A proposito das Inscrições de Sarzedas e Sertã

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FACULDADE INSTITUTO

DE DE

LETRAS

ARQUEOLOGIA

A PROPOSITO OASINSCBICOES OESARZEOAS E SERTA


R E SU MO

Une

Inscription

trouvee a Sarzedas (Castefo Branco, conoenlzes aujourd'flui perdue, a e interpret comme fa preuve de fa restauration du village par une title cfe Virfalus, chef de guerre des Lusitaniens. Les auteurs reconstituent ici, ScAl[AbL'lAnu9),

Va'rat [ilia, qui cfoit prendre place clans le corpus Jes inscritpions de la Pcflninsflfe f Un Lexie de Serf (conventus Seal\abitanus), disparu lui aussi, lu d 'une f aon irrlisle, xxest pas suscep tible de reconstitution ; son caractere romain est mme tres douteux.


Sernpre a epigrafia Se prestou para outorgar antiguidade a terras cuja origem Se perdeu na noite dos tempos. A fantasia dos autores, a ignorncia das regras epigrafleas e a vontade de atribuir aos Romanos tudo quanto fosse pedra lavrada em muito contribuiram no so para proteger um rico patrimio mas tambm para Se forjarem lendas piedosas repetidas do gerao em gerao sem que algum sobre elas se debruce com verdadeiro espirito cientifIco. Descobrindo siglas oude existem palavras, descobrindo palavras Dude existem siglas o mais simples epitaHo romano pode transformar-Se em imponente iltscrio comemorativa. Assim aconteceu com as duas Inscries perdidas, de Que Vamos falar.

\TERATIA VERATI FILIA REEDIFICAVIT HOC OPPIDVM SARZEDENSAE ET CONCRSSIT El PREVILEGIVM CI~TIS.


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Mais

on monos

a letra,

o letreiro

quereria,

pois,

dizer

<<Viriata, Blha de Viriato, reedifxcou este castelo de Sarzedas e concedeu-Ihe o privil~io de cid~ade>>. Os erros de concord cia e de escrita cram tidos, como habitualmente, a conta da pouca cultura do lapicida ou das gentes de antanho. Assim interpretada, a inscri~o assumia import cia relevante, porquanto fazia remontar a origem da povoao ao tempo das gloriosas lutas entre Romanos e Lusitanos, atribuindo-Ifxe como fLndadora nada menos do que uma fllha do Viriato, o clebre, pois que de outro no Se podia tratar. Mas a pedra desapareceu - acabou, partida em pedaos, incorporada num forno de cozer po. Entrotanto, para alm do inumera correspondncia a sen respeito trocada entre personalidades da terra, insertas num arfigo de arqueologia publicado nas pags. 3 e 6 do jornal <<Terra da Beira>> (1 de Agosto de 1930), outros trabalhos so }he referiram, no pondo, cont`t, do, em dVida o sen conteudo : Couceiro de ALB U Q U E HQ U E , O CAslelo dc SArZcdas, <<Estudos de Castelo Branco>>, n.o 7, Janeiro do 1963, p. 69-73; Francisco Duart e de MIRA N D A e Godofredo Albert o dos Santos F ERREt RA , Documentos e notas para

a monograa do Sarzed separata de <<Estudos de Castelo Branco>>, 1966, p. 17-37. No entanto, ja em 1910, no vol. XV d'<<OArcheologo Portugu,>, p. 323, Leite de VAsco NCELO s Ianara luz sobre o assunto, considerando o texto anttico mas mal interpret&do, mormente atravs do desdobramento de siglas inexistentes. Falta-nos, infelizmente, nm desenho do original; contudo, a verso de Leite de Vasconcelos (desconhecida dos citados autores) verosimil, pelo quo a seguimos na generafidade. Considerando a inscrio um epitafio, teriamos que nela incluir a identidade da defunta, uma fmufa funeraria, a identifica~ao do dedicante e a formula dedicatoPia. A identifxcao da defunta fol born lida: VERATIA VERATI(i) F(ilia). O antrop6mmo Veratius e' conhecido doutras inscri6es Conz'mbriga 21, (1982)

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peninsulares (I) e a forma de identificao Uganda apenas Os cognomes por demais corrente na regio. 0 voeahula {ilia estaria em sigla, mas o P.e Manuel da Siha no tinha obrigao de saber as regras de transcrio: aqni p6s por extenso o Que es'tuna em sigla, mais adiante considera no texto formas verbais Que achou por hem subentender. Desta forma, as siglas H. S. E. H(ic) S(ita) E(st) - devem tor-so transformdo em H(oc oppidum) S(arzedensae) E(t).

E a formula final P(onendum) C(uravit) foi interpretada P(rivz`legium) C(iital). Resta, pois, a identifxcao do dedicante. Podera tor sido escrito o sen home com cujas letras se leu Sarzedensac et concessit ei - on, mais verosimilmente, apenas o grau de parentesco MATER, PATER. Inclinamo-nos para esta segunda Ill.fotese, descohrindo-o assim na verso do P.e Manuel da Silva :(concessi)T EH do R 86 t eria v;sto a haste vertical. Leite de Vasconcelos sugere Que El poderia estar no monumento julgamos Que n : o emprego deste dativo muito Faro na epigrafla da regl50. A inven50 do verbo concessit no teve certamente em conta as letras do monumento, Que, alias, poderiam ester levemente obliteradas (se aceitarmos Que do R estava visive} uma parte). Por conseguinte, estamos com imensa probabilidade perante uma inscrio ant.lea, Que se devera passar a incluir nos catologos epigraflcos e Que Se podera reconstifuir assim:

VERATIA VERATI(i) F(ilia) / H(ic) . S(ita) . E(st) | [MA vel PA]TER. . P(onendum) . C(uravit). Aqui jaz Veracia, Elba de Veracio, colocar (esta mem6ria).

.,\ m5e (ou o pal) mandou

Desconhecemos as dimens5es do monumento, pelo Que a transliteraCko apresentada 6 hipot6tica. Polo formulario, texto datavel do so`c. 1 da nossa era.

Conimbriga,

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[VT SIN'fl STAT\TAE / [C(onstantini) G]ALLI / [ ROM(anae) COMP]AR REI NIL / [LIC}ET / 5[. . .I [MAXV]MO CO(n)S(ule) AK(dilibus) / [ . . . I [ET] IVBA EGI'I`(anicis) / [VIKI NOTA]BILIORVM / [PROPTERI SVMMA[E] / [POTESTATIS] NOMINE[M] / 1o[DE SEN(alas) SENT(cntia)] STAT !TA.

Conimb,iga,

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edis (. . .) e Juba, egitanienses prestigio do Poder Supremo. esta resolvido>>.

dos runts notaveis. Por sen'tena do

Em Pazo do Senado assim

Logicamente Que tudo isto e inaceitavel e Dem chegamos a perceber como Mario Saa possa falar de <<monumento, Que parece de ordem vial, respeitante ao mauritano Juba, na oca romana,>. De facto 86 x.ccncontrando a pedra Se podero tirar conclus6es validas. Desde ja Se avan porm, numa recusa total das mencionadas interpret&es. No Se nos afigura possivel tratar"se de um marco, pois dificil partir um mifiarl~o ao meio. Por outro lado, palavras como summa, no,nine, so frequentes em textos bibh~cos: no sera preferentemente nessa dl~rec5o que se dovera caminhar ? Julgamos Que sim. Entretanto, texto a n5o Hgurar (mesmo dubitativamente) em catalogos de epigrafia romana.

A pedra da Se foi reencontrada por Carlos Batata, que a incluiu, com foto, no sen livro Patrimonto Arqueologico do Concelho do Ser Cmara Municipal da Sett 1998, p. 36-41 (= HEp 15 2009 no 484): estava, de facto, <<Hum pequeno museu da Se>, ou seja, na sede do Clube da S Fernando Patricio Curado retomou o estudo da epigrafe e as criticas por o tennos feito todas as dingcias para a encontrar (in <<Epigrafladas Belms - Nows e corre es 2>>,Eburobriga 5 2008 133135); da (tbidem, p. 135) ulna lei(urn ligeiramente diferente da de Carlos Batata: STATVAE / ALLI(/) / ARREINI F(/[ii) / ET / 5 MOCOSAE / LVBAECI F(iliac) I FILIOR(u)M / SVI {MA/TER{ NOMINE / 'O [SVO{ STAT(u)IT <<Estelassepulcrais de Alio, fdho de Arreino, e de Mocosa, Hula de Lubeco. Aos sens fifllos (a e) em sen Home, erigiu>>. Trata'.'se de ulna estela de xisto (182 x 24 x 13), com I.mhas auxlI`tares born marcadas s seis pmeims linhas. Podem persistir ddas de lex`turae de Interpretao Has quatro timas Ii as: C. Dahlia sngeriu o nexo RFMemliorum e leu SV{O{R F. P. Curado p on resolve.r a falta de dedi cc com a intuo de mater. Aceita-Sc stattt por statuit, contudo a eventual paa nomtne, mesmo acrescendo suo, 1150 Imbitmd Note-Se Quefxliorum signifl <<dosfllhos>>sax, letra o genitivo singular de suus en\ tambe'm, em linguagem corrente, estar por suorum$ com o Sigcado <<desi>>s estro. - Jog d ncarna60,


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