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António Leite · Vice-Presidente do Conselho Diretivo do IEFP
O MODATEX é um dos 24 centros a nível nacional protocolados com o IEFP e que desenvolve a sua atividade na área do têxtil, da moda e da confeção. É aquilo que consideramos uma parceria público-privada virtuosa, na medida em que funciona no ponto de cruzamento entre o que é o serviço público de emprego e formação profissional e as necessidades do setor, seja de ativos empregados, seja de desempregados ou de candidatos ao primeiro emprego. Ao longo destes 10 anos, o MODATEX conseguiu juntar o melhor dos três centros que lhe deram origem e ainda melhorar, sem aniquilar nenhuma das áreas que incorporou. Mesmo a escolha do nome foi cuidadosa: não deixa dúvidas sobre qual a área de atuação – Tex - mas, ao mesmo tempo, faz um refrescamento da mensagem ao juntar ao nome Moda. Que é um excelente chamariz para os mais jovens. Temos de ter a capacidade de conseguir aproveitar a particular disponibilidade e apetência dos jovens para a Moda e trazê-los para o setor. O MODATEX teve também a extraordinária competência de conseguir manter a qualidade em todas as áreas que incorporou, sempre com um foco muito claro nas necessidades do setor. A mudança é uma das “palavras sagradas” com que somos frequentemente confrontados. Mudar por mudar não faz sentido. A mudança só deve ocorrer se for para melhor. E no caso específico do MODATEX, o que este Centro tem de fazer é continuar o trabalho que tem feito até agora de enraizamento no setor, procurando chegar, para além das maiores e mais modernas também a empresas que não sendo as mais vistosas, ou as mais significativas, são as que têm maior necessidade de apoio. É também essencial não perder o comboio da modernização. O plano de investimento ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência é imperdível e está centrado sobretudo na renovação do parque de maquinaria e na possível instalação do MODATEX em locais onde não está presente ou cuja presença é mais frágil. Atualmente são vários os desafios que se colocam à formação profissional. O mais significativo é a crescente incorporação de tecnologia e conhecimento no processo produtivo, e consequentemente nas profissões. Estas mudanças tecnológicas em áreas e setores onde, à partida, não associaríamos grandes alterações, foram acontecendo de uma forma muito rápida, aliás uma das caraterísticas mais marcantes da atual revolução industrial, para além da globalização. O tempo que necessitamos para responder às necessidades, ao nível dos equipamentos que temos de adquirir para que os formandos aprendam nas máquinas onde vão trabalhar nas empresas, é verdadeiramente desafiante. Outro grande desafio é o do setor conseguir vencer uma certa imagem de mão-de-obra pouco qualificada, e como tal barata. Este combate só se consegue fazer mostrando que o têxtil já não é assim e que os trabalhadores têm boas condições de trabalho. A captação dos mais jovens para o ITV não é um problema fácil de resolver e não é exclusivo deste setor, é multissetorial. Muitos têm em casa o exemplo do têxtil do antigamente – as mães, as tias, as avós. Vidas inteiras dedicadas ao trabalho que não as conseguiu tirar do limiar da pobreza. As empresas, sobretudo as maiores, têm a responsabilidade de mostrar que esta não é uma realidade predominante Temos de ser capazes de mostrar que esse têxtil não é de todo a realidade atual. Os jovens têm uma particular apetência para serem conquistados pelas tecnologias. Temos que ter a capacidade de demonstrar que a presença das tecnologias, dos gadgets e dos computadores é o dia-a-dia das empresas. A subida dos níveis salariais e as melhorias das condições de trabalho são essenciais, num país que aspira a ter melhores condições de vida. Quando se fala de educação e de formação há três fatores essenciais a ter em conta: o tempo; é preciso tempo para aprender alguma coisa, sobretudo no caso de aprendizagens tecnicamente exigentes; os conteúdos são o segundo fator e o terceiro são as pessoas para quem a formação é planeada e desenvolvida. A formação deve ter sempre um caráter adaptativo. Obviamente há um objetivo que temos de atingir, mas a forma como o fazemos pode e deve ser adaptado às pessoas que estão à nossa frente. E tem sempre como propósito a integração das pessoas no mercado de trabalho. O MODATEX tem um foco muito claro no serviço público. É o ponto do IEFP mais próximo da nossa atividade formativa e das necessidades que as empresas nos colocam.
10 anos MODATEX
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Gostaria de deixar uma mensagem de profundo reconhecimento pelo extraordinário trabalho desenvolvido ao longo destes 10 anos. Um trabalho que é feito por pessoas. A qualidade dos Recursos Humanos que asseguram a formação do MODATEX é de louvar. Aliada a esta característica está a crescente qualidade dos formandos e formandas que mantêm o MODATEX vivo. Desejo que os próximos 10 anos sejam tão exemplares como foram estes que agora terminam.
No ano em que o MODATEX assinala o 10º aniversário da sua fundação, a Revista Vestir interpelou os dirigentes das três associações do setor, e que estão na base da criação do Centro, sobre os desafios e as oportunidades que se colocam a cada um dos subsetores e à formação de recursos humanos, bem como a importância do MODATEX no crescimento e adaptação de um setor que é estratégico para a economia do país num momento crucial e de grande incerteza dos mercados.
JOSÉ ALBERTO ROBALO · ANIL CÉSAR ARAÚJO · ANIVEC MÁRIO JORGE MACHADO · ATP