A c e r v o
A rt í s t i c o A ssociação C omercial
2ª Edição
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PATROCÍNIO:
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P araná
© Associação Comercial do Paraná - 2012
Acervo Artístico da Associação Comercial do Paraná The Paraná Trade Association´s Art Collection
Depósito legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei n0 10.994 de 14 de dezembro de 2004 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) Index Consultoria em Informação e Serviços S/C Ltda. Curitiba - PR A173 Acervo artístico Associação Comercial do Paraná = The Paraná Trade Association art collection/ organizado por Elisabeth Seraphim Prosser. –– 2ª Ed. –– Curitiba: ACP, 2012. 80p. : il. 1. Arte - Paraná. 2. Associação Comercial do Paraná - Acervo Artístico. 3. Associação Comercial do Paraná - Iconografia. I. Prosser, Elisabeth Seraphim. II. Título.
CDD (20.ed.) 700 CDU (2.ed.) 7
IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL
Associação Comercial do Paraná - Rua XV de Novembro, 621 90 Andar - Centro - Curitiba - PR - CEP 80020-925 - www.acpr.com.br
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olocar a arte e a cultura no lugar que lhes é devido, além da exaltação do gênio criativo de homens e mulheres, é também um modo de perenizar para os cultores das manifestações do espírito, por meio da contemplação, as linhas e formas sublimes da visão pictórica
concedida a alguns privilegiados. Com magníficas obras reunidas desde 1920, assinadas por artistas da significação cultural de Alfredo Andersen (o pai da pintura paranaense), Guido Viaro, Theodoro de Bona, Augusto Conte, Waldemar Curt Freyesleben, José Daros e Helena Wong, dentre outros, o Acervo da Associação Comercial do Paraná exposto em suas dependências, é um atestado da inspiração que nossos mestres transportaram para as telas. Com esta publicação, ao lado dos comentários abalizados de críticos e historiadores da arte, permitindo aos interessados de qualquer parte do País e do mundo o conhecimento de sua pequena e rica coleção, a Associação Comercial do Paraná cumpre também seu compromisso de zelar pelo patrimônio social, intelectual e artístico de nossa gente.
Edson José Ramon Presidente da Associação Comercial do Paraná
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lacing art and culture in their due place, in addition to exalting the creative genius of men and women, is also a way of eternalizing those who cultivate the manifestations of the spirit, by contemplating, the sublime forms and lines of the pictorial vision granted to a few privileged people.
With magnificent works collected since 1920, signed by artist of cultural importance like Alfredo Anderson (the father of painting the state of Paraná), Guido Viaro, Theodoro de Bona, Augusto Comte, Waldemar Curt Freyesleben, José Daros and Helena Wong, among others, the inventory of the Paraná Trade Association exhibited in its facilities, is a testimonial to the inspiration that these masters have transported to their screens. Through this publication, next to the updated comments by art critics and historians, and enabling interested people from anywhere in the country and in the world to learn about the small but rich collection, the Paraná Trade Association also delivers on its commitment to zeal for the social, intellectual and artistic patrimony of our people.
EDSON JOSÉ RAMON President of Paraná Trade Association
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2a Edição
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necessidade de se fazer uma segunda edição do livro do Acervo de obras de arte da Associação Comercial do Paraná vem comprovar o valor que lhe é dado e reconhecer a importância do registro desse patrimônio cultural. Seu conteúdo cumpre a função de traçar um panorama da
trajetória da instituição e de seus fundadores, além de tornar acessível a apreciação de 25 quadros de alto valor artístico e histórico que, de alguma forma, retratam momentos e fatos sobre Curitiba e o Paraná. A ideia de reunir as obras de arte da ACP numa espécie de catálogo surgiu quando exerci uma das vice-presidências na gestão de Claudio Slaviero. Iniciamos os trâmites junto ao Ministério da Cultura para, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, conseguir recursos para sua edição. O processo foi longo, visto que requereu pesquisa, textos, traduções, fotos, num trabalho de muitos profissionais, mas a captação aconteceu com certa facilidade, dado o interesse e a relevância do projeto. Lançado em 2010, em pouco tempo os três mil volumes se esgotaram, pois o livro acabou se transformando numa significativa marca da ACP, que a todos encanta. Levado aos quatro cantos do mundo, dada a diversidade dos que o receberam, este pequeno compêndio sobre a arte paranaense contribui, também, para divulgar a nossa cultura. Mais uma vez a arte mostra-se perene e viva, assim como, esperamos, seja também essa Associação. Tendo já perpassado a gestão de três diretorias, confirma a máxima de que vão-se os homens, mas permanecem seus frutos e sua arte. Que muitas novas edições desse livro sejam ainda necessárias. Será sinal de que o sonho e o trabalho de muitos continuarão presentes. Dr.ª Bernadete Zagonel Diretora da ACP Cultural - Gestão 2010-2012
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he need to prepare a second edition of the book on the inventory of works of art of the Paraná Trade Association proves the value that is given to it and recognizes the importance of recording this cultural heritage. Its content delivers the function of drafting the trajectory of the
institution and its founders, in addition to enabling the appreciation of 25 paintings of high artistic and historic value that, in some way, depict moments in fact about Curitiba and Paraná. The idea of grouping the works of art of the PTA in a sort of catalog came up when I was one of the vice presidents in the Claudio Slaviero administration. We started the proceedings at the Ministry of Culture so that, through the Law of Incentive to Culture, we would be able to attract the funds for its publication. It was a long process, given that it required research, copywriting, translations, pictures, the work of many professionals brought together, but the attraction of funds was fairly easy, given the interest and relevance of the project. Launched in 2010, in very little time the 3000 volumes disappeared, because the book became a significant mark of the PTA, which charms everyone. Taken to the four corners of the world, given the diversity of those who received it, this small compendium of the art of the state of Paraná also contributes to disclosing our culture. Once again, art shows itself to be permanent and alive, as we expect will also be this Association. Having been part of three administrations, this confirms the motto that “men move on, but the fruit of their work and their art remains”. May many new editions of this book be needed.This will be a sign that the dream and work of so many will remain present.
Dr.ª Bernadete Zagonel Director of PTA Cultural – Administration2010-2012
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arte e a cultura são uma mostra da alma humana, retratos do que o homem é capaz, tanto individual como coletivamente. A Associação Comercial do Paraná, que completa 120 anos neste julho de 2010, é também uma casa de arte e cultura, uma mostra da
capacidade de criar, transformar e expressar, inerente à sensibilidade humana. Esta publicação é um convite para o conhecimento do Acervo das obras de arte expostas nas dependências da ACP e que demonstram esta capacidade. São 25 criações artísticas, com quadros, entre outros, de Guido Viaro, Alfredo Andersen e Theodoro De Bona e tapeçaria de Jean Lurçat. E há, igualmente, Daros, Augusto Conte, Helena Wong, Ida Hanemann de Campos, Leonor Botteri, Maria Amélia D’Assumpção, Márcia Simões da Fontoura, Sylvio Alves e Waldemar Curt Freyesleben, entre outros mágicos intérpretes da alma humana reunidos no Acervo de nossa entidade. Viva conosco a emoção de apreciá-los.
Avani Slomp Rodrigues Presidente da Associação Comercial do Paraná - 2008/2010
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rt and culture are samples of the human soul, depicting what man is capable, both individually and collectively. The Paraná Trade Association, celebrating its 120th anniversary in July 2010, is also a house of art and culture, a sample of the capacity to create, transform
and express that is inherent to human sensitivity. This publication is an invitation to appreciate the inventory of works of art on exhibition at the facilities of PTA and that are a testimony to this capacity. There are 25 artistic works, with paintings, among others by Guido Viaro, Alfredo Andersen and Theodoro De Bona and tapestry by Jean Lurçat. There are also works of Daros, Augusto Conte, Helena Womg, Ida Hanemann de Campos, Leonor Botteri, Maria Amélia D’Assumpção, Márcia Simões da Fontoura, Sylvio Alves and Waldemar Curt Freyesleben, among other magical interpreters of the human soul brought together in our entity’s inventory. Come and experience with us the thrill of appreciating them.
Avani Slomp Rodrigues President of Paraná Trade Association - 2008/2010
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Sumário Apresentação.......................................................................................................................................... 10 Ennio Marques Ferreira
Atuação da Associação Comercial do Paraná no Contexto Paranaense..............................................................12 Elisabeth Seraphim Prosser
Um Acervo artístico primoroso..................................................................................................................28 Fernando A. F. Bini
Acervo...................................................................................................................................................... 37
Contents Introduction . ......................................................................................................................................................................... 10 Ennio Marques Ferreira
The Paraná Trade Association´s performance in the cultural context of the state ................................................................... 12 Elisabeth Seraphim Prosser
The Art Collection of the Paraná Trade Association ............................................................................................................... 28 Fernando A. F. Bini
Art Collection ........................................................................................................................................................................ 37
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Apresentação sta publicação, que apresenta qualidade gráfica e didática ao mesmo nível dos serviços da Associação Comercial do Paraná, sempre marcados pela excelência, foi idealizada para revelar o que alguns poucos ainda não conheciam: a existência, em sua sede, de um apreciável
e bem conservado Acervo artístico e documental, carinhosamente reunido através dos anos pela sensibilidade e descortino de administrações que se sucedem desde 1889. Não é de hoje, pois, que a ACP se envolve, ou vai sendo suavemente envolvida, pelo mundo das artes visuais, descartando uma suposta incompatibilidade que poderia existir entre suas rígidas atribuições regimentais e as coisas da cultura. Para essas obras chegarem às paredes de sua sede, podemos imaginar quantas negociações devem ter sido mantidas pelos dirigentes e assessores junto a artistas e proprietários desses trabalhos. Abaixo estão resumidamente relacionados, os artistas cujas obras fazem parte da coleção: os paranaenses Andersen, Maria Amelia D’Assumpção, Viaro, De Bona, Leonor Botteri, Daros, Freyesleben, A. Conte, Helena Wong, Ida H. de Campos, Marcia Fontoura, o paulista Sylvio Alves, além de documentos históricos, requintados bronzes de origem européia e outras peças, como a ata de instalação da ACP, datada de 1889. Tudo leva a crer que uma das mais valiosas obras em termos museológicos – não obstante uma possível queixa dos xenófobos – seria a “Alegoria”, tapeçaria de grandes dimensões, do notável pintor francês Jean Lurçat, nascido em 1892, peça que, exibida nas dependências da ACP, sem maiores aparatos, passou a ser objeto do desejo (e da inveja) de museus de arte de várias partes do mundo.
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his book, whose graphic and didactical quality is of the same level of excellence as the services delivered by the Paraná Trade Association, was designed to reveal what a few people were not aware of: the existence at the entity’s headquarters of a considerable and well-
preserved art and document collection, carefully assembled over the years by the sensitivity and insight of the consecutive administrations that have succeeded each other since 1889. So, the Association’s involvement, or its gentle involvement in the world of visual arts, which proves wrong a supposed incompatibility between its strict regimental attributions and cultural aspects, is nothing new. The negotiations undertaken by the entity’s administration and advisors with the artists and owners of these works, before they could be exhibited on the walls the PTA’s headquarters, can easily be imagined. A list of some of the artists whose works are part of the collection includes: from the state of Paraná, there are Andersen, Maria Amélia D’Assumpção, Viaro, De Bona, Leonor Botteri, Daros, Freyesleben, Augusto Conte, Helena Wong, Ida Hanemann de Campos, Márcia Simões da Fontoura; from the state of São Paulo, there is Sylvio Alves, in addition to the historical documents, refined works in bronze of European origin, as well as other objects, such as the minutes of the meeting that established the Association, dated from 1889. It seems that one of the most valuable works, from the perspective of museology – regardless of possible xenophobic-oriented complaints –, is “Allegory”, a tapestry of large proportions, signed by the distinguished French painter Jean Lurçat, born in 1892. This work, displayed on the walls of the Association devoid of devices, has become the object of desire (and envy) of art museums from around the world.
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Esse Acervo artístico, gradualmente amealhado pela ACP, pode ser considerado de relevância talvez não imaginada por aqueles que desconhecem sua história: obras dessa coleção têm sido emprestadas a órgãos culturais, participando de importantes exposições no País e no exterior. Por exemplo, a belíssima tela “Barra do Sul” (1921), de Andersen, fez parte da grande exposição “Alfredo Andersen Volta à Noruega” que circulou em 2001/2002 por Kristiansand (cidade natal do artista) e Oslo e posteriormente exibida em Curitiba no Museu Oscar Niemeyer. Há algum tempo, lá pelos anos 60, o olhar dos dirigentes se voltou para os certames de arte realizados no Estado. Colaborando com os organizadores do Salão Paranaense e de outros eventos paralelos que, como de hábito, dispunham de limitados recursos para uma premiação mais atraente, foram instituídos, com a chancela da ACP, prêmios de aquisição de apreciável valor, que contribuíram para tornar tais iniciativas artísticas mais conhecidas nacionalmente. A entidade sempre tratou a classe artística com o devido respeito e jamais considerou a ajuda por ela prestada como ato de benemerência. Os artistas paranaenses, com certeza, devem estar fazendo votos que outras instituições do gênero sigam o exemplo da Associação Comercial do Paraná no que se refere ao bom relacionamento e consideração para com a classe. Ennio Marques Ferreira
This art collection, gradually assembled by the PTA, can be considered of a great relevance, certainly not imagined by those unaware of its history. Works of this collection have been loaned to cultural institutions, participating in major exhibitions at home and abroad. For example, the beautiful canvas “Barra do Sul” (1921), by Andersen, was part of the great exhibition “Alfredo Andersen Returns to Norway”, held in 2001/2002 in Kristiansand (hometown of the artist) and Oslo, being later held in Curitiba at the Oscar Niemeyer Museum. Some time ago, back around the sixties, the eyes of the leaders of the PTA turned to the art contests held in the state. The entity’s collaboration with the organizers of the Fine Arts Salon of Paraná and other parallel events which, as is usual in these cases, had limited funds to give attractive prizes, enabled Acquisition Prizes of considerable value to be established, which helped in making these art initiatives known at national level . The Association has always treated the artistic class with due respect and never considered the help it provided as a mere act of benevolence. The artistic community of Paraná, in all certainty, hopes that other similar type institutions will follow the PTA’s example of good relationship and consideration for the artistic class.
ENNIO MARQUES FERREIRA
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Atuação da Associação Comercial d o Pa r a n á n o c o n t e x t o p a r a n a e n s e
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uito já se escreveu sobre o importante papel que a Associação Comercial do Paraná historicamente desempenha, desde a sua criação, em julho de 1890. São 120 anos de atuação ininterrupta, muitas vezes pioneira e desbravadora, relativa ao incremento do comércio e de
tudo o que lhe é inerente (vendas, compras, crédito, proteção ao crédito, contatos nacionais e internacionais, exportação e importação), além de projetos mais amplos relativos à Curitiba e ao Paraná. Tudo isso com a preocupação de criar novos mecanismos e possibilidades para o comércio, aperfeiçoar os já existentes e ampliar cada vez mais o seu campo de atuação e o das empresas da região. Fortalecer o comércio e a sua expansão é fortalecer a indústria, a pesquisa, o avanço tecnológico, a economia, a empregabilidade, a renda. É também, consequentemente, possibilitar melhores condições de existência a todos os habitantes da cidade e do Estado, com os seus desdobramentos na saúde, na educação, na segurança e na qualidade de vida. O principal motivo que provocou a criação da ACP foi a defesa do setor produtivo e comercial, em um momento de grandes transformações no País. Ainda na década de 1880, as lutas pela abolição da escravidão e pela República trouxeram consigo, para os empreendedores paranaenses, a clara noção de que precisavam unir-se para enfrentar dificuldades principalmente tarifárias que, sabiam, seriam impostas pela República. Os empresários uniram-se, então, na embrionária ACP, na qual teriam uma protetora e um escudo. Nesse sentido, a liderança firme e clara de seu fundador, Ildefonso Pereira Correia (1849-1894) – o Barão do Serro Azul – foi essencial e decisiva.
THE PARANÁ TRADE ASSOCIATION PErformance in the cuLtural context of the state
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uch has been written about the important role that the Paraná Trade Association (PTA) has historically played since it was established in July 1890. Since then, 120 years of uninterrupted, often pioneer and ground-breaking in driving the growth of trade and all that
this entails (sales, purchases, credit, credit protection, national and international contacts, export and import), as well as broader projects, always relevant to Curitiba and to Paraná. All this, aiming at creating new mechanisms and possibilities for trade, improving existing ones and expanding its field of operation as well as that of the businesses in the region. Strengthening trade and driving its expansion means strengthening industry, research, technological development, economics, employability and income at the same time. This also contributes to improving living conditions for all inhabitants of the city and the state, with its consequences on health, education, safety and quality of life. The main driver for the establishment of the PTA was the defense of commerce and industry, in a time of great changes in the country. Still in the 1880s, the fight for the abolition of slavery and for the proclamation of the Republic brought with it, for the entrepreneurs from Paraná, the certainty that they needed to unite to face the coming difficulties, in particular with respect to tariffs, that they knew would be imposed by the Republic. The entrepreneurs then came together in the still incipient PTA, which should serve as a protection and shielding agency. In this context, the firm and clear leadership of its founder, Ildefonso Pereira Correia (1849-1894)– the Baron of Serro Azul – was essential and decisive.
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O homem de maior prestígio na cidade Barão era, conforme Ruy Wachowicz, o homem de maior prestígio na cidade. Estudou Humanidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, transferindo-se para o Paraná aos vinte anos. Em Curitiba, tornou-se líder do Partido Conservador – que com a Proclamação da República
foi transformado em Partido Republicano Paranaense. Além de político, era um intelectual, um homem esclarecido, de iniciativa, defensor de causas para ele tão importantes quanto o comércio: a educação, a cultura e as associações de classe. Com espírito idealista e aglutinador e seu grande senso organizador da sociedade, reunia em torno de si os expoentes de cada área, imprimindo caminhos. Isto demonstra o alcance da sua liderança, a amplitude da sua visão e a profundidade da sua atuação na Curitiba da época.
Barão do Serro Azul. Retrato a lápis. Acervo Casa da Memória.
Baron of Serro Azul. Portrait in pencil. House of Memory Collection, Curitiba.
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THE MOST PRESTIGIOUS MAN IN THE CITY
he Baron was, according to Ruy Wachowicz, the most prestigious man in the city. He studied Human Sciences in São Paulo and Rio de Janeiro, moving to Paraná in his twenties. In Curitiba, he became the leader of the Conservative Party – which with the proclamation of
the Republic became the Republican Party of Paraná. Besides being a politician, he was also an intellectual, an enlightened man of initiative and a champion of causes that he felt to be as important as trade: education, culture and class associations. With his idealistic and unifying spirit, as well as his posture as organizer of society, he gathered around him exponents of each area, establishing and defining paths. This shows the extent of his leadership, the breadth of his vision and the depth of his performance in Curitiba at that time.
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David Carneiro comenta que o Barão batalhou pela criação de várias escolas, partindo do pressuposto de que a instrução é necessidade fundamental para a melhora coletiva. Entre muitas iniciativas nesse sentido, quando esteve à frente da Sociedade Protetora do Ensino, doou um terreno e fez construir a Escola Tiradentes, a primeira Escola Complementar de 2º Grau no Paraná, a qual teve Julia Wanderley como professora e, depois, como diretora. Ainda no que se refere à educação, à cultura e à arte, assumiu, em meados dos anos 1880, a tesouraria da comissão que angariaria livros para a Biblioteca Pública do Paraná; participou do comitê que organizou a Pinacoteca Paranaense e premiou os melhores alunos da cidade, entre outras iniciativas, como relata Araújo. Em relação às sociedades recreativas e culturais que criou, incentivou e/ou presidiu, destacam-se três movimentos: as sociedades de imigração, que substituíam as abolicionistas e se destinavam a trazer ao Paraná imigrantes europeus que povoassem as terras ainda não exploradas do Estado e que substituíssem, como assalariados, a mão-de-obra escrava; as sociedades maçônicas; e as associações recreativas e culturais, como o Clube Curitibano (1882), entre outros. Já a ACP constituiu-se sua maior realização no campo das associações de classe, aglutinando a maioria dos homens de negócios da época. A entidade assumiu logo um caráter corporativista. Além disso, o Barão possuía engenhos de mate e uma serraria a vapor. De acordo com Adalice Araujo, incomodado com o aspecto artesanal do material gráfico que acompanha as embalagens de erva-mate, ele passou a investir também nesse setor, tornando-se um dos criadores do parque gráfico paranaense. Para a impressão dos rótulos e informativos dos produtos que comercializava, comprou, por volta de 1888, a Impressora Paranaense. Ao trazer para Curitiba dois artistas catalães (Narciso Filgueiras e Floch), tornou-se um dos introdutores da litografia do comércio no Brasil.
David Carneiro comments that, based on the assumption that Education is a fundamental requirement for improvement of the collectivity, the Baron battled for the establishment of several schools. Among many similar initiatives, during his term as head of the Society for Protection of Education, he donated to the city a lot of land and had the Tiradentes School built, the first supplementary secondary school in Paraná, where Julia Wanderley taught as teacher and, later, was the principal. Still in regards to education, culture and art, in the mid-1880s he took over the Treasury Committee in charge of obtaining books for the Public Library of Paraná. He was also a member of the committee that organized the Art Gallery of Paraná and offered rewards for the best students in the city, among other initiatives, as reported by Adalice Araujo. With respect to the cultural and recreation societies he established, encouraged and/or chaired, three main movements stand out: the immigration societies, which replaced the abolitionist societies and were intended to bring European immigrants to Paraná in order to populate the unexplored lands in the state – the immigrants would also replace slave labor with paid workers; the Masonic societies; and the recreation and cultural associations, such as the Clube Curitibano (1882), among others. The Paraná Trade Association is his greatest achievement in the field of class associations, bringing together most of the businessmen of the time. And it soon took on a corporate character. The Baron also owned several matte herb mills – the matte is a typical tea herb of the region – and a steam-powered sawmill. According to Adalice Araujo, uncomfortable with the handcrafted aspect of the graphic material accompanying the packages of matte herb, the Baron decided to invest in this sector, becoming one of the creators of the printing industry of Paraná. In order to print product labels and information for the products he sold, around 1888, he bought Impressora Paranaense. By bringing to Curitiba two Catalan artists (Narcissus Filgueiras and Floch), he became one of the introducers of trade lithography in Brazil.
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Seu envolvimento com a arte pode-se sentir ao percorrer as salas do hoje chamado Solar do Barão. Nas paredes e nos forros de algumas dessas salas, podem-se contemplar exemplos das pinturas que as ornamentavam, à moda das mansões da nobreza europeia. Sem dúvida, em alguns desses recintos houve concertos, declamação e representação dos convidados, costume da época nas reuniões sociais das classes mais abastadas. A morte trágica do Barão, em 1894, ao final da Revolução Federalista, privou a cidade de um homem culto e de visão ampla. Ele bem representava o ideal de cidadão de então: um misto de político, homem de negócios, amante das artes e intelectual. Almejava, ao mesmo tempo, sucesso nos negócios e o desenvolvimento social mediante a educação e a cultura para os seus e para toda a coletividade.
Parte da fachada da mansão de Ildefonso Pereira Correia, o Solar do Barão, à Rua Pres. Carlos Cavalcanti, Foto: E. S. Prosser, Curitiba, 2010.
Part of the façade of Ildelfonso Pereira Correia mansion, the Baron’s Manor, on Pres. Carlos Cavalcanti Street. Photo: E. S.Prosser, Curitiba, 2010
His involvement with art can be felt when crossing the halls of what is today known as the Baron’s Manor. On the walls and ceilings of some of its rooms, examples of paintings that adorned them, in the style of the European nobility manors, can still be seen. There is no doubt that concerts, recitals and performances were given by guests in some of these halls, as this was the custom of that time at upper class social gatherings. The Baron’s tragic death in 1894, at the end of the Federalist Revolution, deprived the city of a man of education and breadth of vision. He successfully represented the ideal citizen of the time: a mix of politician, businessman, patron of the arts and intellectual. At the same time, he strove for success in business and social development through education and culture for his family and for the whole community.
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Salões do Solar do Barão. Foto: E.S. Prosser, Curitiba, 2009. The halls of the Baron´s Manor. Photo: E.S. Prosser, Curitiba, 2009.
Detalhes das paredes, Solar do Barão. Foto: E.S. Prosser, Curitiba, 2009. Details of the walls of the Baron´s Manor. Photo: E.S. Prosser, Curitiba, 2009.
Detalhe do forro da sala contígua à sala de lustre, Solar do Barão. Foto: E.S. Prosser, Curitiba, 2009 Detail of the ceiling painting in the Chandelier Hall, Baron´s Manor. Photo: E.S. Prosser, Curitiba, 2009
Pintura do forro da Sala de Lustre, Solar do Barão. Foto: E.S. Prosser, Curitiba, 2009 Ceiling painting in the Chandelier Hall, the Baron’s Manor. Ph oto: E.S. Prosser, Curitiba, 2009
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David Carneiro frisa: “Durante um quarto de século não se tratou de nenhuma questão importante da vida da Província do Paraná, sem que fosse ele (o Barão do Serro Azul), um dos mentores das iniciativas, senão o líder de todas elas, como homem de negócios e político prestigioso e vitorioso”. Foi graças a ele e ao seu grupo que Curitiba não foi destruída durante a Revolução Federalista. No entanto, seu altruísmo, ao salvar toda a cidade, custou-lhe a vida.
Várias faces de um mesmo prisma
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Abolição e a República encontraram Curitiba e o Paraná em franco desenvolvimento. Entre 1880 e 1920, a cidade experimentava grandes modificações. O enriquecimento econômico e a ascensão social de várias famílias mediante, de um lado, a indústria
e o comércio e, de outro, o saber e a cultura, já haviam se consolidado. A cidade havia incorporado várias modificações ocasionadas por esse enriquecimento. Tanto entre as famílias luso-brasileiras quanto entre as dos imigrantes, multiplicavam-se as empresas e cultivava-se a cultura. Valorizavam-se os empreendedores, da mesma maneira que os professores, os artistas e os intelectuais.
David Carneiro stresses: “For a quarter of a century, not a single important issue in the life of the Province of Paraná was addressed, without him (the Baron of Serro Azul) being one of the mentors of the initiatives, if not the leader of them all, as a prestigious and successful businessman and politician”. Thanks to him and to his group, Curitiba was not destroyed during the Federalist Revolution. However, his selflessness in saving the city, cost him his life.
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SEVERAL FACES OF THE SAME PRISM
he Abolition and the Republic found Curitiba and the state of Paraná in full-fledged development. Between 1880 and 1920, the city experienced major changes.The economic enrichment and social advance of many families, on the one hand, through industry and trade
and on the other, through knowledge and culture, had already been consolidated. The city had incorporated several modifications caused by this enrichment. Among the Portuguese-Brazilian families as well as among the immigrant ones, business multiplied and culture was encouraged. Entrepreneurs were well respected, just as teachers, artists and intellectuals were. At the same time, society was gradually organized around different institutions. Proof of this is the rise, during the last two decades of the
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Ao mesmo tempo, a sociedade se organizava em várias instituições. Prova disso é o surgimento, ainda nas duas últimas décadas do século XIX, de clubes, escolas, teatros e outros aparelhos culturais como o Clube Thalia (1882), o Clube Curitibano (1882), o Theatro São Theodoro (depois chamado Theatro Guayra) (1884), o Handwerker Verein (depois, Sociedade Rio Branco) (1884), o Saengerbund (depois, Clube Concórdia) (1884), a Companhia das Operetas (1884), a Escola de Belas Artes e Indústrias de Mariano de Lima (1886), a própria Associação Comercial do Paraná (1890), o Theatro Hauer (1891), o Grêmio Musical Carlos Gomes (1893), a Escola de Aprendizes e Artífices (depois CEFET e, hoje, UTFPR) (1894), o Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense (1900) e tantas outras. São da década de 1890, também, as primeiras tentativas de criação da Universidade do Paraná (mais tarde Universidade Federal do Paraná), por Rocha Pombo. Esta se efetivou em 19 de dezembro de 1912, com Victor Ferreira do Amaral e Nilo Cairo e é a mais antiga do País. A primeira sede da Universidade (cuja pedra fundamental foi lançada em fins de 1913) aparece em várias fotos e pinturas da época juntamente à primeira sede da ACP. Surpreende, nesta listagem, a importância dada às artes e ao conhecimento. Mesmo os vários clubes tinham, inicialmente, como uma de suas mais importantes atividades, o cultivo da literatura e da música. Além das reuniões sociais, eram apresentadas sessões lítero-musicais, com música, declamação e teatro. Além disso, promoviam-se exposições de pintores e escultores e palestras com os principais artistas e intelectuais da cidade. Uns clubes enfatizavam mais uma linguagem artística específica; outros se dedicavam à difusão e à construção do saber; outros, ainda, como
nineteenth century, of clubs, schools, theaters and other cultural options like the ClubeThalia (1882), the Clube Curitibano (1882), the Saint Theodore Theater (later called the Guayra Theater) (1884), the Handwerker Verein (later the Rio Branco Society) (1884), the Saengerbund (later the Clube Concordia) (1884), the Operetta Company (1884), the Mariano de Lima School of Fine Arts and Industries (1886), the Paraná Trade Association (1890) itself, the Hauer Theater (1891), the Carlos Gomes Musical Guild (1893), the School of Apprentices and Carftsmen (later CEFET and today UTFPR) (1894), the History, Geography and Ethnicity Institute of Paraná (1900) and many others. Also from the 1890s, are the first attempts by Rocha Pombo to establish the University of Paraná (later the Federal University of Paraná). This was not accomplished until December 19th, 1912, by Victor Ferreira do Amaral and Nilo Cairo. It is today the oldest university in operation in the country. The first seat of the University (its cornerstone was laid in late 1913) appears in several pictures and paintings from the time, along with the first headquarters of the PTA. This list is surprising for the importance given to the arts and knowledge. Even the different clubs offered initially, as one of their most important activities, literature and musical events. In addition to social gatherings, literary-musical meetings were held, with music, poetry and theater performances. They also promoted painting and sculpture exhibitions, as well as conferences with the city’s leading artists and intellectuals. Some clubs emphasized more specifically one stream of art, others were involved in the construction and dissemination of knowledge, and others still, like the Clube Curitibano, published literary magazines. The “Clube Curitibano”, for instance, from 1890, brought together writers such as
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o Clube Curitibano, publicavam revistas literárias. O Clube Curitibano, por exemplo, a partir de 1890, congregou escritores como Dario Vellozo, Silveira Neto, Júlio Perneta, Emiliano Perneta, Rocha Pombo, Romário Martins entre muitos outros. Foi também em uma solenidade ocorrida nas dependências do Clube Curitibano que, em 1900, Romário Martins criou o Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense. É revelador o fato de este clube, fundado pelo Barão do Serro Azul, atuar de maneira tão marcante na cultura. É interessante, ainda, observar que os nomes dos fundadores, dos membros das diretorias e dos frequentadores dessas organizações se repetem em várias delas. Isso mostra a união dos intelectuais, dos políticos e dos líderes da sociedade da época em torno dos mesmos ideais, bem como seu trânsito livre no estabelecimento e na vida dos vários aparelhos socioculturais. Assim, a fundação e os anos iniciais da ACP estiveram vinculados a um movimento maior da sociedade curitibana, que abrangia, além dos aristocratas e empreendedores, também os intelectuais, os educadores e os artistas. Lutavam, juntos, pelas mesmas causas e se apoiavam mutuamente. É natural que esta multiplicidade de interesses estivesse presente, também, nas primeiras décadas de funcionamento da ACP. Conhecer essa sociedade e esses indivíduos que se organizavam em inúmeras instituições, nas quais o comércio, a educação, a arte e a cultura desempenhavam, todos, papel tão importante, é fundamental para se compreender a atuação da ACP nos campos da arte e do saber não apenas quando da sua criação, mas em toda a sua trajetória.
Dario Vellozo, Silveira Neto, Júlio Perneta, Emiliano Perneta, Rocha Pombo and Romário Martins among many others. It was also in a ceremony that took place at the Clube Curitibano that, in 1900, Romário Martins established the History, Geography and Ethnicity Institute of Paraná (HGEIP). That this club, founded by the Baron of Serro Azul, acted in a so striking a manner in culture is revealing. It is also interesting to note that the names of the founders, members of boards and patrons of these organizations repeat across many of them. This shows the union among intellectuals, politicians and leaders of society at that time around the same ideals as well as their free transit in the establishment and the lives of different socio-cultural organizations. Thus, the foundation and early years of the PTA were linked to a broader movement of society in Curitiba, which included, in addition to aristocrats and entrepreneurs, intellectuals, educators and artists. All together, they championed the same causes and were mutually supportive. So, it is natural that this multiplicity of interests would be present in the first decades of the PTA’s operation. Knowing these societies and the individuals who organized themselves into many institutions, in which commerce, education, art and culture all played equally important parts, is essential in understanding the performance of the PTA in the fields of art and knowledge - not only in its early years, but throughout its history.
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A Associação Comercial do Paraná e a cultura
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sta união entre a intelectualidade e os empresários da cidade continuou forte e fecunda ainda até além da metade do século XX. Também se mantinha a ênfase que os vários segmentos da sociedade – não apenas dominantes – davam à cultura, ao lazer e ao conhecimento. Além
do apoio da ACP às atividades culturais e intelectuais realizadas pelas instituições locais, ela própria promovia eventos artísticos, palestras e outras iniciativas.
Sede antiga da ACP.
PTA’s former headquarters. PTA’s Collection.
T
THE PARANÁ TRADE ASSOCIATION AND CULTURE
he union between the city’s intellectual and business communities remained strong and fruitful even beyond the mid-twentieth century. The emphasis given by the various segments of society – not just the dominant ones – to culture, leisure and knowledge also remained
present. In addition to the PTA’s support to cultural and intellectual activities undertaken by local institutions, it promoted its own artistic events, lectures and other initiatives.
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De fato, as primeiras décadas do século foram de intensa vida social e cultural, por parte de todos os segmentos sociais. Etelvina Trindade comenta que as muitas festas, refinadas ou populares, religiosas, seculares ou mesmo proibidas, além dos chás dançantes, dos saraus, tanto nos salões dos clubes quanto em ambientes mais restritos, incluíam expressões artísticas e literárias. A ênfase a essas manifestações era tanta, que surgiu, inclusive, um espaço específico para elas, nos vários clubes e instituições: os “serões de arte”, ou “horas de arte”, que geralmente aconteciam durante a tarde. Havia, também, as “palestras da tarde”, muitas proferidas pelo próprio Dario Vellozo. A ACP também mantinha os seus serões. O Acervo da Casa da Memória de Curitiba possui uma foto da platéia de um desses serões de arte, datada de 7 de abril de 1916, às 15 horas. Tratava-se de um concerto ocorrido nos salões da primeira sede própria da ACP, inaugurada em 19 de dezembro de 1913. Na primeira fila, à direita, se vê Afonso Camargo, que mais tarde assumiria a Presidência do Estado do Paraná.
Plateia de um Serão de Arte, em 1916, na ACP. Coleção Julia Wanderley, IHGEP. Acervo Casa da Memória, Fundação Cultural de Curitiba.
The audience of an Hour of Art, in 1916, at the PTA. Julia Wanderley Collection, HGEIP. Memory House Collection, Cultural Foundation of Curitiba.
In fact, the first decades of the twentieth century were of intense social and cultural life, at all segments of society. Etelvina Trindade states that the many parties, sophisticated or popular, religious, lay or even forbidden, in addition to afternoon “tea and dance parties”, to soirées both in clubs or more restricted venues, included artistic and literary manifestations. The emphasis on these events was such that a specific space for them emerged in the various clubs and institutions: the Afternoons of Art, or soirées, which usually occurred during the afternoon. There were also the Lectures in the Afternoon, many given by Dario Vellozo. The PTA also kept its Evenings of Art. The Collection of Curitiba’s Memory House has a picture of the public who visited those events, dated of April 7, 1916, at 3 PM. It was a concert which took place in a hall of the former premises of the PTA, opened on December 19th, 1913. In the first row, on the right, it is possible to see Dr. Affonso Camargo, who would later become president of the state of Paraná.
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A maioria dos serões dava oportunidade à participação ativa de várias pessoas da comunidade, tanto em execuções musicais como em representações teatrais, na expressão poética e em exposições de pintura ou escultura. Jornais da época noticiam a grande afluência de público e a participação dos envolvidos. Destaca-se a reverência com que eram tratados os literatos, os compositores e os pintores, entusiasticamente aplaudidos pelas mãos femininas e admirados e imitados pelos homens da cidade. Todos podiam participar e, mais ainda, os espetáculos eram frequentados por pessoas de todas as classes sociais, desde que comprassem o ingresso e que estivessem “bem vestidas”. Além das Horas de Arte, a ACP promovia, também, exposições dos pintores e escultores da cidade, entre eles as de Maria Amélia D’Assumpção, de Waldemar Curt Freyesleben e muitos outros. Sobre a individual de Freyesleben na ACP, Lina Benghi escreve que a exposição ocorreu no início da sua carreira, logo que ele findou o serviço militar. O evento marcou o início de sua profissionalização pela abertura de caminhos que a crítica lhe proporcionou. É interessante notar que entre os presidentes da ACP e membros das respectivas diretorias, muitos tiveram ligação direta com a história da arte, da educação, da informação e da cultura em Curitiba. Citam-se aqui alguns, cuja atuação nestas áreas oferece um indício do envolvimento dos industriais e comerciantes nessas questões e que, de certa forma, complementam a explicação quanto à vocação não apenas comercial, mas também artística e intelectual da ACP em toda a sua trajetória. As gestões desses homens à frente da Associação coincidem com os períodos da elaboração ou da aquisição de muitas das obras atualmente presentes no seu Acervo ou da realização de vários eventos culturais nas dependências das instalações da instituição.
Most of the Soirées provided opportunity for active participation by many people in the community, in musical or theater performances, in poetic expression and in painting and sculpture exhibitions. Newspapers published reports of large audiences and intense participation. Writers, composers and painters were treated with reverence. They were enthusiastically applauded by women and admired and imitated by the other men in the city. Participation was open to everyone and, even more important than that, the events were attended by people from all social classes, as long as they bought tickets and were “well dressed”. In addition to the Soirées, the PTA promoted painting and sculpture exhibitions of the city’s main artists, including those of Maria Amélia D’Assumpção, Waldemar Curt Freyesleben and many others. About Freyesleben’s individual exhibition at PTA, Lina Benghi wrote that it occurred at the beginning of his career as soon as he finished his military tour of duty. This exhibition marked the beginning of his professional life, for the excellent reviews received from the critics. Interestingly, among the Presidents of the PTA and members of their Boards, many had direct links to the history of art, education, knowledge and culture in Curitiba. We mention but a few, whose performances in these areas provide an indication of the involvement of industrialists and traders in these activities and, in some way, complements the explanation of the PTA’s calling, not only commercial but also artistic and intellectual, throughout its history. These leaders’ administrations of the Association coincide with periods of execution or acquisition of many of the works in its collection today, as well as with the undertaking of various cultural events at the institution’s premises.
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O Comendador José Ribeiro de Macedo (presidente da ACP em 1893-1895 e 1913-1917), além de político, presidiu o Clube Literário Portocimense e a Sociedade de Imigração. Ervateiro, foi um dos maiores exportadores do seu tempo. Inclinado à educação, ocupou cargos na Superintendência do Ensino Obrigatório e, de acordo com David Carneiro, foi, em 1892, o grande elemento de apoio à iniciativa de Rocha Pombo para a criação da Universidade do Paraná. Pamphilo d’Assumpção (presidente da ACP em 1909-1913 e 1927-1931) era casado com a pintora Maria Amélia d’Assumpção, autora de três das obras do Acervo da ACP. Ele, profissional liberal de formação jurídica, escreveu vários livros sobre Direito. Orador fluente e conferencista, foi professor universitário e trabalhou em escritórios de advocacia de destaque nacional. Em sua primeira gestão, foi construída e inaugurada a primeira sede da ACP. O Comendador João Guilherme Guimarães (presidente da ACP em 1919-1923), que abandonou a carreira política por não aquiescer às exigências de desvios de verbas, foi, durante quase vinte anos, entre muitas outras atividades, presidente do Clube Literário de Paranaguá, onde vivia. Em Curitiba, foi um dos fundadores do jornal Gazeta do Povo. O Coronel David Antônio da Silva Carneiro (presidente da ACP em 1923-1927), homem culto e de ampla visão, fundou em 1919 o jornal Gazeta do Povo e, em 1923, o jornal O Dia. O primeiro, juntamente com Benjamin Lins, Plácido e Silva e o já citado João Guilherme Guimarães, entre outros; e o segundo, com Caio Machado, Joaquim de Castro, Rodrigo de Freitas e Alceu Chichorro, que acabou por tornar-se o maior caricaturista do seu tempo na região.
Honorable José Ribeiro de Macedo (PTA President during 1893-1895 and 1913-1917), was a politician and the President of the Portocimense Literary Club and of the Immigration Society. He was also one of the largest matte exporters of his time. Inclined to education, he held positions in the Schooling Superintendency. According to David Carneiro, he was in 1892, the major supporter of Rocha Pombo’s initiative for the creation of the University of Paraná. Pamphilo D’Assumpção (PTA President during 1909-1913 and 1927-1931) was married to the renowned painter Maria Amélia D’Assumpção – she is the author of three works of the PTA’s Art Collection. He, a liberal professional of legal training, has written several books on law. A fluent speaker and lecturer, he was a university professor and worked in law firms of national prominence. In his first term, the first PTA’s headquarter was built and opened. Honorable João Guilherme Guimarães (PTA President in 1919-1923), who abandoned a political career in order not to acquiesce with monies deviations, was for nearly 20 years, among many other activities, President of the Literary Club of Paranaguá where he lived. After moving to Curitiba, he was one of the founders of the Gazeta do Povo daily newspaper. Colonel David Antonio Carneiro da Silva (PTA President from 1923 to 1927), a highly educated man with a broad view, founded in1919, the Gazeta do Povo newspaper, and in 1923, the O Dia newspaper. The former, with Benjamin Lins, Plácido e Silva and the previously mentioned João Guilherme Guimarães, among others; and the latter, with Caio Machado, Joaquim de Castro, Rodrigo de Freitas and Alceu Chichorro. Chichorro became eventually the most important cartoonist of his time in the region.
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Francisco Fido Fontana (presidente da ACP em 1946) era aficionado por cinema e teve papel relevante na história dessa arte na cidade. Muito jovem, estudou pintura com Alfredo Andersen, o norueguês radicado em Curitiba desde 1903 e que acabou tornando-se o “pai da pintura paranaense” - duas de suas obras fazem parte do Acervo da ACP. Apaixonado pela fotografia, Fontana foi também ator de teatro, chegando a possuir um cinema e a fazer incursões na emissão radiofônica. Como industrial, desenvolveu a fabricação de decalcomanias para as fábricas de louças do Estado. Cônsul Honorário da Bélgica, foi também fundador do Touring Clube do Paraná e do Haras Palmital; presidiu o Graciosa Country Club, o Sindicato do Mate e o Coritiba Foot-Ball Club, além de ser político. Epaminondas Santos (presidente da ACP em 1946-1958) fundou e dirigiu a Cerâmica Campo Largo, fábrica de louças. Sua principal realização na área cultural foi a criação da terceira emissora de rádio do País. Esta, em 1939, transformou-se na Rádio Paraná Ltda. e, a seguir, na Rádio Clube Paranaense, a memorável PRB2, que tinha por objetivo instruir, noticiando e divertindo. Em sua gestão, foi construída a atual sede da ACP, inaugurada em 19 de novembro de 1955.
Atual sede da ACP, inaugurada em 19 de novembro de 1955. Foto: Acervo ACP.
The current headquarters of PTA, founded on November 19th. 1955. Photo: PTA Collection.
Francisco Fido Fontana (PTA President in 1946) was a film lover and played a significant role in the city’s cinema history. As he was very young, he studied painting with Alfredo Andersen, a Norwegian living in Curitiba since 1903 and who became the “father of painting in Paraná” - two of his works are in the PTA Art Collection. Passionate about photography, Fontana was also a stage actor, owned one of Curitiba’s first cinemas, and made inroads into radio broadcasting. As an industrialist, he developed the production of decals for the state’s pottery manufacture. Honorary Consul of Belgium, he was also one of the founders of the Touring Club of Paraná and the Haras Palmital (horse breeding farm), as well as Chairman of the Graciosa Country Club, the Matte Herb Trade Union, the Coritiba Football Club, all this in addition to a political career. Epaminondas Santos (PTA President in 1946-1958) founded and directed the Campo Largo Ceramic, a chinaware factory. His main achievement in the cultural area was the establishment of the country’s third radio station. This station became Paraná Radio Ltd. in1939, and then, Paraná Radio Club, the memorable PRB2, which was meant “to instruct by reporting and amusing”. The current PTA headquarters were built during his term, opened on November 19th, 1955.
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Oscar Schrappe Sobrinho (presidente da ACP em 1962-1966) destacou-se no mundo das impressoras e gráficas. Assessor de seu pai, na Impressora Paranaense, passou a presidi-la em 1940, além de dirigir a Sociedade Comercial e Representações Gráficas Ltda. e a Empresa Gráfica Catarinense S.A., entre outras instituições. Assim como esses, os demais presidentes da ACP e os membros das várias diretorias também tinham envolvimento com a cultura e a organização social da cidade. Uns dedicavam-se à literatura e às artes, outros a jornais, outros ainda a diferentes aspectos da vida da cidade, como a saúde e o esporte. Seu apoio aos artistas e aos intelectuais manifestava-se nos inúmeros eventos promovidos pela entidade. Foi somente em 1992, que a então a primeira mulher a presidir a ACP (gestão 1992-1994), Maria Christina de Andrade Vieira, empreendedora, escritora e especialista em História da Arte, solicitou que fosse realizado um levantamento das obras de arte de propriedade da entidade. Mais tarde, em 2005, por iniciativa de Bernadete Zagonel (Coordenadora da Universidade Livre do Comércio), se deu início à elaboração do projeto que culminaria na exposição do Acervo Artístico da ACP e na publicação deste livro, no qual se pretende registrar e disponibilizar as informações concernentes ao Acervo e aos artistas em questão. Para os festejos dos 120 anos da instituição, mais uma mulher une seu nome a essa importante coleção de arte: Avani Slomp Rodrigues, que foi presidente interina da ACP em 2007/2008 e eleita presidente para o biênio 2008-2010.
Oscar Schrappe Sobrinho (PTA President from 1962 to 1966) stood out in the world of printing and graphics. His father’s advisor in Impressora Paraná, he became its president in 1940, in addition to managing the Sociedade Comercial e Representações Gráficas Ltd. and Gráfica Catarinense S.A.among other institutions. Similar to these, the PTA’s other presidents and members of the different administrations were also involved in culture and the city’s social organization. Some were devoted to literature and the arts, others to newspapers, still others to various aspects of city life such as health and sports. Their support to artists and intellectuals of the time manifested itself in the numerous events organized by this Association. It was not until 1992 that the first woman to chair the PTA (1992-1994), Maria Christina de Andrade Vieira, entrepreneur, writer and Art History specialist, requested a survey of the works of art owned by the Association. Later, in 2005 Bernadete Zagonel (Coordinator of the Free University of Trade) started the preparation of the project that culminated in the first exhibition of this Art Collection and in the publication of this book, which seeks to register and to provide information concerning these works and the artists who created them. For the celebrations of the institution’s 120th anniversary, another woman joins her name to this important Art Collection: Avani Slomp Rodrigues, PTA Interim President in 2007/2008 and elected President for the 2008-2010 term.
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Foi graças à sua sensibilidade e comprometimento com esse conjunto de pinturas, gravuras e esculturas, que foram possíveis a primeira exposição deste Acervo e esta publicação, como parte das comemorações de data tão significativa. Assim, as mulheres, que anteriormente vinham assistir aos Serões de Arte nos salões da ACP, passam de componentes da plateia a protagonistas da história da instituição e da arte paranaense. Ao mesmo tempo, oficializa-se uma coleção que vem ao encontro das aspirações do Barão do Serro Azul, quando se envolveu na criação da Pinacoteca Paranaense, ainda na década de 1880. O Acervo Artístico da ACP, como se pode observar, é constituído de importantes exemplares de alguns dos maiores nomes da pintura do Estado. À instituição, a gratidão do público e dos admiradores da arte paranaense, pela guarda e pela preservação de uma parte tão especial do patrimônio cultural da cidade e que representa mais de meio século da arte do Estado. Em um momento em que se festejam os 120 anos da instituição, só resta aos amantes da arte a esperança de que este acervo continue se expandindo, com a inclusão da produção de novos artistas.
Dr.ª Elisabeth Seraphim Prosser Professora de História da Arte e autora de diversos livros sobre a História Social da Arte Paranaense. Março de 2010
Her sensitivity and commitment to this set of paintings, prints and sculptures, that enabled the first exhibition of the PTA Arts Collection and the publication of this catalog, as part of the celebration of such a significant date. Thus, women, who previously attended the art Soirées in the PTA halls, have become the protagonists of the history of art in this institution and in Paraná. At the same time, the official creation of this collection meets the aspirations of the Baron of Serro Azul, at the time when he was involved in the founding of the Art Gallery of Paraná, in the 1880s. The PTA Art Collection, as can be seen, consists of major examples of some of the state’s most important and representative painters. To the institution, the gratitude of the public and art lovers of Paraná, for the custody and preservation of a very special part of the city’s cultural heritage and which represents almost a century of art in the state. At a time whe the institution’s 120th anniversary is being celebrated, art lovers can only hope that this collection will continue to grow and include the production of new artists.
Dr.ª Elisabeth Seraphim Prosser Professor of Art History at the School of Music and Fine Arts of Paraná (UNESPAR). Researcher of the Social Art in Paraná.
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UM A CER V O A RT Í STICO PRIMOROSO
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randes eventos da história, às vezes, dependeram da iniciativa de um pequeno grupo de pessoas idealistas, com o pensamento no futuro e com a certeza do seu papel naquele momento e naquela sociedade.
O Paraná transformava-se, o tropeirismo era substituído por uma atividade de extração baseada em seus recursos naturais - a extração da erva-mate e sua consequente industrialização e comercialização. Na origem da Associação Comercial do Paraná não se pode deixar de mencionar a presença do Barão do Serro Azul, Ildefonso Pereira Correia, homem cultivado, preocupado com o progresso de sua Província e com a sua ação empresarial, principalmente no desenvolvimento da indústria do mate, da madeira e da indústria gráfica. Assim, a ACP surge com intuitos bem definidos, não ignorando o seu papel na sociedade que se desenvolvia. Mas é importante notar que no final do século XIX até praticamente os anos 80 do século XX, instituições como, por exemplo, a Santa Casa de Misericórdia, a Universidade Federal do Paraná, o Clube Curitibano e a Associação Comercial do Paraná estavam na vanguarda em incentivar o desenvolvimento artístico de Curitiba. Pelo menos essas quatro, que são do meu conhecimento, formaram acervos representativos da pintura paranaense e que servem, hoje, como base para pesquisas. Além de aquisições de obras de artistas relevantes, de encomendas de retratos dos homens públicos, várias entidades e mesmo empresas particulares tinham o hábito de incentivar a arte paranaense por meio de prêmios de aquisição em salões como o Salão Paranaense de Belas Artes, criado em 1944 e que existe até os dias de hoje na sua 63ª. edição.
THE ART COLLECTION OF THE PARANÁ TRADE ASSOCIATION
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ajor events in history at times depended on the initiative of a small group of idealists, who glimpsed the future and knew their role at that moment and in that society.
The State of Paraná was going through a great transformation. The muleteer activity was replaced by another based on the extraction of natural resources extraction of the matte herb and its ensuing industrialization and marketing. At the origins of the Paraná Trade Association (PTA), we cannot but mention the presence of the Baron of Serro Azul, Ildefonso Pereira Correia, a highly educated man, concerned with the progress of his Province as well as about his own business activity, especially in the industrial development of the matte, wood and printing industry. Thus, the PTA came to life with well-defined intent, without ignoring its role in the developing society. It is important to notice that from the late nineteenth century until almost the 1980s; institutions such as the Santa Casa, the Federal University of Paraná, the Clube Curitibano and the Paraná Trade Association were at the forefront in driving the city’s artistic development. At least these four, to my knowledge, put together representative painting collections, which today serve as a basis for research. In addition to acquiring works of relevant artists and ordering portraits of men in public positions, different entities and even private enterprises had the habit of encouraging the arts in Paraná by Acquisition Prizes in art salons as the Fine Arts Salon of Paraná (the Salão Paranaense de Belas Artes), established in 1944 and that exists to this day, currently in its 63rd edition.
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Uma pintura é, por princípio, um objeto único. Portanto, ela é originalmente extraordinária. Mas não é difícil comprovar, além da sua unicidade, o valor artístico do Acervo da ACP. As solicitações de empréstimo de obras para participarem de mostras individuais ou coletivas de artistas paranaenses assim o atestam: Maria Amélia D’Assumpção, Alfredo Andersen e Helena Wong são alguns exemplos. Isto nos faz crer estarmos diante de uma coleção que possui algo que poderíamos chamar, metaforicamente, de “joias” artísticas. As obras mais antigas datam dos anos 1920, período em que as artes paranaenses começaram a definir o seu perfil tradicional baseado no rigor acadêmico que era implantado pela Escola de Alfredo Andersen. Apesar de movimentos artísticos isolados no campo das artes visuais, como foi o caso de Iria Correia, parente próxima do Barão do Serro Azul, em Paranaguá, é a Escola de Andersen que vai conduzir os artistas paranaenses para a profissionalização e o domínio técnico da pintura. Ainda nos anos 20, começando com o movimento literário e depois acompanhado, principalmente, por João Turin, os intelectuais paranaenses começavam a falar em Modernismo. As duas obras datadas de 1921 são de Alfredo Andersen (1860-1935), pintor norueguês que desembarcou em Paranaguá nos anos finais do século XIX, decidiu ficar no Brasil e se fixou em Curitiba a partir de 1902, atraído pelo desenvolvimento cultural da cidade e pela existência aqui da Escola de Belas Artes e Indústrias do Paraná, dirigida na época por Antonio Mariano de Lima. Andersen vislumbra a possibilidade de ser professor nesta escola e poder agir em um campo ainda virgem no profissionalismo artístico. Começa imediatamente seu magistério até ter um local adequado para suas aulas no prédio da Rua Mateus Leme, em Curitiba, que hoje leva o nome de Museu Alfredo Andersen.
A painting is by principle a unique object, and, therefore, extraordinarily original. However, proving the uniqueness and value of the inventory of the PTA’s Art Collection is not difficult. Requests for loaning the works to participate in individual or collective exhibitions of the state’s artists attest to this: Maria Amélia D’Assumpção, Alfredo Andersen and Helena Wong are some examples. This makes us believe we are before a collection composed of something that metaphorically might be called art “jewels”. The earlier works works dating from 1921 in the PTA Art Collection are both works by Alfredo Andersen (1860-1935), a Norwegian painter who arrived in Paranaguá in the late nineteenth century and decided to stay in Brazil. He settled in Curitiba in 1902, attracted by the city’s cultural development and by the existence of the school of Fine Arts and Industries of Paraná, at that time directed by Antonio Mariano de Lima. He glimpsed an opportunity to be a teacher in this school and to act in a still virgin field of artistic professionalism. He immediately began teaching at this school, until he is able to afford a suitable location for his classes in the building on Mateus Leme street, in Curitiba, which now bears the name Alfredo Andersen Museum.
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As obras que pertencem à ACP são duas pinturas a óleo sobre tela com paisagens de “Barra do Sul” e “Piraquara”. Nelas Andersen mostra o artista notável que é, pois conhece e domina os variados estilos europeus do fim do século XIX, mas influenciado pela luz e pela atmosfera que, no momento, já adquirira do ambiente brasileiro. Essa versatilidade que apresenta em suas telas é que lhe dará fama, afastando-se do dogmatismo acadêmico e mostrando que sabe resolver todos os problemas pictóricos e que também sabe satisfazer as necessidades da elite cultural paranaense no início do século XX. Andersen é quem prepara o Paraná para um novo período artístico. Da sua escola saem muitos artistas brilhantes que seguirão o caminho da pintura. É o caso de Maria Amélia D’Assumpção (1883-1955), aluna da Escola de Alfredo Andersen, uma pintora que se dedicou especialmente ao gênero de Naturezas Mortas. Dela, o Acervo possui três obras importantes: “Natureza Morta” (Pinha) de 1928, “Natureza Morta” (Flores) e “Natureza Morta” (Tacho). As que não estão datadas mostram que ela é uma grande colorista, mas que ainda se mantém presa ao rigor acadêmico. Na obra “Natureza Morta” (Tacho), podemos entender perfeitamente porque Adalice Araújo lhe dá o título de “Pedro Alexandrino Paranaense”, um dos mais conhecidos pintores de naturezas mortas brasileiro. Theodoro De Bona (1904-1990) também frequentou a Escola de Andersen, mas continuou seus estudos e pesquisas durante um período de quase dez anos em Veneza, participando dos movimentos artísticos europeus incluindo a Bienal de Veneza. Seu tema preferido é a paisagem e é uma “Paisagem com Pinheiros” a obra que faz parte do Acervo. De Bona foi artista de expressão internacional e nacional contribuindo com o desenvolvimento das linguagens pictóricas na arte brasileira, especialmente quando trouxe as pinceladas e o colorido veneziano para a arte do Paraná. Foi por longos anos professor da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, da qual foi também fundador.
His works that belong to the PTA are two, oil on canvas paintings with landscapes of “Barra do Sul” and “Piraquara”. In them Andersen showed the notable artist he was: one who knew and mastered the different European styles of the late nineteenth century and who, at that time, influenced by light and atmosphere acquired the Brazilian ambiance. This versatility displayed on his canvasses is what gives him fame, moving away from academic dogmatism and showing that he knew how to solve all pictorial problems, as well as meet the needs of the state’s cultural elite in the early twentieth century. Andersen was the one who prepared Paraná for a new artistic period. From his school came many brilliant artists who dedicated themselves to follow the path of painting. This is the case of Maria Amélia D’Assumpção (1883-1955), a student at Alfredo Andersen’s school who engaged primarily in the genre of still life paintings, of which this collection has three major works: “Still Life” (Pine) of 1928, “Still Life” (Flowers) and “Still Life” (Copperpan), the two latter undated. These works show she was a great colorist, but still remained attached to academic rigor. In “Still Life” (Copperpan) we can well understand why Adalice Araújo gives her the title of “Pedro Alexandrino of Paraná”, one of the best known still life painters of Brazil Theodoro De Bona (1904-1990) also attended Andersen’s school, but continued his studies and research over a period of almost ten years in Venice, taking part in European artistic movements, including the Venice Biennale. Landscapes were his favorite subject, and it is a “Landscape with Pine-trees” his work that is part of this collection. De Bona was an artist of international and national expression, contributing to the development of pictorial language in Brazilian art, as he brought the Venetian brush stroke sand colors to the art of Paraná. For many years, he was Professor at the School of Music and Fine Arts of Paraná, of which he was also a founder.
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Outro grande paisagista aluno de Andersen, presente nessa mostra é Waldemar Curt Freyesleben (1899-1970). Sua “Paisagem”, de 1956, apesar de manter ainda a objetividade herdada da arte acadêmica, já apresenta as pinceladas inquietas que vão aproximá-lo, algumas vezes, da tendência expressionista sem, embora, ignorar o colorido vibrante de paisagens ensolaradas. Foi também notável retratista e autor de muitos autorretratos. José Daros (1898-1981) tem uma formação bastante eclética, frequenta a Escola de Aprendizes e Artífices em Curitiba, tem aulas com Alfredo Andersen, viaja ao Rio de Janeiro, conhece Portinari e tem aulas com Oswaldo Teixeira e se dedica principalmente aos retratos, apesar de ter também pintado paisagens. Na coleção são seus trabalhos um retrato em tamanho natural do General David Carneiro e o retrato do Barão do Serro Azul, para o qual ele deve ter tomado como modelo o retrato do Barão pertencente ao Museu Paranaense, de autoria de Antonio Mariano de Lima (Freyesleben também é autor de um retrato do Barão, que está no Clube Curitibano, que seguiu o mesmo modelo). Daros é mais rigoroso na sua objetividade que os outros alunos de Andersen, talvez pelo contato com Oswaldo Teixeira. Mas, conserva do mestre paranaense a pincelada alegre e colorida, principalmente nas encarnações. Aluno de Lange de Morretes, que fora aluno de Andersen, foi o pintor Augusto Conte (1913-1982), essencialmente paisagista e preocupado com o sentido de documentação que a obra pictórica poderia ter. Fez diversas reconstituições de aspectos da paisagem urbana de Curitiba, baseados em documentação histórica. Por isso, a escolha de uma solução mais acadêmica, como, por exemplo, é o seu trabalho “A Universidade Federal do Paraná e a Associação Comercial do Paraná”, dessa coleção.
Another great landscape artist present in this collection, also Andersen’s student, is Waldemar Curt Freyesleben (1899-1970). His “Landscape”, of 1956, while still maintaining the objectivity of academic art, already embodies the restless strokes that would bring this artist, sometimes, closer to the expressionist trend, without however ignoring the vibrant color of sunny landscapes. He was also a portrait artist of renown and author of many self-portraits. José Daros (1898-1981) had quite an eclectic education, he attended the school of Apprentices and Craftsmen in Curitiba, had classes with Alfredo Andersen, traveled to Rio de Janeiro, met Portinari, took lessons from Oswaldo Teixeira, and dedicated his work mainly to portraits, despite having painted landscapes as well. In this collection, there are two of his works: a real size portrait of General David Carneiro and the portrait of the Baron of Serro Azul, for which he most probably took as a model the Baron’s portrait belonging to the Museum of Paraná, painted by Antonio Mariano de Lima (Freyesleben is also the author of a portrait of the Baron, which is at the Curitibano Club and used the same model). Daros was stricter in his objectivity than other students of Andersen, perhaps because of his contact with Oswaldo Teixeira, but he kept the lively and colorful stroke of the master of Paraná, especially in the embodiment. The painter Augusto Conte (1913-1982) is a student of Lange de Morretes, who had also been a student of Andersen’s. Essentially a landscaper and concerned with the documental aspect that pictorial works could take on, he made several reconstructions of aspects of Curitiba’s urban landscape, based on historical documentation. Therefore the choice of a more academic solution, as is the case in his work “The Federal University of Paraná and the Paraná Trade Association”, part of this collection
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Apesar de Andersen e alguns de seus alunos terem demonstrado certa inquietude com relação à arte acadêmica, tendo ido em direção a caminhos inovadores na pintura do Paraná, é principalmente Guido Viaro (1897-1971) que inicia a nossa modernidade propriamente dita. Ele e seus alunos é que começam a dissolução da forma convencional, o uso abstrato da cor, o primado da emoção e o distanciamento da “imitação”. Percorrendo a obra plástica de Viaro, pode-se notar a crescente independência da imagem e o desenvolvimento de uma intensa subjetividade do artista como criador. Gosta da paisagem, mas é o homem o ator, e ele está sempre presente, como nesta “Marinha (Guaratuba)” dos anos 60. Ainda não há um estudo aprofundado sobre a presença dessas obras na Associação Comercial do Paraná, mas as citadas acima nos parecem ter entrado na coleção através de aquisições e doações. No entanto, há um conjunto expressivo de obras que vieram de premiações que a Associação oferecia aos salões oficiais do Paraná, principalmente ao Salão Paranaense de Belas Artes. O trabalho de Leonor Botteri (1916-1998), “Figura”, foi prêmio no XIV Salão Paranaense de Belas Artes de 1957, que ficou marcado pela revolta de jovens artistas e deu início ao chamado Movimento de Renovação da Arte Paranaense. Quando se fala em Botteri, algumas telas nos vêm imediatamente à mente, pois marcaram a tendência dita “expressionista” da arte no Paraná e que tem suas origens em Guido Viaro, de quem ela foi aluna entre 1942 e 1945. É um “expressionismo” estranho e inquietante, uma compulsão interior, algo que deveria ficar escondido, mas que saiu. Um “expressionismo” nostálgico e não marcado pela guerra como o expressionismo europeu. Mas, anuncia a mesma crise do sujeito. É o caso dessa obra, ela é um autorretrato, com um olhar que nada olha, o olhar fixo, o esplêndido isolamento. Outra aluna de Guido Viaro é a pintora Ida Hanemann de Campos (1922), que se mantém até hoje ligada a uma figuração lírica, chegando algumas vezes próxima da abstração, quando os elementos vegetais de suas paisagens se fundem com outros ou com figuras humanas, criando imagens simbólicas de intenso e vibrante colorido. Isto é claramente visível na tela “Paisagem II”, premiada no Salão Paranaense de Belas Artes de 1960.
Although Andersen and some of his students demonstrated a level of restlessness with regards to academic art, going down innovative paths in painting in Paraná, it is primarily Guido Viaro (1897-1971) who represents the start of our modernity. He and his students were the first ones to really work toward the dissolution of conventional form, the abstract use of color, the primacy of emotion and the detachment from “imitation”. Going through the visual work of Viaro, it is possible to notice the growing independence of images and the development of an intense subjectivity of the artist as a creator. He liked landscapes, but considered man the actor. Man is always present, as in this “Marinha (Guaratuba)” of the 1960s. A detailed study on the origin of the presence of these works in the Paraná Trade Association has never been carried out, but the ones mentioned above seem to have entered this collection through purchases and donations. However, there is a significant number of works that came from awards that the Association gave in the official salons of Paraná, in particular for the Fine Arts Salon of Paraná. Leonor Botteri’s (1916-1998) work, “Figure” was an award winner at the 15th Fine Arts Salon of Paraná in 1957, which was marked by the revolt of young artists and kicked off the so called Renewal Movement of the Art of Paraná. As for Botteri, some of her canvasses come immediately to mind, for they marked the “expressionist” trend of art in the state and have their origins in Guido Viaro, who student she was between1942 and 1945. It is a strange and disturbing “expressionism”, an inner compulsion, something that should remain hidden but came out. A nostalgic “expressionism”and not marked by war as was European expressionism, but which announces the same subject crisis. This is the case of this work: a self-portrait with a look that sees nothing, that stares, in splendid isolation. Another of Guido Viaro’s student is the painter Ida Hanemann de Campos (1922), who remains to this day connected to a lyrical figuration, sometimes coming close to abstraction, when the plant elements of her landscape merge with others or with human figures, creating symbolic images of intense and vibrant color, clearly visible in “Landscape II”, winner of Fine Arts Salon of Paraná in 1960.
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Helena Wong (1931-1990), nasceu em Pequim, na China, mas desde os 13 anos viveu em Curitiba, se integrou aos movimentos artísticos da cidade e aprendeu a transformar sua dor em pintura. Sua obra é basicamente expressionista, tendendo para a abstração lírica e é o que podemos ver na obra “Marinha”, premiada no Salão Paranaense de 1961. As pinturas de Helena são evocações de “paisagens” que valem como alusões a um universo interno: a superfície da tela é transformada em espaço agitado de representações de ondulações e relevos, riscados com o pincel e de traços rápidos, aparentemente nervosos, e a harmonia se instala entre os cheios e os vazios, o próximo e o afastado, o estático e o dinâmico, e o seu cromatismo atinge raras sutilezas. De uma geração mais recente, com pesquisas conceituais mais contemporâneas, encontramos a obra de Márcia Simões. Usando das possibilidades das colagens, assemblages e citações aliadas à pintura e ao desenho, ela produz uma obra rigorosamente crítica sobre o valor do humano na sociedade contemporânea. Misturada com reminiscências da infância e da adolescência, mas que nos fazem lembrar da frase de Julio Cortazar sobre a Nicarágua, sua obra é “tão violentamente doce”, cujo discurso é uma advertência sobre a impossibilidade da criança viver a sua infância, sem o direito de se expressar. Sua obra “Sem título” fez parte da Exposição Caiú-Curitiba, no Museu de Arte Contemporânea do Paraná, em 1979. O conjunto de obras de artistas paranaenses ou radicados no Paraná termina na obra de Bernadette Panek (1958), que faz parte da chamada Geração 80. Já liberada da pressão dos anos negros da ditadura, sua obra surge com uma vontade muito grande de expressão, não querendo obedecer a limites na sua criação. Bernadete é formada em pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, mas se dedica, principalmente, à gravura, à xilogravura e à litografia. O exemplo que temos no Acervo é uma xilogravura em duas cores, “Sem título”, de 1991. Procuramos assim discorrer sobre uma parte da história da arte paranaense, quase um passeio através das obras do Acervo que começa nos anos 20 e chega até os anos 90. Mas a coleção ainda conta com contribuições de outros artistas, sejam eles nacionais ou internacionais.
Helena Wong (1931-1990), born in Beijing, China, lived in Curitiba since the age of 13. She joined the city’s artistic movements and learned to turn her own pain into painting. Her work is basically expressionist, tending toward lyrical abstraction. This is what we see in this work “Marine”, award winner at the 1961 Fine Arts Salon of Paraná. Helena’s paintings are evocations of “landscapes” which should be taken as allusions to an internal universe: the screen surface is transformed into a restless space of representations of rough waves and reliefs, scratched with her brush and fast strokes, apparently nervous. Harmony establishes itself between full and empty, near and far away, static and dynamic, and its chromatic nature reaches rare levels of subtlety. From a later generation, with more contemporary conceptual research, is the work of Márcia Simões da Fontoura. using the possibilities of collages, assemblages and quotes combined with painting and drawing, she produces strictly critical work about the value of man in contemporary society. Mixed with reminiscences of childhood and adolescence, but that recalls the words of Julio Cortázar on Nicaragua, her work which is part of the PTA Art Collection, is “so violently sweet”, with a warning about the impossibility of children living their childhood, without the right to express themselves. “Untitled” was part of the Exhibition Caiú-Curitiba, at the Contemporary Art museum of Paraná in 1979. The set of works by artists from or rooted in Paraná ends with the work of Bernadette Panek (1958), which is part of the so-called Eighties Generation. Already released from the pressure of the dark years of dictatorship, her work comes with a great will of expression, not willing to obey limits in her creation. Bernadette has a degree in painting from the School of Music and Fine Arts of Paraná, but dedicates herself mainly to engraving, woodcarving and lithography. The example we have in this collection is a woodcut in two colors, “Untitled”, of 1991. We sought to discuss this part of the Art History of Paraná, almost taking a stroll through the works of this collection, which begins in the twenties and reaches the nineties. But it also features contributions from other artists, national or international.
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Sylvio Alves (1926) pintor e professor paulista é um artista de grandes qualidades técnicas como se pode ver na “Marinha (Porto de Santos)”, premiada no XV Salão Paranaense de Belas Artes de 1958. A marinha e o Porto de Santos são um dos seus temas preferidos. Uma grande obra de valor internacional do Acervo é a tapeçaria de Jean Lurçat (1892-1966), artista francês, pintor, gravador, ilustrador e tapeceiro. Na sua pintura foi diretamente influenciado por Matisse e Cézanne que, aliada ao seu trabalho inicial de afrescos, dará o sentido de monumentalidade à sua obra no momento que descobre a tapeçaria. Nova influência é sentida, principalmente a de Picasso e dos surrealistas, no momento que resolve renovar a tradição dos Gobelins e passa a criar um estilo pessoal, dando total liberdade ao seu lirismo nessa escala monumental. Vem ao Brasil algumas vezes e em 1954 faz contato com Genaro de Carvalho, nosso maior tapeceiro, e é quando une aos seus temas medievais os elementos mágicos da fauna e da flora brasileiras. Essa “Alegoria”, presente na coleção, ainda está ligada às suas criações de inspiração medieval, o homem que se vê sempre ameaçado, mas jamais é desamparado pela esperança; o homem e o lobo: “O encontro com o homem predomina, embora o lobo surja, por vezes no caminho” (Costa e Mello, 1959). O Homem (o herói) com o peixe, símbolo místico de Cristo, é afastado do lobo (o mau) por uma floresta de azevinho; há o perigo e o desastre, mas a sua mensagem é sempre a esperança. A tapeçaria foi tecida no Atelier Tabard, em Aubusson, a mesma oficina que teceu sua mais importante obra que foi “O Canto do Mundo”. Seus temas são sempre simbólicos, de origem mística e medieval, estilizados na construção de seus elementos: os heróis, a liberdade, o céu, os astros e os animais que fazer surgir um imenso bestiário totalmente pessoal.
Sylvio Alves (1926), painter and professor in São Paulo, is an artist of great technical qualities, as seen in “Marine of the Port of Santos”, award winner at the 15th Fine Arts Salon of Paraná in 1958. Marine scenes and the Port of Santos are his favorite subjects. A great work of international value in this collection is a tapestry by Jean Lurçat (1892-1966), a French artist, painter, engraver, illustrator and tapestry maker. In his painting he was directly influenced by Matisse and Cézanne. This, added to his early experience with frescoes, gives his work a sense of monumentality at the time when he discovers tapestry. New influence is felt, especially from Picasso and the surrealists, as he decides to renew the Gobelin tradition and creates a personal style, giving full freedom to his lyricism on a monumental scale. He travels to Brazil a few times and in 1954 makes contact with Genaro de Carvalho, our most important tapestry maker. Then, he unites his medieval themes to magical elements of Brazilian fauna and flora. “Allegory”, present in this collection, is still attached to his creations of medieval inspiration. Man finds himself permanently threatened, but is never forsaken by hope; man and wolf: “the encounter with man prevails, although the wolf sometimes appears along the way” (Costa and Mello, 1959). Man (the hero) with the fish, mystic symbol of Christ, is driven away from the wolf (evil) through a forest of holly. There are danger and disaster, but his message is always of hope. This tapestry was woven in the Atelier Tabard, in Aubusson, the same workshop in which wove his most important work, “World Song”. His themes are always symbolic, of mystical and medieval origin, stylized in the construction of its elements: heroes, freedom, sky, stars and animals that give rise to a huge, and entirely personal, bestiary.
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A coleção de arte da Associação Comercial do Paraná se conclui com uma série de gravuras, em serigrafia, de um grupo expressivo de artistas paulistas de tendência abstrata geométrica. Também faz parte do grupo o artista amazonense Zeca Nazaré (1952), o mais figurativo entre eles, mas que é autor de uma obra lírica baseada principalmente nos elementos da natureza. Ângela Maino (1952), com muita influência da cultura pop, utiliza signos urbanos com cores vivas e contrastantes. Luli Hunt (1963) trabalha o espaço com maior liberdade, usando elementos gráficos coloridos de valores oníricos. E finalmente Silvio Oppenheim (1941) pintor, gravador, desenhista e arquiteto que, pela sua vasta formação, dispõe de grandes recursos técnicos, tanto no uso da serigrafia como na organização plástica de seus elementos geométricos e no domínio da cor. A organização deste catálogo e desta exposição do Acervo Artístico da Associação Comercial do Paraná se reveste de uma tríplice função: apresentar obras de real valor artístico e histórico para o público interessado na cultura, não só paranaense ou brasileira, mas também internacional. Segundo, disponibilizar as obras, por sua importância, para poderem completar outras exposições retrospectivas ou temáticas e, em terceiro lugar, se tornar mais uma coleção que possa produzir a reflexão teórica, o conhecimento histórico e também a contemplação estética.
Fernando A. F. Bini * Professor de História da Arte e Crítico de Arte da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) e da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA). Março de 2010
The Art Collection of the Paraná Trade Association is completed by a number of silk-screen prints of a significant group of artists, most of them from São Paulo, of abstract geometric trend. Part of this group is the artist from the state of Amazonas, Zeca Nazareth (1952), the most figurative among them, but author of a lyrical work based mainly on elements of nature. Angela Maino (1952), with strong pop culture influence, uses urban signage with bright and contrasting colors. Luli Hunt (1963) works space with greater freedom, deploying color graphics elements in connection to dream values. Finally Silvio Oppenheim (1941), a painter, engraver, designer and architect who, due to his extensive training, has vast technical resources in the use of silkscreen printing, in the visual organization of geometric elements and in the mastery of color. The organization of this catalog and of the exhibition of the Art Collection of the Paraná Trade Association takes on a threefold function: first, to present works of real artistic and historical value to the general public interested in regional, Brazilian and international culture; second, because of the importance of these works, to make them available to complete other retrospective or thematic exhibitions; and thirdly, to become a collection able to produce theoretical thought, historical knowledge as well as aesthetic contemplation.
Fernando A. F. Bini Professor of Art History and Art Critic of the Brazilian Art Critics (ABCA) and of the International Association of Art Critics (IAAC). March 2010
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BIBLIOGRAFIA / bibliography
ARAÚJO, Adalice Maria de. Dicionário das Artes Plásticas no Paraná, v. 1, Curitiba: Edição do autor, 2006 ------. Arte Paranaense Moderna e Contemporânea, em questão 3.000 anos de arte paranaense, Curitiba: UFPR, 1974 JUSTINO, Maria José. Guido Viaro, um visionário da arte, Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2007 ------. 50 anos do Salão Paranaense de Belas Artes, Curitiba: Museu de Arte Contemporânea do Paraná, 1995 ------. (Org.) Tradição/Contradição, Curitiba: Museu de Arte Contemporânea do Paraná, 1986 FERREIRA, Ennio Marques, 2001 Andersen volta à Noruega, Curitiba: Museu Alfredo Andersen, 2001.
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ALFREDO ANDERSEN
ALFREDO ANDERSEN
Barra do Sul, 1921 Óleo sobre tela - 47 x 71 cm
Barra do Sul, 1921 Oil on canvas - 47 x 71 cm
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ALFREDO ANDERSEN
ALFREDO ANDERSEN
Piraquara. 1921 Óleo sobre tela - 45 x 60 cm
Piraquara, 1921 Oil on canvas - 45 x 60 cm
Maria amélia D’assumpção Natureza morta (Pinha). 1928 Óleo sobre tela - 45 x 66 cm
Maria amélia D’assumpção Still life (Pine), 1928 Oil on canvas - 45 x 66 cm
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Maria amélia D’assumpção Natureza morta (Flores). S.d. Óleo sobre tela - 44 x 90 cm
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Maria amélia D’assumpção Still Life (Flowers). Undated Oil on canvas - 44 x 90 cm
Maria amélia D’assumpção Natureza morta (Tacho). S.d. Óleo sobre tela - 81 x 95 cm
Maria amélia D’assumpção Still life (Copper-pan). Undated Oil on canvas - 81 x 95 cm
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Theodoro De Bona Paisagem com Pinheiros. 1943 Ă&#x201C;leo sobre tela - 78 x 70 cm
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Theodoro De Bona Landscape with Pine-trees. 1943 Oil on canvas - 78 x 70 cm
Waldemar Curt Freyesleben Paisagem. 1956 Ă&#x201C;leo sobre tela - 48 x 75 cm
Waldemar Curt Freyesleben Landscape. 1956 Oil on canvas - 48 x 75 cm
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josé Daros Cel. David Carneiro. 1956 Óleo sobre tela - 200 x 106 cm
José Daros Cel. David Carneiro. 1956 Oil on canvas - 200 x 106 cm
josé Daros Barrão do Serro Azul. S.d Óleo sobre tela - 56 x 45 cm
José Daros Barron of Serro Azul, Undated Oil on canvas - 56 x 45 cm
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Augusto Conte Universidade Federal do Paraná e Associação Comercial do paraná. 1965 Óleo sobre tela - 45 x 65 cm
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Augusto Conte The Federal University of Paraná and The commercial Association of Paraná. 1965 Oil on canvas - 45 x 65 cm
Guido Viaro Marinha (Guaratuba). 1965 Ă&#x201C;leo sobre tela - 60 x 72 cm
Guido Viaro Marine (Guaratuba). 1965 Oil on canvas - 60 x 72 cm
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Ida Hanemann de Campos Paisagem II. S.d. (1960) Ă&#x201C;leo sobre tela - 54 x 64 cm
Ida Hanemann de Campos Landscape II. 1960 Oil on canvas - 54 x 64 cm
Leonor Botteri Figura, S.d. (1957) Ă&#x201C;leo sobre tela - 66 x 55 cm
Leonor Botteri Figure. Undated (1957) Oil on canvas - 66 x 55 cm
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Helena Wong Marinha. 1961 Ă&#x201C;leo sobre tela - 59 x 79 cm
Helena Wong Marine. 1961 Oil on canvas - 59 x 79 cm
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Sylvio Alves Marinha (Porto de Santos). 1958 Ă&#x201C;leo sobre tela - 72 x 97 cm
Sylvio Alves Marine (Port of Santos). 1958 Oil on canvas - 72 x 97 cm
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Bernadette Panek Sem Titulo. 1991 Xilogravura (2/6) - 32 x 92 cm
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Bernadette Panek Untitled. 1991 Woodcut (2/6) - 32 x 92 cm
Márcia Simões da Fontoura Sem titulo. 1979 Técnica mista - 61 x 43 cm (oval)
Márcia Simões da Fontoura Untitled. 1979 Mixed media - 61 x 43 cm (oval)
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Jean Lurรงat Allegory. S.d. Tapeรงaria - 200 x 100 cm
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Jean Lurรงat Allegory. Undated Tapestry - 200 x 100 cm
Zeca Nazaré Disco de atração. S.d. Gravura (serigrafia 98/110) - 62 x 47 cm
Zeca Nazaré Disc Attraction. Undated. Engraving (Silkscreen 98/110)- 62 x 47 cm
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Ângela Maino Sem título. S.d. Gravura (Serigrafia 23/90) - 65 x 45 cm
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Ângela Maino Untitled. Undated. Engraving (silkscreen 23/90) - 65 x 45 cm
Ângela Maino Sem título. S.d. Gravura (Serigrafia 54/110) - 65 x 45 cm
Ângela Maino Untitled. Undated. Engraving (silkscreen 54/110) - 65 x 45 cm
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Luli Hunt Onírico. S.d. Gravura (Serigrafia 25/30) - 46 x 65 cm
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Luli Hunt Onírico. Undated. Engraving (silkscreen 25/30) - 46 x 65 cm
Luli Hunt Odin. S.d. Gravura (Serigrafia 81/100) - 46 x 65 cm
Luli Hunt Odin. Undated. Engraving (silkscreen 81/100) - 46 x 65 cm
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Silvio Oppenheim Sem tĂtulo. 1992 Gravura (Serigrafia 23/30) 50 x 70 cm
Silvio Oppenheim Untitled. 1992 Engraving (silkscreen 23/30) 50 x 70 cm
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Silvio Oppenheim Sem tĂtulo. 1992 Gravura (Serigrafia 20/31) 50 x 70 cm
Silvio Oppenheim Untitled. 1992 Engraving (silkscreen 20/31) 50 x 70 cm
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1a Edição
A G R A DECIMENTOS AckNOWLEDGeMENTS
Bernadete Zagonel Família José Antonio Daros Giovana Souza da Silva Luciane Regina Mariani Maria Christina de Andrade Vieira Maria Regina Belon Roberto Demeterco
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1a Edição
- Ficha Técnica -
Livro e Exposição de Obras de Arte do Acervo da Associação Comercial do ParanÁ (Pronac 06 7681) Coordenadora Executiva
Tânia ReGina Vieira Produtor Executivo
José Daniel Liviski Captadora de Recursos
Márcia Scheffer Assessoria de Imprensa
Nilson Monteiro Restauro
Mara Andreae Müller (pinturas a óleo) Restauro & Papel Molduras
Arco Íris Molduras Ltda. Fotógrafo
Albari Rosa Exposição
Acervo da Associação Comercial do Paraná Curadoria
Domício Pedroso Fernando A. F. Bini LIVRO
Acervo Artístico da Associação Comercial do Paraná Organização
EliSabeth Seraphim Prosser Coordenação Editorial
Antônia Schwinden Projeto Gráfico
Caroline Saut Schroeder Tradução
Christiane Seraphim Prosser Revisão de texto em língua inglesa
Auricéia Dumke
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1a Edição Diretoria da Associação Comercial do ParanÁ 2008/2010 Board of the Paraná Trade Association 2008/2010
Presidente Avani Tortato Slomp Rodrigues
DIRETORIA Edson José Ramon - 1° Vice-Presidente Luiz Alberto de Paula Cesar - 2° Vice-Presidente Cássio Zandoná - 3° Vice-Presidente Jean Michel Patrick TumeU Galiano - 4° Vice-Presidente Sinval Zaidan Lobato Machado - 5° Vice-Presidente Paulo Roberto Brunel Rodrigues - 6° Vice-Presidente, 1° Secretário Odone Fortes Martins - 7° Vice-Presidente, 2° Secretário Walter Roque Martello - 8° Vice-Presidente, 3° Secretário Jaime Sunye Neto - 9° Vice-Presidente, 1° Tesoureiro Edmundo Kosters - 10° Vice-Presidente, 2° Tesoureiro Ernani Lopes Buchmann - 11° Vice-Presidente José Eduardo de Moraes Sarmento - 12° Vice-Presidente Adriane Curi - 13° Vice-Presidente Edda Deiss de Mello e Silva - 14° Vice-Presidente Camilo Turmina - 15° Vice-Presidente Osvaldo Nascimento Júnior - 16° Vice-Presidente Aureo Simões - 17° Vice-Presidente Elcio Henrique C. Ribeiro - 18° Vice-Presidente Benedicto Kubrusly Júnior - 19° Vice-Presidente Marilda Precoma Podlecki - 20° Vice-Presidente Luiz Antonio Sebben - 21° Vice-Presidente Paulo Cavalcanti Vanhazebrouck - 22° Vice-Presidente João Edison Alves Camargo e Gomes - 23° Vice-Presidente Jorge Carvalho de Oliveira Júnior - 24° Vice-Presidente
Conselho Superior (Ex-Presidentes) Werner Egon Schrappe (1990/1992) Maria Christina de Andrade Vieira (1992/1994) Eduardo Guy de Manuel (1994/1996) Ardisson Naim Akel (1996/1998) Jonel Chede (1998/2000) Marcos Domakoski (2000/2004) Cláudio Gomes Slaviero (2004/2006) Virgílio Moreira Filho (2006/2008)
Acervo Artístico Associação Comercial do Paraná
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1a Edição
Sócio Benemérito Ruy Barreto
Conselheiros Alberto Acciolly Veiga Filho Antonio Miguel Espolador Neto Belmiro Valverde Jobim Castor Carla Alves da Silva Carlos Antonio Gusso Dalton Zeni Rispoli Emilio Gomes Estefano Ulandowski Jaime Canet Júnior João Carlos Ribeiro João Elisio Ferraz de Campos Joel Malucelli Jonel Chede Filho Jorge Nacli Neto Juril de Plácido Silva Carnasciali Leonardo Petrelli Neto Marcelo Bernardi Andrade Marco Antonio Peixoto Marino Garofani Miguel Zattar Filho Norman de Paula Arruda Filho Omar Camargo Filho Omar Rachid Fatuch Oriovisto Guimarães Paulo Cruz Pimentel Pedro Joanir Zonta Roberto Demeterco Roberto Fregonese Sergio Prosdócimo Wilson Ferro Delara
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1a Edição
Conselho Deliberativo Abdo Dib Abage André Luis Macias Carlos Ciro Takeda Cláudio Roth Daniel Pimentel Slaviero Déborah Regina Wolski Dzierwa Eduardo Cristiano Lobo Aichinger Evelyn COTAIT DO NASCIMENTO Evaldo Kosters Fernando Antonio Miranda Gabriel Veiga Ribeiro Gustavo Adolfo Silva de Paula Helga Cremer Guedes Pereira Henrique Domakoski Henrique Lenz Cesar Filho Hiram Silva de Souza Isabel Kugler Mendes Jacques Riegler José Eliseu Galva Luis Celso Branco Marcelo Luiz Busato Maria Cristina Fernandes Medeiros Coutinho Mathias Vilhena de Andrade Júnior Niazy Ramos Filho Paulo Sergio Mercer Mourão Pedro Seleme Raphael Keiji Assahida Renato Follador Júnior Ruy Senff Suely Taniguchi
Conselho Fiscal Aristides Outeiral Hoefel Filho Romeu Huczok Irene Gobetti Vissoni Luis Carlos Caggiano Santos André Malucelli Celina Manchini
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2a Edição
- Ficha Técnica -
Livro de Obras de Arte do Acervo da Associação Comercial do ParanÁ (Pronac 06 7681)
Coordenadora Editorial
Bernadete Zagonel
Coordenador de Comunicação
Pedro Chagas Neto
Coordenador de Produção
Luiz Teixeira de Oliveira Jr. TX Publitex Comunicação
Diretor de Arte/Projeto Gráfico
MIchael A. Catunda
Revisão de Texto Língua Protuguesa
Ivan Schmidt
Revisão de Texto Língua Inglesa
JOsé Álvaro de Botelho Néia
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2a Edição
Diretoria da Associação Comercial do ParanÁ 2011/2012 Board of the Paraná trade Association 2011/2012
Edson José Ramon Presidente
DIRETORIA Sinval Zaidan Lobato Machado – 1º Vice-Presidente José Eduardo de Moraes Sarmento – 2º Vice-Presidente Antônio Miguel Espolador Neto – 3° Vice-Presidente Oriovisto Guimarães – 4º Vice-Presidente Odone Fortes Martins – 5º Vice-Presidente Dalton Zeni Rispoli – 6º Vice-Presidente – 1º Secretário João Edison Alves Camargo e Gomes – 7º Vice-Pres – 2º Secretário Edda Deiss de Mello e Silva – 8º Vice-Presidente – 3º Secretário Airton Hack – 9º Vice-Presidente – 1º Tesoureiro Marcelo Bernardi Andrade – 10º Vice-Presidente – 2º Tesoureiro Marco Antonio Peixoto – 11º Vice-Presidente Jean Michel Patrick Tumeu Galiano – 12º Vice-Presidente Ernani Lopes Buchmann – 13º Vice-Presidente Camilo Turmina – 14º Vice-Presidente Luís Antônio Sebben – 15º Vice-Presidente Gláucio Geara – 16º Vice-Presidente Walter Roque Martello – 17º Vice-Presidente Monroe Olsen – 18º Vice-Presidente Jaime Sunye Neto – 19º Vice-Presidente Jorge Carvalho de Oliveira Júnior – 20º Vice-Presidente Benedito Kubrusly Júnior – 21º Vice-Presidente Déborah Regina Wolski Dzierwa – 22º Vice-Presidente Kazuco Akamine Ferraz – 23º Vice-Presidente Carlos Eduardo Guimarães – 24º Vice-Presidente
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2a Edição
Conselho Superior (Ex-Presidentes) Werner Egon Schrappe (1990/1992) Eduardo Guy de Manuel (1994/1996) Ardisson Naim Akel (1996/1998) Jonel Chede (1998/2000) Marcos Domakoski (2000/2004) Cláudio Gomes Slaviero (2004/2006) Virgílio Moreira Filho (2006/2008) Avani Tortato Slomp Rodrigues (2008/2010)
Sócio Benemérito RuY Barreto
Conselheiros Abdo Dib Abagge Áureo Simões Belmiro Valverde Jobim Castor Beatriz Sera Carlos Antônio Gusso Edmundo Kosters Fernando Antônio Miranda Jaime Canet Júnior Jefferson Nogarolli João Carlos Ribeiro João ElíSio Ferraz de Campos Joel Malucelli Jonel Chede Filho Jorge Nacli Neto Leonardo Petrelli Neto Luis Celso Branco Luiz Alberto de Paula Cesar Norman de Paula Arruda Filho Omar Camargo Filho Omar Rachid Fatuch Paulo Cruz Pimentel Paulo Mourão Pedro Joanir Zonta Roberto Demeterco Roberto Fregonese Rogério Mainardes Ruy Senff Sergio Tadeu Monteiro de Almeida Wilson Ferro Delara
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Conselho DeliberAtivo André Kompatscher Arnaldo Miró Rebello Carlos Eduardo do Nascimento, Claudio Roth Dionisio Wosniak Estefano Ulandowski Eduardo Cristiano Lobo Aichinger Evaldo Kosters Gabriel Veiga Ribeiro Hamilton Pinheiro Franck Henrique Domakoski Hélio Ballaroti Júnior Henrique Lenz Cesar Izabel Kugler Mendes Jacques Rigler José Carlos Infante Bonato José Eliseu Galva José Maria Mauad Abujamra Ludovico Szygalski Junior Marino Garofani Maurício Frischmann Márcia Cardoso Naim Akel Neto Niazy Ramos Filho Paulo Roberto Brunel Rodrigues Renato Cezar Scarante Miguel Zattar Filho Nelson Mozart Weigang Júnior Teichum Hiramatsu Walmor Weiss.
CONSELHO FISCAL - Titulares: Oclândio José Sprenger Ciro Serenato
- Suplentes: Irene Gobetti Vissoni Gilberto Deggerone Wilma Kurth Heussinger.
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Este livro foi composto em Candida BT e impresso em papel Couché 115g/m2, Capa dura, revestida com papel Couché fosco 115g/m2, Tiragem: 1.000 exemplares.
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