Design com emoção

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design para interiores técnica com emoção guia prático

mirtes birer koch


guia prรกtico projetos para

cozinhas home theaters e closets

mirtes birer koch ago|2013


Agradeço aos meus filhos Klaus, Otto e Irena, ao meu marido Pedro e minha mãe Maria, pelo recíproco respeito à leitura e a escrita.


ÂŤThe truth is that writing is the profound pleasure and being read the superficial.Âť Virginia Woolf, 1953


índice dos capítulos índice índice fotos, figuras, tabelas, quadros, plantas e elevações apresentação

o que influencia o design de interiores contemporâneo 01 aspectos materiais e imateriais 01 mercado 02 usuário 03 história e memória: identidade e felicidade 04

Inspiração para a percepção 04 tributos sensórios e atributos técnicos 08 design verde 09

CAPÍTULO I planejamento para o design de interiores 11 criação 11 atribuições do designer de interiores 12 as atividades práticas 13 processo de projeto 14 regras, normas e legislação 20 planejamento e percepção 21 elementos objetivos do ambiente levantamento físico 21 elementos objetivos do ambiente - questões funcionais 23 elementos subjetivos do ambiente comportamento 23

processo de execução da obra 26 documentação 26 conclusão do capítulo 28


CAPÍTULO II usabilidade e conforto 29 antropometria 29 ergonomia e ambiente de trabalho 30 medidas do ser humano pessoas para padrão de projeto 31 conforto ambiental 32 conforto higrotérmico 33 em clima quente e seco 34 em clima quente e úmido 35 em clima temperado 36 conforto acústico 36 conforto luminoso 38 luz natural 38 luz artificial 39 luz e percepção 39 normas 39

CAPÍTULO III desenvolvimento do projeto de design de interiores representação 41 cozinha 41 levantamento de dados 41 objeto de estudo 43 análise de conforto 44 análise antropométrica 46 produtos da etapa e compatibilização 49 bases,paginação, marcenaria, luminotécnico, eletrotécnico, hidráulica, forro de gesso, cores home theater 64 levantamento de dados 64 objeto de estudo 65 análise de conforto 65 análise antropométrica 67 conforto visual 68 conforto acústico 70 produtos da etapa e compatibilização 72 forro de gesso, luminotécnico, eletrotécnico, paginação de piso


closet 79 levantamento de dados 80 objeto de estudo 81 análise de conforto 81 análise antropométrica 82 luminotécnico 85

CAPÍTULO IV sistemas especiais 86 tipos de madeira: história, contexto e aplicação 86 MDF 87 MDP 87 Aglomerado 88 Compensado, sarrafeado e laminado 89 OSB 90 tipos de ferragem e aplicação 92 paredes de Drywall 94 ar condicionado 96 domótica 97 cadernos de projeto 100 conclusão 101 sobre a autora 102 referência bibliográfica 103


índice fotos, figuras, tabelas, quadros, plantas e elevações Fotos 1 2 3 Projeto de arquitetura sustentável 10 Fotos 4 5 6 7 8 A sequência de fotos de maquete posicionada conforme norte magnético, ilustra o percurso do sol no interior da casa em diferentes horários do dia 42 Fotos 9 10 Fotos cozinha 62 Fotos 11 12 13 Maquete 3D 78 Fotos 14 a 18 Tipos de madeiras industrializadas 91 Fotos 19 a 28 Puxadores, corrediças telescópicas e dobradiças 93 Fotos 29 e 30 cadernos de projeto com detalhamento para execução 100 Gráfico 1 áreas que atendem a automação residencial 98 Figura 1 Sistematização do processo de relação homem X ambiente 21 Figura 2 Medidas antropométricas baseadas na estatura média dos brasileiros 46 Figura 3 Modelos de cozinhas com layout conforme a regra do work triangle 47 Figura 4 Estudos à mão para distribuição dos armários e equipamentos na cozinha e lavanderia 49 Figura 5 Estudos à mão para distribuição dos armários e divisões internas 81

Tabela 1 Tabela adaptada para organização do


Processo de Projeto de Design de Interiores 16 Tabela 2 Referencial normativo para a sustentabilidade nos projetos 18 Tabela 3 Referencial normativo para a qualidade nos processos 19 Tabela 4 Elementos objetivos do ambiente Levantamento físico 22 Tabela 5 Elementos objetivos Questões funcionais - Entrevista 24 Tabela 6 Elementos subjetivos Comportamento - Análise dos espaços 25 Tabela 7 Processo de execução de obra 27 Tabela 8 Medidas de ser humano atributos médios de homens e mulheres brasileiros 31 Tabela 9 e 10 Coeficientes de reflexão de materiais e cores 40 Tabela 11 Fatores de interferência 54 Tabela 12 Legenda luminárias, tipos e quantidades 55 Tabela 13 A distância entre o sofá e ao televisor como parâmetro para definir polegada da tela 68 Tabela 14 Sistemas de home theaters 70 Tabela 15 Legenda luminárias, tipos e quantidades 74 Tabela 16 Legenda luminárias 85 Tabela 17 Madeiras industrializadas tipos e aplicações 90 Tabela 18 Referenciais para definição de potência (BTUs) de ar condicionado


Quadro 1 Materiais e seus atributos sensórios e técnicos 08 Quadro 2 Processo de projeto 26

PLANTA 1 Estudo da projeção do sol para estratégias de insolação e iluminação 43 PLANTA 2 Definição da localização do mobiliário e de equipamentos (fogão, geladeira e pia) 44 PLANTA 3 Paginação de piso com bases de alvenaria 50 PLANTA 4 Bancadas de silestone 51 PLANTA 5 Planta baixa - layout 52 PLANTA 6 Luminotécnico 54 PLANTA 7 Eletrotécnico 56 PLANTA 8 Pontos elétricos 57 PLANTA 9 Pontos hidráulicos 59 PLANTA 10 Forro de gesso 60 PLANTA 11 Estudos de insolação 66 PLANTA 12 Layout 67 PLANTA 13 Disposição do Sistema 5.1 e zonas absorventes e reflexivas 71 PLANTA 14 Projeto Luminotécnico 73 PLANTA 15 Projeto Eletrotécnico 75 PLANTA 16 Pontos elétricos 76 PLANTA 17 Paginação de piso 77 PLANTA 18 Projeto luminotécnico 85


ELEVAÇÕES 1 Conjunto de elevações do projeto de cozinha 53 ELEVAÇÕES 2 Revestimento paredes 61 ELEVAÇÕES 3 Soluções acústicas e térmicas 73 ELEVAÇÃO 4 Divisões internas medidas antropométricas 83 ELEVAÇÕES 5 Conjunto de elevações do projeto do closet 84

Todas as imagens © Mirtes Birer Koch


apresentação

apresentação Há 20 anos, a decoração de interiores _como era designada_, estava cerceada por um escopo nos limites do acessório. Com o tempo a área se alargou e apropriou sistemas como luminotécnico e automação, incorporando tecnologia e complexidade aos projetos de design de interiores. O novo conteúdo trouxe importantes transformações no processo de projeto, ampliou os domínios do designer e consequentemente, suas responsabilidades. Se antes o decorador finalizava a obra, hoje o designer está presente desde o início do processo de projeto e sob o seu olhar são compatibilizados os produtos de todos os especialistas envolvidos. Isso implica no conhecimento de leis, normas técnicas e regras vigentes, na constante atualização de novos materiais e métodos de execução e no domínio dos conteúdos dos demais sistemas que se sobrepõem ao projeto de design de interiores. A abrangência das especialidades exige também, a adesão de métodos e técnicas para a gestão do processo de projeto, para que os afazeres práticos (desenhos, cronogramas etc) e burocráticos (documentação, entrevistas etc) de todos os profissionais, sejam cumpridos dentro dos prazos estabelecidos e principalmente, que o produto resultante atenda as expectativas do seu usuário. A normalização dos processos resulta em produtos precisos e de alta qualidade, mas que carecem de algo pessoal e único, que emocione e surpreenda o seu usuário. Mas, como contemplar os projetos contemporâneos com técnica, sem perder a emoção? A gestão metodológica e a frieza de processos técnicos não impedem a adesão de ferramentas para humanizar e personalizar seus produtos. A arquitetura e por extensão o design de interiores, sempre aproximou e incorporou vários métodos científicos e experimentais para harmonizar o homem em seu espaço. Desde a geometria sagrada, conceito postulado na antiga Grécia que relaciona proporção e forma, passando pela abordagem fenomenológica do genius loci para definir o caráter e a interação entre lugar e identidade, os profissionais buscam transcender os limites da compreensão


apresentação

técnica do espaço. Nos últimos anos, os profissionais de design de interiores aderiram a diferentes métodos para “ligar” o homem ao seu pedaço, tornando seus espaços mais saudáveis e felizes. Entre os mais conhecidos o feng shui que é uma corrente do pensamento chinês que estuda as influências magnéticas do espaço da construção. Também a Geobiologia, que estuda a interação entre a terra (geo) e a vida (bio), e na mesma linha a Arte Zahorí, que detecta as interferências presentes nas formas dos ambientes. Todos esses métodos são aplicados quando da organização espacial, distribuição de móveis e definição de cores e alguns requerem a adesão de determinados objetos. Porém, todos tem o mesmo objetivo de neutralizar energias negativas e aproveitar as energias potencialmente boas do lugar. Outros métodos mais científicos estudam a relação dos espaços construídos e seus usuários, analisando como o indivíduo recebe, processa e reage às informações visuais e táteis. Diferentes áreas da saúde, da publicidade e do design estudam a percepção ambiental e cada qual na sua linha, propõe medidas para maior segurança, satisfação e conforto dos usuários. O estudo das cores, por exemplo, ganhou força a partir do século XIX, quando filósofos e escritores desenvolveram a psicodinâmica das cores, que relaciona o emprego da cor com as respostas neurofisiológicas do observador. Atualmente esses estudos embasam a aplicação das cores nas estratégias de marketing e no design de interiores, quando o emprego da cor é pelo seu efeito terapêutico. Também na linha de estudos que consideram a interação homemambiente, a psicologia ambiental propõe métodos para analise e diagnóstico de espaços construídos. O usuário, que é o centro do projeto, terá suas reações cognitivas, fisiológicas e psicológicas mapeadas frente aos estímulos sensoriais do espaço e a resultante subsidiará adequações ou a retroalimentação de novos projetos. Cada área que estuda as relações do homem com seu espaço físico, geográfico, cultural e social, propõe instrumentos para melhorar esse


apresentação

convívio. Cabe ao designer de interiores, incorporar as diretrizes mais relevantes dentro do seu processo de projeto, para preencher espaços tecnológicos e frios de saúde e felicidade.

Para quem se destina? A proposta para este guia surgiu durante a minha pesquisa para dissertação de mestrado em design e arquitetura, quando utilizei as bases da psicologia ambiental para avaliar os espaços públicos e seus frequentadores. Com objetivo de atar os laços entre espaço-usuário e para prover proteção e cuidado ao patrimônio cultural e natural através do resgate da identidade local, organizei metodologicamente ferramentas para incorporar as necessidades e expectativas sensoriais dos usuários no processo de re-criação de espaços. Mais tarde, extrapolei esses estudos para o design de interiores, onde já trabalhava com o conceito de forma intuitiva. No preparo das aulas de design de interiores, aprofundei as pesquisas e adaptei métodos e técnicas para inserir a psicologia ambiental ou a percepção do usuário no processo de projeto. No dia-a-dia da profissão, apliquei e ajustei as ferramentas propostas. Esse volume é um registro do material produzido para as aulas e percorre alguns temas do design de interiores através de pequenos projetos executados, descritos com seus métodos e técnicas. Com olhar sistêmico e pouco aprofundado é especialmente útil aos aspirantes a arquitetos e designers de interiores (estudantes e graduandos), e aos interessados no assunto.

Mirtes Birer Koch Rio de Janeiro, 2013


o que influencia... aspectos materiais e imateriais

o que influencia o

novas necessidades, hábitos sociais e

design de interiores

costumes. Como resultante visual,

contemporâneo

tem-se aquilo que é tratado como

aspectos materiais e

“estilo”.

imateriais O design de interiores pode

Os estilos são adaptações anatômicas e estéticas dos

ser definido como um conjunto de

movimentos sociais, culturais,

técnicas e conhecimentos que

econômicos, religiosos e tecnológicos

permitem planejar e organizar

de uma sociedade. Isso equivale

espaços incorporando conforto,

dizer que os estilos surgem para

beleza e criatividade na solução dos

suprimir necessidades que emergem

problemas.

do cotidiano das pessoas, seja pela

É uma área do

funcionalidade, simbolismo ou

conhecimento que aborda questões

estética. Com o tempo, essa

estéticas, sociais, tecnológicas e

miscelânea criada por regionalistas,

culturais. Mas, no atendimento das

vanguardistas e outras frentes

particularidades de cada projeto

criadoras se combinam umas as

tangenciará com conteúdos mais

outras e se encadeiam

simbólicos que envolvem as áreas da

progressivamente e historicamente

psicologia e da religião. Ainda, para

no acervo cultural de cada lugar.

a organização do processo de projeto

Um estilo não vem em

e da execução da obra, prescindirá

substituição ao anterior,

do desdobramento de aspectos

simplesmente. Vários convivem ao

gerenciais, estratégicos e

mesmo tempo, adaptados ao micro

operacionais.

universo ao qual estão inseridos e

O design de interiores não

ainda, alguns ultrapassam suas

se realiza apenas de conhecimento

fronteiras tornando-se símbolos da

específico nos limites estreitos da

transculturação da aldeia global.

decoração. Ele conversa com muitas

Alguns estilos se antecipam ao seu

outras áreas é influenciado e

tempo, antevendo formas, materiais

também influenciará consolidando

e usos até então impensados. De tão

01


o que influencia... mercado

Para o bom design é preciso equacionar técnica (para aplicação de materiais, tecnologia etc) e emoção. O usuário é fonte inesgotável e valiosa de inspiração, sem o qual a indústria não cria novos produtos, materiais e tecnologias para a arquitetura e o design de interiores. simbólicos, permanecem como

e se expandiram para as áreas das

ícones atravessando fronteiras e

artes decorativas, escultura, moda,

tempo.

publicidade e arquitetura. Hoje a mercado

ilusão ainda persiste em obras

Historicamente, o design

miméticas, mas a possibilidade de

consolidou-se mais fortemente a

criar espaços estimulantes está

partir do século XVI com as

principalmente, na aplicação de

manufaturas reais na Europa. A

tecnologia e de novos materiais.

produção de tecidos, objetos de

Contudo, apesar da

cerâmica e de mobiliário

tecnologia e da imensa oferta de

referenciavam o poder da corte e

materiais o design de interiores visto

seus costumes. Através da

nos últimos anos apresenta-se

identidade local, as estratégias para

homogêneo, com poucas variáveis

aproximar o produto do seu

visuais, mantendo-se reticente aos

consumidor continham apelos

pluralismos. Essa linguagem

sentimentais (paisagens locais e

marcadamente impessoal tem

regionais) ou da modernidade

aplicação em áreas mais comerciais

anunciada¹.

como no mercado imobiliário

O fascínio do homem pela

(unidades decoradas de

ilusão, no entanto, tem registros

lançamentos), em mostras

históricos desde o século 5 a.C.,

comerciais de arquitetura, design de

quando em competições, os artistas

interiores e mobiliário e no showroom

imitavam a natureza confundindo a

de lojas de móveis, entre outros usos

seus expectadores com suas obras

que transformaram o modelo em

miméticas. A partir da Renascença as

modismo ou tendência.

1 CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. São Paulo:

técnicas foram ampliadas, evoluíram

Falta ao modelo-tendência,

Ed. Blucher, 2008

02


o que influencia... usuário | inspiração para a percepção

o usuário e sua história,

inspiração para a

reminiscências e emoções. Falta

percepção

iconografia.

Para definir a «fonte de inspiração» dentre tantos materiais

usuário

disponíveis, é preciso entender como

Sempre que o designer de

o usuário sente e percebe os

interiores intenciona aproximar o

estímulos sensoriais recebidos.

resultado final do projeto à

Através da percepção, o indivíduo

expectativa do cliente, a percepção

organiza e interpreta as suas

do usuário é considerada. Tudo que

impressões sensoriais para atribuir

é visto e tocado provoca uma

significado ao seu meio. De modo

sensação e uma resposta. Então, a

simplificado, a percepção consiste na

percepção (resposta) que é uma

aquisição, interpretação, seleção e

atividade mental inerente, em

organização das informações obtidas

alguma medida está presente em

pelos sentidos.

todos os projetos. Mas, interpretar algo que

O conceito de percepção estuda as energias do ambiente

passa pela subjetividade é

(estímulos) que atuam nos órgãos

desafiador e vai além de entender a

sensores de um indivíduo: olhos,

necessidade física e funcional de

ouvidos, nariz, língua, pele,

uma pessoa. Também, não se trata

músculos e em seu sistema nervoso

de vasculhar intimidades para

central. Bartley (apud Eysenk e

descobrir emoções inauditas e

Keane,1990), definiu percepção

sonhos inconfessos. As sensações

como “reação discriminatória

“Importante não é ver o

devem ser planejadas, tomando

imediata do organismo para os

que ninguém nunca viu,

como princípio resgatar a cultura, os

órgãos sensoriais ativadores de

costumes e a tradição.

energia”, onde “discriminar é

Reminiscências individuais, que

escolher uma reação em que as

serão resgatadas pelo designer e

condições contextuais têm o papel

devolvidas às rotinas familiares no

decisivo”.

convívio com seu espaço.

mas sim, pensar o que ninguém nunca pensou sobre algo que todo mundo vê.“ (Schopenhauer)

“O conceito de estética provêm da palavra grega «Aisthesis» e significa percepção sensorial.” (LÖBACH, 2001)

03


inspiração para a percepção | história e memória: identidade e felicidade

Nos ambientes, a percepção está ligada ao resultado visual que

influenciar no comportamento.² E nesse sentido, os estudos

será processado pelo usuário. Toda

da relação ambiente X

ação formal ou funcional em um

comportamento envolvem outras

ambiente está relacionada a uma

áreas, como o conforto visual,

resposta perceptiva. Quando se

acústico, térmico, antropometria e o

propõe um projeto, deve-se

luminotécnico.

considerar a interface do olhar e dos

Então, como incorporar ao

demais sentidos que atuam para

projeto sensações e reações positivas

compreensão do espaço envoltório.

que reflitam na qualidade de vida

Para Ferrara (1986), a relação interpretante está

das pessoas? A percepção é um tema

relacionada com a elaboração de um

recorrente em diferentes áreas do

juízo perceptivo do observador,

conhecimento. Na área de

quando este constrói sobre

arquitetura e design de interiores, a

determinado objeto uma

percepção ambiental possui papel

interpretação e utiliza como

preponderante na comunicação do

parâmetro a experiência

espaço construído. Pois, as imagens

armazenada. Já Lynch (1988) divide

resultantes de um projeto de design

as imagens da cidade entre as de

de interiores, trazem elementos

topo e de base. Em sua análise, que

estimulantes que provocam o

em menor escala reflete o espaço

usuário. Provocações que podem

interior, as imagens dos volumes

causar emoções positivas ou

maiores ou de topo são marcos

negativas, quando mal planejadas.

“As pessoas ficam perturbadas não pelas coisas, mas pela imagem

visuais, enquanto que as de base normatizam o uso do espaço livre e

história e memória:

impõem aos usuários códigos de

identidade e felicidade

postura. Derivações isoladas, todos

Incorporar estímulos

concordam que o ambiente é local

visuais para provocar sensações

de intensa troca sensorial, com

positivas nos usuários dos espaços, é

potencial capacidade para

transformar a história dos ocupantes

que formam delas.” (Epictetus)

2 KOCH, Mirtes B. Parques Urbanos Sul-americanos: Imaginação e Imaginabilidade. (Dissertação mestrado, FAU USP), 2009

04


história e memória: identidade e felicidade

em informações tátil e visual. O usuário é a principal

coletiva. A primeira se refere ao indivíduo. São as coisas que

matéria prima do projeto e é preciso

pertencem ao seu acervo pessoal,

estabelecer um canal de

frutos da sua história de vida. Já a

comunicação para que ele abasteça o

fonte coletiva, apresenta elementos

processo com informações que sejam

que são estimulantes a um maior

relevantes. É recorrente, em

número de pessoas.

qualquer projeto, que os usuários

A percepção pessoal é mais

tenham preferências, desejos e

complexa e tomando como exemplo

necessidades e queiram vê-las

uma experiência vivida em um

contempladas nos espaços. Desse

projeto executado, que será

modo, o usuário tem expectativa de

apresentado nesse livro, pode-se

ser a principal fonte de informação.

exemplifica-la do seguinte modo.

Estabelecido o canal com o cliente,

Um cliente tinha da infância, um

as informações mais relevantes serão

forte apego a imagem da avó e

consideradas e transformadas em

lembrava especialmente, do doce de

estímulo visual ou tátil. Mas,

leite que ela fazia, do cheiro e da cor.

transformar lembranças e memórias

Por motivos óbvios, não queria ver a

genuínas em informação espacial,

parede da cozinha pintada na cor do

através de elementos simbólicos, é

doce, mas aprovou ter um lugar

uma das portas que se pode abrir.

especial para expor o livro de

Existe também a opção de

receitas que pertencera à avó. Nesse

incorporar materiais com

caso, a lembrança foi resgatada

características marcadamente

através de um signo referencial que

sensórias, para promover sensações

tem conexão direta com a situação e

que são comuns a qualquer usuário

que faz emergir a lembrança da avó,

(ver p 08).

do doce e da infância. Qual a

Para facilitar o

conexão que a parede pintada na cor

entendimento, convém pensar que

do doce teria? Dentro de outro

as sensações podem ser originárias

contexto a parede na tal cor não

de duas fontes: uma pessoal e uma

remeteria a mais nada, além da

05


história e memória: identidade e felicidade

própria mensagem que a cor

elástico, contribui para o

incorpora aos ambientes.

desenvolvimento da personalidade e

A criatividade é a ferramenta principal para resolver

conduta dos indivíduos. A identidade, portanto, se

com eficiência todas as pequenas

socializa e se molda dentro de um

reminiscências que remontam a

processo dinâmico e contínuo, onde

história e que irão determinar a

as pessoas influenciam e são

identidade do projeto. As

influenciadas e sob esse aspecto, é

reminiscências são retalhos de um

que atuam os projetos sem

tecido precioso tramado no dia-a-dia

identidade.

e guardado na memória, com

"Só nos consideramos

cuidado e zelo. Requer ser mantido

afortunados quando temos tanto ou mais

por perto e cultuado, porque faz

do que as pessoas com quem crescemos,

parte da história e é uma peça

trabalhamos, que temos por amigos e

fundamental da identidade. A

com quem nos identificamos na esfera

história é um conjunto de todos os

pública. Se formos obrigados a viver

retalhos, que unem em uma única

num casebre frio e insalubre, subjugados

trama a família, a origem, a cultura,

à ordem rígida de um aristocrata, senhor

a rua onde nasceu, a vizinhança, os

de um grande castelo bem aquecido, e no

amigos da infância e da juventude.

entanto verificarmos que os nosso iguais

Já a identidade de uma pessoa é o

vivem nas mesmas condições que nós,

registro de todas as tramas, cores,

então a nossa condição parecer-nos-á

texturas e estampas. É a marca

normal; lamentável, é certo, mas estará

indelével que o tempo e os

longe de ser solo fértil para o sentimento

acontecimentos vão impregnando na

de inveja. Já se tivermos uma casa

imagem que se tem de si e dos

agradável e um emprego confortável,

outros. Para Kruger (1986), «... é a

mas cometermos a imprudência de

consciência que cada um tem de si» e

comparecer numa reunião de ex-colegas

será essa percepção que o permitirá

de escola e viermos a saber que alguns

diferenciar-se dos demais. Ainda,

dos nosso velhos amigos (não existe

este sistema perceptório, que é

grupo de referência mais poderoso) estão

“A arquitetura não nos proporciona apenas refúgio físico, mas também psicológico.» (BOTTON A., 2007)

06


história e memória: identidade e felicidade

a viver em casas maiores do que as

referência exercem grande influência

nossas, adquiridas com os proventos de

nas decisões de projeto, tornando as

empregos mais cativantes, é bem

concepções padronizadas aceitáveis.

provável que voltemos para casa a alimentar um desagradável sentimento

Mas, se o que diferencia os

de infortúnio. É essa sensação de que

membros de um grupo é a história

poderíamos ser outra coisa que não

de cada um, porque não nos

aquilo que somos - uma sensação

servirmos dessa matéria única _a

transmitida pelos feitos superiores

história_, para um novo projeto?

daqueles que tomamos por nossos iguais - que gera um sentimento de ansiedade e ressentimento” (Botton A., 2005) No texto de BOTTON

«A criação de algo novo é consumado pelo intelecto, mas despertado pelo instinto de uma

(2005), ele expõe com clareza que as

necessidade pessoal. A mente criativa

pessoas se moldam aos demais,

age sobre algo que ela ama.» Carl Jung

muito embora prefiram viver ou aparentar viver, de modo superior. A identidade confere ao indivíduo unidade e personalidade, mas no convívio com seus pares, enquanto ator social, ela atua sobre o sentimento de pertencimento ao grupo. Com base nessas informações, torna-se compreensível a aceitação por projetos padronizados pela tendência do momento, por ambientes similares ao show room de lojas e de empreendimentos imobiliários. As comparações com os grupos de

07


atributos sensórios e técnicos

atributos sensórios e

relacionado diretamente com seus

atributos técnicos

atributos técnicos.³

A percepção do usuário

O metal, por exemplo, é frio

está relacionada também aos

ao toque porque dissipa o calor do

atributos sensórios de cada material.

dedo rapidamente. Isso acontece

Então, na delimitação dos espaços e

porque o metal apresenta boa

na escolha dos materiais, tecnologias

condutividade térmica, enquanto o

e equipamentos prevalecerá a

contrário acontece com materiais

expectativa sensorial do cliente.

percebidos como quentes ao toque.

Um material tem atributos

Esses atributos interessam

e associações percebidas que

ao designer de interiores, porque

conferem personalidade _ou não_,

cada material deve ser

quando combinados em um

adequadamente utilizado em acordo

produto.

com o caráter do ambiente, o clima e Manzini (apud ASHBY,

a cultura do lugar e principalmente,

2011) ilustra como a combinação de

com o usuário. Logo, revestir piso de

material e forma é usada para obter

dormitório com um material frio,

atributos de produtos e respostas

como a cerâmica, ao tato não será a

humanas específicas. Cada material

melhor escolha para uma casa na

tem um atributo estético que está

montanha, onde o mais comum é o

Quadro 1 Materiais e seus atributos sensórios e técnicos

3 ASHBY, M.F. Materiais e Design: Arte e ciência da seleção de materiais no design de produto. Rio de Janeiro:

Quadro 1

Elsevier, 2011

08


design verde

piso de madeira. Mas, um

desde a criação do projeto com

revestimento de cimento polimérico

diretrizes formais e espaciais que

poderá ser uma opção interessante e

consagrem o aproveitamento da luz

surpreendente.

solar, do regime de ventos, das

A escolha dos materiais

águas da chuva e reuso de materiais,

portanto, é uma tarefa complexa e

além do uso racional da energia

técnica e baseada nos processos e

elétrica e da água tratada. Também

materiais que melhor satisfaçam às

inclui um rigoroso planejamento e

condicionantes climáticas e

acompanhamento das etapas do

requisitos sensórios. Será

processo construtivo de modo a

equacionada ainda, por fatores

minimizar o impacto ambiental

econômicos e por aspectos ligados à

advindo da nova edificação que uma

sustentabilidade e tecnologia. O

vez implantado, deverá incorporar

designer enfim, deve apresentar

outras ações, como coleta seletiva do

soluções criativas que satisfaçam

lixo, destinação para reciclagem,

todos os aspectos apresentados.

entre outras boas práticas cotidianas. No design de interiores, a escolha dos materiais, objetos e

design verde

equipamentos deve ser pautada

A sustentabilidade na

pelos selos e certificações que

arquitetura e no design economiza

atestem a qualidade e

recursos naturais _item desejado

sustentabilidade dos produtos.

quando da aplicação do conceito_,

Enfim, os limites serão estabelecidos

mas também produz ambientes

pelas condicionantes e devem ser

inspiradores que provocam a

aceitas pelos usuários do espaço,

reflexão sobre a temática ambiental e

como também devem ser pertinentes

reverberam atitudes sustentáveis.

as atividades que ali serão

Por finalidade, a arquitetura sustentável ou verde

desenvolvidas. Mas, todo projeto que

deve gerar um menor dispêndio

admite um programa sustentável,

ambiental. Sua abordagem envolve

minimiza o impacto ambiental e

“Você precisa ir além da usabilidade para um design ótimo. Ele também precisa ser desejável”. (BRUNNER, 2012)

09


design verde fotos 1 2 3

promove sensações positivas que

espaços generosos e permitir o

refletem na qualidade de vida dos

convívio pleno dos usuários.

usuários, corroborando para uma postura igualmente sustentável. É necessário que as

4. Paisagismo voltado para conforto e compensação ambiental = plantas perfumadas próximas às

soluções sejam eficientes do ponto

aberturas (portas e janelas),

de vista do conforto, que os

valorizam, refrescam e perfumam os

ambientes sejam bem iluminados,

ambientes.

com controle da temperatura e da insolação direta, para a satisfação fisiológica do usuário. Dentro de uma abordagem perceptiva, as soluções devem contemplar cada premissa sustentável com uma manifestação sensorial correspondente. Algumas possibilidades: 1. Grandes aberturas com panos de vidros para aproveitamento da luz natural = jogo de luz e sombra, ambientes que registram as horas e tonalidades do dia e dialogam com a área verde existente.

A transparência do brise R Hunter Douglas e dos panos de vidro, amplia os espaços e convida a natureza para entrar, altera o humor das cores dos objetos na passagem das horas e mantêm o ambiente dinâmico

2. Espaços fluídos (poucas paredes), encampando vários ambientes coletivos para promover maior aproveitamento da luz natural. 3. Pintura com tinta branca para refletir a luz natural entre os Fotos 1 2 3

Fotos 1 2 3 Projeto de arquitetura sustentável, autoria Mirtes B. Koch, SP, 2010

10


capítulo I planejamento para o design de interiores | criação e atribuições

CAPÍTULO I

As principais diretrizes

planejamento para o

norteadoras do processo de projeto

design de interiores

foram geradas à partir de métodos

criação

utilizados em planejamento, como o

Para projetar não basta

PMBOOK (Project Management

criatividade, é necessário a adoção de métodos e técnicas que

Book). Para organizar o processo

organizem o passo-a-passo do

de projeto é preciso conhecer cada

projeto. A criação guiada

etapa e as atividades criativas e

unicamente pela intuição, pode

burocráticas que serão

encontrar soluções irrealizáveis ou

desenvolvidas. Também, determinar

superficiais.4

o tempo de execução e seus autores.

A criatividade é vista como

Enfim, fazer a gestão do processo,

elemento essencial no

que em hipótese alguma, deve se

desenvolvimento de um projeto de

realizar sem a devida organização e

qualidade, mas as grandes idéias

acompanhamento.

ocorrem especialmente em pessoas

Na lista fornecida à seguir,

que tenham domínio de métodos e

estão delimitadas as atividades de

técnicas para organizar o ambiente

um projeto arquitetônico mais

criativo e seus processos. Inclusive,

complexo em sua totalidade, com as

alguns autores defendem que o

atribuições do designer de interiores

excesso de liberdade pode inibir a

destacadas. Evidentemente, nenhum

criatividade (Angier, 1999).

profissional trabalha sozinho e todas

O desenvolvimento de

“Virtualmente qualquer obstáculo emocional no caminho do cliente pode ser ampliado em uma mudança perceptiva negativa sobre sua empresa e seus projetos.” (BRUNNER, 2012)

as partes devem ser organizadas em

métodos para organização do

torno de um único cronograma. Isso

processo de projeto descreve cada

facilita o andamento e a

etapa e suas atividades e conteúdos,

sobreposição das partes, evita

considerando que a criatividade

conflitos e facilita a

pode ser conduzida, como uma

compatibilização.

ferramenta de projeto. 4 MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2008

11


capítulo I atribuições do designer de interiores

atribuições do designer de interiores As atribuições do designer de interiores se sobrepõem a de outros profissionais. No sentido de evidencia-las dentro de um processo de projeto, as atividades apresentam-se destacadas e sublinhadas. 1.

Levantamento Topográfico

2.

Sondagem

3.

Projeto hidro-sanitário a.

hidráulico

b.

esgoto

c.

águas pluviais

Definição de pontos hidráulicos nas cozinhas e banheiros e em áreas de lazer. 4.

5.

Projeto Superestrutura e Infraestrutura a.

Corte (aterro, desaterro ou movimento)

b.

Perfuração

c.

Fundação

d.

Formas, etc.

Projeto Luminotécnico Definição dos pontos de luminárias, arandelas, postes, etc.

(Especificação de materiais e acessórios elétricos e de acabamento, quantidades, tipos etc) 6.

Projeto elétrico a.

QGBT (Quadro geral de baixa tensão);

b.

GMG (Geradores de energia);

c.

Cabine primária; POP; shafts

Definição do local de instalação dos quadros de energia; 7.

Projeto de climatização (Ar Condicionado) a.

Máquinas (Schiler a ar ou água)

b.

Condensadoras

Definição do local de instalação dos equipamentos (de ar e condensadoras) e em espaços pequenos o cálculo de BTU´s, tipo, quantidade

12


capítulo I atribuições e atividades do designer de interiores

de equipamentos etc) 8.

9.

Projeto Bombeiro a.

Hidrantes (com isométrico)

b.

Reservatórios

c.

Iluminação de emergência

d.

Detecção (de calor e de fumaça)

e.

Materiais, portas (PCF), etc

f.

Sinalização de emergência

g.

Sprinkler

Projeto de sinalização Definição da arte final, dos tipos (placas diretivas, de atenção, totens,

guias etc), dos locais que serão sinalizados, dos materiais, quantidades etc. 10. Projeto de domótica (automação de equipamentos) Definição dos locais que serão automatizados (Home-theater, homecare, segurança, iluminação geral etc). 11. CFTV (Circuito Fechado de TV) Localização dos pontos para monitores e centrais de controle. 12. Projeto Paisagístico Definição dos locais que receberão vegetação natural, dos portes e volumes, cores, perfumes e soluções para manutenção, que auxiliem o paisagista. 13. Projeto do mobiliário a. desenho de móveis e objetos b. proposição de tapeçaria, móveis e peças de design, quadros etc.

as atividades práticas

hábitos, necessidades,

a.

desejos, limitações etc)

Entrevista com o cliente (nº de pessoas, idade dos

b.

Medição do imóvel ou

moradores, atividades

planta de projeto

profissionais e de lazer,

arquitetônico

13


capítulo I processo de projeto

c.

d.

Levantamento do acervo

janelas (caixilhos, cor,

cozinha etc)

acabamento, cortinas,

Estudo de circulação

brises, fechamentos etc) k.

Definição de pontos

antropometria

elétricos e hidráulicos,

Distribuição do mobiliário

acabamentos e acessórios

(Layout) f.

Detalhamento das portas e

pessoal (biblioteca, closets,

(fluxos) e Ergonomia e

e.

j.

l.

Demais atribuições

Pré-acabamento

destacadas no itens: 3, 5, 6,

(substratos) de paredes e

7, 9, 10, 11, 12 e 13

pisos (drywall, divisórias,

g.

h.

i.

contra-piso, gesso liso,

processo de projeto

gesso desempenado (sem

Quando da contratação de

taliscas) ou sarrafeado (com

um profissional de design de

taliscas e mestras etc)

interiores, o cliente espera receber

Paginação de piso

um único produto: um ambiente

(definição de rodapé,

perfeito! Mas para a obtenção desse

detalhes, tipos de

objetivo, bom gosto não basta. Para

revestimentos,

confeccionar um projeto de design

quantidades, cores,

de interiores perfeito, que contemple

texturas, ponto de

ambientes com beleza, conforto e

arranque, angulação etc)

segurança, é preciso saber que:

Revestimento de parede

- beleza é um conceito

(tintas, texturas, detalhes,

subjetivo e depende de cada um,

material, altura, rodameios,

portanto é preciso compreender o

papel de parede, tecidos,

usuário e conhecer a imensa oferta

quadros, objetos de

de materiais disponíveis no mercado

decoração, aberturas, etc)

para sugerir os produtos mais

Detalhamento de teto -

adequados;

luminotécnico (rodatetos, rebaixo, sancas e molduras)

- conforto do ponto de vista psicológico, depende de

14


capítulo I processo de projeto

características pessoais e culturais e

cuja sequência e encadeamento com

do ponto de vista fisiológico

os outros especialistas deve ser

depende de fatores climáticos e

planejado com antecedência, para

regionais. Enquanto área da ciência,

que todos executem seus trabalhos

o conforto requer conhecimento

como músicos em uma orquestra:

técnico do regime de ventos, de

em sincronia.

insolação e materiais e métodos para

Existem diferentes métodos

definir aberturas, sugerir ventilação

de organização do processo de

natural ou mecânica, determinar

projeto, sendo que a forma

tecidos, revestimentos e outros

preferencial é o método que

materiais. O conforto também

organiza as etapas dentro de um

envolve áreas como ergonomia e

cronograma que «amarra» todos os

antropometria, para as medidas de

eventos e prazos de execução etc.

conforto dos móveis e acessibilidade. - segurança é um termo

Pode-se optar pela admissão de programas específicos de tecnologia computacional. A

bastante amplo dentro do design de

maioria deles, apresenta uma visão

interiores. A segurança pode ser

geral da situação através de um

pessoal e patrimonial. Pode ser

gráfico de barras, que cruza as

garantida por dispositivos de

informações do cronograma,

segurança (câmeras, alarmes,

insumos para realização e

sensores de calor, sprinklers etc),

especialistas envolvidos e permitem

mas também por fatores que estão

o acompanhamento por toda equipe.

intrinsecamente ligados ao próprio

Carecem da adoção de uma forma

conforto físico e psicológico, como a

eficiente de comunicação, pois todos

ergonomia e a luminotécnica.

irão utilizar a mesma plataforma

Então, é preciso dominar os

para acompanhar o processo e

conteúdos das etapas descritos nas

também para fazer upload de

atribuições do designer (p 12, 13 e

projetos revisados, publicação de

14), e saber que cada atribuição tem

atas de reuniões, atualização de

o momento certo para acontecer,

dados etc. O Processo de Projeto é

15


capítulo I processo de projeto

dividido em quatro etapas, que delimitam atividades e descrevem

MELHADO (1994).5 Também foi considerada a

produtos. A Tabela 1 (p 16) é uma

ABNT NBR 13531:1995 - Elaboração

adaptação da proposta por

de Projetos de Edificações.

Consultar também os manuais de escopo da ASBEA - Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura http://www.asbea.org.br /asbea/assuntos/manuais. asp

Tabela 1 Tabela 1 Tabela adaptada para organização do Processo de Projeto de Design de Interiores

5 MELHADO, S.B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. São Paulo: 1994. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo.

16


capítulo I referencial normativo para a sustentabilidade

Faz parte da organização do processo os referenciais normativos para a sustentabilidade e qualidade no projeto de design de interiores. À partir do estudo de autores que se debruçaram sobre o tema e do checklist de certificadoras que atuam no Brasil, Keeler (2010), propõe tabela

Certificadoras: - Green Building Council Brasil (GBC Brasil) http://www.gbcbrasil.org.br - AQUA (Alta Qualidade Ambiental) http://www.vanzolini.org.br

onde apresenta uma lista com os itens que devem ser observados quando da construção de um edifício. A seleção e adoção dos itens sugeridos dependem do escopo de cada projeto e da adesão do cliente.6

6 KEELER, Marian. BURKE, Bill. Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis. Porto Alegre: Bookman, 2010

17


capĂ­tulo I referencial normativo para a qualidade Tabela 2 Referencial normativo para a sustentabilidade nos projetos. Proposta por Keeler (2010)

Tabela 2

18


capítulo I referencial normativo para a qualidade | regras Tabela 3 Referencial normativo para a qualidade nos processos proposta por MELHADO (1995)

Tabela 3 As tabelas com o conteúdo

executores e prazos para execução.

das etapas do projeto e para

Existem programas

verificação dos requisitos de

computacionais para grandes obras,

qualidade e sustentabilidade (Tab.

como o MS Project MicrosoftR que

1,2 e 3), são as mais importantes,

através de gráficos detecta

mas outras ferramentas como as

atividades em conflito e fora do

tabelas para verificar a expectativa

prazo. Para projetos menos

perceptiva do cliente (à partir da

complexos pode-se criar um

p21), também podem ser utilizadas

cronograma no Excel MicrosoftR.

para o planejamento e gestão do processo. As tabelas podem ser

Em projetos de arquitetura pode-se adotar programas computacionais mais eficientes. O

admitidas integralmente, ou apenas

sistema BIM (Building Information

alguns itens, dependendo da

Modeling) é um conceito aplicado em

envergadura da obra. Nesse caso, é

alguns softwares. como por exemplo

feito um recorte com as fases do

o Revit da Autodesk e ArchiCAD da

projeto e as diretrizes para a

Graphisoft. Esses programas

Gráfico LOB (Line of balance)

qualidade e sustentabilidade

permitem produzir os desenhos em

Gráfico Grantt

consideradas mais pertinentes. Os

2 e 3D e ainda gerenciar os processos

Diagrama PERT | CPM

itens extraídos deverão ser

de projetos. São pouco utilizados em

distribuídos em um cronograma, de

projetos de design de interiores,

modo a elencar as atividades, seus

dado a complexidade de pequenos

Outros Cronogramas:

(Program Evaluation And Reviem Tecnique - Critical Path Method) PDM (Precedence Diagraming Method)

19


capítulo I regras, normas e legislação

detalhes e peças exclusivas. Determinados projetos,

Técnicas regulamentam o mobiliário (mesas e cadeiras etc) e a

geralmente financiados ou de

acessibilidade (corredores, portas de

grandes edifícios, exigem que seja

passagem etc). As NR´s-Normas

apresentado um cronograma físico-

Reguladoras, também da ABNT

financeiro com o orçamento previsto

estabelecem níveis adequados para o

para cada etapa da execução da obra

conforto ambiental (iluminação,

ou ainda itemizado, onde cada item

acústica, umidade etc). O Corpo de

implementado terá seu valor

bombeiros, normatiza a segurança e

contabilizado. Nesse caso, o valor de

a prevenção de sinistros (sinalização,

cada elemento é composto pelo valor

portas corta-fogo, escadas

do material, da mão-de-obra para

pressurizadas, materiais de

aplicação ou montagem do material

acabamentos, revestimentos e

e INSS incidente.

forrações anti-chamas etc).

para comprar e consultar a validade das normas http://www.abntcatalogo. com.br/norma.aspx? ID=4829

Todas as etapas terão um regras, normas e

grupo de normas aplicáveis para

legislação

ajustar ou normalizar os processos.

Para a composição do

Outros documentos devem

projeto de design de um ambiente

ser consultados, de acordo com a

existe uma série de leis, regras e

envergadura da obra e

normas que estabelecem parâmetros

principalmente, quando o autor dos

para conforto e segurança dos

projetos for também arquiteto e este

usuários. Além da legislação

encampar o projeto arquitetônico.

municipal, estadual e federal que

Nesse caso, as legislações

será aplicada na produção do

municipais, estaduais e federais,

projeto arquitetônico, existe um rol

como o Código de Obras do

de leis, normas e regras que devem

Município, regras do Condomínio

ser atendidas na organização interna

onde o imóvel será construído etc,

dos espaços.

deverão ser consultadas.

As normas da ABNTAssociação Brasileira de Normas

normas brasileiras para ter sempre à mão: ABNT-NBR 16280:2014 Reforma em edificações Sistema de gestão de reformas Requisitos ABNT-NBR 9050:2004 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos ABNT-NBR 15575:2013 Norma de Desempenho ABNT-NBR 5674:1999 Manutenção ABNT-NBR 14037:1998 Manual de Uso, Operação e Manutenção ABNT-NBR 15526:2007 Rede de distribuição para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais - Proj. e execução ABNT-NBR 15215:2003 Iluminação natural – Procedimento de cálculo para a determinação da iluminação natural em ambientes internos NR 17 - Ergonomia

20


capítulo I planejamento e percepção

O estudo da percepção no design de interiores, nasce da necessidade de incorporar ao projeto, elementos que provoquem sensações e reações positivas, que reflitam na qualidade de vida das pessoas. planejamento e percepção No planejamento do projeto de design de interiores durante a etapa inicial descrita como «Idealização do Produto - Definições Preliminares e Programa de Necessidades» (ver Tabela 1), será determinado, à partir do levantamento dos problemas que devem ser solucionados, as diretrizes para delimitação dos espaços e suas funções. Esse primeiro diagnóstico encaminhará a definição dos materiais, tecnologias e equipamentos norteados por aspectos práticos e mensuráveis (econômicos, técnicos etc). A percepção também contribuirá para a definição de aspectos que a princípio parecem imensuráveis, como a forma do edifício e o design dos móveis e objetos. Com base na sistematização dos processos perceptórios dos usuários desenvolvida por Silva e Ely (2006), à partir dos estudos de Okamoto (2002) e de Vasconcelos (2004), foram criadas tabelas-questionários para serem preenchidas durante a fase inicial. O conjunto de três tabelas, perfazem os

Figura 1 Sistematização do processo de relação homem X ambiente Silva e Ely (2006)

aspectos:

elementos objetivos do ambiente - levantamento físico Tabela 4 Esse levantamento pode ser aplicado em projetos arquitetônicos ou em reformas de obras prontas. No caso de projeto de novo imóvel, a idéia é avaliar o acervo que será reutilizado, como o mobiliário existente, seus usos, cores e texturas, estilo, etc. Os equipamentos eletrodomésticos, utensílios, coleções (livros, vinhos etc), roupas, sapatos etc. Em reformas, a idéia é anotar as características físicas da obra, os componentes paisagísticos e as dimensões dos ambientes, as formas, cores e aberturas etc.

21


capítulo I elementos objetivos e levantamento físico

Objeto:

objetivo: data:

Ambiente - Elementos Objetivos

local:

Levantamento físico

Levantamento Morfo-perceptivo Tipo

Quantidade

Observação

Mobiliário: (Me sas, cade iras, sofás, aparadore s te le fone s, te le visore s e tc)

Componentes paisagísticos: (Jardins, vasos e tc)

Componentes arquitetônicos: (Me dição do imóve l ou ambie nte s que se rão re proje tados)

Tabela 4 Elementos objetivos do ambiente Levantamento físico

Tabela 4

22


capítulo I elementos objetivos e subjetivos

elementos objetivos do ambiente - questões funcionais entrevista Tabela 5 A aproximação do cliente com o projeto no momento da criação, ajudará o designer a compor espaços com mais personalidade. De outra ponta, o cliente terá a percepção da sua identidade resguardada. A adoção dessa ferramenta de levantamento, ajudará a conscientizar o cliente que sua participação na composição dos espaços é mais efetiva e tem implicações para além das decisões práticas. A entrevista cria um diálogo aberto com o usuário e deve ser aprofundada em itens que revelem o uso dos espaços de lazer, descanso, serviços e tecnológicos da casa. Caberá também registrar sobre os esportes preferidos, atividades intelectuais, sociais e culturais e hábitos mais simples da rotina da família. O design de interiores tem uma vida útil entre 5 e 20 anos e planejar espaços longevos, depende do mapeamento da realidade da família no momento da confecção. O projeto personalizado tem potencial para adaptações ao longo do tempo.

elementos subjetivos do ambiente - comportamento análise dos espaços Tabela 6 O levantamento dos elementos subjetivos se refere aos estímulos visuais dos ambientes. Nos ambientes em reformas um objeto significativo em local estratégico, grandes aberturas, uma empena etc. Em novos projetos, a potencialidade do entorno, como uma visada interessante ou uma paisagem permanente, devem ser aproveitadas através de aberturas estratégicas, com vedos de vidro, brises, painéis vazados entre outros. O objetivo é valorizar o desejo do cliente, aproveitando o potencial de cada lugar, através de estímulos visuais (materiais) bem embasados pelas analises de pré-projeto.

23


capítulo I elementos objetivos e questões funcionais

Objeto:

objetivo: data:

Ambiente - Elementos Objetivos

local:

Questões Funcionais | Entrevista

Levantamento Morfo-perceptivo Todos os dias

Esporadicamente

Nunca

Mobiliário

Ve ge tação

Outro

Pouco

Muito

Normal

pre e nche r

pre e nche r

pre e nche r

Qual a fre quê ncia e te mpo de pe rmanê ncia nos ambie nte s da casa?

O que falta a e sse e spaço?

Acha inte re ssante ?

Outras que stõe s? Re ligião Cultura Esporte favorito Laze r, e tc

Tabela 5 Elementos objetivos Questões funcionais Entrevista

Tabela 5

24


capítulo I elementos subjetivos e análise dos espaços

Objeto:

objetivo: data:

Ambiente - Elementos Subjetivos

local:

Comportamento | Entrevista

Levantamento Morfo-perceptivo pre e nche r

pre e nche r

pre e nche r

pre e nche r

pre e nche r

pre e nche r

Qual o compone nte visual mais marcante de sse e spaço?

Outras questões?

Tabela 6 Elementos subjetivos Comportamento Análise dos espaços

Tabela 6

25


capítulo I processo de execução da obra | documentação

processo de execução da obra documentação Os documentos que fazem parte do processo de execução da

Quadro 2

obra, também devem ter seus conteúdos recortados de modo a

usuário

agrupar no cronograma de execução, apenas as atividades e

necessidade requisitos

conteúdos pertinentes ao projeto. O cronograma em questão, pode estar sobreposto ao físicofinanceiro, para que cada etapa

tangíveis

normas regras legislação econômicos etc

tenha seus valores orçados expressos, bem como seus

intangíveis

executores e prazos de realização.

solução | produto

de design de interiores pode

executadas, reformas ou projetos de

processo de projeto

novas construções. Certamente, o melhor momento para o designer iniciar seus trabalhos é no início do

designer

problema

Como já colocado, o projeto

acontecer em obras recém

culturais religiosos ambientais etc

processo de execução

soluções (gestão do processo de projeto, desenhos) cronograma (prazos, executores e custos) orçamento dos materiais e mão-de-obra administração da obra

processo, já que seu projeto irá determinar diretrizes para outras especialidades. A tabela com as fases do processo de execução e seus percentuais de custo, auxilia na montagem do cronograma, onde se estabelecerá os prazos e executores.

Quadro 2 Processo de projeto (autora)

26


capítulo I processo de execução

Os custos por metro quadrado de construção é fornecido mensalmente pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de cada Estado, que cumpre o que dispõe na Lei nº. 4.591/64 e está de acordo com o determinado pela Norma NBR - 12721:2006 da ABNT

Tabela 7

Tabela 7 Processo de Execução de Obra - As atividades sublinhadas são atribuições de arquitetos e designers de interiores

27


capítulo I processo de projeto e de execução | conclusão

conclusão do capítulo

entre outros requisitos. Quando se

Um edifício deve permitir

dimensiona a iluminação apenas

aos seus usuários vive-lo intensamente, confortavelmente e longamente, facilitando-lhes fluxos e

pela área (metragem quadrada), exclui-se a qualidade luminosa e a segurança do ambiente. Também a distribuição do

permanências com conforto térmico,

mobiliário pode se valer de um

luminoso e acústico.

espaço entre pilares, de um vão sob

Um projeto arquitetônico deve ser abrangente e contemplar

a escada ou pode suprimir a construção de uma parede inserindo

além dos subsistemas (estruturais,

um móvel em seu lugar. A alocação

hidro-sanitário, eletrotécnico e

correta dos equipamentos elétricos e

luminotécnico, telemática, CFTV,

eletrônicos determinam os pontos

SPDA, ar-condicionado etc), o

elétricos, hidráulicos (entradas e

design de interiores (inclusive

saídas), de gás, telefonia, ar

design de móveis e paisagismo).

condicionado etc, delimitando

Quanto mais alargado e sistêmico

modelos, classes, quantidades.

for o escopo, mais funcional e longevo será o edifício. Todos os projetos devem

Outro caso que explicita a necessidade do projeto de interiores para dimensionamento dos demais

ser conduzidos conjuntamente

complementares é na domótica (casa

_ainda que por diferentes

inteligente), onde o imbricamento

profissionais_, para quando da

dos subsistemas é efetivado pelo uso

compatibilização entre o projeto

da tecnologia.

arquitetônico e seus subsistemas, as

A interface entre todos os

necessidades apontadas pelo projeto

projetos determina a infraestrutura

de interiores sejam contempladas.

necessária ao bom funcionamento

Os vários sistemas

do edifício. Um projeto de

trabalham de modo complementar.

arquitetura não deve ser unicamente

Por exemplo, a disponibilidade de

regimentado por parâmetros legais e

iluminação deve ser dimensionada

normativos, mas pela cultura e

de acordo com as cores do ambiente,

necessidades únicas dos moradores

o mobiliário (suas dimensões e

e usuários e o design de interiores

materialidade), as atividades que

deve incorporar esses aspectos no

serão desenvolvidas e os efeitos

ordenamento e arranjo estético dos

desejados (percepção e ambiência),

ambientes.

28


capítulo II usabilidade e conforto | antropometria

CAPÍTULO II usabilidade e conforto

personalidade, podem resultar em

Conforme exposto, as

físico e psíquico. O capital genético,

um grande esforço para adaptação e redundar em sofrimento cognitivo,

decisões de projeto serão embasadas

a história patológica e os costumes

pelos requisitos tangíveis e

étnicos e culturais pesam no custo

intangíveis (ver Quadro2, p26). Os

pessoal e devem ser considerados na

requisitos tangíveis (normas, regras

concepção de um ambiente.

e legislação) serão selecionados e admitidos de acordo com a

antropometria

envergadura da obra e com o

À medida da evolução dos

resultado das leituras da prospecção

modos de viver, trabalhar e morar e

dos requisitos intangíveis. Para o

da constante atualização dos

mapeamento dos requisitos

espaços, o usuário passou a ser

intangíveis (culturais, religiosos,

observado e considerado como

ambientais etc), serão aplicadas as

centro de decisões. Seu

ferramentas propostas nas Tabelas 4,

comportamento reativo frente aos

5 e 6 (p22, 24 e 25).

componentes formais, visuais e

A resultante do

auditivos do ambiente, ou seja, suas

mapeamento será um conjunto de

medidas de conforto passaram a

diretrizes para as diferentes

embasar estudos que geraram

especialidades do projeto. Por

normas para o desenho do

exemplo, algumas características do

mobiliário, limites de conforto e de

usuário, como idade e biótipo

segurança para o indivíduo.

carecerão de atenção antropométrica

Fatores como a idade,

e luminotécnica, enquanto que a

biótipo e etnia, interferem nos

cultura pode ser ressaltada no

índices ótimos de conforto. Cada

estudo cromático, por exemplo.

indivíduo tem parâmetros próprios

Segundo Christophe Dejours (1992),

que se relacionam com a mobilidade

as frustações resultantes de um local

do corpo e com a visão.

inadequado às necessidades da

29


capítulo II ergonomia e ambiente de trabalho

A antropometria é uma

realização das suas atividades e

área da ciência que utiliza as

rotinas em seus respectivos locais

medidas do corpo humano e dos

(postos), determinará a seleção dos

instrumentos de trabalho, repouso e

móveis, equipamentos e objetos e

lazer para promover saúde física e

prescreverá as diretrizes para os

mental aos usuários. As dimensões

projetos complementares.

antropométricas estão diretamente relacionadas com as medidas e

ergonomia e ambiente de

alcances dos movimentos do corpo

trabalho

humano e as posturas adotadas no

Paralelo aos estudos da

ambiente. O objetivo da analise

antropometria, a ergonomia se ocupa dos ambientes, máquinas e

antropométrica é confeccionar

equipamentos de trabalho. Trata da

móveis e objetos que estejam

prevenção de acidentes com

adequados às características físicas e

sugestões de equipamentos de

pessoais dos usuários, de modo a

segurança, locais adequados para

oferecer a medida de conforto, onde

descanso, higiene e alimentação e

a angulação das articulações será

também delimita a jornada das

neutra. Como exemplo, o punho

categorias e cria mecanismos para a

linear ao braço, sem angulação, para

valorização profissional.

cima ou para baixo, está em posição

A evolução da tecnologia

neutra. Já quando se está sentado, a

impôs maior complexidade nos

posição neutra é com o joelho

componentes cognitivos exigindo

dobrado num ângulo de 90 graus e

mais que esforço físico. Em

os com os pés no chão. O correto

ambientes de alta pressão por

dimensionamento dos móveis e

resultados e de relacionamentos

objetos não agride as articulações,

ásperos, as doenças do trabalho

músculos e tendões dos usuários,

avançam pelo campo da psiquiatria.

promovendo conforto.

Alain Wisner (1994), lembra da

O levantamento das necessidades individuais na

diversidade de reações e tolerâncias dentro de uma mesma população

30


capítulo II ergonomia e trabalho | médias

exposta a um determinado

máquina ao seu operador, para que

problema.

o seu esforço seja pertinente a

Nos projetos de interiores

operacionalidade dos equipamentos,

corporativos (escritórios, bancos etc),

sem esforços extenuantes e com

e de home offices, deve-se

segurança.

considerar as contingências sociais e

As soluções ergonômicas

culturais no campo antropométrico

devem ser planejadas para cada

para intervir ergonomicamente nos

local específico de trabalho,

ambientes e no mobiliário. A

observando as normas (quando

intervenção sobre os ambientes deve

houverem) e averiguando o perfil

se basear nos aspectos físicos,

dos trabalhadores. Os problemas

comportamentais e organizacionais,

físicos e psíquicos decorrentes de

na Análise Ergonômica do Trabalho

um ambiente inadequado, ainda que

(AET) e nas medidas de proteção

doméstico, podem causar limitações

coletiva e individuais

ou mesmo incapacidade de

implementadas, para adaptar a

trabalhar.

atividade ao trabalhador. A avaliação dos postos deve

medidas do ser humano

registrar além dos aspectos

para padrão de projeto

ambientais (barulho, iluminação,

A Tabela 8, é uma

temperatura, umidade etc), também

adaptação da apresentada por

as variáveis fisiológicas do operador.

Ashby (2011), para os padrões

O conceito de Ergonomia se aplica na adaptação de uma

Características Altura quando em pé, m Altura acima do assento quando sentado, m Largura do assento, m Alcance do braço à frente, m Largura do ombro, m Altura dos olhos, em pé, m Massa do corpo, kg Massa da cabeça, kg Tabela 8

europeus e norte americanos em idade produtiva.

Tabela 8 Medidas do ser humano atributos médios de homens e mulheres, brasileiros em idade produtiva, adaptada de Ashby (2011)

Homem (18-40) Mulher (18-40) 1,62 - 1,84 0,80 - 0,92 0,33 - 0,40 0,74 - 0,89 0,40 - 0,48 1,48 - 1,70 60 - 94 1,4 - 1,7

1,54 - 1,76 0,75 - 0,86 0,35 - 0,43 0,56 - 0,70 0,36 - 0,44 1,40 - 1,61 44 - 80 1,25 - 1,6

dados do IBGE: http://www.ibge.gov.br/ home/estatistica/populacao/ condicaodevida/pof/2008_2009_ encaa/tabelas_pdf/tab1_1.pdf

31


capítulo II conforto ambiental

conforto ambiental

função de escoar a neve, de modo a

Analisar o clima local e a

não acumular e criar um sobrepeso

arquitetura do edifício é essencial

na cobertura. Em períodos

para entender o substrato do design

ensolarados, o telhado recebe a

de interiores e definir corretamente

principal cota de calor, que será

materiais e equipamentos. A boa

armazenado entre a cobertura e a

arquitetura sem dúvida, é aquela

subcobertura e transferido para os

que considera todas as

demais ambientes deixando a casa

condicionantes locais. Mas, o Brasil é

quentinha. As janelas tipo bay-

pródigo em importar arquiteturas de

windows tem aberturas discretas

climas distintos e alguns modelos

para não escapar calor e as paredes

até permitem adequações físicas,

recebem revestimentos térmicos tipo

mas em alguns casos só o design de

clapboard (pré moldados em

interiores pode resolver os

concreto, madeira, PVC etc). Tudo

problemas de conforto.

para atender uma arquitetura de alta

Para exemplificar, o modelo arquitetônico cujo sótão habitável é um dos principais determinantes formais, tem redesenhado alguns condomínios de alto padrão em São Paulo e principalmente, Rio de Janeiro. É uma solução que permite

inércia. O clima na cidade do Rio de Janeiro tem amplitude térmica relativamente baixa, com verões quentes e úmidos e invernos amenos e com poucas chuvas. Em áreas mais

aproveitamento total do espaço

urbanizadas é comum o efeito "ilha",

construído, o que em tese é bom

com temperaturas acima dos 40°C.

para quem vende e também para

Esse tipo de clima requer

quem compra. Mas, será que esse

construções de média à baixa

tipo de construção é o mais adequado para regiões quentes como o Rio de Janeiro? O telhado alto, com

inércia, ou seja, que tenham paredes finas para trocas rápidas de temperatura e aberturas generosas

inclinações acentuadas, mansardas,

com barreiras físicas para proteger

bay-windows e telhas tipo shingle é

do sol, mas que permitam que o

um sistema construtivo nativo de

vento transpasse todos os ambientes.

países frios, cuja finalidade vai muito além do aproveitamento do sotão. A inclinação adotada tem a

32


capítulo II conforto ambiental | higrotérmico

O telhado para as construções em regiões quentes

fotovoltáicas para produção de energia.

como o Rio de Janeiro é um item

É preciso atenção especial

realmente importante, já que em

no iluminamento dos ambientes, já

horários de sol intenso a

que o aproveitamento da iluminação

temperatura da cobertura pode

natural é limitado pelas pequenas

chegar a 70°C. Colocar telhado na

aberturas que ainda inibem o

edificação não é regra, mas quando

aproveitamento da paisagem do

da adoção devem ser analisadas as

entorno. E por fim, quando se

condições climáticas de cada região,

divide o espaço com o reservatório

os tipos de telhas disponíveis (telhas

de água, o incomodo do barulho

de barro, metal, plástico, amianto,

deve ser minimizado com a

vidro, zinco, concreto, palha etc),

instalação de isolantes acústicos.

regime de ventos, índices

É preciso considerar, em

pluviométricos e também a estética

qualquer tipo construtivo, que todos

(telhado clássico, neoclássico,

os elementos que compõem o

colonial, normando etc).

ambiente, interferem em alguma

A admissão do chalé ou de

medida no conforto visual, acústico

suas variações com telhados

ou higrotérmico. Pois, os materiais

habitáveis, requer analise dos

devem ser selecionados de acordo

aspectos ambientais e também

com o caráter do ambiente e com a

econômicos, considerando que o

função que irão desempenhar. O

custo desse tipo de arquitetura não

conforto, resulta do clima local e da

termina com sua construção. O

sobreposição e interface de todos os

maior custo está na manutebilidade

materiais escolhidos.

Para encontrar soluções de bioarquitetura: VAN LENGEN, Johan. Manual do Arquiteto Descalço. São Paulo: Empório do Livro, 2008

do imóvel, gerado pelo uso intensivo de ar condicionado para climatização artificial dos espaços. A forma da cobertura ainda limita a

conforto higrotérmico O organismo humano trabalha o tempo todo para manter a temperatura interna relativamente

instalação de placas solares para

constante. A sensação de

aquecimento de água e de placas

desconforto acontece sempre que o

33


capítulo II higrotérmico em clima quente e seco

aparelho termorregulador precisa

demais implicações relativas à

reduzir os ganhos ou aumentar as

incidência do vento. Então, para

perdas de calor através de seus

contemplar o projeto de design de

mecanismos de controle. A termorregulação, apesar de ser um meio natural de controle do organismo, requer dispêndio 7

energético do metabolismo.

Existem condicionantes

interiores com conforto higrotérmico, a análise do projeto arquitetônico (índice biofísico) e mapeamento dos índices fisiológicos e subjetivos, será imprescindível.

ambientais e individuais que interferem nos índices de conforto

em clima quente e seco

térmico, sendo possível organiza-los em três grupos: biofísicos, fisiológicos e subjetivos. A espessura e o material

Cada clima apresenta um conjunto de condicionantes e soluções específicas. Em climas

das paredes e lajes do ambiente, a

quentes e secos, as variações

interferência do entorno, a

climáticas são amplas, podendo

implantação no terreno, entre

variar até 15º no decorrer de um

outros, respondem pelos índices

único dia. Para que os espaços

biofísicos. As reações fisiológicas dos corpos, respondem pelos índices fisiológicos. E as reações que se baseiam nas sensações individuais, respondem pelos índices subjetivos. As aberturas para

internos não acompanhem as variações externas, a arquitetura geralmente apresenta uma inércia elevada. As paredes grossas retardam a passagem da onda de

ventilação devem ser dimensionadas

calor que só atingirá os ambientes à

e posicionadas de modo a

noite, mantendo o ambiente com

proporcionar um fluxo de ar

temperatura agradável mesmo

adequado ao conforto e higiene dos

durante os extremos da temperatura

ambientes. O fluxo de ar que entra

externa.

ou sai do edifício depende da

Aberturas para o exterior

pressão entre os ambientes e da

com panos de vidro ou outros vedos

resistência oferecida pelas aberturas,

que apresentem baixa espessura,

barreiras físicas internas e externas e

proporcionam trocas imediatas de

7 FROTA, Anésia Barros, SCHIFFER, Sueli Ramos. Manual de Conforto Térmico: arquitetura e urbanismo. São Paulo, Estudio Nobel: 2003

34


capítulo II higrotérmico em clima quente e úmido

temperatura e neste clima, devem

em clima quente e úmido

ser pensadas em conjunto com

Nesse clima, as variações

outros dispositivos de proteção. As

não apresentam grandes amplitudes

aberturas com vedos de baixa

térmicas e a arquitetura de média a

inércia, ainda podem receber brises,

baixa inércia são as melhores opções.

cobogós ou outros fechamentos

As aberturas devem ser suficientes

parciais ou transitórios.

para promover ventilação nos

O projeto de paisagismo

horários do dia que a temperatura

pode conter soluções interessantes,

externa estiver menos elevada. A

como a cortina de vegetação, que

proteção nas aberturas deve impedir

além de sombrear as aberturas ainda

a radiação solar direta sem criar

retêm a poeira em suspensão.

barreiras físicas para o vento. As

Espelhos d´água, fontes e cascatas

aberturas devem ser generosas, para

são protagonistas no paisagismo e

ventilar os ambientes nos períodos

umidificam os ambientes ampliando

de temperatura externa mais amena

a sensação de conforto.

que a interna, mas devem ter vedos

As soluções para o design

com isolantes para não deixar os

de interiores devem responder aos

ambientes perderem calor quando a

parâmetros verificados no projeto

temperatura exterior estiver mais

arquitetônico. Se a arquitetura

baixa.

apresentar alta inércia (paredes e

Em climas úmidos, a

lajes grossas, etc), então a liberdade

ventilação é uma grande aliada para

será maior e o conforto será

impedir o mofo e o bolor.

concentrado no caráter e nas

Nos ambientes de trabalho

características intrínsecas ao

para locais com clima quente e

ambiente. Já se a arquitetura

úmido, considerando a NR 17 –

apresentar baixa inércia (paredes

Ergonomia, o índice de temperatura

finas, vidros etc), então os

efetiva deve permanecer entre 20º

parâmetros que estabelecem os

(vinte) e 23º (vinte e três graus

índices biofísicos serão os principais

centígrados), a velocidade do ar não

norteadores do design de interiores.

deve ser superior a 0,75 m/s e a

35


capítulo II conforto... em clima temperado |acústico

umidade relativa do ar não deve ser

clima temperado. Por ser um

inferior a 40 (quarenta) por cento.

material de baixa condutividade

Se a arquitetura contudo,

térmica mantém a temperatura no

não apresentar soluções suficientes

interior da habitação estável,

para solucionar os problemas do

independente das condições

clima quente e úmido, o design

exteriores. A madeira como isolante

poderá oferecer atenuantes.

térmica, é superior ao tijolo e ao

Paredes revestidas com

concreto e por suas características

lambri ou papel de parede mais

viscoelásticas, suporta umidade sem

espesso, oferecem maior inércia às

deformação e ainda regulariza a

perdas de calor. Pisos revestidos

atmosfera, além de ter baixa

com material cerâmico, porcelanato,

manutenção. Pode ser aplicada nos

pedras ou cimento polimérico,

pisos, forros, lambris e vedos, em

oferecem maior reflexão do calor,

substituição a alvenaria.

mantendo a temperatura interna

De modo geral, a pintura

mais agradável. Porém, quando

das paredes exteriores em regiões

utilizados nas áreas externas, o calor

quentes devem ser claras para

armazenado durante o período de

refletir a radiação solar.

sol será devolvido ao ar durante a noite, aquecendo os espaços.

Independente do clima ou do partido arquitetônico adotado, será sempre necessário averiguar o

em clima temperado

norte magnético e estudar o caminho

Algumas localidades tem

do sol dentro do ambiente e nas

inverno e verão igualmente intensos.

paredes externas, para oferecer as

Nesses climas a arquitetura deve ser

soluções mais pertinentes.

flexível. As aberturas devem permitir ventilar nos períodos

conforto acústico

quentes e fechar hermeticamente no

Um ambiente com conforto

rigor do inverno. A madeira é um material amplamente utilizado nas regiões de

acústico permite perfeito entendimento do que é para se ouvir (inteligibilidade da fala), mantêm

36


capítulo II conforto acústico

contidos os ruídos por ele

incidentes e se comportam como se

produzidos e não permite que

emanassem da fonte simetricamente

entrem ruídos indesejáveis.

inversa ao ponto refletor. A reflexão

No design de interiores o conhecimento sobre conforto acústico é necessário para

do som pode ocasionar os fenômenos eco e reverberação. Refração: A onda sonora

desenvolvimento de projetos

passa de um meio para outro,

corporativos, para resolver

mudando sua velocidade de

problemas de privacidade nas

propagação e comprimento de onda,

amplas salas abertas e coletivas

mas mantendo constante a

(oficce space planning) e em salas de

frequência.

reuniões, por exemplo. Também

Difração: Fenômeno em que

para projetos de auditórios e salas

uma onda sonora transpõe

de música ou em menor escala, para

obstáculos, como orifícios e fendas e

resolver problemas de privacidade e

sofrem um alargamento ou

home-theater. E é também

espalhamento, alterando o

imprescindível, o conhecimento do

comprimento da onda.

comportamento acústico dos materiais. O som se propaga pelo ar e sofre fenômenos ondulatórios nos

Interferência: Consiste no recebimento de dois ou mais sons de fontes diferentes. Reverberação: O som

ambientes. Saber pregnosticar os

quando encontra várias paredes,

pontos passíveis da ocorrência e

produz reflexões múltiplas que o

apresentar soluções eficientes é a

reforçam e prolongam a curva por

premissa básica de um bom projeto.

algum tempo depois de cessada a

Os fenômenos acústicos principais, são: Reflexão: Quando as ondas

emissão. A reverberação é esse prolongamento e ocorre quando o som refletido atinge o ouvinte no

sonoras encontram um obstáculo

mesmo momento que o som direito

plano e rígido, se propagam em

está se extinguindo, ocasionando o

sentido contrário ao das ondas

prolongamento da sensação

37


capítulo II usabilidade e conforto | conforto acústico e luminoso

conforto luminoso

auditiva. Ressonância: Quando um

A iluminação de um

corpo começa a vibrar por influência

ambiente tem como principal

de outro, na mesma frequência.

objetivo iluminar para a visibilidade,

O clima e a altitude, interferem no deslocamento da onda sonora. Em localidades de baixas

segurança e orientação dos seus usuários. A aparência de um objeto é

altitudes, como em praias, os sons

resultado da iluminação incidente

são mais audíveis que em altas

sobre o mesmo. E nesse sentido, a

altitudes, onde o ar é menos denso.

cor e a luz devem ser pensadas

O partido arquitetônico sugerido

conjuntamente, pois a luz apresenta

para clima quente e úmido

diferenças na visualização das cores

(construções de baixa ou média

ao longo do dia, interferindo na

inércia), é adequado para o conforto

tonalidade das superfícies e

higrotérmico, mas as paredes mais

revestimentos.

finas não tem boa performance acústica e requerem tratamento para

luz natural

maior privacidade.

Explorar a iluminação

Para partidos

natural é um fator indispensável

arquitetônicos em regiões de clima

nesses tempos onde o consumo

quente e seco (construções de alta

energético deve ser repensado. Um

inércia), é provável que o

projeto de iluminação alinhado com

desempenho das paredes não

a sustentabilidade, otimiza os

necessite de grandes correções.

recursos da iluminação natural e

Sons graves ou baixos têm

flexibiliza os recursos da iluminação

frequência menor e os sons agudos

artificial na obtenção de conforto

ou altos têm frequência maior. A voz

luminoso.

do homem tem frequência que varia

Devido a mutabilidade, a

entre 100 Hz e 200 Hz (grave ou

luz solar apresenta variáveis na

grossa) e a da mulher, entre 200 Hz e

quantidade e cor da luz projetada.

400 Hz (aguda ou fina).

Deve-se planejar o layout de acordo

Medidas sustentáveis: A Europa e EUA não produzem mais lâmpadas incandescentes. No Brasil a Portaria Interministerial 1007, fixou índices mínimos de eficiência luminosa e as lâmpadas incandescentes de 60 Watts deixaram de ser produzidas em julho de 2014 e só poderão ser vendidas até junho de 2015.

38


capítulo II luz natural, artificial e percepção

com o percurso que a luz fará dentro

para compor diferentes «cenas»,

do ambiente e em sua interface nas

como num show ou teatro.

8

superfícies. O design de interiores deve evitar a radiação solar direta

luz e percepção

em superfícies que absorvam calor e

A luz é um fator presente

nas superfícies brilhantes. O bom

em todos os estímulos visuais. A

uso de cortinas, persianas e painéis

percepção no entanto, depende não

controlam a luz e evitam o

só da resposta fisiológica do usuário

ofuscamento direto.

mas da sua experiência anterior, da personalidade, da idade, do gênero,

luz artificial

do humor e de aspectos culturais e

Buscar fontes de

estéticos.

iluminação natural para os projetos de design de interiores são ações

normas

indispensáveis. E o projeto

A ABNT NBR normatiza os

luminotécnico deve incorporar

projetos luminotécnicos e

produtos que permitam a

eletrotécnicos com um rol de leis

minimização do consumo

bastante conciso. A NBR utilizada

energético, como os dimerizadores

no design de interiores, para

para controle da intensidade da luz

projetos luminotécnicos, era a NBR

e de lâmpadas fluorescentes e leds.

5413:1992 - Iluminância de

Para que um ambiente seja

interiores, que foi cancelada em

iluminado de forma eficiente é

março de 2013 e está sendo

preciso seguir uma série de

substituída pela norma NBR

requisitos técnicos, que contemplem

ISSO/CIE 8995-1:2013.

a função do ambiente, a idade dos

As tabelas 9 e 10 (p 40),

usuários e as cores das superfícies.

apresentam os coeficientes de

Mas para criar um projeto para

reflexão de alguns materiais e cores,

proporcionar sensações e

para considerações em projetos de

surpreender, o conjunto de

Normas brasileiras para projetos luminotécnicos: NBR ISO/CIE 8995-1:2013 Iluminação interior NBR 15215-1a4:2005 corrigido em 2007 Iluminação natural NBR 5461:1991 - Iluminação (definição de grandezas) NBR ISO 31-6:2006 Grandezas e unidades (luz e radiações eletromagnéticas) NBR 5382:1985 - Verificação da iluminância de interiores

iluminação.

8 GURGEL, Miriam. Projetando espaços: design de interiores. 3.ed. São Paulo:

iluminação deve ser programado

SENAC, 2010

39


capítulo II conforto luminoso | normas

Cores

%

Branco

Materiais

%

70.80

Rocha

60

Creme claro

70.80

Tijolos

5.25

Amarelo claro

55.65

Cimento

Rosa

45.50

Madeira clara

Verde claro

45.50

Esmalte branco

65.75

Azul celeste

40.45

Vidro transparente

60.80 6.8

Cinza claro

40.45

Madeira aglomerada

50.60

Bege

25.35

Azulejos brancos

60.75

Amarelo escuro

25.35

Madeira escura

15.20

Marrom claro

25.35

Gesso

Verde oliva

25.35

Laranja

20.25

Vermelho

20.25

Cinza médio

20.25

Verde escuro

10.15

Azul escuro

10.15

Vermelho escuro

10.15

Cinza escuro

10.15

Azul marinho

5.10

Preto

5.10

15.40 40

80

Tabela 10

Tabela 9 e 10 Tabelas de coeficientes de Reflexão de Alguns Materiais e Cores

Tabela 9

40


capítulo III desenvolvimento do projeto | representação |cozinha e levantamentos

CAPÍTULO III desenvolvimento do projeto de design de interiores representação Em um projeto residencial, ambientes de trabalho, íntimos e sociais tem diferentes necessidades e

aplicação dos conceitos técnicos.

cozinha A cozinha tradicional ou gourmet, a sala de almoço, lavanderia, estocagem e as áreas de suporte a realização do trabalho, são

devem ser planejados

exemplos de projetos que integram

individualmente.

diferentes especialidades (hidro-

Alguns ambientes tem prerrogativa de estudos de acústica e de conforto higrotérmico e ergonômico, como o home theater, por exemplo, que requer muito conforto e tecnologia. Outros, como

sanitário, elétrica, luminotécnico, conforto e tecnologia), com abordagens específicas. A cozinha é um dos ambientes que mais evoluíram nos

a cozinha, exigem estudo

últimos anos. Deixou de ser um local

antropométrico para

unicamente de trabalho e ganhou

dimensionamento e distribuição dos

status de ambiente social com os

armários, equipamentos e utensílios,

mesmos privilégios de materiais e

para proporcionar conforto e

acabamentos.

segurança na execução do trabalho. Já o closet, exige estudos para o conforto higrotérmico e ergonômico e da tecnologia disponível para

Levantamento de dados Para o projeto da cozinha

correções ambientais e

na fase de levantamento de dados

aprimoramento funcional da

(ver Tabela 1, p 16), complementar

marcenaria.

informações com as especificidades

A exposição do método para organização do processo de projeto, será desse modo, evidenciada através da apresentação de um projeto de cozinha, de um home theater e de um closet, com seus produtos mais relevantes

culturais, sociais e organizacionais da família (ver Tabelas 4, 5 e 6, p 22, 24 e 25). Na prática, a etapa em questão terá o seguinte conteúdo: 1.

Levantamento de documentos (plantas

(desenhos) e com ênfase na

41


B

capítulo III analise de conforto de cozinhas

limitações físicas, estatura,

2,8

4,5 0,8

do projeto

hidráulico, normas,

usuários, hábitos culturais,

legislação e regras,

organizacionais e sociais.

DORM. 1 4,5

necessidades especiais dos

1,9

arquitetônico, elétrico,

3,6

COZINHA

2,8

DORM. 2

Planta 1

0,7

SALA 1,9

2,8

1,5

2,4

BANº

3,6

acervo de fotos do local

PLANTA B

Esc.: 1:100

2.

Levantamento dos

primeira etapa será o

equipamentos existentes e

dimensionamento, registro

dos desejáveis

fotográfico, levantamento de dados

(eletrodomésticos,

(documentos e plantas etc), do local

utensílios, equipamentos,

e entrevista com os usuários. No

internet, interfone,

caso de projeto novo, levantamento

porcelanas, cristais,

das plantas e entrevista. O próximo

pratarias, móveis, bebidas

passo será cadastrar os móveis,

etc)

equipamentos e eletrodomésticos

3.

Condicionantes

que irão para o novo espaço e

locais: percurso do sol e

principalmente, levantar aqueles que

entorno, profundidades

precisam de lugares especiais para

dos móveis, a altura do pé

armazenamento, como os vinhos,

direito, dimensões das

pratarias, cristais etc.

janelas e portas, sapatas de

deve contemplar a rotina, as

revestimentos, condições

atividades prioritárias da família,

das instalações hidráulicas

para que o ambiente tenha a

e elétricas existentes e

funcionalidade necessária às

materiais de acabamento

atividades mais executadas. Nesse

entre outras características

sentido, a entrevista com os usuários

físicas.

irá descrever a rotina de uso do Condicionantes

Vista superior de maquete da planta de estudo

Vista da fachada posterior analisada

Vista do interior do ambiente às 10 horas da manhã

Lembre-se que o projeto

alvenaria, iluminação,

4.

Fotos 4 5 6 7 8

Em caso de reforma a

etc)

Planta exemplo de estudo de insolação de uma cozinha ao longo de um dia, durante inverno no Rio de Janeiro (agosto 2013)

espaço e as carências que esperam

imateriais: o número de

ver suprimidas, as expectativas,

usuários, idade, profissão,

como espaços maiores para

Vista do interior do ambiente ao meio dia

Vista do interior do ambiente às 14 horas

Fotos 4 5 6 7 8 A sequência de fotos de maquete posicionada conforme norte magnético, ilustra o percurso do sol no interior da cozinha em diferentes horários do dia

42


capítulo III analise de conforto de cozinhas

circulação de cadeirante, alturas especiais para usuários com

apartamento em São Paulo. A cozinha e área de serviços

diferentes padrões de peso e altura e

foram idealizadas para proporcionar

inclusive, os aspectos culturais da

funcionalidade e segurança aos

família.

funcionários, pois o cliente, solteiro, não cultiva o hábito de cozinhar. objeto de estudo A planta e demais

Durante as analises perceptivas, o cliente declarou que

ilustrações utilizadas para

gostaria que o ambiente tivesse uma

exemplificar os produtos de cada

leitura clássica e durável.

etapa do processo de projeto da

Colocando o desejo do

cozinha, fazem parte de um projeto

cliente como uma prerrogativa de

completo de reforma de um

projeto, o caráter funcional e a

As manchas descrevem o percurso do sol no período mais crítico do ano

Cozinha

Dependência de Funcionário Lavanderia Sala de almoço

Dependência de Funcionário Elevador Social

Hall Social

PLANTA 1

Hall de Serviços

Elevador de Serviços

PLANTA 1 Estudo da projeção do sol para estratégias de insolação e iluminação

43


capítulo III analise de conforto de cozinhas

longevidade dos móveis,

produto (Tab.1, p16)_, iniciar com

equipamentos e acabamentos, vão

analise da projeção do sol dentro dos

conduzir desde a organização

ambientes. Essa avaliação permitirá

espacial até a escolha das cores e

delimitar as áreas banhadas pelo sol

materiais. Especialmente nesse

para definir o layout (Ver Planta 1, p

projeto, o encaminhamento se deu

43). O sol deve ser evitado em

pelas analises de conforto,

equipamentos como geladeira, fogão

funcionalidade e segurança.

e sobre o tampo da mesa, análise de conforto

principalmente se este for de

Para composição do projeto

material absorvente de calor. Mas, é

preliminar _principal produto da

muito bem vindo sobre superfícies

etapa de desenvolvimento do

de trabalho, como a pia e bancadas A pia posicionada sob a janela receberá painel solar para controle da insolação

O sol incidirá sobre a lateral da geladeira que receberá um painel piso teto para proteção work triangle

Dormitório de Funcionário

Freezer Geladeira

Lavanderia

Dormitório de Funcionário Elevador Social

A janela receberá painel para proteção do tampo da mesa que será em madeira, sob coluna elíptica.

PLANTA 2

Hall Social

Hall de Serviços

Elevador de Serviços

PLANTA 2 Definição da localização do mobiliário e de equipamentos work triangle (fogão, geladeira e pia)

44


capítulo III analise de conforto antropométrico de cozinhas

úmidas, pois o sol têm propriedades antibacterianas. A geladeira nunca deve ser

definição do layout. A análise de insolação é auxiliada por programa

alocada próxima de equipamentos

computacional e quando feita à mão,

que produzem calor ou posicionada

requer domínio de métodos

em canto de paredes, pois do mesmo

específicos e conhecimento da carta

modo, concentrará o calor

solar do hemisfério em questão, que

produzido pelo seu motor.

basicamente, fornecerá dois ângulos

Para saber o percurso que o

que serão usados para encontrar a

sol fará no ambiente é preciso

orientação (azimute), do raio solar

determinar o norte magnético na

em determinado momento do dia.

planta e analisar o clima e as

Uma avaliação mais

construções do entorno. As

simples sugere que posicionado de

características climáticas do lugar

frente para o norte, o sol desenhará

NORTE LESTE OESTE SUL

mantém relação com o partido

um arco de parábola que vai da mão

arquitetônico adotado e as condições

direita para a esquerda, de leste para

físicas da obra. O entorno se

oeste. Conhecendo o norte do local e

constitui pelas construções de casas,

o caminho predominante do sol do

edifícios e praças e mantém relação

nascente ao poente, as prováveis

com o sombreamento externo da

áreas de insolação e a projeção do

construção e com os caminhos do

sol dentro do edifício poderá ser

vento.

desenhada. Essas verificações são mais

As soluções serão pontuais

pertinentes ao desenvolvimento do

para cada ambiente, mas

projeto arquitetônico e

normalmente, as empenas que estão

provavelmente, serão executadas

ao sul não recebem insolação na

pelo arquiteto e nesse caso, caberá a

maior parte do ano ficando também

ele compartilhar as informações com

expostas ao vento gelado. Enquanto

o designer. Contudo, dentro dos

que, as empenas expostas ao sol

ambientes, o designer deve proceder

nascente recebem o sol mais ameno

sua analise ainda que visual, para a

do dia. O contrário acontecerá com

45


capítulo III analise antropométrica da cozinha

para preparo de alimentos,

A geladeira, fogão e pia,

escorredores de louças, tábuas

serão alocados nas vértices do triângulo, no work triangle, de modo

Figura 2

60

análise antropométrica

deslizantes etc. As torneiras também apresentam inúmeros modelos e

espaço (ver Planta 2, p 44). A

acabamentos e a escolha será

geladeira deve ter 1,20m livre na

orientada pelo local de instalação (se

parte da frente, para o giro de

na parede ou na própria bancada),

abertura da porta (90º).

forma da cuba e pelos tipos de

10

60

a incorporar funcionalidade ao

louças que serão lavadas. Para a

chamada de sapata). A sapata exige

mangueiras extensoras são uma

uma obra de alvenaria, mas

excelente opção. Em qualquer uma

proporciona maior espaço dentro da

delas, o arejador economiza água e

bancada. Quando sem sapata, a

ainda impede que respingue para

bancada terá menos espaço interno,

fora da pia. Em regiões mais frias a

pois terá que ser fixada a 0,15 ou

torneira deve ter misturadores para

0,20m do piso para deixar espaço

água quente e fria. As bancadas devem ter

4cm

áreas molhadas (com borda para

e profundidades variadas e a escolha

conter água) e áreas secas (sem

deve ser baseada pelo tamanho das

bordas para execução de tarefas e

panelas e na quantidade de louças

uso de eletrodomésticos). Quando

que serão lavadas. Os modelos

delimitar a área molhada, lembre-se

variam em tamanho, mas também

que deve acomodar um escorredor

no material (inox, cerâmica, poliéster

de louças e deixar espaço livre nas

ou silestone) e no formato (simples,

duas laterais para conter os

duplas e de canto), independentes

respingos. A área seca deve ser

ou fundidas na própria bancada.

planejada de acordo com os

Alguns modelos vêm com opcionais

equipamentos eletrodomésticos que

20

A cuba da pia tem larguras

0

VISTA LAT. sem sapata de alvenaria (com armário suspenso) Sem esc.

84 64 7

para a limpeza.

50

exemplo, as torneiras com

20

ou sem base de alvenaria (também

DET Sem esc.

38

84 64

lavagem de panelas grandes, por

20

inferior, podem ser instaladas com

10

As bancadas do armário

1cm

3cm

1cm

PLANTA Sem esc.

53

5

VISTA LAT. com sapata de alvenaria Sem esc. Figura 2 Medidas antropométricas baseadas na estatura média dos brasileiros (Tabela 8, p 31)

46


capĂ­tulo III modelos de layout conforme o work triangle FIGURA 3 sem escala

Freezer Geladeira

Freezer Geladeira

PLANTA cozinha-gourmet com fogĂŁo em ilha

Freezer Geladeira

Freezer Geladeira

PLANTA cozinhas tradicionais

Figura 3 Modelos de cozinhas com layout conforme a regra do work triangle

47


capítulo III analise antropométrica da cozinha

irá receber (filtros de água -

estampas devem ser duráveis, pois

purificadores, liquidificadores,

uma cozinha planejada pode durar

batedeiras etc).

até 20 anos. Também á importante

A profundidade da

escolher corretamente os puxadores.

bancada, considerando a pia, varia

Os mais indicados para cozinhas são

entre 0,58 e 0,62. A altura

os embutidos. A mesa deve ser

antropométrica ideal para a bancada da pia é delimitada pela borda da

dimensionada pelo número de

pia no nível da cintura (ver Figura 3,

pessoas sentadas que irá acomodar.

p 46), algo entre 0,82m até 0,94m.

Considerando individualmente,

Os balcões em cozinha

cada posto ocupa 0,60m no

gourmet para bancos altos, pode ter

perímetro e 0,90m na parte posterior

entre 1,00 até 1,10m. As medidas do

para afastar a cadeira da mesa.

tampo nunca devem ter menos de

Então, uma mesa para 4 pessoas terá

0,30m (suficiente para acomodar um

0,80 x 0,80m (dimensão mínima), e

prato).

requer espaço livre de 1,70 x 1,70m. A profundidade adequada

das gavetas é de 0,14 para toalhas de mesa, guardanapos e talheres. O gavetão-paneleiro deve ter no

A altura deve ser entre 0,70m e 0,75m. Para mesas circulares, os diâmetros mínimos, são:

mínimo 0,30m de profundidade.

2 pessoas - 0,60m

Convém mensurar todos os

4 pessoas - 0,90m

equipamentos que serão instalados

5 pessoas - 1,10m

nos nichos, como: micro-ondas,

6 pessoas - 1,20m

geladeiras, frezzer, fogão, coifas etc.

8 pessoas - 1,40m

Existem linhas de

Para mesas quadradas,

acessórios aramados que facilitam a

reservar de 0,50 a 0,60m para cada

organização dos equipamentos, com

pessoa (cadeira) à mesa e mais 0,10m

economia de espaço. A madeira

em cada uma das extremidades.

industrial utilizada deve ser resistente a umidade e as cores e

6 pessoas = de 1,40m x 0,80m ou 1,60 x 0,90m

48


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | layout

Na representação, pode-se

8 pessoas = 2,00 x 0,80m ou

Figura 4

acrescentar pequenos textos ou

2,20 x 0,90m (módulo de 0,60m)

descrições com linhas de chamada, produtos da etapa e

descrevendo os acabamentos, cores,

compatibilização

texturas e detalhes «invisíveis» do

As medidas dos

desenho. Poderá também, seguir as

equipamentos são necessárias desde

regras de representação gráfica com

o início dos estudos, para que as

indicações de cortes, elevações e

dimensões sejam corretamente

detalhes, para melhor compreensão

estabelecidas na planta e nas

de todas as partes do projeto.

Elevação A

Elevação B

Após a definição do layout

elevações. Os desenhos que perfazem a primeira etapa

e distribuição dos equipamentos

(conforme Figura 4), são:

pela regra do work triangle, se inicia

- planta

estudo para elevação dos armários.

Elevação C

As elevações devem

- elevações - perspectivas

mostrar todos os componentes do

A planta deve conter todos

espaço, com suas alturas, espaços

Elevação D

os itens (armários, equipamentos,

livres, espessuras, texturas e cortes

revestimentos etc), que estarão no

de paredes, tetos, rebaixos de gesso

ambiente.

etc. Elevação E

A B

C

Elevação F

D E F

Planta medidas de eletrodomésticos utilizados no projeto apresentado

Perspectiva Figura 4 Estudos à mão para distribuição dos armários e equipamentos na cozinha e lavanderia

49


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | paginação

Os desenhos sugeridos

apresenta vantagens em termos de

devem ser em número suficiente

tempo, legibilidade e o mais

para o entendimento do cliente,

importante, facilidade na

considerando que à partir deles

compatibilização com os demais

serão feitas revisões e ou alterações.

especialistas.

Os desenhos iniciais,

A Planta com as bases de

podem ser executados à mão ou em

alvenaria contém as medidas de

programa computacional e após

topo (largura e comprimento) e as

aprovação do cliente, antes de iniciar

alturas especificadas em linhas de

o detalhamento, convém escolher

chamada.

uma ferramenta para a representação gráfica do projeto. O desenho computacional

As bases podem ser mostradas na planta de paginação de piso, que será executada na

Bases de alvenaria com 0,10m de altura

Porcelanato 0,60x0,60m (descrição completa), com tabeira de granito marron 0,30m (descrição completa), em todo diâmetro e Peças do linearmente às arranque sapatas

PLANTA 3

PLANTA 3 Paginação de piso com bases de alvenaria

50


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | bancadas

sequência. A paginação (Planta 3, p

formato de memorial. É importante ressaltar no desenho a peça chamada

50), deve mostrar as peças do

«arranque», para indicar ao

revestimento de piso conforme serão

profissional executor, qual a

assentadas, na horizontal ou vertical,

primeira peça a ser instalada. A

com detalhes de tabeira (faixa linear

escolha deve considerar sempre as

ao longo do perímetro), e descrição

portas principais de acesso ao

do rodapé. Em linhas de chamada

ambiente, para que recortes do piso

serão descritos os detalhes do piso

fiquem nos cantos opostos.

(marca, tamanho, cor, característica

Planta silestone

As bancadas de granito,

de uso etc). Também podem ser

silestone, limestone, mármore etc,

descriminados em uma lista na

devem ser detalhadas para corte,

lateral da prancha de desenho, no

conforme det. (ver Planta 4, p 51) Bancadas em silestone coffee brown, com espelhos nas paredes do fundo de 0,10m e 0,08m na moldura frontal

Vista frontal silestone silestone cor coffee brown

Detalhe peças de limestone

Bancadas com áreas molhadas (com molduras e rebaixo) e áreas secas (sem rebaixos)

Balcão com bancada tipo cavalete, com aproximadamente 1,10m/m (ver detalhe)

PLANTA 4

PLANTA 4 Bancadas de silestone

51


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | marcenaria

quando da distribuição dos pontos

É importante ordenar a confecção dos desenhos de acordo

hidráulicos e elétricos (eletrotécnico

com a sequência de execução da

e luminotécnico) para os

obra. As primeiras pranchas de

especialistas nessas áreas.

desenho devem ser aquelas que O detalhamento para

envolvem o projeto arquitetônico, que mexem com a alvenaria.

marcenaria requer precisão, mas

Quando o conjunto de pranchas:

para ganhar tempo e evitar atrasos,

layout, planta de paginação e bases

convém fazer o projeto baseado nas

de alvenaria estiver pronto, deverá

medidas do projeto e quando da

ser compartilhado com o

execução dos armários, solicitar que

profissional responsável pelo

todas as medidas sejam revisadas in

arquitetônico e posteriormente,

loco.

Coifa Lavadora de louças. Microondas

A B

C D

Frente Winne coller

Dormitório de Funcionário

Freezer Geladeira

Lavanderia

E Cozinha / Copa

Dormitório de Funcionário Elevador Social

Hall de Serviços

Elevador de Serviços

Tampo mesa suspenso em madeira rádica de imbuia Armário piso/teto com portas laterais de correr com perfil alumínio com vidro leitoso e prateleiras internas. No centro prateleiras na parte superior e gaveteiro na inferior

PLANTA 5

Hall Social

Armários com portas de correr + prateleiras internas + varão para roupas passadas + tábua de passar retrátil + dois cestos basculantes + gaveteiro

PLANTA 5 Planta baixa - layout

52


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | marcenaria ELEVAÇÕES 1 Conjunto de elevações do projeto de cozinha R executados em autoCAD (autodesk)

Rebaixos de gesso

Armário suspenso com porta de bater e prateleiras internas

Armário sob a pia, com espaço para lava-louças +2 gavetões aramados armados paneleiros + uma porta com prateleira interna.

Armário sob bancada de granito, ao lado do fogão com porta tempero em aramado

ELEVAÇÃO A Armário suspenso com duas portas basculantes com pistão, fechamento em perfil de alumínio com vidro leitoso.

Rebaixos de gesso

Mesa, sendo tampo suspenso em rádica de imbuia, sobre base elíptica de alumínio ou aço inoxidável

ELEVAÇÃO B

Armário com portas de bater com prateleiras internas, gaveteiro com face em rádica de imbuia.

Rebaixos de gesso 204

Torre com geladeira e freezer na parte inferior e armários com portas de correr e prateleiras internas na parte superior Na lateral garrafeiro para arrematar parede com sem pastilhas. Armário sob bancada da pia com portas de correr e prateleiras internas. Móvel 2ª opção

Móvel tipo buffet, com base de alvenaria, tampo e face das gavetas em rádica de imbuia e portas de correr com perfil de alumínio com fechamentos de vidro.

ELEVAÇÃO C

Rebaixos de gesso

Armário suspenso com porta de correr e prateleiras internas

Armário sob bancada de granito, com dupla face, compartimento para Wine cooler, gaveteiro e painel cego

ELEVAÇÃO E

Armário sob bancada de granito, dupla-face, com portas de correr com perfil de aluminio e fechamento de vidro.

Torre com geladeira e freezer, com armário na parte superior com porta de correr e prateleira interna.

ELEVAÇÃO D

ELEVAÇÕES 1

53


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico Tabela 11

Para a elaboração do

O projeto luminotécnico antecede o eletrotécnico, para que o

projeto luminotécnico (Planta 6), é

cálculo das cargas e a distribuição

preciso considerar outros fatores que

das tomadas e interruptores não seja

interferem na quantidade e

aleatório. A norma NBR ISO/CIE

qualidade da luz, como a cor das

8995-1:2013 - Iluminação interior que

paredes e das superfícies, texturas

está substituindo a ABNT NBR

etc (ver Tabela 11).

A radiação solar e a luz Luz e Cores Fator do Recinto Luminância Índice de reprodução de cores Temperatura de cor Tabela 11 Fatores de interferência

Um breve roteiro para

5413:1992 - Iluminância de Interiores, manteve os mesmos

analise e cálculo, pode ser o

índices mínimos de iluminamento

seguinte: 1. Defina o nível de

estabelecidos para cada atividade e ensina um cálculo para determinar o

iluminamento, em função do tipo de

número de luminárias.

atividade visual que será desenvolvida no local.

30

Tubular led para iluminar áreas de trabalho sob o armário suspenso

60

Coifa

Lavadora de louças. Microondas

80

24

80

90

60

92

60

D 101

56

Dormitório de Funcionário

60

93

56

77

56

116

39

60

67

60

93

28

Cozinha / Copa

60

Lavanderia

60

28

405

60 Freezer Geladeira

Frente Winne coller

28

43

30

73

94

71

227

30

C

72

60

93

A B

73 185

72

36

45

82

Dormitório de Funcionário 87

Elevador Social

Forro de gesso em placas de o,60m x 0,60m

91

9

74

Em todo perímetro do rebaixo de gesso, fita de led para iluminação embutida

113

PLANTA 6

Hall de Serviços

172

21

Elevador de Serviços

Hall Social

PLANTA 6 Luminotécnico

54


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico

3. Para determinar o fator

Onde:

K=

C.L

de utilização, que é o fluxo útil que incidirá sobre o plano de trabalho,

(C + L). A

C= comprimento do local

consulte também a tabela do

L= largura do local

fabricante da luminária escolhida.

A= altura da luminária ao

de luminárias

plano de trabalho

N=

2. Escolha as lâmpadas e

0T 0L

luminárias, considerando os fatores

N = Número de luminárias

mencionados (Tabela 11, p 54), e

0T = Fluxo luminoso total

também o custo, manutenção, estética e funcionalidade.

Glossário: Projeto luminotécnico: Planejamento da iluminação necessária em cada área (de trabalho, de efeito etc); Cálculo de iluminância (ex.: 500 lux/m² bancada de trabalho); Definição de efeitos estéticos e criação de cenas; Definição e quantificação dos acessórios e demais acabamentos. Projeto Eletrotécnico: Cálculo das cargas, montagem dos sistemas, quadros elétricos, distribuição dos eletrodutos, fiações etc.

4. Para calcular o número

requerido

0L = Fluxo luminoso de uma luminária.

Ver mais sobre projeto luminotécnico http://www.osram.com/ lighting/principles.html

LEGENDA LUMINÁRIAS QUANTIDADES SIMB.

CÓD.

Cód.: Ref.:

Cód.: Ref.:

Cód.: Ref.:

Tabela 12

DESCRIÇÃO

Lustre pendente para 01 lâmpada incandescente. Em alumínio escovado com haste preta

Spot embutido para 01 lâmpada eletrônica. Produzido em alumínio e pintura eletrostática branca. Vidro fosco 3mm

Lâmpada tubular de Led Ø 30x590mm Cor Emitida: Branca Quente Iluminamento: 100 Lux (3.200K)

W

LUM.

LAMP.

1X60W

02

02

1X23W

24

24

1x 100Lux

02

02

Tabela 12 Legenda Luminárias, tipos e quantidades

55


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico

número de lâmpadas e a potência de

5. Para a distribuição das luminárias no forro, o espaçamento

cada uma. (ver Tabela 12, p 55).

depende da sua altura com relação

Para facilitar o

ao plano de trabalho e da sua

entendimento do Engº elétrico, que

distribuição de luz. Este valor situa-

fará o cálculo das cargas

se em média, entre 1 e 1,5 vezes o

considerando as demais demandas

valor da área útil em ambas

de uma residência, convém montar

direções.

uma planta, aqui chamada de eletrotécnica com definição dos

Feita a distribuição, monte uma tabela com os modelos de

grupos de luminárias que serão

luminárias, suas quantidades,

acionadas num único toque e a

marcas, cores e demais detalhes.

localização dos interruptores (Planta

Para cada uma, especifique o

7).

Tubular led para iluminar áreas de trabalho sob o armário suspenso

potência da lâmpada

100 D

23

F

A

60

D

60

101 60

60

23

C Frente Winne coller

Freezer Geladeira

B

56

S.A S.B S.G S.H

23

23

23 G

93

C

23

23

Lavanderia H

H

D

77

23

23

B

B

56

A

23 G

23 G

23 H

116

23 H

39

60

67

60

93

D

28

Cozinha / Copa

23

60

60 23

Dormitório de Funcionário

60

G

56

43

60

94

E

S.C S.D S.E

30

73 23

A

A

227

30

C

72 23

23

92

185

71

B

73

100

405

24

S.F S.B 60

A

93 72

F

80

28

90

Microondas

23

F

80

28

60

23

Lavadora de louças.

E

localização de interruptor

30

Coifa

100

S.D

indicador de interruptor

171

82

S.G S.H

23

23

D

36

45

D

Dormitório de Funcionário 87

Elevador Social

Forro de gesso em placas de o,60m x 0,60m

23

91

B

23 A

Hall Social

S.A S.B 113

PLANTA 7

Hall de Serviços

9

74

Em todo perímetro do rebaixo de gesso, fita de led para iluminação embutida

172

21

Elevador de Serviços

PLANTA 7 Eletrotécnico

56


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | luminotécnico

De acordo com a ABNT

O designer também deverá definir a localização, tipo e

NBR 14136:2002 - Plugues e tomadas

quantidade de tomadas para atender

para uso doméstico - Padronização,

o posicionamento dos

o novo modelo de tomadas 2P+T

eletrodomésticos e equipamentos

(dois polos mais terra), apresenta

(Planta 8).

diferença no diâmetro do orifício, de modo que a amperagem do

Alguns eletrodomésticos

eletrodoméstico determina o plugue.

consomem mais energia que outros, como o micro ondas, geladeira,

LEGENDA Pontos elétricos

máquina de lavar louças, fornos

TOMADA USO GERAL h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)

elétricos, torradeiras etc. Para estes

TOMADA USO ESPECÍFICO h=0,30 m DO PISO (NBR 14136)

equipamentos será preciso prever

TOMADA USO ESPECÍFICO h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)

tomadas de uso específico, as TUEs.

TOMADA TELEFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2" TOMADA INTERFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2"

QUADRO DE FORÇA E LUZ

28

171

A C D

405

227

30

74

11 68

Frente Winne coller

118

B

17 23

40

40

41

Microondas

40

Lavadora de louças.

98

28

153Coifa

Freezer Geladeira

Lavanderia

66

Cozinha / Copa 40

83

PLANTA 8

PLANTA 8 Pontos elétricos

57


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha

O de diâmetro menor é apropriado

todas as superfícies de trabalho no

para equipamentos de até dez

teto para criar pontos de iluminação

ampères e de diâmetro maior é

de tarefa exatos. Definindo para

indicado para equipamentos de até

cada local ou ponto, se o volume

vinte ampères. A especificação deve

mais adequado é de um plafon

ser correta, pois não é só uma

embutido ou de sobrepor, de

questão de diâmetro de plugue, mas

luminárias ou pendentes, de

da espessura dos fios e cabos

arandelas ou até de um ou mais

elétricos.

lustres. Nesse momento de

A definição dos volumes

definição de tipos, localização e

das luminárias, requer a leitura da

quantificação, parece que a técnica é

planta e das elevações.

dominante em detrimento do

Um bom exemplo é

aspecto dos materiais. É que a

cozinhas com cooktop e coifa em

definição inicial não entra no mérito

ilha. Dependendo a posição da coifa,

da cor e textura dos objetos, que

deve-se escolher entre colocar

serão definidas nas etapas finais do

pendentes no balcão ou um lustre

projeto em conjunto com os demais

sobre a mesa, para não sobrecarregar

objetos, eletrodomésticos e

o espaço áereo.

acessórios. No primeiro momento de

Mais informações sobre o padrão Brasileiro de Plugues e tomadas: http://www.abinee.org.br/ informac/arquivos/ com72.pdf

Outra forma de resolver o problema visual do espaço aéreo em

definições do projeto luminotécnico,

cozinhas com cooktop em ilha, é

é importante ter uma leitura de todo

instalar os modernos cooktops com

ambiente, com suas alturas e

sistema de coifa retrátil, liberando o

elementos aéreos, para estabelecer

teto sobre a ilha.

os acessórios de iluminação mais adequados. É preciso saber exatamente a altura dos armários para não colocar pontos de iluminação desnecessários. E fazer a projeção de

58


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | hidráulico

Essa prancha de desenho

A parte hidráulica deve ser mostrada sobre o layout, para que os

esquemático, deverá ser

pontos de entrada e saída de água

disponibilizada para o Engº

sejam alocados sobre os demais

hidráulico ou arquiteto responsável.

sistemas (Planta 9). Esse mapeamento, tem

Uma prancha com detalhes da parte hidráulica, pode apontar

como função principal orientar o

com mais cuidado a localização e

projeto hidráulico, sem no entanto,

dimensionamento dos pontos. E um

substitui-lo.

memorial com a descrição dos modelos e tipos de acabamentos hidráulicos fornecerá as informações complementares, como o modelo de um ralo (linear, com grade etc).

LEGENDA Pontos hidráulicos

171

ponto de entrada 2

1

Coifa

ponto de saída Lavadora de louças. Microondas

ralo

3

A B

227

30

C

4

5

6

7

D 405

8

Frente Winne coller

Freezer Geladeira

Lavanderia

PLANTA 9

1 - Pontos de entrada e saída de água para máquina de lavar louças 2. Pontos de entrada e saída de água para pia. Água quente e fria. Torneira de bancada

3. Ralo linear 4. e 5. Pontos de entrada e saída de água para máquinas de lavar 6. e 7. Pontos de entrada e saída de água para tanque. Torneira de parede 8. Ralo linear

PLANTA 9 Pontos hidráulicos

59


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | forro de gesso

O forro (Planta 10), deve ser

Projetos hidráulicos completos determinam, além dos

detalhado em planta para dar uma

pontos de entrada e saída de água,

visão geral da forma do forro e em

também as soluções para

corte (ver detalhe), para mostrar

esgotamento sanitário e águas

detalhes da junta de dilatação e dos

pluviais. Cabe ao designer de

acessórios luminotécnicos. Os forros

interiores compartilhar seus projetos

devem ser mostrados (em cortes),

com e Engº hidráulico ou civil

também nas elevações, onde estarão

responsável, no sentido de assegurar

sobrepostos todos os sistemas

Instalações hidráulicas, ver mais: http://www.tigre.com.br/ pt/catalogos_tecnicos.php? cpr_id_pai=4&cpr_id=7

a correta localização dos pontos e de fornecer subsídios para as demais laje

fita ou mangueira de LED em toda extensão, entre os desníveis do forro

parede

soluções pertinentes ao escopo hidro-sanitário residencial.

DETALHE S/esc.

Rebaixo de gesso - faixa de 0,60m de largura, com tabica em todo perímetro, placas de 0,60 x 0,60m

Junta de dilatação (tabica) em todo perímetro do forro

171

60

Coifa Lavadora de louças. 60 Microondas

A B

227

30

C

30

D 405

60

Dormitório de Funcionário

Freezer Geladeira

Frente Winne coller

Lavanderia

Cozinha / Copa

60

36

60

Dormitório de Funcionário

87

Elevador Social

Hall de Serviços

Elevador de Serviços

No centro, rebaixo com placas de 0,60 x 0,60m, atirantadas com fios de arame galvanizado PLANTA 10

172

21 9

Hall Social

PLANTA 10 Forro de gesso

60


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | revestimento

(móveis, revestimentos, bancadas de

pesadas requerem sistemas de

granito, etc).

segurança, como travamentos ou

O detalhamento do forro deve ser executado antes do projeto

cabos, correntes ou fios de arame que as prendam diretamente na laje.

luminotécnico, pois a distância entre

O forro de gesso em placas

o forro e o teto é um parâmetro

atirantadas compõe um único

limitador para escolher reatores e

sistema então, forros muito extensos

luminárias. A altura mais indicada

podem desabar com o rompimento

entre o forro e a laje é de 0,15m.

de apenas uma parte dos cabos.

O tipo de forro escolhido

Para acabamento dos

para a cozinha e detalhes de

forros, existem além das molduras

instalação, dependem das soluções

de gesso, também as de poliestireno,

luminotécnicas. Luminárias mais

madeira entre outros materiais. Para

Pastilhas cerâmicas retangulares 0,02 x 0,02m, piso teto, assentadas em placas e rejuntadas com massa epox na mesma cor

ELEVAÇÃO A

Rodateto 0,10m em gesso com espessura suficiente para fechamento da tabica Paredes pintadas de branco, com tinta acrílica fosca

ELEVAÇÃO C

ELEVAÇÕES 2

ELEVAÇÕES 2 Revestimento paredes

61


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | cor

decorar forro, no ponto de saída de

Os detalhes em rádica nos

uma luminária, existem medalhões

frontões das gavetas e as prateleiras

em diferentes materiais.

em imbuia, compõe com o silestone

A representação dos

marron. As portas com melamínicos

revestimentos, depende dos detalhes

e com vidros serigrafados brancos,

(mosaicos, misturas de padrões e

compõe com o teto e as paredes

tipos etc). Quanto mais elaborado,

brancas. A tonalidade das pastilhas

mais detalhado deverá ser. Se as

compõe com o revestimento do piso.

paredes forem revestidas com um

Essas combinações de cores ajudam

único tipo, piso-teto, sem rodameios

a «amarrar» a composição total. A

e outros detalhes, basta mostrar em

idéia era: ampliar o espaço, com

elevações com especificação geral.

muita luz e longevidade.

As cores na cozinha devem ser selecionadas após resolver todos os problemas (condicionantes) e finalizar o layout. A cor se bem pensada, pode atuar como uma ferramenta na solução de problemas. Na proposta mostrada, o

Fotos 9 10

sol penetra pelas duas janelas e produz maior brilho e contraste na pia e no tampo da mesa, de modo que estas áreas receberam materiais opacos e não absorventes de calor. As paredes das elevações A e C foram revestidas com pastilhas cerâmicas e as demais paredes e teto foram pintadas de branco para não quebrar a continuidade das paredes, mantendo a amplitude do espaço.

Fotos 9 10 Fotos cozinha projeto Mirtes B Koch execução Roso Móveis São Paulo, 2009

62


capítulo III produto da etapa e compatibilização da cozinha | conclusão

Nas cozinhas

Mas, só a aparência dos

contemporâneas a cor foi

eletrodomésticos não é suficiente

incorporada nas paredes e também

para definir o caráter e a estética das

nas superfícies. Existem no mercado,

cozinhas. Para exemplificar, uma

melamínicos com textura de

cozinha de linhas clássicas pode

madeiras, florais, geométricos e lisos

receber eletrodomésticos de linhas

e uma infinidade de cores e padrões.

arrojadas, sem com isso perder seu

Os melamínicos estampados são temporais e podem

Em reformas onde a geladeira e demais eletrodomésticos

uma vez incorporados, a

serão reaproveitados, mas em outro

substituição será mais simples se

estilo. Pode-se colocar porta de

estiver só na área das portas.

madeira ocultando a geladeira e manter os demais eletrodomésticos

eletrodomésticos e acessórios de

em posições menos visíveis, como na

acabamento (puxadores, aramados

parte inferior das bancadas de

etc), devem ter a cor e o modelo

trabalho.

escolhidos em função da atmosfera do ambiente. Existem no mercado linhas

O projeto para cozinha enfim, deve ser pensado para proporcionar conforto para quem

de eletrodomésticos com linguagem

nela trabalha e também para os seus

diversificada, que atendem aos mais

usuários.

variados estilos. Como as geladeiras

Os usuários fornecem

e fornos vintage, que conservam a

dados para parametrizar todas as

aparência dos anos de 1960, sem

definições de projeto. De modo, que

abrir mão de moderna tecnologia.

a cozinha não será pensada

Se o caráter do ambiente for

Estudos de insolação Layout Planta Elevações Perspectivas Mobiliário Forros e rebaixos de gesso Revestimentos Paginação de piso e bases de alvenaria Luminotécnico Pontos elétricos Pontos hidráulicos

estilo.

durar menos que os móveis. Mas,

Também os

Status dos desenhos da cozinha

unicamente dentro da sua função

tecnológico «hightech», os

mais elementar, mas enquanto um

eletrodomésticos em aço inoxidável

espaço que pertence a uma

são os mais indicados para compor o

determinada família.

ambiente.

63


capítulo III desenvolvimento do projeto | home theater | levantamento de dados

produtos da etapa e

regem a vasta área da informação e

compatibilização

também, pela domótica, que integra

home theater O desenvolvimento da tecnologia de áudio e vídeo tornam os equipamentos para home theaters rápidamente obsoletos. As mudanças tecnológicas alteram também a aparência dos ambientes e dos móveis, que perdem a função e entram em desuso. Foi na década de 1980, que os videocassetes deram outra dimensão ao já consagrado espaço da TV, que ganhou estante piso-teto para acomodar a televisão de tubo e os filmes em VHS. E, do vídeocassete ao blue ray e do tubo a ultrafina LED, a tecnologia

todos os sistemas (iluminação, TV, fechamento de persianas, ar condicionado etc), num único controle remoto. Portanto, para um bom projeto de home theater é preciso, analisar o espaço para determinar o melhor sofá, televisor ou projetor e os móveis para suporte, com um sistema adequado de áudio e vídeo e soluções para o conforto acústico, térmico e lumínico com controle inteligente. Requer percorrer um escopo que envolve diferentes sistemas e especialidades, onde o usuário é o centro para onde tudo converge.

desmaterializou a tradicional estante de TV, reduzindo-a ao rack e mais recentemente, ao painel de parede para suporte do monitor ou tela de projeção. As novas tecnologias aproximam a TV do computador, da mobilidade e virtualização e apontam para novas grandes transformações espaciais no home theater. De modo, que as premissas projetuais devem ser avaliadas à luz

levantamento de dados O levantamento de dados para confecção de um novo projeto arquitetônico, não será diferente do executado para criação de projeto de reforma. A diferença é que, para o projeto de um novo edifício os dados levantados serão prerrogativas, enquanto que para a reforma o espaço existente será o principal parâmetro do projeto.

das transformações tecnológicas que

64


capítulo III análise de conforto do home theater

1.

Levantamento de

demais ilustrações utilizadas para

documentos (plantas do projeto

exemplificar os produtos de cada

arquitetônico, elétrico, cabeamento,

etapa do processo de projeto do

normas, legislação e regras, acervo

home theater, fazem parte de um

de fotos do local etc).

projeto completo de reforma de um

2.

Levantamento dos

apartamento em São Paulo. Trata-se

equipamentos existentes e dos

de um amplo ambiente na cobertura

desejáveis (televisores, projetores,

do edifício, que será dividido para

sistemas de home-theaters,

abrigar o home theater e o escritório,

equipamentos de áudio e vídeo,

para uma família composta por

internet, interfone, móveis, acervo

quatro pessoas (casal + 2 filhos).

de discos, blue rays etc). 3.

Condicionantes

As primeiras analises pré projeto, evidenciaram a preocupação

locais: percurso do sol para

da família em manter a visada da

definição de layout, medidas

empena envidraçada, quando da

antropométricas para definição das

divisão dos ambientes. O desejo, era

alturas e profundidades dos móveis,

de que a paisagem do entorno fosse

a altura do pé direito, janelas e

compartilhada pelos dois ambientes.

portas, ambientes próximos,

A solução encontrada, foi a

iluminação, revestimentos e

instalação de um conjunto de painéis

materiais de acabamento entre

deslizantes para fechamento

outras características físicas.

transitório dos ambientes nos

4.

Condicionantes

imateriais: o número de usuários, idade, profissão, limitações físicas,

Parede com fechamento piso-teto de vidro em substituição a alvenaria

momentos da realização de atividades conflitantes. E para privilegiar a

necessidades especiais dos usuários,

paisagem reinante do entorno, as

hábitos culturais, organizacionais e

paredes e teto receberam cor neutra

sociais etc.

e os móveis cores claras. O piso recebeu carpete azul (para ampliar o

objeto de estudo

céu) e a iluminação cor amarelada.

As principais plantas e

65


capítulo III análise de conforto e antropométrica do home theater

análises de conforto

pela sua natureza, exige tratamento

A sobreposição de várias

especial de conforto. A análise da projeção do sol

especialidades dentro do mesmo ambiente requer uma análise de

é no sentido de identificar a luz e a

conforto mais abrangente, para

insolação incidentes dentro do

oferecer soluções aos problemas pré-

ambiente, mas também é preciso

existentes como insolação, excesso

analisar a inércia térmica das

de barulho da rua, proximidade com

paredes que estão expostas ao sol. A

dormitórios, pé direito muito amplo

luz solar aumenta a temperatura

entre outros de ordem física. As

média interna trazendo desconforto

soluções para esses problemas serão

aos usuários. O excesso de claridade,

apresentadas conjuntamente aqueles

além do inconveniente visual, pode

pertinentes ao próprio projeto, que

desbotar as superfícies dos revestimentos têxteis.

379,24

Janelas basculantes

789,72

A B

609,86

C

ESCRITÓRIO

HOME THEATER

989,38

Portas de passagem PLANTA Home-theater, escritório

PLANTA 11

Projeção do sol da manhã durante o mês de fevereiro

PLANTA 11 Estudos de insolação

66


capítulo III análise de conforto e antropométrica do home theater

medidas de conforto. As medidas

De acordo com o posicionamento do norte magnético

humanas padrão (ver Tabela 8, p 31),

e análises no local exemplificado, a

consideradas na produção de sofás,

única empena que receberá o sol da

racks e demais móveis para home

manhã será a denominada «C» (ver

theaters satisfazem um grande

Planta 11, p 66). A área do percurso

contingente de tipos. Porém, em

do sol deve ser evitada

casos especiais identificados no

especialmente, para instalação de

levantamento de dados, as medidas

sofás e equipamentos eletrônicos.

devem ser alteradas proporcionalmente para maior conforto dos usuários.

análise antropométrica

Sofá: O parâmetro mais

A definição do layout deve

importante para a escolha do sofá é

privilegiar os usuários e suas

Painel com faixas de madeira de demolição para receber TV 60'. Móvel em laca cinza para equipamentos de áudio e vídeo

Painéis divisórios de correr, entre escritório e rouparia / armários escritório

3,50

Rebaixo de viga, com estantes embutidas entre piso e viga nas duas extremidades. Painéis deslizantes fazem o fechamento individualizando as áreas

PLANTA Home-theater, escritório

PLANTA 12

Sofá com percintas elásticas na base, almofadas soltas no assento e encosto com plumas sintéticas. Módulos de 0,80 x 0,95m revestidos de camurça

Mesa 1,20 x 1,20m em madeira de demolição com nichos porta objetos (revistas, plantas, controles etc)

PLANTA 12 Layout

67


capítulo III análise de conforto antropométrico e visual do home theater

o uso. Um sofá para receber visitas

No momento da definição

ou para ocasiões mais formais

do layout, a escolha dos sofás se

deverá acomodar com conforto

dará pela dimensão e formato. Já os

alguém cuja postura permanecerá

tecidos, serão escolhidos em

ereta. Já um sofá para relaxar e

conjunto com as soluções de

assistir televisão deverá acomodar

conforto térmico e acústico e estudo

com aconchego. Para montagem do

das cores que serão utilizadas.

sofá deve ser analisado a estrutura,

Móvel para televisão: A

assento, encosto, braços, tecidos e

profundidade depende do aparelho

almofadas e ainda, se será peça

(base e profundidade), também dos

inteira ou em módulos para facilitar

equipamentos. O mais comum é com

a logística de entrega e montagem.

0,40m de profundidade e nichos

A estrutura pode ser com

equipamentos de home theater.

superfície de compensado. Os

Considere que o subwoofer, pode

assentos podem ser fixos ou com

ser instalado diretamente no piso.

almofadas soltas de espuma maciça,

Deve ter também nichos e gavetas

picada, de plumas ou mistas. O

para DVD´s, Blue Rays, CD´s etc. A

encosto pode ser fixo ou ter apoio

altura do móvel não deve

fixo e receber almofadas soltas.

ultrapassar os 0,50m. Lembre-se que

2,40m até 42" 2,80m até 50" 3,40m até 60" 3,80m até 71"

Tabela 13 A distância entre o sofá e o televisor como parâmetro para definir as polegadas da tela

este sistema está próximo da

ter no mínimo 0,50m para cada

extinção e deixe reservado espaço

pessoa, ou seja, um sofá de 3 lugares

para instalação de projetores no teto

com braços de 0,20m, tem no

e paredes livres e bem acabadas para

mínimo 1,90m, e o de 2 lugares

a projeção.

1,40m. A largura ideal, no entanto,

1,80m até 32"

suficientes para acomodar todos os

percíntas elásticas, molas ou

Um sofá confortável deve

Tabela 13

Os painéis são uma

está entre 0,70 e 1,00m. A

excelente opção para fixar o

profundidade, varia entre 0,80 e

televisor, dispensando a base do

1,00m e a altura ideal, está entre 0,40

aparelho e o móvel suporte. O painel

e 0,50m.

além de ocultar os fios e cabos, ainda é uma solução acústica.

68


capítulo III análise de conforto visual e acústico do home theater

conforto visual O tamanho ideal do

cortinas, painéis e blackout´s. As cores claras e brilhantes

televisor é aquele que o

são reflexivas, enquanto as quentes

telespectador não precisa girar a

ou escuras são absorventes. Então, a

cabeça para ver toda tela ou ler as

cor e o material das superfícies,

legendas. Quanto mais próximo o

paredes e revestimentos também

sofá do televisor, menor deve ser a

interferem na qualidade luminosa

tela. Algumas medidas de conforto

(ver Tabelas 9 e 10, p 40) e devem ser

foram estabelecidas e são utilizadas

resolvidas em conjunto com o

para definir o tamanho da tela

luminotécnico e com os fechamentos

(Tabela 13, p 68). O ângulo de visão

transitórios das janelas.

vertical diante da tela do aparelho

A inteligência tecnológica

não pode ser superior a 15º, o que

pode ser empregada para facilitar o

sugere instalar a tela a cerca de

uso dos equipamentos. Os

0,60m do piso.

interruptores de parede podem ser

A iluminação é um

acionados por radiofrequência. O

componente muito importante no

acionamento das luzes, cortinas,

espaço e deve ser planejada para

áudio e vídeo, pode ser por controle

permitir diferentes cenas. Deve

remoto, que ainda pode acionar a

permitir que as pessoas se

iluminação e criar diferentes cenas.

movimentem com segurança,

No projeto apresentado

localizem objetos ou façam

como exemplo, o ambiente tem

atividades paralelas que exijam mais

empena de vidro com vista para os

ou menos luz. O projeto

edifícios da Avenida Paulista e não

luminotécnico deve propor grupos

seria prático manter longas cortinas

de luminárias com acionamento

com fechamento manual. A proposta

independente e dimerizar algumas

foi instalar painéis blackout

luminárias para controle da

acionados por controle na empena B

intensidade da luz. A iluminação

(ver Planta 11, p 66). Para criar um

natural deve ser controlada por

bloqueio físico do sol na porta de

fechamentos transitórios, como

vidro da empena C e amenizar a temperatura, optou-se por criar um

69


capítulo III análise de conforto acústico do home theater

pergolado com vegetação na área

das faixas separadamente,

externa.

envolvendo o espectador na ação. conforto acústico

Acontece que a tecnologia doméstica

Para entender a experiência

era composta por um sistema de

que os sistemas de home theater

áudio que tinha uma única faixa

produzem, é preciso saber um

(monofônico), e posteriormente,

pouco mais sobre as produções

uma faixa mais larga (estéreo). Os home theaters

cinematográficas e como o áudio é captado durante as filmagens. De

apresentam sistemas 2.0, 2.1, 5.1 e

forma bastante simplificada, durante

7.1 (ver posicionamento dos

a execução de um filme os sons são

equipamentos no esquema abaixo),

captados por três ou mais

que se referem aos canais que

microfones ou são posteriormente,

distribuem o som, sendo o numeral

mixados em estúdios. Quando

da esquerda do ponto a quantidade

exibidos no cinema, a tecnologia

de alto-falantes que o sistema

surround sound reproduz cada uma

possui. Em um home theater 7.1, por Tabela 14

Sistema 5.1

Sistema 7.1

01

03

04

02 01 Caixas acústicas laterais e traseiras, na mesma linha das caixas acústicas frontais 02 Caixas acústicas frontais, alinhadas com as caixas acústicas traseiras ou laterais

03 Caixa acústica central, acima da TV (reproduz os diálogos da cena) 04 Subwoofer Posicionar sobre o piso, longe dos equipamentos (reproduz sons graves, que produzem vibração)

Tabela 14 Sistemas de home theater

70


capítulo III análise de conforto acústico do home theater

exemplo, são sete canais para caixas

acústico, além da escolha do sistema

de som, que geram sons médios e

adequado ao tamanho do ambiente

agudos, além de um subwoofer para

(2.0, 2.1 etc) e do mobiliário correto,

os graves. Esse sistema é indicado

é preciso prever tratamento acústico

especialmente, para ambientes com

para maximizar a experiência. Como o som se propaga

grandes dimensões e com blue ray, que é o único equipamento capaz de

nos meios materiais é preciso defini-

reproduzir os sete canais de áudio.

los corretamente, para criar zonas

O áudio ideal é aquele que

absorventes e reflexivas (ver

reproduz com clareza todos os

exemplo P 13), e para otimizar ou

ruídos e sons do filme, sem ecos ou

minimizar os fenômenos decorrentes

outros fenômenos descompensados

desse processo. Os revestimentos

(p 37), e sem invadir os outros

absorventes são tecidos em geral,

ambientes da casa. Para o equilíbrio

carpetes, tapetes e tapeçarias, área com maior absorção do som, para permitir a percepção do efeito estéreo

03 02

01

PLANTA Home-theater, escritório

PLANTA 13

04

tela de projeção 02

01

área mais reflexiva, para maior envolvimento dos sons ambientes

PLANTA 13 Disposição do Sistema 5.1 e zonas absorventes e reflexivas

71


capítulo III produto da etapa e compatibilização de home theater | soluções acústicas

quadros, móveis e painéis de

requer revestimento (tapete ou

madeira etc. Os reflexivos são as

carpete), para impedir que o som

paredes de alvenaria, gesso, vidro,

invada o apartamento do andar

mármore ou cerâmica, entre outras

inferior.

superfícies. produtos da etapa e

Os painéis de madeira utilizados para fixar as telas de TV

compatibilização

ou projetores são eficientes, mas não

As elevações são

são capazes de absorver e isolar

especialmente úteis para mostrar os

sozinhos, os sons graves e as

detalhes dos revestimentos das

vibrações e tremores do subwoofer. A

paredes e fechamentos de janelas. As soluções para

instalação desse equipamento

isolamento acústico e térmico

diretamente sobre o piso, inclusive,

Forro de gesso liso, com junta de dilatação (tabica) em todo perímetro, com recuo para embutir encabeçamento de painéis blackout e de tela de projeção

50

60

TV 60'

Painel com faixas de madeira de demolição para receber TV 60', com espaço na parte posterior para ocultar fiação e cabeamento

Elevação A

Empena envidraçada com aberturas basculantes, com painéis tipo blackout, motorizados e acionados por controle remoto

Elevação B

Empena envidraçada com porta de correr, acesso a área de lazer, com painéis tipo blackout, motorizados e acionados por controle remoto. A parede receberá pintura na cor branco gelo (levemente acinzentado) acetinado para proporcionar maior reflexão do som

ELEVAÇÕES 3

Elevação C

Quadros com proteção de vidro serão instalados na lateral da ELEVAÇÕES 3 parede Soluções acústicas e térmicas

72


capítulo III produto da etapa e compatibilização de home theater | gesso | luminotécnico

normalmente não são as mesmas.

são bons refletores de som, mas a

Mas em todos os casos, deve-se

sua espessura e transparência

lançar mão de matérias com

produz desconforto térmico e

características comuns, como: serem

luminoso. Mas, o uso de vidros

leves, não propagarem chamas e não

duplos ou com mais camadas

favorecerem a proliferação de

formam um colchão de ar entre as

fungos.

superfícies e proporcionam conforto térmico e acústico.

As paredes, forros e

O Poliestireno expandido

drywall, podem receber lã mineral, que tem diferentes espessuras e

(EPS), conhecido como isopor, pode

níveis de absorção de ruídos.

ser combinado com outros materiais. A madeira, tem aplicação como

Entre as principais

laje parede

características materiais, os vidros

60

60

47,68

156,06

85

50,04

70

70

70

70

120

60

70

70

PLANTA 14

100 62,72

82,24

PLANTA

100

110,07

85

85

115

85

115

171,28

85

252,49

100

fita ou mangueira de LED em toda extensão, entre os desníveis do forro

70

100

97,86

100

49,85 45,6

Na borda superior e inferior do painel de madeira, fita de LED com acionamento independente

100,49 100

85

84,48

Forro de gesso em placas de 0,60m x 0,60m, com aberturas de 0,12m sobre as empenas envidraçadas para embutimento dos painéis. Nas paredes, tabica de 0,06m

60

60

135,1

60

Em todo perímetro do rebaixo de gesso, fita de led para iluminação tangenciando a parede (efeito wall wash), com acionamento independente PLANTA 14 Projeto Luminotécnico

73


o

capítulo III produto da etapa... home theater | luminotécnico

isolante térmico e acústico e nesse

(Planta 14, p 73) desde que seja

caso, tem melhor performance se

linear, sem muitos detalhes. O

instalada em partes desiguais e

projeto de iluminação para o home

irregulares para “quebrar” a onda

theater pode oferecer a possibilidade

do som.

de compor diferentes cenas, para conforto visual, embelezamento e

Quadros com proteção de vidro, também são reflexivos e

para total iluminamento, quando for

podem ser utilizados dentro da zona

o caso. Mas, se o projeto se limitar

de reflexão. Painéis com pinturas

aos pré-requisitos do uso específico

sem proteção do vidro, ao contrário,

do home theater, as exigências

oferecem superfícies absorventes.

luminosas devem ser menores.

O forro de gesso pode estar representado no luminotécnico

A criação de grupos de iluminação, com acionamento

LEGENDA LUMINÁRIAS QUANTIDADES SIMB.

CÓD.

DESCRIÇÃO

Cód.:

Lustre pendente para 05 lâmpadas incandescentes. Em alumínio com pintura e corrente preta

Ref.:

Cód.: Ref.:

Cód.: Ref.:

Tabela 15

Spot embutido para 01 lâmpada eletrônica. Produzido em alumínio e pintura eletrostática branca. Vidro fosco 3mm 0,15 x 0,15m

Luminária embutida para 2 lâmpadas fluorescentes tubulares. Corpo da luminária em chapa de aço com acabamento epoxy branco. Vidro fosco 3mm 1,00 x 0,285m

W

LUM.

LAMP.

1X60W

01

05

1X200 lúmens (15W)

34

34

1x800 lumens (60W)

03

06

Tabela 15 Legenda Luminárias. tipos e quantidades

74


capítulo III produto da etapa... home theater | eletrotécnico independente, permite criar efeitos

atrás do painel de suporte do

estéticos ou cenas.

televisor, sobre as mesas de apoio e nos objetos de arte. Também é

As fitas de LEDs instaladas no forro, próximas à parede (no

interessante, deixar pontos de

máximo 0,15m), proporcionará luz

elétrica nos pisos próximos ao sofá

fraca tangenciando levemente a

para equipar o ambiente com

parede. Se desejar um efeito mais

luminárias de pé e abajures para a

potente, com desenhos cônicos nas

iluminação de tarefa, que será

paredes, os spots com foco regulável

acionada para apoio de alguma

para facho de luz com a angulação

atividade, com ler durante o filme.

desejada, criam o efeito wall wash.

Os acessórios de acabamento luminotécnico (lustres,

Outro efeito adequado é a

luminárias, spots, arandelas etc)

luz de destaque sobre os quadros,

49,85 45,6

519,72

100 15

15

A

15 A

15 C

60 D

S.I S.D S.C S.B S.A

F

15

15

F

F

171,28

115

60 15

B

E

85

609,72

C

60 D

50,04

120 15

15 15

115

15

H

G

70

70

C

85

B

15

15

D

15

85

C

70

15 A

100

A

100

G

S.C S.B S.A

15

15

15

62,72

82,24

15

A

60

H

G

G

G

60

60

S.I S.G S.F

I

I

15

15

70

15

100

15

15

70

70

B

A

H

G

60 15

15

S.E S.H S.G S.F

109,45

15

47,68 15

F

85

252,03

60 15

F

85

85 15 B

60 15

A

97,86

A

70

15

100

156,06

84,48

100,49 100

15

15

135,1

I

I

60

PLANTA

Em todo perímetro do forro de gesso, fita de led para iluminação tangenciando a parede PLANTA 15

100 D

potência da lâmpada indicador de interruptor

S.D

localização de interruptor

PLANTA 15 Projeto Eletrotécnico

75


capítulo III produto da etapa... home theater | eletrotécnico também fazem diferença no efeito

fechado, com vidro transparente ou

visual, podendo funcionar como luz

fosco. O projeto eletrotécnico

decorativa, onde o próprio objeto é o destaque. O acabamento dos

mostra todos os pontos de

acessórios também tem cor, textura e

iluminação e suas tomadas com as

detalhes e devem ser escolhidos de

letras correspondentes de

acordo com a composição total do

acionamento, paralelas ou simples.

ambiente. Spots com vidro fosco LEGENDA Pontos elétricos

deixam a iluminação mais difusa e

TOMADA USO GERAL h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)

agradável, mas perde parte da

TOMADA USO ESPECÍFICO h=0,30 m DO PISO (NBR 14136)

luminosidade da lâmpada, o que

TOMADA USO ESPECÍFICO h=1,10 m DO PISO (NBR 14136)

deve ser levado em conta na hora de

TOMADA TELEFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2" TOMADA INTERFONE h=1,10 m DO PISO, EM CAIXA 4"x2"

escolher entre spot aberto ou

QUADRO DE FORÇA E LUZ TOMADA ANTENA h=2,20 m DO PISO, EM CAIXA 4"x4" TOMADA ANTENA h=0,30 m DO PISO, EM CAIXA 4"x4"

TOMADA DE LUZ NO PISO

519,72

30 30 30

60

30 30

60

30 30

45

609,72

137,5

PLANTA 16

PLANTA 16 Pontos elétricos

76


capítulo III produto da etapa... home theater | paginação de piso A planta dos pontos

Além das tomadas para acionamento, no caso do home

eletrotécnicos indica as tomadas

theater, as cenas (grupos de

elétricas, pontos para passagem de

luminárias) podem ser acionadas

cabos, dados e telefonia e servirá ao

por controle remoto, o mesmo que

Engº elétrico responsável para

controlará o ar-condicionado, o

parametrizar o projeto completo de

televisor e a abertura e fechamento

elétrica e também para o eletricista

dos painéis. E para os painéis é

que fará a instalação da parte

necessário instalar um pequeno

elétrica e luminotécnica. Também o revestimento de

motor que pode ser embutido dentro do tubo de sustentação e

piso tem interface com a acústica do

pode ser acionado por controle ou

ambiente. A paginação de piso

interruptor. (Planta 16, p 76)

deve apresentar soluções para inibir

Carpete estampado com bordas embutidas sob a tabeira

609,72

519,72

PLANTA

PLANTA 17

Em todo perímetro do piso tabeira de madeira de 0,60m

PLANTA 17 Paginação de piso

77


capítulo III produto da etapa... home theater | conclusão Status dos desenhos do home theater

a reflexão e para bloquear a

parecem mais próximas e as

passagem do som, no caso de

superfícies brilhantes e iluminadas

apartamento. Nenhum tipo de

causam ofuscamento, devendo evita-

revestimento deve ser descartado,

las.

nem mesmo os pisos reflexivos

Alguns aparelhos de

(granito, porcelanato etc), mas

televisão vêm com uma projeção de

caberá nesses casos, propor a

luz na parte posterior do aparelho

proteção através de tapetes ou até

que tangencia a parede, com cores

mesmo carpete.

iguais a da imagem da tela, para

Se a opção for por manter o piso mais reflexivo, então o forro

desmaterializar as bordas. No caso do home theater, a

deverá ser de material mais

tecnologia é a principal protagonista

absorvente, para compensar.

das mudanças e é para onde o

O forro de gesso liso,

designer sempre deve olhar para

bastante utilizado por conta da

criar ambientes altamente funcionais

praticidade na aplicação e

e longevos.

funcionalidade, tem um nível de

Estudos de insolação Layout Planta Elevações Perspectivas Mobiliário Forros e rebaixos de gesso Revestimentos Paginação de piso Luminotécnico Pontos elétricos, dados, lógica, TV

Fotos 11 12 13

reflexão maior, então o piso deverá ser mais absorvente, para equilibrar o ambiente. Os padrões, estampas e cores dos tecidos e revestimentos devem ser escolhidos com cuidado, pois além de interferirem na acústica, também podem tirar a atenção do espectador da tela. Os painéis que servem de apoio para a tela de projeção ou televisor, devem ser de cor única, sem estampas ou saliências. Fotos 11 12 13 (a,b) Maquete 3D projeto Mirtes Koch São Paulo, 2009

As cores mais intensas

78


capítulo III produtos da etapa e compatibilização | closet produtos da etapa e

apresentado por um designer, às

compatibilização

peças componíveis.

closet O closet pode ser um espaço independente, anexo ao dormitório ou parte dele que abriga armários com gaveteiros, nichos, sapateiras, varões para cabides, calceiros e maleiros, com compartimentos adequados ao armazenamento de roupas, calçados, acessórios e malas de viagem. E quando mais espaçoso pode ser enriquecido com espelhos, vitrines, mostruários, penteadeira e pufe ou poltrona. Os armários do closet podem ser planejados (modulados) ou sob medida (exclusivos). Os modulados são montados com peças industrializadas (prateleiras, nichos, calceiros etc), disponíveis em várias medidas que atendem composições em diferentes ambientes. As lojas especializadas em armários planejados fornecem diferentes linhas de armários com materiais e acabamentos distintos que as caracterizam. As peças modulares oferecem uma grande variedade de medidas e sempre é possível

Os closets montados com partes componíveis se popularizaram e existem versões mais leves e de menor desembolso, do tipo faça-você-mesmo. As estruturas em perfis de metal para prateleiras de madeira industrializada e acessórios aramados, são vendidas em lojas de bricolagem com grande disponibilidade de peças, tamanhos e acabamentos. Por sob medida, designamse os armários executados com um projeto específico, cujas peças foram desenhadas e serão executadas com as medidas precisas do local. Os armários feitos sob medida, geralmente em marcenarias artesanais são do tipo piso-teto, com laterais, fundo, encabeçamento e portas de madeira (industrializada), enriquecidos com prateleiras, gavetas e acessórios de metal. Nesse caso, o projeto feito sob medida irá determinar o tipo de material, a localização, alturas e profundidades das peças internas (calceiro, maleiro, varão, gaveteiro etc) e demais

adequar um projeto personalizado,

79


capítulo III produtos da etapa... closet | levantamento de dados detalhes, como portas, acabamentos,

armazenados no espaço. Determinar

acessórios para auxiliar a

novas formas para organizar os

organização interna etc.

pertences faz parte das tarefas de

Atualmente, tanto as lojas

um designer, que poderá sugerir

de closets e armários planejados

desde os cabides corretos para cada

quanto as marcenarias aderiram as

tipo de roupa, até a melhor forma de

estruturas de metal, reduzindo

dobrar roupas para poupar espaço.

muito a aplicação da madeira.

E nesse aspecto, o clima local e a

Os acessórios de metal

cultura são fatores determinantes. De outra ponta, uma

revolucionaram as divisões internas com varões iluminados, corrediças

analise de preços (por metro

eletromecânicas para abertura e

quadrado) dos armários, poderá

fechamento de gavetas e portas,

determinar o executante, se

organizadores, cestas e caixas em

marcenaria ou loja de planejados. 1.

metal (aramados), em vime ou

Levantamento de

plástico para roupas e calçados, que

documentos (plantas do projeto

além de minimizarem o uso da

arquitetônico, elétrico, medidas,

madeira, ocupam menos espaço e

acervo de fotos do local etc) 2.

são mais leves e funcionais.

Levantamento do

Pequenos detalhes personalizam os

acevo de pertences pessoais, de

armários como os puxadores com

roupas e calçados, jóias, óculos,

brasões ou iniciais, aplicação de

gravatas, malas de viagem, entre

pedras de cristal, forrações em

outros)

veludo ou seda.

3.

Condicionantes

locais (percurso do sol para levantamento de dados

definição de layout, medidas

Para a definição de um

antropométricas para definição das

closet o processo de levantamento

alturas e profundidades dos móveis,

tem como objetivo conhecer todo o

a altura do pé direito, janelas e

acervo de roupas, calçados e

portas, ambientes próximos,

pertences pessoais que serão

iluminação, revestimentos e

80


capítulo III produtos da etapa... closet | objeto de estudo | analise de conforto materiais de acabamento entre

preferiu dividir os espaços internos

outras características físicas).

em duas categorias: roupas do dia-a-

4.

Condicionantes

Figura 5

dia e de esportes e viagens.

imateriais (o número de usuários, idade, profissão, limitações físicas,

análises de conforto

necessidades especiais dos usuários,

Normalmente, os espaços

hábitos organizacionais e pessoais

destinados aos closets não possuem

etc)

janelas para o exterior e é também

Planta

comum encontra-los posicionados objeto de estudo

junto à porta do banheiro,

Closets seguem regras de

facilitando seu acesso e uso. A falta

projeto que são comuns, mas os

de janelas que caracteriza esses

resultados dependem das

ambientes, resguarda as roupas de

peculiaridades de cada um. Os

poeira e do desbotamento causado

femininos, por exemplo, tem

pela claridade ou incidência de luz

espaços próprios para vestidos

solar.

longos e mostruários para bijuterias

Elevação B

Em cidades de clima úmido

e óculos. Já os masculinos, tem

esse modelo requer atenção máxima

maior profundidade para acomodar

para evitar a proliferação de fungos

os cabides de ternos e casacos com

nas roupas, calçados e

ombros largos e um espaço

revestimentos. O controle da

adequado para organizar as

umidade deve ser eficaz,

gravatas. Então, para exemplificar o

especialmente dentro do banheiro

processo, foram utilizados projetos

com a eliminação total do vapor de

distintos, femininos e masculinos,

água através de janelas, ou com

para analisar as peculiaridades à luz

auxilio de desumidificadores, que

das prerrogativas de cada dono.

são aparelhos próprios para essa

O closet masculino aqui

Elevação A

Elevação C

Elevação D

finalidade. Também o ar

representado, foi feito para um

condicionado com função

homem que tem muitas roupas e

desumidificadora pode ser instalado

calçados. Ele gosta de organização e

no closet.

Figura 5 Estudos à mão para distribuição dos armários e divisões internas

81


capítulo III produtos da etapa... closet | analise antropométrica A opção por colocar portas

É preciso deslocar o varão de modo

nos armários só deve ser

a deixar um espaço livre de no

considerada quando o espaço do

mínimo 0,25m na parte posterior do

closet for aberto para o quarto.

varão para acomodar bem os cabides

Armários sem portas permitem

com roupas. Cabides apertados

melhor ventilação e iluminação

podem desgastar e até rasgar os

interna.

ombros das roupas. Essa Colocar janelas dentro do

desproporção na fixação do varão

closet só é possível quando o

vai fazer com que as roupas nos

ambiente não está confinado entre

cabides fiquem desalinhadas com a

paredes, no entanto, as aberturas

face frontal do armário.

trazem outros inconvenientes, como

devem ter no mínimo 0,55m de

manchar tecidos.

profundidade, desconsiderando a

deve ser adequado à continuação do banheiro. Tapetes ou carpetes com

Cabide tipo bumerangue é mais apropriado para guardar vestidos, blusas e camisas.

Armários com portas

a poeira e a claridade que podem

O revestimento de piso

Cabide para calças

medida necessária para a instalação das portas.

Cabide para gravatas, lenços e echarpes

Quanto à distribuição das

pelos mais longos podem umedecer

partes internas do armário, na parte

e produzir mau cheiro ao ambiente.

inferior pode-se alocar calceiros, sapateiras e gaveteiros, geralmente alinhados até no máximo 0,80m de

análise antropométrica

altura. Essa altura é suficiente para

A profundidade dos

acomodar calças dobradas nos

armários varia de acordo com o

calceiros (araras ou mesmo varão),

espaço disponível no closet e com a

sem tocar no piso do armário e

presença ou não de portas ou

também para três ou quatro gavetas

painéis. Um armário sem portas

no gaveteiro.

pode ter profundidade mínima entre

As prateleiras para

0,40m e 0,45m, desde que o varão

armazenar sapatos podem ficar

não tenha as extremidades

alinhadas abaixo dos 0,80m de

instaladas no meio exato da lateral.

altura, para deixar espaço suficiente

Cabide com prendedores para calças, saias e bermudas

Cabide anatômico para casacos (entre 0,40 e 0,50m de largura)

Cabide para cintos

82


capítulo III produtos da etapa... closet | analise antropométrica para roupas longas em cabides. A

mais leves e as menos profundas as

sapateira pode ser no formato de

roupas mais pesadas, para não afetar

gaveta (prateleira deslizante) ou fora

o sistema de trilhos ou corrediças.

do local de armazenagem de roupas,

Na parte interna superior

tipo escaninho (nichos), com ou sem

dos armários o varão pode ocupar

portas. A altura muda em função do

dois terços do espaço horizontal e o

tipo de calçado, de modo que essa

restante ficaria para uma coluna

medida depende do acervo de cada

vertical de nichos, para

usuário e do seu gosto pessoal.

armazenamento de malhas, bolsas,

A profundidade das

moletons, toalhas e roupas de cama

gavetas deve ser pensada em função

(quando necessário). O maleiro pode

do conteúdo. Então, as gavetas mais

ter mais profundidade que o

profundas podem receber roupas

restante do armário e sua altura vai

0,3

Maleiro

Varão

1,16

Nichos abertos

0,8

Gaveteiro

Sapateira com pranchas escamoteáveis

0,57

Elevação 4

1,17

Varão calceiro

Elevação 4 Divisões internas Medidas antropométricas de armário

83


capítulo III produtos da etapa e compatibilização | closet variar em função do pé-direito da casa. É esse o melhor espaço, para organizar itens poucos utilizados

A D

como malas e sacolas de viagem.

B C

Deve-se orientar quanto ao uso de espelho

caixas customizadas e etiquetadas e sacos de malha para organização de

PLANTA

sapatos. (Elevação 4 p 83).

2,95

produtos da etapa e compatibilização Como o closet analisado não tem acesso direto ao banheiro e

ELEVAÇÃO A

está resguardado da umidade, o carpete é o mesmo do dormitório (tipo americano com pelos longos), e embora o espaço seja fechado por porta, optou-se por colocar portas de correr nos armários.

ELEVAÇÃO B

roupas de viagem (casacos longos etc) e roupas esportivas

luminotécnico A iluminação tem grande relevância em qualquer tamanho de closet, que deve ser contemplado com iluminação suficiente e adequada a bons índices de

ELEVAÇÃO C

reprodução da cor.

Elevações 5

ELEVAÇÃO D

roupas para o dia-a-dia

Elevações 5 Conjunto de elevações do projeto do closet executados em autoCADR (autodesk)

84


capítulo III produto da etapa... closet | luminotécnico | conclusão Status dos desenhos do closet

Cofres podem ser

As luminárias dispostas em varões e com foco dirigido são as

embutidos na parte posterior do

mais indicadas, por proporcionarem

gaveteiro.

Planta Elevações Mobiliário Luminotécnico

Closets sem portas, com

menos zonas de sombras.

visores transparentes em gavetas e

A cor das paredes deve ser escolhida para proporcionar

expositores, sugerem a organização

conforto visual e térmico, além de

cromática das roupas e calçados e

potencializar a luz.

acessórios para armazenagem.

Tecidos e papeis com estampas suaves e cores pasteis, criam uma atmosfera favorável para exposição das roupas, calçados e acessórios.

0,82

PLANTA 18

1,47

1,46

PLANTA 18 Projeto Luminotécnico

PLANTA LEGENDA LUMINÁRIAS QUANTIDADES SIMB.

CÓD.

Cód.: Ref.:

Tabela 16

DESCRIÇÃO

Spot embutido para 01 lâmpada eletrônica. Produzido em alumínio e pintura eletrostática branca. Vidro fosco 3mm 0,15 x 0,15m

W

1X200 lúmens (15W)

LUM.

09

LAMP.

09

Tabela 16 Legenda luminárias, tipos e quantidades

85


capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | história...

CAPÍTULO IV

para viabilizar seu uso na confecção

sistemas especiais

de armários e móveis e como

tipos de madeira

revestimento de pisos e paredes.

história, contexto e

No início as indústrias de

aplicação

painéis, celulose e papel utilizavam

A madeira tem registros

a madeira reflorestada. Mas, após

históricos de utilização desde os

crise no suprimento de pinus,

tempos mais remotos. Os antigos

desenvolveram tecnologia para o

egípcios a usavam desde 2.500 a.C.,

reuso da serragem, casca de árvore,

mas foram os gregos e romanos que

aparas, cavaco, cepilhos entre outros

introduziram definitivamente a

resíduos. Essas partículas,

madeira como principal matéria

resultantes do processamento

prima na construção de móveis e

mecânico de toras em serrarias e

esculturas e também de barcos,

laminadoras, são trituradas por

carruagens e armas. Até o século

equipamentos denominados

XVII, a madeira era o principal

desfibradores. Posteriormente, são

material da engenharia que

aglutinadas com resina sintética e

gradualmente, foi substituída pelo

submetidas à alta temperatura e

ferro fundido, o aço e o concreto que

pressão para se transformarem em

hoje dominam a construção civil e a

MDF, MDP, OSB ou outro painel de

arquitetura. (ASHBY, 2011)

fibra de madeira de alta resistência.

No design de interiores, a

A madeira plástica é um

madeira natural tem seu uso cada

compósito cuja matéria-prima é uma

vez mais restrito por questões

combinação de termoplásticos e

ambientais e econômicas, o que

fibras naturais com tecnologia de

motivou o desenvolvimento

processamento de plásticos.

industrial de materiais como os

Utilizados principalmente como

painéis de madeira industrializada e

revestimento de pisos e paredes por

as madeiras plásticas. Por

suas características termo-acústicas,

conseguinte, insumos e acessórios

tem seu uso continuamente

de metal e plástico foram criados

desenvolvido pela indústria de

86


capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | MDF revestimentos e mobiliário.

passam por processo de préprensagem e secagem para retirada

MDF

do excesso de água. Em seguida

O MDF (Medium Density

seguem para a prensa a alta

Fiberboard) permite receber

temperatura (200º), para polimerizar

usinagens de superfície ou topo em

a resina.

baixo relevo, entalhes e cantos

Todo processo é

arredondados, com bom resultado

monitorado por tecnologia

de acabamento. Pode receber

computacional, através de softwares

aplicação de pintura acrílica, PVC ou

e um sistema robotizado que seca,

automotiva ou revestimento

empilha e organiza os painéis, para

melamínico ou natural, com

que permaneçam em descanso para

diferentes cores, texturas e

estabilização da umidade interna e

padronagens bidimensionais.

das propriedades físicas do material.

O processo de fabricação é

Após o descanso, que dura em

realizado em uma planta de fábrica

média 72 horas, o lixamento garante

com tecnologia de ponta, que utiliza

uma superfície lisa e pronta para

toras de pínus, que são descascadas

receber acabamento.

e picadas e transformadas em um processo totalmente mecânico, em

MDP

serragem e cavaco. Em seguida, as

Classificado como MDP

partículas são peneiradas para

(Medium Density ParticleBoard), tem

eliminar impurezas e classificadas

fabricação semelhante ao MDF ao

para padronizar o produto.

qual é bastante comparado. No

O material selecionado

entanto, o MDP apresenta

passa por um processo de

características distintas, como: miolo

cozimento, antes de seguir para o

menos denso e mais poroso,

desfibrador, que transforma os

suscetível a umidade e com menor

resíduos em fibras. Após adicionar

capacidade mecânica. Isso se explica

resina sintética e emulsão parafínica

pelo fato de ter faces externas com

para repelir a umidade, as fibras

maior densidade que a camada

87


capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | MDP A madeira é impregnada

interna. Os painéis podem ser crus ou com melamínico em uma ou nas

por resinas (uréia e formol), e para

duas faces. Painéis crus podem

montar o painel é feito um colchão

receber pintura, sobre superfície

com três camadas, sendo que as

bem preparada e suportam

externas são de cepilhos mais finos e

resinagem, cantos arredondados,

no miolo são mais grossos, para

entalhes e baixo relevo.

maior estabilidade e para evitar o

O processo de fabricação se

empenamento. A formadora distribui as

refere a uma planta com processos mecanizados altamente dependentes

camadas internas e externas

da mão de obra dentro da maior

formando uma espécie de colchão,

parte das etapas. No início do

assegurando uma superfície mais

processo de fabricação do MDP, as

lisa, para colagem de chapas de

peças de madeiras (troncos, aparas,

PVC, pintura ou outro acabamento.

cavacos etc), são classificadas de

A prensagem é definidora das

acordo com o teor de umidade e

características fisicomecânicas da

armazenadas até entrarem em

peça, com pressão e calor de até

processo produtivo. A madeira vai

200ºC.

para o cepilhador e é transformada

O resfriador é um

em partículas ou cepilhos que são

equipamento onde os painéis ficam

conduzidos ao silo e posteriormente

depositados até esfriarem

aos secadores e através de

completamente e adquirirem suas

movimento rotativo e presença de

características finais. As

calor, reduz a umidade em 2%. Os

seccionadoras cortam os painéis nos

classificadores separam as partículas

tamanhos padrão de mercado. A

finas e grossas, para que ao final do

última etapa da fabricação é na

processo se tenha painéis estáveis e

lixadeira que deixa as superfícies

com superfícies mais uniformes. As

lisas e calibradas.

Para saber mais sobre os processos de industrialização de madeira, assista: http://www.youtube.com/ watch?v=5d-4VMYYSHY (Ipê Indústria e Comércio de Madeiras Ltda)

partículas mais grossas e descartadas, seguirão para os moinhos para reprocesso.

88


capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | Aglomerado Aglomerado

algumas propriedades físicas e

Placas não homogêneas,

mecânicas são superiores a madeira

com densidade mais baixa que o MDP. As placas de aglomerado

natural. O processo de fabricação do

podem receber revestimento em

compensado, quando feito a partir

uma ou ambas as faces com papel

de toras de ipê, se inicia com o

laminado de baixa pressão (BP),

cozimento das toras no vapor, para

película de celulose FF (Finish Foil)

facilitar a laminação. As espessuras e

ou lâminas de madeira. As placas

tamanhos das lâminas são pré

podem receber pintura, desde que

dimensionadas. Após o processo de

tenham tratamento para selar a

secagem, em secador contínuo até a

superfície rugosa do aglomerado. A

umidade ideal onde são

utilização do Aglomerado na

encaminhadas para que as lâminas

confecção de móveis e armários

recebam adesivo dos dois lados. São

necessita de calhas, cavilhas e colas

sobrepostas umas as outras de

para a união das peças, pois a

acordo com a gramatura

porosidade do material não retém

(dimensionada no processo de

pregos e parafusos.

laminação), viscosidade da resina e teor de sólidos.

Compensado sarrafeado e

Os compensados são

laminado

montados pelo sentido de suas

Existem dois tipos de

fibras, uma perpendicular a outra,

compensado, o laminado e o

alternando lâminas com e sem cola.

sarrafiado. O primeiro é feito com

Após montado, o compensado é

lâminas de madeira coladas na

levado para uma pré prensa, onde

mesma direção e prensadas,

acontece o processo de ancoragem e

enquanto que o compensado

transferência de adesivo para as

sarrafeado as fibras são unidas e

camadas sem cola. Quando o painel

coladas no sentido perpendicular

estiver totalmente seco, vai para

umas às outras. Ambas são bastante

uma esquadrejadeira para

resistentes ao empenamento e

regularizar as bordas e determinar

89


capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | Compensado antiderrapante e piso wall.

seu tamanho padrão. Na última parte, os painéis são calibrados, emplacados e selecionados para

OSB

carregamento. As bordas recebem

OSB (Orientated Strand

pintura para diferenciar as

Board), é um painel de madeira feito

espessuras dos painéis, que são de

de camadas prensadas com tiras de

7,5 mm, 11,0mm e 18,0mm.

madeira ou strands, prensados com uma liga de resina sintética.

As variedades são: compensado resinado cola branca

O OSB também pode ser

com virola e pínus, compensado

fabricado a partir de resíduos

resinado cola fenólica virola e pinus,

madeireiros, o que o torna um

plastificado , moveleiro pinus e

produto sustentável. Embora no

virola, naval pinus e virola,

Brasil, o uso de OSB seja utilizado

partes dos móveis laterais divisórias prateleiras portas retas portas usinadas portas baixo relevo painéis revestidos de melamínico fundo de móveis frentes de gavetas laterais de gavetas fundos de gavetas tampos retos molduras, rodapé, meio e teto bases (superior ou inferior) ambientes úmidos Tabela 17

OSB aglom. MDP MDF comp.

Tabela 17 Madeiras industrializadas Tipos e aplicações

90


capítulo IV sistemas especiais | tipos de madeira | OSB Fotos 14 15 16 17 18 Tipos de madeiras industrializadas

principalmente em fechamento de obras, a aplicação no design de interiores pode aproveitar as qualidades termo-acústicas do material e resistência ao fogo. Os painéis podem ser aplicados na

Foto 14 MDF + melamínico dupla face, 14mm

confecção de móveis, mas principalmente, podem ser utilizados como divisórias. Os painéis tem espessura entre 0,32mm e 0,40mm. Foto 15 MDF + melamínico texturizado única face, 6mm (para fundo de armário)

Foto 16 MDP + melamínico liso dupla face, 15mm

Foto 17 MDF + melamínico texturizado dupla face, 15mm, com fita de bordo em PVC texturizada

Foto 18 R Compensado sarrafeado 15mm + fórmica texturizada

91


capítulo IV sistemas especiais | tipos de ferragens tipos de ferragem e

ângulos de abertura de 180º. Para

aplicação

abertura de portas basculantes, os

As ferragens ganharam

pistões de ar comprimido

notoriedade e lugar de destaque na

proporcionam uma suave abertura

marcenaria moderna. As suas

ao toque da mão.

funções foram ampliadas e o

Os dispositivos elétricos de

acabamento estético permite que o

acionamento dispensam os

acessório fique visível.

puxadores e liberam as portas dos

Os móveis de cozinha e closet podem ganhar muito em

armários. Para closets, os varões

funcionalidade com a instalação de

ganharam leds no corpo

acessórios. Alguns inclusive, são de

transparente e braços laterais, que

fato jóias ou obras de arte.

possibilitam seu tracionamento para

Para a funcionalidade de gavetas, as corrediças e telescópicas ganharam freios que impedem que a

fora do armário, facilitando a escolha e retirada de roupas. Outras ferragens e

gaveta feche abruptamente. Além

acessórios indispensáveis para

das versões clássicas com instalação

closets, são: calceiro em metal,

nas laterais, os novos modelos

suportes, cofres, trilhos para painéis

invisíveis são instalados na parte de

deslizantes, corrediças invisíveis

baixo das gavetas. Extensores nas

para sapateiras, frentes e laterais de

corrediças proporcionam a total

gavetas de materiais transparentes

saída da gaveta do seu nicho, para

(visores) para visualização dos

melhor aproveitamento do espaço.

conteúdos.

Alguns mecanismos são

Na linha dos acessórios em

eletromecânicos, e basta um leve

metal para a cozinhas, os aramados

toque para que a gaveta abra

para o fundo de gavetas, as lixeiras

sozinha deslizando sobre a corrediça

retráteis e suportes de talheres, entre

oculta.

outras ferragens e acessórios. Para abertura de portas, as

dobradiças de pressão permitem

92


capítulo IV sistemas especiais | tipos de ferragens

Foto: Para painéis deslizantes, Kit trilho com roldanas em aço inox e trilhos em alumínio

Fotos: Puxadores de alça e de encabeçamento de gavetas

Fotos: Corrediças telescópicas, invisíveis e/ou com amortecedor, etc

Foto: Dobradiças de pressão, em aço, com diferentes ângulos de abertura

Fotos 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Puxadores, corrediças, telescópicas e dobradiças à venda na Rua Paes Leme, Largo da Batata, São Paulo

93


capítulo IV sistemas especiais | paredes drywall paredes de Drywall (gesso

garanta a segurança da edificação e

acartonado)

dos moradores durante e após a

Executar reformas com

reforma.

obras de remoção ou acréscimo de

Alguns sistemas

paredes exige cuidados especiais.

construtivos exigem atenção especial

Nos últimos anos, desabamentos de

até para a passagem de eletrodutos

edifícios inteiros causados pela

para instalação de tomadas, caso das

retirada de partes estruturais,

alvenarias estruturais, onde

evidenciaram o alto risco de obras

alterações mais profundas nas

mal executadas. Propostas para

paredes podem comprometer a

ampliação de espaços devem ser

estrutura. Então, para iniciar uma

avaliadas com cuidado, pois retirar

reforma que envolva execução de

uma parede de sustentação ou cortar

alvenarias, cabe estudar o projeto

uma viga ou pilar poderá

original, avaliar a situação física e

comprometer todo sistema

consultar o autor do projeto

construtivo. E reduzir espaços

arquitetônico e ao seu responsável

também envolve riscos, já que

técnico, independente do tamanho

construir novas paredes significa

da edificação.

sobrecarregar lajes, pilares e

A parede de gesso

fundações. A norma ABNT NBR

acantonado ou drywall é uma

16280:2014, entrou em vigor no dia

alternativa bastante utilizada no

18.04.2014 e abrange todos os tipos

design de interiores, com vantagens

de casas e edifícios. De acordo com

operacionais (instalação),

as novas regras, quem quiser

econômicas e estruturais. O drywall

reformar um imóvel deve

é um sistema industrializado,

providenciar um plano de reforma,

composto por placas pré- fabricadas

elaborado por um profissional

de gesso que são fixadas em perfis

habilitado (arquiteto ou engenheiro).

de alumínio. Essa técnica, bastante

Esse documento deve atender às

comum nos Estados Unidos, oferece

legislações vigentes e ser

as seguintes versões: placas standard

acompanhado de um estudo que

(ST), destinadas as áreas secas;

94


capítulo IV sistemas especiais | paredes drywall placas resistentes ao fogo (RF) e placas resistentes à umidade (RU), utilizadas em áreas molhadas. O drywall é normatizado pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) que exige índices mínimos de segurança nos casos de substituição de alvenarias. O material tem que obedecer determinados índices de resistência a impactos. A parede de drywall suporta peso, como de televisores e quadros, desde que tenha recebido reforços na parte interna, entre os montantes. Os painéis recebem e suportam buchas e parafusos, porém de uso específico. O sistema apresenta um ótimo desempenho acústico, desde que receba no miolo (entre as placas que são instaladas tipo sandwich), mantas ou painéis de materiais absorventes acústicos, como lã de vidro, lã de rocha, placa de gesso ou espuma de poliuretano.

95


capítulo IV sistemas especiais | ar condicionado

ar condicionado

para abrigar as condensadoras. Para

Em ambientes que exigem

esses casos o Split é a melhor

estanqueidade, como os home theaters, torna-se obrigatório o uso

indicação. Os aparelhos de parede ou

de condicionadores de ar para

janela são um bloco único com grade

manter equilibrada a temperatura. E

no acabamento frontal (parede

quando em localidades de

interna), e com a condensadora na

temperaturas extremas é

parte posterior (parede externa). Já,

imprescindível a escolha de

os portáteis são a melhor solução

equipamentos que tanto resfriem

para ambientes onde não se deseja

quanto aqueçam os ambientes nos

rasgar as paredes, ou mexer na

dias mais frios. Para a definição do

estrutura existente.

equipamento correto, considera-se o

A capacidade dos

clima local, as recomendações do

equipamentos está referenciada em

fabricante que são específicas para

suas unidades de potência, descritas

cada marca e modelo e também as

em BTU - Unidade Térmica Britânica

especificidades e exigências para

(British Thermal Unit), e as opções

instalação.

disponíveis no mercado para uso

Os tipos mais utilizados em

doméstico, variam entre 7 a 30mil

residências são os aparelhos de

BTUs. Quanto mais alto o número,

paredes ou janelas, os splits ou

maior é a potência.

condicionadores portáteis, mas a

Para a escolha do

escolha depende da analise de cada

equipamento adequado, alguns

caso. Em apartamentos ou

fabricantes de condicionadores de ar

condomínios novos, por exemplo, é

fornecem roteiros com os itens que

comum encontrar um sistema de

devem ser considerados no cálculo.

tubulações já embutidas, com os

Disponibilizam tabelas para auxiliar

pontos de instalação alocados nos

na montagem de uma lista com a

ambientes e com as varandas

carga térmica em Kcal/h, de cada

técnicas ou lajes de proteção com

componente do ambiente,

pontos de energia e de drenagem

considerando que para cada 1 Kcal

96


capítulo IV sistemas especiais | domótica

gerado, são necessários 3,92 BTUs.

BTUs (três pessoas, pois a primeira

Alguns fabricantes optam por

não conta) + 600 BTUs (televisor ou

fornecer apenas uma tabela com os

projetor) = 20.400 BTUs.

valores aproximados (Tabela 15). domótica

Uma avaliação mais

As pessoas estão cada vez

simples para determinar o equipamento de ar condicionado,

mais assumindo os novos conceitos

leva em conta os seguintes fatores no

de comunicação, familiarizando-se

cálculo da potência:

aos computadores e “gadgets”

- o número de pessoas

(dispositivos), e equipando suas

- a inércia das paredes e

casas com tecnologia computacional.

acabamentos isolantes - os componentes

A popularização dos computadores pessoais e dispositivos móveis

eletrônicos que irradiam calor

trouxe a tecnologia para dentro das

(lâmpadas, aparelhos de televisão,

casas que somada aos avanços dos

audio e vídeo etc)

equipamentos elétricos, fatores

- o posicionamento das

socioeconômicos e a preocupação Tabela 18 referenciais para definição da potência (BTUs) de ar condicionado

aberturas e portas do ambiente Para fazer um cálculo aproximado, considera-se que em média, são necessários 600 BTUs para resfriar uma área de 1 m², e mais 600 BTUs para cada pessoa que

Área

Sol de manhã

utilizar o ambiente e para cada

6 m2 9 m2 12 m2 15 m2 20 m2 25 m2 30 m2 40 m2 50 m2 60 m2 70 m2

7.500 BTU's 7.500 BTU's 7.500 BTU's 10.000 BTU's 12.000 BTU's 12.000 BTU's 15.000 BTU's 18.000 BTU's 21.000 BTU's 21.000 BTU's 30.000 BTU's

equipamento eletrônico. No projeto do home theater apresentado, a área de 30m² para quatro pessoas e um televisor ou projetor, demandaria um equipamento com aproximadamente 20 mil BTUs. - 30m² x 600 BTUs + 1800

Sol a tarde ou o dia todo 7.500 BTU's 7.500 BTU's 10.000 BTU's 10.000 BTU's 12.000 BTU's 15.000 BTU's 18.000 BTU's 21.000 BTU's 30.000 BTU's 30.000 BTU's 30.000 BTU's Tabela 18

97


capítulo IV sistemas especiais | domótica

com o meio ambiente, aproximou e

portas e janelas, móveis,

ampliou as aplicações da domótica

eletrodomésticos, sistemas de áudio

no ambiente doméstico.

e vídeo, dispositivos de sonorização

A domótica (do latim

e comunicações, sistemas de

domus + robótica), também

segurança, climatização e

conhecida como smart home, casa

purificação do ar. Nos últimos anos,

inteligente ou automação

deixou o exclusivo mercado de luxo

residencial, é uma especialidade da

do alto padrão para frequêntar as

área tecnológica que permite a

casas brasileiras em diferentes níveis

gestão de energia, entretenimento

de automação. As novidades são lançadas

entre outros aspectos. Tudo se conecta por uma rede doméstica de

especialmente em feiras

banda larga, para controle das

internacionais de tecnologia, como a Gráfico 1

controle de TV e equipamentos de áudio e vídeo

emite gráficos de consumo de energia elétrica, água e gás monitoramento de crianças e funcionários

acionamento de iluminação e criação de cenas, abertura de persianas, painéis ou toldos

controle de acesso (biométrico, digital etc)

ar condicionado e controle térmico

segurança contra vazamentos sistemas de câmeras integrado com monitoramento à distância 24h sensor de presença home care (monitoramento de pacientes)

COMUNICAÇÃO

controle à distância dos eletrodomésticos com possibilidade de acionamento e programação

Gráfico 1

áreas que atendem a automação residencial

98


capítulo IV sistemas especiais | domótica

alemã IFA – Consumer Eletronics

tamanho (60, 70 e 80 polegadas) e

Unlimited, que acontece anualmente

em resolução, com promessa de

em Berlin e é organizada pela

experiência de visualização imersiva

Associação Alemã de Eletrônica e

em telas curvas e de acesso a internet

Comunicações. As novidades

e seus serviços Netflix, Skype e

tecnológicas mais interessantes e

YouTube. Também o ar será

atuais são os aparelhos e

beneficiado com purificadores de ar

equipamentos para cozinhas e home

que melhoram a qualidade do ar que

theaters, mas muito mais

respiramos, eliminando gases

democrático economicamente, são

poluentes, micróbios e poeira em

os dispositivos que permitem

suspensão.

diferentes níveis de automação,

No Brasil, as áreas que

como o aplicativo que permite

atendem a automação residencial

controlar remotamente, forno,

estão divididas por suas

máquina de lavar, rádio, luzes, TV

especialidades do conforto,

etc.

segurança, comunicação e gestão de Na cozinha, os

energia (Gráfico 1, p 98). O mercado

refrigeradores retrôs coloridos, são

para equipamentos e acessórios para

para lembrar que tecnologia não

home theater é um dos mais

requer aparência futurista nos

atuantes e disponibiliza aparelhos

ambientes. A tecnologia pode

televisores, telões e sistemas de

contribuir para facilitar o dia-a-dia

áudio (receptores, amplificadores e

das pessoas, como os refrigeradores

caixas acústicas), em qualquer

que podem ser interligados pela

supermercado. Porém, integrar o

internet aos fornecedores e à rede

fechamento de persianas,

doméstica, para facilitar a reposição

iluminação, ar-condicionado,

dos alimentos. Também i-Pads para

televisor e equipamentos de áudio e

encontrar receitas que serão

vídeo no mesmo controle remoto,

preparadas em panelas hi-tec.

requer a contratação de um técnico.

No home theater, os modelos de TVs aumentam em

A função do designer é informar ao cliente às possibilidades

99


capítulo IV apresentação | caderno de projetos

que a área oferece e posteriormente,

apresentação

diagnosticar e planejar a automação

cadernos de projeto

mais apropriada para cada ambiente

A formatação das pranchas

para projetar soluções para os

de desenho de design de interiores

subsistemas necessários a sua

podem apresentar diferentes

implantação.

composições, de acordo com a

Segundo Bolzani (2010), o

quantidade de detalhes, escala dos

espaço tecnológico incorpora o

desenhos e introdução de figuras,

computador e a internet e é nele que

fotos e textos (memoriais). Em

os sistemas de controle residenciais

alguns casos, o tamanho do papel

exercem suas funções, e deve ser

deverá obedecer ao padrão

mensurado pelo número de usuários

estabelecido em conjunto com os

e nível do uso de cada família.

demais especialistas que

A interação da indústria elétrica e eletrônica pode acrescentar

compartilharão seus desenhos. No entanto, para a

a um projeto de design de interiores

execução dos projetos esse tipo de

racionalidade e inteligência

formatação é pouco funcional. A

ecológica e sustentável. Mas, cabe

montagem de cadernos, com

pensar na casa enquanto espaço

formato A3 ou A4 com os desenhos

provido de emoção, dentro do seu

e detalhes específicos de cada

contexto cultural, social e religioso.

especialidade pode apresentar-se

São essas considerações que

como uma alternativa prática e

estabelecem os limites do território

funcional (Fotos 29 e 30).

digital de cada membro da família e

Fotos 29 30

Dependendo do programa

fornece o escopo de equipamentos

computacional adotado para

que poderão ser adicionados dentro

executa-los (CorelDRAW,

de cada projeto específico.

PhotoShop, Adobe Illustrator ou outros), os desenhos e detalhes podem ser enriquecidos com fotos de amostras e modelos. Inclusive, na composição das páginas a união de

Fotos 29 30 cadernos de projeto com detalhamento para execução

100


capítulo IV conclusão

imagens criadas em diferentes

desenhos, que são os produtos das

softwares (autoCAD, archiCAD,

etapas, requer ter criatividade,

CorelDRAW ou outros), poderão ser

atualização (materiais, processos e

integradas em formato jpg.

tecnologias) e compromisso com a

Além de proporcionar

área. Certamente, será também esse

melhor entendimento dos projetos,

o melhor caminho para a satisfação

os cadernos podem ser acrescidos do

profissional.

cronograma de execução, com o

Nesse volume, foi

propósito de manter dentro do

apresentado um modelo de processo

prazo e dos recursos financeiros,

de projeto e a aplicação prática em

todos os executores.

projetos de cozinha, home theater e closet, com exemplos de plantas e

conclusão

outras sugestões para representação

O processo de projeto

gráfica.

organiza de forma disciplinar as atividades do designer. Conhecer as normas e regras, que áreas correlatas como a arquitetura e a engenharia civil trilharam e consagraram, é primordial para o encadeamento e compatibilização das etapas de projeto e posteriormente, execução da obra. Para um projeto de design de interiores com qualidade, é preciso ter fluência na gestão do processo de projeto, conhecer as áreas que gravitam em torno do projeto (especialidades) e conhecer o cliente: saber ouvir e compreender E para desenvolver os

101


capítulo IV sobre a autora

sobre a autora Mirtes Birer Koch é arquiteta e urbanista, mestre em design e arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde atuou como pesquisadora no Labim - Laboratório da Imagem da Comunicação Visual Urbana. Foi professora na Universidade Paulista - UNIP, na Universidade Anhembi Morumbi - Laureate International Universities e no Istituto Europeo di Design - IED. Atua no mercado de design de interiores e arquitetura há 25 anos, em projetos habitacionais, comerciais e corporativos, nas cidades de São Paulo (Capital e interior) e Rio de Janeiro.

102


Referência bibliográfica ASHBY, M.F. Materiais e Design: Arte e ciência da seleção de materiais no design de produto / Michael Ashby e Kara Johnson. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011 BOTTON, Alan de. Status Ansiedade. Lisboa: Dom Quixote, 2005 BOTTON, A. A arquitetura da Felicidade. Editora Rocco: Rio de Janeiro, 2005 BOLZANI, Caio Augustus Morais. Análise de Arquiteturas e Desenvolvimento de uma Plataforma para Residências Inteligentes. Edição revisada. (tese doutorado, POLI-USP), São Paulo, 2010 CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. 3ª edição ampliada, São Paulo: Editora Blucher, 2008 CARVALHO, Marly M., RABECHINI JR, Roque. Fundamentos em Gestão de Projetos: Construindo competências para gerenciar projetos. 3ª edição revisada e ampliada, São Paulo: Editora Atlas, 2011 DEJOURS, Christophe. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. Tradução de Ana Isabel Paraguay e Lúcia Leal Ferreira. 5ª edição ampliada, São Paulo: Cortez Oboré, 1992 FERRARA, L. D'A. A estratégia dos signos. São Paulo: Perspectiva, 1986 FROTA, Anésia Barros, SCHIFFER, Sueli

103


Ramos. Manual de Conforto Térmico: arquitetura e urbanismo. São Paulo, Estudio Nobel: 2003 GURGEL, Miriam. Projetando espaços: design de interiores. 3.ed. São Paulo: SENAC, 2010 KEELER, Marian. BURKE, Bill. Fundamentos de Projeto de Edificações Sustentáveis. Porto Alegre: Bookman, 2010 KOCH, Mirtes B. Parques Urbanos Sulamericanos: Imaginação e Imaginabilidade. (Dissertação mestrado, FAU USP), 2009 KRÜGER, H. Introdução a Psicologia Social. São Paulo, SP: EPU, 1986 LÖBACH, Bernd. Design Industrial. São Paulo: Editora Edgard Blucher, 2001 MELHADO, S.B. Qualidade do projeto na construção de edifícios: aplicação ao caso das empresas de incorporação e construção. São Paulo: 1994. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. MELHADO, S.B.; BARROS, M.M.S.B.; MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. Martins Fontes: 2008 MUNARI, Bruno. Das coisas nascem as coisas. Martins Fontes: 2008 OKAMOTO, Jun. Percepção Ambiental e Comportamento: Visão holística da percepção ambiental na arquitetura e na comunicação. São Paulo: Mackenzie, 2002 SOUZA, A.L.R. Qualidade do projeto de

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Sites Certificação AQUA in http://www.vanzolini.org.br/ (acesso em 21/04/2011) Certificação LEED in http://www.usgbc.org/DisplayPage.aspx?Cate goryID=19 (acesso em 22/04/2011) Instalações hidráulicas in http://www.tigre.com.br/pt/catalogos_tecnicos .php?cpr_id_pai=4&cpr_id=7 (acesso 26/07/2013) Padrão Brasileiro de Plugues e tomadas in http://www.abinee.org.br/informac/arquivos/ com72.pdf (acesso 28/07/2013) Dados IBGE in http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/popu lacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/ta belas_pdf/tab1_1.pdf (acesso 01/08/2013) Projeto luminotécnico in http://www.osram.com/lighting/principles.ht ml (acesso 01/08/2013) Manuais de escopo da ASBEA in http://www.asbea.org.br/asbea/assuntos/manu ais.asp (acesso 02/08/2013)

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