso, fita de led para iluminação embutida
172
21
Elevador de Serviços
PLANTA 7 Eletrotécnico
56
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico
De acordo com a ABNT
O designer também deverá definir a localização, tipo e
NBR 14136:2002 - Plugues e tomadas
quantidade de tomadas para atender
para uso doméstico - Padronização,
o posicionamento dos
o novo modelo de tomadas 2P+T
eletrodomésticos e equipamentos
(dois polos mais terra), apresenta
(Planta 8).
diferença no diâmetro do orifício, de modo que a amperagem do
Alguns eletrodomésticos
eletrodoméstico determina o plugue.
consomem mais energia que outros, como o micro ondas, geladeira,
LEGENDA Pontos elétricos
máquina de lavar louças, fornos
TOMADA USO GERAL h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)
elétricos, torradeiras etc. Para estes
TOMADA USO ESPECÍFICO h=0,30 m DO PISO (NBR 14136)
equipamentos será preciso prever
TOMADA USO ESPECÍFICO h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)
tomadas de uso específico, as TUEs.
TOMADA TELEFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2" TOMADA INTERFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2"
QUADRO DE FORÇA E LUZ
28
171
A C D
405
227
30
74
11 68
Frente Winne coller
118
B
17 23
40
40
41
Microondas
40
Lavadora de louças.
98
28
153Coifa
Freezer Geladeira
Lavanderia
66
Cozinha / Copa 40
83
PLANTA 8
PLANTA 8 Pontos elétricos
57
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha
O de diâmetro menor é apropriado
todas as superfícies de trabalho no
para equipamentos de até dez
teto para criar pontos de iluminação
ampères e de diâmetro maior é
de tarefa exatos. Definindo para
indicado para equipamentos de até
cada local ou ponto, se o volume
vinte ampères. A especificação deve
mais adequado é de um plafon
ser correta, pois não é só uma
embutido ou de sobrepor, de
questão de diâmetro de plugue, mas
luminárias ou pendentes, de
da espessura dos fios e cabos
arandelas ou até de um ou mais
elétricos.
lustres. Nesse momento de
A definição dos volumes
definição de tipos, localização e
das luminárias, requer a leitura da
quantificação, parece que a técnica é
planta e das elevações.
dominante em detrimento do
Um bom exemplo é
aspecto dos materiais. É que a
cozinhas com cooktop e coifa em
definição inicial não entra no mérito
ilha. Dependendo a posição da coifa,
da cor e textura dos objetos, que
deve-se escolher entre colocar
serão definidas nas etapas finais do
pendentes no balcão ou um lustre
projeto em conjunto com os demais
sobre a mesa, para não sobrecarregar
objetos, eletrodomésticos e
o espaço áereo.
acessórios. No primeiro momento de
Mais informações sobre o padrão Brasileiro de Plugues e tomadas: http://www.abinee.org.br/ informac/arquivos/ com72.pdf
Outra forma de resolver o problema visual do espaço aéreo em
definições do projeto luminotécnico,
cozinhas com cooktop em ilha, é
é importante ter uma leitura de todo
instalar os modernos cooktops com
ambiente, com suas alturas e
sistema de coifa retrátil, liberando o
elementos aéreos, para estabelecer
teto sobre a ilha.
os acessórios de iluminação mais adequados. É preciso saber exatamente a altura dos armários para não colocar pontos de iluminação desnecessários. E fazer a projeção de
58
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | hidráulico
Essa prancha de desenho
A parte hidráulica deve ser mostrada sobre o layout, para que os
esquemático, deverá ser
pontos de entrada e saída de água
disponibilizada para o Engº
sejam alocados sobre os demais
hidráulico ou arquiteto responsável.
sistemas (Planta 9). Esse mapeamento, tem
Uma prancha com detalhes da parte hidráulica, pode apontar
como função principal orientar o
com mais cuidado a localização e
projeto hidráulico, sem no entanto,
dimensionamento dos pontos. E um
substitui-lo.
memorial com a descrição dos modelos e tipos de acabamentos hidráulicos fornecerá as informações complementares, como o modelo de um ralo (linear, com grade etc).
LEGENDA Pontos hidráulicos
171
ponto de entrada 2
1
Coifa
ponto de saída Lavadora de louças. Microondas
ralo
3
A B
227
30
C
4
5
6
7
D 405
8
Frente Winne coller
Freezer Geladeira
Lavanderia
PLANTA 9
1 - Pontos de entrada e saída de água para máquina de lavar louças 2. Pontos de entrada e saída de água para pia. Água quente e fria. Torneira de bancada
3. Ralo linear 4. e 5. Pontos de entrada e saída de água para máquinas de lavar 6. e 7. Pontos de entrada e saída de água para tanque. Torneira de parede 8. Ralo linear
PLANTA 9 Pontos hidráulicos
59
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | forro de gesso
O forro (Planta 10), deve ser
Projetos hidráulicos completos determinam, além dos
detalhado em planta para dar uma
pontos de entrada e saída de água,
visão geral da forma do forro e em
também as soluções para
corte (ver detalhe), para mostrar
esgotamento sanitário e águas
detalhes da junta de dilatação e dos
pluviais. Cabe ao designer de
acessórios luminotécnicos. Os forros
interiores compartilhar seus projetos
devem ser mostrados (em cortes),
com e Engº hidráulico ou civil
também nas elevações, onde estarão
responsável, no sentido de assegurar
sobrepostos todos os sistemas
Instalações hidráulicas, ver mais: http://www.tigre.com.br/ pt/catalogos_tecnicos.php? cpr_id_pai=4&cpr_id=7
a correta localização dos pontos e de fornecer subsídios para as demais laje
fita ou mangueira de LED em toda extensão, entre os desníveis do forro
parede
soluções pertinentes ao escopo hidro-sanitário residencial.
DETALHE S/esc.
Rebaixo de gesso - faixa de 0,60m de largura, com tabica em todo perímetro, placas de 0,60 x 0,60m
Junta de dilatação (tabica) em todo perímetro do forro
171
60
Coifa Lavadora de louças. 60 Microondas
A B
227
30
C
30
D 405
60
Dormitório de Funcionário
Freezer Geladeira
Frente Winne coller
Lavanderia
Cozinha / Copa
60
36
60
Dormitório de Funcionário
87
Elevador Social
Hall de Serviços
Elevador de Serviços
No centro, rebaixo com placas de 0,60 x 0,60m, atirantadas com fios de arame galvanizado PLANTA 10
172
21 9
Hall Social
PLANTA 10 Forro de gesso
60
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | revestimento
(móveis, revestimentos, bancadas de
pesadas requerem sistemas de
granito, etc).
segurança, como travamentos ou
O detalhamento do forro deve ser executado antes do projeto
cabos, correntes ou fios de arame que as prendam diretamente na laje.
luminotécnico, pois a distância entre
O forro de gesso em placas
o forro e o teto é um parâmetro
atirantadas compõe um único
limitador para escolher reatores e
sistema então, forros muito extensos
luminárias. A altura mais indicada
podem desabar com o rompimento
entre o forro e a laje é de 0,15m.
de apenas uma parte dos cabos.
O tipo de forro escolhido
Para acabamento dos
para a cozinha e detalhes de
forros, existem além das molduras
instalação, dependem das soluções
de gesso, também as de poliestireno,
luminotécnicas. Luminárias mais
madeira entre outros materiais. Para
Pastilhas cerâmicas retangulares 0,02 x 0,02m, piso teto, assentadas em placas e rejuntadas com massa epox na mesma cor
ELEVAÇÃO A
Rodateto 0,10m em gesso com espessura suficiente para fechamento da tabica Paredes pintadas de branco, com tinta acrílica fosca
ELEVAÇÃO C
ELEVAÇÕES 2
ELEVAÇÕES 2 Revestimento paredes
61
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | cor
decorar forro, no ponto de saída de
Os detalhes em rádica nos
uma luminária, existem medalhões
frontões das gavetas e as prateleiras
em diferentes materiais.
em imbuia, compõe com o silestone
A representação dos
marron. As portas com melamínicos
revestimentos, depende dos detalhes
e com vidros serigrafados brancos,
(mosaicos, misturas de padrões e
compõe com o teto e as paredes
tipos etc). Quanto mais elaborado,
brancas. A tonalidade das pastilhas
mais detalhado deverá ser. Se as
compõe com o revestimento do piso.
paredes forem revestidas com um
Essas combinações de cores ajudam
único tipo, piso-teto, sem rodameios
a «amarrar» a composição total. A
e outros detalhes, basta mostrar em
idéia era: ampliar o espaço, com
elevações com especificação geral.
muita luz e longevidade.
As cores na cozinha devem ser selecionadas após resolver todos os problemas (condicionantes) e finalizar o layout. A cor se bem pensada, pode atuar como uma ferramenta na solução de problemas. Na proposta mostrada, o
Fotos 9 10
sol penetra pelas duas janelas e produz maior brilho e contraste na pia e no tampo da mesa, de modo que estas áreas receberam materiais opacos e não absorventes de calor. As paredes das elevações A e C foram revestidas com pastilhas cerâmicas e as demais paredes e teto foram pintadas de branco para não quebrar a continuidade das paredes, mantendo a amplitude do espaço.
Fotos 9 10 Fotos cozinha projeto Mirtes B Koch execução Roso Móveis São Paulo, 2009
62
capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | conclusão
Nas cozinhas
Mas, só a aparência dos
contemporâneas a cor foi
eletrodomésticos não é suficiente
incorporada nas paredes e também
para definir o caráter e a estética das
nas superfícies. Existem no mercado,
cozinhas. Para exemplificar, uma
melamínicos com textura de
cozinha de linhas clássicas pode
madeiras, florais, geométricos e lisos
receber eletrodomésticos de linhas
e uma infinidade de cores e padrões.
arrojadas, sem com isso perder seu
Os melamínicos estampados são temporais e podem
Em reformas onde a geladeira e demais eletrodomésticos
uma vez incorporados, a
serão reaproveitados, mas em outro
substituição será mais simples se
estilo. Pode-se colocar porta de
estiver só na área das portas.
madeira ocultando a geladeira e manter os demais eletrodomésticos
eletrodomésticos e acessórios de
em posições menos visíveis, como na
acabamento (puxadores, aramados
parte inferior das bancadas de
etc), devem ter a cor e o modelo
trabalho.
escolhidos em função da atmosfera do ambiente. Existem no mercado linhas
O projeto para cozinha enfim, deve ser pensado para proporcionar conforto para quem
de eletrodomésticos com linguagem
nela trabalha e também para os seus
diversificada, que atendem aos mais
usuários.
variados estilos. Como as geladeiras
Os usuários fornecem
e fornos vintage, que conservam a
dados para parametrizar todas as
aparência dos anos de 1960, sem
definições de projeto. De modo, que
abrir mão de moderna tecnologia.
a cozinha não será pensada
Se o caráter do ambiente for
Estudos de insolação Layout Planta Elevações Perspectivas Mobiliário Forros e rebaixos de gesso Revestimentos Paginação de piso e bases de alvenaria Luminotécnico Pontos elétricos Pontos hidráulicos
estilo.
durar menos que os móveis. Mas,
Também os
Status dos desenhos da cozinha
unicamente dentro da sua função
tecnológico «hightech», os
mais elementar, mas enquanto um
eletrodomésticos em aço inoxidável
espaço que pertence a uma
são os mais indicados para compor o
determinada família.
ambiente.
63
capítulo III desenvolvimento do projeto | home theater | levantamento de dados
produtos da etapa e
regem a vasta área da informação e
compatibilização
também, pela domótica, que integra
home theater O desenvolvimento da tecnologia de áudio e vídeo tornam os equipamentos para home theaters rápidamente obsoletos. As mudanças tecnológicas alteram também a aparência dos ambientes e dos móveis, que perdem a função e entram em desuso. Foi na década de 1980, que os videocassetes deram outra dimensão ao já consagrado espaço da TV, que ganhou estante piso-teto para acomodar a televisão de tubo e os filmes em VHS. E, do vídeocassete ao blue ray e do tubo a ultrafina LED, a tecnologia
todos os sistemas (iluminação, TV, fechamento de persianas, ar condicionado etc), num único controle remoto. Portanto, para um bom projeto de home theater é preciso, analisar o espaço para determinar o melhor sofá, televisor ou projetor e os móveis para suporte, com um sistema adequado de áudio e vídeo e soluções para o conforto acústico, térmico e lumínico com controle inteligente. Requer percorrer um escopo que envolve diferentes sistemas e especialidades, onde o usuário é o centro para onde tudo converge.
desmaterializou a tradicional estante de TV, reduzindo-a ao rack e mais recentemente, ao painel de parede para suporte do monitor ou tela de projeção. As novas tecnologias aproximam a TV do computador, da mobilidade e virtualização e apontam para novas grandes transformações espaciais no home theater. De modo, que as premissas projetuais devem ser avaliadas à luz
levantamento de dados O levantamento de dados para confecção de um novo projeto arquitetônico, não será diferente do executado para criação de projeto de reforma. A diferença é que, para o projeto de um novo edifício os dados levantados serão prerrogativas, enquanto que para a reforma o espaço existente será o principal parâmetro do projeto.
das transformações tecnológicas que
64
capítulo III análise de conforto do home theater
1.
Levantamento de
demais ilustrações utilizadas para
documentos (plantas do projeto
exemplificar os produtos de cada
arquitetônico, elétrico, cabeamento,
etapa do processo de projeto do
normas, legislação e regras, acervo
home theater, fazem parte de um
de fotos do local etc).
projeto completo de reforma de um
2.
Levantamento dos
apartamento em São Paulo. Trata-se
equipamentos existentes e dos
de um amplo ambiente na cobertura
desejáveis (televisores, projetores,
do edifício, que será dividido para
sistemas de home-theaters,
abrigar o home theater e o escritório,
equipamentos de áudio e vídeo,
para uma família composta por
internet, interfone, móveis, acervo
quatro pessoas (casal + 2 filhos).
de discos, blue rays etc). 3.
Condicionantes
As primeiras analises pré projeto, evidenciaram a preocupação
locais: percurso do sol para
da família em manter a visada da
definição de layout, medidas
empena envidraçada, quando da
antropométricas para definição das
divisão dos ambientes. O desejo, era
alturas e profundidades dos móveis,
de que a paisagem do entorno fosse
a altura do pé direito, janelas e
compartilhada pelos dois ambientes.
portas, ambientes próximos,
A solução encontrada, foi a
iluminação, revestimentos e
instalação de um conjunto de painéis
materiais de acabamento entre
deslizantes para fechamento
outras características físicas.
transitório dos ambientes nos
4.
Condicionantes
imateriais: o número de usuários, idade, profissão, limitações físicas,
Parede com fechamento piso-teto de vidro em substituição a alvenaria
momentos da realização de atividades conflitantes. E para privilegiar a
necessidades especiais dos usuários,
paisagem reinante do entorno, as
hábitos culturais, organizacionais e
paredes e teto receberam cor neutra
sociais etc.
e os móveis cores claras. O piso recebeu carpete azul (para ampliar o
objeto de estudo
céu) e a iluminação cor amarelada.
As principais plantas e
65
capítulo III análise de conforto e antropométrica do home theater
análises de conforto
pela sua natureza, exige tratamento
A sobreposição de várias
especial de conforto. A análise da projeção do sol
especialidades dentro do mesmo ambiente requer uma análise de
é no sentido de identificar a luz e a
conforto mais abrangente, para
insolação incidentes dentro do
oferecer soluções aos problemas pré-
ambiente, mas também é preciso
existentes como insolação, excesso
analisar a inércia térmica das
de barulho da rua, proximidade com
paredes que estão expostas ao sol. A
dormitórios, pé direito muito amplo
luz solar aumenta a temperatura
entre outros de ordem física. As
média interna trazendo desconforto
soluções para esses problemas serão
aos usuários. O excesso de claridade,
apresentadas conjuntamente aqueles
além do inconveniente visual, pode
pertinentes ao próprio projeto, que
desbotar as superfícies dos revestimentos têxteis.
379,24
Janelas basculantes
789,72
A B
609,86
C
ESCRITÓRIO
HOME THEATER
989,38
Portas de passagem PLANTA Home-theater, escritório
PLANTA 11
Projeção do sol da manhã durante o mês de fevereiro
PLANTA 11 Estudos de insolação
66
capítulo III análise de conforto e antropométrica do home theater
medidas de conforto. As medidas
De acordo com o posicionamento do norte magnético
humanas padrão (ver Tabela 8, p 31),
e análises no local exemplificado, a
consideradas na produção de sofás,
única empena que receberá o sol da
racks e demais móveis para home
manhã será a denominada «C» (ver
theaters satisfazem um grande
Planta 11, p 66). A área do percurso
contingente de tipos. Porém, em
do sol deve ser evitada
casos especiais identificados no
especialmente, para instalação de
levantamento de dados, as medidas
sofás e equipamentos eletrônicos.
devem ser alteradas proporcionalmente para maior conforto dos usuários.
análise antropométrica
Sofá: O parâmetro mais
A definição do layout deve
importante para a escolha do sofá é
privilegiar os usuários e suas
Painel com faixas de madeira de demolição para receber TV 60'. Móvel em laca cinza para equipamentos de áudio e vídeo
Painéis divisórios de correr, entre escritório e rouparia / armários escritório
3,50
Rebaixo de viga, com estantes embutidas entre piso e viga nas duas extremidades. Painéis deslizantes fazem o fechamento individualizando as áreas
PLANTA Home-theater, escritório
PLANTA 12
Sofá com percintas elásticas na base, almofadas soltas no assento e encosto com plumas sintéticas. Módulos de 0,80 x 0,95m revestidos de camurça
Mesa 1,20 x 1,20m em madeira de demolição com nichos porta objetos (revistas, plantas, controles etc)
PLANTA 12 Layout
67
capítulo III análise de conforto antropométrico e visual do home theater
o uso. Um sofá para receber visitas
No momento da definição
ou para ocasiões mais formais
do layout, a escolha dos sofás se
deverá acomodar com conforto
dará pela dimensão e formato. Já os
alguém cuja postura permanecerá
tecidos, serão escolhidos em
ereta. Já um sofá para relaxar e
conjunto com as soluções de
assistir televisão deverá acomodar
conforto térmico e acústico e estudo
com aconchego. Para montagem do
das cores que serão utilizadas.
sofá deve ser analisado a estrutura,
Móvel para televisão: A
assento, encosto, braços, tecidos e
profundidade depende do aparelho
almofadas e ainda, se será peça
(base e profundidade), também dos
inteira ou em módulos para facilitar
equipamentos. O mais comum é com
a logística de entrega e montagem.
0,40m de profundidade e nichos
A estrutura pode ser com
equipamentos de home theater.
superfície de compensado. Os
Considere que o subwoofer, pode
assentos podem ser fixos ou com
ser instalado diretamente no piso.
almofadas soltas de espuma maciça,
Deve ter também nichos e gavetas
picada, de plumas ou mistas. O
para DVD´s, Blue Rays, CD´s etc. A
encosto pode ser fixo ou ter apoio
altura do móvel não deve
fixo e receber almofadas soltas.
ultrapassar os 0,50m. Lembre-se que
2,40m até 42" 2,80m até 50" 3,40m até 60" 3,80m até 71"
Tabela 13 A distância entre o sofá e o televisor como parâmetro para definir as polegadas da tela
este sistema está próximo da
ter no mínimo 0,50m para cada
extinção e deixe reservado espaço
pessoa, ou seja, um sofá de 3 lugares
para instalação de projetores no teto
com braços de 0,20m, tem no
e paredes livres e bem acabadas para
mínimo 1,90m, e o de 2 lugares
a projeção.
1,40m. A largura ideal, no entanto,
1,80m até 32"
suficientes para acomodar todos os
percíntas elásticas, molas ou
Um sofá confortável deve
Tabela 13
Os painéis são uma
está entre 0,70 e 1,00m. A
excelente opção para fixar o
profundidade, varia entre 0,80 e
televisor, dispensando a base do
1,00m e a altura ideal, está entre 0,40
aparelho e o móvel suporte. O painel
e 0,50m.
além de ocultar os fios e cabos, ainda é uma solução acústica.
68
capítulo III análise de conforto visual e acústico do home theater
conforto visual O tamanho ideal do
cortinas, painéis e blackout´s. As cores claras e brilhantes
televisor é aquele que o
são reflexivas, enquanto as quentes
telespectador não precisa girar a
ou escuras são absorventes. Então, a
cabeça para ver toda tela ou ler as
cor e o material das superfícies,
legendas. Quanto mais próximo o
paredes e revestimentos também
sofá do televisor, menor deve ser a
interferem na qualidade luminosa
tela. Algumas medidas de conforto
(ver Tabelas 9 e 10, p 40) e devem ser
foram estabelecidas e são utilizadas
resolvidas em conjunto com o
para definir o tamanho da tela
luminotécnico e com os fechamentos
(Tabela 13, p 68). O ângulo de visão
transitórios das janelas.
vertical diante da tela do aparelho
A inteligência tecnológica
não pode ser superior a 15º, o que
pode ser empregada para facilitar o
sugere instalar a tela a cerca de
uso dos equipamentos. Os
0,60m do piso.
interruptores de parede podem ser
A iluminação é um
acionados por radiofrequência. O
componente muito importante no
acionamento das luzes, cortinas,
espaço e deve ser planejada para
áudio e vídeo, pode ser por controle
permitir diferentes cenas. Deve
remoto, que ainda pode acionar a
permitir que as pessoas se
iluminação e criar diferentes cenas.
movimentem com segurança,
No projeto apresentado
localizem objetos ou façam
como exemplo, o ambiente tem
atividades paralelas que exijam mais
empena de vidro com vista para os
ou menos luz. O projeto
edifícios da Avenida Paulista e não
luminotécnico deve propor grupos
seria prático manter longas cortinas
de luminárias com acionamento
com fechamento manual. A proposta
independente e dimerizar algumas
foi instalar painéis blackout
luminárias para controle da
acionados por controle na empena B
intensidade da luz. A iluminação
(ver Planta 11, p 66). Para criar um
natural deve ser controlada por
bloqueio físico do sol na porta de
fechamentos transitórios, como
vidro da empena C e amenizar a temperatura, optou-se por criar um
69
capítulo III análise de conforto acústico do home theater
pergolado com vegetação na área
das faixas separadamente,
externa.
envolvendo o espectador na ação. conforto acústico
Acontece que a tecnologia doméstica
Para entender a experiência
era composta por um sistema de
que os sistemas de home theater
áudio que tinha uma única faixa
produzem, é preciso saber um
(monofônico), e posteriormente,
pouco mais sobre as produções
uma faixa mais larga (estéreo). Os home theaters
cinematográficas e como o áudio é captado durante as filmagens. De
apresentam sistemas 2.0, 2.1, 5.1 e
forma bastante simplificada, durante
7.1 (ver posicionamento dos
a execução de um filme os sons são
equipamentos no esquema abaixo),
captados por três ou mais
que se referem aos canais que
microfones ou são posteriormente,
distribuem o som, sendo o numeral
mixados em estúdios. Quando
da esquerda do ponto a quantidade
exibidos no cinema, a tecnologia
de alto-falantes que o sistema
surround sound reproduz cada uma
possui. Em um home theater 7.1, por Tabela 14
Sistema 5.1
Sistema 7.1
01
03
04
02 01 Caixas acústicas laterais e traseiras, na mesma linha das caixas acústicas frontais 02 Caixas acústicas frontais, alinhadas com as caixas acústicas traseiras ou laterais
03 Caixa acústica central, acima da TV (reproduz os diálogos da cena) 04 Subwoofer Posicionar sobre o piso, longe dos equipamentos (reproduz sons graves, que produzem vibração)
Tabela 14 Sistemas de home theater
70
capítulo III análise de conforto acústico do home theater
exemplo, são sete canais para caixas
acústico, além da escolha do sistema
de som, que geram sons médios e
adequado ao tamanho do ambiente
agudos, além de um subwoofer para
(2.0, 2.1 etc) e do mobiliário correto,
os graves. Esse sistema é indicado
é preciso prever tratamento acústico
especialmente, para ambientes com
para maximizar a experiência. Como o som se propaga
grandes dimensões e com blue ray, que é o único equipamento capaz de
nos meios materiais é preciso defini-
reproduzir os sete canais de áudio.
los corretamente, para criar zonas
O áudio ideal é aquele que
absorventes e reflexivas (ver
reproduz com clareza todos os
exemplo P 13), e para otimizar ou
ruídos e sons do filme, sem ecos ou
minimizar os fenômenos decorrentes
outros fenômenos descompensados
desse processo. Os revestimentos
(p 37), e sem invadir os outros
absorventes são tecidos em geral,
ambientes da casa. Para o equilíbrio
carpetes, tapetes e tapeçarias, área com maior absorção do som, para permitir a percepção do efeito estéreo
03 02
01
PLANTA Home-theater, escritório
PLANTA 13
04
tela de projeção 02
01
área mais reflexiva, para maior envolvimento dos sons ambientes
PLANTA 13 Disposição do Sistema 5.1 e zonas absorventes e reflexivas
71
capítulo III produto da etapa e compatibilização de home theater | soluções acústicas
quadros, móveis e painéis de
requer revestimento (tapete ou
madeira etc. Os reflexivos são as
carpete), para impedir que o som
paredes de alvenaria, gesso, vidro,
invada o apartamento do andar
mármore ou cerâmica, entre outras
inferior.
superfícies. produtos da etapa e
Os painéis de madeira utilizados para fixar as telas de TV
compatibilização
ou projetores são eficientes, mas não
As elevações são
são capazes de absorver e isolar
especialmente úteis para mostrar os
sozinhos, os sons graves e as
detalhes dos revestimentos das
vibrações e tremores do subwoofer. A
paredes e fechamentos de janelas. As soluções para
instalação desse equipamento
isolamento acústico e térmico
diretamente sobre o piso, inclusive,
Forro de gesso liso, com junta de dilatação (tabica) em todo perímetro, com recuo para embutir encabeçamento de painéis blackout e de tela de projeção
50
60
TV 60'
Painel com faixas de madeira de demolição para receber TV 60', com espaço na parte posterior para ocultar fiação e cabeamento
Elevação A
Empena envidraçada com aberturas basculantes, com painéis tipo blackout, motorizados e acionados por controle remoto
Elevação B
Empena envidraçada com porta de correr, acesso a área de lazer, com painéis tipo blackout, motorizados e acionados por controle remoto. A parede receberá pintura na cor branco gelo (levemente acinzentado) acetinado para proporcionar maior reflexão do som
ELEVAÇÕES 3
Elevação C
Quadros com proteção de vidro serão instalados na lateral da ELEVAÇÕES 3 parede Soluções acústicas e térmicas
72
capítulo III produto da etapa e compatibilização de home theater | gesso | luminotécnico
normalmente não são as mesmas.
são bons refletores de som, mas a
Mas em todos os casos, deve-se
sua espessura e transparência
lançar mão de matérias com
produz desconforto térmico e
características comuns, como: serem
luminoso. Mas, o uso de vidros
leves, não propagarem chamas e não
duplos ou com mais camadas
favorecerem a proliferação de
formam um colchão de ar entre as
fungos.
superfícies e proporcionam conforto térmico e acústico.
As paredes, forros e
O Poliestireno expandido
drywall, podem receber lã mineral, que tem diferentes espessuras e
(EPS), conhecido como isopor, pode
níveis de absorção de ruídos.
ser combinado com outros materiais. A madeira, tem aplicação como
Entre as principais
laje parede
características materiais, os vidros
60
60
47,68
156,06
85
50,04
70
70
70
70
120
60
70
70
PLANTA 14
100 62,72
82,24
PLANTA
100
110,07
85
85
115
85
115
171,28
85
252,49
100
fita ou mangueira de LED em toda extensão, entre os desníveis do forro
70
100
97,86
100
49,85 45,6
Na borda superior e inferior do painel de madeira, fita de LED com acionamento independente
100,49 100
85
84,48
Forro de gesso em placas de 0,60m x 0,60m, com aberturas de 0,12m sobre as empenas envidraçadas para embutimento dos painéis. Nas paredes, tabica de 0,06m
60
60
135,1
60
Em todo perímetro do rebaixo de gesso, fita de led para iluminação tangenciando a parede (efeito wall wash), com acionamento independente PLANTA 14 Projeto Luminotécnico
73
o
capítulo III produto da etapa... home theater | luminotécnico
isolante térmico e acústico e nesse
(Planta 14, p 73) desde que seja
caso, tem melhor performance se
linear, sem muitos detalhes. O
instalada em partes desiguais e
projeto de iluminação para o home
irregulares para “quebrar” a onda
theater pode oferecer a possibilidade
do som.
de compor diferentes cenas, para conforto visual, embelezamento e
Quadros com proteção de vidro, também são reflexivos e
para total iluminamento, quando for
podem ser utilizados dentro da zona
o caso. Mas, se o projeto se limitar
de reflexão. Painéis com pinturas
aos pré-requisitos do uso específico
sem proteção do vidro, ao contrário,
do home theater, as exigências
oferecem superfícies absorventes.
luminosas devem ser menores.
O forro de gesso pode estar representado no luminotécnico
A criação de grupos de iluminação, com acionamento
LEGENDA LUMINÁRIAS QUANTIDADES SIMB.
CÓD.
DESCRIÇÃO
Cód.:
Lustre pendente para 05 lâmpadas incandescentes. Em alumínio com pintura e corrente preta
Ref.:
Cód.: Ref.:
Cód.: Ref.:
Tabela 15
Spot embutido para 01 lâmpada eletrônica. Produzido em alumínio e pintura eletrostática branca. Vidro fosco 3mm 0,15 x 0,15m
Luminária embutida para 2 lâmpadas fluorescentes tubulares. Corpo da luminária em chapa de aço com acabamento epoxy branco. Vidro fosco 3mm 1,00 x 0,285m
W
LUM.
LAMP.
1X60W
01
05
1X200 lúmens (15W)
34
34
1x800 lumens (60W)
03
06
Tabela 15 Legenda Luminárias. tipos e quantidades
74
capítulo III produto da etapa... home theater | eletrotécnico independente, permite criar efeitos
atrás do painel de suporte do
estéticos ou cenas.
televisor, sobre as mesas de apoio e nos objetos de arte. Também é
As fitas de LEDs instaladas no forro, próximas à parede (no
interessante, deixar pontos de
máximo 0,15m), proporcionará luz
elétrica nos pisos próximos ao sofá
fraca tangenciando levemente a
para equipar o ambiente com
parede. Se desejar um efeito mais
luminárias de pé e abajures para a
potente, com desenhos cônicos nas
iluminação de tarefa, que será
paredes, os spots com foco regulável
acionada para apoio de alguma
para facho de luz com a angulação
atividade, com ler durante o filme.
desejada, criam o efeito wall wash.
Os acessórios de acabamento luminotécnico (lustres,
Outro efeito adequado é a
luminárias, spots, arandelas etc)
luz de destaque sobre os quadros,
49,85 45,6
519,72
100 15
15
A
15 A
15 C
60 D
S.I S.D S.C S.B S.A
F
15
15
F
F
171,28
115
60 15
B
E
85
609,72
C
60 D
50,04
120 15
15 15
115
15
H
G
70
70
C
85
B
15
15
D
15
85
C
70
15 A
100
A
100
G
S.C S.B S.A
15
15
15
62,72
82,24
15
A
60
H
G
G
G
60
60
S.I S.G S.F
I
I
15
15
70
15
100
15
15
70
70
B
A
H
G
60 15
15
S.E S.H S.G S.F
109,45
15
47,68 15
F
85
252,03
60 15
F
85
85 15 B
60 15
A
97,86
A
70
15
100
156,06
84,48
100,49 100
15
15
135,1
I
I
60
PLANTA
Em todo perímetro do forro de gesso, fita de led para iluminação tangenciando a parede PLANTA 15
100 D
potência da lâmpada indicador de interruptor
S.D
localização de interruptor
PLANTA 15 Projeto Eletrotécnico
75
capítulo III produto da etapa... home theater | eletrotécnico também fazem diferença no efeito
fechado, com vidro transparente ou
visual, podendo funcionar como luz
fosco. O projeto eletrotécnico
decorativa, onde o próprio objeto é o destaque. O acabamento dos
mostra todos os pontos de
acessórios também tem cor, textura e
iluminação e suas tomadas com as
detalhes e devem ser escolhidos de
letras correspondentes de
acordo com a composição total do
acionamento, paralelas ou simples.
ambiente. Spots com vidro fosco LEGENDA Pontos elétricos
deixam a iluminação mais difusa e
TOMADA USO GERAL h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)
agradável, mas perde parte da
TOMADA USO ESPECÍFICO h=0,30 m DO PISO (NBR 14136)
luminosidade da lâmpada, o que
TOMADA USO ESPECÍFICO h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)
deve ser levado em conta na hora de
TOMADA TELEFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2" TOMADA INTERFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2"
escolher entre spot aberto ou
QUADRO DE FORÇA E LUZ TOMADA ANTENA h=2,20 m DO PISO, EM CAIXA 4"x4" TOMADA ANTENA h=0,30 m DO PISO, EM CAIXA 4"x4"
TOMADA DE LUZ NO PISO
519,72
30 30 30
60
30 30
60
30 30
45
609,72
137,5
PLANTA 16
PLANTA 16 Pontos elétricos
76
capítulo III produto da etapa... home theater | paginação de piso A planta dos pontos
Além das tomadas para acionamento, no caso do home
eletrotécnicos indica as tomadas
theater, as cenas (grupos de
elétricas, pontos para passagem de
luminárias) podem ser acionadas
cabos, dados e telefonia e servirá ao
por controle remoto, o mesmo que
Engº elétrico responsável para
controlará o ar-condicionado, o
parametrizar o projeto completo de
televisor e a abertura e fechamento
elétrica e também para o eletricista
dos painéis. E para os painéis é
que fará a instalação da parte
necessário instalar um pequeno
elétrica e luminotécnica. Também o revestimento de
motor que pode ser embutido dentro do tubo de sustentação e
piso tem interface com a acústica do
pode ser acionado por controle ou
ambiente. A paginação de piso
interruptor. (Planta 16, p 76)
deve apresentar soluções para inibir
Carpete estampado com bordas embutidas sob a tabeira
609,72
519,72
PLANTA
PLANTA 17
Em todo perímetro do piso tabeira de madeira de 0,60m
PLANTA 17 Paginação de piso
77
capítulo III produto da etapa... home theater | conclusão Status dos desenhos do home theater
a reflexão e para bloquear a
parecem mais próximas e as
passagem do som, no caso de
superfícies brilhantes e iluminadas
apartamento. Nenhum tipo de
causam ofuscamento, devendo evita-
revestimento deve ser descartado,
las.
nem mesmo os pisos reflexivos
Alguns aparelhos de
(granito, porcelanato etc), mas
televisão vêm com uma projeção de
caberá nesses casos, propor a
luz na parte posterior do aparelho
proteção através de tapetes ou até
que tangencia a parede, com cores
mesmo carpete.
iguais a da imagem da tela, para
Se a opção for por manter o piso mais reflexivo, então o forro
desmaterializar as bordas. No caso do home theater, a
deverá ser de material mais
tecnologia é a principal protagonista
absorvente, para compensar.
das mudanças e é para onde o
O forro de gesso liso,
designer sempre deve olhar para
bastante utilizado por conta da
criar ambientes altamente funcionais
praticidade na aplicação e
e longevos.
funcionalidade, tem um nível de
Estudos de insolação Layout Planta Elevações Perspectivas Mobiliário Forros e rebaixos de gesso Revestimentos Paginação de piso Luminotécnico Pontos elétricos, dados, lógica, TV
Fotos 11 12 13
reflexão maior, então o piso deverá ser mais absorvente, para equilibrar o ambiente. Os padrões, estampas e cores dos tecidos e revestimentos devem ser escolhidos com cuidado, pois além de interferirem na acústica, também podem tirar a atenção do espectador da tela. Os painéis que servem de apoio para a tela de projeção ou televisor, devem ser de cor única, sem estampas ou saliências. Fotos 11 12 13 (a,b) Maquete 3D projeto Mirtes Koch São Paulo, 2009
As cores mais intensas
78
capítulo III produtos da etapa e compatibilização | closet produtos da etapa e
apresentado por um designer, às
compatibilização
peças componíveis.
closet O closet pode ser um espaço independente, anexo ao dormitório ou parte dele que abriga armários com gaveteiros, nichos, sapateiras, varões para cabides, calceiros e maleiros, com compartimentos adequados ao armazenamento de roupas, calçados, acessórios e malas de viagem. E quando mais espaçoso pode ser enriquecido com espelhos, vitrines, mostruários, penteadeira e pufe ou poltrona. Os armários do closet podem ser planejados (modulados) ou sob medida (exclusivos). Os modulados são montados com peças industrializadas (prateleiras, nichos, calceiros etc), disponíveis em várias medidas que atendem composições em diferentes ambientes. As lojas especializadas em armários planejados fornecem diferentes linhas de armários com materiais e acabamentos distintos que as caracterizam. As peças modulares oferecem uma grande variedade de medidas e sempre é possível
Os closets montados com partes componíveis se popularizaram e existem versões mais leves e de menor desembolso, do tipo faça-você-mesmo. As estruturas em perfis de metal para prateleiras de madeira industrializada e acessórios aramados, são vendidas em lojas de bricolagem com grande disponibilidade de peças, tamanhos e acabamentos. Por sob medida, designamse os armários executados com um projeto específico, cujas peças foram desenhadas e serão executadas com as medidas precisas do local. Os armários feitos sob medida, geralmente em marcenarias artesanais são do tipo piso-teto, com laterais, fundo, encabeçamento e portas de madeira (industrializada), enriquecidos com prateleiras, gavetas e acessórios de metal. Nesse caso, o projeto feito sob medida irá determinar o tipo de material, a localização, alturas e profundidades das peças internas (calceiro, maleiro, varão, gaveteiro etc) e demais
adequar um projeto personalizado,
79
capítulo III produtos da etapa... closet | levantamento de dados detalhes, como portas, acabamentos,
armazenados no espaço. Determinar
acessórios para auxiliar a
novas formas para organizar os
organização interna etc.
pertences faz parte das tarefas de
Atualmente, tanto as lojas
um designer, que poderá sugerir
de closets e armários planejados
desde os cabides corretos para cada
quanto as marcenarias aderiram as
tipo de roupa, até a melhor forma de
estruturas de metal, reduzindo
dobrar roupas para poupar espaço.
muito a aplicação da madeira.
E nesse aspecto, o clima local e a
Os acessórios de metal
cultura são fatores determinantes. De outra ponta, uma
revolucionaram as divisões internas com varões iluminados, corrediças
analise de preços (por metro
eletromecânicas para abertura e
quadrado) dos armários, poderá
fechamento de gavetas e portas,
determinar o executante, se
organizadores, cestas e caixas em
marcenaria ou loja de planejados. 1.
metal (aramados), em vime ou
Levantamento de
plástico para roupas e calçados, que
documentos (plantas do projeto
além de minimizarem o uso da
arquitetônico, elétrico, medidas,
madeira, ocupam menos espaço e
acervo de fotos do local etc) 2.
são mais leves e funcionais.
Levantamento do
Pequenos detalhes personalizam os
acevo de pertences pessoais, de
armários como os puxadores com
roupas e calçados, jóias, óculos,
brasões ou iniciais, aplicação de
gravatas, malas de viagem, entre
pedras de cristal, forrações em
outros)
veludo ou seda.
3.
Condicionantes
locais (percurso do sol para levantamento de dados
definição de layout, medidas
Para a definição de um
antropométricas para definição das
closet o processo de levantamento
alturas e profundidades dos móveis,
tem como objetivo conhecer todo o
a altura do pé direito, janelas e
acervo de roupas, calçados e
portas, ambientes próximos,
pertences pessoais que serão
iluminação, revestimentos e
80
capítulo III produtos da etapa... closet | objeto de estudo | analise de conforto materiais de acabamento entre
preferiu dividir os espaços internos
outras características físicas).
em duas categorias: roupas do dia-a-
4.
Condicionantes
Figura 5
dia e de esportes e viagens.
imateriais (o número de usuários, idade, profissão, limitações físicas,
análises de conforto
necessidades especiais dos usuários,
Normalmente, os espaços
hábitos organizacionais e pessoais
destinados aos closets não possuem
etc)
janelas para o exterior e é também
Planta
comum encontra-los posicionados objeto de estudo
junto à porta do banheiro,
Closets seguem regras de
facilitando seu acesso e uso. A falta
projeto que são comuns, mas os
de janelas que caracteriza esses
resultados dependem das
ambientes, resguarda as roupas de
peculiaridades de cada um. Os
poeira e do desbotamento causado
femininos, por exemplo, tem
pela claridade ou incidência de luz
espaços próprios para vestidos
solar.
longos e mostruários para bijuterias
Elevação B
Em cidades de clima úmido
e óculos. Já os masculinos, tem
esse modelo requer atenção máxima
maior profundidade para acomodar
para evitar a proliferação de fungos
os cabides de ternos e casacos com
nas roupas, calçados e
ombros largos e um espaço
revestimentos. O controle da
adequado para organizar as
umidade deve ser eficaz,
gravatas. Então, para exemplificar o
especialmente dentro do banheiro
processo, foram utilizados projetos
com a eliminação total do vapor de
distintos, femininos e masculinos,
água através de janelas, ou com
para analisar as peculiaridades à luz
auxilio de desumidificadores, que
das prerrogativas de cada dono.
são aparelhos próprios para essa
O closet masculino aqui
Elevação A
Elevação C
Elevação D
finalidade. Também o ar
representado, foi feito para um
condicionado com função
homem que tem muitas roupas e
desumidificadora pode ser instalado
calçados. Ele gosta de organização e
no closet.
Figura 5 Estudos à mão para distribuição dos armários e divisões internas
81
capítulo III produtos da etapa... closet | analise antropométrica A opção por colocar portas
É preciso deslocar o varão de modo
nos armários só deve ser
a deixar um espaço livre de no
considerada quando o espaço do
mínimo 0,25m na parte posterior do
closet for aberto para o quarto.
varão para acomodar bem os cabides
Armários sem portas permitem
com roupas. Cabides apertados
melhor ventilação e iluminação
podem desgastar e até rasgar os
interna.
ombros das roupas. Essa Colocar janelas dentro do
desproporção na fixação do varão
closet só é possível quando o
vai fazer com que as roupas nos
ambiente não está confinado entre
cabides fiquem desalinhadas com a
paredes, no entanto, as aberturas
face frontal do armário.
trazem outros inconvenientes, como
devem ter no mínimo 0,55m de
manchar tecidos.
profundidade, desconsiderando a
deve ser adequado à continuação do banheiro. Tapetes ou carpetes com
Cabide tipo bumerangue é mais apropriado para guardar vestidos, blusas e camisas.
Armários com portas
a poeira e a claridade que podem
O revestimento de piso
Cabide para calças
medida necessária para a instalação das portas.
Cabide para gravatas, lenços e echarpes
Quanto à distribuição das
pelos mais longos podem umedecer
partes internas do armário, na parte
e produzir mau cheiro ao ambiente.
inferior pode-se alocar calceiros, sapateiras e gaveteiros, geralmente alinhados até no máximo 0,80m de
análise antropométrica
altura. Essa altura é suficiente para
A profundidade dos
acomodar calças dobradas nos
armários varia de acordo com o
calceiros (araras ou mesmo varão),
espaço disponível no closet e com a
sem tocar no piso do armário e
presença ou não de portas ou
também para três ou quatro gavetas
painéis. Um armário sem portas
no gaveteiro.
pode ter profundidade mínima entre
As prateleiras para
0,40m e 0,45m, desde que o varão
armazenar sapatos podem ficar
não tenha as extremidades
alinhadas abaixo dos 0,80m de
instaladas no meio exato da lateral.
altura, para deixar espaço suficiente
Cabide com prendedores para calças, saias e bermudas
Cabide anatômico para casacos (entre 0,40 e 0,50m de largura)
Cabide para cintos
82
capítulo III produtos da etapa... closet | analise antropométrica para roupas longas em cabides. A
mais leves e as menos profundas as
sapateira pode ser no formato de
roupas mais pesadas, para não afetar
gaveta (prateleira deslizante) ou fora
o sistema de trilhos ou corrediças.
do local de armazenagem de roupas,
Na parte interna superior
tipo escaninho (nichos), com ou sem
dos armários o varão pode ocupar
portas. A altura muda em função do
dois terços do espaço horizontal e o
tipo de calçado, de modo que essa
restante ficaria para uma coluna
medida depende do acervo de cada
vertical de nichos, para
usuário e do seu gosto pessoal.
armazenamento de malhas, bolsas,
A profundidade das
moletons, toalhas e roupas de cama
gavetas deve ser pensada em função
(quando necessário). O maleiro pode
do conteúdo. Então, as gavetas mais
ter mais profundidade que o
profundas podem receber roupas
restante do armário e sua altura vai
0,3
Maleiro
Varão
1,16
Nichos abertos
0,8
Gaveteiro
Sapateira com pranchas escamoteáveis
0,57
Elevação 4
1,17
Varão calceiro
Elevação 4 Divisões internas Medidas antropométricas de armário
83
capítulo III produtos da etapa e compatibilização | closet variar em função do pé-direito da casa. É esse o melhor espaço, para organizar itens poucos utilizados
A D
como malas e sacolas de viagem.
B C
Deve-se orientar quanto ao uso de espelho
caixas customizadas e etiquetadas e sacos de malha para organização de
PLANTA
sapatos. (Elevação 4 p 83).
2,95
produtos da etapa e compatibilização Como o closet analisado não tem acesso direto ao banheiro e
ELEVAÇÃO A
está resguardado da umidade, o carpete é o mesmo do dormitório (tipo americano com pelos longos), e embora o espaço seja fechado por porta, optou-se por colocar portas de correr nos armários.
ELEVAÇÃO B
roupas de viagem (casacos longos etc) e roupas esportivas
luminotécnico A iluminação tem grande relevância em qualquer tamanho de closet, que deve ser contemplado com iluminação suficiente e adequada a bons índices de
ELEVAÇÃO C
reprodução da cor.
Elevações 5
ELEVAÇÃO D
roupas para o dia-a-dia
Elevações 5 Conjunto de elevações do projeto do closet executados em autoCADR (autodesk)
84
capítulo III produto da etapa... closet | luminotécnico | conclusão Status dos desenhos do closet
Cofres podem ser
As luminárias dispostas em varões e com foco dirigido são as
embutidos na parte posterior do
mais indicadas, por proporcionarem
gaveteiro.
Planta Elevações Mobiliário Luminotécnico
Closets sem portas, com
menos zonas de sombras.
visores transparentes em gavetas e
A cor das paredes deve ser escolhida para proporcionar
expositores, sugerem a organização
conforto visual e térmico, além de
cromática das roupas e calçados e
potencializar a luz.
acessórios para armazenagem.
Tecidos e papeis com estampas suaves e cores pasteis, criam uma atmosfera favorável para exposição das roupas, calçados e acessórios.
0,82
PLANTA 18
1,47
1,46
PLANTA 18 Projeto Luminotécnico
PLANTA LEGENDA LUMINÁRIAS QUANTIDADES SIMB.
CÓD.
Cód.: Ref.:
Tabela 16
DESCRIÇÃO
Spot embutido para 01 lâmpada eletrônica. Produzido em alumínio e pintura eletrostática branca. Vidro fosco 3mm 0,15 x 0,15m
W
1X200 lúmens (15W)
LUM.
09
LAMP.
09
Tabela 16 Legenda luminárias, tipos e quantidades
85
capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | história...
CAPÍTULO IV
para viabilizar seu uso na confecção
sistemas especiais
de armários e móveis e como
tipos de madeira
revestimento de pisos e paredes.
história, contexto e
No início as indústrias de
aplicação
painéis, celulose e papel utilizavam
A madeira tem registros
a madeira reflorestada. Mas, após
históricos de utilização desde os
crise no suprimento de pinus,
tempos mais remotos. Os antigos
desenvolveram tecnologia para o
egípcios a usavam desde 2.500 a.C.,
reuso da serragem, casca de árvore,
mas foram os gregos e romanos que
aparas, cavaco, cepilhos entre outros
introduziram definitivamente a
resíduos. Essas partículas,
madeira como principal matéria
resultantes do processamento
prima na construção de móveis e
mecânico de toras em serrarias e
esculturas e também de barcos,
laminadoras, são trituradas por
carruagens e armas. Até o século
equipamentos denominados
XVII, a madeira era o principal
desfibradores. Posteriormente, são
material da engenharia que
aglutinadas com resina sintética e
gradualmente, foi substituída pelo
submetidas à alta temperatura e
ferro fundido, o aço e o concreto que
pressão para se transformarem em
hoje dominam a construção civil e a
MDF, MDP, OSB ou outro painel de
arquitetura. (ASHBY, 2011)
fibra de madeira de alta resistência.
No design de interiores, a
A madeira plástica é um
madeira natural tem seu uso cada
compósito cuja matéria-prima é uma
vez mais restrito por questões
combinação de termoplásticos e
ambientais e econômicas, o que
fibras naturais com tecnologia de
motivou o desenvolvimento
processamento de plásticos.
industrial de materiais como os
Utilizados principalmente como
painéis de madeira industrializada e
revestimento de pisos e paredes por
as madeiras plásticas. Por
suas características termo-acústicas,
conseguinte, insumos e acessórios
tem seu uso continuamente
de metal e plástico foram criados
desenvolvido pela indústria de
86
capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | MDF revestimentos e mobiliário.
passam por processo de préprensagem e secagem para retirada
MDF
do excesso de água. Em seguida
O MDF (Medium Density
seguem para a prensa a alta
Fiberboard) permite receber
temperatura (200º), para polimerizar
usinagens de superfície ou topo em
a resina.
baixo relevo, entalhes e cantos
Todo processo é
arredondados, com bom resultado
monitorado por tecnologia
de acabamento. Pode receber
computacional, através de softwares
aplicação de pintura acrílica, PVC ou
e um sistema robotizado que seca,
automotiva ou revestimento
empilha e organiza os painéis, para
melamínico ou natural, com
que permaneçam em descanso para
diferentes cores, texturas e
estabilização da umidade interna e
padronagens bidimensionais.
das propriedades físicas do material.
O processo de fabricação é
Após o descanso, que dura em
realizado em uma planta de fábrica
média 72 horas, o lixamento garante
com tecnologia de ponta, que utiliza
uma superfície lisa e pronta para
toras de pínus, que são descascadas
receber acabamento.
e picadas e transformadas em um processo totalmente mecânico, em
MDP
serragem e cavaco. Em seguida, as
Classificado como MDP
partículas são peneiradas para
(Medium Density ParticleBoard), tem
eliminar impurezas e classificadas
fabricação semelhante ao MDF ao
para padronizar o produto.
qual é bastante comparado. No
O material selecionado
entanto, o MDP apresenta
passa por um processo de
características distintas, como: miolo
cozimento, antes de seguir para o
menos denso e mais poroso,
desfibrador, que transforma os
suscetível a umidade e com menor
resíduos em fibras. Após adicionar
capacidade mecânica. Isso se explica
resina sintética e emulsão parafínica
pelo fato de ter faces externas com
para repelir a umidade, as fibras
maior densidade que a camada
87
capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | MDP A madeira é impregnada
interna. Os painéis podem ser crus ou com melamínico em uma ou nas
por resinas (uréia e formol), e para
duas faces. Painéis crus podem
montar o painel é feito um colchão
receber pintura, sobre superfície
com três camadas, sendo que as
bem preparada e suportam
externas são de cepilhos mais finos e
resinagem, cantos arredondados,
no miolo são mais grossos, para
entalhes e baixo relevo.
maior estabilidade e para evitar o
O processo de fabricação se
empenamento. A formadora distribui as
refere a uma planta com processos mecanizados altamente dependentes
camadas internas e externas
da mão de obra dentro da maior
formando uma espécie de colchão,
parte das etapas. No início do
assegurando uma superfície mais
processo de fabricação do MDP, as
lisa, para colagem de chapas de
peças de madeiras (troncos, aparas,
PVC, pintura ou outro acabamento.
cavacos etc), são classificadas de
A prensagem é definidora das
acordo com o teor de umidade e
características fisicomecânicas da
armazenadas até entrarem em
peça, com pressão e calor de até
processo produtivo. A madeira vai
200ºC.
para o cepilhador e é transformada
O resfriador é um
em partículas ou cepilhos que são
equipamento onde os painéis ficam
conduzidos ao silo e posteriormente
depositados até esfriarem
aos secadores e através de
completamente e adquirirem suas
movimento rotativo e presença de
características finais. As
calor, reduz a umidade em 2%. Os
seccionadoras cortam os painéis nos
classificadores separam as partículas
tamanhos padrão de mercado. A
finas e grossas, para que ao final do
última etapa da fabricação é na
processo se tenha painéis estáveis e
lixadeira que deixa as superfícies
com superfícies mais uniformes. As
lisas e calibradas.
Para saber mais sobre os processos de industrialização de madeira, assista: http://www.youtube.com/ watch?v=5d-4VMYYSHY (Ipê Indústria e Comércio de Madeiras Ltda)
partículas mais grossas e descartadas, seguirão para os moinhos para reprocesso.
88
capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | Aglomerado Aglomerado
algumas propriedades físicas e
Placas não homogêneas,
mecânicas são superiores a madeira
com densidade mais baixa que o MDP. As placas de aglomerado
natural. O processo de fabricação do
podem receber revestimento em
compensado, quando feito a partir
uma ou ambas as faces com papel
de toras de ipê, se inicia com o
laminado de baixa pressão (BP),
cozimento das toras no vapor, para
película de celulose FF (Finish Foil)
facilitar a laminação. As espessuras e
ou lâminas de madeira. As placas
tamanhos das lâminas são pré
podem receber pintura, desde que
dimensionadas. Após o processo de
tenham tratamento para selar a
secagem, em secador contínuo até a
superfície rugosa do aglomerado. A
umidade ideal onde são
utilização do Aglomerado na
encaminhadas para que as lâminas
confecção de móveis e armários
recebam adesivo dos dois lados. São
necessita de calhas, cavilhas e colas
sobrepostas umas as outras de
para a união das peças, pois a
acordo com a gramatura
porosidade do material não retém
(dimensionada no processo de
pregos e parafusos.
laminação), viscosidade da resina e teor de sólidos.
Compensado sarrafeado e
Os compensados são
laminado
montados pelo sentido de suas
Existem dois tipos de
fibras, uma perpendicular a outra,
compensado, o laminado e o
alternando lâminas com e sem cola.
sarrafiado. O primeiro é feito com
Após montado, o compensado é
lâminas de madeira coladas na
levado para uma pré prensa, onde
mesma direção e prensadas,
acontece o processo de ancoragem e
enquanto que o compensado
transferência de adesivo para as
sarrafeado as fibras são unidas e
camadas sem cola. Quando o painel
coladas no sentido perpendicular
estiver totalmente seco, vai para
umas às outras. Ambas são bastante
uma esquadrejadeira para
resistentes ao empenamento e
regularizar as bordas e determinar
89
capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | Compensado antiderrapante e piso wall.
seu tamanho padrão. Na última parte, os painéis são calibrados, emplacados e selecionados para
OSB
carregamento. As bordas recebem
OSB (Orientated Strand
pintura para diferenciar as
Board), é um painel de madeira feito
espessuras dos painéis, que são de
de camadas prensadas com tiras de
7,5 mm, 11,0mm e 18,0mm.
madeira ou strands, prensados com uma liga de resina sintética.
As variedades são: compensado resinado cola branca
O OSB também pode ser
com virola e pínus, compensado
fabricado a partir de resíduos
resinado cola fenólica virola e pinus,
madeireiros, o que o torna um
plastificado , moveleiro pinus e
produto sustentável. Embora no
virola, naval pinus e virola,
Brasil, o uso de OSB seja utilizado
partes dos móveis laterais divisórias prateleiras portas retas portas usinadas portas baixo relevo painéis revestidos de melamínico fundo de móveis frentes de gavetas laterais de gavetas fundos de gavetas tampos retos molduras, rodapé, meio e teto bases (superior ou inferior) ambientes úmidos Tabela 17
OSB aglom. MDP MDF comp.
Tabela 17 Madeiras industrializadas Tipos e aplicações
90
capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | OSB Fotos 14 15 16 17 18 Tipos de madeiras industrializadas
principalmente em fechamento de obras, a aplicação no design de interiores pode aproveitar as qualidades termo-acústicas do material e resistência ao fogo. Os painéis podem ser aplicados na
Foto 14 MDF + melamínico dupla face, 14mm
confecção de móveis, mas principalmente, podem ser utilizados como divisórias. Os painéis tem espessura entre 0,32mm e 0,40mm. Foto 15 MDF + melamínico texturizado única face, 6mm (para fundo de armário)
Foto 16 MDP + melamínico liso dupla face, 15mm
Foto 17 MDF + melamínico texturizado dupla face, 15mm, com fita de bordo em PVC texturizada
Foto 18 R Compensado sarrafeado 15mm + fórmica texturizada
91
capítulo IV sistemas especiais | tipos de ferragens tipos de ferragem e
ângulos de abertura de 180º. Para
aplicação
abertura de portas basculantes, os
As ferragens ganharam
pistões de ar comprimido
notoriedade e lugar de destaque na
proporcionam uma suave abertura
marcenaria moderna. As suas
ao toque da mão.
funções foram ampliadas e o
Os dispositivos elétricos de
acabamento estético permite que o
acionamento dispensam os
acessório fique visível.
puxadores e liberam as portas dos
Os móveis de cozinha e closet podem ganhar muito em
armários. Para closets, os varões
funcionalidade com a instalação de
ganharam leds no corpo
acessórios. Alguns inclusive, são de
transparente e braços laterais, que
fato jóias ou obras de arte.
possibilitam seu tracionamento para
Para a funcionalidade de gavetas, as corrediças e telescópicas ganharam freios que impedem que a
fora do armário, facilitando a escolha e retirada de roupas. Outras ferragens e
gaveta feche abruptamente. Além
acessórios indispensáveis para
das versões clássicas com instalação
closets, são: calceiro em metal,
nas laterais, os novos modelos
suportes, cofres, trilhos para painéis
invisíveis são instalados na parte de
deslizantes, corrediças invisíveis
baixo das gavetas. Extensores nas
para sapateiras, frentes e laterais de
corrediças proporcionam a total
gavetas de materiais transparentes
saída da gaveta do seu nicho, para
(visores) para visualização dos
melhor aproveitamento do espaço.
conteúdos.
Alguns mecanismos são
Na linha dos acessórios em
eletromecânicos, e basta um leve
metal para a cozinhas, os aramados
toque para que a gaveta abra
para o fundo de gavetas, as lixeiras
sozinha deslizando sobre a corrediça
retráteis e suportes de talheres, entre
oculta.
outras ferragens e acessórios. Para abertura de portas, as
dobradiças de pressão permitem
92
capítulo IV sistemas especiais | tipos de ferragens
Foto: Para painéis deslizantes, Kit trilho com roldanas em aço inox e trilhos em alumínio
Fotos: Puxadores de alça e de encabeçamento de gavetas
Fotos: Corrediças telescópicas, invisíveis e/ou com amortecedor, etc
Foto: Dobradiças de pressão, em aço, com diferentes ângulos de abertura
Fotos 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Puxadores, corrediças, telescópicas e dobradiças à venda na Rua Paes Leme, Largo da Batata, São Paulo
93
capítulo IV sistemas especiais | paredes drywall paredes de Drywall (gesso
garanta a segurança da edificação e
acartonado)
dos moradores durante e após a
Executar reformas com
reforma.
obras de remoção ou acréscimo de
Alguns sistemas
paredes exige cuidados especiais.
construtivos exigem atenção especial
Nos últimos anos, desabamentos de
até para a passagem de eletrodutos
edifícios inteiros causados pela
para instalação de tomadas, caso das
retirada de partes estruturais,
alvenarias estruturais, onde
evidenciaram o alto risco de obras
alterações mais profundas nas
mal executadas. Propostas para
paredes podem comprometer a
ampliação de espaços devem ser
estrutura. Então, para iniciar uma
avaliadas com cuidado, pois retirar
reforma que envolva execução de
uma parede de sustentação ou cortar
alvenarias, cabe estudar o projeto
uma viga ou pilar poderá
original, avaliar a situação física e
comprometer todo sistema
consultar o autor do projeto
construtivo. E reduzir espaços
arquitetônico e ao seu responsável
também envolve riscos, já que
técnico, independente do tamanho
construir novas paredes significa
da edificação.
sobrecarregar lajes, pilares e
A parede de gesso
fundações. A norma ABNT NBR
acantonado ou drywall é uma
16280:2014, entrou em vigor no dia
alternativa bastante utilizada no
18.04.2014 e abrange todos os tipos
design de interiores, com vantagens
de casas e edifícios. De acordo com
operacionais (instalação),
as novas regras, quem quiser
econômicas e estruturais. O drywall
reformar um imóvel deve
é um sistema industrializado,
providenciar um plano de reforma,
composto por placas pré- fabricadas
elaborado por um profissional
de gesso que são fixadas em perfis
habilitado (arquiteto ou engenheiro).
de alumínio. Essa técnica, bastante
Esse documento deve atender às
comum nos Estados Unidos, oferece
legislações vigentes e ser
as seguintes versões: placas standard
acompanhado de um estudo que
(ST), destinadas as áreas secas;
94
capítulo IV sistemas especiais | paredes drywall placas resistentes ao fogo (RF) e placas resistentes à umidade (RU), utilizadas em áreas molhadas. O drywall é normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que exige índices mínimos de segurança nos casos de substituição de alvenarias. O material tem que obedecer determinados índices de resistência a impactos. A parede de drywall suporta peso, como de televisores e quadros, desde que tenha recebido reforços na parte interna, entre os montantes. Os painéis recebem e suportam buchas e parafusos, porém de uso específico. O sistema apresenta um ótimo desempenho acústico, desde que receba no miolo (entre as placas que são instaladas tipo sandwich), mantas ou painéis de materiais absorventes acústicos, como lã de vidro, lã de rocha, placa de gesso ou espuma de poliuretano.
95
capítulo IV sistemas especiais | ar condicionado
ar condicionado
para abrigar as condensadoras. Para
Em ambientes que exigem
esses casos o Split é a melhor
estanqueidade, como os home theaters, torna-se obrigatório o uso
indicação. Os aparelhos de parede ou
de condicionadores de ar para
janela são um bloco único com grade
manter equilibrada a temperatura. E
no acabamento frontal (parede
quando em localidades de
interna), e com a condensadora na
temperaturas extremas é
parte posterior (parede externa). Já,
imprescindível a escolha de
os portáteis são a melhor solução
equipamentos que tanto resfriem
para ambientes onde não se deseja
quanto aqueçam os ambientes nos
rasgar as paredes, ou mexer na
dias mais frios. Para a definição do
estrutura existente.
equipamento correto, considera-se o
A capacidade dos
clima local, as recomendações do
equipamentos está referenciada em
fabricante que são específicas para
suas unidades de potência, descritas
cada marca e modelo e também as
em BTU - Unidade Térmica Britânica
especificidades e exigências para
(British Thermal Unit), e as opções
instalação.
disponíveis no mercado para uso
Os tipos mais utilizados em
doméstico, variam entre 7 a 30mil
residências são os aparelhos de
BTUs. Quanto mais alto o número,
paredes ou janelas, os splits ou
maior é a potência.
condicionadores portáteis, mas a
Para a escolha do
escolha depende da analise de cada
equipamento adequado, alguns
caso. Em apartamentos ou
fabricantes de condicionadores de ar
condomínios novos, por exemplo, é
fornecem roteiros com os itens que
comum encontrar um sistema de
devem ser considerados no cálculo.
tubulações já embutidas, com os
Disponibilizam tabelas para auxiliar
pontos de instalação alocados nos
na montagem de uma lista com a
ambientes e com as varandas
carga térmica em Kcal/h, de cada
técnicas ou lajes de proteção com
componente do ambiente,
pontos de energia e de drenagem
considerando que para cada 1 Kcal
96
capítulo IV sistemas especiais | domótica
gerado, são necessários 3,92 BTUs.
BTUs (três pessoas, pois a primeira
Alguns fabricantes optam por
não conta) + 600 BTUs (televisor ou
fornecer apenas uma tabela com os
projetor) = 20.400 BTUs.
valores aproximados (Tabela 15). domótica
Uma avaliação mais
As pessoas estão cada vez
simples para determinar o equipamento de ar condicionado,
mais assumindo os novos conceitos
leva em conta os seguintes fatores no
de comunicação, familiarizando-se
cálculo da potência:
aos computadores e “gadgets”
- o número de pessoas
(dispositivos), e equipando suas
- a inércia das paredes e
casas com tecnologia computacional.
acabamentos isolantes - os componentes
A popularização dos computadores pessoais e dispositivos móveis
eletrônicos que irradiam calor
trouxe a tecnologia para dentro das
(lâmpadas, aparelhos de televisão,
casas que somada aos avanços dos
audio e vídeo etc)
equipamentos elétricos, fatores
- o posicionamento das
socioeconômicos e a preocupação Tabela 18 referenciais para definição da potência (BTUs) de ar condicionado
aberturas e portas do ambiente Para fazer um cálculo aproximado, considera-se que em média, são necessários 600 BTUs para resfriar uma área de 1 m², e mais 600 BTUs para cada pessoa que
Área
Sol de manhã
utilizar o ambiente e para cada
6 m2 9 m2 12 m2 15 m2 20 m2 25 m2 30 m2 40 m2 50 m2 60 m2 70 m2
7.500 BTU's 7.500 BTU's 7.500 BTU's 10.000 BTU's 12.000 BTU's 12.000 BTU's 15.000 BTU's 18.000 BTU's 21.000 BTU's 21.000 BTU's 30.000 BTU's
equipamento eletrônico. No projeto do home theater apresentado, a área de 30m² para quatro pessoas e um televisor ou projetor, demandaria um equipamento com aproximadamente 20 mil BTUs. - 30m² x 600 BTUs + 1800
Sol a tarde ou o dia todo 7.500 BTU's 7.500 BTU's 10.000 BTU's 10.000 BTU's 12.000 BTU's 15.000 BTU's 18.000 BTU's 21.000 BTU's 30.000 BTU's 30.000 BTU's 30.000 BTU's Tabela 18
97
capítulo IV sistemas especiais | domótica
com o meio ambiente, aproximou e
portas e janelas, móveis,
ampliou as aplicações da domótica
eletrodomésticos, sistemas de áudio
no ambiente doméstico.
e vídeo, dispositivos de sonorização
A domótica (do latim
e comunicações, sistemas de
domus + robótica), também
segurança, climatização e
conhecida como smart home, casa
purificação do ar. Nos últimos anos,
inteligente ou automação
deixou o exclusivo mercado de luxo
residencial, é uma especialidade da
do alto padrão para frequêntar as
área tecnológica que permite a
casas brasileiras em diferentes níveis
gestão de energia, entretenimento
de automação. As novidades são lançadas
entre outros aspectos. Tudo se conecta por uma rede doméstica de
especialmente em feiras
banda larga, para controle das
internacionais de tecnologia, como a Gráfico 1
controle de TV e equipamentos de áudio e vídeo
emite gráficos de consumo de energia elétrica, água e gás monitoramento de crianças e funcionários
acionamento de iluminação e criação de cenas, abertura de persianas, painéis ou toldos
controle de acesso (biométrico, digital etc)
ar condicionado e controle térmico
segurança contra vazamentos sistemas de câmeras integrado com monitoramento à distância 24h sensor de presença home care (monitoramento de pacientes)
COMUNICAÇÃO
controle à distância dos eletrodomésticos com possibilidade de acionamento e programação
Gráfico 1
áreas que atendem a automação residencial
98
capítulo IV sistemas especiais | domótica
alemã IFA – Consumer Eletronics
tamanho (60, 70 e 80 polegadas) e
Unlimited, que acontece anualmente
em resolução, com promessa de
em Berlin e é organizada pela
experiência de visualização imersiva
Associação Alemã de Eletrônica e
em telas curvas e de acesso a internet
Comunicações. As novidades
e seus serviços Netflix, Skype e
tecnológicas mais interessantes e
YouTube. Também o ar será
atuais são os aparelhos e
beneficiado com purificadores de ar
equipamentos para cozinhas e home
que melhoram a qualidade do ar que
theaters, mas muito mais
respiramos, eliminando gases
democrático economicamente, são
poluentes, micróbios e poeira em
os dispositivos que permitem
suspensão.
diferentes níveis de automação,
No Brasil, as áreas que
como o aplicativo que permite
atendem a automação residencial
controlar remotamente, forno,
estão divididas por suas
máquina de lavar, rádio, luzes, TV
especialidades do conforto,
etc.
segurança, comunicação e gestão de Na cozinha, os
energia (Gráfico 1, p 98). O mercado
refrigeradores retrôs coloridos, são
para equipamentos e acessórios para
para lembrar que tecnologia não
home theater é um dos mais
requer aparência futurista nos
atuantes e disponibiliza aparelhos
ambientes. A tecnologia pode
televisores, telões e sistemas de
contribuir para facilitar o dia-a-dia
áudio (receptores, amplificadores e
das pessoas, como os refrigeradores
caixas acústicas), em qualquer
que podem ser interligados pela
supermercado. Porém, integrar o
internet aos fornecedores e à rede
fechamento de persianas,
doméstica, para facilitar a reposição
iluminação, ar-condicionado,
dos alimentos. Também i-Pads para
televisor e equipamentos de áudio e
encontrar receitas que serão
vídeo no mesmo controle remoto,
preparadas em panelas hi-tec.
requer a contratação de um técnico.
No home theater, os modelos de TVs aumentam em
A função do designer é informar ao cliente às possibilidades
99
capítulo IV apresentação | caderno de projetos
que a área oferece e posteriormente,
apresentação
diagnosticar e planejar a automação
cadernos de projeto
mais apropriada para cada ambiente
A formatação das pranchas
para projetar soluções para os
de desenho de design de interiores
subsistemas necessários a sua
podem apresentar diferentes
implantação.
composições, de acordo com a
Segundo Bolzani (2010), o
quantidade de detalhes, escala dos
espaço tecnológico incorpora o
desenhos e introdução de figuras,
computador e a internet e é nele que
fotos e textos (memoriais). Em
os sistemas de controle residenciais
alguns casos, o tamanho do papel
exercem suas funções, e deve ser
deverá obedecer ao padrão
mensurado pelo número de usuários
estabelecido em conjunto com os
e nível do uso de cada família.
demais especialistas que
A interação da indústria elétrica e eletrônica pode acrescentar
compartilharão seus desenhos. No entanto, para a
a um projeto de design de interiores
execução dos projetos esse tipo de
racionalidade e inteligência
formatação é pouco funcional. A
ecológica e sustentável. Mas, cabe
montagem de cadernos, com
pensar na casa enquanto espaço
formato A3 ou A4 com os desenhos
provido de emoção, dentro do seu
e detalhes específicos de cada
contexto cultural, social e religioso.
especialidade pode apresentar-se
São essas considerações que
como uma alternativa prática e
estabelecem os limites do território
funcional (Fotos 29 e 30).
digital de cada membro da família e
Fotos 29 30
Dependendo do programa
fornece o escopo de equipamentos
computacional adotado para
que poderão ser adicionados dentro
executa-los (CorelDRAW,
de cada projeto específico.
PhotoShop, Adobe Illustrator ou outros), os desenhos e detalhes podem ser enriquecidos com fotos de amostras e modelos. Inclusive, na composição das páginas a união de
Fotos 29 30 cadernos de projeto com detalhamento para execução
100
capítulo IV conclusão
imagens criadas em diferentes
desenhos, que são os produtos das
softwares (autoCAD, archiCAD,
etapas, requer ter criatividade,
CorelDRAW ou outros), poderão ser
atualização (materiais, processos e
integradas em formato jpg.
tecnologias) e compromisso com a
Além de proporcionar
área. Certamente, será também esse
melhor entendimento dos projetos,
o melhor caminho para a satisfação
os cadernos podem ser acrescidos do
profissional.
cronograma de execução, com o
Nesse volume, foi
propósito de manter dentro do
apresentado um modelo de processo
prazo e dos recursos financeiros,
de projeto e a aplicação prática em
todos os executores.
projetos de cozinha, home theater e closet, com exemplos de plantas e
conclusão
outras sugestões para representação
O processo de projeto
gráfica.
organiza de forma disciplinar as atividades do designer. Conhecer as normas e regras, que áreas correlatas como a arquitetura e a engenharia civil trilharam e consagraram, é primordial para o encadeamento e compatibilização das etapas de projeto e posteriormente, execução da obra. Para um projeto de design de interiores com qualidade, é preciso ter fluência na gestão do processo de projeto, conhecer as áreas que gravitam em torno do projeto (especialidades) e conhecer o cliente: saber ouvir e compreender E para desenvolver os
101
capítulo IV sobre a autora
sobre a autora Mirtes Birer Koch é arquiteta e urbanista, mestre em design e arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde atuou como pesquisadora no Labim - Laboratório da Imagem da Comunicação Visual Urbana. Foi professora na Universidade Paulista - UNIP, na Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities e no Istituto Europeo di Design - IED. Atua no mercado de design de interiores e arquitetura há 25 anos, em projetos habitacionais, comerciais e corporativos, nas cidades de São Paulo (Capital e interior) e Rio de Janeiro.
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Referência bibliográfica ASHBY, M.F. Materiais e Design: Arte e ciência da seleção de materiais no design de produto / Michael Ashby e Kara Johnson. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011 BOTTON, Alan de. Status Ansiedade. Lisboa: Dom Quixote, 2005 BOTTON, A. A arquitetura da Felicidade. Editora Rocco: Rio de Janeiro, 2005 BOLZANI, Caio Augustus Morais. Análise de Arquiteturas e Desenvolvimento de uma Plataforma para Residências Inteligentes. Edição revisada. (tese doutorado, POLI-USP), São Paulo, 2010 CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. 3ª edição ampliada, São Paulo: Editora Blucher, 2008 CARVALHO, Marly M., RABECHINI JR, Roque. Fundamentos em Gestão de Projetos: Construindo competências para gerenciar projetos. 3ª edição revisada e ampliada, São Paulo: Editora Atlas, 2011 DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. 5ª edição ampliada, São Paulo: Cortez Oboré, 1992 FERRARA, L. D'A. A estratégia dos signos. São Paulo: Perspectiva, 1986 FROTA, Anésia Barros, SCHIFFER, Sueli
103
Ramos. Manual de Conforto Térmico: arquitetura e urbanismo. São Paulo, Estudio Nobel: 2003 GURGEL, Miriam. Projetando espaços: design de interiores. 3.ed. São Paulo: SENAC, 2010 KEELER, Marian. BURKE, Bill. Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis. Porto Alegre: Bookman, 2010 KOCH, Mirtes B. Parques Urbanos Sulamericanos: Imaginação e Imaginabilidade. (Dissertação mestrado, FAU USP), 2009 KRÜGER, H. Introdução a Psicologia Social. São Paulo, SP: EPU, 1986 LÖBACH, Bernd. Design Industrial. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2001 MELHADO, S.B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. São Paulo: 1994. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. MELHADO, S.B.; BARROS, M.M.S.B.; MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. Martins Fontes: 2008 MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. Martins Fontes: 2008 OKAMOTO, Jun. Percepção Ambiental e Comportamento: Visão holística da percepção ambiental na arquitetura e na comunicação. São Paulo: Mackenzie, 2002 SOUZA, A.L.R. Qualidade do projeto de
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