REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA Mônica Pinesso Cianfarani | 084523 Orientadora: Regina Andradre Tirello
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO - 2014
REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA Mônica Pinesso Cianfarani | 084523 Orientadora: Regina Andradre Tirello
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“A cada instante, há mais do que o olho pode ver, mais do que o ouvido pode perceber, um cenário ou uma paisagem esperando para serem explorados.” Kevin Lynch - A Imagem da Cidade.
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Agradecimento muito especial aos meus pais, Anselmo e Sandra e a minha irmã Tatiane, ao Igor e ao Astor pelo apoio incondicional nas dificuldades, pela paciência nos longos anos de vida acadêmica e por estarem sempre ao meu lado.
AGRADECIMENTOS
Aos meus amigos que encontrei nesse caminho, tanto em Campinas como Coimbra, em especial ao Ronaldo, pela sua companhia, apoio, incentivo, por dividir e compartilhar todas as dificuldades e alegrias desse caminhar. Agradeço a meus professores pelos ensinamentos que concretizaram o meu sonho de ser arquiteta. A minha orientadora Regina, que aceitou orientar esse trabalho. Meu sonho não seria realizado se Deus não estivesse conduzindo o meu caminho.
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1. Objetivo.......................................................... 08 2. Introdução...................................................... 09 3. A cidade de Sorocaba.................................... 11 3.1 Breve histórico de Sorocaba........................... 11 3.2 Sorocaba hoje................................................ 18 3.3 Bens arquitetônicos históricos e a cidade de Sorocaba.................................. 23
SUMÁRIO
4. Analise do entorno........................................ 25 4.1 O Jardim Brasilândia e o Matadouro................ 25 4.2 O Parque das Águas e a ciclovia..................... 31 4.3 Legislação vigente.......................................... 34
5. Premissas teóricas......................................... 36 5.1 O reconhecimento e preservação do Patrimônio Industrial.................................. 37 5.2 Valorização do Patrimônio Industrial................ 38
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6. Os matadouros públicos de Sorocaba............ 40
9. Programa....................................................... 82
6.1 A prática higienista........................................ 40
9.1
6.2 Programa e tipologia arquitetônica de um Matadouro........................................... 42
Programa de necessidades – Parque do Matadouro.................................. 82
9.2
Programa de necessidades do Matadouro e sede da Banda Marcial....... 88
6.3 Os matadouros públicos de Sorocaba: Afastamento da malha urbana........................ 44
10. Diretrizes para o projeto do Matadouro......... 90 7. Premissas metodológicas.............................. 47 7.1
Pesquisa histórico documental...................... 48
7.2
Cronologia arquitetônica................................ 51
7.3
Levantamento métrico arquitetônico e estudo formal da edificação histórica......... 53
7.4
11. Diretrizes de restauro do Matadouro Municipal.................................... 104
12. Referências Projetuais................................. 109
Diagnósticos de conservação feitos “insitu”............................................... 62
13. Referências Bibliográficas........................... 117 8. Uma proposta: A Banda Marcial de Sorocaba................................................... 78 8.1
A Banda Marcial de Sorocaba....................... 79
8.2
Proposta de adaptação do Matadouro Municipal para a Banda Marcial................... 80
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1. OBJETIVOS
Esse trabalho tem como objetivo intervir na edificação do Matadouro Municipal, localizado no Jardim Brasiilândia, na cidade de Sorocaba, interior do Estado de São Paulo. O objeto de intervenção é um a edificação de interesse histórico reconhecida pela municipalidade, atualmente em precário estado de conservação, abandonado, sem uma destinação de uso.
1. OBJETIVOS
Pretende-se a sua restauração e requalificação para o novo uso, intervindo em seu entorno próximo, propondo um parque que valorize a edificação em questão, facilitando os acessos à este.
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2. INTRODUÇÃO
Esse trabalho final de graduação de Arquitetura e Urbanismo trata da restauração e requalificação de uso do Matadouro Municipal da cidade de Sorocaba, buscando integrar e dinamizar o seu entorno na proposta de intervenção. O interesse na preservação dos bens remanescentes foi construído durante o curso de graduação, indicando assim, a linha deste trabalho de conclusão de curso. Na trajetória para encontrar o objeto deste trabalho buscou-se conhecer, visitando “in loco” edificações de interesse histórico e cultural na cidade de Sorocaba.
2. INTRODUÇÃO
A edificação do Matadouro Municipal de Sorocaba consiste em uma tipologia em extinção no Estado de São Paulo: a dos matadouros edificados no período higienista do final do século XIX e início do século XX. A tardia valorização destes bens do patrimônio instrustrial fez com que muitos exemplares de arquitetura de matadouros se perdessem. O Matadouro Municipal chamou a atenção, pela condição de abandono, ruina e desuso que se encontrava. A visualização da edificação estimulou a pesquisa documental. Realizaram-se inúmeras visitas no local; contatos com frequentadores para melhor entendimento da área, o que consolidou o interesse pelo histórico edificio, instigando a trabalhar uma proposta de requalificação do local para um novo uso e reintegrar a sua edificação ao contexto urbano da cidade. O Matadouro Municipal de Sorocaba está localizado às margens do Rio Sorocaba1, na Rua Paes de Linhares, bairro Jardim Brasilandia, Zona Norte de Sorocaba. Construído em 1928 o prédio serviu durante 50 anos para o abate de bois e suínos que abasteciam a cidade; foi desativado na década de 1970, sendo declarado como pertencen1 O Rio Sorocaba tem uma grande importância para a cidade de
Sorocaba desde a sua fundação, sendo hoje, ainda, um referencial na medida em que nas sua margens foi construída uma avenida que liga todos os pontos da cidade e dá acesso as rodovias que passam por Sorocaba.
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2. INTRODUÇÃO
te à municipalidade em 1996.
ção4 do patrimônio.
A edificação remanescente do Matadouro Municipal tem 410 m² de área construída com área total de 25 mil m² que se extendem até as margens do Rio Sorocaba.
Aliado a essa diretriz projetual, esse trabalho, também, propõe criação do Parque do Matadouro, com a finalidade de valorização das visuais do bem histórico.
O estudo do entorno revelou que a edificação é ignorada pela população do bairro e da cidade; a localização da edificação do Matadouo Municipal dificulta a sua visualização, no entanto, no seu entorno são realizados os ensaios da Banda Marcial de Sorocaba.
A valorização do prédio do Matadouro é uma questão fundamental nesse trabalho. O conceito de projeto considera que o antigo edifício é o foco central de intervenção de requalificação visando a sua valorização e reinserção no contexto urbano, como uma opção de uso de lazer, educacional e cultural, portanto difere da concepção de um projeto arquitetônico.
A Banda Marcial de Sorocaba está inserida no Projeto de Musicalização desenvolvido pela Secretaria de Educação Municipal, os seus ensaios são semanais e ocorrem no terreno2 onde se localiza o Matadouro Municipal. As atividades e o ensino da Banda Marcial de Sorocaba são reconhecidos em âmbito nacional, porém, atualmente usa instalações improvisadas e inadequadas para suas atividades.. Intervir na edificação do Matadouro se une à necessidade de uma sede para a Banda Marcial de Sorocaba, adaptando um espaço de valor arquitetônico para uma atividade de prática musical O projeto proposto tem um enfoque diferenciado do senso comum, de destinação para centro cultural. Une a preservação do patrimônio industrial à sede de uma atividade que já está consolidada naquele espaço físico. A proposta de requalificação da arquitetura pré construida do Matadouro Municipal de Sorocaba tem como diretriz projetual às prerrogativas de projeto de restauro de edificações pré-existentes, à luz das diretrizes da Carta de Veneza e aos conceitos de restauro conservativo3 e mínima interven2
As atividades da Banda Marcial são realizadas no terreno, em galpões improvisados construídos do lado oposto do prédio do Matadouro Municipal. Não há, atualmente, possibilidade alguma de ser utilizado a parte interna do Matadouro, pois, há risco de desabamento da cobertura.
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O restauro contemporâneo privilegia a conservação do bem.Seguindo os princípios fundamentais de reversibilidade,
tônica, que reflete em suas estruturas, uma arquitetura única do inicio do século passado, que merece ser preservada e compreendida em suas peculariedades, um exemplar digno de preservação.
Entre tantos desafios encontrados para a elaboração do projeto que este trabalho de conclusão de graduação se propõe há que se destacar a questão de falta de documentação e registros sobre o Matadouro Municipal de Sorocaba. Como o levantamento métrico-arquitetônico era inexistente, teve que ser realizado com medições “in loco” e complementada através da técnica ortofotogrametria, pois esse levantamento é fundamental para uma proposta de intervenção emabasadas nas diretrizes de restauração arquitetônicas; outra questão refere-se a constatação de que o trabalho das bandas marcias não são valorizados, não há investimentos mínimos, como uma sede para ensaios. Este projeto pode proporcionar uma plena utilização do Matadouro Municipal, assegurando a preservação do patrimônio histórico, valorizando a sua história e arquitetura, contribuindo para que a população sorocabana reencontre uma construção de grande relevância e importância arquite-
distinguibilidade e mínima intervenção. Ainda que conservativa, a restauração é sempre uma intervenção; todas as modificações que sejam necessárias devem ser sempre controladas e justificadas, nunca podendo ser gratuitas.
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O princípio da mínima intervenção consiste que não haja a descaracterização do documento histórico e material assim como de sua imagem figurada, respeitando assim, suas várias estratificações sem o intuito de restituir um pretenso estado original, pois os sinais do tempo também são considerados de valor histórico e estético.
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3. A CIDADE DE SOROCABA
3.1 Breve histórico da cidade de Sorocaba. Sorocaba traz na sua história, componentes que permitem desvendar a cidade. Conhecer os fatos ocorridos desde a sua colonização e os vários ciclos que geraram seu desenvolvimento, permite-nos a compreensão do presente e foi com esse enfoque que a trajetória histórica da cidade foi pesquisada. A cidade de Sorocaba foi fundada em 1654 por Baltazar Fernandes, porém, antes mesmo do descobrimento do Brasil já passava pelas ruas de Sorocaba, a rota principal do “Peabiru”1, que possibilitou o crescimento e desenvolvimento posterior da cidade.
3. A CIDADE DE SOROCABA
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Os peabirus (na língua tupi”pe”– caminho; “abiru” gramado amassado) são antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos desde muito antes do descobrimento pelos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. O principal destes caminhos, denominado Caminho do Peabiru, constituía-se em uma via que ligava os Andes ao Oceano Atlântico. Esse caminho atravessava os territórios dos atuais Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil. Segundo os relatos históricos, o caminho passava pelas regiões das atuais cidades de Assunção, Foz de Iguaçu, Alto Piquiri, Ivaí, Tibagi, Botucatu, Sorocaba e São Paulo até chegar à região da atual cidade de São Vicente. Ainda havia outros ramos do caminho que terminavam nas regiões das atuais cidades de Cananéia e Florianópolis.
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3. A CIDADE DE SOROCABA Figura 1: Mosteiro de São Bento. Fonte: Coleção Adolfo Frioli, 1924.
OS BANDEIRANTES E AS SESMARIAS. O Capitão Baltazar Fernandes, um bandeirante, recebeu do Rei de Portugal uma sesmaria2 no local onde está instalada, atualmente a cidade de Sorocaba. Para o povoamento e posse de suas terras, o Capitão Baltazar instalou-se 1654 com sua família e escravos, fundando em 15 de agosto de 1654, um povoado que recebeu o nome de Sorocaba, uma palavra que tem sua origem no Tupi-Guarani e significa Terra (aba) fendida ou rasgada (çoro). Pensando no incentivo para o povoamento de sua região, o Capitão Baltazar Fernandes, doou grande gleba de terra aos Monges de São Bento de Parnaíba, pois antes de vir para suas terras Baltazar morava em Santana de Parnaíba. A doação das terras teve a condição de que construíssem o convento e mantivessem escolas para quem desejasse se dedicar aos estudos. Assim, a cidade de Sorocaba, fundada no século XVII, contava com algumas casas esparsas, a igreja e o Mosteiro de São Bento, ou seja, um pequeno povoado. Seu principal meio de sobrevivência eram as lavouras de subsistência e as expedições ao sertão. (ALMEIDA, 2002, p.38). A fazenda de Baltazar atraiu muitos moradores que estavam espalhados pela região, auxiliando o povoamento e motivando a vinda de novos moradores para a localidade. Em 1661, o povoado foi elevado à condição de vila, recebendo o nome de Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. Os moradores da Vila de Sorocaba eram em sua maioria bandeirantes, como era o Capitão Baltazar Fernandes, buscavam ouro, capturavam indígenas pelos ramais do Peabiru e ampliavam as fronteiras do País para muito além do que previa o Tratado de Tordesilhas.
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Sesmaria era um instituto jurídico português que normatizava a destinação de terras com a condicionalidade de que deveriam ser utilizadas para a produção. O Estado recém criado não tinha capacidade para organizar a produção de alimentos, delegando a particular essa função.
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3. A CIDADE DE SOROCABA
O TROPEIRISMO E AS FEIRAS DE MUARES. No ano de 1733, um marco histórico, um novo ciclo se iniciava na Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba: o Tropeirismo, que inicia quando passa pela Vila a primeira Tropa de Muares, conduzida pelo Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, bandeirante fundador do Rio Grande do Sul. Essa expedição utilizou a rota do Peabiru para chegar à Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba3. De acordo com Nanci Marti Chiovitti4: “Sorocaba teve seu maior desenvolvimento no século XIX devido ao tropeirismo, que é atualmente definido como uma economia de abastecimento e, conforme alguns autores, subsidiária do café. Além disso, esse movimento envolve a condução de tropas de animais (cavalos, muares, bovinos e suínos) por homens especializados na atividade tropeira.” (CHIOVITTI, 2003,p.04)
A partir deste momento, com o aumento de número de tropas passando por Sorocaba, devido a sua posição estratégica, a Vila de Sorocaba tornou-se marco obrigatório para os Tropeiros, um eixo econômico entre o Norte, o Nordeste e o Sul. Figura 2: Rota do Peabiru. Fonte:CELLI, 2012
O Tropeirismo foi o responsável pelo crescimento e desenvolvimento da Vila, nos séculos XVII e XVIII. Sorocaba, com o alto fluxo dos tropeiros tornou-se a sede da Feira de Muares, brasileiros de todos os estados reuniam-se para comprar e vender ou trocar seus animais; essas feiras duravam, em geral, dois meses. A grande densidade demográfica, temporária da época
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Essa rota era conhecida dos índios da região, que escravizados, ensinaram aos bandeirantes o seu roteiro.
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CHIOVITTI, Nanci Marti. O discurso do progresso: Sorocaba e o fim da Feira de Muares (1850-1900). Campinas, 2003. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas.
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3. A CIDADE DE SOROCABA das Feiras de Muares, com afluxo de pessoas com grande poder aquisitivo, ajudou no desenvolvimento do comércio e da indústria caseira, ligada ao tropeirismo (facas, facões, redes, arreios, peças de montarias, ourives especializados em fabricar enfeites em ouro e prata para peças de montarias e acessórios que eram utilizados pelos tropeiros), além de atrair novos moradores para a Vila. O comércio de animais ganhou importância, uma vez que gerava grandes lucros, isso levou o governo da Capitania de São Paulo a instalar em Sorocaba, em 1750, o Registro de Animais. O Registro de Animais era uma estrutura fiscal, implantada pela província, que tinha como objetivo controlar o trânsito de tropas e a cobrança de impostos sobre a comercialização animal, principalmente cavalar e muar. Essas unidades fiscais arrecadavam grandes quantias que iam para os cofres das providencias; em Sorocaba o Registro de Animais foi instalado ao lado da ponte sobre o Rio Sorocaba. Nanci Marti Chiovitti (2003) destaca que Sorocaba foi escolhida para ser o local do Registro de Animais em face de ter uma localização privilegiada, estava próximo da Vila de São Paulo, na época, o centro administrativo, além de ter clima e relevo propício ao descanso e engorda de animais. Cássia Maria Baddini5 acrescenta outro fator para essa escolha: “a existência de uma ponte dentro da vila. Ela era estratégica para o controle do trânsito das tropas, pois exigia uma passagem mais cautelosa”, desta forma facilitava a cobrança de taxas. (2002, p.54) A grande concentração de pessoas que frequentava as Feiras de Muares fez com que o abastecimento urbano passasse a ser uma preocupação. A Câmara Municipal em 1805, estabeleceu medidas para controle e comércio de gêneros alimentícios, dentre as medidas estavam à construção de Casinhas para abrigar o
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BADDINI, Cássia Maria. Sorocaba no império: comércio de animais e desenvolvimento urbano. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2002
comércio de gêneros e viveres. Em 1834, o abate do gado e o corte de reses eram feitos clandestinamente, sem o mínimo de higiene no Curral do Conselho; localizado na região central da Vila de Sorocaba, nesse ano, com a construção das Casinhas, a Câmara elaborou um Regulamento Especial para o seu funcionamento.6 O Curral do Conselho, no final da década de trinta do século XIX, foi denominado de Pátio de Santo Antônio. DE VILA À CIDADE. Em 1842 Sorocaba foi elevada à categoria de cidade em pleno ciclo do Tropeirismo. O município possuía então cerca de 10.000 habitantes, dos quais um terço residia no centro urbano. A cidade de Sorocaba se caracterizava como uma cidade urbana e o principal centro comercial ao sul de São Paulo. Com o objetivo de combater o abate clandestino, em 1848 foi aprovada, pela Câmara Municipal a construção do primeiro matadouro público, escolhendo-se, para tanto, uma região afastada do núcleo urbano. Esse matadouro foi inaugurado em 1852. No ciclo do Tropeirismo houve ainda o progresso da policultura e o pioneirismo do plantio de algodão herbáceo, em substituição do arbóreo. Os anos de 1750 a 1850 são considerados como a fase áurea do tropeirismo. A última feira de muares aconteceu por volta de 1897, alguns anos antes já estavam em decadência, findando, definitivamente, em 1897, ano que teve um grande surto de febre amarela na região.
A ESTRADA DE FERRO. Sorocaba passa a ser um centro produtor e exportador de algodão, e para melhorar o transporte da produção foi construída a Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1875. A inauguração da Estrada de Ferro em Sorocaba aconteceu num momento de crise de exportação, devido ao fim da guerra de Secessão dos Estados Unidos, principal importador de algodão. A Estrada de Ferro foi fator relevante na ligação de Sorocaba com a capital, São Paulo, no transporte de materiais e no surgimento do parque industrial têxtil. Foi pelos trilhos da estrada de ferro que chegou o progresso, colaborando para o grande desenvolvimento industrial local. A inauguração da Estrada de Ferro Sorocabana marca um novo ciclo de desenvolvimento: o ciclo industrial. O CICLO INDUSTRIAL TÊXTIL: A MANCHESTER PAULISTA. A riqueza e o acúmulo de bens proveniente do comércio de tropas propiciaram a implantação de fábricas têxteis na cidade de Sorocaba. Desde a época da decadência das feiras de muares já existia um movimento de grupos da elite comercial, industrial e intelectualizada da cidade voltados para uma diversificação das atividades econômicas da cidade, para o desenvolvimento industrial em Sorocaba. Em 1881 iniciou-se efetivamente o ciclo industrial têxtil com a construção da primeira indústria de fiação e tecelagem de algodão: a Fábrica de Tecidos Nossa Senhora da Ponte7. O número de indústrias passa a crescer significativamente, outras indústrias têxteis foram montadas na cidade e a
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Pela primeira vez, em 1834, a questão do abate doa animais foi regulamentada, apesar da questão do abastecimento urbano da cidade de Sorocaba está inserida na história desta, desde a fundação da cidade.
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Essa fábrica era conhecida, também, como fábrica Fonseca, em razão do nome de seu proprietário, Manoel José da Fonseca.
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3. A CIDADE DE SOROCABA
Figura 3: Vista da cidade de Sorocaba em 1924. A imagem mostra o crescimento urbano no período da edificação do Matadouro Municipal. Acervo museu histórico Sorocabano, 1924
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3. A CIDADE DE SOROCABA industrialização passa a ser propulsora da ampliação da cidade, bairros operários são formados, novas ruas são abertas. Sorocaba passou a ser conhecida como a “Manchester Paulista”, pois era evidente a preeminência da atividade industrial na cidade. A terminologia “Manchester Paulista” foi utilizada pela primeira vez por Alfredo Maia, superintendente da Estrada de Ferro Sorocabana, num discurso quando da inauguração dos trabalhos de construção da hidroelétrica de Itupararanga8 no Rio Sorocaba, em 1904, afirmou que dali a pouco tempo Sorocaba se tornaria a Manchester Brasileira. Essa expressão foi incorporada pela elite local, tanto que no século XX, Sorocaba passou a ser conhecida como “Manchester Paulista”. Rogério Lopes Pinheiro de Carvalho9, em nota de rodapé, esclarece a expressão Manchester Brasileira:
e indústrias sorocabanas era fonte de encontros e lazer da população conforme mostra a Figura 6, fotografia de 1909 que mostra as pessoas em um “pic nic” às margens do Rio Sorocaba, utilizando inclusive pequenas embarcações para navegar em suas águas. O crescimento da cidade, a criação de empregos e de bairros operários, o aumento populacional refletiu no abate e abastecimento de carne na cidade e em 1925 volta à tona a questão do Matadouro Público de Sorocaba que se tornava obsoleto, sem condições de atender a demanda, sendo iniciado nesse ano a construção de um grande e majestoso prédio, inaugurado em Janeiro de 1928. Essa construção foi a última edificação com a finalidade de abate de carne em Sorocaba, tendo suas atividades encerradas em 1975. A DIVERSIFICAÇÃO: SOROCABA.
O
PARQUE
INDUSTRIAL
DE
“É importante salientar que o título de Manchester brasileira não foi exclusivo de Sorocaba. A comparação com a famosa cidade industrial da Inglaterra, ao que parece, estava presente no imaginário de toda a sociedade brasileira que passava por um processo de industrialização, particularmente pela instalação de fábricas têxteis.” (CARVALHO, 2008, pg.42)
Sorocaba viveu um tempo em função das indústrias têxteis, elas dominavam a paisagem da cidade com suas chaminés e com o som de suas sirenes, pois, eram assim que as indústrias anunciavam as suas trocas de turnos, horários de refeição. Esse som era referencia para os operários e para os moradores em seu redor.
É importante apontar que o Rio Sorocaba, nesta época, além de ser provedor de energia e água para os moradores
Esse setor econômico industrial, não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento dos concorrentes de outras regiões, os empresários sorocabanos não investiram em novas tecnologias de produção, em razão disso, a partir da década de 1970 passaram a ter problemas para colocar o seu produto no mercado consumidor, dentro e fora do país, tendo como conseqüência a diminuição gradativa de sua produção até o fechamento de todos os postos de trabalho, encerrando as suas atividades.
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A Usina de Itupararanga foi construída no Rio Sorocaba, na Serra de São Francisco. Hoje está localizada na cidade de Votorantim que, na época, era uma vila da cidade de Sorocaba. A sua construção teve como objetivo atender a demanda de energia na capital paulista que iniciava o processo de industrialização. A represa abastece hoje os municípios de Ibiúna, Sorocaba, Votorantim, São Roque e outras cidades vizinhas. Possui um lago com canal principal de 26 km de extensão e 192 km de margens, em uma área de 936 km², toda a bacia hidrográfica do reservatório é considerado, desde 1998, área de proteção ambiental.
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CARVALHO, Rogério Lopes Pinheiro de. Aspectos da modernidade em Sorocaba: experiências urbanas e representações 1890-1914. In: Revista de História, núm. 151, Dezembro, 2004, pp. 201-225, Universidade de São Paulo. Brasil.
pela municipalidade. Atualmente a cidade conta com uma zona industrial onde figuram algumas das principais empresas do país.
A partir de 1970, Sorocaba diversificou o seu parque industrial, a sua localização próxima a capital do Estado, aliado ao processo de desconcentração industrial de São Paulo e com acesso fácil a várias rodovias, fez com que Sorocaba recebesse várias indústrias que escolheram essa cidade para montar as suas fábricas, em espaço destinado UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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3. A CIDADE DE SOROCABA Figura 4: Ponte sobre o rio Sorocaba. O rio era a principal barreira das tropas de muares, que escolheram a cidade de Sorocaba para sua travessia por existir a ponte que controlava o trânsito das tropas e exigia uma passagem mais cautelosa, facilitando a contagem de animais para a arrecadação de impostos. No local havia o registro de animais. Foto: Julio W Durski, Fonte: Acervo Museu Sorocabano, 1886
Figura 5: Pic nic” no Rio Sorocaba, a imagem mostra a importância do rio para o lazer da população já no início do século XX. Fonte: Acervo Museu Histórico Sorocabano, 1909
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3. A CIDADE DE SOROCABA
3.2 Sorocaba Hoje Sorocaba é uma cidade do interior paulista, localizada a Sudoeste do Estado de São Paulo, distante 96 Km da capital, São Paulo. Seu acesso se dá por duas grandes rodovias que circundam a cidade: a Rodovia Castelo Branco (SP-280) e a Rodovia Raposo Tavares (SP-270). O município ocupa uma área territorial de 449,12 Km2 e de acordo com os dados do IBGE em 2013, contava com uma população de 629. 231 habitantes sendo a quarta mais populosa do interior de São Paulo. Estado de São Paulo
Cidade de Sorocaba
Matadouro Municipal Legenda
Cidade de São Paulo Cidade de Sorocaba
Figura 6: Localização da cidade de Sorocaba no Mapa do Estado de São Paulo.
Centro
Na última década a cidade passou por diversas mudanças na urbanização de ruas e avenidas, tentando se adequar ao tráfego intenso que recebe diariamente tanto de moradores, como de veículos de outras cidades, pois é uma referência para as cidades em seu entorno, quer na área de saúde, educação superior, como para inclusão no mercado de trabalho. TRANSPORTE Sorocaba conta com dois terminais urbanos: o Terminal São Paulo, inaugurado em 1992, com área de 11.000 m² na região central da cidade, com linhas que atendem as regiões leste e sul e o Terminal Santo Antonio, também, inaugurado em 1992, ocupa uma área de 13.000 m², suas linhas atendem as regiões norte e oeste. A região central é interligada por linhas entre os terminais. A cidade possui cinco áreas de transferências, que são pontos terminais das linhas interbairros integradas à rede de transportes, localizadas em bairros periféricos da cidade. O sistema viário de Sorocaba interliga os bairros; dá acesso as rodovias que passam pelo município e acesso as cidades vizinhas. Está em pleno andamento obras para melhorar a mobilidade urbana, com a abertura de novas avenidas, construção de pontes e viadutos. A frota circulante na cidade vem crescendo, sendo
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3. A CIDADE DE SOROCABA considerada a 10ª maior cidade do país na relação veículos/ habitantes; os congestionamentos na cidade são freqüentes, em todos os horários, apesar do tráfego de caminhão ser restrito, na área urbana. Sorocaba possui ainda um terminal rodoviário, próximo ao centro, o Rodocenter, com linhas intermunicipais e interestaduais. Sorocaba tem um aeroporto, porém, não recebe vôos comerciais; a ferrovia está em funcionamento parcial, somente para cargas. O município conta com 115 km de ciclovias criadas nas avenidas principais da cidade, sendo atualmente a segunda maior malha cicloviária do Brasil. Já existem paraciclos com capacidade para doze bicicletas cada, ou seja, um sistema de bicicletas públicas10, instalados em pontos estratégicos na cidade. Figura 7: Rede de Transporte de Sorocaba.
O planejamento do município prevê a ampliação da malha cicloviária de tal forma que Sorocaba tenha a construção da maior rede cicloviária da América Latina. Grande parte dessa malha viária está localizada na Avenida Dom Aguirre, margeando o Rio Sorocaba.
10 Figura 8: Ciclovias de Sorocaba.
O sistema de bicicletas recebeu o nome de Integrabike, é um sistema totalmente gratuito ao usuário, bastando apenas o uso do cartão social do transporte coletivo urbano para o desbloqueio das bicicletas em uma das 19 estações espalhadas pela cidade. O tempo-limite para o uso da bicicleta é de 60 minutos e o usuário pode devolver o veículo em uma estação diferente da que iniciou a viagem.
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3. A CIDADE DE SOROCABA EDUCAÇÃO Sorocaba conta com quatrocentos estabelecimentos de ensino entre escolas públicas, municipais e privadas abrangendo o nível infantil, fundamental, médio e superior. Na área de educação superior Sorocaba conta com oito universidades, seis privadas: Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Faculdade de Direito de Sorocaba (FADI); Universidade de Sorocaba (Uniso); ESAMC Sorocaba; Anhanguera; Universidade Paulista (UNIP) e duas públicas: UNESP Sorocaba e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O município conta, ainda, com Escolas Técnicas, destacando-se a ETEC Fernando Prestes; ETEC Rubens Faria e Souza e a escola do SENAC e do Senac.
Figura 9: Mapa da educação de Sorocaba.
Existem duas bibliotecas em Sorocaba: a Biblioteca Municipal de Sorocaba denominada “Jorge Guilherme Senger”, situada no Conjunto Arquitetônico do Alto da Boa Vista, ao lado da sede do Paço Municipal da cidade, cujo acervo reúne obras raras de literatura com valioso material sobre a memória de Sorocaba e a Biblioteca Infantil Municipal Renato Sêneca de Sá Fleury, localizada no centro da cidade.
Figura 10: Mapa de cultura Esporte e lazer de Sorocaba.
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3. A CIDADE DE SOROCABA CULTURA, LAZER E ESPORTES Na área da cultura Sorocaba conta com a FUNDEC – Fundação de Desenvolvimento Cultural, uma entidade civil, sem fins lucrativos. A FUNDEC é responsável por boa parte da agenda cultural da cidade, administra a Orquestra Sinfônica de Sorocaba, o Instituto Municipal de Música, a Orquestra Experimental, a Banda Sinfônica, o Espaço de Exposições e a Usina Cultural, localizada no centro da cidade, no antigo prédio do Teatro São Rafael. Os museus ocupam em sua maioria espaço de prédios históricos de Sorocaba, alguns centros culturais oferecem atividades como: dança, teatro, leitura, artes plásticas. No município há cinco teatros. Em Sorocaba, os shoppings centers, localizados em várias regiões da cidade, são uma alternativa de lazer., sendo que os cinemas estão localizados nesses shoppings. Na área do lazer, ainda, Sorocaba possui muitos parques abertos ao público, espalhados pela cidade, os parques municipais em Sorocaba são um diferencial, sendo utilizados pela municipalidade como uma alternativa de prática de esportes, além de um espaço para diversas atividades culturais. Percebe-se que a população de Sorocaba prefere os parques municipais para a prática de esportes e lazer, não há o costume de freqüentar centros esportivos. Tal situação justifica-se em razão dos parques municipais terem estrutura que atraiu a população para as atividades de lazer e esporte. Sorocaba conta com 21 parques municipais, sendo 07 em áreas de preservação fechados. Dos parques municipais abertos, dois destacam-se por serem utilizados para as atividades de cultura, lazer e esportes; o Parque das Águas que possui anfiteatro de arena, playground, pista de skate, circuito infantil, lagos, pista de caminhadas, ciclovias, campos de futebol, quadra poliesportiva e o Parque dos Espanhóis, com cerca de 20mil m², com estrutura semelhante ao do Parque das Águas,
conta ainda com o maior palco ao ar livre de Sorocaba. ZONEAMENTO DA CIDADE DE SOROCABA Sorocaba é dividida nas regiões: Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro e Zona Industrial - Administrativa. A Zona Sul é umas das regiões mais estruturadas da cidade. O bairro Campolim possui o metro quadrado mais valorizado da cidade. Apesar de residencial, nessa região estão localizados os principais comércios da cidade, serviços culturais e de saúde, além muitos restaurantes e casas noturnas. Essa região tem fácil acesso pela Rodovia Raposo Tavares. A Zona Leste é uma região tradicional, de colonização espanhola, também conhecida com Alem Ponte, cujo nome origina-se da necessidade de transpor o Rio Sorocaba através de pontes. Nos últimos anos, com o prolongamento da avenida São Paulo a região se modernizou e se expandiu, com a criação de vários condomínios residenciais. A Zona Industrial–Administrativa está localizada a Leste da cidade. Nessa região está a maior parte do parque industrial de Sorocaba, englobando também a área onde esstão instalados os principais órgãos do poder executivo, legislativo e judiciário como a Prefeitura de Sorocaba, a Câmara Municipal e o Fórum Cível e Trabalhista. Há a existência de alguns bairros residencial, na zona industrial, no entanto, a predominância é de indústrias que para lá se instalaram a partir de 1970. A Zona Oeste fica na região do Cerrado, em referência a vegetação predominante antes da alta taxa de urbanização dos dias atuais. É uma das mais populosas de Sorocaba, com grandes áreas de expansão residencial já sendo ocupadas; concentra grande atividade comercial nas vias principais. A região Central é predominantemente comercial. A
cidade de Sorocaba começou nesta região, que hoje vive do contraste entre as arquiteturas antigas, contemporâneas e futuristas Muitos órgãos do governo, clínicas e bancos, comércios de todos os tipos, estão espalhados por suas ruas e avenidas para atender o público que vêm de todas as partes da cidade, no centro está localizado o Mercado Municipal, o Palacete Scarpa e outros imóveis que contam a história da cidade. A Zona Norte merece destaque nesse trabalho em razão de lá estar localizado o Matadouro Municipal de Sorocaba, objeto desse estudo. Atualmente a Zona Norte é a região mais populosa da cidade, nas suas vias principais há grande concentração de comércio e serviços. A Zona Norte de Sorocaba teve grande expansão nos últimos dez anos, estima-se que existam na região 260 bairros e aproximadamente 200.000 habitantes, população essa maior do que a população de muitos municípios vizinhos de Sorocaba11. A Zona Norte é contemplada com praças, centros esportivos e parques, destacando-se o Parque das Águas, pela sua extensão, opção de lazer, esporte e cultura que proporciona a população da região Norte e de todas as regiões do município. A situação atual do Matadouro Municipal, abandonado e esquecido, não condiz com a condição da região onde está inserido. A Zona Norte tem potencial de usuários com facilidade de acesso, para utilizar o espaço arquitetônico do Matadouro Municipal, desde que ações sejam feitas para a sua restauração e requalificação de uso. A união do crescimento da Zona Norte e da incorporação do Matadouro no contexto urbano será valiosa para o bairro e a para a edificação arquitetônica.
11
Votorantim, cidade vizinha de Sorocaba, antigo bairro de Sorocaba, emancipada desde 1963 de acordo com os dados do IBGE contava em 2010 com uma população de 108.872 habitantes; a cidade de Piedade contava em 2010 com 52.214 habitantes; São Roque contava com 78.873 habitantes.
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3. A CIDADE DE SOROCABA
Figura 11: Mapa de Zoneamento de Sorocaba.
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3. A CIDADE DE SOROCABA
3.3 Bens arquitetônicos históricos e a cidade de Sorocaba SITUAÇÃO ATUAL DO PATRIMÔNIO
LINHA DO TEMPO COM AS PRINCIPAIS EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS DA CIDADE DE SOROCABA
A cidade de Sorocaba possui uma vasta história e importância econômica em âmbito nacional, mas, infelizmente, tal valorização não está diretamente ligada à preservação da arquitetura de interesse histórico. Muitos edifícios foram demolidos em decorrência do crescimento da cidade no século XX.
1785
1844
CAPELA DE APARECIDINHA
COLONIZAÇÃO DE SOROCABA
1684 MOSTEIRO DE SÃO BENTO
1875
TEATRO SÃO RAFAEL
ESTAÇÃO SOROCABANA
FEIRA DE MUARES
FINAL SÉC. XVIII CASARÃO DE BRIGADEIRO TOBIAS
1890 FÁBRICA SANTA ROSÁLIA
1938 MERCADO MUNICIPAL
MANCHESTER PAULISTA
1870 CASARÃO DE QUINZINHO DE BARROS
1882 FÁBRICA N. SRA. DA PONTE
A especulação imobiliária, principalmente do centro urbano, deflagrou, na década de 1960, a demolição da maioria das edificações de grande interesse histórico existente desde a fundação da cidade, para dar lugar a edificações mais modernas.
1928 MATADOURO MUNICIPAL
OS BENS ARQUITETÔNICOS TOMBADOS
Figura 12: Linha do Tempo com as principais edificações históricas de Sorocaba
Conforme dados do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Turístico e Paisagístico (CMDP) de Sorocaba a cidade soma hoje 31 patrimônios histórico-arquitetônicos reconhecidos, 29 pelo município e dois, o Mosteiro de São Bento e o Casarão de Brigadeiro Tobias, reconhecidos pelo Estado, por meio do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) do Estado de São Paulo. Existem, ainda, mais 121 de edificações e monumentos que estão em estudo para o tombamento. As poucas arquiteturas de interesse histórico reconhecidas pela municipalidade estão dispersas pela cidade; é possível identificar alguns núcleos de arquitetura histórica esparsos pelo território de Sorocaba: 1)
O centro urbano a partir das imediações do
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3. A CIDADE DE SOROCABA Mosteiro de São Bento; 2) As fábricas e vilas operárias, situadas em sua maioria nas margens do rio Sorocaba; 3) O Casarão da Fazenda de Quinzinho de Barros, situado na localidade que hoje abriga o Zoológico Municipal; 4) O conjunto do centro histórico do bairro de Aparecidinha. Esse conjunto é afastado da malha urbana, pois, originalmente era uma pequena vila que com o passar do tempo foi unida à cidade de Sorocaba; 5) O conjunto do Casarão e da fazenda de Brigadeiro Tobias, localizado no atual distrito de Brigadeiro Tobias, O único caso de edificação de interesse histórico, reconhecida pela municipalidade e situada afastada de qualquer núcleo de interesse histórico é do Matadouro Municipal de Sorocaba, sendo, também, o único bem de interesse histórico localizado na zona norte de Sorocaba. O Matadouro Municipal de Sorocaba foi reconhecido como digno de preservação pelo Conselho de Patrimônio Municipal em 1996, a partir do Decreto nº 10.033, de 28/11/1996, em Grau de Preservação 2. Este grau de preservação é parcial, o que significa a preservação apenas da sua volumetria, fachadas, cobertura, áreas livres, ajardinamento e respectivos elementos ornamentais, com liberação para intervenção no interior.
Figura 13: Localização das principais edificações históricas de Sorocaba
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
4.1 O Jardim Brasilândia e o Matadouro O crescimento urbano da cidade de Sorocaba atinge as imediações do Matadouro em meados da década de 1960. A implantação urbana não foi planejada, porém, observa-se que a cidade cresceu em volta do Matadouro, dando as costas para ele. O estigma se perpetuou, o Matadouro Público não podia estar inserido na cidade, estava à margem, excluído. Com a paralização de suas atividades e o crescimento urbano no seu entorno a situação não modificou-se, o Matadouro Municipal continua escondido, excluído do bairro a que pertence.
4. ANÁLISE DO ENTORNO
O Jardim Brasilãndia, bairro que se desenvolveu em torno do Matadouro, é de origem pobre e humilde, no entanto, atualmente está em crescimento e valorização, surgem os condomínios, que vêm na localização um ponto de fácil acesso ao centro e bem abastecido de comércio, equipamentos sociais e com acesso a linhas de ônibus. OS ACESSOS A avenida Dom Aguirre, principal via da cidade, que margeia em sua totalidade o Rio Sorocaba (rio onde nas margens o Matadouro se encontra) faz um desvio e se une a Rua João Ribeiro de Barros, esse desvio acontece exatamente onde está localizado o Matadouro, desta forma a referida avenida não incorpora a construção, do edifício escondido, em seu trajeto.. A Rua Paes de Linhares, pela qual atualmente se dá o acesso mais próximo ao Matadouro, está a aproximadamente 100m de distância da face posterior da edificação. A principal obra urbana que ocorreu no local foi o complexo viário, que melhorou o acesso que liga a Avenida Dom Aguirre à Rua João de Ribeiro Barros facilitando o transito de carros para o bairro, tal obra já não foi tão agradável para UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
EVOLUÇÃO URBANA - JARDIM BRASILÂNDIA E ENTORNO DO MATADOURO
Figura 14: Evolução urbana da cidade de Sorocaba, com ênfase ao Jardim Brasilândia a partir de sua instalação no loal em 1928 até os dias de hoje.
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
Legenda Entorno Matadouro Municipal
Figura 15: Localização do Matadouro Municipal e seu entorno na cidade de Sorocaba
MAPA: LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS DO ENTORNO DO MATADOURO MUNICIPAL E PARQUE DAS ÁGUAS
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Legenda Principal eixo viário área de intervenção Matadouro Municipal Parque das Águas
1 Supermercado Makro 2 Lagoas de Retenção da água do Rio Sorocaba 3 Zona Industrial UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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4. ANÁLISE DO ENTORNO o Matadouro, pois o escondeu ainda mais por trás do complexo viário. Fator importante e que irá atrair mais pessoas para o local é que o terreno, ao lado do terreno do Matadouro as margens do complexo viário e da Rua João Ribeiro de Barros recebeu a construção de uma filial do Supermercado Makro, inaugurado em Maio de 2014. Se por um lado irá atrair pessoas para o local, por outro, sua construção gigantesca, além de interferir na paisagem, está ocultando, ainda mais, as instalações do Matadouro. O EDIFÍCIO ESCONDIDO Ao passar pela rua Paes de Linhares, na entrada do terreno, não se pode imaginar que se encontra ali dentro um prédio considerado bem histórico arquitetônico. A edificação do Matadouro está completamente escondida
ora pelo desnível natural do terreno, ora pela pilha de entulho depositada pelo SAAE, sendo possível avista-lo somente a poucos metros dele, já dentro do terreno da Guarda Municipal, que apesar denão ter nenhum controle de acesso não é nada convidativo para o acesso ao seu interior. As atividades do SAAE no local não são mais a fabricação de asfalto, o local atualmente é depósito de entulho decorrente das obras daquela autarquia do SAAE pela cidade. Diariamente vários caminhões chegam ao local carregados de entulho que lá são despejados. O entulho já se aproxima do prédio do Matadouro, não respeitando sequer o recuo mínimo de 20m determinado pelo Conselho de Patrimônio. As instalações da Guarda Municipal se restringem a duas edificações e um pátio de estacionamento,há apenas um funcionário que cuida do local, onde são abrigados alguns documentos e automóveis pertencentes à Guarda Municipal.
Figura 16: Recuos da edificação do Matadouro Municipal determinados pelo processo de tombamento desta. Os recuos são determinados como um Raio de 20m do Matadouro Fonte: Prefeitura Municipal de Sorocaba
Figura 17: Jardim Brasilândia. Vista da rua Paes de Linhares, com residências, comécio, presença de ciclofaixae trânsito intenso durante a semana.Foto: Mônica Cianfarani 03.04.2014.
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
MAPA: DISTÂNCIAS A PARTIR DA EDIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL
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Figura 18: Mapa de distancias.
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
MAPA: USOS DO SOLO NO ENTORNO DO MATADOURO MUNICIPAL
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Legenda Matadouro Municipal
área comercial área residêncial institucional zona industrial Figura 19 Mapa de usos do solo.
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
4.2 O Parque da Águas e a ciclovia No entorno, do Matadouro localiza-se um dos principais parques urbanos de Sorocaba, o Parque das Águas “Maria Barbosa da Silva”, inaugurado em 29 de junho de 2008, com a finalidade de ser uma bacia de contenção de água de chuvas. Esse local originalmente era uma área alagadiça, com alguns focos de invasão, após um plano de melhoramento urbano o local se transformou e hoje é uma opção de lazer e cultura para a população da Zona Norte da cidade, abrigando grandes eventos, por ser uma área extensa e de fácil acesso. Figura 20: Parque das Águas. O seu nome é devido ao lago localizado próximo ao rio Sorocaba. Foto: Google Street View
Figura 21: Parque das Águas de Sorocaba, no canto esquerdo a escultura de Chico Niedzielki. Apesar de ser um parque, a vegetação é mais rasteira e existem poucas árvores e espaços de sombra no local.Foto: Google Street View
Em toda a Zona Sul e Central da Cidade o Rio Sorocaba abriga uma bela ciclovia arborizada, um dos principais chamarizes urbano, baseando-se no conceito de cidade sustentável, contudo, na área próxima ao prédio do Matadouro a ciclovia desvia-se do seu trajeto original para o interior da cidade não mais margeando o rio; segue o mesmo trajeto da Avenida Dom Aguirre, indo para a Rua João Ribeiro de Barros. O Parque das Águas possui uma área total de 162 mil metros quadrados, ali foram plantadas árvores e construídos anfiteatros, sistema de iluminação, praça de eventos, pista de caminhada, ciclovias, pista de skate, parque infantil, aparelhos para ginástica e quadra de areia. Existe um caminho saindo do Parque das Águas e que segue pelas margens do Rio Sorocaba, feito por pedestres, onde é possível chegar ao Matadouro. O acesso Parque das Àguas para o Matadouro é feito por caminho a beira do rio, com mata ciliar densa e fechada que não apresenta segurança.
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
O PARQUE DAS ÁGUAS E O MATADOURO - INFOGRÁFICOS DO ENTORNO
Ciclovia Ciclofaixa Matadouro Municipal
CICLOVIA
Fluxo intenso de veículos Matadouro Municipal
FLUXO DE VEÍCULOS
Figura 28: A ciclovia local segue toda a margem do Rio Sorocaba, porém, no final da Avenida Dom Aguirre segue o percurso viário. Na rua de acesso do Matadouro há uma ciclofaixa como alternativa de caminho
Figura 30: O fluxo de veículos se concentra nas principais vias do bairro, incluindo a Paes de Linhares que dá atualmente acesso ao Matadouro. Também há linhas de ônibus oriundas do centro que passam no local.
Fluxo de Pedestres Matadouro Municipal
CAMINHOS DE PEDESTRES Figura 29: Os pedestres geralmente utilizam uma trilha seguindo a margem do Rio Sorocaba para diminuir o percuso, porém este caminho não é muito seguro atualmente. Durante a semana o caminho de pedestres se concentra nas vias principais, onde há mais comércio e linhas de ônibus. Nos fins de semana os pedestres ocupam a ciclovia da margem do Rio Sorocaba e o Parque das àguas para atividades físicas e lazer.
Matadouro Municipal mata ciliar/ APP
MATA CILIAR
Figura 31: Apesar de bastante removida ao longo dos anos, a mata ciliar ainda apresenta-se bastante densa no local. Na margem oposta ao Matadouro encontra-se praticamente intocada. Na àrea de intervenção observa-se vegetação pioneira e trechos de mata fechada principalmente próximos ao pequeno lago no local. Seguindo a ciclovia, a vegetação foi retirada para ter melhor visualização do Rio.
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4. ANÁLISE DO ENTORNO
4.3
Legislação
Vigente:
MAPA: A ÁREA DE INTERVENÇÃO
tombamento, ambiental e propostas da municipalidade O Matadouro Municipal de Sorocaba foi reconhecido como digno de preservação pelo Conselho de Patrimônio Municipal em 1996 a partir do Decreto nº 10.033, de 28/11/1996, em Grau de Preservação 2.
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Este grau de preservação é parcial, significa a preservação apenas da volumetria, fachadas, cobertura, áreas livres, ajardinamento e respectivos elementos ornamentais do edifício, estando liberado os interiores para intervenção.
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I - permitir a implantação de usos não residenciais, desde que não causem incômodos para a população residente,
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Conforme o Plano Diretor da cidade de Sorocaba: “Nas Zonas Residenciais 2 – ZR2, que inclui em sua maior parte bairros já consolidados e utilizados predominantemente por uso residencial, as normas de parcelamento,uso e ocupação do solo devem:
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Segundo o zoneamento urbano da cidade de Sorocaba, a região do Matadouro é Zona Residencial 2, próxima a zona industrial sendo dividido apenas pelo Rio Sorocaba.
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Sem escala Legenda Matadouro Municipal Área de intervenção Recuo de 100m do Rio Sorocaba Raio de 20m a partir da edificação do Matadouro recuo de preservação de vistas Mata ciliar preservada
Figura 32: Limites do entorno do Matadouro
Figura 33: Margem do Rio Sorocaba na área de intervenção. Foto: Mônica Cianfarani, 2014
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A implantação da Zona Industrial na região Norte da Cidade de Sorocaba gerou um outro fenômeno urbano: o crescimento da Zona Norte.O crescimento da cidade, mais próximo da zona industrial, ocorreu em virtude da mudança de operários para mais próximo das indústrias, evitando longas distâncias de trajetos para os trabalhadores.
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A Zona Industrial próxima da localidade, é recente no cenário urbano da cidade, foi inserida na região Norte em meados da década de 1980, com o parcelamento de loteamentos industriais e incentivos fiscais para a inserção de empresas e indústrias no local.
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A região do Matadouro possui um potencial de crescimento de comércio, de pequenas empresas e um grande potencial para verticalização residencial, ou seja, o crescimento da densidade populacional local.
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II - fixar índices urbanísticos que permitam a adoção de padrões variados de edificações, desde casas térreas até prédios de apartamentos”.(Plano Diretor de Sorocaba, 2007)
MAPA: EDIFICAÇÕES RELEVANTES PRESENTES NA ÁREA DE INTERVENÇÃO E ENTORNO
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tais como escolas e trabalho de profissional autônomo, bem como comércio, serviços e indústria de pequeno porte;
Sem escala Legenda Matadouro Municipal área de intervenção
1 2
Estação de tratamento de esgoto Supermercado Makro Estacionamento Guarda Municipal Edificações Guarda Municipal
Sobre a mata ciliar e a vegetação existente atualmente no local, observa-se que apesar de existir uma Área de Proteção Permanente(APP) nas margens do Rio Sorocaba, com uma distância de preservação variando entre 100m e 250m das margens do rio1, no entanto, a área próxima ao Matadouro Municipal estápraticamente toda desmatada, mas, constata-se que a vegetação pioneira expande-se e atinge uma área bastante significativa do entorno do Matadouro Municipal, sendo um espaço potencial para a preservação e a regeneração da Mata Ciliar local. 1
Não há clareza em quais pontos a distância é 250m e 100m no Plano Diretor de Sorocaba, tendo em vista que o Matadouro Municipal se encontra em uma região com distância inferior a 250m da margem do rio, será utilizado como referência a distância de 100m da margem do Rio Sorocaba.
Edificações do Serviço Autônomo de Água e Esgoto - SAAE
Figura 34: Edificações no entorno.
O plano de parques da cidade de Sorocaba põe a área do Matadouro como potencial para um parque, no entanto, não existe nenhuma ação efetiva para esta execução. Tal situação pode ser constatada com a atual utilização da área. O município hoje abriga no local uma área de despejo de entulhos, provenientes das atividades do SAAE.
Este plano não leva em consideração o potencial da região, que tende a crescer, aumentando a população; região que se situa nas proximidades de um espaço potencial e subutilizado pela Prefeitura no momento: o Matadouro Municipal.
O mapa de uso de Solo e a proposta de inserção de parques, disponibilizado pela Prefeitura, ignora os potenciais da região do Matadouro e não prevê ligação dos parques ou continuidade da ciclovia na Margem do Rio Sorocaba. UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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5. PREMISSAS TEÓRICAS
“O conceito de monumento histórico engloba, não só as criações arquitetônicas isoladamente, mas também os sítios, urbanos ou rurais, nos quais sejam patentes os testemunhos de uma civilização particular, de uma fase significativa da evolução ou do progresso, ou algum acontecimento histórico. Este conceito é aplicável, quer às grandes criações, quer às realizações mais modestas que tenham adquirido significado cultural com o passar do tempo.“(Carta de Veneza, 1964)
A Carta de Veneza1, redigida em 1964, é uma referência na preservação do patrimônio histórico e arquitetônico, segundo afirma Beatriz Kuhl2 nenhuma Carta foi elaborada para substituí-la até os dias de hoje porque os princípios da Carta de Veneza são considerados fundamentalmente válidos para o trato de edifícios de interesse para a preservação. (KUHL,2008)
5. PREMISSAS TEÓRICAS
A Convenção de Salvaguarda do Patrimônio Arquitetônico3 define que patrimônio histórico arquitetonico consiste nas heranças arquitetônicas e culturais remanescentes de outras épocas e podem ser: Monumentos, conjuntos arquitetônicos ou sítios. Os monumentos são todas as construções particularmente notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico, incluindo as instalações ou os elementos decorativos que fazem parte integrante de tais construções; os conjuntos arquitetônicos são agrupamentos homogéneos de construções urbanas ou rurais, notáveis pelo seu interesse histórico, arqueológico, artístico, científico, social ou técnico; e por último os sítios são as obras combinadas do homem e da natureza. (Convenção de Salvaguarda do Patrimônio Ar-
1
Carta Internacional Sobre A Conservação E Restauro Dos Monumentos E Dos Sítios de Maio de 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e técnicos dos Monumentos Históricos.
2
KÜHL. Beatriz Mugayar. Preservação do patrimônio arquitetônico da restauração: Problemas teóricos de restauro. Cotia (SP): Ateliê Editorial, 2008.
3
Convenção de Granada para a Salvaguarda do Património Arquitetônico da Europa de 03/10/1985
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5. PREMISSAS TEÓRICAS quitetônico da Europa, 1985) As noções de restauração e práticas preservacionistas se veincularam à cultura de diferentes épocas; até hoje não há um consenso de qual prática é a mais adequada. O campo da restauração ainda é um campo relativamente recente e em constante reavaliação e mudança. A Carta de Veneza4afirma: “O restauro é um tipo de operação altamente especializado. O seu objetivo é apreservação dos valores estéticos e históricos do monumento, devendo ser baseado no respeito pelos materiais originais e pela documentação autêntica. Qualquer operação desse tipo deve terminar no ponto em que as conjecturas comecem; qualquer trabalho adicional que seja necessário efetuar deverá ser distinto da composição arquitetônica original e apresentar marcas que o reportem claramente ao tempo presente. O restauro deve ser sempre precedido e acompanhado por um estudo arqueológico e histórico do monumento.”(Carta de Veneza, 1964,p.2)
tauração deve seguir princípios fundamentais: reversibilidade, distinguibilidade e mínima intervenção. (Carta de Veneza, 1964) Concluindo, ainda que conservativa, a restauração é sempre uma intervenção; todas as modificações que sejam necessárias devem ser sempre controladas e justificadas, nunca podendo ser gratuitas. Segundo Regina Tirello5 (2013, p.5) os projetos e execução de obras de restauração possuem uma grande importância por diferenciarem substancialmente das obras arquitetônicas ditas “comuns”, pois estas interferem no bem pré-construído sendo necessário cuidar para que essas intervenções sejam mínimas. Essa preocupação é prerrogativa do restauro conservativo em prol da manutenção dos plenos valores históricos e documentais destes bens, preservando-os ao máximo para a fruição da sociedade atual e futura.
Para a Carta de Veneza as contribuições de todas as épocas são válidas e devem ser respeitadas, dado que a unidade de estilo não é o objetivo que se pretende alcançar nos trabalhos de restauro. Quando um edifício apresenta uma sobreposição de trabalhos realizados em épocas distintas, a eliminação de algum desses trabalhos posteriores apenas poderá ser justificada em circunstâncias excepcionais, quando o que for removido seja de pouco interesse e aquilo que se pretenda pôr a descoberto tenha grande valor histórico, arqueológico ou estético, além disso, o seu estado de conservação seja suficientemente bom para justificar uma ação desse tipo. A avaliação da importância dos elementos envolvidos e a decisão sobre o que pode ser destruído, não podem depender apenas da vontade do coordenador dos trabalhos. O restauro contemporâneo privilegia a conservação do bem. Seguindo os princípios da Carta de Veneza,a res-
4
Carta Internacional Sobre A Conservação E Restauro Dos Monumentos E Dos Sítios de Maio de 1964, no II Congresso Internacional de Arquitetos e técnicos dos Monumentos Históricos.
5.1 O reconhecimento e a preser vação do Patrimônio Industrial “A definição de patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de processamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação. O período histórico de maior relevo para este estudo estende-se desde os inícios da Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, até aos nossos dias. “(Carta de Nizhny Tagil, 2003)
O interesse pela preservação do patrimônio industrial é relativamente recente e deve ser entendido no contexto da ampliação daquilo que é considerado bem cultural. O interesse surgiu na Inglaterra nos anos 1950 quando importantes testemunhos arquitetônicos do processo de industrialização foram demolidos. A partir deste momento observou-se a importância da preservação de bens oriundos do processo de instrialização. (KUHL,2004, p.)
5
TIRELLO, Regina A.; SFEIR, Maira; BARROS, Maira C. e MARTINS, Sarah V. Projetos de reabilitação de conjuntos industriais Históricos em centros urbanos paulistas: usos possíveis na contra corrente dos “centros culturais”. In: Arquimemória IV: Encontro Internacional sobre Preservação do Patrimônio Edificado, 2013,, 2013, Slavador,Bahia. Anais[do] Arquimemória IV: Encontro Internacional sobre Preservação do Patrimônio Edificado, 2013,. Salvador,Bahia: IABBa e UFBA, 2013. v. 1. p. 1-25.
A partir da década de 1960 verifica-se um grande movimento no sentido de ampliar aquilo que se entende por patrimônio, que passa a incorporar bens de tipologias mais diversas e de períodos mais recentes. Um triste impulso em direção à conscientização do público, no entanto, ocorre em 1962 na Inglaterra, quando diversas organizações procuraram salvar, sem sucesso, a Estação Euston, em Londres. Representando um período de reconhecimento, pesquisa e realização de inventários, sobretudo impulsionados pela necessidade de registrar rapidamente importantes testemunhos ameaçados. Além dos grandes monumentos de excep-
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5. PREMISSAS TEÓRICAS cional relevância, voltam-se as atenções para artefatos até então considerados ‘menores’ como a arquitetura industrial. Esta abertura no campo dos estudos patrimoniais passou a considerar grandes áreas urbanas oururais como potencialmente reveladoras de valores históricos, sociais e estéticos. (RUFINONI,2004) Segundo a Carta de Nizhny Tagil Sobre o Património Industrial de 20036, o inventário constitui um componente fundamental do estudo do patrimônio industrial deve ser realizado antes de qualquer intervenção,ser conservado em arquivo publico e estar contemplado com as características físicas e as condições da arquitetura de interesse
A ARQUITETURA INDUSTRIAL DOS MATADOUROS Os Matadouros fazem parte das construções associadas ao Patrimônio Industrial, mais precisamente do gênero Agroalimentar, como afirma Ivone Salgado e Douglas Murilha7. Os Matadouros foram construídos entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, no contexto de uma política urbana higienista. No Brasil, estes edifícios participaram de um processo de formação da ad6
O TICCIH – The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (Comissão Internacional para a Conservação do Património Industrial) é a organização mundial consagrada ao patrimônio industrial, sendo também o consultor especial do ICOMOS (InternationalCouncilofMonumentsand Sites Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) para esta categoria de patrimônio. O texto desta Carta sobre o Patrimônio Industrial foi aprovado pelos delegados reunidos na Assembléia Geral do TICCIH, de caráter trienal, que se realizou em NizhnyTagil em 17 de Julho de 2003,
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SALGADO, Ivone; MURILHA, Douglas. Patrimônio Arquitetônico no Estado de São Paulo: uma arquitetura para matadouros e mercados antigos. Revista Exacta. Sao Paulo, v.7, n.2, 2009(p. 263277)
ministração pública moderna na medida em que agruparam atividades que antes eram de responsabilidade de particulares e passaram a ser de responsabilidade da administração pública municipal. Para este tipo de categoria de patrimônio arquitetônico e cultural ainda não se percebe uma política consistente de valorização pelos órgãos de preservação do Estado. (SALGADO e MURILHA, 2009 p.264) “Apesar do recente reconhecimento e revalorização da arquitetura histórica industrial como depositária de múltiplos valores culturais a serem tutelados e preservados, em muitas capitais e cidades brasileiras tem se observado que significativos exemplares e conjuntos de tipologia industrial, vêm deixando mais e mais de serem incorporados à vida das cidades.” (TIRELLO, 2013, p.04)
5.2 Valorização do Patrimônio Industrial Muitas vezes o reconhecimento inicial de um bem não garante sua valorização no meio urbano e a consequente preservação. Isto ocorre com muitas edificações tombadas, que mesmo consideradas partes importantes da história local, por não possuir um uso, ficam abandonadas e até mesmo destinadas à ruína. Se os critérios e motivos para eleger monumentos eram bastante diversificados, os usos propostos se canalizam todos para um mesmo funil, de caráter exclusivo e predominantemente contemplativo: “usos culturais”. Para Ulpiano Bezerra de Meneses8, “o caminho mais seguro para criar no campo do patrimônio cultural, condições mais favoráveis para a inclusão social é, sem qualquer dúvida, o reconhecimento da primazia do cotidiano e do universo do trabalho nas políticas de identificação, proteção e valorização e, consequentemente, de maximização do potencial funcional” A destinação de bens tombados para usos relativos ao cotidiano e o trabalho seria o melhor rumo tomado pelo governo para efetivar políticas públicas de inclusão social, no entanto, o que se percebe é uma recorrente apropriação para usos culturais, transformando-os em museus, “centros de criatividade”, espaços de lazer, bares, ateliês de artistas, etc. “É como se as qualidades reconhecidas nesses edifícios não pudessem ser contaminadas por usos “menos nobres” atribuídos ao trabalho e ao cotidiano”. Esta prática, muito recorrente no Brasil, deriva da desvalorização do trabalho na nossa sociedade. A cultura é concebi-
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MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. A cidade como bem cultural – Áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance na preservação do patrimônio ambiental urbano. IN: MORI, Victor Hugo; SOUZA, Marise Campos de; BASTOS, Rossano Lopes; GALLO, Haroldo (Orgs.). Patrimônio: Atualizando o debate. São Paulo, 9ª SR / IPHAN, 2006
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5. PREMISSAS TEÓRICAS da como um segmento da vida à parte, que não pode ser entrelaçado com o trabalho.
“O solicitante, Conselho Municipal de Cultura, propunha ao CMDP (Conselho Municipal de Patrimonio) não apenas o tombamento do Matadouro, mas a priorização de sua ocupação com uma oficina Cultural, pois, afirmavam, “ o Imóvel encontra-se situado em região desprovida de próprios culturais, exceto escolas, ao contrário de outras regiões razoavelmente servidas””. (CUNHA, 2005, p.231)
“É também sintomático que o poder público, com frequência além do aceitável, recorra, com mecânico comodismo, à idéia de museu, sempre que busca um uso para o edifício seu de valor cultural reconhecido.” (MENESES, 2006, p.38) Os projetos de intervenção devem basear-se sempre no habitante para garantir uma fruição concreta, aprofundada e diversificada da cidade como bem cultural e não se deve excluir, do universo da cultura, o cotidiano e o trabalho. Tais usos “menos nobres” são espaços vitais que poderiam vir qualificados pela cultura e lazer, pois um não exclui o outro. A relação com o cotidiano cria mais condições para o uso do patrimônio ambiental urbano, criando continuidade, integração e apropriações multiformes, enraizamento pessoal e comunitário. O CASO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA
Esta proposta foi descartada pela municipalidade nos primeiros obstáculos, evidente que a proposta encaminhada ao Conselho Municipal de Patrimônio não levou em conta a vontade política de requalificar o Matadouro, nem levou em consideração as necessidades locais. Segundo Claudia dos Reis e Cunha9, durante todo o processo de tombamento, ou mesmo quando se percebeu a impossibilidade de implantar o centro cultural no local, não houve nenhum tipo de discussão entre os técnicos municipais sobre outras possibilidades de aproveitamento da edificação, mais consoante com as necessidades dos moradores das imediações do Matadouro e menos onerosas ao poder público, garantindo, deste modo, a sua manutenção e preservação além de incorporar o bem cultural no cotidiano do bairro.(CUNHA,2005, p.232) “Os estudos para proposição de adequações de novos usos para preexistências arquitetônicas correspondem necessariamente a um percurso analítico que implica no estudo físico da construção/conjuntos sob o ponto de vista de suas limitações/potencialidades estruturais e espaciais, associadas às avaliações de prioridades sociais e culturais de contextos geográficos e econômicos com os quais se relacionam.” (TIRELLO, 2013, p.04)
Na cidade de Sorocaba, é recorrente também a ideia de reconversão dos edifícios para museus devido ao seu valor cultural. A maioria dos imóveis tombados que se encontram no centro da cidade foram convertidos em museus: Museu da Estrada de Ferro, Palacete Scarpa, Museu de Arte Moderna, Museu de Arte Sacra, Mosteiro de São Bento, ou em oficinas culturais como a Oficina Cultural Regional “Grande Otelo” e a FUNDEC (Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba). O uso de centro cultural foi destinado, também, para a edificação do Matadouro Municipal de Sorocaba, no entanto, uma proposta sem fundamentação, que acabou sendo deixada à parte por 18 anos, não se concretizando. Na época de seu tombamento, a principal proposta era de sua ocupação com uma oficina cultural. Claudia dos Reis e Cunha em sua tese sobre o Patrimônio Cultural da Cidade de Sorocaba em relação ao Matadouro Municipal aborda:
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CUNHA, Claudia dos Reis e. O Patrimônio cultural da cidade de Sorocaba: análise de uma trajetória. São Paulo, 2005. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo.
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6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA
6.1. A prática higienista Para compreender a localização atual do Matadouro Público de Sorocaba, em posição bem mais afastada do centro urbano, precisa-se entender que a cidade de Sorocaba era uma cidade em constante crescimento, visava um status de cidade urbanizada e a questão higienista era o principal ponto para esta transformação urbana. Como afirma Cassia Maria Baddini em seu livro “Sorocaba no Império”: “Nas últimas décadas do século XIX, a limpeza urbana se firmará como instrumento da salubridade pública, e como tal será reivindicada pela população e defendida pelos governantes, revelando-se como uma finalidade da administração municipal. Norteará o desenvolvimento de importantes projetos urbanos, como o encanamento de água potável, a mudança e organização do Matadouro Municipal em lugar mais distante do centro da cidade.” (BADDINI, 2002, p.160)
6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA
A questão da limpeza urbana vem de influência das práticas do movimento higienista que surgiu na Europa. Na época da revolução industrial, os governos adquirem a consciência de que o estado de saúde da população deve constituir um objetivo prioritário para diminuir a terrível mortalidade causada pelas epidemias. (SALGADO e MURILHA, 2009 p.264) Segundo Douglas Murilha1, a prática dos médicos higienistas brasileiros seguia a premissa européia da teoria miasmática. A teoria miasmática define que alguns locais, como os matadouros e mercados, eram responsáveis pela propagação dos miasmas, causadores de doenças, sendo assim, a implantação destas edificações, consideradas insalubres, tinha que ser fora da área urbana, não oferecendo risco à população. (MURILHA, 2011, p.84) A teoria miasmática exigia a higiene profunda do meio físico e social, onde reinasse a sujeira, a concentração, o amontoamento, havia um ambiente propício à formação de miasmas e de doenças. 1
MURILHA, Douglas. O Higienismo e a construção dos matadouros e mercados públicos. 2011. 292 f. Dissertação (Mestrado em Urbanismo) – Programa de Pós-graduação em Urbanismo, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, 2011.
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6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA O espaço urbano foi considerado o meio mais perigoso para a população. Para combater as doenças miasmáticas, os médicos higienistas propunham a expulsão dos equipamentos insalubres, uma reorganização do espaço urbano, assim como do espaço doméstico, além de medidas de saneamento — higiene total, limpeza profunda do meio físico e social. Dentre as concepções higienistas veiculadas no período, destaca-se a idéia do isolamento. Na dimensão urbanística, esta idéia foi marcada pela proposta de localização dos edifícios considerados insalubres e perigosos fora da cidade. A disseminação de pragas e doenças nas cidades no Brasil, cada vez mais crescentes, devido à falta de conceitos básicos de higiene, fez com que a administração pública se atentasse ao problema higienista. As atividades que poderiam causar acúmulo de matéria orgânica e lixo passaram a ser controladas pelo governo. Exemplos dessas atividades estão o abate de animais e o comércio de alimentos. Para melhor exercer esse controle houve a introdução de novos prédios como os matadouros, os mercados municipais, os cemitérios e outros. Assim como na Europa, o discurso médico higienista vai interferir na ordem urbana brasileira, sendo as influências mais marcantes no Rio de Janeiro, que se reestrutura com a chegada da família real portuguesa, em 1808. Normas e leis foram elaboradas visando prevenir a disseminação de epidemias, além de disciplinar as cidades, considerando os espaços mais doentios. Nesta luta, engajam-se não apenas os médicos, mas também engenheiros, arquitetos, administradores e outros profissionais em todas as províncias brasileiras. Em meados de 1830 começam a surgir os primeiros Códigos de Posturas e Leis Higienistas, numa tentativa pública de combate às péssimas condições sanitárias das cidades. Na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, as cidades brasileiras passaram a executar uma série de intervenções urbanas, inclusive a construção
de edifícios públicos, como os mercados e matadouros, buscando atender as condições sanitárias adequadas. “Com a concepção higienista começoua se formar uma administração pública moderna que passa a ser a responsável pela construção, administração e regulamentação do uso destes equipamentos. O que está em jogo não é apenas a construção de matadouros e mercados, mas de matadouros públicos e mercados públicos. Inicia-se um período no qual os profissionais da engenharia e da arquitetura serão contratados pelas Câmaras Municipais para realizarem estas obras”. (SALGADO e MURILHA, 2009 p.263)
Em geral os matadouros foram localizados fora do perímetro urbano para se evitar que as manadas circulassem pelas vias principais e para manter os detritos gerados pela atividade do abate distantes da cidade, próximos a córregos para suprir a considerável quantidade de água necessária envolvida no processo.
representando o ideal de uma cidade industrial, salubre e progressista. Neste cenário de crescimento urbano e higienista, a localização do matadouro (ver Figura 24) muito próximo da malha urbana, que estava em crescimento pelo leito ferroviário; próximo de indústrias, acrescido da ausência das tropas de muares, extintas em 1897, fez com que a localidade do matadouro se tornasse indesejada. Com o crescimento da população e a necessidade de um maior abate de reses, o matadouro existente tornou-se obsoleto, além de não mais atender a demanda, assim a Câmara Municipal encontra uma solução para afastar a atividade do abate de carnes da cidade com uma nova e moderna edificação, que segue a tipologia arquitetônica ideal para um matadouro, em uma posição bastante isolada do centro urbano, ainda próxima do Rio Sorocaba.
HIGIENISMO EM SOROCABA A cidade de Sorocaba também sofreu com as epidemias, além dos problemas de saneamento, como a ausência de sistema de abastecimento de água e coleta sistemática de lixo, a cidade foi vítima de dois surtos de febre amarela, o primeiro em 1897, e o segundo em 1899/1900. João Paulo Dall’ava2 citando Aluísio de Almeida (2011, p 03), afirma que já o primeiro surto epidêmico, em 1897, teria marcado o fim das feiras de muares em Sorocaba. Neste período, de surto epidêmico, a iniciante produção industrial teve que ser parada e a população da cidade diminuiu consideravelmente, não só pelas mortes, mas também pelo êxodo populacional. O crescimento econômico da cidade só se restabeleceria nas duas primeiras décadas do século XX, quando a cidadepassa a ser conhecida como a “Manchester Paulista”,
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DALL’AVA, João Paulo. A Gripe Espanhola em Sorocaba, 1918: o caso da ―Fabrica Santa Rosalia. São Paulo, 2011. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH.
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6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA
6.2 Programa e Tipologia Arquitetônica de um Matadouro. PROGRAMA
TÍPICO
DE
UM
MATADOURO.
Um estudo analítico dos projetos arquitetônicos de Matadouros Públicos no século XIX e primeiras décadas do século XX, não podem prescindir de uma classificação tipológica, pois os arquitetos, engenheiros e engenheiros-arquitetos, do período operavam do ponto de vista projetual, a partir dos conceitos tipológicos. A presença de edificações para o abate de carne sempre foi presente nas cidades, com o advento das práticas higienistas, a municipalidade passa a controlar o abate de animais e são construídos projetos de grandes matadouros de forma industrial e universal. É na segunda metade do século XIX, que um tipo universal de projetos de grandes matadouros públicos passou a ser estabelecido em algumas cidades européias, tendo este tipo sido aplicado, também, no Brasil. Estes preceitos construtivos estão bem exemplificados no Tratado de Arquitetura de Louis Cloquet3 (1922, p. 201) onde são apresentadas recomendações para a construção dos matadouros públicos. O Tratado Cloquet foi empregado como livro texto no curso de Engenharia e Arquitetura da Escola Politécnica, em São Paulo. Esta inserção deu-se, muitoprovavelmente por iniciativa 4
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Ao lado do trabalho como arquiteto municipal de Gante, na Bélgica Louis Cloquet (1849-1920) foi professor da Universidade de Gante, da Escola de São Lucas, onde teve papel destacado, e doInstituto de Belas Artesde Antuérpia. Cloquetteve uma produção teóricae histórica significativa. Seu tratado de arquitetura, cuja primeira edição é de 1898, consiste num importante e minucioso estudo teórico dividido em quatro partes: “Os elementos da arquitetura”, ”Higiene, aquecimento e ventilação”, “Tipos de edifícios” e “Estética e Composição”.
4
CLOQUET, L. TraitéD’Architecture – ÉlémentsdeL’Architecture, Types d’édifices – esthétique, composition et pratique de l’architecture.Paris: Librairie Polytechnique CH. Béranger, 1922.
de Ramos de Azevedo, que foi aluno de Cloquet na Bélgica. Sobre a implantação de um Matadouro, segundo o Tratado de Cloquet, recomenda–se a escolha de um lugar fora da cidade, por questões práticas, pois assim as manadas não atrapalhariam a circulação nas ruas da cidade; o local deveria ter acesso facilitado, próximo a uma via férrea ou a uma estrada importante, preferencialmente em terrenos em declive próximos a um curso d’água, pois, a atividade em si demandava água em abundância; deveria ser localizado onde se pudesse estabelecer o mercado de animais. O local escolhido deveria ter assegurada uma boa ventilação, de tal forma que os ventos dominantes não levassem os cheiros para a cidade. Para o programa de um matadouro, Cloquet recomendava a disposição de diversas construções, que não deveriam ser feitas em altura, ou seja, deveriam fazer recurso apenas do andar térreo e estarem dispostas numa área enclausurada, para permitir o controle. Para Cloquet, o programa dos matadouros públicos se dividia em dois tipos:Grandes Matadouros Públicos e Pequenos Matadouros Públicos. GRANDES
MATADOUROS
PÚBLICOS
Os Grandes Matadouros públicos são os que abasteciam cidades de grande porte como, por exemplo, o Matadouro de La Villete em Paris.
ção e aos estábulos para os cavalos. Um sistema de canalização dos esgotos e outro de abastecimento da água também eram recomendados devendo todo térreo ser pavimentado e munido de passeios e canaletas bem dispostas para o escoamento da água”. (CLOQUET, 1922, 2014)
Segundo Cloquet, também, deveria separar os serviços de açougueiro do de bucheiro, podendo-se interpor entre eles os serviços administrativos, dispostos sempre próximo da entrada do complexo. O caminho que o gado deveria percorrer entre o estábulo e o matadouro deveria ser curto, de pequena distância entre estes locais. As instalações dos edifícios deveriam formar blocos mais ou menos repetidos, separados por ruas, das quais, os estábulos fossem alternados entre si. PEQUENOS Já, ros
quanto Públicos,
MATADOUROS aos Cloquet
PÚBLICOS
Pequenos Matadourelata que os mesmos:
“São construídos nas cidades médias e pequenas, projetando-se apenas um bloco de matadouro, na qual estes podem ser em dois arranjos separados por um pátio central. Como as distâncias são mais reduzidas, colocam-se os estábulos à parte, na vizinhança da sala do Matadouro. Anexa-se um secador de peles, já que as cidades de médio e pequeno porte não o tem. Geralmente, estes edifícios são isolados do resto da cidade, por apresentarem riscos à salubridade das mesmas.”(CLOQUET,1922,p.215)
O programa de um grande matadouro abriga diversas edificações, geralmente galpões, que seriam destinados ao abate, preparação da carne e alojamento de animais e cavalos, além da necessidade de abastecimento e canalização da água que devia ser facilmente escoada pelo ambiente.
O programa adotado no Matadouro Municipal de Sorocaba é o programa de um pequeno matadouro, consistindo em um bloco único, separado em dois ambientes, os estábulos são colocados à parte, fora do matadouro.
Cloquet apresenta um programa e uma série de diretrizes para a construção de matadouros de grande porte:
O edifício do Matadouro de Sorocaba foi considerado na época de sua construção um marco da revolução da arquitetura industrial da cidade. (MURILHA,2011, p.264)
“Para o programa de um grande matadouro, se recomenda a disposição de diversas construções, que não deveriam ser feitas em altura, ou seja, deveriam fazer recurso apenas do andar térreo, e estas estarem dispostas numa área enclausurada para permitir o controle do gado. As diversas construções seriam destinadas, entre outras, a abater os animais, a preparar a carne e as suas vísceras, a um local para o repouso dos animais, a alojamentos da administra-
A implantação do Matadouro Municipal de Sorocaba, obedece às normas de Cloquet, foi instalado próximo ao Rio Sorocaba, num espaço amplo com disponibilidade de estábulos, fora da malha urbana, com boa ventilação proveniente dos ventos do vale do Rio Sorocaba. Segundo MURILHA (2011, p. 290), pela disposição
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6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA
1867 Paris (La Villette)
1852 Sorocaba (1º Matadouro)
1878 Munique
1881 Rio de Janeiro
1883 Berlim
1882 Campinas
1928 Sorocaba (3º Matadouro)
1887 São Paulo (Vila Mariana)
Figura 35: Cronologia de construção dos Matadouros na Europa e no Brasil, desenvolvido por Douglas Murilha, mostra o Matadouro de Sorocaba como o último a se edificado em 1928. Fonte: MURILHA, 2011
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6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA cronológica de construção dos matadouros, o Matadouro Municipal de Sorocaba, inaugurado em 1928, foi o último a ser edificado no interior do Estado de São Paulo seguindo tais preceitos higienistas. Tipologia
arquitetônica
de
Matadouros.
A tipologia arquitetônica utilizada na edificação de Matadouros tanto na Europa, como aqui no Brasil possui uma linguagem eclética e marcada pelas novas técnicas construtivas que utilizam o ferro e o tijolo. “Quanto às características tipológicas e construtivas destes grandes complexos de matadouros públicos temos que estes eram formados por edificações com plantas simétricas de formato quadrado ou retangular. Construídas em alvenaria de tijolos maciços de barro aparentes e com coberturas de duas águas, sendo estas executadas em estrutura de ferro ou madeira, cobertas com telhas planas de barro e dotadas de lanternim no ponto mais alto, com o objetivo de proporcionar ventilação e iluminação naturais no interior dos mesmos, visando uma salubridade maior”. (MURILLHA, 2011)
Quanto às características tipológicas e construtivas dos matadourospúblicos temos que estes eram formados por edificações com plantas simétricas de formato quadrado ou retangular. Estas edificações foram construídas em alvenaria de tijolos maciços de barro aparentes e com coberturas de duas águas, sendo estas executadas em estrutura de ferro ou madeira, cobertas com telhas planas de barro e dotadas de lanternim no ponto mais alto, com o objetivo de proporcionar ventilação e iluminação naturais no interior dos mesmos, visando uma salubridade maior. Apresentavam na maioria de suas fachadas um estilo arquitetônico de inspiração neorromânica, com características fabris de grande porte. Douglas Murilha, ao analisar as características construtivas dos Matadouros públicos de Munique e Berlin e o período de construção destes5, constatou que ambos podem ter servido de modelo para a construção de outros Matadouros públicos inclusive nas cidades do interior do estado de São Paulo. (MURILHA,2011, p.247)
Nota-se na Figura 20, que a padronização da construção de matadouros era difundida tanto na Europa quanto no Brasil, como exemplo temos o complexo do Matadouro Central de Berlin, construído seguindo os preceitos higienistas da época. O seu estilo arquitetônico muito se assemelha ao do Matadouro Municipal de Sorocaba.
6.3 Os Matadouros Públicos de Sorocaba: Afastamento O NES
da
malha
ABASTECIMENTO NO PERÍODO
DE
urbana CARCOLONIAL.
No início da cidade de Sorocaba, a matança de reses, porcos e outros animais, faziam-se às margens do rio Sorocaba e com mais frequência no córrego Supiriri. Ainda na época colonial foi construído o matadouro no “Curral do Conselho”, as margens do córrego Itararé; neste período o abate era feito por particulares. (BADDINI, 2002, p.144) A Câmara Municipal de Sorocaba foi responsável pela criação de uma rua destinada ao comércio de produtos de origem animal e vegetal, a Rua da Quitanda, nela, diversas “casinhas” foram construídas para abrigar este tipo de comércio. (CELLI,2012) No século XIX já se observa à mudança do agora denominado Talho de Carne para o Largo de Santo Antônio (hoje a localização do atual Mercado Municipal de Sorocaba). Esta localização, segundo Cassia Maria Baddini, coincide com a rota das tropas de muares, facilitando o comércio de carnes, porém a localização causava frequentes atravancamentos de gado na embocadura da Rua do Hospital. Com o crescimento da cidade, a rota feita pelas tropas de muares teve que ser mudada para desviar do centro urbano, assim a localização do Matadouro também mudou.
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O Matadouro Público de Munique foi inaugurado em 1878, já o Matadouro Público de Berlin foi inaugurado em 1827.
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6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA a ser utilizada pelos condutores para chegar ao Registro6”.
abate de carne na cidade.” BADINNI (2002, p.238).
OS CÓDIGOS DE POSTURAS E O ADVENTO DA FERROVIA: NOVA MUDANÇA DA LOCALIZAÇÃO DO MATADOURO.
Badinni quando aborda sobre as Posturas da Câmara Municipal de Sorocaba, em 1865, aponta que ao mesmo tempo que a municipalidade impunha regras de higiene para este segundo matadouro público, referentes ao asseio do matadouro, a matança do gado e a comercialização das carnes produzidas na cidade; também, buscou-se adequar o comércio de gêneros alimentícios.
O ABASTECIMENTO DE CARNES NO IMPÉRIO. Já em 1833 a Câmara discutia a mudança do açougue alegando que o mau cheiro e o acúmulo de imundícies arriscavam a saúde da população pela proximidade do centro urbano, mas a resistência dos “carneadores de gado”, beneficiados pelo acesso fácil a vila, adiou a resolução. (BADDINI, 2002, p.137) Em 1847, visando combater o problema do abate clandestino do gado na cidade, a Câmara Municipal de Sorocaba contratou o engenheiro Francisco Nunes da Costa para que este elaborasse o projeto para a construção de um matadouro público adequado, às margens do rio Sorocaba, numa região afastada do núcleo urbano. Em 1852 foi inaugurado este matadouro. De acordo com BADDINI (2002, p.145): “Em função do deslocamento do matadouro para a margem do rio, foi aberta uma via de acesso da rua do Hospital para aquele ponto, que passou
1820
1839
O abate de carne é feito por particulares nas chamadas «casinhas»
1º Matadouro
Nas últimas décadas do século XIX, a limpeza urbana se firmará como instrumento da salubridade pública na cidade de Sorocaba, norteará o desenvolvimento de importantes projetos urbanos, como o encanamento de água potável e a mudança e organização do Matadouro Municipal em lugar mais distante do centro da cidade. “Inicialmente surge, a partir das práticas higienistas da época, um enrigecimento das normas e dos códigos de posturas com relação à criação e ao 6
O Registro que autora se refere trata-se do local denominado Registro de Animais, onde eram cobradas taxas e controlado a entrada de animais em Sorocaba.
1852 2º Matadouro
Pouco tempo depois da inauguração do novo Matadouro Municipal há a decisão da mudança para um novo sítio. A mudança do Matadouro visava que ele não ficasse próximo à ferrovia que seria inaugurada. A primeira proposta para a transferência do Matadouro da Rua das Tropas, na margem do Rio Sorocaba, sugeriu como lugar apropriado as imediações do córrego Lavapés; mas antes que se pudesse deliberar a respeito, os moradores do entorno, que faziam uso daquela aguada, protestaram junto à Câmara. Foi somente em 1877 que a Câmara encontrou um terreno apropriado e cedido para a construção do
1882
1928
3º Matadouro
4º e último Matadouro Municipal
Figura 36: Evolução urbana da cidade de Sorocaba e as respectivas localizações dos locais de abates de carnes
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novo Matadouro. O novo Matadouro Municipal só foi inaugurado em 1882. (BADINNI, 2002, p.164) Segundo Andressa Celli7 (2012, p. 77) o transporte feito pelos muares, apesar de ter sido suplantado pelo ferroviário, ainda era necessário para o transporte de mercadorias a nível local, contudo, com a advento da malha ferroviária o transporte de mercadorias das fábricas de tecidos era escoado pela ferrovia. Este fenômeno fez com que o crescimento urbano da cidade, antes restrito ao caminho das tropas de muares, se expandisse também para o leito ferroviário. O INÍCIO DO PROCESSO DA INDUSTRIALIZAÇÃO E O CRESCIMENTO URBANO. O início da industrialização proporcionou à Sorocaba uma significativa expansão urbana.assim, já na década de 1880 a população da cidade chegava a mais de 20.000 habitantes, enquanto que uma estatística de 1872 indicava cerca de 12.000 habitantes. Esse adensamento populacional incentivou a instalação de várias fábricas de bens de consumo como fábricas de cerveja, vinho, licores, massas e café. (BADDINI, 2002, p.203)
1852 6. OS MATADOUROS PÚBLICOS DE SOROCABA
1820
1839
O abate de carne é feito por particulares nas chamadas «casinhas»
1º Matadouro
A INAUGURAÇÃO DO TADOURO MUNICIPAL
NOVO EM
2º Matadouro
MA1928.
Em 18 de Janeiro de 1928 foi inaugurado o Matadouro Municipal de Sorocaba, objeto desse estudo. O terreno possui uma área com cerca de 25 mil metros quadrados, cortada pelo Rio Sorocaba e com bastante vegetação nativa. Quando foi inaugurado, a edificação de 340m² tinha a capacidade para abater 150 animais diariamente.
O Matadouro Municipal funcionou até 1975, quando foi finalmente fechado pelo Ministério da Agricultura pela ausência de aspectos higiênicos e sanitários, além de não contar com instalações adequadas para o abate de carne. No período de seu fechamento o Matadouro abatia cerca de 500 cabeças de gado por semana e 100 porcos, o que não era mais suficiente para o abastecimento da cidade.
Por muito tempo o Matadouro permaneceu isolado da cidade, segundo Andressa Celli o desenvolvimento urbano só vai chegar na região do atual Matadouro entre as décadas de 60 e 70.
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Na década de 1920 a cidade tinha em torno de 43.000 habitantes (SANTOS,1999). Devido ao grande crescimento e progresso urbano, o último Matadouro não era mais suficiente e foi encomendado pela Câmara Municipal ao engenheiro Ruggero Rugieri um novo projeto de Matadouro, que pudesse atender a demanda do abastecimento da cidade.
1
2 0
3
Figura 37: Localização dos Matadouros na cidade de Sorocaba, numerados pela ordem cronológica 7 CELLI, Andressa. Evolução Urbana de Sorocaba. São Paulo, 2012. Disssertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Para definir as diretrizes de projeto de reabilitação do edifício e seu entorno, foi adotada uma metodologia de abordagem que prevê a análise do edifício histórico e seu entorno. Para estudo específico do edifício e avariação do objeto contemplaram-se as seguintes etapas: Etapa 1: Pesquisa histórica documental Etapa 2: Cronologia arquitetônica Etapa 3: Levantamento métrico e estudos formais da edificação histórica Etapa 4: Diagnósticos de conservação feitos “insitu”
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
A importância desta análise documental e histórica advém de que, a partir desta, é possível determinar o caráter da proposta de intervenção na edificação. Tal proposta pressupõe as seguintes atividades: PESQUISA HISTÓRICA + ESTUDO DA CRONOLOGIA HISTÓRICO CONSTRUTIVA + PREMISSAS TEÓRICAS = DIRETRIZES DO PROJETO. A elaboração de um projeto arquitetônico para um edifício histórico deve ser precedida de reconhecimento de todas suas fases construtivas, através da avaliação dos vínculos tipológicos e os períodos construtivos com que o complexo se identifica. O objetivo deste tipo de estudo é analisar a tipologia formal e construtiva, individualizando a qualidade e quantidade de variantes entendidas como: alterações planejadas ou eventuais havidas ao longo dos anos nas superfícies, estruturas e perímetros das edificações. O estudo cronológico de um edifício histórico é interdisciplinar, necessitando de estudos variados para a identificação da cronologia histórica construtiva, uma vez que nem sempre as mudanças físicas que ocorrerão na edificação UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS são evidentes ou documentadas. Esse estudo oonsiste no diagnóstico de conservação dos materiais e estruturas; estudo das características histórico-construtivas; avaliação das técnicas, dos materiais construtivos e artísticos de interesse.1
7.1 Etapa 1: Pesquisa histórico documental A pesquisa histórica documental consistiu no levantamento através dos arquivos públicos e particulares, acervos museológicos e hemerotecas, registros acerca da edificação em estudo, a fim de conhecer e compreender as modificações corridas ao longo do tempo, na edificação. A documentação histórica acerca do Matadouro é escassa. A partir da pouca documentação histórica disponível foi possível esboçar a cronologia arquitetônica do Matadouro, através das plantas cadastrais dos períodos disponíveis, das vistas e das fotografias encontradas.
1
TIRELLO, Regina A.; SFEIR, Maira; BARROS, Maira C. e MARTINS, Sarah V. Projetos de reabilitação de conjuntos industriais Históricos em centros urbanos paulistas: usos possíveis na contra corrente dos “centros culturais”. In: Arquimemória IV: Encontro Internacional sobre Preservação do Patrimônio Edificado, 2013,, 2013, Slavador,Bahia. Anais[do] Arquimemória IV: Encontro Internacional sobre Preservação do Patrimônio Edificado, 2013,. Salvador,Bahia: IABBa e UFBA, 2013. v. 1. p. 1-25.
A documentação histórica encontrada sobre o Matadouro Municipal são os registros da Câmara Municipal; o processo de tombamento; registros fotográficos que se encontram no Museu Histórico Sorocabano; notícias de jornais locais e teses de acerca da história de Sorocaba.
OS REGISTROS FOTOGRÁFICOS ANTIGOS Para facilitar a compreensão dos registros fotográficos e registros escritos encontrados e sua periodização, será mostrado, a seguir, em forma de linha cronológica os registros encontrados. 1930 – A imagem mais antiga Uma fotografia do Matadouro Municipal, datada 1930, apenas dois anos após a sua inauguração, foi encontrada no acervo do Museu Histórico Sorocabano. Esta imagem é o testemunho mais antigo do edifício, documenta o complexo projetado por Ruggero Rugieri em 1925, seguindo os preceitos higienistas do início do século XX. 1950-60 – Registro de modificações externas No ápice de sua utilização, poucos são os registros acerca da edificação. No Museu Histórico Sorocabano existem duas imagens de seu exterior, sem datação precisa, onde se observa as adições e modificações da edificação e complexo do Matadouro.
Figura 38: Matadouro em 1930. Nesta imagem observa-se outras edificações que junto com o prédio principal compunham o Matadouro Municipal de Sorocaba. Fonte: Museu Histórico Sorocabano
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Figura 39: Matadouro em meados da década de 1950. Observa-se a adição de anexos ao prédio do Matadouro. Fonte: Museu Histórico Sorocabano
1975-76 – Registro do fechamento do Matadouro Na época de seu fechamento, a discussão acerca do fim do Matadouro Municipal foi noticiada pela imprensa local. Em 1975 constatava a falta das condições higiênicas no abate de gado no Matadouro, além das intenções do Ministério da Agricultura em fechá-lo e a revolta dos marchantes de carnes que abatiam o gado naquele local. Pelas imagens das notícias divulgadas na época, como na figura 35 pode ser observado que o interior do Matadouro Municipal era muito diferente do que é hoje. A estrutura metálica, próxima das tesouras da cobertura, também era presente no salão principal. O espaço era totalmente azulejado, possuía maquinário e mesas de concreto para a limpeza das carnes. Após seu fechamento, em 1976, a prefeitura de Sorocaba fez um registro cadastral do complexo de edificações do Matadouro Municipal, figura 37. Este registro tinha como função elencar a área total construída, pertencente à Municipalidade. 1979-88 – Novas construções
Figura 40: Imagem do Matadouro na época de funcionamento. Acredita-se que esta foto foi tirada entre 1950 e 1960. Mostra as pocilgas e ao fundo (detalhe em vermelho) o prédio do Matadouro com alguns anexos. Fonte: Museu Histórico Sorocabano.
Apenas dois relatos deste período foram encontrados. O primeiro é uma notícia de jornal, datada de 1979, que relata o estado de abandono da edificação. Em 1988 a Prefeitura de Sorocaba faz um novo Registro Cadastral, figura 38, onde se observam demolições nas edificações do complexo do Matadouro e também a construção de novas edificações, provavelmente de uso da Prefeitura Municipal. 1995-2014 – Tombamento e estado atual Em 1995 inicia-se o Processo de tombamento da edificação do Matadouro pelo Conselho Municipal de Patrimônio de Sorocaba. São feitos registros fotográficos e cadastro arquitetônico da edificação. As plantas desenhadas pela arquiteta de prefeitura Solange Maciel e as fotos datadas de 1995, figura 39 e 40, mostram o estado do Matadouro com
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Figura 41: Salão Principal do Matadouro durante o seu funcionamento, mostra a estrutura metálica presa ao madeiramento do telhado. Fonte: Biblioteca Municipal de Sorocaba
diversas estruturas anexas a arquitetura.2 Em 1996, o edifício do Matadouro é tombado em Grau de Preservação 2, preservando a sua fachada e volumetria. Em 1999 inicia-se o processo de Restauro da edificação do Matadouro, comandado pelo restaurador da Prefeitura Municipal, Salvador Capuá. Estas intervenções objetivam poder abrigar um Centro Cultural na edificação do Matadouro. Nos arquivos de tombamento são registradas plantas e fotografias de todo o processo, assim como orçamentos das intervenções ocorridas. O projeto de restauro não é concluído, as obras são paradas no meio do processo em 2001, por motivos de ajustes financeiros, não sendo retomadas até a presente data. Atualmente não há dados nos registros do processo de tombamento do Matadouro Municipal no Conselho Municipal de Patrimônio de atualização de cadastro ou novo registro fotográfico.
Figura 42: interior Matadouro Municipal na época de funcionamento. Também sem datação específica, observa-se nesta imagem a importância das estruturas metálicas fixadas no interior da edificação para a sustentação das reses no processo de limpeza e corte. Fonte: Museu Histórico Sorocabano.
Os únicos registros fotográficos, são oriundos da imprensa local, que volta a noticiar, em 2000 o abandono da edificação e o não cumprimento das promessas de tornar o local um centro cultural.
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O cadastro arquitetônico feito não inseriu janelas que eram existentes na edificação e o desenho do telhado não foi elaborado sendo representando apenas como uma linha reta no corte, o que dificultou a compreensão da situação do Matadouro na época, tal ocorrência só foi superada através das fotos retiradas na época.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Figura 43: Mapa Cadastral do Matadouro de 1976, onde mostra todas as edificações que compunham o complexo do Matadouro na época de seu fechamento. Fonte: Prefeitura Municipal de Sorocaba
7.2 Etapa 2: Cronologia Arquitetônica A cronologia histórica arquitetônica do Matadouro foi elaborada através dos poucos registros históricos e fotográficos acerca da edificação. USOS DO EDIFÍCIO As modificações na edificação são correlacionadas com o uso da edificação ao longo do tempo, a saber: 1928-1975: É o Matadouro Municipal de Sorocaba. 1975-1978: Encontra-se abandonado pela municipalidade 1978: Em maio daquele ano, a Prefeitura decidiu mudar sua garagem e oficinas para o local.
Figura 44: Cadastro do Matadouro feito em 1988. Fonte: Prefeitura Municipal de Sorocaba
1989 - 1995: Passa a abrigar a Secretaria de Edificações e Transportes, além de maquinário para a limpeza de terrenos baldios. 1995-2014: As dependências da SERP são removidas da edificação que irá abrigar um Centro Cultural, após as obras de restauro iniciadas em 1999 e não terminadas. Após a desistência da Municipalidade de inserir um Centro Cultural na edificação do Matadouro, esta permanece abandonada. MODIFICAÇÕES FÍSICAS Ao elaborar a cronologia arquitetônica da edificação do Matadouro Municipal atentou-se para as modificações formais e volumétricas sofridas pelo Matadouro. Quando inaugurado em 1930, observa-se que além da edificação principal existiam outras edificações, como as pocilgas, figura 34 e uma residência de zelador, figura 32. Assim como postulado no tratado de Cloquet, as pocilgas estavam na parte externa do Matadouro, porém, hoje não
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Figura 45: Anexos do Matadouro em 1995. Foto: Solange Maciel Soriano. Fonte: Prefeitura Municipal de Sorocaba
se encontram mais vestígios destas. Ainda em funcionamento, observa-se que o seu interior era pintado de branco e azulejado, figura 36. Em foto do anos 1950 observa-se uma edificação pertencente ao complexo, na parte posterior do edifíco. Nesta imagem, figura 33, observa-se a presença de urubus no local.
Figura 46: Demolição do anexo mais antigo do Matadouro em Março de 1999. Foto: Salvador Capuá. Fonte: Prefeitura Municipal de Sorocaba.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
7.3 Etapa 3: Levantamento métrico arquitetônico e estudo formal da edificação histórica
Figura 47: Travamento dos tijolos estilo Inglês, no Matadouro Municipal. Desenho: Emy Tihohod. Fonte: TIRELLO, Regina Andrade; TIHOHOD, Emy. Patrimônio histórico ferroviário de campinas: estudos técnicos sobre rebocos e revestimentos em fachadas de edifícios de alvenaria estrutural. Iniciação Científica – PIBIC/ CNPQ. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo - FEC, UNICAMP, 2009.
Para a elaboração desta etapa entendeu-se necessário inicialmente abordar sobre o estudo formal da edificação histórica através das técnicas construtivas identificadas, as características arquitetônicas, para a seguir tecer considerações sobre o levantamento métrico arquitetônico.
TÉCNICAS CONSTRUTIVAS IDENTIFICADAS NO EDIFÍCIO DO MATADOURO MUNICIPAL Paredes e Estrutura O engenheiro português João Emílio dos Santos Segurado, no início do século XX, em sua obra o Manual de Alvenaria e Cantaria3 descreve técnicas construtivas empregadas largamente no Brasil. Este manual é bastante técnico e pode auxiliar na compreensão das técnicas para construção de paredes de alvenaria antigas. Ao analisar os tijolos aparentes e as paredes no Matadouro Municipal de Sorocaba observa-se estrutura de tijolos restantes, cujo assentamento corresponde a uma técnica específica de montagem e assentamento: o aparelho inglês. O desenho do emparelhamento dos tijolos feito por Segurado coincide com o desenho encontrado nas paredes do Matadouro, existe a preocupação de evitar que as fiadas se alinhem, fazendo um travamento da parede.. Cobertura Em relação à cobertura encontra-se em outro manual de ar3
SEGURADO, João Emilio dos Santos. Alvenaria e Cantaria. Lisboa: Bertrand, 1908
Figura 48: Tesoura do salão principal do Matadouro Municipal
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS quitetura de Louis Cloquet4 as práticas comuns na execução dos telhados de pouca inclinação mais incidentes em países “do Sul”. (CLOQUET, 1898, p333)
CARACTERÍSITCAS ARQUITETÔNICAS DO EDIFÍCIO
Portas e Janelas
Tipologia Arquitetônica e Elementos Peculiares.
As dimensões de largura do Matadouro são de 11,90m, no entanto, naquela época as vigas das tesouras de madeira conseguiam sustentar uma distância de apenas 8 a 10m de vão, para resolver este problema era necessário fortalecer a viga com apoios combinados com estrutura metálica.
O Matadouro Municipal de Sorocaba, possui planta simples, com um salão principal, com trilhos no piso para a locomoção do carro de carnes.
As aberturas das janelas e portas possuem arco pleno de largura com dimensão padronizada. Na parte externa da edificação todos os arcos são ornados com um arco de tijolo em relevo finalizado em cruz.
Segundo Cloquet este método foi empregado, por exemplo, no telhado da igreja de Saint Sabine, em Roma. O conhecimento técnico empregado na edificação do Matadouro de Sorocaba, conforme mostrado a partir dos manuais de Segurado e Cloquet comprova a sua importância do ponto de vista das técnicas construtivas, ao preservar soluções arquitetônicas comuns do início do século XX, porém, não usuais na atualidade.
Diferente da tipologia comum dos matadouros apresentada por Cloquet, não possui lanternim, devido a sua pequena extensão (apenas 11m de largura no salão principal), contudo, possui grandes janelas para proporcionar ventilação e iluminação naturais no interior do ambiente; as janelas ornamentavam todas as paredes do prédio. Com 410 m2, além do salão principal há dois salões anexos de dimensões menores, um em cada lado da edificação, o seu uso, na época de funcionamento do Matadouro Municipal, permanece desconhecido, mas um dos salões possui uma estrutura de vigas metálicas a altura de 2,60 m, onde, muito provavelmente, corriam as carretilhas com as carnes penduradas. Esta estrutura metálica, aparenta ser original, do período de construção do Matadouro. Fachadas. A edificação do Matadouro é singular pelos ornatos da fachada. Utiliza o tijolo aparente como solução construtiva bem como o arco pleno como o principal elemento para compor as fachadas. Recorre a um estilo de inspiração românica que confere assim unidade arquitetônica ao conjunto. Cobertura A cobertura é feita em estrutura de madeira, combinada com a estrutura metálica. De acordo com os arquivos da Prefeitura, esta estrutura permanece original, apesar de serem observados alguns reforços estruturais. Piso
4
CLOQUET, L. TraitéD’Architecture – ÉlémentsdeL’Architecture, Types d’édifices. – esthétique, composition et pratique de l’architecture. V2.Paris: Librairie Polytechnique CH. Béranger, 1898
A escassez de informação acerca do Matadouro Municiapl de Sorocaba dificulta a definição do piso original da edificação, que não existe mais. UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS- FACHADAS Observou-se uma variação de altura e estilos entre as pilastras. Na fachada principal, elas são mais altas e detalhadas, enquanto nas fachadas laterais são mais singelas, como se observa abaixo.
Imagem 1: Pilastra mediana, fachada principal
Imagem 5: Pilastra fachada principal
Imagem 2: Pilastra de canto, fachada principal
Imagem 3: Pilastra menor, fachada lateral
Imagem 6: Detalhe fachada principal com ornatos em tijolo, esta é a parte mais ornamentada da edificação com arcos plenos, um detalhe trapezoidal na fachada composto de tijolos
Imagem 4: Pilastra menor de canto, fachada posterior
Imagem 7: Detalhe ornato presente sobre as portas e janelas, um arco pleno finalizado com uma cruz em tijolos
Figura 49: Fachadas
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS - PISOS Em péssimo estado de conservação os pisos presentes no Matadouro estão danificados ou ausentes
Imagem 1: Piso de cacos cerâmicos presente no Salão Principal
Imagem 2: Piso hexagonal cerâmico presente nos salões anexos
Figura 44: Pisos.
CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS - PORTAS E JANELAS A maior peculiaridade do Matadouro são suas aberturas padronizadas em arco pleno, as esquadrias são recentes.
Imagem 1: Janela acima da porta principal do Matadouro
Imagem 2: Janela padrão do Matadouro
Imagem 3: Porta dos fundos do Matadouro
Figura 50: Portas e Janelas.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
PLANTA BAIXA
FACHADA NORTE
B
PLANTA BAIXA
FACHADA NORTE
B
A
FACHADA LESTE
FACHADA LESTE
B FACHADA NORTE
A
A
CORTE A-A
A
A
B FACHADA NORTE
Figura 51: Levantamento métrico da edificação do Matadouro Municipal.
CORTE A-A
CORTE A-A
CORTE B-B da edificação do Matadouro Municipal. Figura 52: Cortes
CORTE B-B
B
FACHADA SUL
FACHADA NORTE
FACHADA SUL
CORTE B-B
0 1 FACHADA OESTE 2
5
M 10
FACHADA OESTE LEVANTAMENTO ESTADO ATUAL CONSERVAÇÃO - FACHADAS UNICAMPFOTOGRÁFICO: - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DODE MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA | 57
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
FACHADA NORTE
FACHADA LESTE
Figura 53: Levantamento métrico das fachadas do Matadouro Municipal
FACHADA SUL
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
FACHADA SUL
FACHADA OESTE
Figura 54: Levantamento métrico das fachadas do Matadouro Municipal UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
59 TFG 2014 - REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOR
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS LEVANTAMENTO MÉTRICO ARQUITETÔNICO - MEDIÇÃO E ORTOFOGRAFIA A importância do desenho nos estudos patrimoniais consiste na possibilidade de um registro mais fiel do estado atual de conservação da edificação. A descrição gráfica minuciosa e precisa de um monumento arquitetônico, com o objetivo de torná-lo um instrumento de documentação, consiste em um trabalho realizado a partir de medições obtidas com a tomada de medidas de comprimento, largura e altura dos objetos, assim como, o registro de todos os detalhes construtivos. Para se obter um resultado prático e preciso foi utilizada uma técnica de Fotogrametria5, por meio de ortofotos. A técnica consiste em uma fotografia em escala previamente definida, sobre a qual podem ser feitas medidas com grande precisão. 5
Fotogrametriapode ser definida como uma técnica de extrair das fotografias, as formas, as dimensões e as posições dos objetos nelas contidos.
Com o objetivo de auxiliar a técnica da fotogrametria e obter um resultado mais preciso, foi feita medição “in locu” dos componentes construtivos e arquitetônicos do Matadouro Muncipal6. A partir da ortofoto gerada é posssível elaborar uma uma restituição em CAD, que conterá, necessariamente, todas as deformações, defeitos e peculiaridades do objeto documentado. O uso combinado destas técnicas permitiu um levantamento mais preciso da arquitetura do Matadouro, bem como de seus elementos compositores. Tal estudo, tão preciso da arquitetura desta edificação nunca havia sido feito pelo Conselho de Patrimônio de Sorocaba.
6
A dificuldade encontrada na medição foi, entre outras, a presença de grande quantidade de mato, principalmente próximo das paredes.
Ortofoto Um grande número de fotografias do Matadouro Municipal foi tirado. Ao elaborar estas fotografias procurou obter imagens mais ortogonais possíveis, sempre fotografando da mesma distância do objeto. De cada fotografia retirada, apenas uma pequena parte desta será aproveitada, tendo em vista as deformações da lente da câmera que visa pespectivar o objeto. Com o auxílio do software Adobe Photoshop, corrige-se cada imagem para se obter um desenho mais ortogonal possível. Após a correção das imagens foi necessário montar a fachada do Matadouro. Através das dimensões obtidas na medição conseguiu-se montar uma imagem do Matadouro nas proporções corretas. Para se elaborar uma ortofoto é necessário definir uma escala. Para a elaboração das fachadas do Matadouro Municipal de Sorocaba foi utilizada a escala 1:50 Nesta parte do processo utilizou-se o software Adobe Ilus-
Figura 55: Imagem da fachada do Matadouro Municipal, após os ajustes no Adobe Photoshop, utiliza-se apenas uma pequena parte desta que será utilizada na Ortofoto da Fachada, Figura 56. Foto: Mônica Ciafarani,2014
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS trator, no qual é possível ajustar a imagem em escala. Para se compor a fachada principal do Matadouro Municipal foram utilizadas 8 (oito) fotografias corrigidas proporcionalmente. O resultado obtido, figura 47 é de qualidade superior ao de uma confecção de um pano panorâmico automático, pois, através deste é possível desenhar os elementos componentes da fachada com a precisão das medidas em alturas, sem distorção de perspectivas.
Figura 57: Resultado Final da ortofoto da fachada principal do Matadouro Municipal
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
7.4 ETAPA 4: Diagnósticos de Conser vação feitos “insitu” Os estudos documentais, somados aos resultados dos exames do prédio “insitu” permitiram aferir a categoria das modificações ocorridas no prédio ao longo de sua vida. Mantêm-se o mesmo perímetro, contudo, observa-se aberturas e fechamento de vãos e janelas.
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: O MATADOURO MUNICIPAL E SEU ENTORNO IMEDIATO
P1
P2
Imagem P1: Vista do Matadouro por entre os montes de terra, ao fundo parte da mata ciliar e residências
Imagem P2: Vista do Matadouro a partir do estacionamento da Guarda Municipal, com vista para o hipermercado construído no local e vista para a rua Paes de Linhares
Figura 58: Levantamento fotografico realizado em 03/04/2014.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Atualmente a edificação do Matadouro Municipal encontra-se abandonada. Seu terreno pertencente a Prefeitura Municipal, abriga edificações do SAAE e edificações da Guarda Municipal, porém, não há interligação com a edificação do Matadouro.
ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS ALTERAÇÕES NA ARQUITETÔNICAS
O estado de conservação do prédio do Matadouro é precário. As alterações e as marcas do tempo persistem na arquitetura do Matadouro.. Dos equipamentos originais o elemento que ainda permanece no local é o carro de carnes, este carro passava pelo trilho existente no meio da edificação, hoje esse trilho só é visível em uma pequena parte do piso, próximo dos fundos da edificação. ALTERAÇÕES ARQUITETÔNICAS Conforme pode-se observar nas plantas do Matadouro em 1995, durante toda a história do Matadouro houve alterções no seu interior, as principais são aberturas de novos vãos e transformação de janelas em portas e construção de anexos ligados à edificação. Grande parte das mudanças ocorridas na edificação foram revertidas nas intervenções ocorridas em 1999 para o “restauro “ da edificação e sua adaptação para receber um centro cultural, o que não ocorreu, como é demonstrado na figura 49, consistiram em: demolição dos anexos e a reabertura de vãos originais.
Figura 59: Adições e remoções feitas no Matadouro Municipal no período entre 1995 e 2000. Fonte: Prefeitura Municipal de Sorocaba
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: ESTADO ATUAL DE CONSERVAÇÃO - FACHADAS
Fachada Norte: O estado da fachada atual é precário com marcas de demolições e vegetação
E1: A lateral do Matadouro é tomada pela vegetação.
Fachada Leste: Há a presença de uma caixa d’água em ruínas o E2: Fundos do Matadouro, com grande incidência de vegetação e perdas de materiais que dificulta a visualização da fachada.
Fachada Sul: fachada mais conservada, com abertura
E3: Em outra lateral se observa a grande presença de vegetação
semi‐fechada.
brotando da arquitetura.
Fachada Oeste: Fachada com maiores riscos de danos devido a aproximação de entulhos
E4: Detalhe do estado de conservação da Fachada Principal
Figura 60: Levantamento fotografico realizado em 03/04/2014. Fotos: Mônica Cianfarani
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: ESTADO ATUAL DE CONSERVAÇÃO - INTERIORES
S2 SALÃO PRINCIPAL
SALÃO PRINCIPAL SALÃO A
SALÃO B
S1
S1: Vista do salão principal do Matadouro Municipal. Fotos: Mônica Cianfarani, 05/04/2014, Hora: 10h50min
S2: Vista do acesso do salão principal do Matadouro Municipal. Fotos: Mônica Cianfarani, 05/04/2014, Hora: 10h50min
Figura 61: Levantamento fotografico realizado em 05/04/2014.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO: ESTADO ATUAL DE CONSERVAÇÃO - INTERIORES Fotos: Mônica Cianfarani 05/04/2014, Hora: 10h50min S3 SALÃO A
SALÃO A
S3: Salão A, vista acesso
S4
S5
SALÃO PRINCIPAL
SALÃO B
S6
S4: Salão A
SALÃO B
S5: Salão B, acesso ao salão principal
S6: Salão B, com vista ao Salão Principal
Figura 62: Vistas internas do Matadouro.
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7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Paredes Nas paredes externas e internas do Matadouro, estão os grandes sinais de deterioração, com a presença de vegetaESTADO - COBERTURA ção invadindo DE toda CONSERVAÇÃO a edificação7. A partir do Mapa de Danos8 elaborado para o levantamento das patologias existentes nas superfícies da edificação, foram identificadas os seguintes danos na alvenaria de tijolos aparentes: vegetação ocupando a arquitetura, perde de elementos, enegrecimernto dos tijolos, lacunas e restos de materiais, conforme observa-se nas imagens a seguir.
ginais, no entanto, há sinais de abaloamento da estrutura do telhado, além da perda de inúmeras telhas, decorrentes de rajadas de ventos, sendo necessário a reposição de telhas ausentes e danificadas. Na cobertura foram feitos novos reforços estruturais, principalmente nas tesouras, com a inserção de pilares, nas bases das paredes, para auxiliar na sustentação da cobertura.
Piso
As telhas e todo o madeiramento do telhado ainda são ori-
O piso do Matadouro mantêm-se em bom estado, porém, muito irregular. Com a não conclusão das intervenções em 1999, deixou-se no piso marcas das antigas mesas de limpeza de carne, variaçoes de revestimentos e patamares próximos às janelas, muito provalvelmente para a adaptação das portas.
Em 15 de Abril de 2014, após inúmeras visitas ao local, observou-se que o mato foi finalmente cortado no entorno da edificação e houve a limpeza de seu interior. Acredita-se que o fato tenha relação com a constatação que havia uma pessoa visitando e Portas a Imagem edificação, fotografando e pesquisando em órgãos do do matadouroJanelas 9: Estado de conservação do madeiramento e telhaspúblicos da cobertura Imagem 10: Amarramento de suporte metálico na estrutura do telhado município, sobre o Matadouro.
8
A metodologia do Mapa de Danos será abordada em item próprio, no “Diagnóstico de Alterações e Danos”.
Após 15 anos das intervenções de 1999, o seu estado de conservação é precário, as portas e janelas estando muitas enferrujadas e danificadas pelos efeitos do tempo; outro problema é o vandalismo na edificação, algumas esquadrias foram entortadas e extremamente danificadas.
As imagens a seguir mostram o estado de conservação da cobertura, o amaremento de suporte metálico e os danos da umidade e fezes de pombos.
Cobertura
7
dos os vidros, pois, não há nenhum vestígios sobre a colocação de vidros e nos registros municipais não há orçamento ou nota de compra de vidros para o Matadouro.
Imagem 11: Danos da umidade e fezes de pombos no madeiramento
As esquadrias do Matadouro Municipal de Sorocaba foram substituídas em 2000, provavelmente nunca foram inseri-
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - PAREDES EXTERNAS
Imagem 1: vegetação ocupando arquitetura
Imagem 2: perda de elementos
Imagem 3: enegrecimento dos tijolos
Imagem 4: lacunas e restos de Materiais nas paredes
Figura 63: Consevação paredes externas. Foto 03/04/2014
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
67
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - PAREDES INTERNAS
Imagem 5: Vegetação presente nas paredes internas
Imagem 6: Presença de umidade observada a partir do enegrecimento dos tijolos
Imagem 7: Presença de reboco nas paredes internas
Imagem8: Modificações feitas com tijolos e concreto
Figura 64: Conservação paredes internas Foto em 05/04/2014.
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - COBERTURA
Imagem 9: Estado de conservação do madeiramento e telhas da cobertura do matadouro
Imagem 10: Amarramento de suporte metálico na estrutura do telhado
Imagem 11: Danos da umidade e fezes de pombos no madeiramento
Figura 65: Conservação extrutura do telhado. Foto 05/04/2014.
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
ESTADO DE CONSERVAÇÃO - PAREDES EXTERNAS
68
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS DIAGNÓSTICOS DE ALTERAÇÕES E DANOS O principal objetivo do diagnóstico é a análise da quantidade e qualidade das alterações físicas e funcionais que o tempo impôs à edificação do Matadouro. A metodologia adotada para a classificação dos danos da edificação do Matadouro baseia-se no trabalho de Rodolpho Correa9. Correa utiliza da classificação da normativa italiana. A norma UNI10 11182:2006 para classificar os danos em tijolos cerâmicos à vista define para cada patologia comuns a paramentos de “pedras naturais” ou “pedras artificiais”, uma nomenclatura e uma definição padrão, exemplificando com fotografias as características dos fenômenos a que se refere11. Foi adotado para compor os Mapas de Danos adequando-as texturas constantes nos programas CAD, utilizou-se uma diferenciação cromática para cada tipo para representar sobreposições e intensidades nas alterações sofridas pelos tijolos da edificação
9
Rodolpho Henrique Corrêa. Mapas de danos de edifícios históricos: criação, aplicação e avaliação de sistema de simbologia gráfica para representação de patologias. Período: 2011-2012 Financiamento: PIBIC-CNPq Nível: Iniciação Científica (Graduação) – Curso de Arquitetura e Urbanismo da FEC-Unicamp Orientação: Prof. Dra. Regina Andrade Tirello Correa, 2011.
10
As Comissões UNI NOrmal (Normativa dei Manufatti Lapidei) são grupos de especialistas que elaboram documentos publicados em forma de “recomendações”, identificados sob a sigla UNI Normal por um número progressivo e ano de publicação, normas que são freqüentemente atualizadas.
11
Privilegiando a análise de edifícios históricos de tijolos a vista o estudo usado de referência propõe uma uma codificação gráfica associada às alterações e degradações de peças cerâmicas, rebocos e tintas, materiais comuns a grande parte das construções desta tipologia construtiva especifica, em especial aquelas que constituem o acervo arquitetônico ferroviários e industrial do final do século XIX e inicio do século XX.
Os tons amarelo e ocre representam perda de matéria. Quando identificados na edificação do Matadouro, representam elementos que foram perdido por diversos motivos (antrópicos ou temporais) e que serão recompostos no projeto de restauro da edificação
Tabela de alterações e danos identificados Patologia
Hachura
Lacuna
Os tons de roxo representam alteração da Matéria Pouco encontrado na edificação do Matadouro, representam tijolos que sofreram reações químicas e houve a alteração da composição do elemento
Perda de Elementos
Os tons de azul representam o aumento da matéria Muito recorrente na arquitetura do Matadouro, estas adições superficiais em suas faces pretendem ser removidas, porém, com o cuidado para não danificar a arquitetura e os componente estruturais existente. Fichas de classificação dos danos e alterações Foram geradas fichas para descrever e exemplificar as modificaçoes e danos identificados na arquitetura. Além de uma Tabela que exprime a tabela cromática de alterações da edificação. A partir da tabela e das fichas é possível comparar com os desenhos e alteração e criar um mapa do estado atucal da edificação. A análise do estado de conservação de uma edificação é específicae única, por este motivo foram encontrados alterações na matéria da alvenaria do Matadouro ausentes no catálogo utilizado como referência. Nestes casos, a partir do padrão adotado foi compreendido novas legendas para abranger cada situação específica. A partir do diagnóstico de conservação dos materiais e estruturas da edificação do Matadouro Municipal, unindo–se com o estudo histórico documental e a cronologia arquitetônica é possível gerar as diretrizes de intervenção na edificação do Matadouro Municipal.
Erosão
Crosta
Presença de camada superficial Pátina Biológica
Vegetação Adição espúria de material
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
69
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência a tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. 1 TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
FICHA 1/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DEconforme SOROCABA UNI 11182/2006 substrato:
Lacuna
aumento de matéria
alteração de matéria
CAUSA
Perda de continuidade da superfície (parte de um reboco e pintura, pedaço de massa ou telhas de cerâmica, mosaicos, etc).
Ocasionado por choques mecânicos ou ou desagregação gerada pelo tempo.
EXEMPLO UNI
EXEMPLO UNI
TIJOLO
MECANISMO
perda de matéria
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
DEFINIÇÃO
nome:
Físico Químico Biológico Antrópico
Perda de Elemento D300
substrato:
nome:
aumento de matéria
alteração de matéria
Perda de elemento tridimensional.
Causado por choques mecânicos, retirada proposital, ou desagregação gerada pelo tempo.
MECANISMO
CAUSA
DEFINIÇÃO
perda de matéria
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
EXEMPLO UNI
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
TIJOLO
REPRESENTAÇÃO NORMAL 1/80
FICHA 2/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006
Físico Químico Biológico Antrópico
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
70
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência a tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. 1 TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
FICHA 3/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DEconforme SOROCABA UNI 11182/2006 substrato:
Erosão perda de matéria
TIJOLO
aumento de matéria
alteração de matéria
Causado pelo arrastamento de partículas sólidas.
MECANISMO
Remoção de material da superfície que na maioria dos casos se apresenta compacta.
CAUSA
EXEMPLO UNI
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
DEFINIÇÃO
nome:
Físico Químico Biológico Antrópico
Crosta D300
substrato:
nome:
aumento de matéria
alteração de matéria
A modificação da camada de superfície. Possui espessura variável, geralmente rígida, de coloração escura.
Formadas por partículas atmosféricas (poluição) ou partículas de sais associadas a ciclos de umidade e seca.
MECANISMO
CAUSA
DEFINIÇÃO
perda de matéria
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
EXEMPLO UNI
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
TIJOLO
REPRESENTAÇÃO NORMAL 1/80
FICHA 4/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006
Físico Químico Biológico Antrópico
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
71
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência a tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. 1 TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
FICHA 5/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DEconforme SOROCABA UNI 11182/2006
aumento de matéria
alteração de matéria
CAUSA
NÃO SE APLICA
TIJOLO
Camada de tinta branca, lixada posteriormente, porém ainda apresenta inúmeros resquícios na parte externa da edificação
Pintura e remoção posterior desta
MECANISMO
perda de matéria
DEFINIÇÃO
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
EXEMPLO UNI
substrato:
Presença de Camada Superficial
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
nome:
Físico Químico Biológico Antrópico
Pátina Biológica D300
substrato:
nome:
aumento de matéria
alteração de matéria
Estrato fino e homogêneo, originados de microorganismos e variáveis de acordo com a consistência cor e adesão ao substrato.
Geralmente causado pela presença de umidade
MECANISMO
CAUSA
DEFINIÇÃO
perda de matéria
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
EXEMPLO UNI
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
TIJOLO
REPRESENTAÇÃO NORMAL 1/80
FICHA 6/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006
Físico Químico Biológico Antrópico
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
72
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência a tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. 1 TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
FICHA 7/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DEconforme SOROCABA UNI 11182/2006 substrato:
Vegetação perda de matéria
TIJOLO
aumento de matéria
alteração de matéria
Causado por excesso de umidade;fendilhamento; e depósitos de matéria orgânica.
MECANISMO
Presença de indivíduos herbáceos, arbustivos ou arbóreos.
CAUSA
EXEMPLO UNI
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
DEFINIÇÃO
nome:
Físico Químico Biológico Antrópico
FICHA 8/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 Adição Espúria de Material D300
substrato:
nome:
aumento de matéria
DEFINIÇÃO
alteração de matéria
Modificações decorrentes e a má remoção destas
MECANISMO
Identificada a presença de massas de rebocos, inseridas e depois removidas, ainda se preservando alguns resquícios acima da camada de tijolos.
CAUSA
NÃO SE APLICA
perda de matéria
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
EXEMPLO UNI
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
TIJOLO
Físico Químico Biológico Antrópico
UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
73
Ortofoto - Fachada Oeste
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS Ortofoto - Fachada Oeste
Ortofoto - Fachada Norte
ul
Perda De Matéria- Fachada Leste
Perda De Matéria- Fachada Oeste
Perda De Matéria- Fachada Norte
a- Fachada Sul
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Oeste
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Norte
NORMAL 1/80
M 10
5
2
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência da tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba.
Figura 66: Alterações e Danos - Fachada Norte
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
perda de matéria
TIJOLO
Identificada a presença de massas de rebocos,
FICHA 4/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA - REQUALIFICAÇÃO DODEMATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO TFG DO2014 MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA | 74
alteração dede matéria Causado por excesso
Físico
aumento de matéria
nome:
alguns resquícios acima da camada de tijolos.
Erosão
Graduação do dano em
perda de matéria Modificações decorrentes e a
alteração de matéria Físico
SMO
Graduação do dano em
substrato:
conforme UNI 11182/2006
Mônica Cianfarani|084523 Crosta D300 Orientadora: Regina Andrade Tirello TIJOLO
substrato:
aumento de matéria
nome:
perda de matéria
DIAGNÓSTICO DE ALTERAÇÕES E DANOS Graduação do dano em
alteração de matéria
substrato:
TIJOLO aumento de matéria
AÇÃO
DEFINIÇÃO
TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
EXEMPLO UNI
DEFINIÇÃO
Presença de indivíduos herbáceos, arbustivos ou
aumento de matéria
alteração de matéria
A
aumento Físico de matéria
Perda de Elemento D300
nome:
ENTAÇÃO L 1/80
alteração de matéria Geralmente causado pela
TIJOLO
perda de matéria
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
1
arbóreos. inseridas -eMATADOURO depois removidas, ainda se preservando FICHA 2/8 FICHA 3/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA NÃO SE APLICA FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 conforme UNI 11182/2006
SMO
perda de matéria
TIJOLO
D300
Adição Espúria de Material
aumento de matéria
alteração de matéria
A
Graduação do dano em
substrato:
perda de matéria
substrato:
nome:
TIJOLO
Vegetação
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
0
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 8/8
substrato:
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
TIJOLO
Estrato fino e homogêneo, originados de
SMO
SMO
Lacuna
nome:
aumento de matéria
alteração de matéria
microorganismos e variáveis de acordo comFICHA a 1/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE conforme SOROCABA UNI 11182/2006 consistência cor e adesão ao substrato. nome:
Físico
perda de matéria
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 7/8
EXEMPLO UNI
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
DEFINIÇÃO
ca, lixada posteriormente, a inúmeros resquícios na parte
Pátina Biológica D300
substrato:
nome:
A
TIJOLO
aumento de matéria
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 6/8
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
substrato:
EXEMPLO UNI
OROCABA orme UNI 11182/2006 FICHA 5/8
sterior
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Leste
Fichas de Classi Por apresentarem
Ortofoto - Fachada Oeste
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Ortofoto - Fachada Oeste
ul
Perda De Matéria- Fachada Leste
Perda De Matéria- Fachada Oeste
a- Fachada Sul
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Leste
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Oeste
Crosta
Graduação do dano em
perda de matéria
microorganismos e variáveis de acordo com a substrato: consistência cor e adesão ao substrato.
TIJOLO
alteração de matéria
aumento de matéria
0
1
aumento de matéria
2 Presença de indivíduos herbáceos,5 arbustivos ou arbóreos.
D300
TIJOLO
Adição Espúria de Material
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
perda de matéria
alteração de matéria
aumento de matéria
NORMAL 1/80
alteração de matéria
1
2
5
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência da tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba.
Figura 67: Alterações e Danos - Fachada Oeste
M
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
10 - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA | UNICAMP
NÃO SE APLICA
M 10
TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência da tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para
DEFINIÇÃO
D300
nome:
perda de matéria
substrato:
nome:
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
FICHA 4/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 Estrato fino e homogêneo, originados de
TIJOLO
Vegetação
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
0
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 8/8
EXEMPLO UNI
TIJOLO
aumento de matéria
DEFINIÇÃO
alteração de matéria
substrato:
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
aumento de matéria
perda de matéria
AÇÃO
TIJOLO
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
nome:
EXEMPLO UNI
FICHA 3/8
ABA NI 11182/2006 ca, lixada posteriormente, a inúmeros resquícios na parte substrato:
Pátina Biológica D300
substrato:
nome:
DEFINIÇÃO
TIJOLO
aumento de matéria
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 7/8
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 6/8
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
substrato:
EXEMPLO UNI
OROCABA orme UNI 11182/2006 FICHA 5/8
Identificada a presença de massas de rebocos, inseridas e depois removidas, ainda se preservando alguns resquícios acima da camada de tijolos.
75
TFG 2014 - REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA Mônica Cianfarani|084523 Orientadora: Regina Andrade Tirello
Ortofoto - Fachada Oeste
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Ortofoto - Fachada Norte
Ortofoto - Fachada Oeste
ul
Perda De Matéria- Fachada Leste
Perda De Matéria- Fachada Sul
Perda De Matéria- Fachada Leste
a- Fachada Sul
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Leste
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Sul
Presença de Camada Superficial
microorganismos e variáveis de acordo com a consistência cor e adesão ao substrato. substrato:
TIJOLO
alteração de matéria
aumento de matéria
D300
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
Pátina Biológica D300
arbóreos.
substrato:
alteração de matéria
aumento de matéria
2
5
M 10
Figura 68: Alterações e Danos - Fachada Sul
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência da tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA | 76 FICHA 7/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA
Presença de indivíduos herbáceos, arbustivos ou FICHA 6/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 nome:
TIJOLO
perda de matéria
1
NÃO SE APLICA
TIJOLO
nome:
Vegetação
Identificada a presença de massas de rebocos, inseridas e depois removidas, ainda se preservando alguns resquícios acima da camada de tijolos.
conforme UNI 11182/2006
conforme UNI 11182/2006
FICHA 8/8
TFGsubstrato: 2014 - REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABAsubstrato: nome: Adição Espúria de Material D300 TIJOLO Mônica Cianfarani|084523 Orientadora: Regina Andrade Tirello
TIJOLO
L 1/80
Estrato fino e homogêneo, originados de FICHA 5/8 FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DEconforme SOROCABA UNI 11182/2006
nome:
TIJOLO
perda de matéria
NORMAL 1/80
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
Adição Espúria de Material
DEFINIÇÃO
TIJOLO
aumento de matéria
substrato:
nome:
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
alteração de matéria
0
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 8/8
EXEMPLO UNI
perda de matéria
substrato:
Vegetação
DEFINIÇÃO
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
nome:
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
substrato:
Pátina Biológica
EXEMPLO UNI
ca, lixada posteriormente, a inúmeros resquícios na parte
D300
nome:
DEFINIÇÃO
TIJOLO
aumento de matéria
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 7/8
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 6/8
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
substrato:
EXEMPLO UNI
OROCABA orme UNI 11182/2006 FICHA 5/8
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Leste
Fichas de
Ortofoto - Fachada Oeste
7. PREMISSAS METODOLÓGICAS
Ortofoto - Fachada Oeste
Ortofoto - Fachada Leste
ul
Perda De Matéria- Fachada Leste Perda De Matéria- Fachada Leste
a- Fachada Sul
Adição e Alteração de Matéria- Fachada Leste Adição e Alteração de Matéria- Fachada Leste
substrato:
TIJOLO
Vegetação
aumento
alteração
função da mudança do estado do substrato: nome: substrato:
D300
microorganismos e variáveis de acordo com a consistência cor e adesão ao substrato.
O
DEFINIÇÃO
perda de alteração matéria Estrato fino e homogêneo, originados de matéria de
ÃO AD
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
I
aumento de matéria
EXEMPLO UNI
alteração
TIJOLO
Adição Espúria de Material
EXEMPLO UNI
TIJOLO
de matéria ca, lixada posteriormente, a inúmeros resquícios na parte
função da mudança do estado do substrato: substrato:
aumento de matéria
perda de matéria
NORMAL 1/80
Graduação do dano FICHA em Graduação do dano em DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS de - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 7/8 UNI 11182/2006 FICHA 8/8 matéria matéria deconforme matéria de matéria
0
1
alteração de matéria
2
de matéria 5 aumento
0
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 8/8
D300
substrato:
nome:
TIJOLO
Adição Espúria de Material
Graduação do dano em função da mudança do estado do substrato:
perda de matéria
M 10
alteração de matéria
aumento de matéria
NORMAL 1/80
TIJOLO
nome:
1
2
5
M 10
Figura 69: Alterações e Danos - Fachada Leste
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência da tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
Fichas de Classificação de Danos formulada com referência da tese de Iniciação científica de Rodolpho Corrêa.1 Por apresentarem diferenças e danos não catalogados foram feitas alterações na graduação cromática para Presença de indivíduos herbáceos, arbustivos ou melhor exemplificar a situação do Matadouro Municipal de Sorocaba. arbóreos. NÃO SE APLICA
TIRELLO, Regina Andrade; CORREA, Rodolpho. Sistema normativo para mapa de danos de edifícios históricos Aplicado à lLdgerwood Manufacturing company de Campinas. Iniciação Científica – PIBIC/CNPQ. GCOR- UNICAMP, 2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS - FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
DEFINIÇÃO
perda de
aumento
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 7/8
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
D300
substrato:
Pátina Biológica
EXEMPLO UNI
TIJOLO
nome:
DEFINIÇÃO
substrato:
REPRESENTAÇÃO EM ARQUIVO CAD
FICHA DE CLASSIFICAÇÃO DE DANOS - MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA conforme UNI 11182/2006 FICHA 6/8
OROCABA orme UNI 11182/2006 FICHA 5/8
Identificada a presença de massas de rebocos, inseridas e depois removidas, ainda se preservando alguns resquícios acima da camada de tijolos.
77
TFG 2014 - REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA Mônica Cianfarani|084523 Orientadora: Regina Andrade Tirello
8. UMA PROPOSTA: A BANDA MARCIAL DE SOROCABA
“A reutilização, que consiste em reintegrar um edifício desativado a um uso normal, subtraí-lo a um destino de museu, é certamente a forma mais paradoxal, audaciosa e difícil da valorização do patrimônio. Deve, antes de mais nada, levar em conta o estado material do edifício, o que requer uma avaliação do fluxo dos usuários potenciais.” (CHOAY,2001, p.210)
Apesar do predio do Matadouro Municipal de Sorocaba estar inserido dentro do contexto urbano, atualmente sua importância histórica e cultural não é apreciada pela população, por não possuir uma destinação, levando inclusive ao desejo da população de sua demolição, pela sua inutilidade. O espaço onde está localizado o Matadouro possui uma finalidade: servir de espaço improvisado para os ensaios da Banda Marcial de Sorocaba, desta forma os integrantes da banda são as únicas pessoas que frequentam aquele local e por consequência observam o Matadouro Municipal de Sorocaba.
8. UMA PROPOSTA: A BANDA MARCIAL DE SOROCABA
Figura 70: Ensaio geral da BAMASO, treino em movimento, os músicos se alinham para tocar e ensaiar as coreografias.Ao fundo a edificação do Matadouro Municipal. Foto: Monica Cianfarani, 2014.
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8. UMA PROPOSTA: A BANDA MARCIAL DE SOROCABA
8.1 A Banda Marcial de Sorocaba O QUE É UMA BANDA MARCIAL Uma banda marcial é um grupo de musicos instrumentais que geralmente apresentam-se ao ar livre e incorporam movimentos corporais, em geral algum tipo de marcha, à sua apresentação musical. Sua música tem um ritmo forte, adequado à marcha, fator que atrai mais os jovens em razão do grande impacto sonoro das apresentações. Thallyana Barbosa da Silva explica1 que o conceito de banda não é de caráter absoluto, em razão dos vários tipos de banda existentes, como por exemplo: banda de música civil, banda militar, banda sinfônica, fanfarra, banda marcial, podendo haver controvérsias quanto aos seus significados.
Tozzo2 (2009, p.4896), o modelo americano das marching bands3 influenciou as modernas bandas marciais e musicais, já as fanfarras mantiveram características técnicas mais simples, uma vez que os recursos instrumentais eram mais limitados. A estruturação instrumental das bandas é dividida em duas categorias (SILVA, 2012, p.32): Instrumentos de sopro de metal: esta categoria segue o modelo europeu, principalmente o português, com a presença de trompetes, trombones e tubas, porém, no contexto brasileiro de Banda Marcial unem-se o bombardino e a trompa como instrumentos; Instrumentos de percussão: São considerados instrumentos essenciais os tímpanos, bumbo, caixa-surda, caixa, tarol, e pratos. Triângulos, tan-tan, liras e xilofones são considerados instrumentos acessórios.
Para este trabalho utilizou-se a definição de Simone Lorenzet e Astrit Maria Savaris Tozzo sobre Banda Marcial: o conjuto musical que utiliza duas classes de instrumentos musicais: os metais e a percussão.(LORENZET e TOZZO, 2009, p.4896)
Além dos instrumentos, as Bandas Marciais possuem uma série de elementos “alegóricos”, os quais servem como parâmetros para julgamento em concursos.
As Bandas Marciais diferenciam-se das Fanfarras, pois esta última utiliza somento instrumentos de sopro sem nenhum pisto, como as cornetas, trombones e bombardinos; ao contrário, a Banda Marcial utiliza instrumentos de sopro com a presença de pistos, como tubas e trompas. Esta diferença é percebida na melodia das fanfarras que é mais limitada e algumas vezes alterada, em comparação com a melodia das Bandas Marciais.
Estandarte: Membro que leva a identificação (estandarte com o nome) da corporação musical que se apresenta, juntamente com sua Guarda de Honra. Não faz evoluções e nem coreografias.
Segundo o artigo de Simone Lorenzet e Astrit Maria Savaris-
B a l i z a : Homens ou mulheres que realizam evoluções, malabarismo e coreografias livres ou coordenadas, que podem incorporar do balé clássico à ginástica olímpica, estando sempre à frente da banda. Mor: O Mor se encarrega de coordenar a movimentação do grupo por intermédio de um bastão. É o condutor do grupo musical no desfile, que desempenha, às vezes, as funções de diretor musical, ensaiador e regente. As Bandas Marciais possuem uma grande importância na história da música brasileira. Grandes e competentes personagens da música obtiveram sua formação em bandas militares, civis, ou até mesmo escolares. As bandas de música representam um importante ambiente de ensino musical, suas sedes funcionam como escola de música. A Banda Marcial cumpre um papel de único acesso e conhecimento ao ensino musical e instrumental acessível a todas as parcelas da população tanto nas atividades educacionais, como nas suas apresentações e performances ao vivo.
A BANDA MARCIAL DE SOROCABA
Esses elementos são:
Pelotão ou Corpo Coreográfico: formado geralmente por mulheres que fazem coreografias durante a execução das peças musicais executadas pela Banda. Transmitem ao mesmo tempo marcialidade e graciosidade, através de sua dança e seus gestos.
Nas imediações no terreno do Matadouro existem edificações pertencentes à Guarda Municipal,.nestas edificações e no pátio entre o Matadouro e a Guarda Municipal é onde ocorrem os ensaios da Banda Marcial de Sorocaba - BAMASO. A Banda Marcial Municipal de Sorocaba faz parte do Projeto de Musicalização4 da Secretaria da Educação e beneficia os
4 1
SILVA, Thallyana Barbosa da.Banda Marcial Augusto dos Anjos: processos de ensino e aprendizagem musical. Dissertação – Mestrado. Programa de Pós Graduação em Música. Universidade Federal da Paraiba. João Pessoa, 2012
2
LORENZET, Simone; TOZZO, Astrit Maria Savaris. Bandas Ecolares. In: Congresso Nacional de Educação EDUCERE. IX. E III Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia. PUCPR, 2009.
3
Marchingbands: Bandas Marciais do EUA.
O Projeto de Musicalização da Secretaria da Educação é composto por Fanfarras e Bandas Marciais das Escolas Públicas de Sorocaba (Municipais e Estaduais), além da Banda da Banda Marcial Municipal de Sorocaba. O projeto beneficia aproximadamente 4000 integrantes entre crianças e adolescentes, sendo divididos em sendo 87 fanfarras, mais dois grupos com o objetivo de formação da Banda Marcial Infantil, contando ainda com a Banda de Percussão e a Banda
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8. UMA PROPOSTA: A BANDA MARCIAL DE SOROCABA alunos da rede de ensino público, Municipal e Estadual de Sorocaba. Os membros da Banda Marcial são os instrutores do projeto de Musicalização que atende mais de 300 crianças no aprendizado e ensino de música.
sênior. Os títulos mais representativos são: Tetra Campeão Estadual 2007, 2008, 2009, 2010; Campeão da Região Sudeste do Brasil 2006; Tetra Campeão Nacional 2006, 2007, 2008, 2009; Vice-Campeão Nacional 2010.
A Banda Marcial Municipal de Sorocaba é formada por 120 jovens com idade que varia entre 12 até 29 anos é composta por corpo musical, corpo coreográfico e balizas; conta, também, com uma coreógrafa e um regente, além de grupo de apoio, que é fundamental para o bom desenvolvimento do projeto.
Como observado, o enfoque das Bandas Marciais são as apresentações ao ar livre e instrumentos de fácil manejo. Este fator específico anula a necessidade de um ambiente de ensaio acusticamente isolado, pois afetaria na percepção sonora dos alunos entre os ensaios e apresentações externas.
A Banda Marcial Municipal de Sorocaba está completando 10 anos, em 2014, pois a sua primeira apresentação foi no dia 15 de agosto de 2004, em comemoração ao aniversário da cidade; a partir dessa apresentação foi progredindo tecnicamente e passou a participar de vários campeonatos. A partir de 2010 a BAMASO deixa de competir em concursos da categoria juvenil e começa a disputar na categoria
8.2 Proposta da Adaptação do Matadouro Municipal para a Banda Marcial CRIAÇÃO DE UM PARQUE A população que frequenta assiduamente o Parque das Águas, que se localiza a menos de 1km das imediações dos ensaios, não tem acesso direto, atualmente. ao local do projeto educativo. O maior indice de usuários do Parque das Águas são jovens atraídos pelas pistas de skate e pelas atividades artisticas e culturais que ocorrem no parque. O principal enfoque é melhorar a visibilidade e a extensão da área recreativa que se inicia no Parque das Águas, para próximo do Matadouro.
Marcial. Figura 71: Ensaio da Banda Marcial de Sorocaba nas dependências da Guarda Municipal, no terreno do Matadouro Municipal. Foto: Mônica Cianfarani, 2014
Para tornar a região do Matadouro atrativa para os usuários do Parque das Águas, motivando o deslocamento para essa área, a proposta é a criação de um local de permanência para os usuários, possibilitando uma melhor inserção do Matadouro no contexto urbano. Importante apontar que parques contemplativos e de permanência são escassos na cidade de Sorocaba, os existentes estão localizados no centro da cidade.
A proposta de um parque de permanência e contemplação contrapõe-se com o Parque das Àguas que é reconhecido como um parque de atividades físicas, a proximidade entre os parques justifica-se essa destinação, no entanto, para atrair os usuários é de fundamental importância propor uma atitividade diferenciada. UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA | 80
8. UMA PROPOSTA: A BANDA MARCIAL DE SOROCABA Figura 72: Ensaio da Banda Marcial de Sorocaba, ao fundo o Matadouro. Foto: Mônica Cianfarani, 2014
A ADAPTAÇÃO DO MATADOURO COMO SEDE DA BANDA MARCIAL É inegável que as atividades da Banda Marcial de Sorocaba, no local, evidenciam as potencialidades de uso qualificado do edifício histórico, que pode vir a tornar-se sede e acolher todas as atividades da BAMASO. Através de pesquisa junto à população, no entorno da localização do Matadouro, oberva-se a valorização do projeto e da Banda Marcial e encontra-se o respaldo na edificação de estruturas mais adequadas para sediar a Banda Marcial.. Tal anseio também é colocado pela coordenadoria e pelos integrantes da Banda Marcial. Em visita ao local observou-se que o espaço isolado e sem acesso à população quando dos ensaios da banda recebe a circulação de adultos e adolescentes que, curiosos pela música, acessam o local.
Figura 73: Ensaio da BAMASO, ao fundo, a edificação do Matadouro Municipal, abandonada, enquanto os integrantes da banda ensaiam ao ar livre. Foto: Mônica Cianfarani, 2014
A proposta de Requalificação do Matadouro para ser a sede da Banda Marcial de Sorocaba tem como objetivo primeiro evidenciar a edificação histórica, para tanto é importante integrá-lo ao complexo do Parque das Águas, como também realizar intervenções para possibilitar a sua visualização e acesso pela Rua Paes de Linhares .
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9. PROGRAMA
9.1 Programa de Necessidades do Parque do Matadouro. O enfoque principal deste trabalho visa a requalificação e restauro do Matadouro Municipal de Sorocaba, no entanto, é necessário abordar sobre o programa básico de atividades do Parque do Matadouro e como este interage com a edificação do Matadouro Municipal .
9. PROGRAMA
O Parque do Matadouro será composto, além da edificação do Matadouro Municipal, por um teatro de arena, para apresentações externas da Banda; a marquise; o estacionamento; área de cafés; bicicletário e de várias praças, que irão proporcionar um espaço de estar para os usuários e comunidade local, além de servir para ensaios individuais ao ar livre, propiciando a interação dos usuários com os ensaios musicais. ACESSO O projeto do Parque do Matadouro tem que levar em consideração, prioritariamente, que há um desnível de 07m do nível da rua, o que dificulta a sua visualização pela Rua Paes de Linhares. Para chamar atenção à localidade propõe-se que ao nível da rua seja feita uma ampla praça de acesso facilitando, desta maneira, a visualização da edificação e nesta praça a instalação de um espaço para café.
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9. PROGRAMA PLATÔS E ESCADAS
que se liga à praça do Matadouro.
A partir desta praça necessário a criação de platôs, descendo até o nível do prédio do Matadouro; o acesso será através de escadas e de rampa da ciclovia.
Para facilitar a acessibilidade foi pensado um pequeno estacionamento apenas para os que possuem mobilidade reduzida e um acesso de carros e transporte de instrumentos pela rua Luis Braille que atende ao Teatro de Arena do Parque do Matadouro.
Os platôs seguem a curva de desnível do terreno, contendo escadas laterais em seus eixos principais e escadas secundárias entre os platôs. ESTACIONAMENTO E ACESSO DE VEÍCULOS Apesar de ser priorizado o acesso ao prédio do Matadouro por usuários de bicicletas e a pé, há uma área destinada para o estacionamento de veículos localizado entre o hipermercado existente e o parque. A área de estacionamento é reduzida, no entanto, prevista para atender as necessidades dos integrantes da BAMASO e de usuários com dificuldades de locomoção. O código de Obras da Cidade de Sorocaba não elenca o mínimo de vagas desejável para um parque, por este motivo foi usado de referência a NBR90501 e códigos de obras de outras cidades2. Foi pensado em vagas que atendessem a necessidade dos membros da Banda marcial, que geralmente mais se deslocam para a localidade. O acesso de veículos para a manutenção e carregamento de instrumentos se dá pelo mesmo acesso do estacionamento
1
NBR9050 – Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaçoes e Equipamentos Urbanos. Disponível em: http://www. todosnos.unicamp.br:8080/lab/legislacao/normas-tecnicas/ ABNT9050.pdf/view Acesso em: 15/11/2014
2
Para a elaboração deste trabalho foi utilizado como referência o código de obras da cidade de Florianópolis, por estar mais claro com relação ao dimensionamento de vagas para parques e espaços abertos. Tal referência está disponível em: http://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/ pdf/04_02_2014_12.23.47.603f13119ef14d0d45fe7e3f25a491a5.pdf. Acesso em: 15/11/2014.
PRAÇAS
Para o teatro de arena será feito o aproveitamento do desnível do terreno para sua implantação; o teatro terá uma cobertura e as suas laterais serão totalmente abertas. Esse teatro foi planejado para apresentações da BAMASO, daí a importância de sua cobertura, protegendo de sol e chuva, além de ser um espaço disponibilizado para outros tipos de eventos musicais. MARQUISE
O principal espaço de estar do Parque do Matadouro é a praça à frente da edificação, a Praça do Matadouro, nela saem os caminhos para o parque e há um amplo espaço com café, bicicletário e acesso à marquise e platôs. Outras pequenas praças estão espalhadas pelo Parque do Matadouro, como a praça à frente do Teatro de Arena, onde também podem ocorrer apresentações de grande porte da Banda Marcial. Seguindo o caminho do rio Sorocaba há uma praça próxima ao pequeno lago, que se encontra no terreno. Esta praça é um espaço de estar e contemplação, tanto para a vista da margem do Rio Sorocaba, quanto para o lago. ÁREA DE CAFÉ Há dois pontos de área de café na praça principal: um de frente para o prédio do Matadouro e outro próximo do teatro de arena.
A marquise foi planejada para estar recostada nos platôs de maneira a não prejudicar a visualização da edificação do Matadouro Público. A sua parte superior se integra aos platôs, formando uma passarela, possibilitando uma ampla visualização do bem histórico, servindo, ainda de alternativa de acesso ao Parque do Matadouro. Lateralmente aberta e com seu piso no mesmo nível da edificação histórica esse espaço serve para propiciar proteção, em dias de chuva e sol intenso, para os ensaios dos integrantes da Banda Marcial; o local, também, propicia que as balizas e o corpo coreográfico realizem seus ensaios. Por suas características é um espaço que acolhe o público desta forma, transforma-se em espaço de multiuso, abrigando eventos, feirinhas e exposições.
BICICLETÁRIO Próximo da área de café, localizada de frente para o prédio do Matadouro, foi destinado área para bicicletas, levando-se em consideração a proximidade com a ciclovia, organizando e disciplinando, desta forma, a parada de bicicletas no parque.
Na marquise foram planejados banheiros e um depósito para guardar o material tanto dos eventos, quanto dos integrantes da Banda Marcial.
TEATRO DE ARENA
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9. PROGRAMA
ATIVIDADE
N (usuários)
MOBILIÁRIO
A(total) m²
1
Espaço de acesso ao Parque, direcionamento dos usuários, atividades culturais e musicais.
100
bancos, espreguiçadeiras, pergolados
6450
PLATÔS
2
Espaço de estar, descanso, visualização do Matadouro e dos ensaios da Banda Marcial
200
bancos, espreguiçadeiras, pergolados
4000
PRAÇA DO MATADOURO
3
sala de estudo tubas, trompas e bombardinos
10
cadeiras, estante de partitura, lousa pautada, mesa, bombardinos
1300
CAFÉ
4
espaço para descanso, lanches, servir café
50
mesas, cadeiras, cozinha, sanitários
90
5
aluguel e venda de Biciletas, consertos de bicicletas, armazenamento de bicicletas
10
balcão, biciletas
50
6
Estacionamento de veículos para utilizar-se do parque
TEATRO DE ARENA
AMBIENTE
PARQUE DO MATADOURO
PRAÇA DE ACESSO
BICICLETÁRIO
CÓD.
16440
66 veículos
4 vagas de deficientes, 4 vagas de idosos, 2 vagas de ônibus, 28 vagas de motos, 28 vagas de automóveis
2000
7
apresentações da orquestra de percurssão da Banda Marcial, outras atividades culturais
300
arquibancada
1000
PRAÇA DO TEATRO DE ARENA
8
Espaço de recepção do público para as apresentaçoes
100
-----
1000
ESTACIONAMENTO TEATRO DE ARENA
9
Estacionamento de veículos para utilizar-se do teatro de arena
12 veículos
6 vagas de idoso e 6 vagas de deficientes físicos
550
ESTACIONAMENTO PARQUE
A total setor
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9. PROGRAMA
MARQUISE
AMBIENTE
CÓD.
ATIVIDADE
N (usuários)
MOBILIÁRIO
A(ambiente) m²
% Circ
A(total) m²
30 - 100
-----
450
90
540
ESPAÇO PARA ENSINO GINÁSTICA RITMICA E DANÇA/ ESPAÇO PARA FEIRINHAS
10
alongamento, ensaios de baliza, coreografias. Quando não houver a banda espaço para feirinhas de artezanato e comida
DEPÓSITO
11
guardar fantasias, equipamentos utilizados na marquise
2
estantes
8
1,6
9,6
BANHEIROS
12
sanitários masc+fem+acessível
10
cuba, bacia sanitária, espelho, chuveiro
25
5
30
A total setor
1047,6 PEQUENA ARQUIBANCADA
13
visualizar os ensaios de baliza, descanso
40
-----
50
10
60
ESPAÇO DE BANCOS
14
Sentar, descansar, ensaios de músicos individuais ou em grupos.
50
bancos
140
28
168
ÁREA DE LUZ
15
Espaço de paisagismo e iluminação da marquise para descanso
20
bancos
200
40
240
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9. PROGRAMA
INFOGRÁFICO - ACESSO DE PEDESTRES Oriundo do Parque das Águas
Habitantes do bairro que utilizam o caminho pelo rio
ar e Lin h
Br
ail
e
le
sd
is
Pa e
Lu
ru a
rua
s
População que vêm da r ua João Ribeiro de Barros ou utiliza o Supermercado Makro
População que segue pela rua Paes de Linhares
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9. PROGRAMA
INFOGRÁFICO - ACESSO DE VEÍCULOS
Acesso de Carros para pessoas de Mobilidade Reduzida para o Teatro de Arena
re ha Lin
Br
ail
es
de
le
Pa
is
a
Lu
ru
rua
s
Acesso de Veículos, ônibus, e carros de manutenção do Parque. Estacionamento para os Integrantes da Banda e usuários do Parque.
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9. PROGRAMA
9.2 Programa de Necessidades do Matadouro e Sede da Banda Marcial O programa de necessidades para a Banda Marcial de Sorocaba, foi elaborado a partir da área da edificação do Matadouro Público e das reais necessidades dos integrantes da Banda que, atualmente em seu cotidiano, possuem uma estrutura de ensaios e ensino precário. Através das informações obtidas, foi sistematizado um programa de necessidades que melhor viabilizasse a implantação de uma sede para a Banda Marcial, assim como a adaptação do Matadouro Municipal para este fim.
DEPÓSITO DE INSTRUMENTOS E SALA DE APOIO, SALÃO ANEXO.
Neste salão haverá uma sala de apoio para os integrantes da Banda e/ou para os outros usos do salão principal.
Em relação aos instrumentos musicais, para facilitar o seu transporte e a sua guarda, em virtude de alguns instrumentos serem muito grandes, dificultando a sua transferência, foi definido um depósito de instrumentos, ocupando uma parte da área de um dos salões anexos.
SALA EXPOSITIVA DE TROFÉUS, SEGUNDO SALÃO ANEXO.
A escolha desse local foi motivada levando em consideração que para o deslocamento dos instrumentos musicais até os locais de apresentações, são utilizados caminhões, sendo fundamental uma área destinada para a parada de caminhões, em local bem próximo a esse salão, pela sua localização, propicia a destinação de parada de caminhões.
No segundo salão anexo o programa propõe a instalação de sala expositiva de troféus e prêmios da BAMASO, além de ser um espaço de estar e interação dos integrantes antes dos ensaios, contendo ainda um lavabo.
Quando da elaboração deste trabalho, a Banda Marcial de Sorocaba era composta por 120 integrantes. Os participantes da Banda Marcial de Sorocaba têm aulas de música com estudos de teoria e prática, distribuídos pelos instrumentos; a banda conta com 25 trompetes, 20 trombones, 10 bombardinos, 10 tubas, 08 trompas, além de 20 músicos nos instrumentos da percurssão.
Figura 74: Instrumentos musicais utilizados nas apresentações da BAMASO, são guardado no galpão de ensaios. Foto: Monica Cianfarani, 2014.
SALÃO DE ENSAIO GERAL. O local do ensaio geral, quando todos os integrantes da banda marcial se encontram, é um dos principais espaços, exigindo uma planta aberta e facilidade de acesso, por essa razão, esse espaço necessita de uma posição de destaque; levando em consideração essa necessidade foi escolhida a sua locação no salão principal do Matadouro, que possibilita acolher o grande número de integrantes nos ensaios com todos os instrumentistas. O salão principal foi planejado para ser revertido em espaço de multiuso, quando não houver ensaios da banda marcial, podendo ser utilizado para palestras, cursos de curta duração destinados para a comunidade local. UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
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MATADOURO MUNICIPAL
9. PROGRAMA
ATIVIDADE
N (usuários)
MOBILIÁRIO
A(ambiente) m²
% Circ
A(total) m²
16
Recepção dos alunos, exposição dos troféus e fotos.
40
estantes, painéis
45
9
54
17
Sanitário unisex
1
cuba, bacia sanitária, espelho
3
0,6
3,6
18
ensaios da Banda Marcial, aulas de instrumentos, ensaios dos jovens, atividades com os instrumentistas sentados. Eventos culturais sem a banda marcial
80
Bancos, estantes de partituras, instrumentos musicais, com a possibilidade de variação de lay-out
235
47
282
19
Guardar instrumentos musicais, cadeiras e partituras
2
Estantes
40
8
48
20
Espaço de descanso para professores, guardar documentos, reuniões dos professores e gerenciadores da Banda
8
Mesa, cadeiras, estantes, poltronas
10
2
12
AMBIENTE
CÓD.
EXPOSIÇÃO
LAVABO
ENSAIOS GERAIS/ EVENTOS
DEPÓSITO INSTRUMENTOS MUSICAIS
SALA DE APOIO
A total setor
399,6
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
As diretrizes deste projeto abrangem duas escalas: a primeira são as diretrizes gerais que abrangem o entorno do Matadouro A segunda escala são as diretrizes de restauro do objeto, neste caso, o Matadouro Municipal de Sorocaba e as intervenções a serem aplicadas à sua arquitetura.
Apesar de não ser o enfoque principal deste trabalho, que visa a requalificação e restauro do Matadouro Municipal de Sorocaba, como já explicitado an-
teriormente, há a necessidade de lançar as diretrizes acerca o Parque do Matadouro para delimitar os eixos principais, acessos, e relações com a paisagem e a edificação do Matadouro Municipal. LIGAÇÃO COM O PARQUE DAS ÁGUAS - CICLOVIA
10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
Como proposta para evidenciar o projeto da Banda Marcial, além de se pensar em uma arquitetura mais adequada, há a necessidade de um acesso direto e evidenciado para a localização do Matadouro, ligando-o com o Parque das Àguas, em virtude de ser um parque que se destaca na cidade e está localizado muito próximo da edificação do Matadouro. A proposta é extender a ciclovia e a partir da requalificação do Matadouro, justifica-se e se faz necessário a modificação do traçado dessa ciclovia, extendendo-a pela margem do rio Sorocaba, não só até o Matadouro, mas continuando na margem do rio, integrando os bairros locais, como ocorre na zona sul e central da cidade. O traçado da ciclovia urbana foi modificado no entorno para ser inserido no interior do Parque do Matadouro. Outros eixos de ciclovia foram criados para complementar o caminho através do parque, unindo-se ao traçado urbano existente, como a ciclofaixa na Rua Paes de Linhares e a ciclovia que segue pela Rua João Ribeiro de Barros. UNICAMP - TFG 2014 | REQUALIFICAÇÃO DO MATADOURO MUNICIPAL DE SOROCABA |
90
10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
PROPOSTA - CICLOVIA LIGANDO O PARQUE DAS ÁGUAS COM O PARQUE DO MATADOUR
Ciclovia Existente Ciclovia a ser removida Ciclovia do Parque do Matadouro e ligações Ciclofaixa
Matadouro Municipal Parque das Águas
Figura 75: Infográfico mostrando as alterações no traçado cicloviário no entorno que abrange o Matadouro Municipal e o Parque das águas. A proposta é que a ciclovia se estenda por toda a margem do rio Sorocaba, não finalizando no cruzamento com a rua João Ribeiro de Barros.
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91
10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
INFOGRÁFICO - CICLOVIAS sentido Parque das Águas
Legenda Ciclovia do Parque do Matadouro Ciclofaixa já existente Passagem para pedestres na ciclovia e ciclofaixa Passagem para o ciclista na via de pedestres ou carros
ha Lin le
de
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es
Br
Pa
is
a
Lu
ru
rua
re s
segue a linha de ciclovia urbana
segue a linha de ciclofaixa urbana
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92
10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
INFOGRÁFICO - FLUXO DE PEDESTRES
DIRETRIZES DE FLUXOS PARA O PARQUE DO MATADOURO Legenda Eixo de Ensaios da Banda Marcial - Eixo principal para o Matadouro Municipal Eixo de passeio pela margem do Rio Sorocaba Eixos de acesso até o Matadouro Municipal Eixos secundários de acesso ao Matadouro Municipal- Trilhas e caminhos alternativos Rampa acesso ao Matadouro Municipal com inclinação de 6%
ru
a
Pa
es
de
Lin
ha
re
s
Perímetro onde se localiza a edificação do Matadouro Municipal, centralidade do Parque do Matadouro
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93
10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
DIRETRIZES DE CAMINHOS E FLUXOS DE PEDESTRES E CICLISTAS Os caminhos do Parque do Matadouro evidenciam uma nova centralidade, a edificação do Matadouro Municipal, assim os caminhos e visuais do parque convergem para a edificação a fim de valorizá-la como ponto principal do projeto tanto por sua importância histórica, quanto pela importância das atividades da Banda Marcial que ocorrem no local. Eixo de ensaios da Banda Marcial A diretriz para o Parque do Matadouro tem como início o
caminho de ensaio da Banda Marcial. Inicialmente de 10mx100m (na estrutura atual, marcado no piso pela coordenação da Banda Marcial), no entanto, esse fluxo será utilizado como proposta, criando-se um eixo à frente do prédio do Matadouro, indo na direção da margem do rio Sorocaba. Este eixo também é a principal ligação de pedestres no sentido margem do rio Sorocaba para o prédio do Matadouro e da Rua Paes de Linhares para a margem do referido rio. Caminhos de pedestres. Os traçados no Parque do Matadouro foram pensados para sempre direcionar o usuário da margem do rio até o Matadouro. Em outra perspectiva, a partir da Rua Paes de Linhares, os caminhos principais levam ao Matadouro e também acessam o caminho que margeia o rio. Estes caminhos são
mais largos e se relacionam com a ciclovia e a vegetação. Em seu percurso há a presença constante de floreiras, por entre o piso, alternando com bancos para descanso de transeuntes e ciclistas. Margem do Rio Sorocaba Dentre os caminhos de Pedestres se destaca o percurso que margeia o Rio Sorocaba. Este percurso foi um dos norteadores da proposta do Parque por se observar que, apesar da ausência de um caminho preestabelecido, esta trilha era comumente utilizada pela população local, além de ser a ligação através da ciclovia para o Parque das Águas. O caminho tem como o objetivo valorização da margem do Rio Sorocaba. Para isto levou-se em consideração que
EIXO DE ENSAIO DA BAMASO - CORTE SETORIAL
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Figura 76: Corte setorial do eixo de ensaios da bamso, principal caminha dividido em tres fazes: ciclovia, caminho de ensaios e caminho de pedestres.
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
DETALHE ESTRUTURAL - MARGEM DO RIO DETALHE CAMINHO MARGEM DO RIO esc.: 1:25 1 Guarda-corpo de aço Corten h=0,90m
2 Banco de concreto
1 2 3 4 5 6 7 8
3 Piso de placas de concreto
4 Viga metálica 5 Manta impermeabilizante 6 Camada de terra 7 Cano de drenagem 8 Pilar de concreto 9 Laje de concreto pré moldada 10 Piso atérmico
9 10
MARGEM DO RIO - CORTE SETORIAL
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Figura 77: Cortes setoriais do caminho da margem do rio, com detalhes estruturais e de materiais.
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO o espaço às margens do rio não necessita ser apenas de passagem, mas também um espaço de descanso e contemplação. Ampliando-se o caminho, criando pequenos degraus para sentar, surge um espaço de estar à margem do rio, para o descanso, lazer a até mesmo um banho de sol.
Figura 78: Margem do Rio Tejo em Lisboa, Para valorizar o rio foi pensado em um espaço diferenciado na margem. Foto: Mônica Cianfarani, 2013.
Devido ao histórico de enchentes1 nas margens do Rio Sorocaba foi planejada a elevação deste caminho em 1m para evitar o alagamento das vias de pedestres. Por este motivo em alguns pontos onde o desnível entre o caminho e o solo é mais acentuado foi pensado um guarda-corpo em aço corten para evitar acidentes.
Figura 79: Perspectiva com vista do caminho proposto na margem do rio Sorocaba
1
As enchentes são tradicionais na cidade de Sorocaba devido ao baixo relevo e o seu crescimento urbano nas margens do Rio Sorocaba. A maior enchente registrada data-se de 1929 quando as águas do Rio Sorocaba chegaram à metade das paredes do Matadouro Municipal (Enchente arrasa a Sorocaba de 1929, Jornal Cruzeiro do Sul, disponível em: http://www.cruzeirodosul.inf.br/ materia/463674/enchente-arrasa-a-sorocaba-de-1929). Atualmente o nível do rio ainda avança nas épocas de chuva e inúmeras obras são feitas para amenizar os efeitos das enchentes. O Parque das Águas é uma destas obras, seus lagos artificiais são para a contenção do excesso de água do Rio Sorocaba.
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO Trilhas.
TRILHAS - CORTE SETORIAL
As trilhas foram pensadas para serem caminhos contemplativos, de preservação e ampliação da Mata Ciliar remanescente no local, por esta razão, em tais caminhos, a intervenção foi planejada para ser mínima, objetivando a preservação da vegetação. Os caminhos circundam as árvores, a nascente existente no local e o pequeno lago. Tais caminhos, ainda, preservam o desnível de 1m próximo à margem do Rio Sorocaba. Platôs. Planejados para “abrir” o espaço urbano e em especial colocar em foco a arquitetura do Matadouro, ao facilitar a sua visualização. Os platôs descem até o nível do Matadouro a 7m abaixo do nível da Rua Paes de Linhares. Por entre cada platô há uma floreira como guarda corpo. Os platôs são caminhos para se acessar o Matadouro, aproveitando-se do espaço e do visual. M 10
PLATÔS - CORTE SETORIAL
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Figura 80: Corte Setorial da Trilha, caminho secundário do parque.
Figura 81: Corte setorial do platôs
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
PLATÔS - DETALHES E MATERIAIS Ciclovia com acabamento de asfalto em tons terrosos no parque.
Deck de madeira de demolição
Bancos de madeira e metal
Espelho d’água interligado com bancos para refrescar em dias quentes Muros de contenção e arrimo dos platôs em concreto aparente Pergolado de aço corten, perfil tubular, motivo paramétrico Piso de pedra São Tomé
Banco de madeira Figura 82: Planta dos platôs com detalhes de materiais utilizados
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
Figura 83: Platôs e praça de acesso ao Parque do Matadouro a partir da rua Paes de Linhares
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
Figura 84: Pergolado de perfil metálico tubular de desenho paramétrico cria sombra no espaço dos platôs sem interferir na visão do Matadouro Municipal.
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
DETALHE ESTRUTURAL - MARQUISE
A MARQUISE DETALHE COBERTURA MARQUISE esc.: 1:25 1 Guarda-corpo de concreto aparente h=0,90m
1 2 3 4 5 6 7 8 9
2 Manta impermeabilizante 3 Substrato superficial 4 Substrato 5 Base de pedras 6 Dutos de drenagem 7 Estrutura de fixação 8 Laje 9 Viga metálica
A principal diretriz da implantação da nova edificação é a preservação e valorização dos visuais do Matadouro Municipal, por esta razão escolheu-se recosta-la nos platôs possibilitando, desta maneira uma melhor visualização da edificação de todos os caminhos que chegam à edificação. A marquise fará a interligação do acesso da Rua Paes de Linhares para o Parque do Matadouro. Para os integrantes da Banda Marcial a marquise tem a sua importância em face de propiciar que as atividades sejam realizadas, mesmo em dias de chuva e sol forte. A marquise é um espaço de multiuso, abrigando, também, atividades como eventos, feirinhas e bazares e se constituindo de um espaço de descanso para os usuários do parque.
CORTE SETORIAL - MARQUISE
Figura 85: Detalhe da Marquise
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
Figura 86: Marquise e acesso a partir dos platôs, vazios de iluminação e espaços propostos.
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10. DIRETRIZES PARA O PROJETO DO PARQUE DO MATADOURO
INFOGRÁFICO - ESPAÇOS PROPOSTOS
ESTACIONAMENTO PRAÇA DO LAGO TEATRO DE ARENA CAFÉ + BICICLETÁRIO PRAÇA DO MATADOURO MATADOURO MUNICIPAL
MARQUISE PLATÔS
Lin
Br
ha
re
ESTACIONAMENTO DO TEATRO DE ARENA
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de
le
es
is
Pa
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ru a
rua
s
PRAÇA DO TEATRO DE ARENA
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11. DIRETRIZES DE RESTAURO DO MATADOURO MUNICIPAL
“No caso da função original do edifício desapareceu ou não tem mais sentido no momento presente, devemos olhar para as alternativas que são compatíveis com as dimensões e a tipologia do edifício preservado. A busca pela reabilitação funcional do edifício histórico não deve ser imposta como uma prioridade de restauração, uma vez que o implante de usos incompatíveis terá que ser feito sacrificando valores históricos ou arquitectónicos do edifício. Além do uso regular do edifício, deveríamos permitir um uso social e cultural, essencial para a sua condição de património.”2
O projeto de restauração do Matadouro Municipal visa sua reabilitação para um novo uso, considera as orientações gerais da Carta de Veneza, de 1964, que contemplam os princípios da distinguibilidade, reversibilidade e mínima intervenção que regem as intervenções de caráter conservativo, nacionais e internacionais. Como afirma a Carta de Veneza sobre a preservação e restauração do Patrimônio histórico e arquitetônico de 1964:
11. DIRETRIZES DE RESTAURO DO MATADOURO MUNICIPAL
“As contribuições válidas de todas as épocas para a construção de um monumento devem ser respeitadas, dado que a unidade de estilo não é o objetivo que se pretende alcançar nos trabalhos de restauro. Quando um edifício apresente uma sobreposição de trabalhos realizados em épocas diferentes, a eliminação de algum desses trabalhos posteriores apenas poderá ser justificada em circunstâncias excepcionais, quando o que for removido seja de pouco interesse e aquilo que se pretenda pôr a descoberto tenha grande valor histórico, arqueológico ou estético e o seu estado de conservação seja suficientemente bom para justificar uma ação desse tipo. A avaliação da importância dos elementos envolvidos e a decisão sobre o que pode ser destruído não podem depender apenas do coordenador dos trabalhos.”(Carta de Veneza, 1964, p.3)
A “distinguibilidade” se deve ao fato de que o tempo não é reversível e não deve induzir o observador ao engano de
2
LATORRE,Pablo.The transformation processes of architecture through time. Methodological and theoretical consequences in the project and In the restoration works.In: Quaderns Científi cs i Técnics de Restauració Monumental 13, I Bienal de la Restauración, Barcelona: 161-177. 2002. pp.172
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11. DIRETRIZES DE RESTAURO DO MATADOURO MUNICIPAL confundir a intervenção ou os acréscimos com o que existia anteriormente. Há, portanto, a necessidade de respeitar o material original e os documentos autênticos. Se pequenas modificações forem necessárias, é preferível que estas sejam de caráter contemporâneo, de estilo diferente e que não sacrifiquem a unidade formal da obra. A diversidade de estilos é mais desejável que a homogeneidade estilística para que se evitem as falsas interpretações. Já o princípio de reversibilidade tem como objetivo facilitar qualquer intervenção futura e não deve alterar a obra em sua substância e sim inserir, de modo respeitoso, ao preexistente, de forma a não impedir ou inviabilizar possíveis intervenções futuras. Para que não haja a descaracterização do documento histórico e material, assim como de sua imagem figurada, deve-se seguir o princípio da mínima intervenção, respeitando assim, suas várias estratificações sem o intuito de restituir um pretenso estado original, pois os sinais do tempo também são considerados de valor histórico e estético. Além destes princípios a intervenção no Matadouro Municipal segue parâmetros para obter um resultado mais harmonioso. O que se pretende é a permanência de características espaciais internas e externas, independente do uso a ser destinado. O projeto de restauração deve definir que materiais são removidos, os materiais que são conservados, em que condições estes devem ser conservadas e como será a intervenção. A entrada de novos materiais sobre a estrutura histórica tem como objetivo de adequá-lo à nova função. A Metodologia de intervenção a ser utilizada segue tal ordem3: 1) Remoções
2) Conservação
- Limpeza da fachada, com a remoção das camadas superficiais de tinta e remoção do excesso de crosta,
3) Adição
- Recolocação de tijolos faltantes, respeitando a distinguibilidade, com um tom abaixo do atual na edificação,
REMOÇÕES A arquitetura do Matadouro já sofreu inúmeras remoções e perdas de intervenções anteriores, por isto nesta proposta evita-se causar mais danos ao reconhecimento histórico da arquitetura. A única demolição de volume será da caixa d’água inativa, existente na lateral da edificação, por estar em estado de completa ruína e dificultar a plena visualização da fachada lateral do Matadouro. No interior da arquitetura será reaberta uma das aberturas, fechadas no restauro anterior, com a finalidade de voltar à unidade no interior da edificação e para ser possível a adaptação do Matadouro para o novo uso.
- Recuperação e substituição madeiramento da cobertura, além da reposição das telhas faltantes da cobertura.
ADIÇÕES Novos materiais serão incorporados sobre os existentes para a conclusão e adaptação da edificação para novo uso: abrigar a Sede da Banda Marcial.
CONSERVAÇÃO DAS FACHADAS E ARQUITETURA Nesta fase será necessário estudar o tratamento de recuperação que nos permitem recuperar, tanto quanto possível, as condições e as qualidades originais dos materiais e articular as medidas de proteção para eliminar as causas de alterações ou indiretamente, as ações que o ambiente exerce sobre estes.
-Execução de novas alvenarias, ou fiadas, nos casos onde haja necessidade de recomposição, como nas partes inferiores das esquadrias e no fechamento da abertura existente na face posterior.
A proposta de recomposição das fachadas e arquitetura visa repor e tratar os danos previamente diagnosticados através do Mapa de Danos e Alterações4.
-Inserção de portas na fachada principal do Matadouro, bem como nos ambientes interiores.
O tratamento seguirá a seguinte ordem:
-Colocação de piso de cimento queimado em toda a extensão do Matadouro.
- Remoção da vegetação existente e da pátina biológica,
-Recolocação de esquadrias, respeitando o padrão existente e a colocação de vidros.
-Inserção de spots de iluminação, fiação elétrica, utilizando por base as tesouras.
-Inserção de forro de madeira entre as terças e os caibros, para proteção do interior.
3
LATORRE,Pablo.The transformation processes of architecture through time. Methodological and theoretical consequences in the project and In the restoration works.In: Quaderns Científi cs i Técnics de Restauració Monumental 13, I Bienal de la Restauración, Barcelona: 161-177. 2002.
- Recuperação dos tijolos danificados apresentando perdas e/ou lacunas, ocasionados por impactos ou erosão, a partir da confecção de argamassa com tijolo moído, para manter a coloração avermelhada. Quando não for possível a recuperação dos tijolos danificados, estes serão substituídos e recolocados.
4 O Mapa de Danos e Reparações e a tabela de alterações
e danos, neste trabalho, estão explicitado no capítulo das Premissas Metodológicas.
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11. DIRETRIZES DE RESTAURO DO MATADOURO MUNICIPAL
ALTERAÇÕES PROPOSTAS - MATADOURO MUNICIPAL esc.: 1/125
FACHADA NORTE
caixa d’água
LEGENDA paredes a demolir paredes a construir novas esquadrias Figura 87: Remoções e adições propostas.
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11. DIRETRIZES DE RESTAURO DO MATADOURO MUNICIPAL
RESTAURO DAS FACHADAS - MATADOURO MUNICIPAL esc.: 1/125
Figura 88: Restauro das Fachadas do Matadouro Municipal
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11. DIRETRIZES DE RESTAURO DO MATADOURO MUNICIPAL
RESTAURO DAS FACHADAS - MATADOURO MUNICIPAL esc.: 1/125
Figura 89: Restauro das Fachadas do Matadouro Municipal
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Conjunto KKKK – Brasil Arquitetura - Registro – SP Os antigos galpões que abrigavam as atividades da empresa KKKK (referente ao nome da Companhia Ultramarina de Desenvolvimento Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha) passaram por uma intervenção e requalificação arquitetônica. Finalizado em 2001, na cidade de Registro, São Paulo, o projeto buscava a interação com diversas áreas e seus respectivos profissionais, para que um trabalho de alcance político e social atendesse às necessidades das comunidades – inclusive de futuros usuários -, e atendesse, também, às necessidades de administração pública.
12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS Figura 90: Conjunto KKKK, Registro, SP. Foto: Nelson Kon. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/entrevista/08.030/3295?page=3
O restauro do antigo edifício foi elaborado junto a Prefeitura Municipal de Registro e com a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. Abriga um centro de formação de professores da rede estadual de ensino, um centro de convivência dos moradores da região e o Memorial da Imigração Japonesa do Vale do Ribeira. Os antigos galpões foram restaurados e transformados em Memorial, implantados às margens do rio Ribeira de Iguape, próximos ao primitivo porto de Registro – e apresentam acessos voltados para ambos os lados, tanto para o rio quanto para a cidade.
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS O conjunto é formado por quatro edifícios equivalentes enfileirados (antes destinados ao armazenamento) e um bloco mais alto (a usina de beneficiamento do arroz e local do maquinário), de três pisos, separado dos primeiros. A dimensão dos edifícios é marcada pela proximidade dos telhados de duas águas, agrupados dois a dois (rompida pela inversão da direção do caimento das águas do último bloco), e pela composição das fachadas de alvenaria estrutural de tijolos maciços, deixados à vista, em que se destaca a modulação das arcadas cegas escalonadas e escavadas na superfície. Internamente é visível a estrutura metálica constituída de vigas e pilares. A intervenção deteve-se, portanto, no reconhecimento da expressão arquitetônica do conjunto dos quatro edifícios próximos e na separação destes em relação ao corpo mais alto, onde se instalou o Memorial. Um bloco de menor dimensão, que se inseria entre esses dois blocos de edificações, foi demolido para dar lugar à marquise de concreto que recupera o valor do vazio existente antes da construção daquele novo espaço, portanto, possuem marcas da contemporaneidade.
Figura 91: (a direita)Conjunto KKKK, alpendre da antiga Companhia Ultramarina de Desenvolvimento Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha. Fonte: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.091/181 Figura 92: (abaixo, a direita) Marquise projetada em volta da edificação como referência ao alpendre. Foto: Nelson Kon. Fonte: http://www.arqbrasil.arq.br/_arq/ brasil_arq/brasil_arquitetura.htm Figura 93: (abaixo) Edificação complementar de arquitetura contemporânea, constrasta com a arquitetura da fábrica. Foto: Nelson Kon. Fonte: http://www. arqbrasil.arq.br/_arq/brasil_arq/ brasil_arquitetura.htm
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Centro Cultural Araras – AUM Arquitetos - Araras – SP.
Figura 94: (a direita) Interior de uns dos salões, adaptado para receber um auditório.
O projeto, concluído em 2009, trata da uma antiga estação ferroviária da cidade de Araras, interior do Estado de São Paulo. A intervenção no conjunto existente teve como objetivo resgatar e valorizar as características históricas de cada construção, através da restauração de seus elementos construtivos e da inserção de novos atributos relativos à mudança de uso.
Figura 95: (abaixo) Centro Cultural Araras, marquise e Gare. Fonte: http://aumarquitetos.com.br/projeto/centro-cultural-de-araras/
O partido arquitetônico foi pautado na distribuição do programa de necessidades pelas construções originais, na criação de uma nova edificação para complementação do espaço
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS necessário e na expansão, através de uma nova estrutura, da área coberta da antiga gare. Em um total de 18 mil metros quadrados, o Centro Cultural abriga, além da estrutura reformada, um auditório com 168 lugares, disponível para apresentações teatrais, sessões de filmes e documentários, workshops, concertos, shows e palestras, uma área para exposições de artes plásticas e ambiente dedicado a eventos, com espaço para apresentações musicais e outras atividades artísticas ao ar livre. Os novos itens incorporados ao patrimônio são característicos da contemporaneidade. Reforçando, assim, a distinção entre a intervenção e a originalidade do conjunto.
Figura 96: Gare da estação ferroviária antes da intervenção. Fonte: http:// aumarquitetos.com.br/ projeto/centro-cultural-de-araras/
Figura 97: Gare da estação ferroviária após a intervenção. Fonte: http:// aumarquitetos.com.br/ projeto/centro-cultural-de-araras/
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Praça Victor Civita – Levisky Arquitetos Associados - São Paulo – SP. Inaugurada em 2008, a Praça Victor Civita está localizada terreno onde funcionava, até 1989, o antigo incinerador de Pinheiros, Como tantas outras propriedades industriais, o terreno encontrava-se em profundo estado de degradação. O projeto nasceu do desejo inicial de transformar o terreno do incinerador desativado em uma praça. Revertendo o estado de abandono em que o terreno se encontrou por muito tempo. O projeto viabiliza a transformação e reabilitação do espaço para uso público, recuperando um espaço degradado gerando uma nova área de lazer urbana. O programa do projeto abarca dois conjuntos de atividades distintos: às relativas
Figura 98: (a direita) Perspectiva axonométrica detalhe deck de madeira. Desenho escritório. Fonte: http://www. vitruvius.com.br/ revistas/read/projetos/09.106/2983 Figura 99: (abaixo) Praça Victor Civita, São Paulo. Vista geral. Foto: Nelson Kon. Fonte: http://www. a r c h d a i l y. c o m . br/br/01-10294/ praca-victor-civita-levisky-arquitetos-e-anna-julia-dietzsch
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS a uma praça tradicional, com espaços concebidos para passeios, recreação e shows; e instalações e atividades de museu aberto da sustentabilidade, com percursos educativos sobre tecnologias sustentáveis. O usuário tem também acesso a outros programas, como à arena coberta, ao Museu da Reabilitação instalado no edifício do Incinerador, ao Centro da Terceira Idade, à Oficina de Educação Ambiental, ao Núcleo de Investigação de Águas e Solos subterrâneos e à Praça de Paralelepípedos. A área onde funcionava a fornalha foi completamente isolada, e hoje dá lugar ao ‘Museu da Sustentabilidade’ e a um espaço para pequenos eventos e palestras, além da administração.
Figura 100: Planta e programa da Praça Victor Civita. Desenho do escritório. Fonte: http://www. vitruvius.com.br/ revistas/read/projetos/09.106/2983
Um grande deck de madeira certificada pousa sobre o terreno, suspenso a aproximadamente 1,00 m do nível do piso existente, sustentado por estrutura metálica, de modo a impedir o contato com o solo contaminado. O deck se estende na diagonal do terreno, propondo um percurso que enfatiza a perspectiva natural do espaço e convida o usuário a percorrer os caminhos da Praça A obra foi fruto de uma parceria público-privada entre o grupo Abril Cultural – cuja sede fica à frente da praça – e a prefeitura da cidade de São Paulo.
Figura 101: Praça Victor Civita, vista interna da praça. Foto: Leo Giantomasi. Fonte: http://www. leogiantomasi.com. br/2013/03/09/praca-victor-civita/
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS
Matadero - Madri – Espanha. O projeto consiste na reabilitação das antigas construções do Matadouro de Madrid para abrigar o centro de Artes Cinematográficas. . O projeto original do Matadouro e mercado de gado data 1921. Sua localidade foi definida na época pela sua proximidade com o rio, por estar longe da cidade e perto da estação ferroviária.
Figura 102: Infográfico de implantação do Matadero de Madrid com o programa cultura. Fonte: http:// www.espormadrid.es/2011/03/ matadero-presenta-sus-nuevos-espacios. html
As intervenções se iniciarem em 2005 quando se aprovou um plano especial de modificação, intervenção e adequação arquitetônica e urbanística. O espaço foi adaptado para abrigar como uma sala de concerto, salão de exposição, conferência ou desfile de moda, um sistema móvel que transforma o espaço de acordo com o programa necessário é solicitado: proporcionar uma sala de exposições versátil que pode servir como um grande salão de exposições ou como um espaço menor de exposições independentes. O aspecto mais valioso do prédio é a imagem que representa para a cidade desde o início do século, apesar de não chamar a atenção de todos, à primeira vista, ainda é parte do legado da cidade. Decidiu-se utilizar o mesmo espaço com características originais do matadouro onde os animais são pendurados, mas desta vez para pendurar obras de arte. Os arquitetos optam por reparar e fortalecer a poderosa estru-
Figura 103: Matadero de Madri. Fonte: http://youngntherestless.files.wordpress.com/2013/07/working-madrid_lyn_-3_2.jpg
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12. REFERÊNCIAS PROJETUAIS tura original das paredes da arquitetura. Cada bloco foi intervencionado por um escritório ao longo do tempo. O local tornou-se um campo de experimentação para a nova arquitetura, estabelecendo a preservação das fachadas das edificações. A linha mestra que norteou as intervenções é a reversibilidade, de modo que os edifícios podem ser facilmente devolvidos ao seu estado original. As intervenções mantêm especificamente todos os vestígios do passado para reforçar o caráter experimental de novas instituições que hospedam, buscando um equilíbrio entre intervenção e o pré-construído.
Figura 105: Projeto de remodelamento do rio próximo ao complexo do Matadero. Fonte: http://www.madrid.es/portales/ munimadrid/es/ Inicio/Ayuntamiento/Urbanismo-e-Infraestructuras/ Madri-Rio
Concomitante com a intervenção há uma proposta urbana de requalificação e paisagismo da margem do rio através do projeto Madrid Rio remodelando o ambiente a fim de integrar e comunicar com os bairros próximos.
Figura 104: Fachada da Cineteca Matadero, Churtichaga+Quadra-Salcedo Arquitectos, 2012. Foto: Fernando Guerra. Fonte: http://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-216336/cineteca-matadero-churtichaga-quadra-salcedo-arquitectos
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13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Aluísio de. Sorocaba: 3 séculos de história . Itu (SP): Editora Ottoni, 2002 BADDINI, Cássia Maria. Saúde Pública e Poder Local: Sorocaba no Século XIX. Revista de Humanidades - Publicação do Departamento de História e Geografia da Unive. V. 07. N. 17, ago./set. de 2005. Disponível em: http://periodicos.ufrn.br/mneme/article/viewFile/306/281. Acesso em 22/11/2013. _______. Sorocaba no império: comércio de animais e desenvolvimento urbano. São Paulo: Annablume: Fapesp, 2002 BUILDING BOLLETIN 93, Acoustic design of schools. Londres, 2003
13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Rogério Lopes Pinheiro de. Aspectos da modernidade em Sorocaba: experiências urbanas e representações 1890-1914. In: Revista de História, núm. 151, Dezembro, 2004, pp. 201-225, Universidade de São Paulo. Brasil. ___________. Fisionomia da Cidade: Sorocaba – cotidiano e desenvolvimento urbano -1890-1943. São Paulo, 2008. Dissertação (Doutorado). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Universidade de São Paulo. CARBONARA, Giovanni. Brandi e a restauração arquitetônica hoje – tradução por Beatriz Mugayar Kuhl, Desígnio, 2006, n. 6, p.35-47 CELLI, Andressa. Evolução Urbana de Sorocaba. São Paulo, 2012. Disssertação (Mestrado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo. CHIOVITTI, Nanci Marti. O discurso do progresso: Sorocaba e o fim da Feira de Muares (1850-1900). Campinas, 2003. Dissertação (Mestrado) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de Campinas.
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