ARQUITETURA RELIGIOSA PROJETO DE UM TEMPLO PROTESTANTE

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Universidade de Vila Velha Curso de Graduação em Arquitetura e Urbanismo

ARQUITETURA RELIGIOSA PROJETO DE UM TEMPLO PROTESTANTE

Mônica Alves de Freitas Rocha Vila Velha 2016


UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MONICA ALVES DE FREITAS ROCHA

ARQUITETURA RELIGIOSA: PROJETO DE UM TEMPLO PROTESTANTE

Vila Velha 2016


MONICA ALVES DE FREITAS ROCHA

ARQUITETURA RELIGIOSA: PROJETO DE UM TEMPLO PROTESTANTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Professor Clovis Aquino

Vila Velha 2016


MONICA ALVES DE FREITAS ROCHA

ARQUITETURA DE TEMPLOS PROTESTANTES

Projeto de pesquisa apresentado á disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade de Vila Velha.

COMISSÃO EXAMINADORA: _______________________________________________ Professor Clovis Aquino Universidade Vila Velha Orientador _______________________________________________ Professora Dra. Simone Neiva Universidade Vila Velha Coorientadora

_______________________________________________ Marcos Correa Arquiteto e Urbanista Avaliador Externo Convidado

Data de Defesa: ___/___/_____


RESUMO

Este trabalho tem como objetivo compreender os principais fatos históricos e aspectos relacionados ao protestantismo, que servirão de embasamento teórico para justificar e elaborar uma proposta para uma igreja protestante. Ao longo deste trabalho, serão apresentados conceitos pertinentes ao tema como o surgimento do protestantismo, a importância de alguns personagens como Martinho Lutero e João Calvino para esse surgimento, analisar de que forma o seu surgimento influenciou nas transformações dos templos (espaço litúrgico). Buscando compreender como se encontra as edificações destinadas a este público, quando avaliadas em relação à sua concepção arquitetônica. A maioria das denominações protestantes tem uma relação diferente com o espaço religioso, para sua maioria o espaço do templo em si (o espaço litúrgico), não é sagrado, ele adquire essa condição, consagra-se o lugar onde está. O local sagrado é então qualquer lugar, sendo assim, é compreensível que os protestantes em geral, reúnam-se em qualquer lugar capaz de acomodá-los para o culto público. Para embasar essas características, foi abordado o conceito do que é templo para os protestantes e os modelos arquitetônicos atuais. Com base em estudos bibliográficos, estudos de casos, que permitam a elaboração de diretrizes projetuais, para um projeto arquitetônico de uma igreja protestante ofertando um espaço confortável e apropriado para prática religiosa. Por fim, foram traçadas diretrizes para a escolha e localização do terreno bem como suas condições de uso para a concepção da proposta.

Palavras-Chave: Arquitetura, Protestantismo, Templo.


ABSTRACT

The objective of this work is to analyze the historical and aspects related to Protestantism, which will serve as theoretical basis to justify and elaborate a proposal for a protestant church. Throughout this work, pertinent concepts related to the theme will be presented, such as the birth and rise of the protestant movement and the importance of some key characters, like Martin Luther and John Calvin, an analysis of how its rise influenced the transformation in the temples (liturgical spaces) to comprehend how these buildings have been architecturally conceptualized when taken in consideration its influence. Most protestant churches have a different relationship to its space, for the majority the temple itself isn’t sacred, although, it only becomes sacred when its intentional use has commenced. Therefore, the sacred space can be anywhere, then it is understandable that protestants will gather in any place that can accommodate its members for their rituals. To understand its characteristics, we look at the concept of temple for the protestant faith and the current architectural models. By reviewing literary studies and case studies that allow the creation for project guidelines for an architectural project for a protestant church, that will offer a comfortable and appropriate place for mass. Lastly, guidelines were made for the choice of the land as well as the conditions for its conceptual proposal.

Keywords: Architecture, Protestantism, Temple.


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1. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Igreja Jacobikerk, em Utrecht .......................................................... 25 Figura 2 – Desenho exterior do templo de Lyon, em Paradis, (plano circular e destaque do púlpito ao centro) ......................................................................... 26 Figura 3 – Igreja Protestante, localizada em Leyden, Holanda. ....................... 27 Figura 4 – Interior da Igreja Protestante, localizada em Leyden. ..................... 27 Figura 5 – Igreja Protestante localizada em Noord-Brabant, Países Baixos. ... 29 Figura 6 – Planta retangular a circular (Catedral deSt. Paul, em Londres) ...... 29 Figura 7 – Catedral de St. Paul (Londres) e sua planta ................................... 30 Figura 8 – Interior e Exterior da igreja St. Martin-in-the-Fields, Londres .......... 30 Figura 9 – Localização espacial da igreja Die Fraueinkirche, na Alemanha, em Dresden. ........................................................................................................... 31 Figura 10 – Igreja de Madaleine, Paris com traços neoclássicos ..................... 31 Figura 11 – Exterior da igreja congregacional de Perysburgh, EUA/Estilo genérico assemelhado às casas dos fiéis ........................................................ 34 Figura 12 – Oak Hills Church of Christ ............................................................. 35 Figura 13 – Imagem Interna da Oak Hills Church of Christ .............................. 36 Figura 14 – Lakewood Church em Houston, Texas ......................................... 36 Figura 15 – Auditório Lakewood Church em Houston, Texas .......................... 37 Figura 16 – Auditório Willow Creek Community Church ................................... 37 Figura 17 – Willow Creek Community Church .................................................. 38 Figura 18 – Catedral da Sé/Estilo neogótico marcado por traços da Idade Medieval ........................................................................................................... 39 Figura 19 – Igreja Presbiteriana do Centro de Maceió, século XX ................... 39 Figura 20 – Igreja Universal adaptada, Centro, Vitória - ES ............................. 42 Figura 21 – Igreja Assembleia de Deus - Antigo Cine São Luiz- Centro, Vitória ES .................................................................................................................... 42 Figura 22 – Igreja Universal adaptada, Vila Velha – ES. .................................. 43 Figura 23 – Igreja Universal específica, Vitória ES ........................................ 44 Figura 24 – Interior da Igreja Universal, projeção específica. .......................... 44 Figura 25 – A Igreja de Jesus Cristo ................................................................ 45


7 dos Santos dos Últimos Dias, Cariacica – ES

Figura 26 – AIgreja de Jesus

Cristo dos Santos dos ...................................................................................... 45 Figura 27 – Igreja Maranata em Vitória - ES .................................................... 46 Figura 28 – Igreja Maranata em São Paulo ...................................................... 46 Figura 29 – Planta baixa, segundo sugestão de Lingerfelt ............................... 47 Figura 30 – Imagem aera da Igreja batista do Farol, Maceió ........................... 48 Figura 31 – Igreja Universal na cidade do Rio de Janeiro– Drive Thru de Oração ............................................................................................................. 49 Figura 32 – Tenda Drive –Thru, na cidade do Rio de Janeiro .......................... 49 Figura 33 – Igreja Mundial do Poder de Deus .................................................. 50 Figura 34 – Igreja Outdoor ............................................................................... 50 Figura 35 – Igreja Universal, exemplo de igreja colagem. ................................ 51 Figura 36 – Templo de Salomão, Igreja Universal – São Paulo, SP ................ 52 Figura 37 – Vista aérea, Templo de Salomão, Igreja Universal. ...................... 52 Figura 38 – Imagem Exterior do Templo da Paz, Curitiba. ............................... 54 Figura 39 – Vista aérea, campus Unicenp. ...................................................... 54 Figura 40 – Ampliação trecho da vista aérea, Templo da Paz ......................... 55 Figura 41 – Imagem do Templo, no anoitecer. ................................................. 55 Figura 42 – Imagem do Templo, vista do lago. ................................................ 56 Figura 43 – Imagem da Passarela. .................................................................. 57 Figura 44 – Planta Baixa, Templo da Paz, Curitiba, PR. .................................. 57 Figura 45 – Imagem do interior do Templo da Paz, Curitiba, PR. .................... 58 Figura 46 – Praça Rosa-dos-Ventos, Templo da Paz, Curitiba, PR. ................ 58 Figura 47 – Vista aérea da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES. ...................... 59 Figura 48 – Ampliação trecho da vista aérea da Primeira Igreja Batista, Vitória ES .................................................................................................................... 60 Figura 49 – Vista da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES. ................................ 60 Figura 50 – Imagem da Primeira Igreja Batista, Vitória –ES (os dois volumes da edificação). ....................................................................................................... 62 Figura 51 – Imagem da Fachada da Primeira Igreja Batista de Vitória ............ 63 Figura 52 – Projeto Fachada da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES. .............. 63 Figura 53 – Vista do jardim da Primeira Igreja Batista de Vitória ..................... 64 Figura 54 – Vista para baía de Vitória. ............................................................. 64


8 Figura 55 – Planta baixa Subsolo..................................................................... 65 Figura 56 – Planta baixa Térreo. ...................................................................... 66 Figura 57 – Planta Baixa Segundo Pavimento. ................................................ 66 Figura 58 – Planta Baixa Terceiro Pavimento. ................................................. 67 Figura 59 – Acessos Térreo ............................................................................. 68 Figura 60 – Imagem interna do templo ............................................................. 69 Figura 61 – Corte da Primeira Igreja Batista de Vitória – ES............................ 69 Figura 62 – Planta Baixa do Templo- Galeria e circulações ............................. 70 Figura 63 – Localização do Terreno para implantação do projeto.................... 73 Figura 64 – Ampliação da localização do terreno............................................. 73 Figura 65 – Imagem do terreno escolhido ........................................................ 74 Figura 66 – Mapa de Gabarito com entorno do terreno escolhido. .................. 74 Figura 67 – Mapa Uso do Solo com entorno do terreno escolhido................... 75 Figura 68 – Principais Referências do Entorno ................................................ 76 Figura 69 – Trecho Mapa Zoneamento, Plano Diretor Municipal Vila Velha - ES. ......................................................................................................................... 77 Figura 70 – Quadro de Enquadramento de Atividades por Zona ..................... 77 Figura 71 – Quadro de Enquadramento de Atividades .................................... 78 Figura 72 – Quadro de Índices Urbanísticos .................................................... 78 Figura 73 – Quadro de Afastamentos Mínimos relacionados ao terreno escolhido para implantação do projeto. ............................................................ 79 Figura 74 – Análise do sentido do fluxo Viário no entorno do terreno escolhido para implantação do projeto. ............................................................................ 80 Figura 75 – Imagem da Rua Quatro, à direita, com rua C à esquerda, com o conjunto habitacional ao fundo e o terreno proposto. ....................................... 80 Figura 76 – Imagem da Rua Quatro, à esquerda, e o templo da igreja católica. ......................................................................................................................... 81 Figura 77 – Imagem da Rua C. ........................................................................ 81 Figura 78 – Imagem Rua Itaperuna.................................................................. 82 Figura 79 – Mapa de Classificação Sistema Viário .......................................... 82 Figura 80 – Analise microclima ........................................................................ 83 Figura 81 – Equinócio de Outono e Primavera................................................. 84 Figura 82 – Solstício de Inverno e Verão ......................................................... 84


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Figura 83 - Perspectiva do acesso principal - Fonte: Arquivo Pessoal............. 86 Figura 84 - Perspectiva do acesso principal - Fonte: Arquivo Pessoal............. 88 Figura 85 - Fachada- Fonte: Arquivo Pessoal .................................................. 88 Figura 86 - Perspectiva do acesso principal - Fonte: Arquivo Pessoal............. 89 Figura 87 – Jardim Interno no primeiro pavimento - Fonte: Arquivo Pessoal ... 89 Figura 88 - Perspectiva - Fonte: Arquivo Pessoal ............................................ 90 Figura 89 - Setorização do primeiro pavimento - Fonte: Arquivo Pessoal ........ 91 Figura 90 – Foto esquemática - Fonte: Arquivo Pessoal .................................. 91 Figura 91 - Setorização do segundo pavimento - Fonte: Arquivo Pessoal ....... 92 Figura 92 – Fachada principal - Fonte: Arquivo Pessoal .................................. 92


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SUMÁRIO 1.

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12

2.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DO PROTESTANTISMO ......................... 15

2.1 Surgimento do Protestantismo ........................................................................... 17 2.2 Aspectos do Luteranismo ................................................................................... 19 2.3 Aspectos do Calvinismo ..................................................................................... 19 2.4 O Protestantismo no Brasil................................................................................. 20 3.

A REFORMA PROTESTANTE E A RELAÇÃO COM O TEMPLO ..................... 22

3.1 Os primeiros templos protestantes na Europa ................................................... 24 3.2 Os templos protestantes norte americanos ........................................................ 33 3.3 Os templos protestantes no Brasil ..................................................................... 38 3.3.1 Igrejas adaptadas funcionalmente ............................................................... 41 3.3.2 Igrejas de projeção específica ...................................................................... 43 4. ESTUDOS DE CASOS .......................................................................................... 52 4.1 Templo da Paz, em Curitiba, PR. ....................................................................... 53 4.1.1 Implantação ................................................................................................. 54 4.1.2 Partido Arquitetônico ................................................................................... 55 4.1.3 Programa de Necessidades ......................................................................... 57 4.2 Primeira Igreja Batista, em Vitória, ES. .............................................................. 59 4.2.1 Implantação ................................................................................................. 59 4.2.2 Partido Arquitetônico ................................................................................... 61 4.2.3 Programa de Necessidades ........................................................................ 63 5. ARQUITETURA RELIGIOSA - PROJETO DE UM TEMPLO PROTESTANTE ..... 71 5.1 ANÁLISE DO TERRENO..................................................................................... 71 5.1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................... ......................

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5.1.2 ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO ..................................................................... 76 5.1.3 POTENCIAIS CONSTRUTIVOS ............................................................... 79 5.1.4 CONDICIONANTES FISICOS - AMBIENTAIS .......................................... 83 5.2 O PROJETO ........................................................................................................ 85 5.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES ..................................................................... 85 5.4 IMPLANTAÇÃO – PAVIMENTO TÉRREO .......................................................... 86 5.5 A FACHADA ........................................................................................................ 88


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5.6 SETORIZAÇÃO PRIMEIRO PAVIMENTO .......................................................... 89 5.7 SETORIZAÇÃO – SEGUNDO PAVIMENTO ....................................................... 91 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 93 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 95


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1. INTRODUÇÃO A arquitetura religiosa é algo que faz parte do contexto das cidades. Elas estão inseridas no contexto urbano, seja através de edificações monumentais ou de espaços adaptados. De acordo com Fujiki (1997), a história da arquitetura está amplamente relacionada à história da arquitetura religiosa. Glancey (2001) afirma que os primeiros templos registrados são os Zigurates, na Suméria os templos babilônicos, egípcios, gregos, e posteriormente, os romanos. Em todos esses locais, os templos se mostravam imponentes, podiam ser para um ou mais deuses, marcavam a arquitetura local, expressavam a grandiosidade do deus a quem eram dedicados. As primeiras indicações de templos surgem antes mesmo do cristianismo conforme relatos em textos bíblicos. Com o nascimento do cristianismo, os templos ganham a maior importância com a necessidade de locais para reunião dos cristãos. Com o surgimento da igreja católica, os espaços religiosos ganham maior força e proporção. A Igreja detinha uma grande influência na sociedade, não só religiosa como política. Esse poder se refletiu nas construções das igrejas, que chegam ao século XVI monumentais repletas de bens e ornamentos e representações artísticas. O protestantismo surgiu do questionamento religioso do que era ensinado pela religião católica, com isso, houve um rompimento que resultou em alguns aspectos diferentes da religião antes predominante. Essa ruptura buscou distinguir os protestantes dos católicos, e o protestantismo abre mão de alguns elementos e ornamentos de valor simbólico para a religião católica, tais como cruz, imagens, afrescos, vitrais, baixos relevos e etc., assim


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valorizando menos o espaço físico, como parte de seus princípios religiosos. (SAYAO, 2012) O protestantismo inicialmente não era considerado uma religião oficial como a católica, por esse motivo, construções de templos não eram permitidos em muitos locais. Os seus membros se reunião em locais improvisados, esse fato aliado a busca da ruptura com a religião católica, fez com que a arquitetura dos templos não tivesse um destaque em meio a paisagem. Com isso, surge o questionamento, será que as igrejas protestantes são facilmente identificáveis dentro do esquema global da cidade de hoje? O espaço sagrado protestante pode ser lido com facilidade? O que se tem transmitido um convite a entrar ou os “templos” tem sua arquitetura “camuflada”? Ao analisar algumas denominações protestantes, foi possível perceber que a maioria não se destaca em meio à paisagem, ainda fazem uso de locais adaptados para reunir seus frequentadores. O objetivo deste trabalho é analisar o contexto histórico do surgimento do protestantismo, que ajuda a compreender o porquê da arquitetura de templos protestantes não se destacar em meio à paisagem, e apresentar as principais características do espaço religioso protestante destacando algumas tipologias, a fim de elaborar um projeto pensado no espaço religioso levando em conta as necessidades desse espaço. Para alcançar o objetivo do trabalho, foi feito analises através da literatura, buscando compreender o contexto histórico do protestantismo e de que forma isso se reflete na arquitetura dos seus templos. Utilizar informações e aspectos de projetos existentes que possam nortear posteriormente a elaboração da proposta. Além de analisar o local, onde o projeto será proposto levantando os principais condicionantes projetuais, tais como: contexto local, legislação, potenciais construtivos e condicionantes físico-ambientais.


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Os templos cristãos protestantes não possuem arquitetura própria, com isso algumas denominações adaptam salas comerciais que normalmente não atendem as necessidades de uma igreja protestante, para realização de seus cultos. As adaptações geram problemas como falta de conforto acústico, acessibilidades, instalações sanitárias insuficientes, conforto dos assentos, conforto térmico, circulação e renovação de ar, conforto visual e número insuficiente de salas para as atividades ministradas. Por esses motivos observou-se a necessidade de repensar no projeto que atenda às necessidades de seus usuários, a fim de oferecer um projeto adequado com uma infraestrutura para o pleno desenvolvimento de atividades da igreja específica. A metodologia para a realização do projeto de uma igreja protestante inicialmente, se dá através de pesquisas bibliográficas literárias a respeito dos conceitos relevantes acerca do tema, utilizar aspectos pertinentes de projetos existentes para auxiliar na elaboração das diretrizes e analisar o local a ser inserido o projeto. Com base nesses aspectos, o trabalho está dividido em cinco capítulos. O

primeiro

capítulo

apresenta

uma

introdução,

apresentando

uma

contextualização do tema. O segundo capítulo aborda o contexto histórico do protestantismo, seu surgimento, características e sua inserção no Brasil. O terceiro capítulo apresenta o que o espaço templo representa para o protestantismo, os elementos e características arquitetônicas desses espaços. O quarto capítulo analisa edificações existentes e seus aspectos relevantes para nortear a elaboração e diretrizes do projeto. Por fim, o quinto capítulo analisa a localização do terreno, que será implantada a edificação, seus aspectos e potencialidades, seguido de um breve texto abordando as diretrizes projetuais.


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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

HISTÓRICA

DO

PROTESTANTISMO Esse capítulo apresenta a contextualização histórica do protestantismo, os fatos apresentados, nos fazem compreender as transformações que o protestantismo traz para a história, especificamente, para arquitetura religiosa. Possibilitando entender de que forma essas mudanças refletem nas construções dos templos religiosos protestantes. Anterior ao cristianismo, passamos pela história judaica do velho testamento bíblico, onde existem as primeiras indicações de templos. O capítulo 25 do Livro de Êxodo, na Bíblia Sagrada, apresenta a história onde Deus instruiu seu povo na construção do tabernáculo, que era um templo itinerante, uma tenda que acompanharia os judeus em sua longa jornada a terra prometida de Canaã. No período de Davi entre os anos de 1010 a.C. até o ano de 931 a.C., com a unificação do Reino de Israel no período do seu reinado, esperava-se que fosse construído um Templo que servisse como santuário nacional, porém, segundo o Livro de Samuel capítulo 7, na Bíblia Sagrada, a construção do Templo estaria em desacordo com a palavra de Deus: “[...] Porque em casa nenhuma habitei desde o dia em que fiz subir os filhos de Israel do Egito até ao dia de hoje; mas andei em tenda e em tabernáculo. ” (2 Samuel 7,6).

O Livro de 1 Reis no capítulo 8 na Bíblia Sagrada, a construção do templo pelo Rei Salomão que marcou aquele povo, embora ele mesmo afirmasse que nenhum templo por maior que fosse, continha a grandiosidade de Deus. De acordo com Matos (2008), esses locais representavam ao mesmo tempo a presença de Deus em meio ao povo e o mistério e a sublimidade do Ser Divino, simbolizado pelo santo dos santos.


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Para os judeus, o Templo foi perdendo o seu valor depois de sua destruição destes pelos romanos e também pela existência de sinagogas, que eram locais de reunião com menor importância que um templo. (MATOS, 2008) Com o nascimento do cristianismo, baseados nos ensinamentos de Jesus Cristo, ressurge a necessidade de se estabelecer locais de reuniões. Devido às perseguições aos cristãos essas reuniões ocorriam em casas de fiéis, túmulos e em alguns locais públicos (MATOS, 2008). Em 313 d.C., o Edito de Milão1, apoiado pelo imperador Constantino I, concordou que os cristãos tivessem o direito de praticar livremente a sua religião. Entretanto sua atitude era eminentemente política. Com isso, houve a construção de inúmeras igrejas, promovendo a expansão e difusão dessa nova religião. (TREVISAN, 1973). Segundo Araújo (2005), as construções religiosas começaram no período da Idade Média e da Renascença a receber elementos artísticos tais como pinturas, esculturas e outros. As histórias bíblicas passaram a ser temas de representação artística ao longo das catedrais. Com o uso de elementos artísticos na composição das igrejas, surgem estilos arquitetônicos em sua concepção, como, por exemplo, o estilo gótico. A Igreja demonstrava seu poder e impactava as pessoas através das suas edificações, não só no visual, mas no olfativo com incenso e velas, e no auditivo com música e liturgia. Criava, portanto, uma atmosfera mística para o fiel (MATOS, 2008). De acordo com Araújo (2005), as igrejas chegaram ao século XVI monumentais, repleta de bens e ornamentos, representando o poder que a igreja exercia na época. Os líderes da Igreja se apropriavam do conhecimento bíblico sem contribuir para o livre entendimento dos fiéis, com isso começa a haver muitos questionamentos em relação às doutrinas e tradições. É nesse 1

Edito de Milão, também referenciado como Édito da Tolerância, declarava que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda perseguição sancionada oficialmente, especialmente do cristianismo. Fonte: Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dito_de_Mil%C3%A3o> . Acesso em 05 de Maio de 2015.


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momento, que surge o protestantismo rompendo com o pensamento católico em diversos aspectos, inclusive nos elementos estéticos valorizados pela religião. Segundo Sayao (2012), o protestantismo interpreta que Deus não condena a arte, ao contrário, inspira à criação. O que DEUS condena é a adoração que pode ser feita a um desses objetos artísticos, causando a idolatria. Por causa dessas crenças as igrejas protestantes geralmente não possuem elementos simbólicos e apresentam uma arquitetura simples, limpa e discreta. Algumas ramificações, como os pentecostais, possuem igrejas completamente desconectadas do pensamento de local sagrado, já que se apropriam de espaços como cinemas, boates, teatros, galpões e garagens, entre outros, para realização dos cultos (ABUMANSSUR, 2000). Abumanssur (2000) considera que a apropriação de locais transformados em igrejas não proporciona o verdadeiro sentido do templo, pois não há identidade nem uma relação histórica, podendo ser caracterizado como “não lugares” ou “não espaços”. O templo, enquanto “lugar”, simboliza a relação dos indivíduos consigo mesmos, e com outros indivíduos que frequentam o mesmo templo e com uma história comum. Analisando o que o protestantismo acredita e os alicerces para a sua doutrina, é possível perceber a busca por espaços que trazem simplicidade e sutileza. Faz-se necessário que esses espaços sejam elaborados visando o conforto, simplicidade e funcionalidade, tendo em vista a necessidade que as pessoas têm em estar conectados a esse espaço e sentirem-se parte dele.

2.1 Surgimento do Protestantismo O protestantismo é uma das ramificações do cristianismo, e surgiu numa tentativa de Reforma da igreja católica. É importante ressaltar que antes da existência do protestantismo, a igreja católica exercia grande influência na sociedade, tanto religiosamente como politicamente.


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De acordo com Matos (2008), as crises políticas e sociais que atingiram Roma no final da Idade Média, provocaram na população insatisfação e insegurança quanto ao desenvolvimento da sociedade. Esses acontecimentos contribuíram para uma crise no cenário religioso, pois a igreja católica possuía uma grande influência nos assuntos políticos, assim como na população. Todavia, segundo Souza (2011), uma série de acontecimentos fez com que a população despertasse para o poder influenciador que a igreja católica detinha, podendo destacar entre esses acontecimentos, a ascensão da burguesia, o aparecimento de escândalos que envolviam o clero e a troca de indulgencias. Com esses acontecimentos o negativismo religioso aumentou e a insatisfação da população também, que passou a questionar alguns aspectos da igreja católica. Na Alemanha em 1517, inicia-se o protestantismo pelo monge Martinho Lutero que fixa nos portões do castelo de Wittenberg2 o escrito de sua autoria denominado as Noventa e Cinco Teses. Esse documento continha as contradições referentes às verdades católicas. Após esse acontecimento, Martinho Lutero escreve outras obras de literatura religiosa, causando revolta no poder eclesiástico, que proíbe a publicação destes textos, através do Edito Worms3, declarando Martinho Lutero como herege e um criminoso, proibindo a leitura dos seus textos por parte da população (MATOS, 2008). Com isso o protestantismo se ramificou tendo início com o Luteranismo por Martinho Lutero, o Calvinismo por João Calvino e outros. Atualmente, costumase classificar as igrejas protestantes em pentecostais e neopentecostais.

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Wittenberg é uma cidade da Alemanha, a cidade guarda uma importância histórica religiosa como um dos cenários da Reforma Protestante. Fonte: Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Wittenberg>. Acesso em 05 de maio de 2015. 3 O Édito de Worms foi um decreto do imperador romano Carlos V, que proibiu os escritos de Martinho Lutero e o rotulou como inimigo do Estado. Fonte: Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89dito_de_Worms>. Acesso em 05 de maio de 2015.


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2.2 Aspectos do Luteranismo Segundo Santana (2010), a história da Igreja Luterana está ligada a Reforma protestante e a trajetória de Martinho Lutero, que teve a oportunidade de ministrar aulas na Universidade de Wittenberg, tendo uma oportunidade de estudar a Bíblia de forma mais profunda, onde poucos naquela época tinham o livro em mãos e era necessário conhecimento em latim, pois era o idioma das Escrituras, e não era permitido realizar traduções, esse estudo faz com que ele questione alguns aspectos ensinados. Após a proclamação das Noventa e Cinco Teses, Martinho Lutero é rejeitado pela Igreja, e é excomungado, sendo acolhido por boa parte do povo e por uma nobreza interessada em se aproveitar da situação. Com isso as suas ideias se propagam e alcançam adeptos em outros países europeus. A Reforma Religiosa proporcionou a tradução da Bíblia a livre interpretação de se leitor (SANTANA, 2010). De acordo com Santana (2010), a Reforma Protestante, surgiu em um período de mudança social, com ascensão da burguesia. Essas mudanças religiosas trouxeram novos valores, crenças e doutrinas a essa sociedade.

2.3 Aspectos do Calvinismo Araújo (2010) afirma que o Calvinismo foi fundado por João Calvino no século XVI, após se aprofundar na doutrina criada por Martinho Lutero. Calvino apresenta uma nova proposta religiosa tendo como principal temática a predestinação, iniciando na Suíça, depois na França e na Inglaterra. O Calvinismo tornou-se, desde metade do século XVII, a corrente protestante mais numerosa na Inglaterra, tendo três grupos principais os puritanos, composto pela média burguesia; os presbiterianos, com um comportamento mais moderado e composto pela alta burguesia e os anabatistas, um grupo mais radical, formados por artesãos e camponeses pobres, que além de sofrer


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perseguição

pelos

anglicanos4

(religião

também

protestante),

eram

discriminados pelos puritanos que consideravam a pobreza como falta da graça divina. (ARAÚJO, 2010). Segundo Araújo (2010), essa discriminação está relacionada à temática da predestinação, que significa que, o homem foi criado com um destino traçado por Deus, ou seja, a condenação ou a salvação. Essa teologia foi amplamente aceita por grupos insatisfeitos com a igreja católica, principalmente pela nobreza e burguesia, porque defendiam que quanto mais “privilegiada” uma pessoa fosse (ricos e com maior número de posses), seriam então escolhidas para a salvação. A doutrina calvinista era mais rígida que a luterana, pois não admitia ostentação de luxo ou riqueza. Assim como os luteranos, os calvinistas aderiram a apenas dois dos sacramentos da igreja católica, sendo estes o batismo e a eucaristia. (ARAÚJO, 2010).

2.4 O Protestantismo no Brasil O protestantismo no Brasil surge ainda no período colonial, século XVI, influenciado pela vinda da coroa portuguesa e a abertura do comércio com outros países, que possibilitou a vinda de imigrantes protestantes, trazendo suas crenças religiosas. Porém, apesar da permissão de outras práticas religiosas, por não ser a religião oficial, o protestantismo obteve algumas restrições, tais como o não proselitismo e o fato dos cultos não poderem ser realizados em templos. Segundo Negrão (2008), com o catolicismo sendo a religião oficial no Brasil, pois foram os portugueses católicos que o colonizaram, os jesuítas tiveram uma estratégia de implantação que permitia visibilidade e segurança total da região a catequizar. Com uma legislação que assegurava o domínio da 4

O anglicanismo é uma forma de cristianismo. É parte do ramo protestante da religião cristã. O anglicanismo desenvolveu-se na Inglaterra, e a Igreja da Inglaterra é ainda a principal Igreja dos anglicanos. Fonte: Disponível em: <http://escola.britannica.com.br/article/480606/anglicanismo. > Acesso em 10 de maio de 2015.


21 linguagem arquitetônica “sacra”, o catolicismo utilizou de elementos do barroco para assegurar um domínio no tecido urbano nas cidades brasileiras. Com igrejas implantadas no centro da cidade, com uma praça localizada em frente, tendo a intenção de que a rua conduzisse ao interior da igreja, produzindo uma sensação de continuidade, além da praça que tinha a intenção de ser um espaço aberto proporcionando destaque à igreja, conduzindo ao espaço “sagrado” (NEGRÃO, 2008). De acordo com Negrão (2008), somente com a proclamação da República no ano de 1889 e com a criação de uma constituição que estabelecia uma sociedade pluralista e a não interferência do Estado no caráter religioso, que se desenvolveu ao longo do século XX, houve uma maior liberdade religiosa. “[...] a simpatia que os imperadores brasileiros D. Pedro I e D. Pedro II tiveram em relação a grupos protestantes, permitindo a liberdade de culto para brasileiros natos, a formação de colônias protestantes e a livre atuação de missionários norteamericanos, pouco alteraram o panorama religioso no período” (NEGRÃO, 2008, p.5).

Mesmo com a permissão da pratica do protestantismo, os protestantes foram fortemente perseguidos e humilhados. De acordo com Alves (1973), com a proibição por lei de construir templos, os protestantes construíram “casas de oração”, local onde se reuniam. Sá (2012) afirma que com a distribuição e venda da Bíblia, houve uma maior repercussão do protestantismo no Brasil, aumentando o número de edificações religiosas protestantes, inicialmente concentradas no sul do país e com o passar do tempo se espalhou pelas demais regiões. Atualmente, segundo dados do IBGE (2010), a religião protestante encontra-se consolidada em todo o território nacional, representando a religião de 22,2% da população brasileira.


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3. A REFORMA PROTESTANTE E A RELAÇÃO COM O TEMPLO Este capítulo apresenta alguns exemplos dos primeiros templos protestantes na Europa, nos países norte-americanos e no Brasil como fator de contribuição na arquitetura dos templos das igrejas protestantes pautadas na criação de grandes espaços religiosos, quais as tipologias das Igrejas Protestantes no Brasil atualmente, objetivando identificar elementos que possam servir de auxílio para elaboração do projeto. Segundo Matos (2005), a ruptura do protestantismo das crenças da religião católica, buscou a distinção entre as religiões em suas crenças e doutrinas, com seu princípio básico da sola scriptura (a Centralidade das Escrituras). Essa distinção se torna evidente na arquitetura, como no retorno da forma de culto mais simples, com a igreja neotestamentária5 enfatizando a rejeição de qualquer ato de devoção que não fosse somente à trindade. Com isso, a reforma protestante traz um questionamento ao que se refere à concepção de espaço sagrado. Na Europa, os templos católicos herdados pela reforma protestante tiveram suas imagens e altares removidos, e não havia mais espaços separados entre clero e leigos. Alguns grupos e indivíduos na Suíça cometeram atos de “iconoclasmo”6, destruindo uma grande quantidade de artes sacras. Entretanto, de acordo com Matos (2005), no Hemisfério Norte a maior parte das denominações protestantes históricas mantiveram um interesse pela arquitetura e arte religiosa, porém a relação com arte não mantinha a mesma conotação de simbolismo que as tradições católica e ortodoxa. Com a difusão das igrejas protestantes nos demais continentes, houve a tendência de reproduzir modelos arquitetônicos e estéticos das igrejas de origem sem a preocupação das mesmas estarem inseridas no contexto local. 5

Termo religioso para se referir aos livros da Bíblia do Novo Testamento. Fonte: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/neotestament%C3%A1rio/>. Acesso em 10 de maio de 2015. 6 Iconoclasmo é uma doutrina de pensamento oposta ao culto a ícones e símbolos religiosos e políticos; toda pessoa que não venera imagem é um iconoclasta. Fonte: Disponível em: <http://www.dicionarioinformal.com.br/iconoclasmo/ >. Acesso em 05 de maio de 2015.


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Somente no século XX, houve o processo de nacionalização onde os templos passam a manifestar as características e preferencias do local inserido. Em países como o Brasil, que embora tivesse como religião oficial o catolicismo, mas com interesse em atrair imigrantes europeus, foi permitida a prática religiosa protestante e a construção de seus santuários, desde que os mesmos não apresentassem em sua forma exterior elementos de arquitetura religiosa, ou seja, elementos simbólicos presente em algumas igrejas (cruz, sino), contribuindo assim para o empobrecimento arquitetônico e artístico dos templos religiosos (MATOS, 2005). Baseado em Matos (2005), torna-se possível distinguir a relação dos cristãos com os seus locais de culto ao longo da história, considerando o santuário como um lugar dotado de virtudes especiais, havendo desinteresse pelos espaços religiosos em si, valorizando-se apenas as atividades neles realizadas. Todavia, é necessário analisar se os aspectos que contribuíram para o empobrecimento arquitetônico de algumas Igrejas Protestantes devem ser revistos. Pois é possível criar algo simples e singelo sendo um espaço adequado. De acordo com Suda (2014), os edifícios religiosos devem satisfazer algumas especificações funcionais, porém devem se levar em conta que todos os espaços são para cultos e reflexão contribuindo para fortalecer conceitos de comunidade e grupos. Utilizar de forma criativa materiais e novos métodos de construção, proporcionando valorização do espaço. No passado a arquitetura religiosa era guiada por um programa arquitetural baseado em cultura, normas e formas. Agora, no entanto, a arquitetura religiosa como um tipo de construção está se tornando cada vez mais diversa e pode de fato forçar mudanças nos programas das atividades religiosas (FUJIKI, 1997, p. 5).

Como resultado das diversas ramificações do protestantismo, da evolução tecnológica, da busca pela excelência, da preocupação com a estética, conforto termo acústico e da sustentabilidade, surgindo um novo modelo de pensar o edifício religioso, com a construção de enormes complexos, agregando mais atividades e funções. Busca-se a qualidade não só no templo,


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como lugar de adoração, mas nas demais estruturas que compõem esses espaços, criando ambientes multifuncionais que atraem frequentadores (SUDA, 2014).

3.1 Os primeiros templos protestantes na Europa O protestantismo surgiu em meio a uma sociedade que tinha como referência a igreja católica com influência social e política. Sendo assim, o período inicial do protestantismo foi marcado por perseguições, buscando conquistar seu espaço e liberdade. A maioria das ramificações do protestantismo não obteve uma grande expressão na arquitetura, tendo em vista que suas reuniões eram realizadas em locais improvisados, e aproveitando antigas igrejas católicas. No século XVI, o calvinismo cresceu em popularidade nos Países Baixos, porém com as perseguições, eram realizadas reuniões clandestinas ao ar livre e não se construiu igrejas protestantes. Em 1568, houve uma rebelião contra o rei espanhol, conquistando a liberdade religiosa para o protestantismo (GREENAGEL, 2013). Greenagel (2013) afirma que a rebelião não foi uma guerra para a tolerância religiosa. Nos locais em que os rebeldes tomaram o poder, os católicos acabaram perdendo seus direitos religiosos, com exceção de algumas partes da atual província de Limburg7, onde os católicos foram obrigados a partilhar suas igrejas com os protestantes. Em alguns casos, a igreja foi entregue aos calvinistas. Outros grupos protestantes, apesar de tolerados, não eram autorizados a construir igrejas. Mais tarde essa proibição foi revogada. Algumas igrejas católicas foram entregues aos protestantes, eles retiraram os mobiliários católicos e suas paredes foram pintadas de branco, com objetivo de esconder todos os murais e imagens que eram verdadeiras obras de artes. Como exemplo, Jacobikerk, em Utrecht nos Países Baixos (Figura 1).

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Limburg é uma província dos Países Baixos, localizada no extremo sul da Holanda.


25 Figura 1 – Igreja Jacobikerk, em Utrecht

Fonte: www.archimon.nl. Acesso em 30 de março de 2015.

De forma que os preceitos religiosos do Protestantismo diferiram dos preceitos religiosos da Igreja Católica, consequentemente, no início, houve repudio a sua arquitetura de templos, demarcando mudanças e alterações radicais, tendo como predominância templos marcados pela simplicidade, uma vez que eles valorizavam mais a palavra escrita e verbal (com referência à Bíblia Sagrada) a ser lida e ouvida que a adoração a imagens e liturgias rotineiras que demandavam objetos fixos no altar. Mesmo com a utilização dos templos católicos pelos protestantes, há de se concordar com Kilde (2002) que essa arquitetura não atendia aos preceitos de valorização da mensagem auditiva, pois ela atendia ao projeto arquitetônico basilical com o altar na extremidade bem como a audibilidade de todos os fiéis se tornava uma problemática devido ao revestimento das paredes e piso ser feitas com pedras, dificultando a circulação do som. Modificações, portanto, necessitavam ser feitas nos templos tomados e observado na projeção e construção dos novos templos protestantes. Fato que Viola (2005) ressalta ser uma das principais modificações decorridas na arquitetura da Igreja Protestante, no século XVI. Assim, dando ênfase ao púlpito, que fica centralizado na projeção da edificação, elevado e em plano circular para que aos cultos pudessem ser dar


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toda a atenção à pregação ao invés de outros elementos que a igreja Católica preservava, melhorava tanto esse aspecto quanto o aspecto da audibilidade, por apresentar uma organização espacial dos teatros (VIOLA, 2005; KILDE, 2002) bem como acentuava a autoridade do ministro em virtude dos fiéis, conquistava-os e mantinha o contato visual, conforme se pode observar na figura 2: Figura 2 – Desenho exterior do templo de Lyon, em Paradis, (plano circular e destaque do púlpito ao centro)

Fonte: Musée Protestant (apud GEIER, 2012, p. 31).

A Igreja localizada em Leyden8, construída em 1649, também é um exemplo (Figura 3 e 4). O seu interior apresentava uma galeria que permitia que as pessoas vissem e ouvissem quem ministrava, os homens sentavam-se em bancos ao redor da igreja, as mulheres deviam trazer suas próprias cadeiras, e se acomodavam no meio.

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Leyden é uma cidade da província holandesa de Holanda do Sul.


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Figura 3 – Igreja Protestante, localizada em Leyden, Holanda.

Fonte: www.njchurchscape.com. Acesso em 30 de março de 2015. Figura 4 – Interior da Igreja Protestante, localizada em Leyden.

Fonte: www.njchurchscape.com. Acesso em 30 de março de 2015.

Collinson (2006), por sua vez, acrescenta quanto a essa modificação dos templos católicos respaldada pela vertente Calvinista, afere que houve uma radicalização em que se eliminou todo e qualquer elemento que pudesse distrair os fiéis, demarcando o chamado iconoclastismo que tinha como características janelas totalmente transparentes, contrapostas aos vitrais que reproduziam cenas de anjos, comumente encontradas em igrejas católicas; paredes pintadas com “cal”, contrapostas às artes visuaus reproduzidas nas imagens sacras esculpidas no teto ou nas paredes; e mobiliário muito simples.


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Declara o mesmo autor que enquanto o Calvinismo aboliu toda e qualquer imagem e objeto dentro dos templos que lembrasse rituais religiosos católicos, tais como o sacramento do batismo, o Luteranismo foi mais tolerante de maneira que essa vertente do Protestantismo manteve as imagens sacras, por inferir que elas já faziam parte da cultura religiosa, bem como, apenas trocou a posição da pia batismal, ou um tanque com água, inserida na parte posterior interna do templo, bem próxima ao púlpito, mesmo que as crenças relacionadas a esse sacramento diferissem como fato de inserção do fiel na comunidade ou de pertença a ela, respectivamente. No século XVII, a simplicidade dos templos da Igreja Protestante começa, em alguns casos, tais como na Inglaterra, a ganhar mais expressão, todavia, algumas construções, ainda atendem ao plano circular, elíptico, quadrado e octogonal do século XVI. Contudo, a mesma simplicidade que se observa nos templos protestantes do século XVI, ainda pode ser observada no século seguinte, podendo ser contraposta à adornação exacerbada das edificações barrocas do mesmo período, mas com elementos barrocos em estilo neoclássico, como portas e janelas em torno da construção e telhados piramidais, conforme salienta Greenagel (2013). Exemplo da planta octogonal pode ser percebido na figura 5, que data no final do século XVI e início do século XVII (entre 1597-1607), a construção da primeira igreja protestante nos Países Baixos, na atual província NoordBrabant9, na qual possui um espaço principal octogonal e uma torre inacabada. O espaço central do templo tornou-se o ideal protestante, pois todos poderiam ouvir o ministro, concorda com Viola (2005) Greenagel (2013).

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Noord-Brabant é a segunda maior província dos Países Baixos, localizada no sul do país.


29 Figura 5 – Igreja Protestante localizada em Noord-Brabant, Países Baixos.

Fonte: www.njchurchscape.com. Acesso em 30 de março de 2015.

Frade (2007), no entanto, salienta que o plano retangular, muito utilizado no período gótico, também deu continuidade na influência da arquitetura das igrejas protestantes, no século XVI e XVII, de modo mais simplificado, inclusive no Brasil, somando-se aos planos circulares com tendência ao formato de elipse já como marca do século XVI e XVII, por influência do Barroco, conforme se pode observar na figura 6

Figura 6 – Planta retangular a circular (Catedral deSt. Paul, em Londres)

Fonte: Fotopedia (apud Geier, 2012, p. 34).

Fonte: Fotopedia (apud Geier, 2012, p. 34).

É válido lembrar, conforme Upjohn (1979), que, com incêndio ocorrido em Londres, em 1666, e a necessidade de reconstruir edificações públicas e religiosas, templos ingleses protestantes sofreram influência do Barroco classicista francês trazido pelo responsável por tais reconstruções – Christopher Wren – que evidenciou templos protestantes com características


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católicas nas quais cúpulas, plantas em cruz, naves, cruzeiros, presbitérios, fachadas e torres podiam ser percebidas, em conformidade com o que se apresenta na figura 7. Figura 7 – Catedral de St. Paul (Londres) e sua planta

Fonte: Fotopedia (apud, GEIER, 2012, p. 34).

Fonte: Koch (1996, apud GEIER, 2012, p. 34).

No século XVII, mesmo com poucas construções de templos protestantes (GEIER, 2012) ainda é possível perceber a influência de Wren e do Barroco protestante do século XVI em templos construídos e reconstruídos na Inglaterra, segundo o mesmo autor e conforme se observa na figura 8. Figura 8 – Interior e Exterior da igreja St. Martin-in-the-Fields, Londres

Fonte: Wikipédia ([s. d], apud GEIER, 2012, p. 35).

Um aspecto que chama a atenção, não relacionada às características de construção e reconstrução de templos protestantes, mas à questão da localização, segundo Geier (2012), é a questão da localização desses templos que substituíram as igrejas católicas. Os locais onde Protestantismo era a religião dominante sua construção serviu de base para a urbanização, isto é,


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era a partir de sua localização espacial que se originavam as vilas, tendo o adro quem demarcava a entrada do templo e, também, era utilizado para atividades religiosas. Essas características de localização espacial para com a urbanização das cidades onde os templos protestantes demarcavam a predominância de sua religião podem ser observadas na figura 9, com a imagem da igreja Die Fraueinkirche, na Alemanha, em Dresden. Figura 9 – Localização espacial da igreja Die Fraueinkirche, na Alemanha, em Dresden.

Fonte: Wikipedia (apud, GEIER, 2012, p. 36).

O que segue como características dos templos protestantes do século XVIII e XIX revelam-se como o retorno ao ideal clássico iluminista influenciado pela razão e objetividade, demarcando construções com tendências simples e a grandeza, sem exageros adornais, do classicismo em que se pode salientar elementos inspirados na Grécia clássica, isto é, “[...] frontões, pórticos e colunas, pilastras e cornijas aliadas a sinuosos ornamentos [...]” (KOCH, 1996, apud, GEIER, 2012, p. 37), que podem ser percebidas na figura 10. Figura 10 – Igreja de Madaleine, Paris com traços neoclássicos

Fonte: site Great Buildings (apud GEIER, 2012, p. 37).


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Ao passo que, em seu interior, devido ao fato de que as alterações na liturgia que contava com a intervenção dos fiéis, seguindo costumes do século XVII, no século XVIII esse costume deu lugar ao canto de hinos e salmos. Em sua arquitetura, portanto, deveria haver um espaço destinado a cantores, regentes e coros, transformando o espaço denominado abside em uma plataforma e uma galeria elevada, dando preferência a plantas longitudinais para que, com essa modificação na arquitetura em função da música inserida e valorizada nas celebrações, ainda, se pudesse acomodar mais fiéis (KILDE, 2002). Especificamente no final do século XIX, o estilo de construções deu lugar à unidade artística, tendo no gótico, intimamente ligado ao Cristianismo e Anglicismo que almejavam resgatar o espírito cristão deixado para trás quando o Catolicismo substitui formas góticas pelas renascentistas; e no neogótico, isto é,

estilos

que

lembravam

construções

medievais,

tipos

de

plantas

verticalizadas que se difundiram, junto com a construção de novos templos, com bastante ênfase, nos Estados Unidos, como fruto de inspiração da Era da Fé que, segundo Jason (1996) ansiava ensejar uma nova liturgia e uma nova ideologia protestante, a fé cristã. Embora houvesse uma unidade de estilo pautado em gótico e neogótico, houve a mistura de estilos arquitetônicos desses estilos de construção de diferentes épocas, dando lugar ao ecletismo que perpassou o século XX. Um ecletismo advindo de diferentes formas de celebrar a liturgia de cada grupo protestante, demonstrando que a cultura litúrgica, também, influência nos projetos de arquitetura desses templos, mas, de acordo com Zevi (1979) não traz grandes marcas de inovações no espaço interior da igreja, a não ser na variação de gostos por diferentes estilos arquitetônicos. É importante lembrar que, com o advento da Revolução Industrial e, consequentemente, do aumento da população, observava-se um grande número de templos que demarcavam não somente estabelecimento do Protestantismo, mas também a concorrência de diferentes grupos cristãos ramificados em presbiterianos, batistas, entre outros, que já vinham se constituindo desde o século XVIII.


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Se há concorrência entre grupos cristãos, consequentemente, há concorrência em demarcar sua ideologia de atrair mais fiéis, nas construções de seus templos e, dessa maneira, nas cidades, as construções que disputavam os espaços urbanos traduziam-se como pontos dos templos com torres, que se estabeleceram entre os séculos XVIII e XIX tanto na Europa como em países norte-americanos, conforme afere HURLBUT, (1967). A Revolução Industrial também influenciou na utilização de novas técnicas nas construções das quais contavam com elementos, tais como ferro, concreto, cimento e vidro segundo Geier (2012), espalhando-se para outros países, tais como os países norte-americanos, que serão apresentados no próximo tópico. 3.2 Os templos protestantes norte americanos Segundo Suda (2014), os templos protestantes norte americanos têm adquirido características arquitetônicas contemporâneas, com espaços multifuncionais, livre de representações e simbologias religiosas. Privilegiam-se espaços flexíveis, utilizando tecnologias e as tendências atuais. Geralmente as construções buscam abranger novas atividades, e áreas que se adaptam as diferentes funções e número de pessoas, onde acontecem cultos, shows, projetos sociais e outras atividades. Quanto as diferentes funções que a igreja exerce agregada ao montante de fiéis que ela abriga, por conta dessas diferentes funções, pode-se inferir que essas características de templos contemporâneos é uma influência de tempos anteriores. Assim, é importante aferir, segundo Kilde (2002), que os conflitos escravagistas e a Guerra civil do século XIX, que demandou a união e coesão dos grupos protestantes em função de apaziguar a sociedade e fortalecer a fé cristã, podem ser aspectos dessa influência, uma vez que, a partir da função social da igreja, atualmente, é necessário ter uma arquitetura que abrigue o maior número de pessoas para que a comunhão e a adoração ao sagrado, aspectos da religião cristã, seja praticado nas igrejas de forma confortável.


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Assim, assumindo uma arquitetura genérica, indo contra o gótico e o neogótico que, ora demarcavam construções com estilo protestante e ora com estilo católico, mas que conforme, Kilde (2002) reproduz as residências dos cristãos que recebiam fiéis em suas casas, como fruto da situação econômica da classe baixa que, por sua vez, não oferecia condição de projetar uma arquitetura em estilo neogótico, tal como se pode observar na figura 11.

Figura 11 – Exterior da igreja congregacional de Perysburgh, EUA/Estilo genérico assemelhado às casas dos fiéis

Fonte: Kilde (2002).

Importante destacar, segundo Geier (2012) que não apenas a questão socioeconômica influenciou na arquitetura dos templos norte-americanos, mas, também, a questão da localização na qual era necessário adequá-la ao aspecto da facilidade de acesso dos fiéis que, por consequência do cenário de desenvolvimento dos Estados Unidos, que promoveu o surgimento de uma classe social mais favorecida em função da Revolução Industrial, fez com que a classe média alta procurasse habitação em zonas periféricas e a igreja, por sua vez, os acompanhasse, pois eram eles quem mantinham-na, ou construíssem novos templos em locais de classes menos favorecidas. Alguns projetos, atualmente, como as megas igrejas, desafiam a noção do que é espaço sagrado, com a intenção de transformar os modelos de adoração. Essas estruturas têm se tornado um fenômeno cultural nos Estados Unidos (EUA), com espaços que acomodam um grande público, um anfiteatro moldado a santuário, tendo uma atmosfera diferente de uma tradicional congregação


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(SUDA, 2014) como fruto da condição econômica da classe social que as frequenta e, portanto, têm condições de custeá-las a partir de seu aspecto, demarcadamente, advindo desse século, isto é, com presença visual externa e interna. Esse último, com marcas de organização de auditório, conforme descreve Kilde (2002). Como exemplo dessas marcas de arquitetura herdadas do século XIX, mas sem o estilo histórico, gerando uma crise no ecletismo, segundo Benévolo (2007), cita-se o autor Suda (2014) que destaca a imagem da Oak Hills Church of Christ, localizada em San Antônio, Texas, projetada pelo escritório RVK (Figura 12). O edifício possui aproximadamente 9.500 m². Seu projeto contempla um grande ginásio com 2.800 lugares, com um santuário que possui mais de um proposito e três alas educacionais, para atender crianças, jovens e adultos (Figura 13). Umas das preocupações do projeto foram as questões acústicas, particularmente no espaço principal, que incorporava várias tecnologias sonoras permitindo uma boa distribuição do som, cantado e falado. Como parte do programa de necessidades, a igreja conta com um ginásio de esportes. Figura 12 – Oak Hills Church of Christ

Fonte: www.rvk-architects.com. Acesso em 20 abril de 2015.


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Figura 13 – Imagem Interna da Oak Hills Church of Christ

Fonte: www.rvk-architects.com. Acesso em 20 abril de 2015.

Outro projeto de grandes proporções, de acordo com Suda (2014), é o Lakewood Church em Houston, no Texas, projetado pelos escritórios Morris Architects e Red Studio (Figura 14). O complexo dispõe de cerca de 700.000 m², sendo que seu espaço principal possui 55.741,80 m² e 16.000 lugares (Figura 15). Anteriormente, o local era a sede da Liga Nacional de Basquete NBA Houston e das equipes da Houston Rockets, e hoje se encontra uma das maiores igrejas do país.

Figura 14 – Lakewood Church em Houston, Texas

Fonte: www.studioredarchitects.com. Acesso em 22 abril de 2015.


37 Figura 15 – Auditório Lakewood Church em Houston, Texas

Fonte: www.studioredarchitects.com. Acesso em 22 abril de 2015.

O programa da Lakewood Church contempla um espaço para o ministério infantil, salas de reuniões, espaços para os jovens, uma livraria e instalações de serviços de alimentação. Foi construído um edifício anexo ao antigo ginásio de cinco pavimentos, com sala para os meios de comunicação, produção de transmissão, áudio e vídeo. Segundo a autora, o projeto se preocupou com a sustentabilidade e uso de tecnologias que permitissem a economia de energia (SUDA, 2014). Segundo Suda (2014), a Igreja Willow Creek Community Church (figura 16), localizada em Chicago, é considerada uma mega igreja. Possui um auditório com 7.400 lugares, projetado pelo escritório de arquitetura Goss/Pasma (Figura 17). Os lugares estão distribuídos 160º ao redor do palco, onde sentadas de um lado do salão é possível ver a outra metade, proporcionando envolvimento e senso de comunidade.

Figura 16 – Auditório Willow Creek Community Church

Fonte: www.pepperconstruction.com. Acesso em 30 de março de 2015.


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Figura 17 – Willow Creek Community Church

Fonte: www.ipog.edu.br. Acesso em 30 de março de 2015.

O complexo contempla espaços verdes, capela, áreas de integração e estar. O projeto tinha a intenção de criar um espaço que celebrasse a coletividade e conexão entre as pessoas. Sendo uma das primeiras a introduzir a valorização pelas artes na cultura dos seus serviços, seus cultos são caracterizados por músicas, apresentações teatrais e ensino, preparados especialmente para as pessoas que não costumam ir a igreja. Essa valorização das expressões artísticas se reflete no projeto onde as questões acústicas foram prioritárias, e o palco possibilita montagem de cenários e efeitos de iluminação diferentes. Para incentivar os frequentadores o envolvimento com a arte, o edifício contém salas de ensaios, para pequenos conjuntos, orquestras, vocais, teatro e dança (SUDA, 2014).

3.3 Os templos protestantes no Brasil No Brasil, a igreja protestante recebeu grande influência do movimento modernista. Segundo Rose (2004), em meados do século XIX, um movimento interno do protestantismo, reivindicou prédios adequados para a realização dos seus cultos. Esses templos tinham como foco a leitura e a reunião, imitando anfiteatros e auditórios. Surge, assim, uma arquitetura deliberadamente não eclesiástica, sem altar, sem tabernáculo ou presbitério em seu interior. No entanto, é possível perceber, externamente, a influência do ecletismo do século XIX em construções de templos protestantes em nosso país para o final


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desse século e início do século XX em estilo neogótico que misturam elementos católicos e protestantes, mesmo que, de acordo com Abumanssur (2001), já fosse prescrito que sua aparência exterior não poderia diferenciá-las das outras construções, conforme se observa na figura 18. Figura 18 – Catedral da Sé/Estilo neogótico marcado por traços da Idade Medieval

Fonte: Wikipedia (apud, GEIER, 2012, p. 40).

Mesmo podendo perceber as marcas do ecletismo nessa imagem, é importante realçar que, com o surgimento de um movimento chamado vanguarda, que pregava a liberdade artística, nessa época, houve uma ruptura com o ecletismo. Contudo, ainda pode-se observar traços com características neogóticas, a partir do século XX, de acordo com Benévolo (2007), e que podem ser observadas na figura 19, embora houvesse intolerância aos protestantes

cristãos,

no

Brasil

Imperial,

que

limitava

características da religião praticada que não a do Catolicismo.

Figura 19 – Igreja Presbiteriana do Centro de Maceió, século XX

Fonte: Geier (2012, p. 43).

construções


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No entanto, em detrimento de que a Constituição Federal prescrevia a liberdade de expressão religiosa, mas não a liberdade para com a aparência a ser observada na construção de novos templos, as igrejas, reconhece Abumanssur (2001), eram construídas e ficaram marcadas com a aparência exterior tal como a de residências. Suda (2014), por sua vez, revela que, na maioria das igrejas atuais, herdadas do modernismo, predominante da década de 1930, através de Lucio Costa e Oscar Niemyer, conforme afere Geier (2012), percebe-se uma a falta de elementos simbólicos ou de uma tipologia universal que privilegiava a racionalidade e a funcionalidade que interveem no conceito de espaço e técnica dessa época, bem como na função, apenas, religiosa da igreja. Niemayer, segundo Frade (2007), foi um arquiteto que inovou em construções com curvas sinuosas, chocando o clérigo em seu projeto da igreja da capital Mineira, em 1953 que, provavelmente, utilizou da técnica de concreto armado, material natural que implicava na variedade e na redução de custos. A igreja protestante, atualmente, é um edifício que cumpre determinadas funções, constitui-se um local para liturgia, atos religiosos e principalmente para reunião coletiva. Felzemburgh (2003) analisa algumas igrejas e as distingue em dois tipos dominantes: 

As Igrejas adaptadas funcionalmente, que se instalam sobre outras edificações de cunho funcional diverso cujas necessidades e cuja organização espacial se faz de forma semelhante.

As Igrejas de projeção específica, concebidas no intuito de serem realmente templos e pensadas sobre os aspectos únicos que envolvem suas respectivas doutrinas.

A esses tipos distintos de igrejas protestantes, no Brasil, pode-se reverenciar a marca da pós-modernidade, surgida em meados do século XX, percebida na construção de templos, pois é um período que critica os ideais modernos de marcas simbólicas; de igualdade de estilos que rejeita a tradição, mas não por


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completo; de valorização da funcionalidade; ao mesmo tempo em que prega uma razão sem preferências e encara a verdade como relativa e o privilégio é dado a plantas retangulares com uso de materiais naturais, presença da simplicidade e ausência de adornos superficiais para que não se perdesse o foco da funcionalidade religiosa da igreja tal como ocorria na época do Calvinismo, no século XVI , concordando com o que afere Geier (2012). Nessas idas e vindas acerca da tipologia arquitetônica que atenda a projeção específica ou a funcionalidade adaptacional, afere-se que se identifica outros tipos de estilo, parcialmente ou totalmente desvinculados dos que veem sendo apresentados até, o momento, tais como a igreja “drive-thru”, a outdoor e a colagem que serão apresentadas no próximo tópico. 3.3.1 Igrejas adaptadas funcionalmente Segundo Felzemburgh (2003), as igrejas adaptadas funcionalmente se instalam em edificações projetadas para outro uso, mas que em sua concepção apresenta espaços que permitem a adaptação funcional, determinada pelas necessidades do programa de cada doutrina. Buggeln (2004), por exemplo, destaca a necessidade de adaptação funcional mediante a necessidade de integrar mais os fiéis, na qual, traduzida em projetos arquitetônicos, faz-se mais uso de plantas menores. Geier (2012), por sua vez, destaca a necessidade de ampliação atividades que extrapolam cultos semanais, na qual se exige salas anexas para exploração de tais atividades, tais como sala para o ministro, banheiros, cozinhas, entre outras. Como exemplo tem-se os templos da Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como especificidade de função o uso de um grande vão com pequenas salas adjacentes que abrigam a administração e outros espaços específicos, permitindo assim, se instalar em antigos cinemas onde há grande espaço reservado a um público que é direcionado a tela, que substitui o altar (Figuras 20 e 21).


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Figura 20 – Igreja Universal adaptada, Centro, Vitória - ES

Fonte: www.google.com.br/maps. Acesso em 08 de abril de 2015. Figura 21 – Igreja Assembleia de Deus - Antigo Cine São Luiz- Centro, Vitória - ES

Fonte: www.google.com.br/maps. Acesso em 08 de abril de 2015.

Outras edificações que permite adaptações são os galpões, que por possuir grandes vãos permitem o aproveitamento dos seus espaços (Figura 22). Problemas térmicos e acústicos são inconvenientes aproveitados, onde o tempo de reverberação alto produz um efeito de transe para as pessoas que ouvem, sendo, portanto,considerados como catalisadores passivos dos espectadores, tratando- se de um molde que restringe ou potencializa as intenções iniciais de adaptação. (FELZEMBURGH, 2003)


43 Figura 22 – Igreja Universal adaptada, Vila Velha – ES.

Fonte: www.google.com.br/maps. Acesso em 08 de abril de 2015.

3.3.2 Igrejas de projeção específica De acordo com Felzemburgh (2003), mesmo com a redução financeira que as adaptações proporcionam, faz-se necessário construir, criando espaços que atendam às necessidades funcionais e derivadas das doutrinas sem as limitações

que

se

fazem

presente

nas

readaptações.

Em

algumas

denominações embora a organização e distribuição de funções sejam semelhantes, a diferença pode estar em uma questão de escala, como por exemplo, a Igreja Universal e Batista que fazem de seus templos monumentos à fé. Também é possível notar diferenças nos espaços construídos em áreas nobres ou em bairros periféricos, como a Igreja Universal do Reino de Deus, que em bairros de menor visibilidade, possuem templos sem muitos tratamentos estéticos, mas incorporados a um edifício qualquer que se adaptam as necessidades da igreja, em bairros mais nobres, são projetados e construídos edifícios para a situação, e caso seja uma adaptação às mesmas são bem estudadas e executadas (FELZEMBURGH, 2003). Na cidade de Vitória – ES, pode-se citar o templo da Igreja Universal, localizado na Avenida Nossa Senhora da Penha, que se destaca em meio ao entorno e apresenta características de monumentalidade (Figura 23).


44 Figura 23 – Igreja Universal específica, Vitória ES

Fonte: www.google.com.br/maps. Acesso em 08 de abril de 2015. Figura 24 – Interior da Igreja Universal, projeção específica.

Fonte: www.clamordauniversal.com. Acesso em 08 de abril de 2015.

Segundo Felzemburgh (2003), no protestantismo, o uso de espaços adaptados não é uma regra, pois o projeto arquitetônico acompanha a diversificação presente nos programas das diferentes denominações existentes, favorecendo as necessidades que cada uma possui, tornando uma abordagem específica relacionada às interpretações bíblicas, do que é ou não permitido para ser executado. Ao observar as construções da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecido como Mórmons, é possível perceber uma diferença quando comparadas as igrejas Batista e Universal, nesse caso os templos são projetados e apresentam morfologias semelhantes, não tendo um apelo visual. O espaço construído apresenta um programa para diversas funções: salas de aulas individuais, salas de reuniões, auditório, administração, quadras esportivas entre outras (Figura 25) (FELZEMBURGH, 2003).


45 Figura 25 – A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Cariacica – ES Santos dos

Figura 26 – A Igreja de Jesus Cristo dos

Últimos Dias, Guarabira-PB

Fonte: www.google.com.br/maps. Acesso em 08 de abril de 2015.

De acordo com Felzemburgh (2003), normalmente as igrejas possuem um pavimento e lembra uma escola, que é reflexo da doutrina de ensino. Em sua maioria o local onde os membros se reúnem não possui pé direito duplo, comum entre as suas construções. Somente possui um elemento vertical sempre presente, sendo desprovidas de outras simbologias (Figura 25 e 26). Segundo Pompeu (2010) a arquitetura da Igreja Maranata na maioria dos seus templos segue um padrão, é possível perceber que a Igreja possui uma concepção que se assemelha entre elas, tanto em seu exterior como no interior. A Igreja Cristã Maranata tem, nas palavras do pastor Ubirajara, uma estética “revelada” por Deus”: o formato do púlpito e dos bancos foi “revelado” a seus fundadores, bem como a arquitetura de seus templos, sendo os mesmos em todas as igrejas Maranata em todos os países. Além dos contrastes entre a madeira escura das colunas e do teto e o branco das paredes, o único ornamento são vasos de folhagens, sem flores. (POMPEU, 2010)

Não há símbolos visuais na Igreja Cristã Maranata. Nem mesmo a cruz sem o Cristo, ostentada por tantos templos de diferentes igrejas evangélicas que não aceitam imagens, não aparecem na fachada ou sobre o púlpito, ou em qualquer lugar (Figura 27 e 28) (POMPEU, 2010).


46

Figura 27 – Igreja Maranata em Vitória - ES

Fonte: searanews.com.br. Acesso em 06 de junho de 2015. Figura 28 – Igreja Maranata em São Paulo

Fonte: www.maranata-sp.org.br. Acesso em 06 de junho de 2015.

No que concerne a uma visão interna de igrejas protestantes com projeção específica, cita-se Lingerfelt10 (194-?, apud Geier, 2012) que, de forma a atender às necessidades dos templos, mediante suas outras funções, apresenta a seguinte planta baixa (figura 29) que valoriza o conforto, à ventilação por meio de janelas grandes e altas, a capacidade de abrigo dos fiéis, prevendo a ampliação sem ser necessário reconstruí-lo e, ainda, a disposição espacial interna de modo a privilegiar a acústica da palavra falada e cantada. 10

Conselheiro técnico de construções dos templos da denominação Batista, no Brasil, na década de 1940, que valorizava a projeção externa neogótica por considerá-la como estilo cristão mais expressivo (GEIER, 2012).


47 Figura 29 – Planta baixa, segundo sugestão de Lingerfelt

Fonte: Lingerfelt ([s. d.], apud GEIER, 2012, p. 47).

Essa observação de uma planta projetada especificamente de acordo com as necessidades a partir das funções da igreja, no entanto, não ocorre em construções de pequeno porte, uma vez que são construções feitas pela própria comunidade que não se atenta aos aspectos citados anteriormente, inclusive de incômodo ao entorno em que ela é construída, devido à falta de isolamento acústico, conforme adverte Geier (2012).

Levando em conta o aspecto da localização em que, em tempos posteriores, fez com que as construções de templo observassem à questão de acompanhar seus fiéis, há de se destacar que pode haver projeções específicas de igrejas que contem com espaços mais diversificados, bem como contem com estacionamento e outras áreas que não seja a área construída com a finalidade de culto para que haja a participação, como aspecto da vida comunitária, entre os mesmos, tal como se apresenta na figura 30.


48 Figura 30 – Imagem aera da Igreja batista do Farol, Maceió

Fonte: Geier (2012, p. 48).

Da mesma forma, há a necessidade contrária de uma projeção específica de templos protestantes atuais, ou seja, espaços específicos e de características de construção que ora atendem às modificações sociais em que há a necessidade de se atender ao aspecto de passagem pela igreja e de retorno aos tempos clássicos de sua projeção, tais como se pode observar no assunto tratado no próximo tópico.

3.3.3 A Igreja Drive-thru, a Igreja Outdoor e a Igreja Colagem. Alguns templos da Igreja Universal possuem cartazes com a mensagem o “drive-thru de oração”, onde a publicidade é reforçada por placas menores, com frases instaladas nas calçadas bem próximas ao trânsito, uma tenda é construída para que os carros parem quando é oferecida uma oração (Figura 31). Alguns voluntários normalmente menores de 18 anos convidam os motoristas a terem um momento menos estressantes no engarrafamento e receber uma oração (Figura 31). O serviço existe em várias cidades no Brasil, tendo sido criado na Califórnia, Estados Unidos (SALME, 2011).


49 Figura 31 – Igreja Universal na cidade do Rio de Janeiro– Drive Thru de Oração

Fonte: www.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em 08 de abril de 2015. Figura 32 – Tenda Drive –Thru, na cidade do Rio de Janeiro

Fonte: www.ultimosegundo.ig.com.br. Acesso em 08 de abril de 2015.

Segundo Felzemburgh (2003), os aspectos visuais são considerados a temática mais recorrente na concepção e projeção dos templos em todo o mundo. A comunicação também é um elemento direcionador e muitas vezes determinante no projeto. Os aspectos visuais, compostos por elementos simbólicos e representacionais estão presentes principalmente nas fachadas, identificando dois mecanismos básicos desses recursos: a igreja outdoor e a igreja colagem. A Igreja Outdoor possui a sobreposição de grandes letreiros às fachadas, refletindo uma intenção de comunicação direta, diferente do subjetivismo comum em outros estilos arquitetônicos. É um tipo de marketing religioso, estabelecendo uma comunicação rápida e objetiva, com o público-alvo e visando atrair novos adeptos. Sendo comum nos templos das Igrejas Universal e Batista, onde uma platibanda recebe um grande letreiro com frases, tais como: "Pare de sofrer: Jesus Cristo é o senhor” (Figura 33 e 34). Essa tipologia está presente mais comumente nas igrejas adaptadas.


50 Figura 33 – Igreja Mundial do Poder de Deus

Fonte: www.alfasign.com.br. Acesso em 09 de abril de 2015. Figura 34 – Igreja Outdoor

Fonte: www.vitruvius.com.br. Acesso em 09 de abril de 2015.

A Igreja Colagem apresenta imitações históricas onde, na composição das fachadas, são apresentados elementos referentes a outras épocas e estilos arquitetônicos como os frontões, arcos, janelas ogivais, por exemplo, alguns edifícios da Igreja Universal que apresenta elementos do pastiche histórico (Figura 34). Essa tipologia se faz mais presente nas igrejas projetadas do que nos edifícios adaptados, na tentativa de fundir sofisticação e história, com o objetivo de uma associação com o passado.


51 Figura 35 – Igreja Universal, exemplo de igreja colagem.

Fonte: www.renatocardoso.com. Acesso em 09 de abril de 2015.

Outro exemplo de igreja colagem que tem causado discussões acerca do projeto é o Templo da Igreja Universal, localizado na cidade de São Paulo, SP (Figura 35). O projeto é dito como uma réplica do Templo de Salomão descrito na Bíblia. O templo traz elementos de um pastiche histórico, buscando reproduzir o templo original. Todavia, sua reprodução é uma adaptação do edifício original e traz muitas representações, tais como seus pilares de pedras, que são estruturas metálicas revestidas de concreto, a utilização da luz amarela para criar uma atmosfera de “rusticidade”. Segundo a Igreja UNIVERSAL (2015), o arquiteto Rogério Silva de Araújo, autor do projeto, a equipe de concepção e construção se empenhou ao máximo para aproximar a nova construção da antiga, descrita na Bíblia. Os dados foram retirados tanto de passagens bíblicas como de estudos realizados em Israel. O Templo possui 126 metros de comprimento, 104 metros de largura e aproximadamente 100 mil metros quadrados (m²) de área construída (Figura 36).


52

Figura 36 – Templo de Salomão, Igreja Universal – São Paulo, SP

Fonte: www.sites.universal.org. Acesso em 30 de abril de 2015. Figura 37 – Vista aérea, Templo de Salomão, Igreja Universal.

Fonte: www.sites.universal.org. Acesso em 30 de abril de 2015.

Mediante ao discutido nesse capítulo, alguns estudos de caso serão descritos em função de prosseguir com o intuito de alcançar o objetivo geral desse trabalho.

4. ESTUDOS DE CASOS

A abordagem dos projetos a seguir, tem como objetivo obter embasamento para a futura elaboração da proposta projetual de uma igreja protestante. Com esse objetivo foram analisados alguns aspectos utilizados nos projetos das edificações a serem analisadas, tais como: implantação, partido arquitetônico e programa de necessidades, esses elementos podem contribuir para a elaboração da proposta, que visa ofertar espaços adequados atendendo as necessidades de uma edificação religiosa.


53

É importante lembrar que grande parte das instituições religiosas protestantes utiliza um espaço que não foi originariamente construído para tal fim, o que em arquitetura vemos como “não lugar”, espaços adaptados como garagens, lojas, galpões, cinemas, indústrias e outros. Isso foi imputado na nossa cultura, devido ao contexto histórico do protestantismo no Brasil, que em seu período inicial não foi permitido à construção de locais apropriados para as suas celebrações, ocasionando na reunião dos membros em locais adaptados. Apesar de atualmente no Brasil haver liberdade religiosa, as igrejas adaptadas ainda fazem parte do contexto urbano. Os aspectos analisados serviram de norteador para elaborar a proposta projetual, influenciando em aspectos determinantes, como o programa de necessidades, relação com entorno, aspectos estéticos e tecnológicos, esses critérios foram embasados de acordo com o autor CHING (2008). Visando atender a pesquisa de edificações religiosas, com uma arquitetura diferenciada, foram escolhidos três referenciais, analisando os aspectos plásticos, escolha do partido arquitetônico e o programa de necessidades das edificações. O primeiro projeto escolhido é o Templo ecumênico, nomeado de Templo da Paz, situado na cidade de Curitiba, PR, e desenvolvido pelo arquiteto Manoel Coelho. O segundo localizado na cidade de Roma, Itália, é a Igreja do Jubileu, concebida pelo arquiteto Richard Meier. E o terceiro projeto está localizado em Vitória, ES, Primeira Igreja Batista de Vitória.

4.1 Templo da Paz, em Curitiba, PR. Projetada pelo arquiteto Manoel Coelho, O Templo da Paz, na cidade de Curitiba, PR, a edificação faz parte do campus do Centro Universitário Positivo (Unicenp). Esta obra possui 200 m² de área construída (Figura 38).


54 Figura 38 – Imagem Exterior do Templo da Paz, Curitiba.

Fonte: www.arcoweb.com.br . Acesso em 15 de abril de 2015.

4.1.1 Implantação Localizado em uma região mais isolada do Campus próximo a um local de vegetação, apoiado sobre fundação em balsas, que parece flutuar sobre o lago. O intuito é que a edificação estivesse mais isolada do cotidiano movimentado de uma universidade, essa conexão com a natureza configura um local de paz e refúgio para estudantes, funcionários e professores (Figura 39 e 40). Figura 39 – Vista aérea, campus Unicenp.

Fonte: Google Earth. Acesso em 20 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora


55 Figura 40 – Ampliação trecho da vista aérea, Templo da Paz

Fonte: Google Earth. Acesso em 20 de maio de 2015

4.1.2

Partido Arquitetônico

O arquiteto tinha como objetivo principal, a concepção de uma arquitetura que atraísse um público diversificado, sem restringir-se a uma religião específica (Figura 41). Assim, o desenvolvimento do projeto partiu da singularidade e singeleza, sendo a edificação formada por um volume poliédrico semelhante a uma pedra lapidada partido utilizado pelo arquiteto para conceber o projeto (CORBIOLI, 2004). Figura 41 – Imagem do Templo, no anoitecer.

Fonte: www.mcacoelho.com.br. Acesso em 20 de maio de 2015.


56

Segundo Corbioli (2004), a construção tem suas fundações sobre balsas, que dão suporte aos tubulões que apoiam a estrutura metálica, que é vedada por vidros em um plano assimétrico. Os brises são formados por placas irregulares de alumínio, e tem o intuito de bloquear a luz solar, sem perder a integração do espaço interno com o externo. As bordas superiores dos brises, que formam linhas ascendentes, tem a intenção de induzir o observador a olhar para o céu (Figura 42). Figura 42 – Imagem do Templo, vista do lago.

Fonte: www.mcacoelho.com.br. Acesso em 20 de maio de 2015.

O acesso à edificação se restringe a uma passarela de quase trinta metros de comprimento por quatro de largura, o piso da passarela é uma malha em aço, que permite ver a água sob os pés (Figura 43).


57 Figura 43 – Imagem da Passarela.

Fonte: www.mcacoelho.com.br. Acesso em 20 de maio de 2015.

4.1.3 Programa de Necessidades Ao analisar a planta da edificação nota-se um espaço único, o salão, com dezesseis cubos que servem como bancos, com um piso também em madeira fixado na própria estrutura metálica (Figura 44 e 45). Figura 44 – Planta Baixa, Templo da Paz, Curitiba, PR.

Fonte: www.arcoweb.com.br . Acesso em 15 de abril de 2015.


58 Figura 45 – Imagem do interior do Templo da Paz, Curitiba, PR.

Fonte: www.mcacoelho.com.br. Acesso em 20 de maio de 2015.

A passarela, que permite o acesso a edificação, parte de uma praça frontal que recebe no piso a rosa-dos-ventos estampada e uma escultura em bronze no seu centro (Figura 46). Figura 46 – Praça Rosa-dos-Ventos, Templo da Paz, Curitiba, PR.

Fonte: www.mcacoelho.com.br. Acesso em 20 de maio de 2015.

Após o estudo do projeto, um dos pontos positivos da edificação, foi a concepção do partido arquitetônico criado pelo arquiteto, resultando em uma volumetria diferenciada dos padrões existentes. A edificação passa uma sensação de dinamismo e movimento, flutuando sob a água. Todavia, com o material disponibilizado não foi possível analisar o conforto térmico e acústico


59

da edificação, tendo em vista que uso do vidro em alguns casos pode comprometer a qualidade termo/acústica da edificação.

4.2 Primeira Igreja Batista, em Vitória, ES.

Este projeto foi escolhido, por estar inserido no contexto local da cidade de Vitória – ES, com facilidade de acesso ao templo e as suas informações. A igreja apresenta um amplo programa de necessidades o que contribuiu nas análises realizadas.

4.2.1 Implantação A edificação está inserida em uma área que possui em sua maioria, edifícios comerciais. Localizada no centro da cidade de Vitória capital do Espirito Santo, se encontra em um terreno de 3518.48m² e possui 6643.454 m² de área construída comportando aproximadamente 1114 pessoas sentadas. Ao analisar a relação da edificação com seu entorno observa-se, que em relação ao gabarito, a edificação não se destaca em relação às demais do entorno, entretanto, nota-se sua predominância no terreno implantado (Figura 47 e 48). Figura 47 – Vista aérea da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES.

Fonte: Google Earth. Acesso em 20 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora


60

Figura 48 – Ampliação trecho da vista aérea da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES

Fonte: Google Earth. Acesso em 20 de maio de 2015

Percebe-se que em sua implantação levou-se em consideração a paisagem natural cultural do local, a fim de valorizar a vista para a Bahia de Vitória, bem como para o morro do Penedo. E com a intenção de integrar o interior com exterior a edificação foi projetada a um desnível de 2.30m de altura do nível da rua, assim, a edificação embora não tendo um gabarito alto não está isolada em seu terreno ela interage com o entorno (Figura 49). Figura 49 – Vista da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES.

Fonte: www.pt.foursquare.com. Acesso em 15 de maio de 2015.


61

O terreno possui topografia plana e é servido por dois acessos de pedestre, sendo o acesso principal de pedestre ocorre pelo térreo, pela Av. Marechal Mascarenhas de Morais, e o segundo acesso é realizado pelo subsolo, na rua Governador José Sete e a entrada e saída dos carros acontece por esta mesma rua. Elaborado pelo arquiteto Walfredo Tomé, em 1968, a Primeira Igreja Batista de Vitória está inserida em uma área urbanizada e integrada a cidade. O local foi escolhido para implantação devido sua fácil localização e acesso para os frequentadores, anteriormente a igreja estava instalada no bairro Argolas na cidade de Vila Velha – ES. Segundo a Primeira Igreja Batista de Vitória (PIBV), no início as atividades eclesiásticas foram realizadas na residência de um dos membros da igreja. Era uma casa simples, localizada no Morro de Argolas na cidade de Vila Velha. O acesso ao local era feito com muita dificuldade, por este motivo a Primeira Igreja mudou-se para a Ilha de Vitória, numa casa alugada, onde também funcionava o Colégio Americano Batista. Posteriormente foi construído o templo da Torrinha. Alguns anos depois, construiu-se, no mesmo lugar, o templo da rua General Osório. Por fim a igreja mudou novamente de endereço. Desta vez, para o atual templo, na av. BeiraMar.

4.2.2 Partido Arquitetônico O edifício foi construído no ano de 1968 e apresenta, em sua configuração, concordância com os conceitos da arquitetura moderna. A edificação apresenta, em sua composição formal, alguns elementos tipicamente modernos, valorização das linhas puras, volumes de geometria simples, utilização do concreto e do vidro.


62

A edificação é composta basicamente, por dois volumes, o templo, disposto transversalmente ao terreno, e o Edifício de Educação Religiosa, disposta no sentido do comprimento do terreno, o acesso principal se dá ao longo do jardim que une os volumes (Figura 50). Figura 50 – Imagem da Primeira Igreja Batista, Vitória –ES (os dois volumes da edificação).

Fonte: www.panoramio.com.br. Acesso em 20 de maio de 2015.

A edificação tem uma linguagem moderna. É revestida em mármore branco e apesar de ser uma edificação horizontal na sua tipologia, existe forte marcação de linhas verticais em sua fachada conferindo uma monumentalidade a seu volume que também se dá pelos usos dos materiais e por ter sido implantada a um nível elevada a rua. O volume do templo é marcado pela disposição de seis paralelos entre si, que suportam a laje plana. A composição é marcada pela utilização de duas da laje plana, contrapondo-se à verticalidade dominante da fachada. Além da variação entre espaços cheios e vazios, o arranjo volumétrico simétrico é um dos elementos modernos da edificação. A utilização de panos extensos de vidro são elementos marcantes na fachada, e contrasta com a parede revestida de mármore branco (Figura 51).


63

Figura 51 – Imagem da Fachada da Primeira Igreja Batista de Vitória

Fonte: www.pt.foursquare.com. Acesso em 15 de maio de 2015.

4.2.3 Programa de Necessidades

A edificação é composta por dois volumes, um edifício educacional com três pavimentos e o templo com uma torre sineira com 40 metros de altura (Figura 52). Figura 52 – Projeto Fachada da Primeira Igreja Batista, Vitória - ES.

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015.

O edifício anexo ao templo, com dimensões de 34.5 metros de comprimento por 19.60 metros de largura, possui três pavimentos onde estão distribuídos os auditórios, salas administrativas, banheiros, e salas de aulas que possuem


64

grandes janelas que se abrem para o jardim e para baía de Vitória. A edificação interage com o jardim, fator este que permite a interação entre os fiéis valoriza a visibilidade da edificação (Figura 53 e 54). Figura 53 – Vista do jardim da Primeira Igreja Batista de Vitória

Fonte: Acervo pessoal. Acesso em 15 de maio de 2015. Figura 54 – Vista para baía de Vitória.

Fonte: Acervo pessoal. Acesso em 15 de maio de 2015.

Para um melhor entendimento da organização espacial dos ambientes, segue um esquema da Planta Baixa que auxiliará na compreensão de toda a análise a seguir. O projeto utilizado para análise é um projeto desenvolvido de reforma desenvolvido pelo arquiteto Pedro Louzada, em 2007.


65

Foi alocado no subsolo o estacionamento com capacidade de até 48 vagas, que foram suficientes para a década de 60 e 70. O subsolo também possui depósito para guardar diversos materiais, salas de aula e banheiros, é neste pavimento que funciona o setor de ação social da igreja, a circulação destes é centralizada. O acesso ao templo e aos demais pavimentos se dá pelas escadas e pelo elevador que liga todos os pavimentos, e por uma rampa que liga os edifícios internamente (Figura 55). Figura 55 – Planta baixa Subsolo.

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora

O pavimento térreo é composto por hall de entrada recepção com sala de espera, zona administrativa sala de aulas, auditório (onde são realizados pequenos cultos) berçários com fraudário, banheiros e gabinete pastoral, todos interligados pelo corredor central (Figura 56).


66 Figura 56 – Planta baixa Térreo.

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora

O segundo pavimento do edifício religioso é composto basicamente por salas de aulas e banheiros. Todos os ambientes possuem grandes vãos de janelas proporcionando aos espaços iluminação e ventilação natural. É possível perceber que as distribuições das salas e banheiros se dão ao longo de um extenso corredor (Figura 57). Figura 57 – Planta Baixa Segundo Pavimento.

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora


67

O terceiro e último pavimento é composto por cozinha, banheiros, salas de aula e um grande auditório com capacidade para 500 pessoas. Neste local são realizadas confraternizações reuniões e palestras, em determinados eventos os ambientes são divididos por biombos. Os acessos a estes ambientes se dão por escadas e elevador (Figura 58). Figura 58 – Planta Baixa Terceiro Pavimento.

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora

Circulações

O pavimento térreo possui acesso pedonal pela av. Marechal Mascarenhas de Moraes, o usuário se conduz pelo pátio ao hall de entrada da edificação que se interliga com a recepção, organizando assim o acesso a diversos ambientes ao seu redor, tornando um espaço comum que liga as salas de aulas, auditório, berçários com fraudário, secretaria, sala de espera e gabinete pastoral, este possui um acesso independente. Além da entrada principal, a edificação apresenta acessos secundários, que se unem as circulações principais, compostos por escadas e elevadores, conduzindo o usuário ao primeiro e segundo pavimento, do edifício educacional religioso e ao templo (Figura 59).


68

Figura 59 – Acessos Térreo

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora

O Templo

Em relação aos materiais, utilizados no projeto, a igreja foi construída com estrutura de concreto armado e blocos cerâmicos para fechamento. Ao analisar o desempenho acústico, observam-se na nave da igreja, paredes revestidas com madeira e piso revestido com carpete, o que permite melhor isolamento acústico da edificação, além disso, os bancos são revestidos (Figura 60). Foram instalados espelhos acústicos no forro de gesso, o que propõe conforto sonoro para os usuários.


69 Figura 60 – Imagem interna do templo

Fonte: Acervo pessoal. Acesso em 15 de maio de 2015.

Púlpito O púlpito encontra-se a 60 cm acima do piso do auditório e possui espaço para grupo de louvor e coral. Já o batistério encontra-se a 1,50m acima do nível do púlpito (Figura 60). Após o batismo o usuário do espaço se dirige, através de uma circulação interna, as salas de apoio, os banheiros e aos vestiários no pavimento superior (Figura 61). Figura 61 – Corte da Primeira Igreja Batista de Vitória – ES.

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015.


70

Figura 62 – Planta Baixa do Templo- Galeria e circulações

Fonte: Escritório Arquiteto Pedro Louzada. Acesso em 20 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora

Conclusão

Verifica-se, após a análise, que a edificação estudada é um exemplar representativo em âmbito local – caracterizado pela modernização da cidade – e, em âmbito global, através do rebatimento de algumas premissas modernistas em seu projeto.

A maior virtude do edifício é de natureza formal. Os volumes se articulam e se integram, compondo volumes que engastam, penetram ou apenas se encostam. O edifício apresenta interessante jogo de contrapontos – cheios e vazios, reentrâncias e saliências, marcações horizontais e verticais – que tornam, sem dúvida, a composição bastante rica.

Verifica-se que a laje plana e os amplos panos de vidro remetem a uma imagem de modernidade. Não se sabe até que ponto a localização do terreno bem como suas condicionantes físicas e ambientais influiu na escolha do partido arquitetônico. Algumas questões sobre decisões de projeto não puderam ser respondidas, pois necessitaria de uma entrevista ao arquiteto


71

autor do projeto. Percebe-se que a obra trouxe consigo, na época de sua construção, o espírito do novo, impactante e moderno.

5.

ARQUITETURA

RELIGIOSA

-

PROJETO

DE

UM

TEMPLO

PROTESTANTE O projeto tem como objetivo buscar excelência em um ambiente a ser utilizado como Igreja protestante, cujo foco é o bem-estar, segurança e comodidade dos membros da igreja, aliado à estética da obra e a funcionalidade, criando um ambiente agradável. Os elementos utilizados para a composição estética foram: a sobreposição de volumes de forma simples, com o vidro e estrutura metálica nos elementos vazados na fachada contrapondo com a alvenaria. A proposta resulta em dois volumes um sobre o outro com funções distintas a intenção é que os volumes quando observados externamente seja um marco, referencial urbano no bairro.

O projeto atende todas as necessidades para uma igreja protestante, para o culto e no ensino da palavra, a proposta contempla o templo para cerca de 700 pessoas, galeria, salas de aula de diversas faixa etária de idade que vai do infantil a melhor idade, batistério, vestiários, instalações sanitárias, gabinete pastoral, secretaria, tesouraria, biblioteca, salas de professores, coordenação e tesouraria, salão de festa, cozinha, cantina, jardim interno e estacionamento. O objetivo do projeto é proporcionar um local agradável, seguro e acessível tanto para a comunidade como para os visitantes e especificamente para os membros da Igreja protestante.

5.1 ANÁLISE DO TERRENO Este capítulo apresenta os critérios para escolha do local do terreno, juntamente com a análise da legislação do município, das condicionantes físicas, ambientais e visuais, esses critérios foram embasados de acordo com o autor CHING (2008).


72

Para realizar a escolha do terreno, foram levados em conta alguns fatores primordiais que tornassem favorável a implantação de uma igreja protestante, sendo estes aspectos: a escolha de um bairro com predominância residencial, com vias de fluxos médios, condicionantes físico-ambientais favoráveis, condicionantes legais adequados à instalação da atividade principalmente boa visibilidade do terreno. Esses aspectos externos contribuem para a adequação do projeto ao contexto local, assim como favorecem a permanência e aceitação do projeto. Alguns outros aspectos foram considerados ao se escolher o terreno. Tais como: 

Localização: um terreno inserido em um bairro consolidado, com um índice alto de população residente.

Acessibilidade: uma localização privilegiada e um sistema viário que favorecesse o acesso.

Logística: com um uso dominante residencial, e uma localização estratégica, permitindo uma maior visibilidade.

Dimensão: contendo um espaço suficiente, para comportar o programa de necessidade de uma igreja.

Com base nos aspectos citados, considerados relevantes para a implantação do projeto, foi escolhido um terreno em Vila Velha – ES, no Bairro Coqueiral de Itaparica.

5.1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO O terreno está localizado no Bairro Coqueiral de Itaparica, na cidade de Vila Velha,

possui

aproximadamente

5.645,00

de

área,

tendo

como

confrontantes a av. Délio Silva Brito, rua Quatro e a rua C (Figura 63 e 64).


73

Figura 63 – Localização do Terreno para implantação do projeto.

Fonte: Google Earth. Acesso em 15 de maio 2015. Nota: Adaptado pela autora. Figura 64 – Ampliação da localização do terreno.

Fonte: Google Earth. Acesso em 15 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.

O terreno escolhido possui algumas potencialidades em destaque, apresenta boa visibilidade, facilidade de acesso, possui um entorno diversificado de residências, comércios e serviços, o local é bem movimentado, pois além do comercio e serviços, a rua Quatro é o principal acesso à praia de Itaparica que fica em torno de 300m da praia. O entrono do terreno conta com atrativos noturnos como, por exemplo, a Feirinha comunitária que acontece nos finais de semana na principal praça do bairro (Figura 65).


74

Figura 65 – Imagem do terreno escolhido

Fonte: Arquivo Pessoal. Acesso em 12 de maio de 2015.

O Bairro possui um uso predominante residencial (Figura 66). Nas proximidades do terreno estão localizados condomínios e casas com gabarito de até quatro pavimentos, somente na orla, estão presentes os edifícios com gabarito maior acima de 15 pavimentos (Figura 67). Há também edifícios de uso misto, com comércios que atendem a população. Figura 66 – Mapa de Gabarito com entorno do terreno escolhido.

Fonte: Google Earth. Acesso em 15 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora.


75 Figura 67 – Mapa Uso do Solo com entorno do terreno escolhido

Fonte: Google Earth. Acesso em 15 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora.

A região é bem estruturada no ponto de vista urbano, onde todas as ruas são pavimentadas com asfalto, rede de esgoto, abastecimento de água, energia elétrica, iluminação pública, pontos de ônibus e coleta de lixo. No entorno do terreno existe algumas patologias urbanas que deverão ser levadas em consideração na hora do desenvolvimento do projeto, como: esgoto a céu aberto (embora o mesmo sendo canalizado) exala odor e em dias muito chuvosos acontece transbordamento do mesmo, além de atrair mosquitos. A rua C e rua Quatro são as vias que recebem o fluxo do transporte coletivo, sendo assim nessas vias o ruído é mais intenso. No mesmo quarteirão localiza-se uma pequena igreja católica, e a área de lazer da primeira etapa localizada também no mesmo quarteirão, ambas produzem ruídos quando em uso. A calçada no entorno do terreno encontra-se em mau estado de conservação e não atende aos requisitos da norma da ABNT 9050. O bairro também é desprovido de ciclovias, mobiliário urbano, e paisagismo. No entorno imediato do terreno localiza-se o supermercado Casagrande, o condomínio residencial Atlântico Sul 1ª Etapa, o Posto de Saúde, o Ginásio Tartarugão, o Colégio COC, duas igrejas católicas, uma delas está localizada na principal Praça do bairro, o que torna as ruas bem movimentadas por pedestres em todo o decorrer do dia (Figura 68). Em relação ao transporte


76

coletivo o terreno é localizado próximo a três pontos de ônibus, que contemplam linhas municipais e intermunicipais. Figura 68 – Principais Referências do Entorno

Fonte: Google Earth. Acesso em 15 de maio de 2015. Nota: Adaptado pela autora.

5.1.2 ANÁLISE DA LEGISLAÇÃO

De acordo com o Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Velha, o terreno está inserido na Zona de Ocupação Prioritária, com cinco subdivisões, sendo que o terreno está localizado na ZOP 5 (Figura 69). De acordo com o artigo 72 da Lei 4575/2007, a Zona de Ocupação Prioritária corresponde à parcela do território municipal que contém melhor infraestrutura, onde deve ocorrer o incentivo ao adensamento e à renovação urbana, com predominância do uso residencial e prevenção

de

impactos

gerados

por

usos

e

atividades econômicas

potencialmente geradoras de impacto urbano e ambiental.


77 Figura 69 – Trecho Mapa Zoneamento, Plano Diretor Municipal Vila Velha - ES.

Fonte: Plano Diretor Municipal de Vila Velha. Acesso em 17 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.

Segundo o artigo 74 da Lei 4575/2007, os principais objetivos para a ZOP 5 são obter coeficiente de aproveitamento compatível com a infraestrutura instalada,

promover

a

renovação

urbana

e

implantação

de

novos

parcelamentos que sejam necessários a integração da malha viária. Baseado na análise da tabela de enquadramento de atividades e tabela de controles urbanísticos disponíveis no PDM, é possível perceber que para a ZOP 5, permite atividades com Grau I, Grau II e Grau III de impacto urbano (Figura 70).

De acordo com a tabela de enquadramento de atividades

Igreja/Templos estão classificadas como atividades Grau II atendendo ao que o zoneamento determina (Figura 71). Figura 70 – Quadro de Enquadramento de Atividades por Zona

Fonte: Plano Diretor Municipal de Vila Velha. Acesso em 17 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.


78

Figura 71 – Quadro de Enquadramento de Atividades

Fonte: Plano Diretor Municipal de Vila Velha. Acesso em 17 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora

Com base na análise da tabela de controle urbanístico coeficiente de aproveitamento mínimo de 0,2 e máximo de 4, porém para terrenos maiores que 2.500 m² é acrescentado o coeficiente de aproveitamento máximo 0,5, totalizando então 4,5. A taxa de ocupação máxima é de 60% e a taxa de permeabilidade mínima é de 10%. Quanto a gabarito e a altura da edificação o PDM não estabelece limite (Figura 72). Figura 72 – Quadro de Índices Urbanísticos

Fonte: Plano Diretor Municipal de Vila Velha. Acesso em 17 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.

Em relação aos afastamentos, o PDM determina o afastamento frontal de 3,00 metros (Figura 73). O afastamento lateral e de fundos, varia de acordo com o número de pavimentos da edificação.


79 Figura 73 – Quadro de Afastamentos Mínimos relacionados ao terreno escolhido para implantação do projeto.

Fonte: Plano Diretor Municipal de Vila Velha. Acesso em 17 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.

5.1.3 POTENCIAIS CONSTRUTIVOS Um

dos

principais

potenciais

construtivos

do

local

está

em

seu

dimensionamento favorável em formato ligeiramente trapezoidal, com área de 5.644,21m², apresentando sua maior testada de aproximadamente 98 m, voltado para a Rua Quatro.

Além desse aspecto, outro fator importante é o sistema viário que configura como um dos limites do terreno (Figura 74). Esse aspecto pode ser positivo na medida em que permite o acesso facilitado à edificação. Por outro lado, devese ter atenção para que a proposta não gere tráfego intenso na região, trazendo maior sobrecarga as vias existente e consequente impacto negativo ao bairro


80

Figura 74 – Análise do sentido do fluxo Viário no entorno do terreno escolhido para implantação do projeto.

Fonte: Google Earth. Acesso em 15 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.

A Av. Délio Silva Brito, Rua Quatro e a Rua C. São as principais vias próximas ao terreno e apresentam um fluxo médio de veículos durante o dia e um menor fluxo durante a noite, sendo favorável ao acesso dos veículos a igreja, tendo em vista que a maioria dos cultos religiosos ocorre no horário noturno, direcionando também a localização da entrada do estacionamento da edificação,

permitindo

um

acesso

confortável

e

que

não

gere

congestionamentos (Figura 75, 76 e 77). Figura 75 – Imagem da Rua Quatro, à direita, com rua C à esquerda, com o conjunto habitacional ao fundo e o terreno proposto.

Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2015.


81

Figura 76 – Imagem da Rua Quatro, à esquerda, e o templo da igreja católica.

Fonte: Arquivo Pessoal. Acesso em 12 de maio de 2015. Figura 77 – Imagem da Rua C.

Fonte: Arquivo Pessoal. Acesso em 12 de maio de 2015.

A área de carga e descarga do Supermercado está localizada na Rua Itaperuna (o que não desfavorece a localização, tendo em vista que o terreno não possui nenhuma face voltada para a Rua Itaperuna, além de ter sido adotado como maior potencial a Av. Délio Silva Brito e Rua Quatro como possíveis acessos) (Figura 78 e 79).


82

Figura 78 – Imagem Rua Itaperuna

Fonte: Google Earth. Acesso em 12 de maio de 2015.

Figura 79 – Mapa de Classificação Sistema Viário

Fonte: Plano Diretor Municipal de Vila Velha Nota: Adaptado pela autora


83

Em relação ao Sistema viário, o PDM classifica as vias de acordo com o seu fluxo atual ou suas potencialidades (Figura 78). No entorno tem se a av. Délio Silva Brito como via Arterial, que de acordo com o artigo 189, é definida como uma via ou trecho, com significativo volume de tráfego, utilizada nos deslocamentos urbanos de maior distância e regionais. A rua Quatro está classificada como via coletora, definida pelo PDM como vias ou trechos com função de permitir a circulação de veículos entre as vias arteriais e as vias locais. E a rua C, classificada como via local a via ou trecho, de baixo volume de tráfego, com função de possibilitar o acesso direto às edificações.

5.1.4 CONDICIONANTES FISICOS - AMBIENTAIS Em relação aos condicionantes físico-ambientais, os fatores analisados foram à ventilação,

insolação,

topografia,

recursos

hídricos,

caracterização

da

paisagem. O vento predominante nordeste favorece a fachada localizada na av. Délio Silva Brito e na rua Quatro, que recebem uma maior incidência de ventilação, contribuindo na elaboração do projeto, sendo um potencial recurso a abertura nessas fachadas permitindo um maior aproveitamento da ventilação natural. (Figura 80). Figura 80 – Analise microclima

Fonte: Google Earth. Acesso em 10 de maio de 2015 Nota: Adaptado pela autora.


84

Quanto à insolação a fachada com incidência de sol da manhã está localizada na Rua C, e confrontando com a área de Lazer presente na quadra. A Rua Quatro e a Av. Délio Silva Brito, recebem incidência do sol da tarde. Esse aspecto possibilita a criação de soluções para atenuar a incidência solar de alguns espaços e o aproveitamento da iluminação natural em outros (Figura 84). Para demonstrar a variação da posição solar durante as estações do ano, foi feito um estudo solar com um volume fictício, demonstrando a incidência solar e sombreamento no terreno (Figura 81 e 82). Figura 81 – Equinócio de Outono e Primavera

Figura 82 – Solstício de Inverno e Verão


85

5.2 O PROJETO

Para aprimorar o desenvolvimento do projeto tornou-se essencial observar as necessidades existentes de cada ambiente do programa, apontado através dos estudos de caso e estudos realizados em bibliografias especificas para a importância dos mesmos para esta tipologia arquitetônica, criando assim, meios de atender às diferentes exigências legais programáticas associadas ao funcional, tornando o equipamento flexível e dinâmico, a fim de facilitar a circulação interna dos espaços. Foi utilizado iluminação natural em parte da edificação bem como ventilação natural, através do jardim interno e esquadrias de vidro na fachada que fazem a renovação do ar e a iluminação. Será necessária a utilização de refrigeração mecânica de ar-condicionado somente nos ambientes das salas de aula, nave do templo e salão de festa.

5.3

PROGRAMA DE NECESSIDADES

O programa de necessidades foi elaborado com o auxílio das visitas técnicas e estudos de caso como visto anteriormente. O programa contempla todas as necessidades para o funcionamento de uma igreja protestante. Foi feita uma análise em relação ao dimensionamento dos ambientes existentes dentro dos estudos de caso que foi adaptado para a proposta do projeto, com base em estudos de layout e na própria vivência dos espaços. O programa conta com: 

Nave do templo com local para presbitério da igreja, local para orquestra;

Batistério;

Vestiários;

Secretaria;

Sala de professores;

Tesouraria;

Sala de Ação social;


86 

Biblioteca;

Salas de aula;

Sala de reunião;

Gabinete pastoral;

Sanitários masculinos, feminino, e sanitários para portadores de necessidades especiais (PNE);

5.4

Salão de festa;

Cozinha;

Deposito;

Lavanderia;

Cantina;

Estacionamento.

IMPLANTAÇÃO – PAVIMENTO TÉRREO

Figura 83 - Perspectiva do acesso principal - Fonte: Arquivo Pessoal

A edificação foi posicionada no terreno de forma que pudesse aproveitar ao máximo o espaço visando valorizar o entorno. A edificação é composta por dois blocos, onde um contempla as salas de aulas e toda a parte administrativa. O hall é o grande elo entre os dois edifícios, e nele se encontra atividades do dia-


87

a-dia da igreja como secretaria, gabinete pastoral, salas de aula e outros. A luz natural entra neste ambiente através de uma cobertura de vidro e fachada envidraçada. Os espaços internos foram organizados a partir deste hall que interliga e dar acesso aos demais ambientes como salão de festa com cozinha e depósito para atender as necessidades do mesmo. Integrando o salão, foi proposta uma cantina para eventos de pequeno porte onde ambos darão acesso ao jardim, convidando os membros a permanecer para momento de comunhão e convivência voltado para a rua interna criada, situada próximo à área de carga e descarga, onde se encontram também os vestiários e uma escada de serviço que dá acesso ao primeiro e segundo pavimento, e um acesso direto ao corredor que faz toda a circulação horizontal do pavimento. Entre as edificações acontece a circulação principal, que liga os acessos dos usuários a todas as instalações de forma direta através de rampas e elevadores. A calçada por sua vez teve a adição de dois metros para dentro do terreno em todo seu perímetro além da adequação de acordo com a legislação da calçada legal. Foram propostos dois acessos principais, um que acontece na Rua Quatro, a rua de maior movimento, e outro acesso outro pela Rua C, a rua de menor movimento. O acesso da Rua Quatro se dá através da rampa acessível e escada para acesso pedonal. O acesso de veículos para embarque e desembarque se dá por uma rampa que marca a entrada principal. Já o acesso para o estacionamento acontece pela rua C, este que foi alocado no meio subsolo, neste mesmo acesso têm-se a entrada de cargas e descargas, onde a saída dos mesmos acontecerá pela Av. Delio Silva Brito.


88

Figura 84 - Perspectiva do acesso principal - Fonte: Arquivo Pessoal

5.5

A FACHADA

A edificação é marcada com elementos que remetem grandiosidade, que vão desde a concepção da forma aos materiais usados, destacando os grandes elementos vazados com o formato da estrela de Davi. Com pano de vidro e laje em balanço, dão destaque e imponência a edificação que está elevada a 1.50m do nível da rua. A presença do vidro permite a transparência das circulações interna transmitindo leveza a edificação. A volumetria do templo se constitui de uma forma pura, um cubo volumoso e robusto, mas que busca a leveza devido ao seu revestimento de placas de ACM iluminados com LED.

Figura 85 - Fachada- Fonte: Arquivo Pessoal


89

Figura 86 - Perspectiva do acesso principal - Fonte: Arquivo Pessoal

5.6

SETORIZAÇÃO PRIMEIRO PAVIMENTO

O templo está alocado no bloco central e este é acessado através da rampa, escada e elevadores. A rampa é ventilada através de aberturas para o lado interno voltado para o jardim interno e a fachada envidraçada favorece a visualização da paisagem proporcionando uma integração entre o ambiente interno e externo.

Figura 87 – Jardim Interno no primeiro pavimento - Fonte: Arquivo Pessoal


90

Figura 88 - Perspectiva - Fonte: Arquivo Pessoal

Logo na circulação principal encontra-se os sanitários masculino e feminino, e também sanitário para portadores de necessidade especiais, que atendem a esse setor e se repetem novamente nos outros pavimentos formando o volume de duas torres de sanitários. Para o outro lado do corredor que faz a circulação horizontal do pavimento temos o foyer que dar acesso ao templo. Neste pavimento foi alocado também o batistério, ornado com elementos vazados e um jardim vertical que pode ser contemplado pelos membros através de um vidro. Seu acesso dá-se de forma independente, pelo térreo onde se encontra os vestiários masculinos, femininos e vestiário acessível. Foi proposto também uma plataforma hidráulica para garantir acessibilidade a todos os locais por pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida, suprindo assim de maneira prática e eficiente uma exigência social e legal. Uma escada foi alocada no final do corredor que vai do térreo até o ultimo pavimento.


91

Figura 89 - Setorização do primeiro pavimento - Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 90 – Foto esquemática - Fonte: Arquivo Pessoal

5.7

SETORIZAÇÃO – SEGUNDO PAVIMENTO

O segundo pavimento está locado somente a galeria que é acessada pelo templo através de escadas e, deste é acessado um corredor com varanda envidraçada ao longo de todo pavimento, dando um ar contemporâneo a uma arquitetura com características modernistas.


92

Figura 91 - Setorização do segundo pavimento - Fonte: Arquivo Pessoal

Figura 92 – Fachada principal - Fonte: Arquivo Pessoal


93

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A história do protestantismo no mundo, o acompanhamento crescente da evolução dos evangélicos como um todo, as constantes adequações de espaço físico, fazem refletir porque não desenvolver um projeto específico para o pleno funcionamento de uma igreja protestante.

O resultado do trabalho foi a implantação de um conjunto imponente, mas harmonioso com o entorno, uma obra que atentou aos critérios abordados como primordiais na legislação, além dos aspectos indispensáveis a um espaço a ser utilizado como igreja protestante, agradável e humanizado. Os estudos de caso apresentados, contribuíram para o projeto como norteadores do programa de necessidades que uma igreja protestante necessita. Através deles foram possíveis a elaboração de um programa mais completo.

A escolha do terreno foi de suma importância para a viabilidade do projeto levando em consideração todas as questões levantadas no decorrer do trabalho. O projeto se destaca pelas linhas retas e elegantes em dois volumes distintos e intimamente conectados. O templo encontra-se suspenso do chão em direção ao firmamento, fazendo-se presente enquanto casa de Deus e altar de adoração ao Ser Supremo. O Coroamento do templo com mosaico de ACM branco iluminado com LED simboliza a igreja como sal da terra e luz do mundo. A paisagem natural faz referência ao Espírito Santo, que se faz presente na vida dos crentes em comunhão com cristo.

A conexão entre o velho e o novo testamento é remetida através do elemento vazado com o formato da estrela de Davi, formado pela sobreposição de dois triângulos. Alguns autores indicam que um dos triângulos representa o homem e as suas três vertentes (corpo, alma e espírito) e o outro remete para Deus e os seus vértices expressam a Santíssima Trindade (Deus Pai, Filho e Espírito Santo). FONTE: https://www.significados.com.br/estrela-de-davi/ - pelo qual é necessário passar para entrar no grande átrio, que se leva ao céu por uma grande cobertura de vidro.


94

No templo está toda a área de ensino da palavra de Deus, dotado de jardins internos, remetendo a simplicidade e a transparência do dia-a-dia da vida cristã, como um convite aberto a todos a abraçar a fé em Jesus. Por fim, o projeto arquitetônico pretende estabelecer valor de destaque no contexto urbano ao qual se encontra inserido.

Com o desenvolvimento teórico dos aspectos relatados no presente trabalho, constata-se que a importância de uma edificação religiosa protestante, envolve não apenas o desejo em conceber uma arquitetura deste caráter, mas também compreender com a mesma influência em uma cidade, e com isso preencher as lacunas existentes na cidade, relacionada a esta tipologia arquitetônica.


95

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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100

APÊNDICES


101

APÊNDICE: ESTUDO PRELIMINAR APÊNDICES 1: Prancha 01/08 – Planta baixa Implantação APÊNDICES 2: Prancha 02/08 – Planta baixa Subsolo APÊNDICES 3: Prancha 03/08 – Planta baixa Primeiro Pavimento APÊNDICES 4: Prancha 04/08 – Planta baixa Segundo Pavimento APÊNDICES 5: Prancha 05/08 – Planta baixa Cobertura APÊNDICES 6: Prancha 06/08 – Planta baixa Fachada APÊNDICES 7: Prancha 07/08 – Corte AA APÊNDICES 8: Prancha 08/08 – Corte BB APÊNDICES 9: Maquete Eletrônica APÊNDICES 10: Maquete Eletrônica


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LINO

L PARA LOCA S DORE BEBE

01 08 ESCALA: 1:500


RQUE EMBA SO DES OLO E SUBS 0.00

ACES

E DESC

A' 7%

i=18.6

24 23

22 20

21

SOBE

19 18 17

16

i=18.67%

49 48

47

46

SOLO SUSB 00 0.

45

44 43 42

09

41

08

40

07

06 05 04 03

39

02

11 38

01

10 9

37

8

TO AMEN CION ESTA OLOGAS SUBS 106 VA

36 35 34

33 32

69

7 6

68

5

67

4

3 2 1

66

31 65 30

64 29

63

28 62

27 26 25

61 90

60 89

59 88

87

58 86

57 85

56 84 55 SOBE

83

54

82

53

81 80

52 51 79

50 78

77

76 75

109

74

108 107

73

72

SOBE

106 71

105

104 SOBE

70

103 102 101

100 99

i=8.33%

96

i=8.3

3%

98

97

95

94

93 92

91

SOBE

A

ISO A3 297x420

SUBSOLO

02 08 ESCALA 1:500


A' Elemento Vazado

Jardim Vertical

Elemento Vazado

Elemento Vazado

ESCANINHOS PARA OS BATIZANDO

PLATAFORMA

PATAMAR

PATAMAR

18 19 20 21 22 23 24 25 26 17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

DESCE

PATAMAR

PISCINA

27 28 29 30 31 32 33 34

31 32

ACESSO

32

ACESSO

PAINEL DE MADEIRA

ESCADA

30

29

28

13

12

11

10

09

08

07

06

24

23

22

21

20

19

18

17

PATAMAR DESCE

14

25

ESCADA

PATAMAR

16 15

26

27

PAINEL DE MADEIRA

05

04

03

02

ORQUESTRA

01

01

PULPITO

02

03

04

05

06

07

08

09

10

11

12

13

14

15 16

MINISTERIO SALA DE AULA

SALA DE AULA

SO

BE

BE

SO

NAVE DO TEMPLO TOTAL 656 LUGARES

PATAMA

SALA DE AULA

PATAMA

SALA DE AULA

DESCE

i=8.33%

i=8.33%

i=8.33%

i=8.33%

SOBE

SALA DE AULA

SALA DE AULA

Desce

SOBE

PATAMA

PATAMA

PATAMA

DESCE

DESCE

PATAMA

Desce

SOBE

SALA DE AULA

SALA DE AULA

B

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

26

25

24

23

22

21

20

19

18

17

16

15

i=8.33%

i=8.33%

i=8.33%

i=8.33%

DESCE

B'

14

ESCADA

ESCADA

WC FEMININO

WC FEM

PATAMAR

PATAMAR

GUARDA-CORPO EM VIDRO H=1,10m

13

12

11

10

09

08

07

06

05

04

03

02

01

01

02

03

04

05

06

07

08

09 10

11

12

13

GUARDA-CORPO EM VIDRO H=1,10m Desce

PNE

CIRC

CIRC

PNE PNE

PNE GUARDA-CORPO EM VIDRO H=1,10m

WC MASCULINO

WC MAS

A

03 08 ESCALA: 1:250


Elemento Vazado

Jardim Vertical

Elemento Vazado

Elemento Vazado

PLATAFORMA PATAMAR

PATAMAR

18 19 20 21 22 23 24 25 26

DESCE

PATAMAR

27 28 29 30 31 32 33 34

RUFO

CALHA i=2%

RUFO

PULPITO

SO

BE

BE

SO

i=5%

B 15

16

17

12

11

10

09

18

19

20

21

22

23

24

06

05

04

03

02

25

GALERIA

26

26

25

24

23

22

21

20

02

03

04

05

06

19

18

17

16

15

14

09

10

11

12

ESCADA

14

RUFO

i=5%

GUARDA-CORPO EM VIDRO H=1,10m

ESCADA

PATAMAR

PATAMAR

13

08

07

01

01

07

08

B'

13

FOYER GUARDA-CORPO EM VIDRO H=1,10m

LAJE IMPERMEABILIZADA

i=2%

i=2%

LAJE IMPERMEABILIZADA

RUFO

LAJE IMPERMEABILIZADA

A

04 08 ESCALA: 1:250


LAJE IMPERMEABILIZADA. LOCAL PARA CONDENSADORES DE AR

RUFO RUFO

CALHA i=2%

i=5%

i=5%

i=5%

RUFO

i=5%

RUFO

RUFO

RUFO

CALHA i=2%

CALHA i=2%

LAJE IMPERMEABILIZADA.

RUFO

CALHA i=2%

COBERTURA DE VIDRO

RUFO

RUFO

RUFO

COBERTURA DE VIDRO

RUFO

LAJE IMPERMEABILIZADA i=2%

i=2%

LAJE IMPERMEABILIZADA

B'

i=2%

i=2%

B

RUFO

LAJE IMPERMEABILIZADA.

A

COBERTURA

05 08 ESCALA: 1:250


PLACAS DE ACM ILUMINADO COM LED

ELEMENTO VAZADO

PELE DE VIDRO

FACHADA

06 08 ESCALA: 1:250


+18,90m

COBERTURA DE VIDRO

+12,60m

+12,34m FOYER

Forro Acustico

+12,34m GALERIA

COBERTURA DE VIDRO

+11,29m GALERIA

+7,70m FOYER

+7,00m

+1,65m +6.50m GALERIA

+1.50m +0,00m RUA

+0,15m BAIA.

+1.54m

+6.95m PULPITO

-1,25m PISCINA

+1.54m COZINHA

+1.54m

+1.54m +0,15m

+0,30m -1.85m SUBSOLO

ESTACIONAMENTO

ESTACIONAMENTO

-1.85m SUBSOLO

CORTE AA'

07 08 ESCALA: 1:250


+18,90m

+15,30m

+12.34m GALERIA

+10,65m

+7,69m

+7,70m TEMPLO

WC

+7,65m

+4.54m

+7,69m WC

+4.54m

Forro

WC

WC

+1.50m WC +0,00m RUA

+1.54m

+1.54m

+1.54m

+1.54m HALL

WC

+0,15m

+0,15m -2,00m SUBSOLO - ESTACIONAMENTO

-2,00m SUBSOLO - ESTACIONAMENTO

ELEVADOR

+0,00m RUA

-2,00m SUBSOLO - ESTACIONAMENTO

ELEVADOR

CORTE BB'

08 08 ESCALA: 1:250


MAQUETE ELETRONICA


MAQUETE ELETRONICA


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