HOPE Hospice para Cuidados Paliativos Larissa Moita
Rio de Janeiro 2018
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ARQUITETURA E URBANISMO
LARISSA MOITA LADEIRA PINTO
HOPE Hospice para Cuidados Paliativos
RIO DE JANEIRO 2018
LARISSA MOITA LADEIRA PINTO
HOPE Hospice para Cuidados Paliativos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Fábio Bitencourt
RIO DE JANEIRO 2018
Pinto, Larissa Moita Ladeira. Hope: Hospice para Cuidados Paliativos / Larissa Moita Ladeira Pinto - Rio de Janeiro, RJ, 2018. 121 p. Orientador: Fábio Bitencourt Monografia (Graduação) – Universidade Estácio de Sá. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. 1. Arquitetura Hospitalar – Monografia. 2. Hospice – Monografia. 3. Cuidados Paliativos – Monografia. I. Bitencourt, Fábio. II. Universidade Estácio de Sá. III. Hope: Hospice para Cuidados Paliativos
DEDICATÓRIA
Para minha bisavó Irene Faria, que me amou até seu último momento de vida.
AGRADECIMENTOS
Agraço à Deus, sem Ele eu nada seria. Aos meus pais e irmãos, pelo apoio e por sempre estarem ao meu lado no melhores e piores momentos desses últimos seis anos. Ao meu orientador, Fábio Bitencourt, por comprar minha ideia “maluquinha”, pelos conselhos e auxílio nas difíceis etapas desse trabalho. Ao professor René Galesi, pelas dicas e puxões de orelha que foram fundamentais durante o processo da monografia. A todos os professores que acreditaram em mim e despertaram ainda mais o meu amor pela arquitetura durante todo o curso. Aos meus amigos, pelo apoio e por compartilharem comigo as alegrias e angustias desde o início da faculdade.
“Todo ser humano tem direito à vida e a vivê-la em plenitude e com dignidade, desde o momento do seu nascimento até a sua morte.” Autor Desconhecido
RESUMO Hospice, além de uma vertente filosófica, é um espaço de saúde voltado a atender as necessidades de pessoas que sofrem de doenças crônicas, progressivas e em fase avançada, que precisem em tempo integral, proporcionando ao paciente bem-estar, conforto, qualidade de vida, controle da dor imposta pela doença, auxilio ao luto, entre outros benefícios, através dos cuidados paliativos e de uma arquitetura hospitalar especial, adaptada para atender as necessidades dos usuários - pacientes, familiares e funcionários - e sustentável. Levando em consideração a carência de espaços de saúde exclusivos a abordagem paliativa, para pessoas portadoras de doenças fora da possibilidade de cura e que ameace a vida, focando na pessoa e não na doença, incluindo o apoio a família, o presente trabalho apresenta a proposta de projeto de um Hospice, um Centro de Cuidados Paliativos no bairro Recreio dos Bandeirantes, no município do Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro. Considerou-se também a importância da humanização hospitalar e a influência da arquitetura na qualidade de vida durante o fim da vida, o processo da morte e o luto. Para a elaboração desse trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas, pesquisas de campo e consultas a lei complementar vigente e a legislação hospitalar. Palavras-chave:
Arquitetura
Arquitetura Humanizada.
Hospitalar;
Hospice;
Cuidados
Paliativos;
ABSTRACT Hospice is beyond a philosophical way of seeing things, is a health care space to provide the special needs that chronic disease patients require and it also attends people with progressive and terminal diseases, it gives theses patients wellbeing, comfort, life quality and control their pain in a certain way, grief support among other benefits through palliative care and a special hospital treatment that's suited for the user (patients, family and staff) and it's also sustainable. Considering the vacancy of health care spaces designed for palliative treatment for people with diseases that no longer have a cure and threaten life, this is a space that focus on people not on the cure, including family support, this work is a project proposal of a Hospice, Centro de Cuidados Paliativos located in a Recreio dos Bandeirantes neighborhood in Rio de Janeiro city and Rio de Janeiro state. Hospital humanization is a very important matter and how architecture has a way of weight on people's live at the end of it through their process of death and grief. To develop this project, researches had been made, field trips and consulting at complementary current law and hospital laws. Key-words: Hospital Architecture; Hospice; Palliative Care; Humanized Architecture.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
O Papel dos Cuidados Paliativos Durante a Doença e o Luto.......................................................................................................22
Figura 2
Função do Hospice Durante o Processo de Doença Avançada e Luto.......................................................................................................27
Figura 3
Processo do Diagnóstico da Doença a Indicação de Abordagem Paliativa................................................................................................28
Figura 4
Formas de Atendimento em Hospice................................................29
Figura 5
Dimensões para Deslocamento de Pessoa com Deficiência Visual....................................................................................................35
Figura 6
Dimensões
para
Deslocamento
de
Pessoa
com
Andador
Rígido...................................................................................................35 Figura 7
Dimensões para Deslocamento de Pessoa com Muletas...............35
Figura 8
Dimensões para Deslocamento de Pessoas com Deficiência Física em Cadeira de Rodas...........................................................................36
Figura 9
Limiar da Dimensão e da Dor em Relação ao Nível de Intensidade do Som (dB(A)) e da Frequência Sonora (Hz)....................................37
Figura 10
Revestimentos de Pisos que Podem Facilitar a Circulação, Reduzir Ruídos e Promover o Deslocamento Confortavelmente..................38
Figura 11
Circulo Cromático...............................................................................40
Figura 12
Soluções Paisagística para Redução de Temperatura no Entorno das Edificações...................................................................................42
Figura 13
Atribuições Assistenciais de Saúde..................................................44
Figura 14
Mapa do Município do Rio de Janeiro................................................49
Figura 15
Mapa Recreio dos Bandeirantes........................................................49
Figura 16
Imagem Aérea do Terreno...................................................................49
Figura 17
Vista Frontal do Terreno.....................................................................50
Figura 18
Vista Frontal do Terreno.....................................................................50
Figura 19
Vista Lateral do Terreno......................................................................51
Figura 20
Vista Lateral do Terreno......................................................................51
Figura 21
Recreio dos Bandeirantes – anos 1930..............................................52
Figura 22
Recreio dos Bandeirantes – anos 1930..............................................52
Figura 23
Recreio dos Bandeirantes atualmente...............................................53
Figura 24
Túnel da Grota Funda..........................................................................53
Figura 25
Parque Natural Municipal Chico Mendes...........................................54
Figura 26
Orla Recreio dos Bandeirantes..........................................................54
Figura 27
Museu Casa do Pontal.........................................................................54
Figura 28
Cobertura da rede de esgoto no bairro do Recreio dos Bandeirantes........................................................................................72
Figura 29
Limites dos setores, com marcação do setor G................................77
Figura 30
Setor G com marcação da ZRU – Residencial I e terreno..................77
Figura 31
Planta Baixa – TUCCA.........................................................................79
Figura 32
Entrada – TUCCA.................................................................................79
Figura 33
Área externa – TUCCA.........................................................................80
Figura 34
Área externa – TUCCA.........................................................................80
Figura 35
Quarto de pacientes – TUCCA............................................................81
Figura 36
Brinquedoteca – TUCCA.....................................................................81
Figura 37
Sala de Hidroterapia – TUCCA............................................................82
Figura 38
Oratório – TUCCA................................................................................82
Figura 39
Pavimento Térreo – Urban Hospice...................................................85
Figura 40
Primeiro Pavimento – Urban Hospice................................................85
Figura 41
Fachada – Urban Hospice...................................................................86
Figura 42
Pátio interno – Urban Hospice............................................................86
Figura 43
Terraço – Urban Hospice....................................................................87
Figura 44
Salas de Estar – Urban Hospice..........................................................87
Figura 45
Pavimento Térreo – North London Hospice......................................89
Figura 46
Primeiro Pavimento – North London Hospice...................................90
Figura 47
Segundo Pavimento – North London Hospice..................................90
Figura 48
Fachada – North London Hospice......................................................91
Figura 49
Áreas de Estar – North London Hospice............................................91
Figura 50
Salas de Terapia – North London Hospice.........................................92
Figura 51
Salas de Terapia – North London Hospice.........................................92
Figura 52
Escritório Comunitário – North London Hospice..............................92
Figura 53
Croqui – Fábrica e Escritório DESINO Eco........................................94
Figura 54
Fachada – Fábrica e Escritório DESINO Eco.....................................95
Figura 55
Fachada Verde – Fábrica e Escritório DESINO Eco..........................95
Figura 56
Fachada Verde – Fábrica e Escritório DESINO Eco..........................95
Figura 57
Integração com vegetação externa – Fábrica e Escritório DESINO Eco........................................................................................................96
Figura 58
Integração com vegetação externa – Fábrica e Escritório DESINO Eco........................................................................................................96
Figura 59
Integração entre elementos vazados e vegetação – Fábrica e Escritório DESINO Eco........................................................................96
Figura 60
Integração entre elementos vazados e vegetação – Fábrica e Escritório DESINO Eco........................................................................96
Figura 61
Integração entre arquitetura e relevo – Casa Cho.............................97
Figura 62
Fachada – Casa Cho............................................................................97
Figura 63
Varanda – Casa Cho............................................................................98
Figura 64
Varanda – Casa Cho............................................................................98
Figura 65
Varanda – Casa Cho............................................................................99
Figura 66
Varanda em balanço – Casa Cho.......................................................99
Figura 67
Integração entre interior e exterior – Casa Cho...............................100
Figura 68
Fachada Lateral – Casa Cho.............................................................100
Figura 69
Croquis – Capela Joá........................................................................101
Figura 70
Croquis – Capela Joá........................................................................101
Figura 71
Vista interna – Capela Joá.................................................................102
Figura 72
Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá................102
Figura 73
Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá................103
Figura 74
Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá................103
Figura 75
Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá................103
Figura 76
Abraço................................................................................................106
Figura 77
Volumetria..........................................................................................110
Figura 78
Volumetria..........................................................................................110
Figura 79
Volumetria..........................................................................................110
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Óbitos no Município do Rio de Janeiro pro Sexo………...................30
Gráfico 2
Causas de Mortes no Município do Rio de Janeiro…………….…....31
Gráfico 3
Distribuição
das
Internações
Hospitalares
por
Principais
DCNT....................................................................................................31 Gráfico 4
Taxa de Mortalidade Específica por Idade e Ano.............................32
Gráfico 5
No Bairro Recreio Do Bandeirantes...................................................55
Gráfico 6
Residentes no Bairro Recreio do Bandeirantes, por Grupo de Idade.....................................................................................................55
Gráfico 7
Residentes no Bairro Recreio do Bandeirantes, por Grupo de Idade.....................................................................................................56
Gráfico 8
Média das Temperaturas Durante o Ano...........................................65
Gráfico 9
Média
das
Temperaturas
e
Zona
de
Conforto
Durante
o
Ano.......................................................................................................66 Gráfico 10
Umidade Relativa Durante o Ano.......................................................66
Gráfico 11
Média de Incidência de Chuva Durante o Ano...................................67
Gráfico 12
Radiação Média Durante o Ano..........................................................68
Gráfico 13
Rosa dos Ventos - Dia.........................................................................70
Gráfico 14
Rosa dos Ventos - Noite......................................................................70
Gráfico 15
Tipo de Esgotamento dos Domicílios no Bairro Recreio dos Bandeirantes........................................................................................73
Gráfico 16
Abastecimento
de
Água
no
Bairro
Recreio
dos
Bandeirantes........................................................................................74 Gráfico 17
Domicílios
com
Energia
Elétrica
no
Bairro
Recreio
dos
Bandeirantes........................................................................................75
LISTA DE TABELAS E MAPAS
Tabela 1
Doenças Elegíveis para Cuidados Paliativos....................................26
Tabela 2
Quadro de Áreas – Tucca....................................................................83
Tabela 3
Quadro de Áreas – Urban Hospice.....................................................88
Tabela 4
Quadro de Áreas – North London Hospice.......................................93
Mapa 1
Cheios e Vazios...................................................................................57
Mapa 2
Hierarquia Viária..................................................................................58
Mapa 3
Uso do Solo..........................................................................................59
Mapa 4
Gabaritos.............................................................................................60
Mapa 5
Equipamentos Urbanos......................................................................61
Mapa 6
Cobertura Vegetal................................................................................62
Mapa 7
Topografia............................................................................................63
Mapa 8
Hidrografia...........................................................................................64
Mapa 9
Avaliação do Potencial Solar no Inverno..........................................69
Mapa 10
Avaliação do Potencial Solar no Verão.............................................69
Mapa 11
Insolação e Ventos Dominantes.........................................................71
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCP
Associação Brasileira de Cuidados Paliativos
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
AD
Atenção Domiciliar
AMB
Associação Médica Brasileira
ANCP
Academia Nacional de Cuidados Paliativos
BRT
Bus Rapid Transit
CEDAE
Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
CFM
Conselho Federal de Medicina
DCNT
Doenças Crônicas Não Transmissíveis
EAS
Estabelecimentos de Assistência à Saúde
HC-IV
Hospital do Câncer IV
IAHPC
International Association of Hospice and Palliative Care
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCA
Instituto Nacional de Câncer
NB
Normas Brasileiras
NBR
Normas Brasileiras Regulamentadoras
NR
Norma Regulamentadora
OMS
Organização Mundial da Saúde
RAS
Rede de Atenção à Saúde
SUS
Sistema Único de Saúde
USP
Universidade de São Paulo
ZRU
Zona Residencial Unifamiliar
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 17 HOSPICE E OS CUIDADOS PALIATIVOS ....................................................................... 19
1. 1.1.
HISTÓRICO DE HOSPICE E CUIDADOS PALIATIVOS............................................. 19
1.2.
O QUE SÃO CUIDADOS PALIATIVOS .......................................................................... 22
1.3.
INDICAÇÕES DE CUIDADOS PALIATIVOS ................................................................. 25
1.4.
CONCEITO HOSPICE DE ATENDIMENTO .................................................................. 27
1.5.
MORTALIDADE NO BRASIL............................................................................................ 30 ARQUITETURA HUMANIZADA.......................................................................................... 33
2. 2.1.
CONFORTO ERGONÔMICO ........................................................................................... 33
2.2.
ACESSIBILIDADE .............................................................................................................. 34
2.3.
CONFORTO ACÚSTICO .................................................................................................. 37
2.4.
CONFORTO VISUAL......................................................................................................... 39
2.5.
SUSTENTABILIDADE ....................................................................................................... 42 LEGISLAÇÃO HOSPITALAR .............................................................................................. 43
3. 3.1.
RDC N°50, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002 ............................................................... 43
3.2.
PORTARIA N° 483, DE 1° DE ABRIL DE 2014 ............................................................ 45
3.3.
PORTARIA N° 44, DE 10 DE JANEIRO DE 2001 ........................................................ 47
3.4.
PORTARIA N° 825 DE ABRIL DE 2016 ......................................................................... 48 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................................... 49
4. 4.1.
LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................... 49
4.2.
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO ................................................................................ 50
4.3.
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO URBANA ............................................................................ 52
4.4.
POPULAÇÃO ...................................................................................................................... 55
4.5.
ANÁLISE DO ENTORNO .................................................................................................. 57
4.6.
ANÁLISE AMBIENTAL ...................................................................................................... 62
4.7.
INFRAESTRUTURA URBANA ......................................................................................... 72
4.8.
ZONEAMENTO E LEGISLAÇÃO .................................................................................... 76
4.8.1.
REFÊRENCIAS PROGRAMÁTICAS ................................................................................. 78
5.
6.
LEI COMPLEMENTAR N.º 104/2009 ...................................................................... 76
5.1.
HOSPICE FRANCESCO LEONARDO BEIRA – São Paulo, Brasil ........................... 78
5.2.
URBAN HOSPICE – Copenhague, Dinamarca ............................................................. 84
5.3.
NORTH LONDON HOSPICE – Londres......................................................................... 89 REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICA .................................................................................... 94
6.1.
FÁBRICA E ESCRITÓRIO DESINO ECO – Vietnã ...................................................... 94
6.2.
CASA CHO – Minas Gerais, Brasil .................................................................................. 97
6.3.
CAPELA JOÁ – Rio de Janeiro, Brasil .......................................................................... 101 PRESSUPOSTOS ................................................................................................................ 104
7.
8.
7.1.
PROGRAMA ..................................................................................................................... 104
7.2.
DIRETRIZES ..................................................................................................................... 105
7.3.
CONCEITO ........................................................................................................................ 106
7.4.
FISIOGRAMA .................................................................................................................... 107
7.5.
IMPLANTAÇÃO ................................................................................................................ 108
7.6.
SETORIZAÇÃO ................................................................................................................ 109
7.7.
VOLUMETRIA ................................................................................................................... 110 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 112 ANEXO............................................................................................................................................... 116 “ESTOU PRONTA PARA MORRER” – Revista Veja ............................................................. 116
17
INTRODUÇÃO
A palavra hospital vem do latim hospitalis, que significa “casa de hóspedes” e desde a Antiguidade até a Idade Média (século XVII) possuía a função de abrigar pobres, doentes e viajantes, buscando dar conforto aos enfermos, sem caráter curativo. A partir do século XVIII a doença foi reconhecida como patologia e a arquitetura hospitalar passou por uma revolução, surgindo, então, uma preocupação em atender as necessidades espaciais e funcionais exigidas pela prática médica hospitalar, tornando-se um instrumento de cura. Hoje a medicina moderna dispõe de conhecimento, técnicas e equipamentos que podem fornecer longevidade de vida, mas por mais avançada que seja, a medicina não pode impedir a morte, nem prevenir que doenças se tornem crônicas, progressivas e fora da possibilidade de cura. A Medicina Paliativa surge como benefício dentro desse contesto e está centrada no cuidado humano e ético com o paciente, através dos cuidados paliativos. Este, é focado exclusivamente na melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares, através da prevenção e alivio do sofrimento, promovendo do controle da dor e dos sintomas causados pelas doenças, dando suporte físico, psicológico, social e espiritual até o fim da vida. Hospice além de uma filosofia de cuidados, é também um local destinado aos cuidados paliativos, um espaço preparado com todo aparato médico e uma equipe que que envolve além de médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionista, fisioterapeutas e assistentes sociais para o cuidado a pacientes próximos ao fim de suas vidas, através de uma arquitetura especialmente e humanizada, desenvolvida para atender as necessidades medicas e pessoais do paciente, seu familiares e funcionários. No Brasil, o termo hospice é pouco conhecido e só foi ganhar espaço no país a partir da década de 1990, com a criação da Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) em 1997 e a fundação de outras instituições, como o Centro de Suporte Terapêutico Oncológico, criado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), que veio a se transformar em uma unidade de Cuidados Paliativos (HC-IV) no Rio de Janeiro. Portanto, o objetivo deste trabalho será o desenvolvimento de um Hospice para Cuidados Paliativos, na cidade do Rio de Janeiro, no bairro Recreio do Bandeirantes.
18
Buscando também a exposição e esclarecimento sobre o assunto. O público alvo será pessoas na fase adulta que sofrem de doenças crônicas, avançadas e incuráveis, que precisem de cuidados constantes, através da internação do paciente, pessoas que conseguem se manter em casa durante a noite e precisam de um local de conivência adequado para passar o dia, na modalidade Hospital Dia e apoio a pessoas que optem pelo atendimento a domicilio.
19
1. HOSPICE E OS CUIDADOS PALIATIVOS 1.1.
HISTÓRICO DE HOSPICE E CUIDADOS PALIATIVOS
Alguns historiadores apontam que a filosofia paliativista começou na antiguidade, com as primeiras definições sobre o cuidar. Na Idade Média, durante as Cruzadas, era comum achar hospices (hospedarias, em português) em monastérios, que abrigavam não somente os doentes e moribundos, mas também os famintos, mulheres em trabalho de parto, pobres, órfãos e leprosos. Muitos destes passavam seus últimos dias sob os cuidados de frades, freira e mulheres viúvas que trabalhavam nesses monastérios. Esta forma de hospitalidade tinha como característica o acolhimento, a proteção e o alívio do sofrimento, mais do que a busca pela cura. (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2005) O nome “Hospice” foi aplicado pela primeira vez em Lyon, na França em 1842, quando Jeane Garnier fundou a primeira casa para cuidados exclusivamente de moribundos. Hoje, a Les Dames du Calvaire (Associação das Mulheres do calvário) é o maior Hospice da Europa. (FERRIS, 2014, p. 25) Annie Blount Storrs, uma jovem americana, viveu na França por alguns anos no final do século XIX e conheceu a rotina da associação fundada por Jeanne Garnier, focada nos cuidados dos doentes terminais, proporcionando conforto e consolação aos familiares e parentes. Então, ao voltar para os Estados Unidos, em 1899, Annie reuniu um pequeno grupo de mulheres para criar a Woman of Calvarity (Mulheres do Calvário) em Nova Iorque. (FERRIS, 2014, p. 25) Em 1879, as Irmãs Irlandesas da Cridade (Irish Sisters Charity), criaram em Dublin o Our Lady’s Hospice e mais tarde, em Londres, em 1905, fundaram o St. Joseph’s Hospice. (FERRIS, 2014, p. 25) Ainda em Londres, muitas entidades passaram a atender doentes sem expectativa de cura. Em uma delas, a St. Luke’s Home for Ding Poor, trabalhou Cicely Saunders, criadora dos conceitos que conhecemos hoje com cuidados paliativos. (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2005) Cicely Saunders nasceu em 22 de junho de 1918, na Inglaterra, e dedicou sua vida ao alívio do sofrimento humano. Graduou-se como enfermeira, depois como
20
assistente social e como médica. Escreveu muitos artigos e livros que até hoje servem de inspiração e guia para paliativistas no mundo todo. Em 1967, Cicely fundou o St. Christopher´s Hospice, o primeiro serviço a oferecer cuidado integral ao paciente, desde o controle de sintomas, alívio da dor e do sofrimento psicológico. (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2005) Cicely Saunders conseguiu entender o problema do atendimento que era oferecido em hospitais para pacientes terminais. Até hoje, famílias e pacientes ouvem de médicos e profissionais de saúde a frase “não há mais nada a fazer”. A médica inglesa sempre refutava: “ainda há muito a fazer”. Ela faleceu em 2005, em paz, sendo cuidada no St. Christopher´s, que até hoje reconhecido como um dos principais serviços no mundo em Cuidados Paliativos e Medicina Paliativa. (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2005) Esse conceito, idealizado pela Dra. Saunders, se propagou pela Europa e América do Norte, chamando atenção dos órgãos de saúde para a importância da qualidade de vida até o momento da morte, oficializando o termo Cuidados Paliativos. Em 1985 foi fundada a Associação de Medicina Paliativa da Grã-Betânia e Irlanda, o Reino Unido foi o primeiro país a reconhecer a medicina paliativa como uma especialidade médica, definida como “o estudo e controle de pacientes com doença ativa e progressiva em fase avançada, para os quais o prognóstico é limitado e o foco dos cuidados é a qualidade de vida.” (SAUDERS, 1995, p.2) No Brasil, não existe registros seguros de qual teria sido o primeiro Hospice no país, pois não existe história escrita dessas instituições. Porém, de acordo com registos disponíveis, o primeiro local com tais caraterísticas, surgiu em 1944, na cidade do Rio de Janeiro, no Bairro da Penha, chamado Asilo da Penha, fundado pelo então diretor do Serviço Nacional de Cancerologia, Mário Kroeff, que, por alguns anos teve importante papel na assistência aos pobres que morriam de câncer. (FLORIANI, 2010, p.166 e 175) Porém, só a partir da década de 1990 a medicina paliativa passa a ganhar visibilidade no Brasil, quando o professor Marco Túlio de Assis Figueiredo abre os primeiros cursos e atendimentos com filosofia paliativista na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM). (FERRIS, 2014, p. 28)
21
Em 1996, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) inaugurou o Centro de Suporte Oncológico, que se transformou em uma unidade de Cuidados Paliativos (HC-IV) no Rio de Janeiro. Atualmente, é um dos serviços mais completos do país. (FERRIS, 2014, p. 28) Em 1997, é fundada a Associação Brasileira de Cuidados paliativos (ABCP), com importante papel na divulgação de Cuidados Paliativos no país. No mesmo ano surge o primeiro curso de Cuidados Paliativos na Universidade de São Paulo (USP). (FERRIS, 2014, p. 28) No ano 2000, o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo inicia o serviço de Cuidados Paliativos em modalidade de atendimento domiciliar. Dois anos depois, inaugura uma enfermaria para garantir a continuidade do cuidado. (FERRIS, 2014, p. 28) O Sistema Único de Saúde inclui a prática dos Cuidados Paliativos em serviços de Oncologia, em 2002. No mesmo ano, o Ministério da Saúde pública a Portaria 859 sobre disponibilidades de opioides. (FERRIS, 2014, p. 28) Em 2005, é fundada a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP). No ano seguinte o Ministério da Saúde cria a Câmara Técnica de Assistência em Cuidados Paliativos e o Conselho Federal de Medicina (CFM) publica a Resolução n°1.805/2006, que reconhece a prática de Cuidados Paliativos. (FERRIS, 2014, p. 29) A Associação Médica Brasileira (AMB) reconhece, em 2011, a Medicina Paliativa como área de atuação de seis especialidades médicas: Pediatria, Medicina de Família e Comunidade, Clínica Médica, Anestesiologia, Oncologia e geriatria. Em 2014 a Medicina Paliativa é reconhecida pela AMB como área de atuação de outras duas especialidades médicas: Medicina Intensiva e Cirurgia de cabeça e Pescoço. (FERRIS, 2014, p. 29)
22
1.2.
O QUE SÃO CUIDADOS PALIATIVOS
“Eu me importo pelo fato de você ser você, me importo até o último momento de sua vida e faremos tudo que está ao nosso alcance, não somente para ajudar você a morrer em paz, mas também para você viver até o dia da sua morte.” Dame Cicely Saunders
O conceito de Cuidados Paliativos é perfeitamente resumido nessa citação de Cicely Saunders. A medicina paliativa não busca adiar nem acelerar a morte, não prega a eutanásia, mas sim a ortotanásia que é o termo utilizado pelos médicos para definir a morte natural, sem interferência da ciência, permitindo ao paciente morte digna e sem sofrimento. Reconhecendo o processo da morte com uma etapa natural da vida.
Figura 1: O Papel dos Cuidados Paliativos durante a Doença e o Luto Fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Disponível em <paliativo.org.br/vamos-falarde-cuidados-paliativos/> Acesso em 25/02/2018
23
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os Cuidados Paliativos são uma abordagem terapêutica que melhora a qualidade de vida dos pacientes e suas famílias que enfrentam problemas associados a doenças crônicas que ameaçam a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento por meio da identificação precoce e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais e espirituais. (MATSUMOTO, 2012, p.26) A OMS publicou, em 1986, os princípios que regem a atuação da equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos, que foram revistos em sua revisão em 2002 e estão listados a seguir: Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis Através de conhecimento específico para a prescrição de medicamentos, adoção de medidas não-farmacológicas e abordagens psicossociais e espirituais que contribuem para o alívio da dor e outros sintomas. Afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida O Cuidado Paliativo resgata a possibilidade da morte como um evento natural e esperado na presença de doença ameaçadora da vida, enfatizando a vida que ainda pode ser vivida. Não acelerar nem adiar a morte Os Cuidados Paliativos não têm relação com a eutanásia, visando promover a qualidade de vida durante os últimos meses do paciente, mantendo-o consciente e garantindo que ele morra da melhor forma possível. Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente Quando uma doença ameaça a continuidade da vida, costuma gerar uma série de perdas que afetam individualmente o paciente, mas também sua família, como a perda de autonomia, segurança, capacidade física, entre outras, que podem trazer angustia, depressão e desesperança. Nesse caso, é fundamental a abordagem psicológica, somando a ela a abordagem espiritual, independente de região, crenças e princípios.
24
Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte Problemas sociais, dificuldades de acesso a serviços, medicamentos e outros recursos também podem gerar sofrimento. A arquitetura hospitalar humanizada entra nesse aspecto proporcionando um ambiente agradável e seguro que permita a autonomia e bem-estar do paciente. Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e o luto Durante o curso de uma doença e o processo do luto, a família, tanto a biológica, como a adquirida (parceiros, amigos, etc.) também “adoece” e deve acolhida para receber apoio psicológico, afim de compreender o luto e participar do processo de cuidar. Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença Respeitando seus desejos, necessidades e limitações. A arquitetura também tem grande importância no aspecto de melhoria de qualidade de vida, através de um espaço projetado especialmente para atender e suprir as necessidades do paciente e sua família. Iniciar o mais precocemente possível o Cuidado Paliativo, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes De acordo com a definição de Cuidados Paliativos da OMS, esses devem ser os primeiros passos desde o diagnostico que pode vir a ameaçar continuidade da vida. Portanto, o paciente não ser privado de recursos diagnósticos e terapêuticos que devem ser usados de forma hierarquizada, considerando os benefícios e evitando os malefícios de cada etapa até chegar a abordagem paliativa. (Manual de Cuidados Paliativos, 2012, p. 26 a 29 – Adaptado)
25
1.3.
INDICAÇÕES DE CUIDADOS PALIATIVOS
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os pacientes portadores de doenças graves, progressivas e incuráveis, que ameacem a continuidade da vida, deveriam receber os Cuidados Paliativos desde o seu diagnóstico. Porém, sabemos que, se essa referência tivesse obrigatoriamente que ser cumprida, a maioria dos pacientes permaneceria sem nenhuma assistência paliativa, pois ainda não temos disponibilidade de profissionais e serviços que possam atender essa população. (ARANTES, 2012, p. 56) Por conta da dificuldade de avaliar e cuidar do sofrimento, foram estabelecidos alguns critérios de recomendação para Cuidados Paliativos, considerando a possibilidade de indicação para aqueles pacientes que esgotaram todas as possibilidades de tratamento de manutenção ou prolongamento da vida, que apresentam sofrimento. (ARANTES, 2012, p. 57) No Brasil, não existem parâmetros oficiais para o cálculo das necessidades de Cuidados Paliativos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a necessidade de Cuidados Paliativos pode ser tomada com base no perfil de mortalidade de uma população. Considera-se que, entre as mortes ocorridas por causa natural, 50% a 80% são passíveis de necessidades de Cuidados Paliativos, considerando-se todos os diagnósticos. No caso do Câncer e HIV/SIDA, a porcentagem de pessoas com necessidade de Cuidados Paliativos por ano é de 80% das mortes por Câncer ou HIV/ SIDA. (MACIEL, 2012, p.109)
26
Tabela 1: Doenças elegíveis para cuidados paliativos DOENÇAS QUE EXIGEM CUIDADOS PALIATIVOS Adultos 15 anos ou mais
Alzheimer Artrite reumática Câncer Cirrose no fígado Doenças cardiovasculares Doença pulmonar obstrutiva crônica Diabetes Esclerose múltipla Esclerose lateral amiotrófica Falência renal HIV / AIDS Parkinson Tuberculose multirresistente Síndrome da fragilidade
Desenvolvida pela autora
27
1.4.
CONCEITO HOSPICE DE ATENDIMENTO
Hospice, além de uma filosofia de cuidados, consiste numa unidade de saúde com complexidade mediana, preparado para dar respostas rápidas a necessidades mais complexas dos pacientes. Diferencia-se do hospital geral pelo espaço destinado a atividades diversas e convivência, inclusive para familiares. (MACIEL, 2012, p.100) A Unidade Hospitalar especializada em Cuidados Paliativos pode atender também a diferentes necessidades, desde pacientes em fase final da vida com internação curta (média de 14 dias) ou pode abrigar pacientes com necessidades de internação prolongada (média de 2 a 3 meses) com doenças crônicas avançadas: como doença pulmonar, cardíaca ou renal, canceres e fase avançada das demências com alto grau de incapacidade, entre outras. (MACIEL, 2012, p.101) Precisam ser equipadas para atender ocorrências clínicas e para isso necessitam da presença médica 24 horas. E podem localizar-se na área de um hospital de referência ou em prédio isolado. (MACIEL, 2012, p.101) Pacientes indicados para um atendimento em um hospice são aqueles com diagnóstico de doenças em fases avançadas e estimativa de vida de 6 meses ou menos. O conceito de hospice refere-se a cuidados prestados ao fim da vida, incluindo a assistência durante o processo de morrer, se estendendo ao acolhimento da familiares em luto. (FERRIS, 2014, p. 22)
Figura 2: Função do Hospice durante o processo de doença avançada e luto Fonte: Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Disponível em <paliativo.org.br/vamosfalar-de-cuidados-paliativos/> Acesso em 25/02/2018
28
Figura 3: Processo do diagnóstico da doença a indicação de abordagem paliativa e luto Desenvolvido pela autora
A arquitetura dos hospices modernos é geralmente composta por um edifício ou conjunto de edifícios, com extensos jardins e ambientes adequados para os cuidados de pessoas com doenças de abordagem paliativa e fornecem tratamentos para pequenos grupos de pessoas, geralmente por um tempo relativamente curto, de dias e semanas. (WORPOLE, 2009, p.9) No Brasil existem poucas unidades nesta modalidade, sendo exemplo o Hospital do Câncer IV do Instituto Nacional do Câncer, a Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital do Câncer de Barretos e, em São Paulo, o Hospital Local de Sapopemba, que atende à clientela do SUS, e o Hospital Premier, que atende convênios de saúde. (MACIEL, 2012, p.101) Vantagens O Hospice permite a prática especializada em Cuidados Paliativos em toda sua totalidade, com abordagem impecável aos sintomas físicos, psicossociais e espirituais. Abordagem inclui uma série de atividades que permitem ao paciente viver, mesmo na fase final da doença, com mais liberdade e funcionalidade. Apesar da assistência permitir a mesma complexidade do hospital, a sensação de estar internado é atenuada e permite maior convivência ente pacientes e familiares. (MACIEL, 2012, p.101)
29
Necessidades A organização de um Hospice sobre Cuidados Paliativos exige a construção ou a adaptação de um prédio apropriado e agradável, que contenha jardins, áreas de lazer e salas especiais para as atividades coletivas. As acomodações devem ser preferencialmente individuais, com espaço para acomodação de um familiar ou acompanhante, com mobiliário leve e agradável. Deve conter espaços para atividades de terapia ocupacional e de reabilitação, exames laboratoriais, ultrassonografia, endoscopia e radiologia, assim como sala para pequenos procedimentos paliativos, como gastrostomia por via endoscópica. Deve contar com equipe multiprofissional completa com formação em Cuidados Paliativos, que inclui médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, fisioterapeutas,
terapeutas
ocupacionais,
musicoterapeutas,
fonoaudiólogos,
nutricionistas, farmacêuticos, odontólogos, entre outros. O parâmetro médico sugerido pela International Association of Hospice and Palliative Care (IAHPC) é de 10 a 15 leitos por médico em período integral, inclusive nos feriados e fins de semana. As Unidades Hospitalares de Cuidados Paliativos no Brasil têm em média 50 a 60 leitos disponíveis. Podem abrigar uma unidade dia, atividade ambulatorial integrada e núcleo de atendimento domiciliar. (MACIEL, 2012, p.102)
Figura 4: Formas de atendimento em Hospice Desenvolvido pela autora
30
1.5.
MORTALIDADE NO BRASIL
Segundo dados do IBGE, no ano de 2014, foram registrados 13.971 óbitos no município do Rio de Janeiro, sendo a maior frequência no sexo masculino, com 7.060 óbitos, comparados a 6.911 óbitos no sexo feminino.
Gráfico 1: Óbitos no município do Rio de Janeiro pro sexo - 2014.
Mulheres 49%
Homens 51%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Dentre as causas de mortes no município do Rio de Janeiro, em 2014, 50% dos óbitos foram compostos pelas principais Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), indicadas para abordagem paliativa. Doenças do Aparelho Circulatório (Cardiovasculares), com 2.511 óbitos, Neoplasias (Câncer), com 2379 óbitos, Doenças do Sistema Respiratório, com 1.836 óbitos, seguidas das Doenças do Sistema Nervoso (com Alzheimer e Parkinson), com um total de 241 óbitos.
31
Gráfico 2: Causas de mortes no município do Rio de Janeiro- 2014. Aparelho Respiratório 13%
Outras Doenças
Aparelho Circulatório 18%
Neoplasias 17%
50% Sistema Nervoso 2%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
De acordo com o Ministério da Saúde, os quatro principais grupos das Doenças Crônicas Não Transmissíveis correspondem a 33,7% do total de internações pagas do SUS, na cidade do Rio de Janeiro, de 2003 a 2012. São elas as doenças cardiovasculares representam as principais causas de internação, seguidas por Neoplasias, diabetes e doenças respiratórias.
Gráfico 3: Distribuição das internações hospitalares por principais DCNT – 2003 a 2012
Fonte: Datasus/Sistema de Internações Hospitalares (SIH). *Dados sujeitos à revisão.
32
Ainda segundo dados do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro, entre os anos de 2000 e 2012, o maior índice de óbitos aconteceu em idosos, principalmente após os 70 anos.
Gráfico 4: Taxa de mortalidade específica por idade e ano - 2000 a 2012.
Fonte: SIM – SMS-Rio. *Dados sujeitos à revisão.
33
2. ARQUITETURA HUMANIZADA “A humanização dos espaços para a saúde significa fazer boa arquitetura, eficiente, bela e agradável. A consideração do bemestar da pessoa deve estar em cada traço do arquiteto, reconhecendo que, quando se está frágil, a sensibilidade aumenta, juntamente com a necessidade de apoio, compreensão e ambientes dignamente projetados.” Antônio Pedro Alves de Carvalho
Humanizar é tornar algo mais humano. No caso dos ambientes hospitalares, a arquitetura pode ser um meio terapêutico quando contribui para o bem-estar físico e emocional do paciente. Tornar algo mais humano é respeitar as necessidades do usuário, sejam eles pacientes, familiares ou funcionários, fornecendo espaços confortáveis e agradáveis que desenvolvam condições de convívio mais humanas. Diversos condicionantes são necessários para humanização de um ambiente e o arquiteto tem o papel fundamental de promover o conforto, sem comprometer a funcionalidade. A seguir, serão abordados aspectos fundamentais para o conforto ambiental nos hospitais:
2.1.
CONFORTO ERGONÔMICO
Ergonomia é a ciência que contribui para a qualidade de vida da sociedade, através do estudo de diversos aspectos do comportamento humano no trabalho, para isso, é necessário que seja considerado o mobiliário, equipamentos, ferramentas e o ambiente e seus fatores, além dos aspectos psicossociais para a realização do trabalho. (BITENCOURT, 2017, P.2) A ergonomia, em parceria com a arquitetura, contribui para a promoção de ambientes adequados as necessidades humanas. A ergonomia busca adaptar o trabalho ao ser humano, através de equipamentos, tecnologias, mobiliários, entre outros. Já a arquitetura é a arte de criar espaços para as diversidades humanas, considerando valores mensuráveis e imensuráveis. Portanto, ambas não se limitam a melhorias
34
estruturais do ambiente, mas a humanização, tornando os espaços conscientes, confortáveis e acolhedores ao usuário. (BORGES E BUTTER, 2017, P. 9 e 10) Para formalizar e normatizar as ações ergonômica, foram desenvolvidos regulamentos, leis e normas, com o objetivo de estimular sua aplicação. A NR 17 – Ergonomia, “visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.”
2.2.
ACESSIBILIDADE
Quando se trata de pacientes com doenças crônicas e sem possibilidade de cura, pode-se encontrar desde pessoas sem dificuldade alguma de locomoção, até pessoas que perderam a capacidade de sair da cama. Porém, para Cambiaghi (2011), deficiência é uma questão de perspectiva. Quando um deficiente físico está em um ambiente acessível e universal, a deficiência não afeta suas atividades. Mas quando uma pessoa, sem qualquer deficiência, está em um ambiente hostil e inacessível para ela, essa pessoa pode ser considerada deficiente para esse espaço. No Brasil, a norma vigente é a NBR 9050 - Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, “estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.” Dentre as várias diretrizes dispostas na NBR 9050, está o desenho universal, adotados mundialmente, “que visa atender à maior gama de variações possíveis das características antropométricas e sensoriais da população.”
35
Figura 5: Dimensões para deslocamento de pessoa com deficiência visual. Fonte: NBR 9050
Figura 6: Dimensões para deslocamento de pessoa com andador rígido. Fonte: NBR 9050
Figura 7: Dimensões para deslocamento de pessoa com muletas. Fonte: NBR 9050
36
Figura 8: Dimensões para deslocamento de pessoas com deficiência física em cadeira de rodas. Fonte: NBR 9050
37
2.3.
CONFORTO ACÚSTICO
O sistema auditivo é responsável não só por nossa habilidade de escutar, como pela capacidade de nos direcionar através dos sons. Ao projetar um ambiente, deve-se considerar que o espaço auditivo se estende em todas as direções, o que permite ao visitante ter uma percepção global do ambiente, diferente do espaço visual, que é frontal e está inserido no cone visual, sendo mais limitado que o sistema auditivo. (NEVES, 2017, p. 82 a 84) O ambiente hospitalar vive a contraditória situação de ser um local que exige condições de conforto acústico especiais, com níveis de ruídos que atendam as recomendações estabelecidas em normas técnicas, ao mesmo tempo que é um local onde situações e equipamentos produzem elevados níveis de ruídos. (BITENCOURT; COSTEIRA, 2014, p. 88)
Figura 9: Limiar da dimensão e da dor em relação ao nível de intensidade do som (dB(A)) e da frequência sonora (Hz) Fonte: WOODSON, 1992.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite de tolerância ao ouvido humano é de 65 dB(A). Acima disso, nosso organismo sofre de estresse e pode aumentar o risco de doenças. Ruídos acima de 85 dB(A) podem comprometer a audição.
38
A NB 95 estabelece os níveis de ruídos aceitáveis para as diversas atividades. Já a NB 101 determina os níveis de ruído compatíveis ao conforto acústico nos ambientes. O uso de determinados materiais em revestimentos de pisos, como mantas ou placas vinílicas, borracha ou linóleos, podem reduzir a reverberação de ruídos nos ambientes hospitalares. Assim como os materiais para revestimento de teto. (BITENCOURT, 2014, p. 69 e 70)
Figura 10: Revestimentos de pisos que podem facilitar a circulação, reduzir ruídos e promover o deslocamento confortavelmente. Fonte: BITENCOURT, 2013
Além disso, existem soluções paisagísticas, como paredes verdes e arborização, que podem contribuir para a redução de ruídos vindos de áreas externas, com o som do trânsito, promovendo melhorias acústicas, climáticas e tornando o ambiente mais humano. (BITENCOURT; COSTEIRA, 2014, p. 51)
39
2.4.
CONFORTO VISUAL
Os olhos são os órgãos responsáveis pela percepção de luz e sua percepção depende dos aspectos físicos ambientais e da fisiologia humana. A estrutura fisiológica dos olhos pode ser comparada à de uma câmera fotográfica, pela similaridade com que permite o acesso da luz através da pupila. Sob luz intensa, a pupila tem seu diâmetro reduzido, controlando a intensidade de luz. O contrário acontece em ambientes onde prevalece a penumbra, permitindo a entrada do máximo de luz possível. Por isso, a qualidade visual está diretamente ligada a quantidade de luz que chega ao ponto de observação. (BITENCOURT, 2014, p. 89 e 90) Iluminação Um espaço bem iluminado é aquele que atende adequadamente as necessidades visuais do indivíduo nos diversos aspectos – técnicos, fisiológicos, estéticos e psicológico, pois possibilitam: maximizar a produção; minimizar os riscos e os acidentes; esforçar menos o sistema visual; valorizar as cores, a morfologia e a textura dos objetos; e proporcionar segurança e bem-estar. (BORGES e BUTTER, 2017)
Um projeto de iluminação deve conciliar eficiência e conforto visual, além de estética. É extremamente necessário pensar de sustentável em relação a iluminação de um ambiente, valorizando a iluminação natural, que influencia positivamente na qualidade dos projetos arquitetônicos. Já a iluminação artificial deve ser pensada como um complemento para o desenvolvimento de tarefas que necessitem de maiores níveis de iluminação do que a proporcionada pela luz natural. (BORGES e BUTTER, 2017, p. 125) Em um ambiente hospitalar, o projeto arquitetônico e de luminotécnica de considerar o impacto dos efeitos bactericidas, biológicos e psicológicos da luz sobre o usuário e ainda as características de cada atividade funcional de cada ambiente e equipamento. (BITENCOURT, 2002, p.14 e 15) A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), através da NBR 5413 – Iluminância de interiores, no item 5.3.28 – Hospitais, traz requisitos para a qualidade dos sistemas de iluminação em ambientes de saúde.
40
Cores As cores sempre fizeram parte da história da humanidade. Mais do que decorativas, a cor atua psicologicamente, por isso é um elemento projetual. Segundo Vania Costa Gusmão: “As cores são consideradas coadjuvantes do processo terapêutico, atuando no equilíbrio do corpo e da mente. Assim sendo, sua utilização deve ser planejada nos estabelecimentos de saúde.” A Cromoterapia é uma terapia natural, recomendada como complemento da medicina tradicional, que leva em conta todos os níveis do ser humano (físico, mental, emocional, energético e espiritual), e não apenas os sintomas físicos. A técnica consiste na atribuição de significados às cores que podem reverter problemas de saúde, promovendo o alívio sintomático através da cor absorvida pelo corpo. (GUSMÃO, 2010)
Figura 11: Circulo Cromático Fonte: Reforma Visual. Disponível em < http://reformavisual.com/circulo-cromatico/> Acesso em 24/05/2018
As cores claras devem ser usadas em ambientes menos iluminados, onde a luz do sol incide pouco. Locais muito escuros deixam as pessoas deprimidas e cansadas. Nos hospitais as tonalidades quentes ou frias devem ser equilibradas.
41
As principais propriedades consideradas na cromoterapia são: •
Vermelho: É a cor mais poderosa e deve ser usada com prudência. Estimula o sangue e libera adrenalina. É eficaz em distúrbios relacionados à pele e ao sangue. Produz calor, que revitaliza o corpo físico.
•
Laranja: É a cor da alegria, do calor, da vontade e do poder temporal. É antidepressivo, aumenta o otimismo, estimula o apetite, promove a boa digestão, beneficia a maior parte do sistema metabólico, rejuvenesce e vitaliza, e pode elevar a pressão sanguínea.
•
Amarelo: É estimulante, energizante, purificador e eliminador. Estimula a percepção, o intelecto e o sistema nervoso central. Desperta esperança em doentes que desistiram da cura. Indicado para obter concentração mental e fixar informações. Deve ser usado com outras cores, pois o excesso pode gerar tensão. Isolado, pode causar a perda de estabilidade, proteção, meta ou foco, o que estimula o nervosismo e a incerteza. É uma vibração positiva que sugere alegria e divertimento.
•
Verde: É uma cor analgésica. Deve ser utilizada com muito cuidado, pois pode ser fatigante e estimular a depressão quando usada em excesso. Pode ser aplicada para desequilibrar as vibrações causadas por uma doença. Útil em problemas de coração, úlceras, dores de cabeça, casos de câncer etc. Associada à paz, à natureza, à saúde, à abundância, à tranquilidade, ao equilíbrio, à esperança e à juventude.
•
Azul: É a cor do equilíbrio, da harmonia e da expansão espiritual. Tem efeito relaxante, calmante e analgésico. Atua no sistema nervoso, nos vasos sanguíneos, e em todo o sistema muscular.
•
Branco: O branco é sempre positivo e afirmativo. É a soma de todas as cores e o símbolo do absoluto. A cor que apresenta maior sensibilidade na presença da luz. Está associada à ordem, estabilidade, paz e harmonia. Permite boa iluminação, uma vez que absorve pouca luz e transmite pouco calor ao ambiente interno, permitindo, desta forma, um maior conforto.
42
2.5.
SUSTENTABILIDADE
O conforto ambiental está diretamente ligado a soluções sustentáveis que proporcionam melhora da qualidade do conforto climático no interior das edificações. Algumas dessas soluções sustentáveis que devem ser aplicadas em edificações hospitalares são: •
Uso de ventilação natural para reduzir a temperatura dos ambientes internos;
•
Uso de captação de energia solar, como fonte de energia elétrica e aquecimento de água;
•
Utilização de telhado verde, reduzindo o impacto térmico nos espaços interiores;
•
Uso de brises e elementos vazados para reduzir o calor interno;
•
Aplicação de soluções paisagísticas, reduzindo os ruídos periféricos e atenuando o calor em fachadas ensolaradas; (BITENCOURT; COSTEIRA, 2014, p.85)
Figura 12: Soluções paisagística para redução de temperatura no entorno das edificações Fonte: BITENCOURT, baseado em BARROSO-KRAUSE (2004)
43
3. LEGISLAÇÃO HOSPITALAR 3.1.
RDC N°50, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002
A Resolução da diretoria Colegiada - RDC N° 50 da Agencia Nacional da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, assinada em 21 de fevereiro de 2002, “Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos de saúde.” Na Parte 1 – Projetos De Estabelecimentos Assistenciais De Saúde, são apresentados os regulamentos técnicos para a elaboração de um projeto físico de arquitetura hospitalar. No Capítulo 2 – Organização Físico – Funcional, são apresentadas as atribuições e atividades desenvolvidas em diversos tipos de estabelecimentos de assistência à saúde (EAS). Neste capítulo, estão dispostas as oito atribuições assistências de saúde, previstas pela resolução: 1. Prestação de atendimento eletivo em regime ambulatorial e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospital-dia; 2. Prestação de atendimento imediato de assistência à saúde; 3. Prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação; 4. Prestação de atendimento de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia; 5. Prestação de serviços de apoio técnico; 6. Formação e desenvolvimento de recursos humanos e de pesquisa; 7. Prestação de serviços de apoio à gestão e execução administrativa; 8. Prestação de serviços de apoio logístico.
44
Figura 13: Atribuições Assistenciais de Saúde Fonte: RDC N°50, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002
No Capítulo 3 – Critérios Para Projetos de Estabelecimento Assistenciais de Saúde, são apresentadas as variáveis que orientam e regulam as decisões a serem tomadas nas diversas etapas de desenvolvimento de projeto: •
Circulações externas e internas;
•
Condições ambientais e de conforto;
•
Condições ambientais de controle de infecção hospitalar;
•
Instalações prediais ordinárias e especiais;
•
Condições de segurança contra incêndio.
45
3.2.
PORTARIA N° 483, DE 1° DE ABRIL DE 2014
A Portaria n° 483, do Ministério da Saúde, assinada em 1 de abril de 2014, “Redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito o Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado.” O Ministério da Saúde “considera que as doenças crônicas não tranmisiveis constituem o problema de saúde de maior magnitude e corresponderam a 72% (setenta e dois por cento) das causas de morte em 2007.” Art. 2°. “consideram-se doenças crônicas as doenças que apresentam início gradual, com duração longa ou incerta, que, em geral, apresentam múltiplas causas e cujo tratamento envolva mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que, usualmente, não leva à cura.” Art. 3°. dispõe princípios da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas: •
Humanização da atenção, buscando-se a efetivação de um modelo centrado no usuário, baseado nas suas necessidades de saúde;
•
Respeito às diversidades étnico-raciais, culturais, sociais e religiosas e aos hábitos e cultura locais;
•
Modelo de atenção centrado no usuário e realizado por equipes multiprofissionais;
•
Autonomia dos usuários, com constituição de estratégias de apoio ao autocuidado;
O Capítulo 3 – Dos Componentes, dispõe sobre os componentes da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Parágrafo único. Além do disposto no art. 21, compete ao subcomponente ambulatorial especializado da Atenção Especializada: •
Atuar de forma territorial, sendo referência para uma população definida, a partir do perfil epidemiológico das doenças crônicas e das necessidades de saúde da população de cada região, considerando-se os conceitos de escala, no que se refere à economia e à qualidade do cuidado;
46
•
Encaminhar para o subcomponente hospitalar da Atenção Especializada os casos diagnosticados para procedimentos clínicos ou cirúrgicos de diagnósticos ou internação, em função de complicações decorrentes das doenças crônicas, quando esgotadas as possibilidades terapêuticas no subcomponente ambulatorial especializado da Atenção Especializada.
Art. 21. São competências comuns do componente da Atenção Básica e dos subcomponentes ambulatorial especializado e hospitalar da Atenção Especializada: •
Planejar o cuidado considerando a avaliação da vulnerabilidade e da capacidade de autocuidado das pessoas com doenças crônicas;
•
Garantir o acesso aos medicamentos e insumos para o tratamento das doenças crônicas, de acordo com as atribuições do ponto de atenção e de acordo com a RENAME;
•
Oferecer acompanhamento multiprofissional e programar a realização de consultas e de exames de acordo com a necessidade individual, os protocolos e as diretrizes clínicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde ou elaboradas pelo nível local, no âmbito da sua atuação.
47
3.3.
PORTARIA N° 44, DE 10 DE JANEIRO DE 2001
A Portaria n° 44, do Ministério da Saúde, assinada em 10 de janeiro de 2001, dispõe sobre “a necessidade de padronizar o atendimento em regime de Hospital Dia, estabelecendo parâmetros operacionais para todo o território nacional, ressalvadas às características de cada patologia.” Art. 2º. Definir como Regime de Hospital Dia a assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na Unidade por um período máximo de 12 horas. V. Condições e requisitos específicos para realização do atendimento em regime de Hospital Dia – Geriatria: 1. Possuir estrutura assistencial para os idosos realizarem ou complementarem tratamentos médicos, terapêuticos, fisioterápicos ou de reabilitação; 2. Planta física adequada para receber o paciente idoso, equipada com todos os aparelhos necessários para garantir o cumprimento dos planos terapêuticos indicados; 3. Recursos Humanos: •
01 Geriatra;
•
02 enfermeiros;
•
07 auxiliares de enfermagem;
•
01 assistente social - outros membros da equipe multiprofissional ampliada e equipe consultora, conforme necessidade detectada pela equipe básica;
•
A equipe multiprofissional ampliada não necessita ser exclusiva do serviço, devendo ser composta por: fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo, farmacêutico e odontólogo;
48
3.4.
PORTARIA N° 825 DE ABRIL DE 2016
A Portaria n° 825, do Ministério da Saúde, assinada em 25 de abril de 2016, “redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitadas.” Art. 2° Para efeitos desta Portaria considera-se: I. Atenção Domiciliar (AD): modalidade de atenção à saúde integrada às Rede de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em domicílio, garantindo continuidade de cuidados; Art. 5°.
A AD é indicada para pessoas que, estando em estabilidade clínica,
necessitam de atenção à saúde em situação de restrição ao leito ou ao lar de maneira temporária ou definitiva ou em grau de vulnerabilidade na qual a atenção domiciliar é considerada a oferta mais oportuna para tratamento, paliação, reabilitação e prevenção de agravos, tendo em vista a ampliação de autonomia do usuário, família e cuidador. Art. 6°. A AD será organizada em três modalidades: I. Atenção Domiciliar 1 (AD 1); II. Atenção Domiciliar 2 (AD 2); III. Atenção Domiciliar 3 (AD 3). Art. 9°. Considera-se elegível na modalidade AD 2 o usuário que, tendo indicação de AD, e com o fim de abreviar ou evitar hospitalização, apresente: I - afecções agudas ou crônicas agudizadas, III.
necessidade de cuidados paliativos com acompanhamento clínico no mínimo
semanal, com o fim de controlar a dor e o sofrimento do usuário. Art. 10. Considera-se elegível, na modalidade AD 3, usuário com qualquer das situações
listadas
na
modalidade
AD
2,
quando
necessitar
de
cuidado
multiprofissional mais frequente, uso de equipamento(s) ou agregação de procedimento(s) de maior complexidade (por exemplo, ventilação mecânica, paracentese de repetição, nutrição parenteral e transfusão sanguínea), usualmente demandando períodos maiores de acompanhamento domiciliar.
49
4. ÁREA DE ESTUDO 4.1.
LOCALIZAÇÃO
O terreno está localizado no bairro Recreio dos Bandeirantes, na cidade do Rio de Janeiro. Se encontra na Estrada do Pontal, N° 2760. O lote possui uma área de aproximadamente 43.000m² e apresenta um relevo com até 25m entre o nível da Estrada do Pontal e os fundos do lote.
TERRENO Figura 14: Mapa do município do Rio de Janeiro
Figura 16: Imagem aérea do terreno
Figura 15: Mapa Recreio dos Bandeirantes
50
4.2.
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO
Figura 17: Vista frontal do terreno – Imagem de satélite Fonte: Google Earth
Figura 18: Vista frontal do terreno – Imagem de satélite Fonte: Google Earth
51
Figura 19: Vista lateral do terreno – Imagem de satélite Fonte: Google Earth
Figura 20: Vista lateral do terreno – Imagem de satélite Fonte: Google Earth
52
4.3.
HISTÓRICO E EVOLUÇÃO URBANA
Até os anos 1920 o bairro Recreio dos Bandeirantes era um enorme areal deserto de 30 milhões de hectares. Foi com a compra de uma Gleba da área por Joseph Weslley Finch que começou o desenvolvimento do bairro. O americano loteou parte do bairro e muitos paulistas adquiriram lotes à beira-mar para construir casas de veraneio, por isso, a região passou a ser conhecida como Recreio dos Bandeirantes. Em 11 de fevereiro de 1953 foi lançado o Projeto de Urbanização do Recreio dos Bandeirantes (PA 6028), de autoria do engenheiro e urbanista José Otacílio Saboya Ribeiro, com um projeto urbano que previa a integração ambiental e comunitária, inspirado nos ideais da Cidade Jardim, conciliando a topografia local a um traçado reticular, com diversas praças e parques de florestas nativas.
Figuras 21 e 22: Recreio dos Bandeirantes – anos 1930 Fonte: Jornal O Globo. Disponível em <https://ogimg.infoglobo.com.br> Acesso em 01/05/2018
O Recreio faz fronteira com os bairros Barra da Tijuca, Grumari, Vargem Grande e Vargem Pequena e apresentou um maior crescimento populacional nos anos 2000. Em 1980 moravam lá apenas 5.276 pessoas. Dez anos depois, os habitantes quase triplicaram, chegando a 14.344. O último dado do IBGE é de 2010 e quantifica 82.240 residentes. Hoje o bairro é completamente urbanizado, de classe média a alta, com o predomínio de prédios baixos, casa e condomínios de alto padrão que contrastam com a paisagem natural da região. Mesmo sendo um bairro jovem, também possui favelas, Terreirão e Beira Rio, ambos com problemas ligados a desmatamentos e poluição hídrica.
53
Figura 23: Recreio dos Bandeirantes atualmente Fonte: Meu RJ. Disponível em <https://www.meurj.com/recreio-dos-bandeirantes/> Acesso em 01/05/2018
O túnel da Grota Funda, inaugurado em 2012 e batizado com o nome do ex-vicepresidente José Alencar, construído no maciço da Pedra Branca, ligou o Recreio dos Bandeirantes ao bairro de Guaratiba e outras partes da zona oeste da cidade do Rio de Janeiro e conta com o corredor da Transoeste, com faixas exclusivas para BRT.
Figura 24: Túnel da Grota Funda Fonte: Mapio.net. Disponível em <http://mapio.net/pic/p-84685238/> Acesso em 01/05/2018
54
O bairro é conhecido por sua beleza natural, por conta de suas reservas ambientais e vegetação de restinga, existem muitas áreas verdes na região: praças, bosques e parques: Parque Natural Municipal Marapendi, Parque Natural Municipal da Prainha e Parque Natural Municipal Chico Mendes, localizado no centro do bairro.
Figura 25: Parque Natural Municipal Chico Mendes Fonte: Correio do Brasil. Disponível em < https://www.correiodobrasil.com.br/rio-comemora-os- 27anos-do-parque-chico-mendes/> Acesso em 01/05/2018
Além disso, o Recreio dos Bandeirantes é contemplado por quatro praias: Praia do Recreio, Praia do Pontal, Praia da Macumba e Prainha. Ambas reconhecidas por sua limpeza, areia branca e fofa, água clara, própria para o banho e beleza. Uma opção cultural no bairro é o Museu Casa do Pontal, que abriga a maior coleção de arte popular do país, com 8.500 obras de 300 artistas, o museu fica em um sítio de 5.000m² com amplos jardins.
Figura 26: Orla Recreio dos Bandeirantes Fonte: Loucos por praia. Disponível em <http://loucosporpraia.com.br/praia-dorecreio-dos-bandeirantes-rio-de-janeiro/> Acesso em 01/05/2018
Figura 27: Museu Casa do Pontal Fonte: Loucos por praia. Disponível em <http://www.museucasadopontal.com.br/> Acesso em 01/05/2018
55
4.4.
POPULAÇÃO
Conforme o último censo do IBGE, em 2010 o bairro recreio dos bandeirantes possuía 82.240 habitantes, sendo a maior parte da população composta pelo sexo feminina, 42.523 hab., enquanto o sexo masculino corresponde a 39.717 hab. Gráfico 5: no bairro Recreio do Bandeirantes (Censo 2010)
Homens 48,3%
Mulheres 51,7%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Gráfico 6: Residentes no bairro Recreio do Bandeirantes, por grupo de idade (Censo 2010)
65 anos e +
15 a 64 anos
7,5%
69,6% 0 a 4 anos 6,1%
5 a 14 anos 18,7%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
56
De acordo com o gráfico de residentes por faixa etária, entende-se que a maior parte da população está concentrada com grupo de adultos que vai dos 15 aos 64 anos.
Gráfico 7: Residentes no bairro Recreio do Bandeirantes, por grupo de idade (Censo 2010)
0 a 4 anos 5.017 hab. 6,1%
5 a 14 anos 15.379 hab. 18,7%
15 a 64 anos 60.693 hab. 96,6%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
65 anos e + 6.168 hab. 7,5%
57
4.5.
ANÁLISE DO ENTORNO
CHEIOS E VAZIOS
Mapa 1: Cheios e Vazios
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno
O terreno está localizado em uma área de pouca densidade, com grandes áreas vazias, em sua maioria com vegetação natural local.
58
HIERARQUIA VIÁRIA
Mapa 2: Hierarquia Viária
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno Via Arterial Via Coletora Via Local
O Terreno é de fácil acesso, pode ser acessado pela Avenida das Américas, que junto ao túnel da Grota Funda, correspondem as vias arteriais e está localizado na Estrada do Pontal, uma via definida como coletora, as demais vias são locais.
59
USOS DO SOLO
Mapa 3: Uso do Solo
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda:
Terreno
Habitação Multifamiliar
Habitação Unifamiliar
Cultural
O terreno está localizado em uma área predominantemente residencial, com exceção apenas do Museu Casa do Pontal, onde prevalecem as habitações unifamiliares.
60
GABARITOS
Mapa 4: Gabaritos
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda:
Terreno
1 a 2 Pavimentos
Até 10 Pavimentos
O gabarito predominante é de até dois pavimentos, as edificações de até 10 pavimentos são recentes e causaram grande impacto visual na região, algumas dessas edificações ainda estão em processo de construção.
61
EQUIPAMENTOS URBANOS
Mapa 5: Equipamentos Urbanos
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno Museu Hotel Escola Igreja Shopping Supermercado
Restaurantes Padaria Delegacia Ponto de Ônibus e BRT
Para o mapa de equipamentos urbanos foram considerados equipamentos que atendessem as necessidades de familiares e funcionários do Hospice, visto que os pacientes terão todas as suas necessidades atendidas pelo serviço do Hospice. A prevalência local é de hotéis e restaurantes, com uma deficiência em equipamentos de lazer, escolas, supermercados, shoppings e delegacia, os três últimos citados estão a aproximadamente 2000m de distância do terreno. Existe uma grande quantidade de pontos de ônibus para acesso ao local e estações de BRT na Av. da América, que faz integração com o metrô Jardim Oceânico.
62
4.6.
ANÁLISE AMBIENTAL
COBERTURA VEGETAL
Mapa 6: Cobertura Vegetal
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno
O Bairro Recreio dos Bandeirantes tem muitas áreas de vegetação nativa preservada, o entorno do terreno conta com arborização densa, principalmente ao sul e oeste, onde se encontra parte do Maciço da Pedra Branca.
63
RELEVO
Mapa 7: Topografia
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno
O terreno se localiza aos pés do Maciço da Pedra Branca, o lote possui um desnível de até 25m entre a fachada Norte e os fundos do lote, sentido Sul.
64
HIDROGRAFIA
Mapa 8: Hidrografia
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno
O Bairro é composto por vários rios, córregos que desaguam no mar, além de lagoas, uma delas é a famosa Lagoa da Taxas localizada no Parque Natural Municipal Chico Mendes, que fica a aproximadamente 4000m do terreno. No entorno imediato do lote existem alguns córregos e pequenos lagos, incluindo um na área do lote e o Canal de Piabas que passa em frente ao terreno.
65
CONDICIONANTES CLIMÁTICOS Temperatura e Umidade
Gráfico 8: Média das temperaturas durante o ano – Rio de Janeiro
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
A temperatura na cidade do Rio de Janeiro varia durante o ano, e pode ser dividida entre a temperatura de bulbo úmido, sendo a temperatura mais baixas que pode ser alcançada pela evaporação da água e a temperatura do bulbo seco, que é a temperatura indicada por termômetro comum e indica a quantidade de umidade relativa do ar. Quanto menor a umidade relativa do ar, maior é o resfriamento.
66
Gráfico 9: Média das temperaturas e zona de conforto durante o ano – Rio de Janeiro
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
Gráfico 10: Umidade relativa durante o ano – Rio de Janeiro
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
67
A temperatura de conforto não é uma constante, ela varia de acordo com a estação e as temperaturas as quais as pessoas estão acostumadas, por isso adotou-se o modelo adaptativo para delimitação da zona de conforto térmico. (HUMPHREYS, 1979) No Rio de janeiro, prevalece a quente e úmida, durante o verão e seca e fria, durante o inverno. A grande quantidade arbórea na região escolhida para o projeto contribui para a criação de um microclima com maior conforto térmico.
Chuva
Gráfico 11: Média de incidência de chuva durante o ano
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
Na cidade do Rio de Janeiro a maior ocorrência de chuva acontece no verão (dezembro a março), principalmente nos primeiros meses do ano. Esse é o período ideal para reaproveitamento de água pluvial.
68
Radiação Solar
Gráfico 12: Radiação média durante o ano – Rio de Janeiro
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
Como se vê no gráfico, a cidade do Rio de Janeiro tem uma grande incidência de radiação solar durante todo o ano, com menos frequência no final da primavera, de maio a julho.
69
Mapa 9: Avaliação do potencial solar no Inverno
Legenda: Excelente Muito Bom Bom Satisfatório
Fonte: PCRJ. Disponível em <http://pcrj.maps.arcgis.com/apps/webappviewer/index.html?id=029ccb875ca24c209a8572e70a4b6b 19> Acesso em: 02/05/2018
Mapa 10: Avaliação do potencial solar no Verão
Legenda: Excelente Muito Bom Bom Satisfatório
Fonte: PCRJ. Disponível em <http://pcrj.maps.arcgis.com/apps/webappviewer/index.html?id=029ccb875ca24c209a8572e70a4b6b 19> Acesso em: 02/05/2018
70
Insolação e Ventos dominantes Gráfico 13: Rosa dos Ventos – Dia – Rio de Janeiro
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
Gráfico 14: Rosa dos Ventos – Noite – Rio de Janeiro
Fonte: Projetee. Disponível em < http://projeteee.mma.gov.br/dados-climaticos/?cidade=RJ++Rio+de+Janeiro&id_cidade=bra_rj_rio.de.janeiro-galeao-jobim.intl.ap.837460_try.1963> Acesso em: 02/05/2018
71
Mapa 11: Insolação e Ventos dominantes
Mapa desenvolvido pela autora
Legenda: Terreno Solstício de Inverno (7h, 12h e 17h) Equinócio (6h, 12h e 18h)
Solstício de Verão (6h, 12h e 18h) Ventos Dominantes - NORTE O gráfico da rosa dos ventos mostra as estatísticas sobre o vento, reunidas ao longo do tempo. Essas medições incluem velocidade do vento, direção e frequência. No Rio de Janeiro, as maiores frequências de vento, são nas direções Sudeste e Norte, porém, devido morro nos fundos do lote, foram considerados os ventos dominantes Norte. Quanto a incidência solar, a maior frequência ocorre no solstício de Verão.
72
4.7.
INFRAESTRUTURA URBANA
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades.” Saúde e infraestrutura urbana são duas áreas de promoção ao bemestar humano, diretamente relacionada e que devem caminhar juntas para uma cidade saudável. (BONETTO, 2017) O terreno escolhido para o projeto, está localizado em uma área predominantemente residencial, com ruas pavimentadas e vegetação nativa preservada, o que contribui para o bem-estar local. Além desses fatores, serão considerados neste estudo os sistemas de esgotamento sanitário, abastecimento de água, energia elétrica e transporte público.
Sistema de Esgotamento Sanitário
Figura 28: Cobertura da rede de esgoto no bairro do Recreio dos Bandeirantes Fonte: IBGE. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n2/1413-8123-csc-23-02-0647.pdf> Acesso em 12/05/2018
73
Segundo análise do mapa, o bairro Recreio dos Bandeirantes possui um sistema de esgotamento sanitário que abrange grande parte de seu território. O terreno escolhido para o projeto de um Hospice, está localizado em uma área onde existe uma cobertura de esgoto de 90% a 100%. Segundo dados do IBGE, em 2010, 28.332 domicílios do Recreio dos Bandeirantes tinham acesso a algum tipo de esgotamento, sendo sua maioria por Rede Geral de Esgoto Pluvial.
Gráfico 15: Tipo de esgotamento dos domicílios no Bairro Recreio dos Bandeirantes. (Censo 2010) Fossa Séptica 12% Fossa Rudimentar Rede Geral de Esgoto
2%
78% Vala 4% Rio, lago ou mar 3% Outro Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
1%
De acordo com a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (CEDAE) o sistema de Esgotamento Sanitário do Recreio dos Bandeirantes, compreende a coleta e transporte do esgoto sanitário até a Estação Elevatória do Recreio e posteriormente, à Estação de Tratamento de Esgotos da Barra da Tijuca, onde é tratado adequadamente, e tem como destino final o Emissário Submarino.
74
Sistema de Abastecimento de Água Segundo dados do IBGE, dos 28.332 domicílios do Recreio dos bandeirantes, 26.743 tinham acesso ao abastecimento de água por Rede Geral de Distribuição e 1.051 tinham acesso por meio de Poço ou nascente na propriedade, no ano de 2010. Assim como o sistema de esgotamento sanitário, o sistema de abastecimento de água também se dá pela CEDAE.
Gráfico 16: Abastecimento de Água no Bairro Recreio dos Bandeirantes. (Censo 2010)
Rede Geral de Distribuição 94%
Poço ou nascente 4%
Outro 2%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
75
Sistema de Energia Elétrica Segundo dados do IBGE, em 2010, dos 28.332 domicílios, apenas 10 domicílios não tinham acesso à energia elétrica, no bairro Recreio dos Bandeirantes, totalizando 28.322 domicílios com acesso à energia elétrica.
Gráfico 17: Domicílios com Energia Elétrica no Bairro Recreio dos Bandeirantes. (Censo 2010)
Companhia Distribuidora 99,96%
Outra fonte 0,04%
Gráfico desenvolvido pela autora Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Transporte Público O bairro conta com o corredor de BRT Transoeste, principal meio de transporte público na região. O BRT (Bus Rapid Transit) é um sistema de transporte coletivo de passageiros que proporciona mobilidade urbana rápida, através de faixas exclusivas. O corredor Transoeste foi o primeiro corredor expresso em operação na cidade do Rio de Janeiro, inaugurou em 2012, tem 52 km, 57 estações e liga o Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca, a Santa Cruz e Campo Grande. Além disso, em 2016, foi inaugurado o corredor Transolimpico, que liga Recreio dos Bandeirantes a Deodoro. Além disso, existem diversas linhas de ônibus na região, porém, apenas 3 linhas de ônibus trafegam pela Estrada do Pontal, são elas: 315 - Recreio – Central, 361 Recreio – Castelo e 2329 - Recreio – Castelo.
76
4.8.
ZONEAMENTO E LEGISLAÇÃO
4.8.1. LEI COMPLEMENTAR N.º 104/2009
A Lei Complementar n° 104, instituída em 27 de novembro de 2009, institui o Projeto de Estruturação Urbana (PEU) dos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim e parte dos bairros do Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca e Jacarepaguá. Tem como principais objetivos orientar a ocupação urbana de parte da área da Baixada de Jacarepaguá, promovendo a proteção do meio ambiente e às suas características paisagísticas e adequar os parâmetros urbanísticos à realidade local e tornar mais eficaz o seu controle. Observando a Lei Complementar n° 104 de 27 de novembro de 2009, o terreno está situado da ZRU Residencial I, do Setor G, uma zona destinada ao uso residencial unifamiliar ou bifamiliar e grupamento de residências unifamiliares ou bifamiliares, inclusive vilas de unidades unifamiliares ou bifamiliares. A ZRU do Setor G possui os seguintes parâmetros construtivos: •
Gabarito máximo: 2 pavimentos; 8 metros
•
Índice de Aproveitamento do Terreno (IAT) máximo: 0,4
•
Taxa de Ocupação (TO): 20%
•
Taxa de Permeabilidade (TP): 60%
•
Afastamento mínimo frontal: 15 metros
77
Figura 29: Limites dos setores, com marcação do setor G. (Adaptado) Fonte: Lei 104/2009. Disponível em <http://www2.rio.rj.gov.br/smu/buscafacil/Arquivos/PDF/LC104M.PDF> Acesso em 03/05/2018
TERRENO Figura 30: Setor G com marcação da ZRU – Residencial I e terreno. (Adaptado) Fonte: Lei 104/2009. Disponível em <http://www2.rio.rj.gov.br/smu/buscafacil/Arquivos/PDF/LC104M.PDF> Acesso em 03/05/201
78
5. REFÊRENCIAS PROGRAMÁTICAS 5.1.
HOSPICE FRANCESCO LEONARDO BEIRA – São Paulo, Brasil
Inaugurado no dia 1 de outubro de 2012, o TUCCA Hospice Francesco Leonardo Beira, foi o primeiro hospice pediátrico do Brasil. Tem como objetivo prover qualidade de vida, controle da dor e conforto 24 horas por dia para pacientes com câncer, com idade entre zero a 18 anos, sem chances de cura, junto a seus familiares. Neste espaço os pacientes receberão os cuidados necessários no fim da vida, como conforto, atenção e assistência multidisciplinar diferenciada. (TUCCA, 2012) O atendimento é gratuito e abrange toda infraestrutura necessária, sem limitar o tempo de hospedagem do paciente. Os familiares contam ainda com suporte para lidar com o luto, depois da morte do paciente. (TUCCA, 2012) O conceito internacional hospice, muito conhecido em países da Europa, como Inglaterra e Holanda, chega ao Brasil, na oncologia pediátrica, pela TUCCA (Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer), ao anunciar a construção do TUCCA Hospice Francesco Leonardo Beira, na Zona Leste de São Paulo. (TUCCA, 2012) Foi projetado pela arquiteta Sandra Perito, diretora – presidente do Instituto Brasil Acessível, está localizado a 200 metros do Hospital Santa Marcelina, em Itaquera (SP), e recebeu um investimento de R$ 1 milhão para a construção. (TUCCA, 2012) O hospice conta com três quartos suítes individuais para a criança ou adolescente, onde o paciente pode ficar com até dois familiares, e uma sala reversível, que serve de apoio, caso algum paciente esteja acompanhado de três ou mais familiares. Esse número de dependências do Hospice é suficiente para suprir a demanda da oncologia pediátrica do Hospital Santa Marcelina. (TUCCA, 2012) O hospice também possui área de lazer, refeitório, posto de enfermagem, brinquedoteca, área externa com playground, entre outros, além de um oratório, para os pacientes e seus familiares. (TUCCA, 2012) A construção foi feita com pilares em concreto e alvenaria, já o oratório e a sala de hidroterapia receberam fechamento em cobogós, permitindo a ventilação e iluminação natural. (TUCCA, 2012)
79
Figura 31: Planta Baixa – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em <http://inctr-news.wdfiles.com/local--files/opening-of-the-tucca-hospicefrancesco-leonardo-beira/Hospice%20plan.jpg> Acesso em 24/04/2018
Figura 32: Entrada – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
80
Figura 33: Área externa – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
Figura 34: Área externa – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
81
Figura 35: Quarto de pacientes – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
Figura 36: Brinquedoteca – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
82
Figura 37: Sala de Hidroterapia – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
Figura 38: Oratório – TUCCA Fonte: TUCCA. Disponível em < http://www.tucca.org.br/cancer-infanto-juvenil/hospice/> Acesso em 24/04/2018
83
Tabela 2: Quadro de Áreas - TUCCA AMBIENTE SETOR COMUM PÁTIO DESCOBERTO PÁTIO COBERTO RECEPÇÃO SALA DE ESTAR BANHEIRO BRINQUEDOTECA REFEITÓRIO ORATÓRIO
ÁREA (m²) QNT. TOTAL (m²) 130 14 8 18 5 10 15 4
1 1 1 1 1 1 1 1
130 14 8 18 5 10 15 4 204
SETOR DE CUIDADOS CONSULTÓRIO SALA DE HIDROTERAPIA SUÍTE DE PACIENTES BANHEIRO SUÍTE SALA REVERSÍVEL BANHEIRO SR SALA DE DESCANSO BANH. FUNCIONÁRIOS CONTROLE
5 10 22 5 12 4 4 2 3
1 1 3 3 1 1 1 1 1
5 10 66 15 12 4 4 2 3 121
SETOR DE SERVIÇOS COZINHA LAVANDERIA ROUPARIA BANHEIRO DEP. LIXO CIRCULAÇÃO
12 8 3 2 2 35
1 1 1 1 1 1
12 8 3 2 2 35 62 387
TOTAL GERAL Desenvolvido pela autora
84
5.2.
URBAN HOSPICE – Copenhague, Dinamarca
O Urban Hospice, projetado por NORD Architctes e construído em 2016, possui 2.250m² e se desenvolve junto à comunidade, como um lugar que propicia um ambiente tranquilo em meio a área urbana, para que pessoas portadoras de doenças crônicas possam receber tratamentos paliativos ao fim da vida. O projeto está situado em uma área densamente povoada de residências unifamiliares e edifícios históricos em Copenhague. A proposta do projeto era que ele se encaixasse perfeitamente no entorno, ao mesmo tempo em que atende as necessidades de sua funcionalidade. "O Centro Urbano de Tratamento para Doentes Terminais é uma proposta sutil e inovadora sobre como um equipamento moderno pode ser colocado no tecido urbano de uma maneira que leva em conta tanto os usuários como os vizinhos, para o qual criamos um edifício com uma expressão inclusiva e acolhedora
tanto
para
a
comunidade
como
para
a
individualidade" Morten Rask Gregersen
O projeto conta com 16 suítes para pacientes com um acompanhante, duas salas de vistas e duas extensas salas de estar para convívio de pacientes e familiares, além de um pátio interno e terraço verde. A área comum da edificação está desenhada em uma forma curvada, construída ao redor do pátio interior privado, abraçando-a e protegendo-a.
85
Figura 39: Pavimento Térreo – Urban Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com/867628/urban-hospice-nord-architects> Acesso em 18/04/2018
Figura 40: Primeiro Pavimento – Urban Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com/867628/urban-hospice-nord-architects> Acesso em 18/04/2018
86
Figura 41: Fachada – Urban Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com/867628/urban-hospice-nord-architects> Acesso em 18/04/2018
Figura 42: Pátio interno – Urban Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com/867628/urban-hospice-nord-architects> Acesso em 18/04/2018
87
Figura 43: Terraço – Urban Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com/867628/urban-hospice-nord-architects> Acesso em 18/04/2018
Figura 44: Salas de Estar – Urban Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com/867628/urban-hospice-nord-architects> Acesso em 18/04/2018
88
Tabela 3: Quadro de Áreas – Urban Hospice AMBIENTE SETOR COMUM PÁTIO INTERNO RECEPÇÃO SALA DE ESTAR BANHEIRO COZINHA FAMILIAR
ÁREA (m²)
QNT. TOTAL (m²)
170 30 170 6 10
1 1 1 1 2
170 30 170 6 20 396
SETOR DE CUIDADOS SUÍTE DE PACIENTES BANHEIRO DE PACIENTES SALA DE VISITA 1 SALA DE VISITA 2 SPA TERRAÇO JARDIM CONSULTÓRIO
22 8 22 15 15 250 12
16 19 1 1 1 1 4
352 152 22 15 15 250 48 854
SETOR ADMINISTRATIVO ESCRITÓRIO 1 ESCRITÓRIO 2 ESCRTÓRIO 3 ESCRITÓRIO 4 ESCRITÓRIO 5 SALA DE REUNIÕES SALA DE FUNCIONÁRIOS
13 20 30 14 17 22 30
4 1 1 1 1 1 1
52 20 30 14 17 22 30 185
SETOR DE SERVIÇOS COZINHA DEPÓSITO DEP. LIXO CIRCULAÇÃO
40 5 14 320
1 1 1 1
40 5 14 320 379 1.814
TOTAL GERAL Desenvolvido pela autora
89
5.3.
NORTH LONDON HOSPICE – Londres
A North London Hospice é uma instituição de caridade que trabalha com cuidados paliativos desde 1984, onde são atendidas pessoas que sofrem de doenças que ameaçam a continuidade da vida, que buscam apoio físico, psicológico e espiritual, de forma gratuita. Em 2009 a instituição contratou o escritório Allford Hall Monaghan Morris para a construção de um hospice que receberia a sede e um centro de apoio e aconselhamento para pacientes, através do atendimento de Hospital Dia. A construção foi concluída em 2012, ao norte de Londres. O projeto é composto por 3 pavimentos, cada uma com uso específico. No térreo, se concentram as áreas comuns, como recepção, sala de convivência, salas de terapias, cozinha e refeitório. No primeiro pavimento estão os ambientes destinados a tratamentos mais específicos, sala de fisioterapia, outras terapias e consultórios, sala de reunião, de apoio em grupo e sala de palestras. No último pavimento, o uso é restrito a funcionários da instituição, com escritórios, sala de descanso.
Figura 45: Pavimento Térreo – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/2018
90
Figura 46: Primeiro Pavimento – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/2018
Figura 47: Segundo Pavimento – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/2018
91
Figura 48: Fachada – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/2018
Figura 49: Áreas de Estar – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/2018
92
Figuras 50 e 51: Salas de Terapia – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/2018
Figura 52: Escritório Comunitário – North London Hospice Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com/532894/north-london-hospice-allfordhall-monaghan-morris> Acesso em 18/04/201
93
Tabela 4: Quadro de Áreas – North London Hospice AMBIENTE SETOR COMUM RECEPÇÃO SALA DE ESTAR 1 SALA DE ESTAR 2 BANHEIRO COZINHA E REFEITÓRIO
ÁREA (m²) QNT. TOTAL (m²) 10 18 20 2 44
1 1 1 3 1
10 18 20 6 44 98
SETOR DE CUIDADOS SALA DE TERAPIA 1 SALA DE TERAPIA 2 SALA DE TERAPIA 3 SALA DE TERAPIA 4 SALA DE TERAPIA EM GRUPO BANHEIRO DE PACIENTES VESTIÁRIO DE PACIENTES
7 8 12 15 50 11 6
1 3 1 1 1 1 1
7 24 12 15 50 11 6 125
SETOR ADMINISTRATIVO ESCRITÓRIO 1 ESCRITÓRIO 2 ESCRTÓRIO 3 ESCRITÓRIO COMUNITÁRIO BANHEIRO DE FUNCONÁRIOS SALA DE FUNCIONÁRIOS
6 35 10 60 10 30
2 1 2 1 1 1
12 35 20 60 10 30 167 390
TOTAL GERAL Desenvolvido pela autora
94
6. REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICA
6.1.
FÁBRICA E ESCRITÓRIO DESINO ECO – Vietnã
O projeto de HO Khue Architects, localizado no Viatnã, possui 610m² e foi construído em 2015. O objetivo do projeto era promover um espaço de trabalho confortável e de qualidade, com baixo custo de refrigeração. As paredes são revestidas de painéis vazados com um padrão inspirado nas colmeias de abelhas, o que permite a ventilação natural em todo o edifício. As fachadas são envoltas por paredes verdes, que reduzem tanto a incidência de luz do sol quanto de calor. Árvores protegem as fachadas com maior insolação, o que também cria uma ambiência agradável àqueles que visitam a loja. As plantas ajudam os funcionários a se sentirem confortáveis e relaxados.
Figura 53: Croqui – Fábrica e Escritório DESINO Eco Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/888334/fabrica-e-escritoriodesino-eco-ho-khue-architects> Acesso em 16/04/201
95
Figura 54: Fachada – Fábrica e Escritório DESINO Eco Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/888334/fabrica-e-escritoriodesino-eco-ho-khue-architects> Acesso em 16/04/2018
Figuras 55 e 56: Fachada verde – Fábrica e Escritório DESINO Eco Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/888334/fabrica-e-escritoriodesino-eco-ho-khue-architects> Acesso em 16/04/2018
96
Figuras 57 e 58: Integração com vegetação externa – Fábrica e Escritório DESINO Eco Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/888334/fabrica-e-escritoriodesino-eco-ho-khue-architects> Acesso em 16/04/2018
Figuras 59 e 60: Integração entre elementos vazados e vegetação – Fábrica e Escritório DESINO Eco Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/888334/fabrica-e-escritoriodesino-eco-ho-khue-architects> Acesso em 16/04/2018
97
6.2.
CASA CHO – Minas Gerais, Brasil
A residência de 500m², projetada por Ana Machado Arquitetura e construída em 2015, em Minas Gerais, num terreno acidentado com aclive de vinte metros, aproximadamente, foi implantada em um único platô, que se integra com a paisagem exterior. A distribuição dos ambientes foi feita afim de favorecer o convívio dos moradores e valorizar a natureza circundante, cujo papel foi fundamental na concepção de projeto. Foram usados poucos materiais de acabamentos como padrão construtivo, afim de criar uma unidade projetual. O uso da madeira e do cimento aparente formam um conjunto neutro em sintonia com o verde da natureza, através das grandes esquadrias de vidro e aberturas para o exterior.
Figura 61: Integração entre arquitetura e relevo – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
Figura 62: Fachada – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
98
Figura 63: Varanda – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
Figura 64: Varanda – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
99
Figura 65: Varanda – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
Figura 66: Varanda em balanço – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
100
Figura 67: Integração entre interior e exterior – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
Figura 68: Fachada Lateral – Casa Cho Fonte: Arch Daily. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura> Acesso em 06/05/2018
101
6.3.
CAPELA JOÁ – Rio de Janeiro, Brasil
A implantação da Capela de 43m², projetada por Bernardes Arquitetura, em 2014, e localizada no Bairro Joá, Rio de Janeiro, foi definida em função da topografia irregular do terreno, da busca por um local reservado e sem fluxo de pessoas e em contato com a natureza. Era importante situá-la em um ponto onde a natureza do entorno – floresta, céu, mar – estivesse presente na experiência daquele espaço. A Capela se faz presente entre as copas das árvores, a uma altura que permite a vista do infinito. É um espaço cuja simplicidade conceitual que perpassa sua materialidade e soluções construtivas, potencializa a experiência sensorial daqueles que buscam o silêncio e a reflexão. Sobre a estrutura principal se apoiam pórticos de madeira laminada, que ao mesmo tempo estruturam e envolvem o espaço interno. Panos de vidro revestem a estrutura em madeira protegendo-a das intempéries ao mesmo tempo em integram o pequeno objeto à floresta através do reflexo das árvores.
Figuras 69 e 70: Croquis – Capela Joá Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura > Acesso em 06/05/2018
102
Figura 71: Vista interna – Capela Joá Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura > Acesso em 06/05/2018
Figura 72: Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura > Acesso em 06/05/2018
103
Figura 73: Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura > Acesso em 06/05/2018
Figuras 74 e 75: Vista externa e integração com a natureza – Capela Joá Fonte: Arch Daily. Disponível em <https://www.archdaily.com.br/br/891486/casa-cho-ana-machadoarquitetura > Acesso em 06/05/2018
105
7.2.
DIRETRIZES
O projeto será guiado por 3 diretrizes que visam a sustentabilidade, conforto e beleza:
Permeabilidade
•
Integração ao meio
Necessidades do usuário
Permeabilidade: Uso de elementos arquitetônicos que permitam a ventilação e iluminação natural, assim como a integração com o ambiente externo, possibilitando a visão do exterior, ao mesmo tempo que cria privacidade sobre o interior. (Cobogó, Brise, Muxarabi)
•
Integração ao meio: Integração entre arquitetura e relevo, valorização da vegetação local e adequação ao bioclima, com orientação solar adequada, ventilação e iluminação natural.
•
Necessidades do usuário: Arquitetura projetada para atender as necessidades de pacientes, visitantes e funcionários de forma integrada e acessível.
106
7.3.
CONCEITO
Abraço
Figuras 76: Abraço Fonte: EMBA. Disponível em < https://br.pinterest.com/pin/790874384536161885/> Acesso em 23/06/2018
“Onde, afinal, é o melhor lugar do mundo? Dentro de um abraço.” Marta Medeiros
O contato com a natureza em um ambiente hospitalar estimula o bem-estar e torna o espaço mais agradável. Por isso, o paisagismo externo, composto por vegetação nativa, abraça a arquitetura, de forma que uma se torne continuação da outra, ao mesmo tempo que a construção em forma de abraço, abre os braços que abriga e protege o pátio interno, o coração da edificação, um espaço amplo, iluminado e acolhedor, onde tudo acontece.
tal
SAÍDA EN
Estrada do Pon
TR
AD
A
l
nta
da
tra Es
o oP
d
Serviç
os
ado s
Adm.
Cuid
Inter Pátio
Conví
vio
no
Ac
olh i
me
nto
Educ.
Legenda: Acesso de Visitantes Acesso de Funcionários Acesso de Serviço Circulação de Visitantes Circulação de Funcionários Limite do Terreno Escala: 1/1200
tal
Estrada do Pon
SAÍDA ENTR
ADA
l
nta
d
SO ACES TES N VISITA
O ESS OS AC NÁRI CIO
FUN
A VIS CESS ITA O NTE S
da
tra Es
o oP
ACESSO SERVIÇOS
Escala: 1/1200
Pátio Coberto
Internação e Cuidados
Pátio Interno
Serviços
Acolhimento
Convivência
Administração
Educação
110
7.7.
VOLUMETRIA
Figuras 77: Volumetria Desenvolvida pela autora
Figuras 78: Volumetria Desenvolvida pela autora
Figuras 79: Volumetria Desenvolvida pela autora
111
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O termo “hospice” ainda é pouco reconhecido no Brasil como um espaço físico destinado a prática de Cuidados Paliativos e promotor de qualidade de vida, para pessoas portadoras de doenças crônicas. No entanto, arquitetura tem papel fundamental no processo de melhoria da qualidade de vida, já que através dela se torna possível a humanização e adequação de espaços que atendam às necessidades dos usuários: pacientes, familiares e funcionários. Portanto, o presente trabalho tem como finalidade a exposição do tema “Hospice sobre Cuidados Paliativos”, buscando o reconhecimento de sua importância para a melhoria da qualidade de vida. Para isso, será desenvolvido um projeto arquitetônico, com conceito de “abraço”, integrando arquitetura e natureza em um espaço hospitalar humanizado, que acolhe, e adequado a atender as necessidades do fim da vida.
112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos; NBR 9050. 3ª ed. 11/09/2015. Rio de Janeiros, 2015. ARANTES, Ana Claudia de Lima Quintana. Indicações de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro, 2009. P.56 a 74. Disponível em <http://biblioteca.cofen.gov.br/wpcontent/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf> Acesso: 03/04/2018 BITENCOURT, Fábio. Conforto Ambiental em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília, 2014. Disponível em <https://issuu.com/fabiobitencourt/docs/anvisa_._manual_conforto_ambiental> Acesso em: 24/05/2018 BITENCOURT, Fábio. Espaço e promoção de saúde: a contribuição da arquitetura ao conforto dos ambientes de saúde. Saúde em Foco/Informe epidemiológico em Saúde Coletiva. Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura da Cidade
do
Rio
de
Janeiro.
Rio
de
Janeiro,
2002.
Disponível
em
<https://www.academia.edu/7707786/Espa%C3%A7o_e_promo%C3%A7%C3%A3o _de_sa%C3%BAde_a_contribui%C3%A7%C3%A3o_da_arquitetura_ao_conforto_d os_ambientes_de_sa%C3%BAde> Acesso em: 25/02/2018 BITENCOURT, Fábio; COSTEIRA, Elza. Arquitetura e Engenharia Hospitalar: Planejamento, projetos e perspectivas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2014. BITENCOUT, Fábio. Ergonomia e Conforto Humano: Uma visão da arquitetura, engenharia e design de interiores. 1ª ed. Rio de Janeiro: Rio Books, 2017. CARVALHO, Antônio Pedro Alves de. Introdução a arquitetura hospitalar. 1ª ed. Salvador: Quarteto Editora, 2014. CUNHA, Luiz Cláudio Rezende. A cor no ambiente hospitalar. Anais do I Congresso Nacional da ABDEH – IV Seminário de Engenharia Clínica, 2004. Disponível em <https://pt.scribd.com/document/77118249/A-Cor-No-Ambiente-Hospitalar> Acesso em: 24/05/2018
113
FERRIS, Frank. D. Let’s Talk about Palliative and Hospice Care. Ohio Health Hospice. Ohio, USA. Traduzido e adaptado por Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia,
Brasil,
2015.
Disponível
em
<https://sbgg.org.br//wp-
content/uploads/2014/11/vamos-falar-de-cuidados-paliativos-vers--o-online.pdf> Acesso em: 25/02/2018 FLORIANI, Ciro Augusto. Moderno movimento hospice: fundamentos, crenças e contradições na busca da boa morte. Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em <https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2571> Acesso em: 03/04/2018 FLORIANI, Ciro Augusto; SCHRAMM, Fermin Roland. Casas para os que morrem: a história do desenvolvimento dos hospices modernos. História, Ciências, Saúde. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v17s1/10.pdf> Acesso em: 25/02/2018 GUSMÃO, Vania Costa. A influência das cores no estado psicológico dos pacientes em ambientes hospitalares. Maringá: Centro Universitário de Maringá, 2010. Disponível em <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAmH0AB/a-influenciadas-cores-no-estado-psicologico-dos-pacientes-ambientes-hospitalares> Acesso em: 24/05/2018 MACIEL, Maria Goretti Sales. Organização de serviços de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos da Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro, 2009. P.92 a 110. Disponível em <http://biblioteca.cofen.gov.br/wpcontent/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf> Acesso: 03/04/2018 MATSUMOTO, Dalva Yukie. Cuidados Paliativos: conceitos, fundamentos e princípios. Manual de Cuidados Paliativos da Academia Nacional de Cuidados Paliativos.
Rio
de
Janeiro,
2009.
P.26
a
30.
Disponível em <http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/Manual-decuidados-paliativos-ANCP.pdf> Acesso: 03/04/2018 MENDES, Thiago Monteiro; BARCELLOS, Christovam. A dimensão territorial do esgotamento sanitário: o caso do Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro: Departamento de Informação em Saúde, Centro de Informação
114
Científica
e
Tecnológica,
Fiocruz,
2016.
Disponível
em
<http://www.scielo.br/pdf/csc/v23n2/1413-8123-csc-23-02-0647.pdf> Acesso em: 01/05/2018 NEVES, Juliana Duarte. Arquitetura Sensorial: A arte de projetar para todos os sentidos. 1ª ed. Rio de Janeiro: Mauad, 2017. WORPOLE, Ken. Mordern Hospice Design: The Architeture of Palliative Care. 1ª ed. New York, EUA: Routledge, 2009. Lei Complementar n.º 104 de 27 de novembro 2009. Institui o Projeto de Estruturação Urbana – PEU dos bairros de Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim e parte dos bairros do Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, nas XXIV e XVI Regiões Administrativas, integrantes das Unidades Espaciais de Planejamento números 46, 47, 40 e 45 e dá outras providências. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. PORTARIA Nº 44, DE 10 DE JANEIRO DE 2001. Dispõe sobre a necessidade de padronizar o atendimento em regime de Hospital Dia, estabelecendo parâmetros operacionais para todo o território nacional, ressalvadas às características de cada patologia. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 483, DE 1º DE ABRIL DE 2014. Redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização das suas linhas de cuidado. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 825, DE 25 DE ABRIL DE 2016. Redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as equipes habilitadas. Ministério da Saúde. RESOLUÇÃO-RDC Nº 50, DE 21 DE FEVEREIRO DE 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Ministério da Saúde.
115
REFERÊNCIAS WEB BONETTO, Bárbara. Cidade saudável: a relação entre planejamento urbano e saúde pública. Disponível em < https://www.archdaily.com.br/br/876411/cidadesaudavel-a-relacao-entre-planejamento-urbano-e-saude-publica> Acesso em: 03/04/2018 Hospital do Câncer Uberlândia. Sobre Cuidados Paliativos. Disponível em <http://www.hospitaldocancer.org.br> Acesso em: 25/04/208. MultiRio a mídia educativa da cidade. Recreio dos Bandeirantes: um jovem bairro carioca. Disponível em <http://www.multirio.rj.gov.br> Acesso em: 02/03/2018.
OUTROS: http://paliativo.org.br http://pcrj.maps.arcgis.com http://projeteee.mma.gov.br http://www.cedae.com.br http://www.tucca.org.br/ https://vejario.abril.com.br/ https://www.archdaily.com https://www.archdaily.com.br https://www.ibge.gov.br/
116
ANEXO “ESTOU PRONTA PARA MORRER” – Revista Veja
Revista VEJA
“Estou pronta para morrer” A história da professora que aos 60 anos tomou a extraordinária decisão de não se submeter a nenhum tipo de tratamento para enfrentar um câncer terminal Por Adriana Dias Lopes e Egberto Nogueira (fotos) 29 mar 2018, 19h02 - Publicado em 15 dez 2017, 06h00
CLAREZA - Ana Bea e a proximidade da morte: “Está tudo certo, já tive muito mais do que esperava” (Egberto Nogueira/Imãfotogaleria/VEJA)
“Saí do hospital de luto pela minha morte.”
Era setembro de 2016. A professora gaúcha Ana Beatriz Cerisara fora internada para reverter uma colostomia, procedimento usado para a eliminação de fezes em uma bolsa. Ana Bea, como é carinhosamente conhecida, queria livrar-se do incômodo saco de plástico que trazia no corpo havia nove meses. Ao acordar da cirurgia, ouviu do médico que teria de continuar com o dispositivo, mas esse seria o menor de seus problemas. Incapaz de dizer as palavras certas, o cirurgião preferiu então lhe entregar
117
um pedacinho de papel, onde se lia o seguinte: “Três lesões invasivas no intestino”. Ele havia detectado durante a operação três cânceres no intestino, uma quantidade raríssima de aparecer no mesmo órgão. Quimioterapia, radioterapia ou medicamentos pouco adiantariam. Uma cirurgia seria o tratamento possível, mas poderia resultar na retirada quase total do intestino. Nesse caso, Ana Bea passaria a se alimentar por via artificial pelo resto da vida.
Amor – Ana Bea e a neta Clara, de 6 anos: “Vovó vai virar uma estrelinha no céu” (Egberto Nogueira/Imãfotogaleria/VEJA)
Foi quando ela tomou a decisão que mudaria tudo: resolveu, ali mesmo, que não se submeteria a nenhuma cirurgia e deixaria a vida continuar seu curso natural. Ana Bea estava com 60 anos. Saiu do hospital de luto pela própria morte, mas reconfortada. “A decisão de abrir mão da cirurgia me deu calma”, conta ela, que conseguiu enxergar sua finitude com serenidade. “Estou pronta para morrer. Não estou desistindo. Apenas não quero ficar viva a qualquer preço.” Naquele setembro de 2016, Ana Bea ouviu dos médicos que, sem tratamento, teria até dois anos de sobrevida. Depois de saber disso, ela deixou o hospital sem dores nem cansaço. O cabelo brilhava, a pele estava viçosa. Convivia com a contradição de ter um corpo vigoroso, mas silenciosamente tomado por um câncer brutal.
118
Sua primeira providência foi cercar-se de informações sobre casos de pessoas que recusam tratamentos. Só encontrou algo semelhante em doentes já no leito de morte. Matriculou-se, então, em um curso que chegara à cidade em que mora, Florianópolis, com orientações sobre como lidar com a dor da perda de pessoas próximas, o Conversas sobre a Morte, do Humana Palavra. Nos minutos iniciais da primeira aula, os alunos tinham de explicar o motivo que os levara até ali. “A morte de um filho? Do pai, da mãe, de um amigo?” Ao chegar sua vez, Ana Bea disse: “Preciso aprender a morrer”. Os trinta alunos presentes emudeceram diante da frase inusitada. A criadora do curso, a geriatra Ana Claudia Quintana Arantes, médica da Casa do Cuidar, respondeu: “Há um aspecto muito especial em sua situação. É na percepção da morte que temos a real oportunidade de ser o que de fato gostaríamos de ter sido”. Ana Bea não fez coisas extraordinárias, como uma viagem exótica para um país distante. Nos primeiros meses pós-diagnóstico, ficou em sua casa, em cujo terreno, nos fundos, moram seu filho, Cauê, de 36 anos, sua nora, Ana Carolina, e sua neta Clara, de 6 anos, para quem “a vovó vai virar uma estrelinha no céu”. Ana Bea cuidou do jardim e mudou de ares: renovou o que pôde, coloriu, enfeitou. Espalhou orquídeas pela sala. Encapou o sofá com um tecido roxo, que lhe pareceu alegre. Pintou de verde as paredes do escritório. Encheu três caixas com livros e os doou. Arrumou o material de costura em potes. Usou as economias para realizar um sonho sempre adiado, ter um carro zero-quilômetro. Passou a comprar à vista ou, no máximo, em três prestações, não mais do que isso. Reformou os armários tomados por cupins. A casa ficou bonita, com tudo no lugar. “Precisava ter a sensação de vida organizada. Não fiz isso pelos outros, mas para agradar a mim mesma”, diz. Embora possa parecer banal, é disto que as pessoas mais se arrependem quando recebem a notícia de uma doença incurável: ter feito tudo para agradar aos outros, e não a si mesmas, como relata o livro Antes de Partir, da enfermeira australiana Bronnie Ware. Formada em pedagogia, Ana Bea deu aula na Universidade Federal de Santa Catarina durante 25 anos. Trabalhava, em média, dez horas por dia, inclusive em muitos fins de semana. Conviveu pouco com o filho único, mas a doença a fez mudar nesse campo também. Pediu aposentadoria, livrando-se das pressões do mundo acadêmico, e tornou-se terapeuta de uma linha chamada constelação familiar, ferramenta que se vale da árvore genealógica para descobrir a causa de algum ponto
119
frágil na vida e, assim, abrir caminhos para solucionar problemas de relacionamentos. Aproximou-se do filho. Voltou a falar com o ex-marido. Abandonou a dieta e passou a comer tudo de que tem vontade, sobretudo pizza, seu prato predileto. Em meio a essas mudanças, Ana Bea começou a receber cuidados paliativos, área da medicina que trata de pacientes terminais para minimizar o sofrimento de uma doença incurável. O tratamento pretende reduzir as dores e os desconfortos físicos e emocionais. É uma tendência crescente, destinada a evitar o prolongamento da vida a qualquer custo. Em 2006, havia apenas treze centros de saúde que ofereciam tratamento paliativo no Brasil. Hoje, já existem pelo menos 120 centros desse tipo, de acordo com a Academia Nacional de Cuidados Paliativos. A depender do estado do paciente, essa forma de atenção pode evitar que os últimos momentos de vida se passem sob uma sucessão de procedimentos que apenas adiam uma morte inevitável, às vezes à custa de muito sofrimento. Permite, inclusive, planejar a morte. Ana Bea planejou a sua. Recentemente, pagou a própria cerimônia de cremação. O velório será numa igrejinha localizada perto de sua casa. Ela também decidiu que não quer morrer em casa. Quando não conseguir se manter independente, irá para um hospital, acompanhada apenas de pessoas muito próximas. “A última coisa que quero é ser aquelas mortas que dão trabalho”, diz, gargalhando gostosamente. E nada de ser ligada a aparelhos para adiar artificialmente o fim. “Não quero morrer sentindo os sintomas que a doença acarretará nos últimos dias, como dores fortes no corpo ou falta de ar. Para isso, sei que estarei mais bem assistida no ambiente hospitalar.” As causas mais comuns de morte associadas aos cânceres de Ana Bea são oclusão intestinal, falência hepática por metástase e anemia incontrolada. Sabendo disso, há um mês ela decidiu fazer seu testamento vital. É um documento que qualquer pessoa pode fazer e no qual registra o tipo de tratamento que deseja receber quando estiver no leito de morte, e talvez não possa mais tomar decisões. Para aumentar a legitimidade do documento, o testamento vital deve ser validado por um médico e ter registro em cartório. A decisão de Ana Bea é extraordinária porque ocorre em pleno século XXI, na era em que a ciência médica atingiu o trunfo de prolongar a vida de modo impensável há apenas algumas décadas, e não esconde sua morte. Ao contrário, ela a expõe. Na
120
história da humanidade, a morte já foi um espetáculo público. Todos queriam ver o cadáver. O quarto do moribundo era como uma praça pública, na clássica definição do francês Philippe Ariès (1914-1984), autor do livro História da Morte no Ocidente, um relato de como o fim e o sofrimento eram exibidos sem pudores. As casas eram sempre abertas para a entrada dos vizinhos, dos amigos. Morria-se na sala de jantar, com crianças em volta. Mas, na cultura ocidental do século XX, o fim deixou de ser um momento coletivo. O lugar da morte agora não é mais a casa — é o hospital, de preferência às escondidas. As cerimônias encolheram, e as emoções deixaram de ser extravasadas. O sofrimento público virou algo inadequado. Quando saiu dos lares e ingressou nos hospitais, a morte adquiriu contornos mais dramáticos, como se sua chegada fosse o resultado de um fracasso, e não decorrência inevitável da vida. A evolução da ciência a que se assistiu nas duas últimas décadas tornou ainda mais difícil lidar com o desfecho que pode ser, se assim quisermos, adiado por um bom tempo à base de cuidados médicos. Remédios cada vez mais precisos e exames sofisticados fizeram o ser humano viver mais, mesmo muito doente. Tome-se como exemplo o paciente com câncer de cólon metastático, uma doença agressiva. Há dez anos, a sobrevida era de dez meses. Hoje, é quatro vezes maior. As armas da medicina tentam manter a vida a qualquer custo, ainda que, muitas vezes, passando por cima do bem-estar do doente. Morrer na UTI passou a ser o símbolo de uma luta incansável até o fim. O abuso das intervenções criou aberrações, como aquele destinado a manter viva, em ambientes fechados, a vítima de enfermidade cuja cura e recuperação estão além dos limites conhecidos. Ana Bea não quer morrer em casa, como antigamente, mas renunciou aos derradeiros recursos da ciência e passou a encarar a própria morte de modo incomumente leve. Sorri quando fala do assunto. Um ano e três meses se passaram depois do diagnóstico dos seus três cânceres. A sentença não a fez apenas abrir mão da cirurgia ao longo desse tempo, mas também de qualquer tipo de técnica para tratamentos e diagnósticos, como biópsias e testes de imagem. Até agora, ela recebeu uma transfusão de sangue para aplacar uma anemia severa, efeito dos tumores. A falta de ferro deixa-a cansada mais rapidamente e tira-lhe o fôlego algumas vezes. Como estava se sentindo bem, animada, em algum momento lhe passou pela cabeça ir um pouquinho mais fundo, para entender o estado
121
dos cânceres. Quis saber se estavam estagnados, se haviam crescido ou atingido outros órgãos. Em 16 de novembro, marcou um exame para rastrear o intestino internamente, por meio de uma colonoscopia. Dois dias antes, ela o cancelou. “De que adiantaria a minha curiosidade, afinal? Com essa decisão, estou abrindo mão definitivamente do meu desejo de ter controle sobre o incontrolável, e sigo a vida pelo tempo que meu corpo permitir”, diz ela. Ao ser questionado sobre como está lidando com a decisão materna, o filho, Cauê, responde: “Respeito a escolha de minha mãe. Ela mudou nesse período, está mais tranquila, mais próxima. Tudo melhorou. Mas não estou preparado para a morte. Não sou forte como ela”. Ana Bea é apaixonada por Game of Thrones. Criou um grupo no WhatsApp para comentar cada fim de episódio com as amigas. Quando soube da doença, lembrou a data do início da sétima temporada, em julho deste ano. Angustiouse profundamente com a possibilidade de não chegar lá. Uma semana antes, ao perceber que estaria bem no dia, organizou uma festa para que assistissem todas juntas à estreia. A oitava temporada está prevista para 2019. “Está tudo certo, já tive muito mais do que esperava”, conclui. No primeiro fim de semana de dezembro, fez o que sempre desejou: um passeio de stand-up na Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Dias antes, participara da festa de encerramento das atividades de seu grupo de terapia. Emocionados, os 25 integrantes comemoraram o fato de Ana Bea estar entre eles. E brindaram ao ano que virá. Ecoavam um raciocínio de Michel de Montaigne (1533-1592): “Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade”. Publicado em VEJA de 20 de dezembro de 2017, edição nº 2561