ELIZA MEGUMI MISAWA
COMUNIDADE TERAPÊUTICA para tratamento da dependência química
Trabalho de conclusão de curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Senac Santo Amaro. Orientador: Professor Doutor Walter José Ferreira Galvão
São Paulo 2021
AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por ser minha base e ter me dado saúde e capacidade durante o curso, e pela oportunidade de concretizar o sonho de ter uma graduação. Agradeço a minha mãe, por estar sempre ao meu lado e que me incentivou a não desistir nos momentos difíceis. Agradeço ao meu pai, que me apoiou. Agradeço ao meu filho Lucas, que me contagiou com sua alegria por eu estar na faculdade e por ter tido paciência para esperar. A minha família que me apoiou o tempo todo. As minhas amigas de graduação que me ajudaram com os trabalhos e que estiveram presentes quando precisei. Aos meus amigos da Adnipo e do Missão Resgate que estiveram ao meu lado, e que me ajudaram direta ou indiretamente. Aos professores e coordenadora do Senac que compartilharam seu conhecimento, e em especial ao meu orientador.
RESUMO Pode-se afirmar que as consequências da dependência química afetam o ser humano e o leva a ter uma vida de sofrimento, causando danos ao organismo, além de prejudicar sua convivência familiar e social. Levando em consideração, que os ambientes estimulam o comportamento, cognição e emoção, o objetivo desse trabalho é projetar um Centro Terapêutico com uma edificação apropriada ao dependente químico, pois muitas dessas edificações existentes foram adaptadas, apresentando uma infraestrutura inadequada. O trabalho se desenvolveu com base nas pesquisas e acompanhamento de um Centro Terapêutico existente chamado Missão Resgate, propondo um novo espaço físico. Deste modo, esse trabalho propõe um espaço arquitetônico adequado, propondo conforto nos ambientes, gerando sensação de acolhimento, fazendo uso da luz natural, cores, texturas e efeitos sonoros para auxiliar no tratamento de recuperação. Palavras-chave: Comunidade Terapêutica, Dependência química, Drogas, Reinserção social, Terapia e Tratamento terapêutico não farmacológico.
ABSTRACT It can be said that the consequences of chemical dependency affect human beings and lead to a life of suffering, causing damage to the body, in addition to harming their family and social life. Taking into account that the environments stimulate behavior, cognition and emotion, the objective of this work is to design a Therapeutic Center with an appropriate building for the chemically dependent, as many of these existing buildings were adapted, presenting an inadequate infrastructure. The work was developed based on research and monitoring at the Mission Resgate Therapeutic Center, proposing a new physical space. Thus, this work proposes an adequate architectural space, proposing comfort in the environments, generating a feeling of welcome, making use of natural light, colors, textures and sound effects to assist in the recovery treatment. Keywords: Therapeutic Community, Chemical dependency, Drugs, Social reintegration, Therapy and non-pharmacological therapeutic treatment.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANVISA – Agência nacional de vigilância sanitária CT – Comunidade Terapêutica CTMR – Centro Terapêutico Missão Resgate OMS – Organização mundial de saúde PAV - Programa de acompanhamento psicológico PPR - Programa de prevenção a recaída RDC – Resolução da Diretoria Colegiada SPA - Substâncias psicoativas UNODC - United Nations Office on Drugs and Crime Web Site ZUPA - Zona Urbana de Preservação Ambiental
LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Drogas Figura 2 – Fachada CTMR Figura 3 – Sala de medicação Figura 4 - Sala de medicação, guarda remédios Figura 5 – Escritório Figura 6 – Varanda do escritório Figura 7 - Refeitório Figura 8 – Piscina Figura 9 – Quadra poliesportiva Figura 10 – Área de vídeo e leitura Figura 11 – Lago Figura 12 – Área externa Figura 13 – Área externa Figura 14 – Fachada Figura 15 – Quarto dos residentes Figura 16 – Quarto dos residentes Figura 17 – Cozinha Figura 18 – Cozinha Figura 19 – Despensa Figura 20 – Despensa Figura 21 – Hall Figura 22 – Área de convivência Figura 23 – Centro Hospitalar Adolescente Figura 24 – Área interna CHA Figura 25 – Casa da fazenda das crianças Figura 26 – Zoneamento CHA Figura 27 – Quadra CHA Figura 28 – Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont Figura 29 – Fachada Belmont
17 27 29 29 29 29 32 34 34 35 37 38 38 41 43 43 44 44 44 44 47 47 50 50 51 51 51 52 52
Figura 30 – Passarela Belmont Figura 31 – Entrada Belmont Figura 32 – Implantação Belmont Figura 33 – Pátio Belmont Figura 34 – James and Anne Robinson Nature Center Figura 35 – Área interna Nature Center Figura 36 – Varanda Nature Center Figura 37 – Área exterma Nature Center Figura 38 – Portal São Roque Figura 39 – Terreno de implantação Figura 40 – Terreno de implantação ampliado Figura 41 – Terreno de implantação ampliado 2 Figura 42 – Recorte do terreno de implantação Figura 43 – Rod. Prefeito Quintino de Lima, Entrada CTMR Figura 44 – Rod. Prefeito Quintino de Lima Figura 45 – R. José Manuel Antunes Figura 46 – Área externa CTMR Figura 47 – Área externa CTMR Figura 48 – Área externa CTMR Figura 49 – Área de lazer CTMR Figura 50 – Área lavanderia CTMR Figura 51 – Acesso a casa do CTMR Figura 52 –Estacionamento CTMR Figura 53 – Vista salão CTMR Figura 54 – Escadas para área de lazer CTMR Figura 55 – Acesso vestiário CTMR Figura 56 – Área de lazer CTMR Figura 57 – Piscina CTMR
52 53 53 53 54 54 54 55 58 60 60 60 60 68 68 68 68 68 68 68 68 68 68 68 70 70 70 70
Figura 58 – Salão CTMR Figura 59 – Área externa CTMR Figura 60 – Área externa CTMR Figura 61 - Fluxograma Figura 62 – Propostas de setorização Figura 63 – Planta setorização Figura 64 – Planta layout Figura 65 – Planta de cobertura Figura 66 – Planta de implantação Figura 67 – Ampliação bloco A Figura 68 – Ampliação bloco B, C, D, E Figura 69 – Corte A Figura 70 – Corte B Figura 71 – Corte C Figura 72 – Corte D Figura 73 – Elevação Norte Figura 74 – Elevação Sul Figura 75 – Elevação Leste Figura 76 – Elevação Oeste Figura 77 – Vista aérea 1 Figura 78 – Vista aérea 2 Figura 79 – Vista aérea 3 Figura 80 – Vista aérea 4 Figura 81 – Vista aérea 5 Figura 82 – Vista aérea 6 Figura 83 – Entrada CT Figura 84 – Recepção CT Figura 85 – Sala de terapia em grupo Figura 86 – Refeitório Figura 87 – Salão de jogos
70 70 70 71 86 91 93 94 96 98 100 102 103 104 105 108 108 110 110 112 114 116 118 120 121 122 123 124 125 126
Figura 88 – Varanda Figura 89 – Dormitório Figura 90 – Pista de caminhada e bicicleta Figura 91 – Piscina Figura 92 – Jardim Terapêutico Figura 93 – Horta Figura 94 – Academia Figura 95 – Pergolado que conecta os blocos Figura 96 – Salão de eventos
127 128 129 130 132 134 134 135 135
LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Classificação das drogas Tabela 2 – Programação diária Tabela 3 – Programa de tratamento Tabela 4 – Ocupação do solo Tabela 5 – Usos admitidos Tabela 6 – Analises crítica Tabela 7 – Programa de ncessidades Tabela 8 – Quadro de áreas
17 33 36 63 65 77 84 87
LISTA DE MAPAS Mapa 1 – Mapa de Município Mapa 2 – Macrozona de uso e ocupação perímetros urbanos e rural Mapa 3 – Mapa de vias
59 64 72
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................01 1.1.1 Objetivo geral.......................................................................................................................................................................... 03 1.1.2 Objetivos específicos........................................................................................................................................................... 04 2. METODOLOGIA.........................................................................................................................07 3. JUSTIFICATIVA..........................................................................................................................11 4. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................................................15 4.1 A droga e a dependência química....................................................................................................................................... 16 4.2 A Arquitetura e a dependência química........................................................................................................................... 18 4.2.1 Luz................................................................................................................................................................................................... 19 4.2.2 Cor................................................................................................................................................................................................... 20 4.2.3 Som................................................................................................................................................................................................ 21 4.2.4 Aroma........................................................................................................................................................................................... 22 4.2.5 Textura.......................................................................................................................................................................................... 22 4.2.5 Forma............................................................................................................................................................................................ 23 5. CENTRO TERAPÊUTICO MISSÃO RESGATE..............................................................................25 5.1 Missão do psicólogo no tratamento da dependência química......................................................................... 26 5.1.1 Programa de Acompanhamento Psicológico..................................................................................................... 28 5.1.2 Conceituação dos termos e procedimentos........................................................................................................ 28 5.1.3 Modalidades de atendimento psicológico........................................................................................................... 28 5.1.4 Avaliação psicóloga.............................................................................................................................................................. 30 5.1.5 Questionário dirigido.......................................................................................................................................................... 30 5.1.6 Parecer psicológico.............................................................................................................................................................. 29 5.2 Agente comunitário...................................................................................................................................................................... 31 5.3 Funcionamento da unidade e a sua rotina..................................................................................................................... 31 5.3.1 Aspectos de vida trabalhados no programa........................................................................................................ 31 5.4 Processo e fases do tratamento............................................................................................................................................. 35 5.4.1 Público – alvo para o tratamento................................................................................................................................ 36 5.5 Atividades de Acompanhamento Psicológico.............................................................................................................. 37 5.5.1 Grupo Psicoterapêutico..................................................................................................................................................... 37 5.5.2 Serviço de Atendimento Emergencial e Acompanhamento programado...................................... 38 5.5.3 Diário Vida Nova..................................................................................................................................................................... 38 5.5.4 Terapia e Acompanhamento Familiar....................................................................................................................... 39 5.5.5 Terapia Individual e em Grupo...................................................................................................................................... 39
5.5.6 Programa de Prevenção à Recaída............................................................................................................................. 39 5.5.7 Doze Passos............................................................................................................................................................................... 40 5.6 Área de Espiritualidade................................................................................................................................................................ 41 5.7 Área Socioeducacional................................................................................................................................................................. 42 5.7.1 Acolhimento............................................................................................................................................................................. 42 5.7.2 Prevenção à Recaída............................................................................................................................................................ 42 5.7.2 Cursos Profissionalizantes................................................................................................................................................. 43 5.8 Atividades Complementares.................................................................................................................................................... 45 5.8.1 Área Operacional/ Laboral............................................................................................................................................... 45 5.8.2 Limpeza e Organização do espaço............................................................................................................................ 45 5.9 Área de Socialização...................................................................................................................................................................... 46 5.9.1 Saída programada................................................................................................................................................................. 46 5.9.2 Saída especial........................................................................................................................................................................... 47 6. REFERÊNCIAS DE PROJETO......................................................................................................49 6.1 Centro Hospitalar Adolescente............................................................................................................................................... 50 6.2 Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont...................................................................................................... 52 6.3 Centro de Natureza James e Anne Robinson................................................................................................................ 54 7. DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO...........................................................................57 7.1 O município de São Roque....................................................................................................................................................... 58 7.1.1 Aspectos Históricos.............................................................................................................................................................. 58 7.2 Informações do terreno............................................................................................................................................................... 59 7.3 Legislação............................................................................................................................................................................................. 62 7.4 Levantamento fotográfico......................................................................................................................................................... 68 7.5 Sistema viário local......................................................................................................................................................................... 72 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO..............................................................................................75 8.1 Análise Crítica do Centro Terapêutico Missão Resgate ........................................................................................... 76 8.1 Programa de necessidades....................................................................................................................................................... 80 8.2 Fluxograma.......................................................................................................................................................................................... 82 8.3 Pré-dimensionamento................................................................................................................................................................. 84 8.4 Estudo de volumes......................................................................................................................................................................... 86 9. PROJETO....................................................................................................................................89 10. CONCLUSÃO..........................................................................................................................137 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................141
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01 INTRODUÇÃO
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O consumo e a dependência de substâncias psicoativas atuam diretamente no Sistema Nervoso Central do indivíduo, modificando seu funcionamento, causando problemas físicos, psicológicos, sociais, ocupacionais e legais. A substância psicoativa ou uso de drogas quando ingeridas afetam a cognição, o humor, a percepção, a disposição e os pensamentos, sejam as substâncias lícitas ou ilícitas. Consequentemente, “a dependência tem caráter essencialmente cerebral. Entretanto, grande parte dos sintomas decorrentes dos usos agudo e crônico das drogas de abuso pode ser explicada pela ação da droga nas diversas áreas cerebrais. A alteração do comportamento, da motivação (volição, pragmatismo) e da capacidade de julgamento (crítica) são sinais e sintomas psicopatológicos que se originam da ação direta das drogas de abuso no sistema nervoso central.” (LARANJEIRA, 2010, p.13)
Em meio a esse aumento decorrente do uso de droga, João Filho (2013), presidente do Conselho Estadual de Políticas sobre drogas afirma que vem crescendo também o número das Comunidades Terapêuticas, porém, muitas dessas instituições aplicam conceitos de tratamento distorcidos, não possuem uma estrutura adequada, utilizam edificações fora de normas e padrões, e com adaptações inadequadas. Ao projetar um edifício, considera-se dentre outros, os aspectos de funcionalidade, acessibilidade e conforto. O programa de necessidades da Comunidade Terapêutica (CT) deve atender aos usuários, tanto fisicamente quanto no bem-estar, a organização espacial estimula o comportamento humano e alguns fatores como cor da parede, textura, pé – direito, posição e dimensionamento das janelas, mobiliário e iluminação favorecem uma qualidade melhor ao ambiente e ajuda o paciente. Baseando-se nos problemas apresentados, este trabalho visa projetar uma Comunidade Terapêutica para dependentes químicos construindo um espaço acolhedor, visando proporcionar um ambiente residencial confortável, ajudando no processo de recuperação, promovendo aprendizado social e crescimento pessoal para sua reinserção na sociedade após o tratamento. O Centro Terapêutico Missão Resgate (CTMR) funciona com instalações adaptadas e que não se adequam as necessidades demandadas e por isso resolvi dada a necessidade de dependência química optei por fazer esse projeto que vai atender as necessidades mais amplas da instituição,
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construindo um novo espaço físico, que coopere no processo de tratamento. Em adição este projeto visa construir um bloco principal térreo, com forma irregular, tendo espaços de uso da área administrativa, lazer, reabilitação, convivência e dormitório, esse bloco principal conecta através de pergolado para outros blocos, que são o de eventos e academia, além de conter um espaço ecumênico para exercer a espiritualidade, na parte externa também tem um espaço com um pomar e horta, que auxilia na terapia ocupacional, e espaços para atividade física. O terreno para a implantação está localizado no município de São Roque, situado no estado de São Paulo, com uma população estimada de 92.060 habitantes em uma área de 306,908 km. No Plano Diretor de São Roque, segundo a Lei Complementar Nº 40, de 8 de novembro de 2006, o perímetro de São Roque está localizado na macrozona de consolidação urbana, sendo considerado Zona Urbana de Preservação Ambiental (ZUPA). As referências de projeto para este trabalho foram o Centro Hospitalar Adolescente, o Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont e o Centro de Natureza James e Anne Robinson, além do Centro Terapêutico Missão Resgate.
1.1 OBJETIVO 1.1.1 OBJETIVO GERAL O objetivo geral deste trabalho é desenvolver um projeto arquitetônico de uma edificação que abrigue uma Comunidade Terapêutica para tratamento da dependência química, com o intuito de trazer um sentimento de acolhimento para o residente, bem como propiciar um melhor desenvolvimento pessoal para o processo de recuperação.
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1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Propor ambientes agradáveis e confortáveis integrados com a natureza para o tratamento de dependentes químicos; - Propor ambientes e estratégias de abstinência a drogas; - Propor uma edificação com aparência residencial, evitando a sensação de um ambiente hospitalar ou de prisão, de forma que o dependente químico se sinta como uma extensão de sua casa; - Projetar áreas de atividades esportivas, porque a prática do exercício reduz a ansiedade e emoções que estão associados a abstinência. - Projetar sala de aula para terem cursos profissionalizantes, incentivando a capacitação profissional a fim de preparar o dependente químico para o mercado de trabalho. - Promover áreas de convivência social, para readquirir o senso de compartilhamento que perde quando fica preso ao uso da droga.
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02 METODOLOGIA
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Neste trabalho, foram feitas visitas e um estudo de campo no Centro Terapêutico Missão Resgate, acompanhando o cotidiano para melhor compreensão do espaço e indivíduo, verificando o funcionamento para facilitar na elaboração do projeto. Nas visitas foi realizado um levantamento fotográfico e análise dos ambientes, pontuando aspectos de maior necessidade. Além disso, foi realizado entrevistas com a equipe de apoio, psicólogos, enfermeiros e responsáveis para entender melhor as necessidades dos residentes durante o tratamento e sentir como é viver nesse espaço. Buscou-se referências bibliográficas em artigos, livros, teses, dissertações, notícias que fundamentassem a dependência química, os métodos de tratamento e a arquitetura nas comunidades terapêuticas. E como o ser humano é influenciado pelos ambientes em que convive, sendo assim, as qualidades físicas e simbólicas podem contribuir no tratamento da dependência química no seu processo de recuperação. Também foi realizado uma pesquisa na internet, especificamente no site das leis municipais para embasar a legislação do terreno localizado no município de São Roque. Para nortear este projeto, será utilizado a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) - RDC nº. 29/2011, atual legislação sanitária para o funcionamento das Comunidades Terapêuticas, que atuam no tratamento de pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas, em regime de residência, temporário, usando como principal instrumento terapêutico a convivência entre os pares.
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03 JUSTIFICATIVA
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Em 2020, o mundo foi impactado com a pandemia do coronavírus, deixando enormes sequelas, e com isso o número de usuários de drogas cresceu drasticamente, ocasionando a dependência química, o que acaba causando sérios danos ao próprio usuário e a seus familiares, dentre os motivos está o isolamento social, que inclusive desencadeou depressão, ansiedade, stress e comportamento suicida para muitas pessoas. Os sentimentos negativos provêm deste isolamento a que somos submetidos levando a uma procura por substâncias psicoativas. (WEBSTER, 2020). Os adolescentes e jovens representam a maior parte dos usuários de drogas, o que traz uma preocupação, porque os danos são mais prejudiciais ao cérebro que ainda está em desenvolvimento, e a população mais pobre é a mais afetada com a pandemia, pois houve um aumento de desemprego e diminuição de oportunidades, deixando-as mais vulneráveis ao uso e ao tráfico para obter dinheiro, de acordo com o relatório Mundial sobre Drogas publicado pela Escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, 2020), Essas pessoas esperam e precisam de um resgate, acolhimento, recuperação física, mental, espiritual, social e a reinserção no mercado de trabalho e acredito que a arquitetura seja um fator contribuinte para um melhor aproveitamento no tratamento do dependente químico. Devido ao Centro Terapêutico Missão Resgate (CTMR) se encontrar em uma casa adaptada apresentando um ambiente inadequado, foi proposta uma edificação nova, com espaços qualificados para otimizar as terapias. Foi elaborado um programa de necessidades, um fluxograma e um pré-dimensionamento para o desenvolvimento de uma proposta arquitetônica mais ampla da instituição.
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04 REFERENCIAL TEÓRICO
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4.1 A DROGA E A DEPENDÊNCIA QUÍMICA Conforme a Organização Mundial da Saúde, o termo “droga refere-se a qualquer entidade química ou mistura de entidades que altere a função biológica e possivelmente a estrutura do organismo”. (OMG, 1981) A dependência química é considerada uma doença e precisa de cuidados específicos. O usuário dependente não consegue ficar sem a droga, tendo como essencial para sobreviver, ocupando vazios emocionais de vida. (PRATTA; SANTOS, 2006). Segundo TIBA (1995), tem a dependência física e a dependência psíquica. A dependência física pode causar morte em situação de abstinência, pois nessa fase o organismo necessita da substância para o funcionamento do metabolismo no corpo. Quando ausente a substância, o usuário sente ansiedade, dor, angústia, pressão baixa, batimentos cardíacos acelerados e sensação de morte. A dependência psíquica acontece quando o usuário em abstinência a droga tende a ter sensação de ansiedade, angústia e frustração. O organismo funciona sem a droga, porém a mente não exerce corretamente. A dependência é um transtorno da funcionalidade do sistema nervoso central produzido pelo consumo de substâncias psicoativas, que afetam os processos cerebrais normais da sensopercepção, das emoções e da motivação. Entretanto, assim como qualquer transtorno específico no organismo, é necessário primeiramente entender a função normal desse órgão para compreender essa alteração, e como o cérebro controla o comportamento e pensamento, esses transtornos são complexos. Na dependência química, está relacionado ao efeito de curto e longo prazo das substâncias no cérebro. As chamadas substâncias psicoativas ou drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o cérebro, alterando o seu funcionamento, causando alterações no humor, na percepção, comportamento e estados da consciência. Existe as drogas lícitas, que não há nenhuma proibição na legislação quanto a produção, uso e comercialização, que são álcool, tabaco, benzodiazepínicos e as anfetaminas e solventes. As drogas ilícitas são proibidas por leis específicas e a produção, a comercialização e o consumo são considerados crime, causam dependência e danos a saúde, que são o crack, cocaína, ecstasy.
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A droga causa mudança no organismo dos seus usuários, sendo classificadas: Drogas
Causas
Substância
Depressoras
Referem-se ao grupo de substâncias que diminuem a atividade do cérebro, ou seja, deprimem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique “desligada”, “devagar”, desinteressada pelas coisas.
Álcool Inalantes/solventes Ansiolíticos Barbitúricos Opiáceos
Estimulantes
Referem-se ao grupo de substâncias que aumentam a atividade do cérebro. Ou seja, estimulam o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa fique mais “ligada”, “elétrica”, sem sono.
Cafeína Nicotina Anfetamina Cocaína
Perturbadoras (ou alucinógenas)
Referem-se ao grupo de substâncias que modificam qualitativamente a atividade do cérebro. Ou seja, perturbam, distorcem o seu funcionamento, fazendo com que a pessoa passe a perceber as coisas deformadas, parecidas com as imagens dos sonhos.
Anticolinérgicos (medicamentos/ plantas) Maconha Cacto Cogumelo Êxtase LSD-25
Tabela 1 – Classificação das drogas. Fonte: CEBRID (Adaptado pela autora)
Figura 1 – Drogas. Fonte: https://www.uniad.org.br/ artigos/2-alcool/o-aumento-doconsumo-de-drogas-na-pandemia)
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4.2 A ARQUITETURA E A DEPENDÊNCIA QUÍMICA Os espaços voltados a uma Comunidade Terapêutica aplicam-se a variadas normas de saúde, diante disso é necessário compreender como os ambientes influenciam no tratamento. Para Martins (2004), a arquitetura torna-se um instrumento terapêutico que contribui para o bem-estar físico do residente, através da construção de espaços utilizando os avanços tecnológicos e o desenvolvimento de condições de convívio mais humanas. Segundo Pillon e Pereira (2014), o planejamento dos ambientes é realizado com o intuito de proporcionar aos residentes em tratamento um melhor convívio e conforto, de forma a suprir as necessidades de acessibilidade e funcionalidade entre todos que possam frequentar as instalações, sejam eles residentes, agentes comunitários ou até mesmo as famílias das pessoas que estão em tratamento. Tudo isso pensando em que os frequentadores do local, principalmente os residentes em tratamento, possam ter a sensação de como se estivessem em um local agradável, semelhante ao próprio lar, e não como se estivessem em um hospital ou uma prisão por exemplo, que poderia não contribuir com o desenvolvimento do residente enquanto em tratamento. Deve-se também destacar a importância de um bom planejamento dos locais que serão mais frequentados, como por exemplo o refeitório, que além de ser usado no dia a dia, também atende às eventuais visitas dos familiares ao residente. Para Oliveira e Ribeiro (2019), o espaço ecumênico também é um dos ambientes mais frequentados, pois independente de cultura, país, etnia, orientação sexual, a religião e espiritualidade são as áreas mais valorizadas, porque isso envolve saúde e qualidade de vida. E por esse motivo, muitos encontram na fé, a força necessária para dar continuidade ao tratamento e a busca por uma melhor qualidade e estilo de vida. Logo, observar características do espaço como a iluminação, sons, forma arquitetônica e até mesmo aromas, pode ser um grande diferencial quanto ao tratamento. Vale lembrar que os espaços destinados as atividades físicas são de grande importância, pois esportes são essenciais para o bem-estar físico e psicológico do residente, e pode ser um grande aliado contra a ansiedade e depressão, podendo influenciar diretamente na autoestima de um ser humano.
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As salas de atividades manuais, oficinas e terapia podem ter texturas e cores diferentes nas paredes, disposição dos móveis, iluminação e acústica. E as salas de terapia coletiva devem conter cadeiras confortáveis para se acomodarem ao redor de mesas ou em formato circular. Segundo Vasconcelos (2004), a iluminação, ventilação natural e áreas verdes provocam estímulos nos sistemas sensoriais, trazendo benefícios, causando percepções diferentes no ambiente, que podem trazer ao residente pontos positivos ou negativos no seu processo de recuperação. “Na arquitetura de instituições, nem sempre se dá a atenção devida a áreas externas como espaço habitável, esquecendo que os melhores lugares para fugir das pessoas estão fora dos edifícios. As pessoas, no caso os dependentes, precisam, às vezes, também estar só, por isso são necessários os espaços livres.” (SOMMER, 1973 apud SILVEIRA, 2005, p. 3)
Portanto, a luz, a cor, o som, o aroma, a textura e forma são seis fatores que influenciam o bem-estar no aspecto físico e psicológico dos pacientes. São elementos que estimulam o sistema nervoso do ser humano e podem ser considerados primordiais no tratamento. (VASCONCELOS, 2004).
4.2.1 LUZ Atualmente, um projeto de iluminação desenvolvido por arquitetos e designers possui funções que vão além do visual apenas, trata-se de diversos benefícios voltados diretamente à saúde do indivíduo, tais como: a diminuição do estresse, a regulação do relógio biológico, diminuição da fadiga, o auxílio sob o controle endócrino, e até mesmo a supressão da melatonina. (FONSECA, 2000) Segundo Vasconcelos (2004), a iluminação natural e artificial é importante na qualificação de ambientes hospitalares, e a combinação delas procura atender os aspectos normativos de iluminância mínima e os aspectos qualitativos, proporcionando o bem-estar dos residentes. A iluminação natural no interior das edificações melhora o estado de humor
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e disposição dos indivíduos, pode ser utilizada em janelas, átrios e zenitais. Segundo Toledo (2006), os sistemas de iluminação além da função de iluminar o ambiente, também são responsáveis por influenciar as respostas emocionais dos usuários. Um dos fatores que também pode auxiliar no tratamento do residente no contexto físico, é a luz do sol, responsável por absorver o fósforo e o cálcio, contribuindo para o fortalecimento dos ossos do indivíduo, e diminuindo os riscos de infecções e profilaxia viral, que são bem recorrentes em residentes recém-chegados ao tratamento, muitas vezes devido à situação de rua em que se encontravam. Além disso, ajuda a diminuir a pressão arterial e aumenta o nível de oxigênio. (VASCONCELOS, 2004) Para Vasconcelos (2004), garantir um melhor conforto visual e psicológico do indivíduo em recuperação, é de suma importância, e para isso, faz-se o uso de elementos arquitetônicos nos principais ambientes. As janelas podem ser um dos principais exemplos, pois podem oferecer maior contato com o ambiente exterior, e dessa forma, proporcionam um contato mais direto com a natureza, auxiliando no bem-estar, no alívio do estresse, no relaxamento, e tudo isso certamente contribui positivamente no tratamento do residente. Além disso, existe a necessidade de verificação das características e necessidades de cada grupo de usuários, como em pacientes idosos que precisam de três vezes mais luz do que jovens e adultos para realizar as tarefas básicas diárias ou para identificar objetos (GURGEL, 2004 apud HOREVICZ; DE CUNTO, 2007).
4.2.2 COR
A cor e luz estão interligadas, porque a luz determinar a cor. Segundo Heller (2013), as cores têm significado e um efeito que conectam aos sentimentos e estão enraizadas na linguagem e no pensamento. E ainda enfatiza que as cores adequadas nos ambientes estimulam o ser humano a ter dons especiais e benefícios. A impressão causada pela cor é determinada pelo contexto, o que determinará se está correta ou errada. De acordo com Neufert (2013), as cores tendem a ajudar ou atrapalhar na recuperação de pacientes em ambientes hospitalares, em razão de que que agem indiretamente por meio do efeito fisiológico, podendo transmitir sensações de ambientes
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mais largos ou estreitos, causando ansiedade ou independência. Paiva (2018) ressalta que os exames de ressonância confirmam que as cores criam conexões diretas nas áreas responsáveis pelo processamento de emoções e da memória do sistema nervoso, sendo assim, pessoas com doença de Alzheimer que tem uma decoração e cores que lembrem ao seu passado em seu quarto quando internadas, apresentam um comportamento mais tranquilo. Para Martins (2004), a cor azul e verde amplia o espaço, e a vermelha, amarelo e laranja deixa o volume menor e mais estreito. Em ambientes com muitas aberturas e formas irregulares, uma única cor aplicada, visualmente diminuirá essas diferenças. E, aplicando cores diferentes, em um só espaço pode dividir o ambiente. Quando tiver cores alternadas, transmiti um espaço alegre. As cores diferenciam-se por cores primárias (vermelho, amarelo, azul), cores secundárias (verde, laranja, violeta) e das cores mistas subordinadas (como rosa, cinza, marrom), o branco e preto são consideradas cores verdadeiras. O branco é a cor do bem, tudo se torna positivo, remete a organização e ordem. O azul possui efeito de tranquilidade e calmante. O verde é a cor que remete natureza, vida e saúde, transmite segurança e calma. O marrom é a cor do aconchego. A cor vermelha irrita ou excita. Laranja é a cor do lazer e da sociabilidade. E a cor amarela é alegre, transmitindo disposição, espontaneidade e impulsividade, uma cor que contagia, dá alegria ao corpo e a mente. (HELLER, 2013)
4.2.3 SOM De acordo com Vasconcelos (2004), o som atua positivamente ou negativamente no organismo, dependendo da intensidade do ruído sonoro pode causar irritação e agravar o mau humor. Os sons naturais são calmantes e relaxantes, como o som de quedas d’água, que diminui a ansiedade e agitação. Sendo assim, em edificações da área da saúde tem sido implantado fontes, jardins internos e aquário para ajudar na melhora dos pacientes. Segundo Francesc (2002), a arborização no entorno da edificação é um dos fatores mais relevantes quando o assunto é conforto acústico. Ele afirma que “somente o fato de tapar a visão do veículo, psicologicamente o usuário deste território percebe como menor a chegada da energia sonora” (2002, p.157).
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Uma outra medida que também pode ser adotada em ambientes relacionados a área de saúde, é o uso da música de forma individual, que pode proporcionar o conforto que os residentes precisam. Com a utilização de fones de ouvidos descartáveis, o uso da música pode ser uma medida voltada a humanização, ela é recomendada por estudos científicos, onde comprovam que o seu uso “pode regular o humor, reduzir a agressividade e a depressão” justificada porque o “processo de audição musical afeta de forma positiva a liberação de substâncias químicas cerebrais” (ARAÚJO, 2013, p. 1319). Para Vasconcelos (2004), o lado positivo do som pode resultar em resposta emocional positiva, distrair situações desconfortáveis, tornar os sentidos mais aguçados, alterar o humor de forma boa, e até mesmo reduzir a dor. 4.2.4 AROMA Segundo Vasconcelos (2004), o aroma, assim como o som, é capaz de influenciar tanto de forma positiva quanto de forma negativa na recuperação do residente. Isso porque o cheiro, sendo o mais sensível dos sentidos, possui alta intimidade com o lado emocional de um indivíduo, tornando o caminho de ligação com o cérebro muito mais rápido, e levando-o a fazer um resgate de memórias. Quando as fragrâncias resgatam memórias de odores desagradáveis, reproduz nas pessoas um desconforto, aceleração da respiração dos batimentos cardíacos, enquanto um cheiro agradável pode diminuir o stress e são estimulantes. Com a finalidade de amenizar fragrâncias desagradáveis nos ambientes hospitalares, como o de medicamentos, que podem deixar os pacientes mais ansiosos, faz-se uso de saches, flores e plantas, que tem uma fragrância agradável. (VASCONCELOS, 2004).
4.2.5 TEXTURA A textura também pode ser um grande aliado, ou, por outro lado, pode até contribuir negativamente para o indivíduo que está em recuperação. Tudo depende de que forma o projeto arquitetônico no geral, está oferecendo uma qualidade tátil dentro dos ambientes. Vale lembrar que a pele é o maior órgão do corpo humano, e a principal entre os sentidos. Por esse motivo, deve-se prestar a devida atenção
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sobre como estão sendo percebidas na pele do residente que está em tratamento, as sensações de conforto, recebidas através do ar, da temperatura, do tato em objetos e móveis, ou até mesmo em superfícies. Para que não seja gerado estresse, ansiedade, e insegurança em quem está no tratamento, é importante pensar em como garantir uma escolha adequada de móveis e superfícies. Considerando promover uma melhor qualidade tátil para o espaço e proporcionar maior conforto para os residentes, deve-se fazer uso de um design considerado ergonomicamente correto, buscando sempre a variedade de tecidos, optando pelos mais leves e suaves. Os tratamentos para as superfícies devem ser diferenciados, de forma a ter versatilidade nos móveis, com cantos arredondados, e acabamentos pensados em oferecer mais conforto. (VASCONCELOS,2004)
4.2.5 FORMA Para ajudar quem está em processo de recuperação, adota-se o uso das formas do espaço físico, já que o desenho da planta arquitetônica pode afetar diretamente a satisfação do residente. Portando, o uso adequado dessas formas, proporcionam diversos benefícios a quem está em tratamento. E m locais de tratamento progressivo por exemplo, nota-se uma característica mais social no espaço, pois possuem salas de estar, de jantar, e até mesmo copas, o que torna o ambiente muito mais ativo e social, fazendo com que o indivíduo em recuperação se sinta em um ambiente mais próximo de um lar, encorajando dessa forma a sua recuperação de forma mais rápida e mais eficiente. Isso reduz as chances do residente em tratamento, ter a sensação de que está em um hospital ou em confinamento, o que poderia não colaborar com o desenvolvimento dele. (VASCONCELOS, 2004)
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05 CENTRO TERAPÊUTICO MISSÃO RESGATE
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Como já informado foram feitas visitas para verificação do funcionamento do Centro Terapêutico Missão Resgate para fundamentar ações de projeto. A descrição de pontos importantes será descrita a seguir. O CTMR surgiu através de ações sociais desenvolvida pela entidade, com a procura de pessoas e famílias com necessidades de tratamentos, com o aumento da demanda a entidade passou a trabalhar para um programa de tratamento da dependência química, com um público masculino adulto maior de 18 anos. No ano de 2008 na cidade de Araçariguama/SP começa o Centro Terapêutico unidade de tratamento da entidade. A proposta de tratamento da dependência química é um tratamento terapêutico não farmacológico, na modalidade de Comunidade terapêutica, é realizado através de psicoterapia, acompanhamento individual e coletivo, atividades terapêuticas ocupacionais. A equipe técnica é constituída de psicóloga, enfermeira e agentes comunitários. Em julho de 2020, a unidade de tratamento do Centro Terapêutico, sai da cidade de Araçariguama, e se instala na cidade de São Roque/SP em um local mais amplo e com possibilidades de implementação de novos projetos além da unidade de tratamento.
5.1 MISSÃO DO PSICÓLOGO NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA A missão do psicólogo no programa de tratamento da dependência química é trabalhar através do questionário dirigido e a escuta, a problemática da subjetividade implicada na lógica da mudança de vida do residente, colaborando com o corpo diretivo e operacional, através da elaboração de relatórios e pareceres na avaliação das condições psicológicas dos residentes, assim como promover através da observação e do desenvolvimento, atividades que contemplem efetividade nos contextos individuais e coletivos, visando sempre a reintegração social.
Figura 2 – Fachada CTMR. Fonte: Autoral
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5.1.1 PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO No Programa de Acompanhamento Psicológico (PAP) do Centro Terapêutico, tem como objetivo promover a possibilidade do desenvolvimento integral do residente, a partir da realização de atividades de caráter psicoterapêutico. O objetivo do uso dos referidos instrumentos utilizados, contribui para sistematizar e fortalecer as atividades realizadas pelos psicólogos que atuam no programa de tratamento, com a finalidade de nortear suas ações, de normatizar procedimentos e de padronizar relatórios e prontuários estabelecendo fluxogramas de atividades que contribuam para a melhoria da qualidade dos serviços prestados ao residente para que promovam melhor comunicação entre o trabalho interdisciplinar dos psicólogos.
5.1.2 CONCEITUAÇÃO DOS TERMOS E PROCEDIMENTOS Para um melhor resultado na padronização e sistematização das atividades dos psicólogos que atuam no programa de tratamento, é necessária a conceituação dos termos e procedimentos: - Acompanhamento psicológico: Trata-se do acompanhamento sistemático individual ou em grupo ao residente para a execução do programa psicoterapêutico. - Prontuário técnico psicológico: Documento que se encontra os dados e as informações referente ao aspecto psicológico do residente, deve ser arquivado na instituição com acesso restrito ao profissional responsável do atendimento psicológico.
5.1.3 MODALIDADES DE ATENDIMENTO PSICOLÓGICO Os atendimentos psicológicos são realizados para que seja possível avaliar de forma mais assertiva o desenvolvimento do residente que está em tratamento. São feitos através de três modalidades:
Fig
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gura 3 - Sala de medicação. Fonte: Autoral
Figura 5 - Escritório. Fonte: Autoral
Figura 4 - Sala de medicação. Fonte: Autoral
Figura 6 - Varanda do escritório. Fonte: Autoral
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5.1.4 AVALIAÇÃO PSICÓLOGA É o processo técnico-científico de coleta de dados, estudo e interpretações de informações a respeito dos fenômenos psicológicos do residente, que são resultantes da relação do indivíduo com a sociedade, utilizando-se, para tanto, métodos, técnicas e instrumentos. 5.1.5 QUESTIONÁRIO DIRIGIDO É um documento desenvolvido pela experiência de atendimento técnico na entidade, aplicado pela psicóloga durante o tratamento no atendimento individual, com o objetivo de obter informações para análise dos pontos de dificuldade do paciente, fazendo um acompanhamento.
5.1.6 PARECER PSICOLÓGICO É um documento escrito, fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico, cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo. O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, através de uma avaliação do questionário dirigido desenvolvido pela entidade, sem expor a profundidade e a confidencialidade profissional do atendido. O parecer contempla: - Análise do Questionário dirigido. - Análise comportamental. - Análise de registro de ocorrências, caso tenha. - Análise de avaliação de participação da Terapia Ocupacional e Laborterapia. - Análise de participação das dinâmicas de grupo ou atividades de desenvolvimento coletivo e atividades de dissertação reflexiva individual.
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5.2 AGENTE COMUNITÁRIO O agente comunitário é um colaborador facilitador, para contribuir, que o residente em tratamento possa seguir o programa de tratamento. O agente Comunitário tem a função de acompanhar os residentes nos períodos da programação, avaliar, dar apoio e servir os residentes no que for necessário para o desenvolvimento dele no tratamento. 5.3 FUNCIONAMENTO DA UNIDADE E A SUA ROTINA Para entender o funcionamento de uma unidade de tratamento é necessário entender o programa de tratamento que pode ser resumido nos subcapítulos. 5.3.1 ASPECTOS DE VIDA TRABALHADOS NO PROGRAMA Durante todo o tratamento é trabalhado seis aspectos de vida, com o objetivo de contribuir para uma mudança no estilo de vida do dependente químico. É importante entender que uma pessoa quando necessita de um tratamento mais intensivo com uma internação, é preciso ser trabalhado como ser integral, no seu todo, pois a doença da dependência química é uma doença biológica, psicológica, sociológica e espiritual, áreas da composição do ser humano. Quando tratada apenas a área biológica, fica incompleto, somente na desintoxicação das substâncias que provocam a dependência química, sendo que é importante trabalhar o que leva as pessoas buscarem fazer uso de certas substâncias mesmo sabendo que causam dependências e estragos a saúde e aos diversos aspectos de vida. Sendo assim tem a proposta de trabalhar os seguintes aspectos de vida:
Aspecto familiar Aspecto funcional (profissional) Aspecto econômico-financeiro Aspecto sócio comunitário Aspecto de saúde Aspecto espiritual
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Os instrumentos utilizados para trabalhar os aspectos de vida são atividades que fazem parte de uma rotina com horários definidos na programação diária, com critérios de avaliação individual e diária, resultando em informações para uma avaliação mais ampla de cada participante do programa. Os instrumentos são: • • • •
Reunião de espiritualidade (oração/ mensagem) Momento de reflexão devocional (meditação texto bíblico) Atendimento psicoterápico Atendimento de acompanhamento a saúde (aferição da pressão arterial, monitoramento da glicemia, monitoramento do peso, acompanhamento clínico quando necessário) • Atividades física (caminhadas, ginasticas, musculação) • Manutenção (Laborterapia - limpeza e organização do espaço) • Terapia Ocupacional (atividades braçais ou manuais) • Organização pessoal • Período de estudos • Tempo livre • Filmes e palestras
Figura 7 - Refeitório. Fonte: Autoral
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Horário
Segunda a Sexta-feira
Sábado
Domingo
7h00
Despertar
Despertar
7h15
Momento de reflexão devocional
Momento de reflexão devocional
7h45
Chá da manhã
Chá da manhã
Despertar
8h00
Atividades física
Atividades física
Momento de reflexão devocional
9h00
Manutenção
Manutenção
Chá da manhã
10h00
Período de estudos: Discipulado, Semear, Construir, Projeto de vida, Alma Limpa, Cursos profissionalizante
Abordagem de Cidadania, dinâmica de grupo, dissertação reflexiva individual
Manutenção
12h00
Almoço
Almoço
Almoço
13h00
Terapia Ocupacional
Tempo livre
Tempo livre
17h00
Banho
Banho
Banho
18h00
Jantar
Jantar
Jantar
19h00
Reunião de espiritualidade Filmes ou Palestras
20h00
Chá da noite Integração Diário
Chá da noite Integração Diário
Chá da noite Integração Diário
21h00
Descansar
Descansar
Descansar
Tabela 2 - Programação diária. Fonte: CTMR (Adaptado pela autora)
Reunião de espiritualidade
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Figura 8 - Piscina. Fonte: Autoral
Figura 9 - Quadra poliesportiva. Fonte: Autoral
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5.4 PROCESSO E FASES DO TRATAMENTO O dependente, ingressando no programa, passa a se tornar um residente do Centro Terapêutico, onde passará pelo tratamento de recuperação e reintegração social. As atividades da programação são: - Acolhimento e orientação para o programa - Acompanhamento psicológico - Acompanhamento Familiar (psicológico e terapia comunitária) - Manutenção (limpeza e organização do espaço) - Terapia Ocupacional - Reunião coletiva (momento de reflexão, espiritualidade) - Dinâmicas de Grupo - Acompanhamento clínico (análise médica pelo clínico geral, monitoramento do peso, aferição da PA, monitoramento da glicemia) - Recreação e lazer - Exercícios físicos (caminhada, alongamento, ginástica e musculação) - Filmes, palestras (cidadania, valores familiares e conduta social).
Figura 10 - Área de vídeo e leitura. Fonte: Autoral
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O programa de tratamento é proposto no mínimo, nove meses (270 dias), dividido em três fases: Fase
I
II
II
Duração
3 meses
Atividade Triagem Orientação Adaptação Conscientização
Orientação Este é o período de adaptação e integração do interno ao programa de tratamento, através das terapias e atividades ocupacionais, acompanhamento psicológico e atividades físicas e o início do acompanhamento da família do interno.
3 meses
Desenvolvimento pessoal Responsabilização Socialização Senso de utilidade.
Este período será para o aperfeiçoamento e desenvolvimento interpessoal e intrapessoal, através de palestras, estudos bíblicos, acompanhamento psicológico e atividades físicas.
3 meses
Programa de prevenção a recaída Cursos Profissionalizantes Projeto de Vida Inserção Social
Este é o período de preparação para saída, recebe muita informação. É uma fase que foi trabalhado muitos aspectos para uma mudança de vida, prepara para a ressocialização com uma saída programada.
Tabela 3 – Programa de tratamento. Fonte: CTMR (Adaptado pelo autora)
5.4.1 PÚBLICO – ALVO PARA O TRATAMENTO Dependentes químicos, do sexo masculino, com idade acima de 18 anos, com comprometimento leve ou moderado conforme RDC 029/11 (ANVISA).
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Figura 11 - Lago. Fonte: Autoral
5.5 ATIVIDADES DE ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO Uma vez que os residentes estão em tratamento, se deparam com uma rotina diferente da que estavam acostumados, já que estão inseridos em um programa que tem como objetivo a transformação de vida do indivíduo. E somada à ansiedade constante, torna-se mais do que necessário o acompanhamento psicológico, sendo este fundamental para compreender os sentimentos, superar possíveis barreiras, obter uma melhor compreensão de seus comportamentos, sejam eles conscientes ou inconscientes, e também como uma forma de autoconhecimento, a fim de viver de maneira mais equilibrada e saudável.
5.5.1 GRUPO PSICOTERAPÊUTICO Utiliza métodos como discussões de grupo, aplicação de dinâmicas de grupo, palestras informativas, orientações de leitura, realização de atividades psicosocioeducacionais e sessões de filmes relacionados a comportamentos que leva ao uso e abuso das drogas. Nestas modalidades de intervenção e com estas ferramentas, procura-se possibilitar ao participante um ambiente seguro para que este consiga
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expressar-se livremente e refletir sobre seus sentimentos e emoções, comportamentos e atitudes, hábitos e estilos de vida e, não obstante, sobre como estas instâncias influenciam no seu envolvimento com as substâncias psicoativas. (Fase I, II, III)
5.5.2 SERVIÇO DE ATENDIMENTO EMERGENCIAL E ACOMPANHAMENTO PROGRAMADO É realizado pelo Agente comunitário, que fica acessível na unidade de tratamento para os residentes do programa. Tem como objetivo auxiliá-los também em momentos específicos de muita angústia, ansiedade e desequilíbrio emocional. (Fase I)
5.5.3 DIÁRIO VIDA NOVA O próprio residente tem um diário para registrar e acompanhar a sua própria evolução ao longo do tratamento. É registrado os sentimentos, emoções, desejos, dificuldades, conquistas e aprendizados durante o dia, os referidos registros é um instrumento importante tanto para a equipe técnica quanto ao próprio residente, é um instrumento de análise de evolução ao processo de mudança. (Fases I, II, III)
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5.5.4 TERAPIA E ACOMPANHAMENTO FAMILIAR A terapia e acompanhamento familiar é realizado através de um programa terapêutico psicológico e terapia comunitária. Esse programa tem o intuito de contribuir para os familiares dos residentes, de forma a também tratá-los, uma vez que a família também sofre deformidades por conta do seu famiiliar que teve problemas relacionados às drogas, tendo dessa forma, mais condições de apoiar o mesmo enquanto estiver se tratando. Além disso, prepara a família para lidar com o indivíduo após o residente concluir o seu tratamento.
5.5.5 TERAPIA INDIVIDUAL E EM GRUPO São realizadas através de atendimento psicoterápico, com técnicas de terapia cognitivo comportamentais. A psicoterapia em grupo para dependentes químicos são tão efetivas quanto as individuais e ajudam no processo de mudança e alguns fatores como confiança, inclusão social, aprendizado grupal e alteração de padrões desajustados de relacionamento ajudam o residente a reconstruir suas vidas.
5.5.6 PROGRAMA DE PREVENÇÃO À RECAÍDA É um projeto denominado “Alma limpa” que trabalha os fatores de riscos e de proteção, dados como reconhecimento dos possíveis “gatilhos”, tratando os sentimentos, hábitos e comportamentos que possam levar a recaída.
Figura 12 e 13 – Área externa. Fonte: Autoral
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5.5.7 DOZE PASSOS Os doze passos são princípios do grupo de Alcoólicos Anônimos e tem como objetivo auxiliar o problema de dependência química, principalmente o álcool. São eles: 1. Admitimos que éramos impotentes perante a dependência de amor e sexo - e que nossas vidas haviam se tornado ingovernáveis. 2. Viemos a acreditar que um Poder superior a nós mesmos poderia devolver-nos à sanidade. 3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus na forma em que concebíamos Deus. 4. Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos. 5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas. 6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter. 7. Humildemente rogamos a Deus que nos livrasse de nossas imperfeições. 8. Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados. 9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a essas pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem. 10. Continuamos fazendo o inventário moral e quando estávamos errados, o admitíamos prontamente. 11. Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com um Poder superior a nós mesmos, rogando apenas o conhecimento da vontade de Deus em relação a nós mesmos e forças para realizar essa vontade. 12. Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a esses passos, procuramos transmitir esta mensagem aos dependentes de amor e sexo e praticar estes princípios em todas as áreas de nossas vidas.
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5.6 ÁREA DE ESPIRITUALIDADE O Serviço de Orientação Espiritual é composto por três subprojetos voltados para o desenvolvimento espiritual do participante: - Projeto Construir: O projeto construir foi baseado e adaptado no modelo dos doze passos e tem como objetivo a conscientização, a responsabilização e o desenvolvimento da cidadania, por meio da mudança de comportamento e da formação de um novo estilo de vida. - Projeto Semear: Promove a familiarização com os temas e materiais bíblicos, com o objetivo de estimular o relacionamento com Deus, permitindo substituir o medo e a indiferença pela fé e pela confiança. (Fases I, II, III) - Momento de Reflexões: Busca dar oportunidade ao participante de reflexão e pensar sobre a própria vida, a partir da abordagem de temas diversos como: mentira, obediência, vida saudável, família, culpa, vergonha, ciúmes, solidão, felicidade etc. É um momento de questionamento e reflexão, que permite ao participante o planejamento o seu dia, de suas ações e a avaliar os resultados de seu processo no tratamento. (Fases I, II, III)
Figura 14 – Fachada.Fonte: Autoral
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5.7 ÁREA SOCIOEDUCACIONAL Nesta área são propostas atividades de caráter informativo, social, educacional e lúdico coordenadaS por membros da Equipe Técnica, agentes comunitários e voluntários. (Fases I, II, III)
5.7.1 ACOLHIMENTO Tem o objetivo de integrar os novos participantes ao grupo e de acolher as demandas e questões pessoais relacionadas à escolha de tratamento dos mesmos. Neste grupo também tem o objetivo dos demais residentes compartilharem sua nova experiência de vida a partir do convívio no Centro Terapêutico, e experiências de socialização fora dela. Um dos residentes do último estágio pode ajudar na responsabilidade da realização de dinâmicas e coordenação do grupo, sob supervisão de um dos técnicos. (Fases I, II, III)
5.7.2 PREVENÇÃO À RECAÍDA Tem como objetivo a conscientização do participante de que apenas absterse da substância psicoativa não consolida a sua recuperação. A questão central do processo está em manter-se abstinente. A partir desta ideia surge o Projeto “Alma Limpa” que faz parte do programa prevenção à recaída (PPR), através do período dos estudos, com encontros semanais na terceira fase do tratamento, procura desenvolver a conscientização do participante quanto aos fatores de risco e proteção envolvidos para situações de lapsos e recaída. Nesse sentido, promovem-se informações quanto aos principais contextos de risco e os principais sintomas que antecedem as recaídas, assim como se possibilita reflexões de como se criar contextos de abstinência, hábitos e comportamentos saudáveis, que favorecerão, em curto e em longo prazo, a manutenção da abstinência. (Fase III)
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Figura 15 – Quarto dos residentes. Fonte: Autoral
Figura 16 – Quarto dos residentes. Fonte: Autor
5.7.2 CURSOS PROFISSIONALIZANTES Esta oficina é uma proposta aos participantes que, durante o período de tratamento da dependência química, colocam em questão o futuro profissional e/ou desejam desenvolver novas habilidades aplicáveis ao trabalho. O trabalho do serviço de desenvolvimento profissional tem a finalidade de orientar e clarificar as opções ocupacionais de cada participante, proporcionando um maior autoconhecimento, a construção de um novo estilo de vida, com escolhas mais maduras e conscientes e uma maior segurança para o enfrentamento da realidade social e do mercado de trabalho. São atividades realizadas por membros da Equipe Técnica e voluntários e incluem: treinamento e desenvolvimento de habilidades sociais voltadas às relações de trabalho e aprendizado de habilidades específicas, relacionadas a todos os setores de trabalho da comunidade terapêutica. Pode contar ainda com a formulação do projeto de vida. (Fase III)
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Figura 17 – Cozinha. Fonte: Autoral
Figura 19 – Despensa. Fonte Autoral
Figura 18 – Cozinha. Fonte: Autoral
Figura 20 – Despensa. Fonte Autoral
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5.8 ATIVIDADES COMPLEMENTARES As atividades complementares, desenvolvidas por voluntários, referemse às ações de cunho lúdico-ocupacional. Tem como objetivo tanto o lazer, como o aprendizado de novas habilidades e a manutenção do bem-estar emocional, por meio de atividades ocupacionais (trabalhos manuais) como a realização de bordados, elaboração de bijuterias, artesanatos, bem como atividades de orientação musical. Fazem parte também a exibição de filmes, documentários e programas televisivos com o objetivo de proporcionar momentos de descontração e lazer. Ainda, faz parte deste grupo a realização de palestras (aulas) de cidadania e didático-científicas por profissionais convidados pela instituição, para informar e esclarecer os participantes a respeito de temas diversos como: dependência química, SPAs, DSTs, risco social, saúde mental, entre outros. (Fase, I, II, III) 5.8.1 ÁREA OPERACIONAL/ LABORAL Considerando que na maioria dos casos de dependência crônica instala-se a falta de produtividade e a danificação quase que total do senso de organização produtiva é essencial para um processo de recuperação a reestruturação do senso de utilidade e produtividade no indivíduo com transtorno de dependência química. Em conformidade com a proposta metodológica, todas as funções dos residentes foram elaboradas para estimular a sua recuperação pessoal. De modo que à medida que o residente evolui nas fases do programa de tratamento, assume novas tarefas e funções com nível de responsabilidade e desempenho maiores. Percebemos essa ação como motivadora uma vez que o residente pode ascender no status e papel social na comunidade, sendo preparado para os desafios de trabalho que terá na nossa sociedade após conclusão do período de tratamento.
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5.8.2 LIMPEZA E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO a. Setor de Limpeza e Manutenção: Banheiros externo; Banheiros Interno, Alojamentos (dormitórios); Casa Central; Depósito de Lixo; Organização das roupas, camas e colchões; Lavar Louças; Refeitório. b. Setor de Almoxarifado c. Setor de Armazém d. Setor de Cozinha I (Fases II, III) e. Setor de Educação, Esportes e Recreação f. Setor de Horta e Jardim (Fases I, II, III) 5.9 ÁREA DE SOCIALIZAÇÃO O aspecto mais importante na contribuição efetiva da recuperação da dependência química, é a reinserção social. O trabalho de reinserção social, começa no início do tratamento, fazendo parte de todo o processo, um dos objetivos é fazer com que os residentes não fiquem dependentes do Centro Terapêutico, para isso é realizado uma transição bem-sucedida no período da reinserção. O residente procura o tratamento por causa da perda de habilidades de se autogerenciar, e compromete muitas áreas da vida e seus papéis sociais, e de cidadania. No processo de reinserção social, ajudar os residentes a se agregar a uma comunidade de autoajuda, onde os agregados têm a mesma necessidade é o primeiro passo para a integração ao mundo exterior. Durante o tratamento, através de treino de habilidades, do resgate do senso de utilidade, responsabilidade e da promoção do desenvolvimento pessoal e social, o residente é motivado a participar do tratamento no Centro Terapêutico como cidadão digno de todos os direitos e deveres que é imposto em qualquer sociedade. Além do acompanhamento sistemático na evolução do programa de tratamento, na fase de reinserção, é estimulado a ter uma exposição crescente ao mundo exterior através da “Saída Programada” e “Saídas especiais”. Em ambas o objetivo é colocar em prática o que foi assimilado durante o tratamento e através da experiência vivida no Centro Terapêutico, com relação autoeficácia no enfrentamento de conflitos, resgate do relacionamento familiar, situações de riscos entre outros.
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5.9.1 SAÍDA PROGRAMADA Estas saídas serão planejadas na fase de reinserção, justamente porque nesta ocasião com a informação e acompanhamento que terá recebido até então ele terá consciência de suas ações e de como começar a lidar com os aspectos envolvidos no uso e abuso de substâncias psicoativas e no antigo padrão de vida. O residente deixa as dependências do Centro Terapêutico durante o período de no máximo até um final de semana para visitar a família e amigos. Neste caso o residente poderá sair sozinho, porém ele próprio ficará responsável por suas ações fora do Centro Terapêutico, e por pedir ajuda quando este contato desencadear estímulos negativos (como por exemplo, medo, ansiedade, insegurança). 5.9.2 SAÍDA ESPECIAL É um momento que o residente deixa o Centro Terapêutico em casos de emergências como consulta médica, ou tratamento médico pré-existente, luto, perícia médica e audiência judicial. Nestas ocasiões o residente só poderá sair acompanhado de um, responsável ou um líder do Centro Terapêutico.
Figura 21 – Hall. Fonte: Autoral
Figura 22 – Área de convivência. Fonte: Autoral
Essas informações foram disponibilizadas pelo diretor geral Carlos Leandro de Melo do Centro Terapêutico nas visitas e nas entrevistas online, o que foi primordial para o entendimento do tratamento dos residentes e funcionamento da instituição, além de ter mais conhecimento sobre a dependência química.
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06 REFERÊNCIAS DE PROJETO
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6.1 CENTRO HOSPITALAR ADOLESCENTE
Figura 23 – Centro Hospitalar Adolescente. Fonte: Archdaily
Figura 24 – Área interna CHA. Fonte: Archdaily
Arquitetos: TVA Architects Ano: 2015 Arquitetos: TVA Architects Ano: 2015 Localização: Corvallis, Estados Unidos
O Centro Hospitalar Adolescente localiza-se nas Casa de Fazenda das Crianças, e inicialmente o edifício tinha a funcionalidade de ser um orfanato, porém as necessidades de segurança não eram adequadas. Foi projetado um edifício com um ambiente acolhedor e aconchegante. O projeto se destaca espacialmente através da flexibilidade das divisórias articuladas, viabilizando ambientes de acordo com as necessidades dos usuários. A paleta de cores usada na tipologia arquitetônica cria uma atmosfera alegre, auxiliando no processo de recuperação do adolescente. O projeto se destaca espacialmente através da flexibilidade das divisórias art iculadas, viabilizando ambientes de acordo com as necessidades dos usuários. A paleta de cores usada na tipologia arquitetônica cria uma atmosfera alegre, auxiliando no processo de recuperação do adolescente. No Centro Hospitalar Adolescente esta
Figura 26 – Zonea Fonte: Archdaily
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Figura 25 – Casa da fazenda das crianças. Fonte: Archdaily
amento CHA.
Figura 27 – Quadra CHA. Fonte: Archdaily
foi uma estratégia para manter maior controle dos pacientes, já que podem apresentar maior ou menor agitação além de problemas de comportamento, e assim necessitarem que os ambientes se ampliem, ou não. As divisórias articuladas ou partições operáveis possuem peso leve e sua estrutura é metálica. O revestimento pode variar, e é definido conforme especificações arquitetônicas. Buscou-se a integração com seu entorno em sua arquitetura, trazendo na simplicidade das formas aspectos que lembrem residências tradicionais, características de casas de fazendas. Já havendo outras instalações no terreno destinadas a crianças e adolescentes, o projeto busca o vínculo entre as edificações, porém mantendo o isolamento dos pacientes. A vegetação implantada no entorno da Casa da Fazenda proporciona maior discrição em relação as moradias vizinhas. Os ambientes foram planejados de forma a atender as necessidades dos pacientes, levando em consideração as diversas situações e problemas comportamentais que os mesmos podem apresentar. Nitidamente é possível notar que o programa de necessidades do projeto e disposição dos ambientes foram planejados de maneira a suprir as exigências de um ambiente de tratamentos terapêuticos, podendo este se dividir em duas clínicas quase independentes, no entanto apenas a sala de reclusão e sala de terapia familiar não se repetem dos dois lados. O projeto foi escolhido visando alguns fatores, como: a apresentação de ambientes acolhedores e confortáveis; a flexibilidade do projeto que consegue dar ao edifício diversas possibilidades de ambientes que se adaptam conforme a necessidade dos pacientes e dos funcionários, através das divisórias articuladas; o uso das cores presentes na tipologia arquitetônica do Centro Hospitalar que proporciona uma atmosfera juvenil,
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6.2 CENTRO COMUNITÁRIO DE REABILITAÇÃO DE BELMONT Arquitetos: Billard Leece Partnership Ano: 2012 Localização: Reynolds Road, Belmont, Austrália
Figura 28 - Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont. Fonte: Archdaily
Figura 29 - Fachada Belmont. Fonte: Archdaily
Figura 32 - Implantaç
ção Belmont. Fonte: Archdaily
Figura 31 – Entrada Belmont. Fonte: Archdaily
Figura 30 – Passarela. Fonte: Archdaily
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permitindo assim uma ligação com os pacientes, dispensando o padrão hospitalar, que costuma adotar cores claras e ambientes com menor expressividade e energia. O Centro Comunitário de Reabilitação de Belmont é um complemento de um centro de saúde da comunidade de Victoria, o qual compartilha a recepção e são conectados por uma passarela coberta. O edifício tem como objetivo oferecer reabilitação focado em um ambiente residencial, assim o intuito é de prevenção das deficiências, fazendo com que o paciente diminua as chances de ter recaídas a fim de melhorar o seu bemestar. Para solucionar a incidência solar, os arquitetos adotaram elementos de auto sombreamento nas janelas. O padrão fornecido pelos painéis emoldurado de madeira contrasta com as grandes janelas de vidro, que possibilita a entrada de luz natural para os quartos da edificação, além da ventilação e possibilidade visual para o jardim que circunda o edifício. Martins (2013) diz que a distribuição, a forma da edificação e o tamanho dos blocos, oferece aos usuários um projeto com vários espaços internos que proporciona o contato com a natureza. A Madeira de cipreste branca foi selecionada como o material da fachada principal, devido à sua sustentabilidade, o calor inerente e seu recurso natural. Na fachada é usada as janelas auto sombreadas para as elevações de rua, e brises nas janelas para os ambientes de jardim. Assim a madeira e o vidro se manifestam mostrando a forma e desenho da fachada, criando um edifício fácil de construir e de se manter.
Figura 33 - Pátio. Belmont. Fonte: Archdaily
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6.3 CENTRO DE NATUREZA JAMES E ANNE ROBINSON Arquitetos: GWWO Inc. Architects Ano: 2011 Localização: Columbia, Maryland, Estados Unidos
Figura 34 - James and Anne Robinson Nature Center. Fonte: Gwwoinc
O Centro de Natureza James e Anne Robinson situa-se na floresta e faz o usuário se relacionar com a arquitetura através de uma experiência dinâmica no meio ambiente. As janelas que vão do piso ao teto oferecem uma vista mais ampla para a paisagem, criando uma conexão entre o usuário e a natureza que o cerca. A parte externa da edificação é construída em madeira e pedra, já na parte interna, além desses materiais há ainda o uso de concreto e piso de cortiça. A madeira escolhida foi cedro vermelho para o revestimento da parede, guarda-corpo, deck da varanda e para o telhado, a cor escolhida dá a sensação de aconchego caloroso. Apresenta alta resistência a apodrecimento e a insetos, garantindo menor necessidade de manutenção e uso de conservantes na madeira. O uso do vidro oferece vistas para o exterior, favorecendo a conexão entre o usuário do edifício e a natureza ao redor. O projeto foi escolhido por causa da aplicação dos seus materiais e da conexão do edifício com a natureza.
Figura 37 - Á
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Figura 35 – Área interna Nature Center. Fonte: Gwwoinc
Figura 36 – Varanda Nature Center. Fonte: Gwwoinc
Área exterma Nature Center. Fonte: Gwwoinc
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07 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO
58
7.1 O MUNICÍPIO DE SÃO ROQUE O município de São Roque está situado no estado de São Paulo, com uma população estimada de 92.060 habitantes em uma área de 306,908 km². A cidade tem divisão territorial com os distritos de São Roque, Canguera, Mailasqui e São João Novo.
7.1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS Em 16 de agosto de 1657 a cidade de São Roque foi fundada pelo nobre capitão paulista Pedro Vaz de Barros, também conhecido por Vaz Guaçu, o grande, que era devoto do santo São Roque, por isso a cidade recebeu este nome. Foi atraído para região e se firmou com sua família e com mais de 1200 índios, às margens dos ribeirões Carambeí e Aracaí, e cultivou trigo e uva. Anos depois, os imigrantes italianos e portugueses ocuparam as encostas dos morros com vinhedos, estabelecendo adegas e transformaram São Roque na famosa ‘terra do vinho’. A casa grande e a capela de Santo Antônio, em taipa de pilão, construída por Fernão Paes de Barros, irmão de Vaz Guaçu no ano de 1681 serviu de parada e pousada aos bandeirantes, que vinham do rio Tietê a procura de ouro e esmeraldas. Em 1832, a cidade de São Roque tornou-se vila e, em 1864, município.
Figura 38 - Portal São Roque
e. Fonte: Autoral
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7.2 INFORMAÇÕES DO TERRENO O terreno de implantação está localizado no município de São Roque, interior de São Paulo, no encontro da Rodovia Prefeito Quintino de Lima com a Rua Manuel José Antunes. No seu entorno se encontra muitas chácaras, vegetação densa e nas proximidades o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Roque e a rota do vinho. Por estar afastado de centros urbanos, da poluição sonora, o local se torna propício à recuperação do dependente, pois estimula a sensação de paz e de tranquilidade.
Mapa 1 – Mapa de Município Fonte: Prefeitura de São Roque (adaptado pela autora)
60
Figura 39 – Terreno de implantação Fonte: Google Earth (adaptado pela autora)
No planejamento do tratamento para dependência química, alguns trabalhos são definidos para os residentes, tendo como principal, serviços de jardinagem e manutenção de chácaras. O local propicia um ambiente para desenvolvimento pessoal e profissional com diversos jardins, gramados, árvores e piscina para que haja a prática das aulas que são dadas em sala de aula. A arquitetura vai muito além da formação de casas, também envolve segurança, economia, acessibilidade, conforto e sustentabilidade. Apresentam um papel fundamental na concretização de ideais e valores sociais, como justiça, equidade e qualidade de vida. Visando esses aspectos, o pensamento não é limitado ao momento do tratamento, mas também ao pós-tratamento com foco no desenvolvimento humano. Ao término do tratamento, as pessoas que passam pelo processo acabam idealizando morar na região. Como foi dito anteriormente, eles podem terminar o processo com um certificado de curso profissionalizante de jardineiro e por haver muitas chácaras na cidade e em torno dela (como Ibiúna, Mairinque, Piedade, Alumínio, entre outras), facilita a inserção ao mercado de trabalho na função de jardineiro e piscineiro, por exemplo. Outro fator avaliado foi a visão para a mata de preservação ambiental que é de fácil visualização em qualquer parte do terreno, juntamente com a posição
Figura 40 – Terreno de Fonte: Google Earth (
Figura 42 – Recorte do te Fonte: Google Earth (ada
e implantação ampliado (adaptado pela autora)
erreno de implantação. aptado pela autora)
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Figura 41 – Terreno de implantação ampliado 2 Fonte: Google Earth (adaptado pela autora)
do nascer e pôr do Sol que ilumina completamente as edificações no sentido do comprimento do terreno, não se escondendo atrás dessa mata. E falando sobre o Sol, ele mostra o valor das construções como a projeção direta nas janelas amplas e o melhor aproveitamento da piscina que se mantém em temperatura agradável, mesmo estando em uma região mais fria. Em razão do terreno ser muito amplo, foi escolhida uma área menor com 13.000 m² para o projeto. Sendo definida na parte mais alta do terreno, pois além de propiciar uma visão panorâmica extremamente bela, facilita a construção devido um solo mais firme e seco pois na região possui muitos rios e lagos, também trazendo uma proteção a mais, no caso de chuvas contínuas com alto fluxo de água. Mesmo utilizando essa pequena parcela (13.000 m²) do terreno total, as edificações ficaram bem localizadas com espaços bem projetados com uma ótima logística para todo processo. O terreno possui uma rua de acesso lateral, sendo utilizada como entrada, sendo mais silenciosa, sem alto fluxo de automóveis, evitando riscos para entrada e saída de pedestres e automóveis de profissionais, visitantes e familiares que ali frequentam.
62
7.3 LEGISLAÇÃO Para iniciar o projeto foi importante verificar a legislação, pois varia em cada região. Em São Roque, foi definida a lei complementar nº 40 em 8 de novembro de 2006 do Plano Diretor de São Roque da seção II da Macrozona de Consolidação Urbana, para efeito da ordenação de uso, ocupação, parcelamento e regularização do solo, e até os dias de hoje não foi alterada, é nesta lei que o projeto foi firmado. Na legislação contém algumas informações como, área permitida para construção, recuos, infraestrutura necessária, saneamento básico, além de outros itens que veremos abaixo. Lembrando que serão citados as seções e os artigos mais relevantes da legislação, juntamente com um comentário referente ao mesmo. Art. 6º Para os efeitos desta Lei Complementar e de sua regulamentação, os diversos usos urbanos são preliminarmente classificados em duas categorias principais, a saber: I - Uso Residencial, quando consiste em moradia permanente podendo ser classificados em: a) RL - Residencial em Lote - residências unifamiliares, isoladas, geminadas ou agrupadas; prédios de apartamentos, “aparthotéis” e congêneres; conjuntos residenciais implantados em lotes; habitações coletivas de permanência prolongada, tais como internatos, conventos, asilos e casas de repouso, excluídos hotéis e motéis; (SÃO PAULO, 2006)
O artigo 6 define que a comunidade terapêutica está definida como RL, pois é definida como asilo, pois é um estabelecimento para abrigo, sustento ou educação de pessoas com dificuldades de se manter e dependentes químicos estão classificados nessa definição. Art. 11º O uso RL - Residencial em Lote pode ser classificado em: II - R2 - conjunto de duas ou mais unidades habitacionais, agrupadas horizontal ou verticalmente, com no máximo dois pavimentos, todas com entrada independente com frente para via oficial existente (casas geminadas e casas superpostas); (SÃO PAULO, 2006)
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Na classificação de residências em lote, se enquadra no item R2 pois possuem diversas casas com no máximo 2 pavimentos, porém foi limitado no projeto, apenas pavimento térreo. Art. 12º O uso residencial R2 deverá atender as seguintes disposições I - máximo de 60,00 (sessenta metros) de extensão, medidos ao longo da fachada; II - recuo frontal determinado pela zona em que o empreendimento está inserido; III - recuo mínimo de 1,50 metro das divisas laterais do lote ocupado pelo agrupamento; IV - frente mínima de 3,60 metros e área mínima de 68 m² para cada lote resultante do agrupamento; V - coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação e demais índices de ocupação do solo determinados pela zona em que o empreendimento está inserido. (SÃO PAULO, 2006)
Esse artigo foi importante para definir recuos mínimos laterais e extensões de áreas referentes as fachadas, atendendo a zona em que está inserido. Art. 101- Para efeito da ordenação de uso, ocupação, parcelamento e regularização do solo, a Lei Complementar do Plano Diretor de São Roque instituiu no território a Macrozona de Consolidação Urbana com quatro perímetros: I - Perímetro São Roque; (SÃO PAULO, 2006)
Zonas
TO
CA
TP
ZUPA
10%
20%
70%
Tabela 4 – Ocupação do solo Fonte: Prefeitura de São Roque (Adaptado pela autora)
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A cidade de São Roque possui quatro perímetros que são afastados do centro da cidade, portanto é considerado perímetro de São Roque em relação a Macrozona de Consolidação Urbana. Esses perímetros são subdivididos em outras zonas como podemos ver no artigo 102: Art. 102 Cada um desses perímetros está subdividido em zonas urbanas com regras diferenciadas de uso, ocupação e parcelamento do solo: VI - ZUPA - Preservação Ambiental, compreendendo áreas que devem ter suas características ambientais mantidas, contribuindo para a manutenção das feições paisagísticas da área urbana; (SÃO PAULO, 2006)
O projeto foi desenvolvido com bases paisagistas muito bem consolidadas não apenas pela legislação, mas também por perfil estético, trazendo um bem-estar para todos os residentes. A definição de Zona Urbana de Preservação Ambiental (ZUPA) foi de extrema importância para que os demais artigos fossem incluídos na tabela de definição da zona urbana (tabela 5), onde são resumidas quais tipos de construções são permitidas, respeitando a legislação vigente. Os próximos artigos serão responsáveis por explicar com maiores detalhes sobre a ZUPA. Art. 139 - A ZUPA - Zona de Preservação Ambiental compreendem áreas que devem ter suas características ambientais mantidas, contribuindo para a manutenção das feições paisagísticas da área urbana. Parágrafo único. Estão vedados os loteamentos, sendo permitidos os desmembramentos de glebas em lotes. (SÃO PAULO, 2006)
Mapa 2 - Macrozona de uso e ocu Fonte: Leis municipais (Adaptado
upação perímetros urbanos e rural. pela autora)
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Zonas
Usos admitidos
ZUPA
TL, UES (est. Radio transferência), R1, R2, R3 Tabela 5 – Usos admitidos Fonte: Leis municip ais (Adaptado pela autora)
Sendo: TL - Turismo e lazer - compreendendo: hotéis, pousadas, restaurantes, clubes de campo e congêneres, não enquadrados nas categorias anteriores; RL - Residencial em Lote R1 - Uma unidade habitacional por lote com no máximo dois pavimentos; R2 - Conjunto de duas ou mais unidades habitacionais, agrupadas horizontal ou verticalmente, com no máximo dois pavimentos, todas com entrada independente com frente para via oficial existente (casas geminadas e casas superpostas); R3 - Conjunto de duas ou mais unidades habitacionais, agrupadas horizontal ou verticalmente, com no máximo dois pavimentos, e todas com entrada independente com frente para via de pedestre ou de veículos em condomínio (casas geminadas, casas superpostas e vilas); Os limites da área de ZUPA: Inicia - se na divisa de Município de São Roque - Mairinque na ferrovia e desce margeando a referida ferrovia sentido Interior - Capital com 4.320,00m até atingir a Rodovia Prefeito Quintino de Lima (SP 60/270); deste deflete a direita e segue margeando a referida rodovia com 2.400,00m até atingir a Rua Manoel José Antunes; deste deflete a direita segue margeando a referida Rua com 2.100,00, até atingir a divisa de Município de São Roque - Mairinque (córrego dos Pires); deste deflete a direita segue margeando o referido córrego com 2.000,00m até atingir o ponto inicial desta descrição. (SÃO PAULO, 2006)
66
A área pública é muito maior que 15% pois o projeto já contempla espaços comunitários em perfeita convivência e conforto mútuo: Art. 140 Nas glebas com dimensões superiores a 5.000,00 m², situadas na ZUPA - Zona de Preservação Ambiental, os desmembramentos estarão sujeitos a destinação de áreas públicas compondo o sistema de áreas institucionais. Parágrafo único. A destinação de área pública não poderá ser inferior a 15% da área total da gleba em local na ZUR - md 1, de comum acordo com a Prefeitura, observada a Certidão de Diretrizes. (SÃO PAULO, 2006)
A infraestrutura será instalada em todo perímetro, visto que há construções em diversas partes do terreno, sendo necessário essa disponibilidade de abastecimentos e pavimentos, como cita o artigo 141 “Na ZUPA - Zona de Preservação Ambiental os desmembramentos não serão permitidos em locais onde não haja infraestrutura instalada (abastecimento de água, afastamento de esgotos, drenagem e pavimentação).” (SÃO PAULO, 2006)
67
68
7.4 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Figura 43 – Rod. Prefeito Quintino de Lima, Entrada CTMR. Fonte: Autoral
Figura 44 – Rod. Prefeito Quintino de Lima. Fonte: Autoral
Figura 47 – Área Externa CTMR. Fonte: Autoral
Figura 48 – Área Externa CTMR. Fonte: Autoral
Figura 51 – Acesso a casa do CTMR. Fonte: Autoral
Figura 52 –Estacionamento CTMR. Fonte: Autoral
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Figura 45 – R. José Manuel Antunes. Fonte: Autoral
Figura 46 – Área externa CTMR. Fonte: Autoral
Figura 49 – Área de lazer CTMR. Fonte: Autoral
Figura 50 – Área lavanderia CTMR. Fonte: Autoral
Figura 53 – Vista salão CTMR. Fonte: Autoral
Figura 54 – Escadas para área de lazer CTMR. Fonte: Autoral
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65 Figura 55 – Acesso vestiário CTMR. Fonte: Autoral
Figura 56 – Área de lazer CTMR. Fonte: Autoral
Figura 34 – Piscina. Fonte: Autoral
Figura 57 – Piscina CTMR. Fonte: Autoral
Figura 58 – Salão CTMR. Fonte: Autoral
a. Fonte: Autoral
Figura 59 – Área externa CTMR. Fonte: Autoral
Figura 60 – Área externa CTMR. Fonte: Autoral
Figura 61 – Bosque CTMR. Fonte: Autoral
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72
7.5 SISTEMA VIÁRIO LOCAL O acesso ao terreno é pela Rodovia Castelo Branco ou pela Rodovia Raposo Tavares, e km 3 da Rodovia Prefeito Quintino de Lima. E tem a opção de pegar ônibus para Canguera na Estação Rodoviária de São Roque.
Mapa 3 – Mapa de vias. Fonte: Google Earth (adaptado pela autora)
Via Local Via Arterial
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74
75
08 DESENVOLVIMENTO DE PROJETO
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8.1 ANÁLISE CRÍTICA DO CENTRO TERAPÊUTICO MISSÃO RESGATE Essa etapa é considerada uma das principais, pois avalia os problemas arquitetônicos do edifício atual onde será realizado o projeto e analisa as necessidades de alterações ou até mesmo a demolição para a construção de que um novo edifício tome forma, apresentando soluções aplicadas no projeto. Na tabela ao lado foram definidos três itens importantes a serem descritos e quais ações foram realizadas para cada tipo de ambiente, mostrando soluções que sanem os problemas atuais. Analisando a tabela é possível analisar as grandes dificuldades encontradas no Centro Terapêutico Missão Resgate, pois atualmente, o local não está preparado para receber mais de quatro residentes. Nas soluções aplicadas em todos os ambientes, foram realizadas ampliações. Devido a todos os problemas de fissuras, falta de manutenção, espaço incompatível para atendimento social, áreas adaptadas incorretamente, além de não possuir estrutura para ampliações atuais, foi tomada a decisão de derrubar todas as casas, para a constução de um edifício adequado, visando atender as normas vigentes e oferecer o melhor para as vidas que estão envolvidas nesse projeto social em que muda o estilo de vida das pessoas.
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Ambiente
Banheiros
Problema Incompatível para a quantidade de residentes. Circulação de ar ineficiente.
Soluções aplicadas no projeto Banheiros adaptados, em áreas comuns, para atender as necessidades fisiológicas e de higiene. Também foram posicionados outros banheiros em pontos estratégicos próximos aos quartos.
Aplicação de medicamentos
Atendimento em pavimento superior com estoque de medicamentos no mesmo ambiente.
Ambiente em pavimento térreo, adaptado, com fácil acesso. Estoque de medicamentos em local apropriado.
Sala de vídeo
Local sem acústica, calor excessivo com espaço incompatível.
Sala ampla, com posicionamento estratégico para a visualização ergonômica da tela, arejado trazendo conforto termoacústico e iluminação.
Sala de leitura
Local do refeitório improvisado para esse atendimento, trazendo uma incompatibilidade de iluminação e ergonomia, além de distrações devido a diversas tarefas no mesmo local.
Estrutura adaptada para controle de iluminação, conforto acústico, espaço planejado para recepção de livros e/ou mídias digitais em microcomputadores.
Sala de estudos
Idem à sala de leitura.
Ambiente reservado, trazendo conforto sonoro projetado para móveis com alturas médias e iluminação, funcionando como sala de aulas, com mesas compartilhadas em duplas.
Cozinha
Tamanho pequeno, sem exaustão ideal, péssimo para controle de pragas não sendo compatível com as exigências sanitárias.
Aumento de espaço visando a ergonomia, bancada extensa para o processamento de alimentos e espaço para utensílios e equipamentos industriais.
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Ambiente
Problema
Soluções aplicadas no projeto
Refeitório
Compartilhado com outros afazeres como, leitura e estudos.
Espaço projetado para até 24 pessoas (6 mesas), com uma porta de acesso a cozinha e fácil acesso aos banheiros, para realizarem a higiene pessoal.
Despensa
Quarto adaptado, distante da cozinha (acesso pela sala), com vestígios de mofo, fissuras no teto e paredes, propício a contaminações.
Separação, com fácil acesso a cozinha, local seco e arejado mantendo os alimentos em ótima qualidade para consumo.
Guarda de utensílios
O mesmo ambiente da despensa, trazendo consigo, os mesmos problemas.
Separação de ambiente com fácil acesso a cozinha e despensa.
Lavanderia
Sem lugar planejado, com apenas um tanque instalado, acesso feito por uma “escada de barro” em local descoberto e secagem de roupas distantes.
Espaço coberto podendo receber 2 tanques de lavagem e 5 máquinas de lavar roupas, além de espaço para separação de roupas sujas
Depósito
Sem local definido.
Local específico podendo ser utilizado como estoque.
Almoxarifado
Compartilhado em um armário na despensa.
Fácil acesso a lavanderia e depósito, podendo ter separação de itens para compartilhamento entre os residentes.
Sala de jogos
Sem local definido, devido ao espaço, sendo assim, não houve instalação de equipamentos como pebolim e sinuca.
Espaço próprio para receber diversos tipos de jogos, como pebolim, sinuca, ping-pong e mesa para dominó.
Sala de artes manuais
Adaptado em outros ambientes.
Criação de espaço com mesas amplas, podendo ser criado até uma pequena linha de produção, para determinados tipos de trabalhos.
79
Ambiente
Soluções aplicadas no projeto
Compartilhado com refeitório.
Espaço localizado entre união de blocos, utilizado para uma interação social, trazendo conhecimento em um ambiente confortável.
Recepção
Sem espaço definido.
Posicionada na entrada do bloco A, possuindo banheiros separados e adaptados, visando o primeiro atendimento.
Sala acolhimento de residentes, familiares e visitantes
Os familiares aguardam em locais externos, havendo um certo desconforto.
Sala posicionada após a recepção, visando um atendimento acolhedor.
Sala terapia familiar
Sem espaço definido.
Espaço projetado para que seja fácil um diálogo entre as partes envolvidas promovido pelo terapeuta.
Sala de atendimento individual
Espaço adaptado na sala de aplicação de medicamentos
Duas salas no bloco A com espaço para mesas apropriadas para atendimento.
Sala de atendimento coletivo
Compartilhado com refeitório.
Ambiente amplo podendo ter um layout em forma de ‘U’ para uma melhor comunicação entre os presentes.
Salão de eventos
Local aberto com uma mesa central fixa, sem a possibilidade de modificação de layout.
Ambiente possuindo 2 banheiros, espaço para acomodação de mesas e cozinha para atendimentos específicos, evitando assim, a utilização da cozinha interna.
Academia
Adaptado em um salão, em uma pequena área demarcada, pois o mesmo é utilizado para outros fins.
Dimensionado para receber equipamentos para exercícios de leve a moderados, possuindo vestiário e banheiros.
Quadra
Fissuras, estruturas oxidadas e faltando manutenção.
Quadra poliesportiva demarcada para diversos tipos de esportes como vôlei, basquete e futebol.
Quartos
Espaço reduzido para atender os mesmos.
Construção de um bloco lateral com dormitórios para atender aos residentes, incluindo quarto adaptado a pessoas com necessidades.
Sala de estar e convivência
Tabela 6 - Analises crítica. Fonte: CTMR (Adaptado pela autora)
Problema
80
8.1 PROGRAMA DE NECESSIDADES Para elaboração do programa de necessidade deste projeto, seguiu as recomendações da RDC nº. 29/2011, RDC nº. 50/2002 e RDC nº. 101/2001. O programa é para uma Comunidade Terapêutica que abranja vinte e quatro residentes. Setor de Hospedagem • • •
Quartos Banheiros Quarto do agente comunitário dentro da comunidade terapêutica
Setor de Reabilitação e convivência • • • • • • • • • • • • • •
Sala de atendimento individual Sala de terapia em grupo Sala de terapia familiar Sala de leitura Sala de estudos Sala de estar e vídeo Salão de Atividades manuais Salão de jogos Academia Sala de estar e convivência Banheiro Coletivo Ambulatório Espaço ecumênico Salão de eventos
81
Setor Administrativo • • • • • • • • • • •
Sala de acolhimento de residentes, familiares e visitantes Sala administrativa Banheiro Despensa Lavanderia coletiva Almoxarifado Depósito Guarda utensilio Banheiro Guarita Estacionamento
Setor de terapia ocupacional • • •
Jardim Pomar Horta
Setor de lazer • • •
Quadra Piscina Pista de caminhada e bicicleta
Setor de apoio logístico • • •
Recepção Cozinha coletiva Refeitório
82
8.2 FLUXOGRAMA Definido o programa de necessidades da Comunidade Terapêutica foi elaborado um fluxograma para entender a relação dos acessos, circulação e setores da edificação. SALÃO DE EVENTOS
PLAYGROUND
SALA DE ACOLHIMENTO (PAC/VIS/FAM)
SALA DE TERAPIA FAMILIAR
SALA DE TERAPIA EM GRUPO
RECEPÇÃO
BANHEIRO
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUAL
AMBULATÓRIO
SALA DE ATENDIMENTO INDIVIDUAL
ADM
BANHEIRO COLETIVO
REFEITÓRIO
COZINHA COLETIVA
DESPENSA
G U
ESTACIONAMENTO
ACESSO PRINCIPAL
GUARITA
Figura 61 - Fluxogra
GUARDA UTENSÍLIO
83
BANHEIRO E VESTIÁRIO
ACADEMIA
REDÁRIO
PISCINA
VARANDA
BANHEIRO
SALÃO DE JOGOS
SALA DE ARTES MANUAIS
SALA DE ESTAR E CONVIVÊNCIA
POMAR DORMITÓRIOS
HORTA QUADRA
DEPÓSITO LAVANDERIA
ama. Fonte: Autoral
ALMOXARIFADO
SALA DE ESTAR E VÍDEO
BANHEIRO
ESPAÇO ECUMÊNICO
GUARITA
ACESSO CARGA E DESCARGA
SALA DE LEITURA
SALA DE ESTUDOS
PISTA DE CAMINHADA E BICICLETA
84
8.3 PRÉ-DIMENSIONAMENTO QUANTIDADE
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Quarto
8
16
128
Banheiro
6
7,70
46,2
Quarto agente comunitário dentro do CT e Banheiro
1
16
16
SETOR
Hospedagem
AMBIENTE
Subtotal
SETOR
Reabilitação e convivência
190,20
QUANTIDADE
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Sala de atendimento individual
2
8
16
Sala de terapia em grupo
1
34
34
Sala de terapia familiar
1
14,24
14,24
Sala de leitura
1
25,5
25,5
Sala de estudos
1
44,85
44,85
Sala de estar e vídeo
1
17,80
17,80
Salão de atividades manuais
1
34,64
34,64
Salão de jogos
1
71
71
Academia e vestiário
1
81
81
Sala de estar e convivência
1
52
52
Banheiro coletivo
2
9,9
19,8
Ambulatório
1
14,50
14,50
AMBIENTE
85
Espaço ecumênico
1
27,74
27,74
Salão de eventos
1
120
120
Subtotal
573,00
QUANTIDADE
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Sala de acolhimento de residentes, familiares e visitantes
1
21,55
21,55
Sala administrativa
1
14,47
14,47
Banheiro
1
1
8,5
SETOR
Administrativo
AMBIENTE
Subtotal
SETOR
Apoio logístico
44,52
QUANTIDADE
ÁREA (m²)
ÁREA TOTAL (m²)
Recepção
1
28,8
28,8
Cozinha industrial
1
17
17
Refeitório
1
48
48
Despensa
1
3,85
3,85
Lavanderia coletiva
1
9,45
9,45
Almoxarifado
1
6,85
6,85
Depósito
1
6,85
6,85
Banheiro
1
7,3
7,3
Guarda utensílio
1
3,85
3,85
Guarita
2
16
32
AMBIENTE
Subtotal
163,95 TOTAL Tabela 7 – Programa de necessidades. Fonte: Autoral
971,79
86
8.4 ESTUDO DE VOLUMES
Figura 62 – Propostas
Setor de hospedagem
Setor de reabilitação e convivência
Setor de administração
Setor
87
de setorização.
O terreno tem uma área de 40.445m², porém foi considerada a área de 13.000 m².
r apoio logístico
QUADRO DE ÁREAS ÁREA TOTAL DO TERRENO
40.445 m²
ÁREAL DE OCUPAÇÃO
13.000 m²
TAXA DE OCUPAÇÃO
1.300 m²
COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO
2.600m²
TAXA DE PERMEABILIDADE
9.100m² Tabela 8 – Quadro de áreas
88
89
09 PROJETO
90
Setor de Hospedagem
Setor de apoio logístico
Quartos Banheiros Quarto do agente comunitário dentro da comunidade terapêutica
Recepção Cozinha coletiva Refeitório Despensa Lavanderia coletiva Almoxarifado Depósito Guarda utensilio Banheiro Guarita Estacionamento
Setor de Reabilitação e convivência Sala de atendimento individual Sala de terapia em grupo Sala de terapia familiar Sala de leitura Sala de estudos Sala de estar e vídeo Salão de Atividades manuais Salão de jogos Academia Sala de estar e convivência Banheiro Coletivo Ambulatório Espaço ecumênico Salão de eventos Setor Administrativo Sala de acolhimento de residentes, familiares e visitantes Sala administrativa Banheiro
N
Figura 63 – Planta setorização.
91
92
AMBIENTES 1. Recepção 2. Banheiro público 3. Sala de atendimento individual 4. Sala administrativa 5. Sala de acolhimento (pacientes, visitantes, familiares) 6. Sala de terapia familiar 7. Sala de terapia em grupo 8. Ambulatório 9. Banheiro coletivo 10. Cozinha coletiva 11. Despensa 12. Guarda utensílio 13. Refeitório 14. Salão de jogos 15. Lavanderia 16. Almoxarifado 17. Depósito 18. Sala de estar e vídeo 19. Sala de leitura 20. Sala de artes manuais 21. Sala de estudos 22. Sala de estar e convivência 23. Quartos 24. Banheiro 25. Quarto agente comunitário 26. Academia e vestiário 27. Caixa d’água 28. Salão de eventos 29. Guarita 30. Espaço ecumênico
N
Figura 64 – Planta layout.
93
94
A RA R. D
PLANTA DE COBERTURA
NCH
ARIA
N
IMA
TINO DE L
ROD. PREF EITO QUIN
95
R. JOSÉ MANUEL ANTUNES
N ARIA
NCH
A RA
IMPLANTAÇÃO R. D
96
IMA
TINO DE L
ROD. PREF EITO QUIN
97
R. JOSÉ MANUEL ANTUNES
7.00
2.74
98
3.6
5
AMPLIAÇÃO BLOCO B 3.3 5 escala 1:200 2.23
6 8.4
8.15
12.30
8.0
0
4.40
8.00
6.00 4.80
2.59
5.3
1.9
3
2.76
1.9
3
4.25
2.3
6
2
1.9
0
4.00
N
AMPLIAÇÃO BLOCO AMPLIAÇÃO BLOCO A C escalaescala 1:300 1:200
4.00
1.93
1.93
2.23
3.43
4.00
99
00
4.
00 4.
00
30 1.
4. 93
00 4.
1. 63
1.
63
1. 63
1.
93
1.
00
4.
3
9 1.
00
00
4.
4.
8.15
00
4.
00
4.
00
4.
00
5.90
4.
4.00
5.70
7.60
Figura 67 – Ampliação bloco A.
100
4.24
16.25
7.00
2.74
1.66
N
AMPLIAÇÃO BLOCO B escala 1:200
6.00 4.80
4.40
N
AMPLIAÇÃO BLOCO C escala 1:200
8.00
101
4.00
6.13
N
AMPLIAÇÃO BLOCO D escala 1:100
4.00
1.70
1.80
4.00
N
AMPLIAÇÃO BLOCO E escala 1:100 Figura 68 – Ampliação bloco B, C, D, E
102
Figura 69 – Corte A.
103
Figura 70 – Corte B.
Figura 71 – Corte C.
Figura 72 – Corte D.
108
ELEVAÇÃO NORTE
Figura 73 – Ele
ELEVAÇÃO SUL
Figura 74 – Ele
evação Norte.
evação Sul.
109
110
ELEVAÇÃO LESTE
Figura 75 – Ele
ELEVAÇÃO OESTE
Figura 76 – Ele
evação Leste.
evação Oeste.
111
112
Figura 77 – V
Vista aérea 1
113
114
Figura 78 – V
Vista aérea 2
115
Figura 79 – V
Vista aérea 3
118
Figura 80 – V
Vista aérea 4
119
120
Figura 82 – Vista aérea 6
121
Figura 81 – Vista aérea 5
122
Figura 83 – Entrada CT
123
Figura 84 – Recepção CT
124
Figura 85 – Sala de terapia em grupo
125
Figura 86 – Refeitório
126
Figura 87 – Salão de jogos
127
Figura 88 – Varanda
128
Figura 89 – Dormitório
129
Figura 90 – Pista de caminhada e bicicleta
130
Figura 91 – P
Piscina
131
132
Figura 92 – J
Jardim Terapêutico
133
134
Figura 93 – Horta
Figura 94 – Academia
135
Figura 95 – Pergolado que conecta os blocos
Figura 96 – Salão de eventos
136
137
10 CONCLUSÃO
138
O desenvolvimento deste trabalho se deu em pesquisas direcionadas a atender o dependente químico no seu tratamento, em como a arquitetura apresenta diferentes maneiras de influenciar os ambientes. Ao realizar as pesquisas, foi ampliada o conhecimento de como as pessoas se tornam dependentes das substâncias psicoativas, e como isso traz males ao seu organismo, destruindo o físico e psicológico, afetando não somente do dependente, mas de todas as pessoas ao seu redor, causando sofrimento a sua família. Nos últimos anos, vem aumentando as Comunidades Terapêuticas, porém, muitas não são adequadas, por se instalarem em residências e fazerem adaptações, as quais não apresentam infraestrutura. E é importante destacar que esse projeto durante toda a pesquisa levou em consideração esse fato, para propor uma Comunidade Terapêutica que atendesse as necessidades arquitetônicas que contribuíssem para o bem-estar dos residentes. As dificuldades obtidas foram de encontrar informações do terreno e da legislação, pelo fato do terreno localizar-se no município de São Roque, porém, foi possível encontrar através de pesquisas em virtuais. Com a pandemia, foi limitada as visitas, consequentemente não foi possível fazer um estudo de caso conduzido com os residentes do Centro Terapêutico Missão Resgate, mas toda informação necessária foi viabilizada pelo Diretor da instituição através de entrevistas online. Este trabalho propôs um edifício arquitetônico de uma Comunidade Terapêutica para dependentes químicos, que alcançasse uma estrutura adequada e ambientes que auxiliasse a recuperação dos pacientes. A arquitetura é uma ferramenta de transformação direta, que age tanto na recuperação física, quanto psicológica.
139
140
141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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