VER O RIO Brasil - São Paulo
São Paulo - Jundiaí
Rio Jundiaí
O vínculo entre rios e cidades está na base de formação dos tecidos urbanos no que se refere a sua morfologia. Várias cidades cresceram estabelecendo uma relação contígua com os cursos d’águas, mas não necessariamente respeitando sua configuração. Atualmente, as discussões acerca dos rios urbanos têm como desafio retomar à sua importância, integrando-os à dinâmica da cidade, ao mesmo tempo em que tenta incorporar usos e atividades diversos levando em consideração aspectos econômicos, estéticos, sociais e principalmente ambientais, que por tanto tempo foram omitidos. O município de Jundiaí se desenvolveu com base no processo de industrialização, juntamente com a implantação da ferrovia ao longo da várzea do Rio Jundiaí, que se tornou o principal modal de escoamento da produção industrial da época. Com a chegada do século XX, o transporte por trem perde força, cedendo espaço ao transporte rodoviário. Nessa conjuntura houve a implantação da Avenida Antônio Frederico Ozaman que margeia o rio. Tal ação impulsionou alterações urbanas significativas na região, favorecendo um processo de ocupação e adensamento populacional que subvalorizou a preexistência do curso d’água em detrimento à circulação viária. A margem do Rio Jundiaí hoje, caracteriza-se como um importante conector longitudinal de infraestrutura viária, eixo de ligação entre a cidade de Várzea Paulista e a Rodovia Anhanguera. Essa característica trouxe para o entorno imediato grandes empreendimentos que se distribuem ao longo da via, como o Maxi Shopping e o supermercado Atacadão, que se favorecem da mobilidade por meio de veículos motorizados. O fluxo intenso da avenida dificulta o deslocamento no sentido transversal ao rio do ponto de vista do pedestre, o que reforça o caráter viário em detrimento do potencial espaço público que as margens rio possui. Nesse sentido, o vale do Rio Jundiaí está apagado no contexto urbano no qual está imerso. Atuando somente como um lugar de passagem, as margens do rio estão aquém do seu potencial ambiental e social. Reaver o rio como um elemento urbano de destaque por meio do potencial ambiental, propondo uma nova vocação urbana, foi direcionador da presente proposta. Os espaços livres públicos pensados irão promover a interação social e o fortalecimento de atividades culturais, legitimando a importância do rio na cidade.
Margem Direita
Margem Esquerda
O rio que atrai
Margem Direita
Margem Esquerda
O rio que conecta A’
A
Revitalização Atual
Conexão Atual
Aproximação Atual
B’
O ponto de partida da proposta foi a ideia de “ver o rio” por meio de um percurso cultural. Para revelá-lo três princípios nortearam a proposta: a revitalização da calha do rio, a proposição de espaços de convergência de pessoas e a integração entre as suas margens. O percurso cultural com intuito de funcionar diuturnamente, se sobressai ao considerar o cenário noturno como sendo o momento no qual o Vale do Rio Jundiaí se transformará em um polo atrativo de atividades e pessoas. A área de intervenção do projeto limita-se à região lindeira mais urbanizada do rio, localizada entre o Foco 1 (área próxima ao Sesc Jundiaí e o Jardim Botânico) e o Foco 3 (área próxima à Estação Jundiaí). Ao longo do trecho do rio, parte da infraestrutura existente será reaproveitada, alguns dos cruzamentos serão transformados em via compartilhada, e no viaduto General Euclides Figueiredo haverá intervenções pontuais, voltada para atividades culturais, como projeções mapeadas com obras de artistas locais e cinema ao ar livre. Para a revitalização do rio, tem-se como proposta a substituição da canalização em concreto por solo natural e o alargamento da margem esquerda em determinados trechos. A fim de proporcionar maior aproveitamento do espelho d’água e a capacidade de retenção hídrica a ideia tem como intuito criar um dispositivo de drenagem urbana, tendo em vista a crescente urbanização da região. Com o propósito de favorecer a apropriação da área pelos pedestres, o uso de modais ativos foi incentivado por meio da proposição da via de uso compartilhado localizada à margem esquerda do Rio em todo o seu percurso. Dessa forma, o fluxo atual de veículos ocorrerá numa velocidade mais reduzida e condizente com a sua nova função. A escolha da margem esquerda do rio justifica-se devido às alternativas de vias paralelas existentes para distribuir o fluxo de veículos sem causar maiores pro-
PLANTA BAIXA GERAL
DE DIA Bosque Jardim Copacabana / Parque Eloy Chaves Parque Tulipas / Parque Moradas das Vinhas
B
Parque da Uva / Parque do Trabalhador Parque Jardim do Lago / Parque do Engordadouro
VALE DO RIO JUNDIAÍ
Ampliação do rio
Rio Jundiaí
Replantio e ampliação de vegetação
Novas Travessias para conexão Leste/Oeste e conexão Via - Rio
Convergência de pessoas
Otimização de travessias existentes para travessias compartilhadas
Facilidade de conexão entre lados opostos do rio Exposições e Galeria Pública
Focos de ampliação do Percurso Cultural
Contato e valorização do Patrimônio Cultural e Histórico
Vegetação
Atividades artísticas e culturais
Edificações
Área para atividades esportivas e contato com o rio
Via Compartilhada com priorização do pedestre e transporte cicloviário
Bicicletários e sistema de bicicleta compartilhado
À NOITE
VALE DO RIO JUNDIAÍ
Módulos de acesso
Via coletora com passagem de transporte coletivo e pontos de ônibus a cada 500m
Módulos de contato com o rio
Tipo 01
Tipo 02
Tipo 03
Tipo 04
Priorização do pedestre Otimização da infraestrutura existente 0
100
200
300m
blemas no trânsito local, o que não acontece no lado oposto da via. Portanto, na margem direita a característica da via será preservada, havendo apenas cruzamentos em faixa elevada próximos aos três focos de interação com o rio. Com o propósito de superar o caráter do rio como um elemento segregador propõe-se o uso das margens como um lugar atrativo, capaz de aproximar as pessoas do curso d’água. Para tanto, serão utilizados módulos de acesso por meio de escadarias e rampas, intercalados com margens vegetadas, ao longo de todo trecho. Foi proposto também o uso de passarelas ao nível da calçada, com intuito de integrar as margens do rio, estas áreas além de serem funcionais no sentido de facilitar a conexão transversal, proporcionam também espaços de pausa e contemplação como mirantes.
Vias coletora Calçada Travessia de pedestre Módulo escadaria rio Via compartilhada 0
5
10m
Corte AA’
Via Coletora Calçada Módulo escadaria rio Revitalização do rio Ampliação área verde Via compartilhada 0
Corte BB’
5
10m
Fases de Implantação
Concreto armado desempolado vermelho
Concreto armado desempolado cinza
Piso intertravado cinza
Luminárias LED embutidas no piso
FASE 01 (curto prazo) - Implantação dos módulos e passarelas; - Adequação das calçadas;
A proposta define espaços de convergência de pessoas e oferta de diferentes tipos de atividades que poderão atingir diversas escalas, desde a população local até da cidade como um todo. Foco 1 - Espaço destinado à galeria de arte, manifestações populares e feiras; a proposta fundamentou-se na integração da margem do rio com o Sesc e Jardim Botânico além da requalificação da ponte existente destinado ao uso exclusivo de pedestres e adequação do sistema viário priorizando o uso de modais ativos;
Rio Jundiaí
Ampliação do rio
Rio Jundiaí
Replantio e ampliação de vegetação
Novas Travessias para conexão Leste/Oeste e conexão Via - Rio
Replantio e ampliação de vegetação
Novas Travessias para conexão Leste/Oeste e conexão Via - Rio
Otimização de travessias existentes para travessias compartilhadas
Facilidade de conexão entre lados opostos do rio
Convergência de pessoas Facilidade de conexão entre lados opostos do rio
Exposições e Galeria Pública
Focos de ampliação do Percurso Cultural
Exposições e Galeria Pública
Contato e valorização do Patrimônio Cultural e Histórico
Vegetação
Contato e valorização do Patrimônio Cultural e Histórico
Edificações
Atividades artísticas e culturais
Atividades artísticas e culturais
Via Compartilhada com priorização do pedestre e transporte cicloviário
Área para atividades esportivas e contato com o rio Bicicletários e sistema de bicicleta compartilhado
A’
PLANTA BAIXA FOCO 2
Ampliação do rio
Convergência de pessoa
Via coletora com passagem de transporte coletivo e pontos de ônibus a cada 500m
Módulos de contato com o rio Priorização do pedestre
Área para atividades esportivas e contato com o rio Bicicletários e sistema de bicicleta compartilhado Módulos de contato com o rio
Foco 3 - Espaço destinado ao lazer, esportes e descanso, definido por passeios amplos para o caminhar, ciclovias, locais para piqueniques; nesse sentido, a ampliação da margem esquerda do rio (semelhante ao foco 2) possibilitará maior contato com o curso d’água, possibilitando a prática de atividades aquáticas.
PLANTA BAIXA FOCO 3
Otimização de travessias existentes para travessias compartilhadas
Vegetação Edificações
25
50
75m
Otimização da infraestrutura existente
Novas Travessias para conexão Leste/Oeste e conexão Via - Rio
Via Compartilhada com priorização do pedestre e transporte cicloviário
Exposições e Galeria Pública
Focos de ampliação do Percurso Cultural
Contato e valorização do Patrimônio Cultural e Histórico
Vegetação
Área para atividades esportivas e contato com o rio
25
50
Via coletora com passagem de transporte coletivo e pontos de ônibus a cada 500m
Módulos de contato com o rio
75m
0
Otimização da infraestrutura existente
25
50
FASE 03 (longo prazo)
B’
C
A
Via Coletora Calçada Módulo escadaria rio Revitalização do rio Escadaria / plateia Espaço Atividades artísticas e culturais Via Compartilhada Acesso/Conexão região central e Patrimônio Cultural e Histórico
Jardim Botânico Faixa Elevada Galeria pública / exposições Módulo escadaria rio Revitalização do rio Deck Via compartilhada 0
5
0
5
Trecho Compartilhado Calçada Módulo escadaria rio Revitalização do rio / área para atividades Escadaria / plateia Área de Esportes
10m
10m
Via compartilhada 0
Corte AA’
Corte BB’
10m
Corte CC’
Foco 01
JARDIM BOTÂNICO
5
Foco 02
REGIÃO CENTRAL
REGIÃO LESTE FOCO 3
FOCO 2
FOCO 1
75m
- Qualificação dos focos mediante aplicação do direito de preempção em terrenos subutilizados.
B
FOCO 1
Via Compartilhada com priorização do pedestre e transporte cicloviário
Priorização do pedestre 0
FOCO 2
No que se refere à materialidade, o concreto desempolado foi escolhido como material predominante no projeto, por ser um material de baixo custo, pouca manutenção, alta durabilidade e acessível para pessoas com deficiência. Para criar contraste o uso do mesmo material com cor vibrante torna-se atrativo e demarca o percurso proposto ao longo do rio, como as passarelas, rampas e os guarda-corpos. Outro material utilizado foi o piso intertravado na via compartilhada, por sua flexibwilidade de implantação, baixa manutenção, conforto térmico e permeabilidade. O projeto contempla artifício lumínico diferenciado, no qual luminárias LED embutidas no piso demarcam os percursos, juntamente com mobiliários e posteamento.
Edificações
Bicicletários e sistema de bicicleta compartilhado
Via coletora com passagem de transporte coletivo e pontos de ônibus a cada 500m
REGIÃO LESTE
Otimização de travessias existentes para travessias compartilhadas
Atividades artísticas e culturais
Priorização do pedestre 0
Otimização da infraestrutura existente
Rio Jundiaí
Replantio e ampliação de vegetação
Facilidade de conexão entre lados opostos do rio
Focos de ampliação do Percurso Cultural
- Implantação do uso compartilhado na via localizada na margem esquerda do Rio.
Ampliação do rio
Convergência de pessoas
C’
PLANTA BAIXA FOCO 1
Foco 2 - Espaço destinado aos espetáculos ao ar livre; considerado o ponto central do percurso, a partir da integração com as edificações de interesse histórico; a área configura-se como um marco paisagístico resultado da movimentação ponderada de terra, para ampliação da margem do rio funcionando como reservatório de águas fluviais e eventual caixa de retenção.
FASE 02 (médio prazo)
REGIÃO CENTRAL
Foco 03
SESC
MUSEU DA CIA. PAULISTA
Convergência de Fluxos
Convergência de Fluxos
Convergência de Fluxos
Cone de visualização
Cone de visualização
Cone de visualização
das atrações do Foco
das atrações do Foco
das atrações do Foco
REGIÃO CENTRAL
REGIÃO LESTE FOCO 3
Reaver. Talvez este seja o principal desafio das cidades contemporâneas: reconciliar bens naturais com suas atividades urbanas e, assim, reaprender a olhar os espaços. Esta proposta, por sua vez, tem como princípio fazer com que a cidade de Jundiaí possa olhar de volta para o seu rio, buscando harmônia entre suas funções ambientais e sociais.