Catálogo Exposição | Não Deu Certo

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NÃO DEU CERTO LONGE OU PERTO?

MUSEU DA GRAVURA CIDADE DE CURITIBA 22 MARÇO — 3 JUNHO 2018

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sumário 7 apresentação da exposição 8 mapa da exposição 11 sala um 25 sala dois 41 sala três 49 sala quatro 60 artistas 66 texto crítico: o grotesco 70 texto crítico: uma análise entre hume, nochlin e pollock 73 construindo a curadoria 78 créditos

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A exposição NÃO DEU CERTO – LONGE OU PERTO? foi construída a partir da disciplina Curadoria e Crítica do curso de Artes Visuais da UFPR e tomou como pressupostos a experiência estética densa por parte dos espectadores e a disponibilização de um significativo acervo público. Sua produção, expografia, design gráfico e projeto de mediação foi realizado nas discussões da universidade e sua viabilização contou com o apoio e incentivo da Fundação Cultural de Curitiba.

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APRESENTAÇÃO da exposição Renan Archer Eu, você, nós: são esses termos que existem para separar indivíduos ou uni-los sobre uma mesma base de sentimentos, definições, atividades? Não sabemos, mas tentamos explorar as possibilidades. Não Deu Certo é uma exposição que lança um olhar sobre o sujeito em seus vários momentos e facetas: o que vive na cidade; aquele que trabalha; de onde vem e pelo que sofre; como se vê em sua intimidade. Olhamos para as incertezas, para a impossibilidade de defini-los, de encontrar uma essência: sabemos que somos muitos e é difícil escolher apenas uma parte. Quando realizou sua exposição Para onde vão os personagens quando a história se acaba?, a artista espanhola Dora García propôs a seguinte via de leitura para suas obras: “uma boa pergunta deve evitar, a todo custo, uma resposta”*. Em Não Deu Certo repetimos esse gesto, a pergunta que o acervo da Fundação Cultural de Curitiba nos possibilitou, nunca esperando uma resposta certa. Nas quatro salas que o espectador tem diante de si é possível visitar o que conseguimos encontrar. Não pretendemos uma forma de olhar, mas propomos diferentes maneiras de perceber. * Excerto do livro A sociedade sem relato – antropologia e estética da iminência, do sociólogo Néstor García Canclini.

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mapa da exposição 3

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Em 1973, Cláudio Tozzi e Rubens Gerchman editaram juntos o álbum de serigrafias São Paulo Post-Scriptum. Nos trabalhos que vemos aqui, que integram este álbum, encontramos parcelas do cotidiano nas cidades – o olhar macro dessa exposição. Da paisagem urbana bombardeada de anúncios em Tozzi e da habitação vertical reproduzida por Gerchman, o que podemos extrair são noções de impermanência e fluidez dentro de um organismo sólido. Não à toa, “post-scriptum”, em seu sentido literal, significa “escrito depois”, ou seja, aquilo que é próximo, fruto da continuidade. Casas e apartamentos se vendem, mudam de donos e aparência. Os prédios sólidos abrigam em seu interior um núcleo de mudanças que pode ser vislumbrado, no máximo, através de suas janelas. Rapidamente, a cidade se desconstrói e reconstrói em habitações e ações para dar conta daqueles que precisam de seu abrigo – e que nem sempre conseguem. Por todos os tipos de sujeitos e classes, o espaço urbano é alimentado de visões, desejos, necessidades, vida. Nada permanece imóvel, nem o indivíduo, nem seus pares, nem as certezas. O abalo quase nunca é sísmico.

Renan Archer 11

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Cláudio Tozzi | São Paulo — Post Scriptum | 39,1 x 59,3 cm | Serigrafia | 1973

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Rubens Gerchman | Sem tĂ­tulo | 61,6 x 42 cm | Serigrafia

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Klaus Karall | Business Man IV | Businessman IV | Linoleogravura | 1987

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Klaus Karall | Business Man IV | Businessman VI | Linoleogravura | 1988

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Klaus Staeck | Zum Muttertag | 72,1 x 56,5 cm | Serigrafia | 1971

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Anico Herskovitz | Tijolo com tijolo num desenho lรณgico | 28,7 x 27,4 cm | Xilogravura | 1981

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Rossini Perez | Palafitas | 28,7 x 27,4 cm | 28,3 x 23,9 cm | Linoleogravura | 1956/1995

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Guilmar Silva | Sem tĂ­tulo | Litografia | 1985

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Cildo Meireles | Zero cruzeiro | 7,1 x 15,6 cm | Off-set | 1974 – 1978

Cildo Meireles | Zero dollar | 6,8 x 15,8 cm | Off-set | 1984

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Cildo Meireles | Zero centavo | Ă˜ x 1,3 cm | Cunhagem | 1978

Cildo Meireles | Zero cent | Ă˜ x 1,5 cm | Cunhagem | 1990

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Grupo Restauración — No Restauración | L.H.O.O.Q | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1991

Grupo Restauración — No Restauración | Sarita Colonia | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1990

Grupo Restauración — No Restauración | L.H.O.O.Q | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1991

Grupo Restauración — No Restauración | La llama en LLamas (para colorir) | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1991

Grupo Restauración — No Restauración | La llama en LLamas | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1991

Grupo Restauración — No Restauración | Museu de Arte italiano en llamas | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1990

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Grupo Restauración — No Restauración | Sarita Colonia (para colorir) | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1990

Grupo Restauración — No Restauración | “La Colonia” de Santa Alpaca A Marta Vicuña | 7,5 x 11,5 cm | Serigrafia | 1990

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A cidade que habitamos abriga também as relações que regem nossas vidas. Num olhar amplo se vê: o motor da cidade é o trabalho, cujas engrenagens nunca param. E qual é o valor do trabalho? O que se sacrifica, o que se perde e o que se ganha? Quem se sacrifica, quem perde e quem ganha? Qual é o valor do dinheiro? Há algo como um rolo compressor que converte vidas em mão de obra, a troco de quê? Talvez a fórmula para o sistema continuar a mover a máquina seja um creme alienador de subjetividades, que, por sua vez, busca uma cura, um remédio, uma fuga em um coquetel anestésico. Essa sociedade não deu certo. O que fica é a nostalgia de um paraíso perdido, de relações sociais mais próximas, não fragmentadas, duradouras. Mas há, também, as vozes que se levantam, encaram e enfrentam: a luta continua!

Greyce Santos

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Carlos Cortez | La lucha continua | 31,4 x 54 cm | Linoleogravura | 1986

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Carlos Cortez | Fuera! No necesitamos mรกs tropas! | 83,7 x 52,8 cm| Linoleogravura | 1984

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Poty Lazzarotto | A família | 28,3 x 37,8 cm | Água tinta e água forte | 1955 – 1980

Poty Lazzarotto | A barbearia | 24,7 x 32,6 cm | Ponta seca | 1943

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Poty Lazzarotto | VagĂŁo de trem noturno | 28,8 x 37,7 cm | Ponta seca | 1943

Poty Lazzarotto | Marcha fĂşnebre | 24,7 x 32,6 cm | Ponta seca | sem data

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Poty Lazzarotto | Off limits | 39,1 x 28,3 cm | Ponta seca | 1948

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Poty Lazzarotto | Matadouro | 29,6 x 22,4 cm | ร gua tinta e รกgua forte | 1951

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Poty Lazzarotto | Avenida Afonso Camargo | 28,5 x 31,5 cm | Nanquim sobre papel | 1974

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Sandra Lourenรงo Ramos | Mi diaria vocaciรณn de suicida | 49 x 59,5 cm | ร gua tinta e รกgua forte | 1993

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Carina Weidle | Coquetel anestÊsico | 120 x 120 x 80 cm | Marcenaria — Marchetaria | 1998

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Brian Shannon | Working man | 60,4 x 90,6 cm | Gravura em metal | 1994

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SĂ´nia Maria Rosa Tosatti | Creme alienador | 21 x 60 cm | Litografia | 1979

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Jorge Carlos Sade | Não deu certo | 50 x 24 x 25 cm | Escultura-objeto de cerâmica e gesso pintado | 1986

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Hélio Leite | Linhas do ofício — o sapateiro | 7,5 x 8,5 x 2,5 cm | Escultura- objeto | sem data

Hélio Leite | Fábrica de sonhos | 6,5 x 10,5 x 3,5 cm | Escultura-objeto com sucata | 1993

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HĂŠlio Leite | O flautista do Pilarzinho | 5,5 x 10 x 5 cm | Escultura-objeto | 1994

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Ao se apurar ainda mais o olhar, percebemos que o mundo do trabalho e a sociedade como um todo são regidos por mecanismos de dominação diversos. Neste panorama, a mulher dificilmente tem seu espaço garantido, ainda que seja parte ativa nesta construção. Às vezes, nem sob seu próprio corpo ela tem, de fato, poder de decisão. É preciso desconstruir posições ideológicas privilegiadas nos discursos artísticos, históricos e sociais. Aqui, evidenciamos artistas mulheres e suas batalhas. Ser mulher é se sacrificar para florescer? Faz-se necessário ultrapassar imposições de uma sociedade distintiva e se firmar em sua força. As marcas das mãos de Eliane Prolik se afirmam, ao mesmo tempo em que reivindicam sua presença no mundo. Já Denise Queiroz se reapropria de seu corpo e atesta sua coragem e liberdade para lutar. Quando ela produz e garante seu espaço na arte, torna-se sujeito e não mais objeto de desejo, fantasia ou ódio. Como afirma a crítica de arte Griselda Pollock, a questão da mulher na arte está longe de ser periférica, pelo contrário, pode ser um instrumento potente para gerar novos paradigmas contra sistemas ideológicos de dominação.

Tayná Milléo 41

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Everly Giller | Sem tĂ­tulo | 59,8 x 90 cm | Ă“leo sobre tela | 1989

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Sandra Lourenรงo Ramos | Migraciones III | 51 x 60 cm | ร gua tinta e รกgua forte | 1993

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Louise Bourgeois | Sem título (Autobiographical Series) | 35,3 x 25 cm | Ponta seca e água tinta | 1994

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Eliana Prolik | Sem tĂ­tulo | 42,5cm x 26,8cm | Relevo | 1995

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Denise Queiroz | Sem tĂ­tulo | 114 x 65 cm | Relevo com tecido e parafina | sem data

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Rossana Guimarรฃes | Vestido | 100 x 75 x 12 cm | Escultura e pintura a รณleo sobre metal | 1986

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Do olhar mais distante, as pupilas vão se dilatando para observar o que está ao alcance da mão. Há como olhar para aquém da película dérmica? Será a pele nossa maior fronteira para o exterior? As obras aqui presentes são relatos subjetivos, conversas com o caos íntimo e o mundo. Após introversões contínuas, os artistas destas obras encontram algo. Por vezes, descobriram-se a partir de outros objetos, novas formas de autorretrato, como os pequenos desenhos de Leonilson. Ora são reflexos de si como em Eliane Prolik, ora um choro silencioso como em Débora Santiago ou ainda o estranhamento de Yiftah Peled. Eis que surge a pergunta: como lidar com o absurdo da existência? Como se enconrar dentro de tantos emaranhados de pensamentos que compõem a consciência? Esta sala pretende causar dúvidas e questionamentos, provocar um movimento de inflexão e reflexão: como existimos e transformamos esta sociedade?

Talita Rauber

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Nelson Israel | Atrรกs da porta | 19,4 x 14,6 cm | ร gua forte e รกgua tinta | 1982

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Débora Santiago | Sem título | 13 x 15 cm | Pigmento metálico prata e acrílica sobre papel | 1999

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Leonilson | Sem tĂ­tulo | 76 x 56,5 cm | Litografia | 1989

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Raul Cruz | Sem tĂ­tulo | 15 x 23 cm | Nanquim sobre papel | 1986

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Dulce Osinski | Primeira comunhĂŁo de Hallinka | 105 x 76,8 cm | Tinta sobre papel | 1989

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Newton Goto | A grande feira internacional | 48 x 71,5 cm | Ă“leo sobre tela e grafite sobre papel | 1994

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Anna Carolina | Procure seu amigo numa folha de catรกlogo | 54 x 43 cm | Serigrafia | 1983

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Yiftah Peled | Sem tĂ­tulo | Fotografias, metal e vidro | 1994

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Eliana Prolik| Sem título | 24,5x34,5x28cm | Escultura em cobre | 1991 – 92

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artistas Anico Henskovitz: nasceu em 1948 na capital Montevidéu. Gravadora, desenhista, ilustradora e professora. Através do seu percurso gráfico, mergulhada na temática social que vem do pós guerra europeu na metade do século passado. Seus traços ressoam os delicados grafismo da gravura japonesa e das essencialidades figurativas da gravura popular do Nordeste. Brian Shannon: nascido em 1962, Brian Shannon habita em Oregon, Estados Unidos, onde trabalha lecionando e orientando projetos na Oregon College of Art and Craft desde 1993. Atua como importante gravador, com especialização técnica em gravura pela Cranbrok Academy of Art, se dedicando para linoleogravura, entalhe, xilogravuras e litografia. Traz grande produção na década de 90, com gravuras entalhe de imagens abstratas, com formas simples, mas de grande impacto visual. Carina Weidle: nasceu em 1966 na cidade de Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. Se formou na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, onde leciona desde 1996. Trabalha principalmente na área de tridimensionais, com escultura e instalação. Em suas obras, ha uma pesquisa sobre a materialidade relacionada à aspectos subjetivos das soluções estéticas. Cildo Meireles: nasceu no Rio de Janeiro em 1948. Estudou artes na Fundação Cultural do Distrito Federal (1963) e a Escola Nacional de Belas Artes (1967). É artista multimídia e já teve suas obras expostas no MoMA, no Salão da Bússola, na Bienal de Veneza, Bienalde Paris, entre outros. Claudio Tozzi: mais conhecido como Clautozzi, é pintor, desenhista, arquiteto e programador visual. Sua obra se caracteriza pelas cores vibrantes e pelas formas. Compõe seus trabalhos a partir de projetos de construção racional e deliberada criando uma grande qualidade gráfica e plasticidade própria.

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Debora Santiago: nasceu em Curitiba, no ano de 1972. É formada em Escultura pela EMBAP (1995), mestre e doutoranda em Artes Visuais pela UDESC (2007), é artista e professora na EMBAP/UNESPAR. Iniciou sua produção com esculturas, objetos e desenhos, a performance surgiu da necessidade de manipulação dos objetos e demandam a participação do público. Denise Queiroz: nasceu em Curitiba em 1967 e faleceu em Berlim, na Alemanha, em 1994. Cursou odontologia, e trabalhou como auxiliar de cirurgia crânio-facial, o que influenciou em sue trabalho artístico. Sua formação em artes é informal, frequentou cursos de pintura e gravura e recebeu estímulos de Dulce Osinski, Geraldo Leão, Eliane Prolik, Rossana Guimarães e Ricardo Carneiro. Sua linguagem principal é a pintura, mas há também desenhos, objetos, poemas; e sua criação artística é essencialmente autobiográfica, em seu período na Alemanha, fim de sua breve vida, passa a expressar na pintura os acontecimentos em seu corpo, as modificações f ísicas e a dor causadas pelo câncer. Dulce Osinski: nasceu em Irati, Paraná, em 1962. É desenhista, gravadora e pintora. Estudou Pintura e Licenciatura em Desenho na Escola de música e Belas Artes do Paraná, Pós-Graduação na Academia de Belas Artes de Cracóvia, Polônia. Eliane Prolik: nasceu em Curitiba em 1960. Graduada em artes plásticas na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1978/81, tem como principal linguagem visual a escultura. Com influência do neoconcretismo, sua produção tridimensional baseia-se na exploração da geometria e no desdobramento das formas no espaço. Também busca outras questões a partir do tridimensional, como as relações da escultura em interferência nas percepções da matéria, da forma, do vazio, da abstração e do cotidiano, abrindo diversos diálogo para novas ressignificação espaciais sobre a escultura na arte contemporânea. Everly Giller: nasceu em Caçador, Santa Catarina, em 1961. Graduada em Bacharelado em Pintura e Licenciatura em Desenho na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1983, e tem especialização em gravura em metal na Academia de

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Belas Artes de Cracóvia/Polônia em 1987, onde teve contato com o ateliê dos artistas Jacek Sroka e Stanisław Wejman. A artista tem desde 1980 um envolvimento com as linguagens da pintura e gravura, é atuante como artista gráfica na Casa da Gravura do Solar do Barão e participou de diversas mostras e exposições nacionais e internacionais. Guilmar Silva: nasceu em Camboriú, Santa Catarina em 1942 e morreu em 2008, deixando uma grande obra na pintura paranaense e exerceu importante papel como produtora cultural e incentivadora de novos artistas. Teve importante atuação na revitalização do Solar do Barão. Também ajudou a revitalizar os mecanismos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Curitiba. Ao longo de sua carreira, Guilmar realizou mais de 70 exposições individuais e coletivas por todo o Brasil. Suas obras são influenciadas pelo cubismo e compõem os acervos do Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Museu de Arte de Santa Catarina e Universidade Do Paraná. Hélio Leites: nasceu em 1951 na cidade da Lapa, Paraná. Faz arte a partir de objetos que, em mãos menos criativas, seriam facilmente descartados como lixo. Caixinhas de fósforo, botões, garrafas, latas e embalagens diversas se transformam em obras coloridas, cheias de detalhes e histórias. Estudou xilogravura, monotipia, cerâmica, desenho, e desde a década de 1970 participa de exposições em Curitiba e outras cidades paranaenses. Jorge Carlos Sade: faleceu em 2013, aos 86 anos. Foi aluno de Torstein, filho de Alfredo Andersen. Entre 1950 e 1960 se mudou para o Rio de Janeiro, onde conheceu muitos artistas famosos. Abandonou a carreira militar escolhendo ser artista e marchand. Como artista visual participou da 7ª Bienal de São Paulo em 1963 e de dezenas de salões de arte. Como galerista, foi um descobridor e incentivador de talentos, e formou uma bela coleção de arte. Klaus Karall: artista alemão com linhas geométricas marcantes, retrata os edifícios icônicos de quatro grandes cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Berlim e Frankfurt. Seus desenhos são reproduzidos em posters, telas e jornais velhos.

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Klaus Staeck: advogado e publicitário alemão bastante conhecido por seu trabalho em design. Famoso por criar posters políticos, Staeck explorou o tema desde seus estudos em direito criando posteres, flyers e cartões postais, totalizando em mais de 300 obras. O artista disponibiliza também em seu site os seus trabalhos em postais para venda. Leonilson: cearense, nasceu em 1957 e faleceu em 1993. Teve formação acadêmica na Fundação Armando Álvares Penteado, se dedicando sempre à pintura, desenho e escultura. As obras do artista remetem ao seu mundo íntimo, com memórias e retratos de épocas específicas de sua vida. Leonilson criou sua assinatura com a elaboração de alguns elementos como um livro aberto, o radar, a torre, o coração, o relógio, a bússola, o átomo e a ampulheta, entre outros. Louise Bourgeois: nasceu em Paris no ano de 1911 e faleceu em Nova Iorque em 2010. Produziu trabalhos em diversas linguagens, sempre chamando o espectador para suas memórias mais íntimas. Após tentativas de produções diversas, Bourgeois procura autenticidade em academias parisienses, e vai ser influenciada por nomes como Roger Bissière e Fernand Léger. Apenas em 1940, se firma na escultura, continuando com seus trabalhos autobiográficos repletos de emoção, fábulas, pulsões, memórias e retratos de sua infância difícil. Nelson Israel de Lima Peralta: com 66 anos de idade, Nelson Israel de Lima Peralta, guarda lembranças de exposições importantes em sua carreira como artista gravador. Na 5ª Mostra Anual de Gravura da Cidade de Curitiba em 1982 foi o premiado na categoria Escola de Música e Belas Artes do Paraná, enfrentando um júri com nomes importantes como Fayga Ostrower. No ano seguinte também foi selecionado para a mostra. O artista participou ainda do 2º Salão Paulista de Artes Plásticas e Visuais e do 12º Panorama de Arte Atual Brasileira, ambos em 1981. Newton Goto: nasceu em 1970 em Curitiba. Graduado em pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (1994), especialista em História da Arte do século XX pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e mestre em linguagens visuais

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pela universidade federal do rio de janeiro (2004). Artista Visual, ativista cultural, pesquisador, critico curador, produtor e membro de coletivos artísticos como E/OU e EPA. Atua em diferentes linguagens artísticas, e expõem em diferentes circuitos, como espaço urbano/público, em circuitos autônomos independentes e em espaços institucionais de arte. Sua produção artística é plural, reflete em seu início um imaginário individual do artista em seus desenhos, pinturas e performances, e em suas produções mais atuais, que questionam o espaço urbano (de forma política) e a relação cotidiana entre o público, o espaço público e arte. Poty Lazzarotto: nasceu em 29 março de 1924, no aniversário de Curitiba, sua cidade natal. Estudou Pintura na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, mas sua paixão estava mesmo na gravura, assim aprofundou seus estudos nessa linguagem. Foi entre tantas coisas, ilustrador e muralista. Apaixonado pelo desenho, seus traços característicos deram vida a muitos lugares por onde passou, dando visibilidade ao cotidiano que geralmente não é enxergado. Faleceu em 8 de maio de 1998. Raul Cruz: nasceu em Curitiba em 1957 e faleceu jovem, com 36 anos, em 1993. Sua produção transitou entre várias linguagens das artes, como pintura, gravura, dramaturgia e ações performáticas, tendo sido um dos representantes da Geração 80 no estado do Paraná. Sua poética tem como temas principais os dramas psicológicos e íntimos de um sujeito que, imerso em um contexto politicamente turbulento, busca autonomia de si. Rossini Perez: nascido em Macaíba, Rio Grande do Norte, em 1932, é pintor e gravurista. Estudou na Escolinha de Arte do Brasil, orientado por Oswaldo Goeldi. Em 1962 foi bolsista estudando litografia na Rijksakademie, em Amsterdã. Em Dacar,

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no Senegal, ajudou a montar uma oficina de gravura em metal na École Nationale des Beaux-Arts (Enba) entre 1974 e 1975. Foi professor dessa instituição em 1977 e 1978. Volta para o Brasil em 1978, onde leciona no Centro de Criatividade da Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, e, de 1983 a 1986, no Ateliê de Gravura do MAM-RJ. Rubens Gerchman: nasceu no Rio de Janeiro em 1942 e faleceu na cidade de São Paulo em 2008. Artista múltiplo que está entre os maiores nomes da década de 1960 no Brasil. No começo da carreira, teve aulas com o gravador Adir Botelho e frequentou a Escola Nacional de Belas Artes. Participou da emblemática exposição Opinião 66 e foi diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (1975-1979). Seus trabalhos mais lembrados costumam tratar do imaginário social brasileiro: a vida nas cidades, os personagens do cotidiano, as crises, as dores, as alegrias. Sandra Ramos: nasceu em Havana, Cuba, em 1969. Aos 12 anos começou a estudar arte, continuou seus estudos na prestigiada Escuela Provincial de Artes Plásticas “San Alejandro”, e especializou-se em gravura pelo Instituto Superior de Arte de Havana. Sua arte, que transita entre pintura, gravura e instalação, é conhecida por expressar sua relação com a situação política e social de Cuba, e como esta afeta sua própria vida. Sônia Maria Tosatti da Rosa: nasceu em Videira, Santa Catarina, em 1948, mas foi no Paraná que desenvolveu a maior parte de seus trabalhos. Durante sua carreira participou de exposições importantes como a Mostra Anual da Gravura em Curitiba e de três Salões Paranaenses nos anos 70. Seus trabalhos permeiam a linguagem da pintura e gravura, e alguns podem ser vistos no acervo do Museu de Arte Contemporânea de Curitiba.

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O Grotesco

Arno Henrique Macedo Lindemann

(Texto crítico realizado originalmente para a disciplina de Estética ministrado pela profa. Clara Carnicero na UFPR — abril/2018)

A busca constante do ser humano por coisas agradáveis e a repulsa pelo grotesco é algo que, mesmo sem qualquer tipo de pesquisa sobre o assunto, pode ser facilmente compreendido. Porém essa compreensão é o que impede determinado grupo de pessoas de perceber qualidades únicas que só podem ser captadas naquilo que escracha tudo o que tanto se evita contato. Uma vez que para a maioria os motivos pelos quais o chocante não deva ser visto são tão óbvios que não precisamos nem nos dar o trabalho de pensar nas qualidades que aquilo pode possuir, acaba criando e fomentando um preconceito quanto ao grotesco, como se simplesmente não existissem qualidades. Pode-se dizer então que o grotesco não possui qualidades estéticas e por isso deve ser evitado? Quando realmente se pensa sobre o assunto logo se percebe que não, o que ocorre nesse caso é que fatores como o visceral, o bizarro, entre outros, só irão ser considerados interessantes e até mesmo positivos por aqueles que possuem maior acurácia em seu modo de observar tais fatores. As ideias deixadas por David Hume (1711-1776) explicam muito bem os motivos para que isso ocorra, por exemplo, o valor atribuído a determinada obra existe graças aos níveis de prazer ou desagrado que a pessoa sentiria ao observar o trabalho e não na coisa em si. O que ocorre é que toda a gama de experiências que as pessoas carregam consigo mesmas irá causar um sentimento ao se observar algo, sendo mais interessante quando esse algo é completamente novo para o espectador, pois assim ocorre que o sentimento que surge é completamente inesperado.

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Hume também esclarece a existência de um determinado padrão de gosto, tendências que sobre o que seria belo ou não que são comuns para muitos, além de que a maioria segue esse padrão mesmo sem compreender os motivos por trás disso. Como dito antes, toda a experiência que a pessoa possui irá influenciar seu sentimento ao se observar algo, assim criando seu gosto, desse modo é fácil entender o que leva tantos a querer distanciamento do que seria chocante, afinal desde a infância todos são ensinados a evitar tudo que seja estranho. O choque que surge ao se ver algo é pleno, porém ao tentar racionalizar muitos pecam. No caso do estranhamento isso é bastante nítido, é preferível para muitos não lidar com aquilo que não compreendem, pois sua zona de conforto é repleta de coisas que para eles são especialmente belas, então não existe motivos para se atravessar tal barreira e entrar em um universo desconhecido. Felizmente existem aqueles que possuem experiências ligadas ao contrário do que seria comum, pessoas que lidaram com o grotesco e justamente tornaram seu padrão de gosto delicado para esse universo, sem medo de observar e até mesmo desmoralizar aqueles que fogem desses assuntos. De acordo com Hume (2009) aquilo que foge dos nossos ideais é o que comumente chamados de bárbaro, pois não faz parte do nosso padrão do que seria agradável, porém isso se aplica a nós quando observamos os ideais de outro ser. O que seria bárbaro para Hume ou grotesco nesse caso e também os assuntos tão evitados, ao contrário do que possa parecer, não se resume ao mórbido e/ou pútrido, mas todos os assuntos contrários aquilo que as pessoas querem lidar. Por exemplo, a exposição “Não deu certo, Longe ou perto?” que ocorre no Solar do Barão, possui diversas obras divididas em 4 salas com temas que acabam interligando-se, focando desde a existências das grandes cidades e sua composição, até o indivíduo e aquilo que o torna um ser, desse modo o fazendo questionar a própria existência. Dentre as obras e as salas que constituem a exposição existem algumas que exemplificam muito bem essa ideia de desagradável, não somente de forma estética, mas com temas e ideias.

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Na primeira sala, onde o tema é a cidade em si, existe uma serigrafia que retrata as chaminés de alguma grande indústria e a fumaça que sai de tais chaminés, além disso, no canto inferior esquerdo é deixada uma área quadrada em branco com a serigrafia de uma flor no centro, a verticalidade das chaminés junto com o modo como a fumaça se desfaz ofuscando outras chaminés ao fundo e se misturando com as nuvens, além da flor inserida, tudo trabalha para criar algo de grande qualidade visual, sendo esse o ponto da ideia de grotesco, não ligado a visualidade, mas a crítica da destruição do meio ambiente. Já em uma obra da segunda sala, na qual o foco é o trabalho e as questões políticas que cercam os indivíduos existentes nas cidades, há uma gravura em metal que retrata um matadouro, existem animais mortos, presos e os homens lidando com tais animais utilizando cordas e varas, os maus tratos são evidentes, nessa obra, o desagradável é mais perceptível, a carne e o modo como os animais são tratados para alimentar a humanidade é algo que como no primeiro exemplo não traz coisas belas ao se pensar, então como antes, as pessoas simplesmente ignoram e seguem em busca daquilo que é agradável. A terceira sala fala sobre as mulheres e suas lutas diante de uma realidade extremamente machista, nessa sala umas das obras é uma grande vulva feita em tecido e parafina, graças ao tamanho ela se torna bastante chamativa, essa atenção toda é o que desagrada a muitos, pois a sexualidade e o modo como as mulheres são tratadas são outros tabus, afinal alguém que siga ideias tradicionais, muitas vezes religiosas, provavelmente sentiria desconforto ou no mínimo algum choque ao se deparar com tal obra pela primeira vez.

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A quarta sala foca no indivíduo e sua existência, a própria ideia da sala dialoga com o que seria desagradável, afinal não é surpresa como os indivíduos ignoram a existência de uns aos outros. Assim é possível estabelecer relação do grotesco e desagradável com a ideia geral da exposição, pois do mesmo modo que foca do macro (as cidades) ao micro (os indivíduos) suas obras abordam assuntos do macro ao micro, desde a destruição da natureza, se conectando com os animais que dividem essa natureza com a humanidade e chegando ao ponto de como a indiferença humana é aplicada dentro da própria espécie. Por isso tudo é possível perceber que também existe algum padrão no que seria desgostoso, pois assim como Hume estabelece maneiras de determinar o padrão do gosto, como o tempo e a distância entre as pessoas que fazem o julgamento, assim concluindo se algo seria belo, o desagradável e seus assuntos, indiferente de ser algo visual ou apenas nos conceitos, também são os mesmos, indiferente do tempo e distância, assim criando uma espécie de padrão de tabu ou padrão de grotesco. REFERÊNCIA HUME, D. A arte de escrever ensaio e outros ensaios (morais, políticos e literários). 1.ed. São Paulo: Iluminuras 2008.

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Uma análise entre Hume, Nochlin e Pollock Oriana Lea Di Monaco (Texto crítico realizado originalmente para a disciplina de Estética ministrado pela profa. Clara Carnicero — abril/2018)

Em busca de um padrão do gosto que conciliasse opiniões e criasse um certo consenso para julgar o belo, David Hume(1711 – 1776), em seu ensaio “Do padrão do gosto” defende que é possível identificar um gosto comum, naturalmente buscado pelo homem, através de princípios gerais de aprovação ou de censura. Este poderia ser observado em obras que transcendem ao tempo, aos países e épocas, pois o mantimento da admiração do público após centenas de anos tornaria inegável a beleza do objeto. Em contraponto aos parâmetros de Hume, a historiadora Linda Nochlin, que propõe uma nova forma de compreender e analisar a história da arte, questiona a posição de gênio atribuída aos artistas homens em seu texto “Porque não houve grandes mulheres artistas?”, pois o que ela apresenta como o “mito do gênio” coloca os artistas consagrados em um papel social de quem possui todas as condições para o êxito próprio, o que por consequência levaria a considerar que as mulheres são simplesmente incapazes de revelar talento para a arte, por não terem se destacado historicamente ou o terem feito muito menos, sem levar em consideração uma abrangente questão política e sociológica sobre os eventos que marcam ou não as vertentes da história.

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A pesquisadora Griselda Pollock, em seu texto “Visión, voz y poder: historias feministas del arte y marxismo” também questiona o mito do gênio, sempre associado ao homem em detrimento da exclusão da mulher artista, porém sua abordagem principal não tem enfoque nas dificuldades das mulheres para ascender em suas respectivas épocas e sim no apagamento posterior, pois muitas eram conhecidas até o século XIX e foram negadas por escritores modernos. Na exposição “Não deu certo? – Longe ou Perto” é criado um panorama da sociedade, onde através da curadoria da exposição pode-se observar o desenvolvimento de uma abordagem mais abrangente das cidades e dos povos que culmina em discussões do indivíduo sobre si mesmo. A trajetória da exposição é dividida em quatro salas, a primeira sendo o panorama da cidade; a segunda relacionando os indivíduos e o trabalho assim como as relações sociais e políticas; a terceira sobre a mulher e suas batalhas e a quarta sobre o olhar do indivíduo para si. Na terceira sala, que acompanha essa transição do macro para o micro, há apenas obras de mulheres, para pôr em evidência não só as artistas mulheres criadoras mas também suas batalhas, pois em uma sociedade regida por mecanismos de manipulação a atuação da mulher nos distintos campos sempre foi censurada e contida. Ao analisar esteticamente a exposição segundo os parâmetros de Hume, seria necessário possuir a delicadeza do gosto, o que caracterizaria uma observação refinada passível assim de discernir o belo. Para possuir tal delicadeza seria necessário, além de diversos outros fatores f ísicos e de percepção, ter conhecimento e se basear nas regras da arte, definidas por ele como regras tiradas de modelos estabelecidos (cânones da história da arte) e observação do que agrada e desagrada ao longo das épocas. O questionamento de Pollock e Nochlin sobre as relações de poder traz uma visão distinta as regras da arte nas quais se baseava Hume, pois enquanto ele assumia que os cânones têm seu status definido pela sua beleza e genialidade, as autoras ressaltam o apagamento das mulheres e suas obras por processos sociais e históricos do machismo, o que faz com que a história como a conhecemos tenha grandes lacunas e não reflita a realidade sobre o belo.

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Desta forma, como seria possível analisar esteticamente obras de mulheres, como na sala três da exposição na qual estas são o tema, com o padrão do gosto de Hume, sendo que um dos parâmetros está diretamente ligado a cânones e gênios e até mesmo espaços em que a mulher nunca esteve incluída e foi, inclusive, impedida de ocupar? Como avaliar o belo na obra de uma mulher a partir de uma perspectiva que ignora todo o processo de dominação cultural e de gênero além do talento da artista? Há obras na própria exposição que são pensadas através da batalha feminina para se manter nos meios e nos espaços sociais comuns, como poderiam estas obras ser avaliadas conforme os padrões canônicos? Nochlin e Pollock defendem uma modificação de toda a abordagem da história da arte, que por consequência demandaria uma análise distinta de vários padrões, incluindo o padrão do belo. REFERÊNCIAS HUME, David. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais, trad. Déborah Danowski, 2ª ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2009. _____. Do padrão do gosto; O cético. In: A arte de escrever ensaio e outros ensaios (morais, políticos e literários), trad. Márcio Suzuki e Pedro Pimenta. São Paulo: Iluminuras, 2011. NOCHLIN, Linda. Por que não houve grandes mulheres artistas? Trad. Juliana Vacaro. São Paulo: Edições Aurora, 2016. POLLOCK, Griselda. Differencing the Canon. Feminist Desire and the Writing of Art´s Histories. London: Routledge, 1999. _____. Visión, voz y poder: historias feministas del arte y marxismo. In. REIMAN, Karen Cordero e SÁENZ, Inda (orgs.). Crítica Feminista en la teoría e Historia del arte. México: Universidad Iberoamericana, 2007. _____. Modernity and the Spaces of Femininity, In: Vision and Difference: Femininity, Feminism and the Histories of Art, London & New York: Routledge. 1988.

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construindo a curadoria

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Créditos

Curadoria Anna Elisa Bruna Fernandes Bruna Krauze Caroline Bortolon Ester Vitor Fabiana Caldart Flora Aimbiré Greyce Santos Laís Gomes Leonardo Achnitz Liana Lemos Marcellen Neppel Paulo Reis Renan Archer Talita Rauber Tayná Milléo Design Gráfico Marcellen Neppel FOTOGRAFIA Marcellen Neppel projeto Educativo Bruna Fernandes Liana Lemos Cenografia Flora Aimbiré Laís Gomes

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Textos Arno Henrique Macedo Lindemann Greyce Santos Oriana Lea Di Monaco Renan Archer Talita Rauber Tayná Milléo Orientação e edição Paulo Reis Montagem Clóvis Soares Jenecir Gois Agradecimentos Clara Carnicero Cláudia Arioli Juliana Leonor Kudlinksi Lourenço Duarte de Souza Luciano Antunes Marili Aizim Casa da Memória Fundação Cultural de Curitiba Museu da Gravura Cidade de Curitiba Universidade Federal do Paraná


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