SÃO SEBASTIÃO:
O Soldado de Cristo Moacir Morran
SÃO SEBASTIÃO, O SOLDADO DE CRISTO
Desenho de Capa: Moacir Morran Texto de cordel: Moacir Morran
Aracati-Ceará Janeiro-2020
No sudoeste da França Nascera Sebastião Na cidade de Narbona Uma bela região Um homem de boa cepa E honroso coração. Na cidade de Milão Formou-se na cristandade Adotando como meta Aquela “nova verdade” Mesmo sendo proibido Naquela comunidade. Com grande habilidade Fez carreira militar Assim como o vosso pai Quis seus passos imitar Tornou-se um oficial De reputação exemplar. De um jeito peculiar Foi destaque na caserna Entre os muitos militares Nunca se envolveu em baderna Era um homem de palavra E de alma pura e fraterna. -4-
Galgou de maneira terna Dentro da força romana Posições tão importantes Na base pretoriana Sem precisar se afastar Duma convicção humana. Inda que draconiana A doutrina de soldado Havia o cristianismo Por dentro lhe transformado Sendo ali sua figura Dentre muitos, destacado. Fora ficando afamado Em sua corporação Cujos seus superiores Renderam-lhe admiração E até mesmo o Imperador Ganhara sua atenção. Sem saber que era cristão Lá no império romano Tornou-se chefe da guarda Do Rei Diocleciano Desejo do imperador Que também era tirano! -5-
Todo o seu ódio mundano Era focado somente Numa doutrina cristã Que surgia ali emergente Aumentando em seu reinado Sua fé por entre a gente. Ficara tão intransigente Por conta da cristandade Semeando em seu governo A mais densa crueldade Matando a quem adotasse Aquela credulidade. Sua horrenda vontade Fazia-se ali presente Nas cadeias e masmorras Pra quem falasse ser crente Era jogado aos leões De maneira tão inclemente. Sebastião foi intemente Mesmo sabendo a sanção E quando estava em serviço Nunca fugiu da missão Consolando e renovando A força e fé do cristão. -6-
Aos que estavam na prisão Tratava com muito amor Sua mensagem de fé Era bálsamo pra dor Seguiu de modo correto As premissas do Senhor. Mesmo vendo o dissabor Por conta de sua crença Tanta tortura, castigo, Ferida, suor e ofensa Sebastião persistiu Naquela peleja intensa. E mesmo tendo a sentença Como certeza de morte O mais bravo dos soldados Entregou a Deus sua sorte Fazendo a fé em Jesus Cristo O seu mais rijo suporte. Havia um respeito forte Em seu grande pelotão Por tudo que executava O grande Sebastião Mas aonde tem inveja Também reside a traição. -7-
Numa certa ocasião Sem que pudesse supor Um daqueles comandados Resolveu ser delator Revelando a sua crença Diante do Imperador. Domado por um furor O César se viu traído Determinou que o pegassem Na condição de bandido Para poder destruir O que estava construído. Sebastião foi rendido E levado à majestade Para que diante dela Confessasse a cristandade E pudesse receber Tão grave penalidade. Sem fugir da verdade Encarou aquele perigo Sem temer por um instante A pujança do inimigo Diocleciano disse Como seria o castigo: -8-
“Tirem daqui deste abrigo Esta carcaça cristã Fira, moleste e torture Que eu estou ficando tantã Arranque dele a certeza Do germinar de amanhã!” Os guardiões em seu afã Curvaram-se ao tal comando Dito pelo Imperador Quando estava condenando E que sem muita demora Foram logo executando. Foram dele retirando O que tinha de agasalho Deixaram-lhe seminu Cobriram-lhe com retalho Torturaram o seu corpo Preso a um enorme carvalho. Sua tortura, detalho Assim de forma rimada O seu castigo exigido: Foi condena-lo a flechada E acharam que sua vida Havia sido ceifada. -9-
A tortura foi cessada E em um regato corrente O seu corpo foi jogado Como fosse um indigente Mas o que não se sabia Era que estava dormente. Sebastião resistente Ainda estava com vida E graças a Santa Irene Por ela foi socorrida Que o levara ao seu recinto Dando-lhe toda a guarida. Saúde estabelecida E a viveza restaurada Sebastião persistiu Naquela sua jornada Mesmo sabendo que aquilo Era morte declarada. A sua atitude ousada Mostrava seu destemor No lugar de se esconder Virou Evangelizador Levando força e esperança Ao seu povo sofredor. -10-
Desta vez o Imperador Queria uma solução Para terminar de vez Com grande Sebastião Fazendo de sua morte A mais terrível lição. Fizeram judiação À pontapés e paulada Desde vez a sua vida Fora só assim extirpada Jogaram-lhe numa fossa Difícil de ser achada. Mas ela foi revelada A jovem Santa Lucina Que resgatando o seu corpo Da cova tão fedentina Sepultou-lhe tão orgulhosa Com dignidade divina. Hoje sua nobre sina Por todos nós é lembrado Salve São Sebastião Neste dia consagrado O seu legado de fé Nunca mais será apagado. -11-
O que aqui fora contado Não é produto da invenção Está tudo nos arquivos Como manda a tradição Nos registros de autoria De Ambrósio de Milão. Aracati (CE), 26 de Dezembro de 2019.
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Moacir Ribeiro da Silva, pseudônimo: Moacir Morran nasceu em 13 de Março de 1979 na cidade de Jaguaruana (CE). Brincante, teatrólogo, pesquisador de cultura popular, cordelista e poeta. Iniciou-se nas artes através do teatro e dos folguedos populares, sobretudo nos blocos e agremiações carnavalescas. Recebera o reconhecimento local pelos serviços prestados em Jaguaruana, inclusive com uma condecoração em 2014 pelos serviços prestados na literatura local. Atualmente a literatura de cordel tem sido – nos últimos anos – o seu exercício mais profícuo. Participou de diversas antologias poéticas e tem colecionado diversos prêmios nas áreas da poesia e do cordel de projeção nacional. Prêmios: Menção Honrosa no VI Concurso Nacional e Internacional de Contos e Poesia da Editora Valência / Menção Honrosa no 2° Concurso Nacional de Poesia Pague Menos / Menção Honrosa no 3° Concurso Nacional de Poesia Pague Menos /Menção Honrosa no 4° Concurso Nacional de Poesia Pague Menos / Menção Honrosa no Concurso TOC 140 Fliporto / Prêmio Chico Traíra de Literatura de Cordel / Prêmio Novos Autores Cearenses – Literatura de Cordel / Prêmio Nacional Patativa do Assaré de Literatura de Cordel / Homenagem aos escritores filhos de Jaguaruana / 6º Concurso Literário de Itaporanga - 1º Lugar Categoria Poesia Popular, Empresa Jornalística e de Opinião Pública Folha do Vale Ltda. Contato: (85) 9.9835.4330 / (85) 9.8826.1693