ATHENA

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Ed. 01 ano 01 - Janeiro 2015

Para mulheres que sabem o que querem

POR QUE NÃO QUERER SER MÃE AINDA É TABU?

SAIA DA CORDA BAMBA Alê Farah se liberta da obrigação de ser equilibrista: “você tem que abrir mão de algumas coisas”

A ATHENA tenta entender porque esse patrulhamento continua

FRITANDO A CALABRESA

29 perguntas que você sempre quis fazer para a Dani Calabresa

EXCLUSIVO

Marcia Neder revela para as leitoras da ATHENA o primeiro capítulo de seu novo livro

NÃO SE DEIXE ENGANAR PELO NOME Você precisa ver The Good Wife e a ATHENA explica os motivos!

Luiza Possi

“Não sou tão angelical quanto as pessoas pensam” Em um papo franco e descontraído, Luiza Possi fala sobre carreira, vida pessoal, cobranças e independência

O LADO FEMININO DE SÃO PAULO EM UM EDITORIAL EXCLUSIVO

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ÍNDICE

Luiza Possi

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Diretoras responsáveis: Monica Dinah e Tarsila Zamami Editoras-chefes: Monica Dinah e Tarsila Zamami Jornalistas responsáveis: Monica Dinah e Tarsila Zamami Projeto gráfico: Monica Dinah, Tarsila Zamami, Luana Santana e Natalia Xavier Direção de arte e

diagramação: Luana Santana e Natalia Xavier

07 Carta das editoras 08 Colaboradores 12 Mulheres que inspiram ATHENA Menu do mês

14 Cerveja é coisa de mulher, sim!

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Sex and the city:

16 Cruising bar: o pecado mora ao lado! Comportamento

20 Por que não querer ser mãe ainda é tabu? 22 Ponha um fim na guerra contra o relógio 28 Os filhos da mãe: o primeiro capítulo do novo livro de Marcia Neder

Fa$hion Business

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Foco, fé e força: uma entrevista com Alê Farah 40 saltos em 1: o empoderamento feminino na ponta dos pés!

50 Dizer sim... é um negócio lucrativo 56 58 64

Beauty Bu$iness

A beleza na palma da mão Happy hour da beleza: o poder dos esmaltes

Conto sem fadas Mulheres Possíveis

Elas por Ele O lado feminino de São Paulo em um editorial exclusivo

98 108

Cultura Por que você precisa assistir à The Good Wife “Tempo é Dinheiro”: ficção da vida real

Diário de Viagem: Jana Rosa, Bogotá

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Hot News

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Versatilidade

Alto astral: A profissional de cada signo Rapidinha

Dani Calabresa

Mulheres que dizem sim




COLABORADORES JOSÉ PAULO CARDEAL

REPRODUÇÃO INSTAGRAM

FERNANDO ROCHA Nasceu em Minas Gerais, no século passado. É jornalista, mas também já foi artista. Fez teatro, vendeu iogurte na praia. Já andou por muito longe, mas hoje não sai de perto. Blog: hojeesabadoeamanhatambem.blogspot.com.br

TITI VIDAL

GLEICE BUENO

Titi Vidal é astróloga, taróloga e terapeuta. Atende e ministra cursos nestas áreas. Foi vice-presidente da CNA-Central Nacional de Astrologia. Autora do CBA-Caderno Brasileiro de Astrologia n. 19: “Amor e Astrologia: em busca de relacionamentos melhores”. Co-autora dos livros “Comunicação em Cena” volumes 2 e 4. Colunista de sites, revistas, jornais e televisão. Site www.titividal.com.br

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JANA ROSA

Jana Rosa nasceu em Araraquara no dia 7 de Junho de 1985 e passou os primeiros anos da infância acreditando ser a verdadeira Xuxa. Teve uma adolescência gótica e obscura e aos vinte anos se mudou para São Paulo para fazer faculdade de Desenho de Moda.

foi apresentadora do “Perua MTV” e colunista da revista “Gloss” e “TPM”. Em novembro de 2013, lançou com a amiga Camila Fremder o livro “Como ter uma vida normal sendo louca”.

Já trabalhou com Erika Palomino e Glória Kalil,

Blog: janarosa.com.br

MARCIA NEDER Marcia Neder é psicanalista, pós-doutora e doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Psicanálise e Educação da USP (NUPPE), convidada da PUC-RJ (2009), Casa do Saber - Rio, SOBEPI-Rio entre outras instituições; membro do Conselho Científico da “Percurso”, revista de psicanálise do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae - SP; criadora do grupo “A escola no divã” na creche Favinho e Mel - Rio. Autora de “Déspotas mirins: o poder nas novas famílias” (SP: Editora Zagodoni, 2012), “Psicanálise e educação: laços refeitos” (SP: Casa do Psicólogo, 3a. ed. no prelo) e “A arte de formar: o feminino, o infantil e o epistemológico” (Petrópolis: Vozes, 2002), capítulos de livros, artigos e crônicas. Site: www.marcianeder.com.br

IVO VICENTIM/NEOPIX FOTOGRAFIA

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MULHERES QUE INSPIRAM ATHENA

Audrey Hepburn Passem quantos anos forem, Audrey continuará muito viva no imaginário das pessoas. Uma referência de estilo e elegância, uma inspiração como atriz e um ideal de beleza!

Gisele Bündchen Top mais bem paga do mundo e rainha absoluta das passarelas, Gisele venceu muito além do mundo da moda: foi eleita uma das empresárias mais poderosas do Brasil pela Forbes, é um nome ao qual muitas empresas querem se associar e é engajada em diversos projetos sociais. O sucesso pode vir para muitos, mas Gisa soube mantê-lo, multiplicar sua fortuna e alavancar ainda mais a sua carreira. Isso poucos conseguem.

Malala Yousafzai A jovem paquistanesa de 17 anos é um exemplo de força, coragem e resistência. Ela não se intimidou e continua lutando pelos direitos humanos, educação e liberdade das mulheres. Uma inspiração e referência do empoderamento feminino!

Jennifer Aniston Junto com as manchetes do casal sensação Brangelina em 2005, as notícias sobre Jennifer ter sido traída por Brad, até então seu marido, ocuparam sites e revistas do mundo inteiro. Mas quem pensa que Aniston fez papel de vítima está muito enganado! A atriz pediu o divórcio, deu a volta por cima e está mais linda e segura do que nunca! Aos 45 anos já disse em diversas entrevistas que é mais feliz depois dos quarenta e que não, não pretende ter filhos. Parem com o patrulhamento! 12 ATHENA | JANEIRO 2015

Bea Feitler A carioca Bea Feitler é referência internacional até hoje quando o assunto é design. Já assinou a arte de revistas cultuadíssimas como Harper’s Bazaar, Vanity Fair e Rolling Stone. Tudo isso nas décadas de 1960 e 70. Quando muitos queriam seguir no terreno confortável das fotos e design padrão, mais do mesmo, Bea se destacava por buscar sempre a ousadia, versatilidade e inovação.

Lúcia Guimarães A correspondente, colunista e produtora Lúcia Guimarães é mestre quando o assunto é comportamento. Suas matérias para o Saia Justa, do canal GNT, captam muito bem a essência da mulher moderna e jamais subestimam a inteligência da espectadora, não importa o quão delicado seja o assunto.

Samantha, Sex and the City Quer mulher mais independente que a Sam? Super bem sucedida na carreira, auto estima nas alturas e sem encanação com seu corpo e sexualidade. Não casou nem teve filhos por opção própria e está super tranquila quanto a essa decisão. Ela é o exemplo da mulher que não está nem aí para o que os outros vão pensar. Ela só quer ser feliz!

Sarah Jessica Parker Dez anos depois do término de “Sex and the City”, Sarah Jessica Parker continua um ícone fashion até hoje, servindo de inspiração para muitos fashionistas e sendo requisitada para estrelar diversas campanhas, inclusive da marca brasileira Maria.Valentina (foto).


Madonna Afinal, o que Madonna tem que a faz se manter no topo há 30 anos? A resposta é fácil: capacidade de reinvenção. Isso ela tem como ninguém! Madonna poderia ter continuando cantando só as músicas que a alavancaram nos anos oitenta como fazem muitos cantores e bandas. Viver do passado. É, no mínimo, seguro e confortável. Mas Madonna faz questão de embarcar no terreno inseguro das músicas novas. Até as antigas faz questão de repaginar (quantas vezes você não ouviu “Vogue” ou “Like a Prayer” com batidas e coreografias diferentes?). Faz questão de passear por outras áreas e testar seus limites. Já foi atriz, diretora, documentarista, escritora, empresária. Se foi bem-sucedida ou não nessas empreitadas não importa; ela fez o que teve vontade, embarcou sem hesitar (mas com muito planejamento, claro! Porque Madonna não abre mão de bastante organização e ensaios aos montes). Em meio a críticas sobre sua performance em “Evita”, ainda conseguiu levar um Globo de Ouro de melhor atriz e um Oscar de melhor canção. Mas é nos palcos que ela reina absoluto, ofuscando tudo e todos. Transforma seus shows em verdadeiros espetáculos: com super produção, enredo, história e polêmica. Muita polêmica. Calculadas ou espontâneas, é inquestionável que é a melhor empresária de si mesma. Coloca-se em frente aos holofotes no momento certo e sai de cena quando deve. Sabe como atrair novos públicos e associar seu nome a pessoas e produtos que estão fazendo sucesso (quem não se lembra dela vestida como personagem de “Game of Thrones”?). Em cima do palco já assumiu diferentes personagens e encarnou diversas histórias. Uma dor de cabeça para muitas cantoras, já que, toda vez que tentam algo novo, parece que Madonna já fez primeiro. Ela já foi gueixa, samurai, gótica, crucificada, mística, boxeadora, dançarina de tango, dominatrix, militante política, country girl, domadora. Sempre foi rainha. Por isso e muito mais Madonna é a inspiração mor da ATHENA!

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SEX AND THE CITY

Relato de uma repórter que teve que se despir de seus preconceitos para conseguir se lambuzar no pecado ao experimentar uma balada de pegação (em seu primeiro dia aberta também para mulheres)

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i u r C Se alguém te convidar para conhecer um lugar novo que tem bar, pista e DJ, e você fizer o tipo baladeira, provavelmente sua resposta será: “já tô lá!”. Se você for liberada sexualmente e te perguntarem o que acha de sexo no primeiro encontro, você dirá: “já tô lá!”. Mas, e se te dissessem que a balada é um cruising bar novo na cidade e que o casual sex rola lá mesmo, dentro das cabines que fazem parte do ambiente da casa. Você dirá: “já tô lá!”? a) sim b) não c) prefiro não comentar d) nda? No meu caso, a resposta sempre foi a), com orgulho. Só esperava uma oportunidade para que algum capitalista da noite percebesse a oferta/procura e liberasse um espaço de sexo e balada - antes exclusivo do público gay masculino – também para as mulheres, seja qual fosse a opção sexual delas. Até que bom, sabe como é São Paulo, a cidade que nunca dorme, nem no ponto, nem na História, recebeu uma dessas baladas tipo cruising bar, com dois dias da semana aberto para elas: happy hour e balada. Recebi um convite de um amigo: “Olha, seu desejo se tornou realidade! Vamos?”. E, aí, quando a suposição virou realidade e o discurso tinha que se tornar ação, o moralismo falou mais alto e a resposta foi b). Um b) bem grande na verdade e cheio de exclamações!!!!! Uns dois meses depois e com a desculpa de uma matéria jornalística – e o incentivo unânime de várias amigas que dariam a vida para ler o depoimento de alguém que teve acesso a um mundo que pare-

ce proibido e inacessível para muitas – cheguei ao c)! Como a leitora ainda não consegue ler a mente da colunista, por mais embaraçoso que sinta ter que relatar minha vivência aqui, o c) teve que dar lugar para o “era uma vez...” das baladas sexuais. Cheguei ao ambiente em um estado alcóolico um pouco elevado - “I don’t care, I love it!” foi meu mantra durante todo trajeto até a balada, leia-se, meio da rua - com um visual ladylike (saia rodada até o joelho, blusinha e sapatilha). Smartphone em punho, fui fazer um tour pelo lugar, que para minha surpresa, não era nem tão cheio assim, nem tão escuro assim. Avistei duas mulheres acompanhadas e alguns homens meio perdidos. A música, bom, não lembro, mas sei que dancei. Do bar, consumi R$30 reais em água. Da pista, tenho flashes, mas das cabines, ah quanta diferença. Fui acompanhada por um amigo, fiel amigo você precisa saber, e quando pisquei, ele já tinha sumido. Fui passear: conheci o banheiro (normal), a sala de filmes (normal), o jardim (normal) e ... as cabines (nada normal). Mini quartos sem cama, apenas com uma porta papel para limpar excessos sexuais e buracos nas paredes para, bom, é possível imaginar o que os homens colocam lá. O principal dessa área é o quarto escuro, um espaço onde ninguém é de ninguém, então c) parece ser uma boa opção agora, mas sei que não posso fazer isso! Entre as idas e vindas do meu amigo, descobrimos um armário transparente, num canto escondido. Lá,


: r a b sing

! o d a l o a a r o m o d a c e p o nas três prateleiras existentes, de baixo para cima, vendiam camisinhas, dvds, e, finalmente, vibradores disponíveis em quatro tamanhos, inspirados em homens famosos, que imaginamos serem atores de filmes pornôs, nunca saberemos (?). Três deles já tínhamos visto e até experimentado em nossas andanças por camas alheias, mas o primeiro, ah, quanta diferença. Muito grande, muito longo, não parecia ser humanamente possível alguém usar aquilo. Enquanto divagava sobre como seria provar daquele material, se ele caberia nos buracos das cabines ou se ficaria preso, lá se foi meu amigo... Mandava mensagens para ele do tipo: ‘volte aqui agora’, ‘tô sozinha’, ‘não tem nada para escrever aqui’. Mas, nesse meio tempo, conheci um rapaz que, por acaso, tinha acabado de ficar com meu amigo, me viu perdida e foi me ajudar. “Você está perdida?”, ouvi no escuro, no meio das cabines. “Não sei”, consegui responder. “Está procurando a saída?”, continuou. “Sim”, respondi. E me apontou a placa “SAÍDA”, bem em cima do porta-camisinhas. No meio de rostos estranhos e desconfiados, o advogado de olhos de mel, roupa social e gravata fina – muito moderno!! (sim, mesmo bêbada e transloucada, ainda presto atenção na moda) – me fazia companhia e me exigia um beijo! “Você ficou com meu amigo, não posso ficar com você. Você é gay!”, insistia enquanto ele me contava a vida, dançava comigo, me declamava poemas (!)

e me tentava. “Sou bi, e você é jornalista, deveria ser menos preconceituosa”. Nada me fazia mudar de ideia até que ele me conduziu para o mundo das cabines e me apresentou um “amigo hétero” perdido por lá. A opção c) seria a melhor resposta agora, mas vou deixar a sua imaginação adivinhar o que seis mãos, três bocas e acessórios afins podem fazer com uma repórter em busca de novas aventuras, no meio da escuridão! O olhar dos voyeres que se colocavam em pé ao lado da cabine, as pessoas que usavam a desculpa de ir ao banheiro para olhar mais um pouco e a sensação de não poder fazer aquilo, fez desta, uma experiência libertadora! Ou seja, um lugar que parece ter uma penumbra eterna, onde todos os limites desaparecem e as possibilidades são infinitas exige um a) bem grande, você não acha? Não ficou com vontade também? Nesse ponto, o melhor seria ter uma opção e) de “se jogue”, sem rede de segurança - apenas com um preservativo, claro!

Monica Dinah Baladeira profissional sempre aberta a novas experiências, mesmo que para isso ela tenha que reforçar o blush e lustrar a cara de pau! 2015 JANEIRO | ATHENA 17


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COMPORTAMENTO

Por que não querer ser mãe ainda é tabu? Você vai chegando perto dos 30, construindo sua carreira e, de repente, as cobranças dos outros começam a pipocar. “E aí? Quando você vai ter um filho?” ou “Já não está na hora de encomendar um?” passam a ser perguntas rotineiras que, convenhamos, enchem a paciência, ainda mais das mulheres que não pretendem ser mães. Ao longo das décadas, as mulheres conseguiram se libertar de inúmeras imposições e tabus, mas parece que ser mãe continua sendo uma exigência da sociedade. Ninguém pergunta para um casal com filhos porque eles tiveram um (ou dois, ou três...), mas um sem filhos sempre é questionado pela decisão. Os motivos para não querer ser mãe variam, os principais deles, segundo explica a psicóloga Luci Helena Baraldo Mansur, autora do livro “Sem filhos: a mulher singular no plural” (Editora Casa do Psicólogo), estão relacionados a evitar as responsabilidades e preocupações inerentes à criação dos filhos: maior desimpedimento para as oportunidades que surgem na vida, desejo de manter a relação conjugal mais igualitária e gratificante, menos preocupações com questões financeiras e uma possibilidade maior de crescimento da carreira profissional da mulher. Essas são as razões pessoais das mulheres. Além disso, elas precisam enfrentar a sociedade. Para a psicanalista Marcia Neder, autora de “Déspotas Mirins: o poder nas novas famílias” (Editora Zagodoni), essa cobrança dos outros acontece porque a feminilidade continua sendo associada à maternidade, como se fosse preciso ser mãe para ser inteiramente feminina. “Dependendo dos seus projetos e das suas ambições a maternidade pode ser um obstáculo poderoso para a sua realização”, defende. Quando uma mulher decide ser mãe, precisa paralisar, ainda que provisoriamente, sua carreira e, depois de finalizada a licença maternidade, fazer em muitos casos um planejamento e tanto para

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conseguir conciliar carreira e filho(s). “Aqui no Brasil, como em muitos outros países, esperamos que uma mãe se sacrifique, renuncie a sua vida”, ressalta Marcia. E completa: “ela tem que fazer uma tremenda ginástica para conciliar suas ambições com esse modelo de maternidade. Muitas fazem. Mas algumas não aceitam isso”. São inúmeros os motivos que levam uma mulher a querer ter um filho, assim como vários os que fazem com que outras não queiram. Para aquelas que optam pela maternidade muitas vezes a vontade de dar continuidade à sua história, ter companhia na velhice ou ver nos seus herdeiros a realização de sonhos que não pode concretizar são justificativas plausíveis. E, com isso, muitas se frustram e jogam suas expectativas nas crianças. “A maternidade não oferece um passaporte para a felicidade ou para uma suposta normalidade porque não é uma garantia de completude, desenvolvimento ou maturidade emocional”, ressalta Luci. Não querer ser mãe ainda pode ser um grande tabu, mas ser mãe para satisfazer o parceiro ou ceder à pressão social são escolhas que podem ser mais perturbadoras do que o fato de uma mulher tomar a decisão sincera de não querer desempenhar o papel materno. A certeza de não ter filhos não significa que elas sejam contra à maternidade. Muitas, inclusive, se revelam carinhosas tias ou professoras. Essas mulheres apenas não veem a maternidade como realização pessoal. “O que torna uma mulher satisfeita com a própria vida se relaciona com aquilo que recobre de sentido a sua existência. Pode ser tendo filhos, ou não”, enfatiza Luci. A ATHENA quer saber qual a sua resposta para a pergunta de Marcia: “você prefere uma mulher que não tem filhos ou uma mulher que tem porque rendeu à pressão social e se tornou uma mãe insatisfeita e impaciente, criando filhos infelizes e sentindo-se, ela própria, infeliz?”. Compartilhe suas ideias conosco pela #athenadiscute.

10 frases que mulheres sem filhos não aguentam mais escutar 1. “Seu relógio biológico ainda não começou a despertar?” 2. “Ter filhos foi a melhor decisão que eu já tomei.” 3. “Crianças dão sentido à vida.” 4. “Deve ser um alívio não ter responsabilidades.” 5. “O tempo está se esgotando para você.” 6. “Mas você seria uma ótima mãe!” 7. “Não quer alguém para cuidar de você na velhice?” 8. “Você deve ser tão sozinha.” 9. “Deve ser legal ter tanto tempo liv re.” 10. “Costumava pensar igual quando era mais nova. Aí eu cresci.” Fonte: Buzzfeed Brasil


ARQUIVO PESSOAL

Eu não quero ser mãe porque... Venho de uma família numerosa, sou a oitava de onze filhos. Cresci acompanhando todas as dificuldades que uma prole deste tamanho acarreta. Quanto a minha decisão de não ter filhos, sempre foi muito bem administrada por mim. As cobranças acontecem: quem vai cuidar de você na velhice, vai passar por esta vida e não deixar sementes. Durante toda minha vida, convivi muito bem com esta decisão, um dos fatores principais foi a escolha da carreira, trabalhava o dia todo e sempre achei que ninguém tem que criar filho dos outros. Atualmente tenho 50 anos e um relacionamento emocional e amoroso estável, mas minha convicção de não ter nem um passarinho para dar água foi e é a minha melhor escolha. Maria Beatriz Lima Fernandes, 50, professora de gramática ARQUIVO PESSOAL

Tomei essa decisão por nunca me sentir mãe, sempre filha. Algumas pessoas agem com naturalidade e outras questionam o por quê desta minha atitude. Algumas mães já me disseram que amam demais seus filhos, mas que é preciso ter MUITO desejo de ser mãe para aguentar todas as dificuldades do caminho e elas enfatizam: MUITO DESEJO! (risos) Ninguém me pressiona porque as pessoas já me conhecem e sabem o quanto não serei influenciada. Não vejo o fato de ficar grávida como um desejo em minha vida, tenho vontade apenas de ser o que sou, de aprender comigo mesma e não com outra vida nesse mundo tão inseguro e maluco, cheio de gente tão ruim. Às vezes acho que a vontade de ter um filho seja mais um ato de Narcisismo ou de “se não deu certo comigo, com meu filho irá dar certo...”. Enfim, mas respeito todas as opiniões. Se, por acaso, engravidar, sei que já estou madura o bastante para encarar uma virada na vida, mas só se for pelo acaso e não um projeto de vida. Tenho certeza de que se eu vivesse na Idade Média já teria sido queimada viva! (risos) Maira Santos, 39, professora de artes e francês REPRODUÇÃO FACEBOOK

Adoro criança e sinto em mim um grande instinto maternal, como a maioria das mulheres, mas nunca tive exatamente o sonho de ser mãe e, quando surgiram oportunidades, acabei sempre optando pela carreira. Sou feliz assim, acho que só teria filhos se pudesse realmente me dedicar à criança e à família, com responsabilidade e tempo. Não sinto nenhum tipo de cobrança, apenas curiosidade do público, até porque já fiz muitas personagens mães, inclusive estreei no teatro, aos 6 anos de idade, fazendo uma mãe. Quando fiz uma médica pediatra na novela “ A Vida da Gente”, que tinha como seu maior desejo ser mãe, fui questionada, mas em função da personagem, o que é natural. Acredito que atualmente a maternidade não seja mais uma questão, mas sim uma opção. Leona Cavalli, 45, atriz

QG ATHENA

Mesmo nas minhas brincadeiras e atitudes como criança não me lembro de ter me colocado em situações em que era a mãe. Nunca gostei de brincar de boneca, por exemplo. Já mais velha, quando minhas amigas e primas começaram a ter filhos, também não me despertou nada. E não tem nada a ver com carreira ou liberdade. Acho que é mais uma falta de vontade. Sou madrinha, tia e gosto bastante de passar um tempo com as crianças, mas não penso em ter filhos. Não diria que existe um julgamento, mas uma estranheza. Acho que é natural que as pessoas esperem que as mulheres sintam vontade de se tornar mães em algum momento da vida. E respeito isso, mas do mesmo modo espero que as pessoas respeitem a escolha de quem não quer ser mãe. Sinto que alguns homens se mostram muito mais curiosos com isso do que pessoas da minha família. Não é algo que me incomode. Mas já cheguei a pensar que talvez seja mais fácil me relacionar mais seriamente com alguém que já tenha filhos, para evitar causar algum tipo de frustração. Não percebo como pressão. Mas em algumas conversas acabo ouvindo o clássico “um dia você muda de ideia”. O bom de continuar vivendo é ter a chance de mudar. Mas de não mudar de ideia também e não ser questionada por isso é importante. Patrícia Guimarães, 33, jornalista

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COMPORTAMENTO

e u g a n m Ponha um fi Você vai dormir com a sensação de que não fez tudo que precisava? Antes de clamar para que o dia tenha mais algumas horinhas, talvez seja preciso aprender a administrar as 24 que você já possui. A ATHENA conversou com o especialista Christian Barbosa, que nos apontou os maiores erros das mulheres no gerenciamento de seu tempo. Mas calma que ele também nos ensinou como solucioná-los.

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FOTOS: FREE IMAGES


o i g ó l e r o a erra contr AS MULHERES E A BRIGA COM O RELÓGIO

H

Homens e mulheres lidam de forma diferente com o tempo? Quem o desperdiça mais? Antigamente acreditava-se que não havia nos gêneros uma diferença relevante que pudesse alterar na gestão do tempo. No entanto, quando fiz minha pesquisa sobre como as mulheres gerenciam o seu tempo, constatei que 58% delas não conseguem equilibrar vida pessoal e profissional e apenas 22% afirmam que conseguem dedicar tempo adequado para seus relacionamentos e sua vida sexual. O que percebi nesse período é o quanto de urgências as mulheres sofrem diariamente, não que nós homens sejamos diferentes. O grande causador dessa falta de equilíbrio na vida das mulheres é o excesso de papéis e a dificuldade em dizer não, isso faz com que elas carreguem um sentimento de culpa por deixar coisas importantes de lado. Ou seja, acabam deixando para depois as coisas importantes em função da correria circunstancial em que vivem. E por estarem tão atarefadas, elas acabam negligenciando mais as amizades, o sexo e outros prazeres por essa “falta” de tempo do que os homens? Sim, durante a pesquisa percebi que as mulheres se anulam demais. Eu fazia as entrevistas em salões de beleza e elas constantemente desmarcavam comigo em cima da hora. Geralmente, os motivos eram os mesmos: urgências que apenas elas podiam assumir, como buscar e levar o filho na escola porque o marido desmarcou esse compromisso ou visitar o pai que ficou doente. O homem se comporta diferente. Quando ele marca algo, como o futebol, pode até cair um temporal que ele não vai desmarcar com os amigos. Pode ser que ele nem jogue bola, mas pelo menos irá até lá para tomar uma cerveja.

TEMPO E MERCADO DE TRABALHO Você acha que há uma supervalorização do senso de urgência ao invés do de importância? O profissional que resolve urgências é mais valorizado do que aquele que é planejado? Trabalhar demais não tem nada a ver com usar seu tempo corretamente. Existe uma grande diferença entre ação frenética e evolução. Aquele profissional que é extremamente requisitado, ocupado, que vive sempre fazendo alguma coisa, nem sempre é o profissional que tem mais resultado. Ele age muito, mas evolui pouco. Os resultados podem até aparecer, mas com menor frequência e menos intensidade. Quem vive no mundo das urgências e das circunstâncias, entra em uma montanha russa de agitação, com poucas alternativas de saída. Isso acaba se tornando um processo vicioso: estar sempre ocupado e atarefado. Para alguns chega a ser sinônimo de status, liderança ou possibilidade


COMPORTAMENTO

OS MAIORES de avançar na carreira. Mas é apenas uma falsa ilusão, temporária e que um dia poderá vir à tona. As novas tecnologias estão ajudando a otimizar ou a desperdiçar o tempo? A pessoa que não tem foco na utilização das tecnologias pode ter problemas. Navegar na internet, por exemplo, muitas vezes rouba nossa vida. Definir limites é vital e a autodisciplina é fundamental para viver bem o tempo. Ou seja, a mesma tecnologia que nos enlouquece também pode nos ajudar a nos organizarmos melhor e sermos mais produtivos. Hoje, como você definiria o tempo, o que ele significa para você? Tempo é uma ciência, por isso, digo que ao aplicar uma metodologia de gerenciamento é possível ter resultados mais cedo ou mais tarde. Hoje, o grande problema é que muita gente desiste e não consegue ter os resultados. Não deixe a gestão do recurso humano da pessoa mais importante da sua vida ficar em segundo plano!

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DE TEMPO Você faz ideia de quais são eles? O Christian contou para a gente! Não anotar prioridades e afazeres em uma ferramenta, seja uma agenda, smartphone, caderno ou Outlook;

Deixar as coisas importantes se tornarem urgentes;

Não planejar seu diário com antecedência mínima de três dias;

Aceitar atividades de ouvido e esquecer-se de anotá-las;

Não priorizar o dia de trabalho e fazer aquilo que aparece primeiro;

Não priorizar você na agenda;

Deixar o e-mail aberto todo momento faz com que você seja interrompido constantemente;

Acreditar que tudo pode ser feito.

Criar várias agendas e não sincronizá-las;

Não dizer “não”;


1 5 2 6 7 DICAS PARA ADMINISTRAR MELHOR O SEU TEMPO

Coloque VOCÊ na agenda. Crie compromissos e tarefas relacionados a papéis e relacionamentos importantes da sua vida. Crie o papel “EU S.A.” e planeje ações que possam satisfazer o seu eu, coisas que você gosta, que vão fazer você se sentir bem e mais energizado. Comece se perguntando “O que eu quero fazer de importante para mim?”. Reserve um horário na sua agenda e faça uma reunião com você. Leve esse “você S.A.” para passear, ou assistir àquele filme, ouvir aquela música ou apenas escutar o que ele quer dizer de importante.

focadas nos resultados. Indivíduos que possuem metas são mais produtivos e diminuem as circunstâncias indesejáveis. Mantenha suas metas escritas

em algum lugar onde possa lê-las, de preferência todos os dias. E não basta apenas escrevê-las e lê-las, crie ações para atingi-las e coloque em sua agenda. Ache um hobby. Encontrar algo que gostamos muito de fazer nos dá mais disposição e energia para enfrentar o dia-a-dia. E, se conseguir, transforme seu hobby em sua profissão, ou sua profissão em seu hobby. Com Confúcio dizia: “Escolha um trabalho que você ama e nunca mais irá trabalhar na vida”.

Limite seu horário de trabalho. Quando realmente queremos ou precisamos fazer algo sempre conseguimos sair no horário, não é verdade? Assuma o compromisso de ser produtivo e eficaz PLANEJE AÇÕES QUE POSSAM nas horas de trabalho SATISFAZER O SEU EU, COISAS QUE VOCÊ normais, para isso seja focado e organizado. GOSTA, QUE VÃO FAZER VOCÊ SE SENTIR Comece compreendendo BEM E MAIS ENERGIZADO. COMECE SE que equilíbrio entre pesPERGUNTANDO “O QUE EU QUERO FAZER soal e profissional está DE IMPORTANTE PARA MIM?” relacionado a viver seu tempo com sabedoria. Se ficar tempo demais em uma determinada área da ENCONTRAR ALGO QUE GOSTAMOS vida, outras áreas ficarão MUITO DE FAZER NOS DÁ MAIS deficientes. Limite incluDISPOSIÇÃO E ENERGIA PARA sive Skype, Facebook, entre outros. AutodisciENFRENTAR O DIA-A-DIA. plina é fundamental para viver bem o tempo. servirão de exemplo

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Escreva sua missão de vida. Quem tem um propósito na vida caminha com passos mais firmes, decididos e não perde tempo. A vida e o nosso tempo só começam a ter sentido quando temos uma direção a seguir. Quais são os seus sonhos? Não quer começar a vivê-los? Sempre há tempo de começar, ou de recomeçar. Escrever dá forma aos nossos sonhos e permite que reflitamos sobre o que verdadeiramente é importante em nossa vida.

Primeiro você, depois os outros. Quando você começa a realizar suas prioridades, alcançar suas metas e viver seu tempo focado no importante, é incrível como sua disposição e energia aumentam. A verdade é que só conseguimos ajudar os outros de fato quando ajudamos primeiro a nós mesmos. Por isso, para ter mais tempo, comece fazendo coisas que você gosta, que trazem resultado. Assim terá mais tempo para viver os relacionamentos importantes em sua vida. E sua alegria e produtividades aos outros.

Equilibre seus 4 corpos. Alguns estudiosos ensinam que temos 4 corpos. O corpo físico, o mental, o emocional e o espiritual. O que você tem feito para contemplar cada um desses aspectos do ser? Estabeleça um equilíbrio entre esses 4 corpos. Faça atividades que trarão saúde e bem estar relacionados a cada corpo. Dedique tempo para exercícios físicos, estar com pessoas amadas, estudar, meditar. Pense em cada corpo e em coisas que eles precisam que sejam feitas para eles. Agende e cumpra, eles vão te recompensar com muita energia e disposição.

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Escreva suas principais metas. Estabeleça metas claras tanto pessoais quanto profissionais, isso ajuda a ter atividades mais pertinentes e ações mais

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COMPORTAMENTO

APRENDA A DELEGAR As mulheres andam cada vez mais atarefadas e um dos motivos apontados pela falta de tempo é que as mulheres delegam pouco, delegam mal ou não confiam o suficiente para delegar, tanto no mercado de trabalho como em casa. Por isso, aqui vão algumas dicas para delegar de forma eficiente: Planeje a tarefa com antecedência e, ao delegá-la, deixe sempre um dia de folga do prazo de execução dado à pessoa; Reserve o tempo necessário para explicar a atividade nos mínimos detalhes, ajude a pessoa a visualizar com clareza o que deve ser feito e faça perguntas para confirmar a perfeita compreensão da tarefa; Acompanhe ocasionalmente a execução da tarefa e pergunte se existem dúvidas ou se você pode prestar alguma ajuda; Delegue cada atividade a um único responsável. Determine uma data exata de entrega, assim como suas expectativas em relação à tarefa; Mantenha a tarefa na esfera da importância da pessoa – conceda um prazo razoável, explique a relevância do trabalho e incentive o comprometimento;

Em casa você também não pode ser a única responsável por todas as tarefas. É hora de delegar também algumas atividades para os filhos, o marido, os parentes e outras pessoas que moram com você; Peça ajuda de seus familiares. A atitude que surte mais efeito é perguntar o que cada um poderia fazer dentre as atividades rotineiras que devem ser delegadas; Depois que todos escolherem, para evitar desânimo durante o processo, organize um rodízio de atividades para que cada um descubra as coisas que mais aprecia fazer; Se você tiver filhos, eles devem responsabilizar-se pela arrumação e organização de seus quartos e de seus brinquedos. Isso vai, desde cedo, ensinar a eles o valor da disciplina. Podem também ajudar em outras tarefas, como arrumar as camas e varrer pequenos cômodos. Transforme essas atividades em brincadeira divertida e não em castigo premeditado; Faça a distribuição das tarefas usando o quadro mensal de programação familiar. Anote a atividade a ser feita, o nome do responsável e a data.

A LINHA DO TEMPO DE CHRISTIAN BARBOSA Aos sete anos, Christian colocou na cabeça que queria ter uma firma cheia de computadores e passou a infância tentando convencer os colegas a abrir uma empresa de tecnologia com ele (mas ninguém quis). Com 14 anos, passou em uma prova de certificação da Microsoft e se tornou o profissional mais jovem da companhia em todo o mundo. Aos 15, abriu a sua primeira empresa, a Blue Eagle, que desenvolveu os primeiros portais de conteúdo da América Latina. Aos 18, quando seus amigos se preocupavam em tirar a carteira de motorista e passar na faculdade, o negócio de Christian cresceu tanto que chegou a ser uma das maiores empresas do Brasil. Com o boom da internet e a firma crescendo cada vez mais, Christian trabalhava entre 16 e 18 horas por dia. De segunda a segunda. Com o volume de trabalho e um estresse tão grande, começou a ficar doente. O refluxo virou gastrite que logo se tornou úlcera e por fim se transformou em tumor. O médico disse que

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já tinha visto casos assim em homens de cinquenta anos, mas em um jovem de 18 anos era a primeira vez. Ele o aconselhou a fazer ioga ou um curso de gestão do tempo para mudar seus hábitos e melhorar a sua saúde. Acostumado ao mundo da matemática e computação, o primeiro instinto foi achar aquilo idiotice. Mas, mesmo assim, resolveu tentar e se inscreveu em um curso de gestão do tempo da Daily Runner, empresa de consultoria norte-americana especializada nesse assunto. Christian gostou tanto que fez o curso 4 vezes. Homem das exatas, viu que a administração do tempo não era autoajuda e sim uma técnica. A partir daí, passou a se dedicar ao estudo do tema. Com seis livros publicados, hoje é conhecido como o maior especialista em administração do tempo e produtividade no Brasil. Sua multinacional, a Triad PS, ministra treinamentos e palestras sobre o assunto. Das 500 maiores empresas do país, ele atende mais de um terço delas.


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Os

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filhos da mãe Marcia Neder Entrei na ponte-aérea, como toda semana, naquele horário em que um monte de executivos está voltando para o Rio. Na fileira que costumo sentar é comum ter a companhia de mães com um filho pequeno no colo. Conversamos, pergunto muito, ajudo com a chupeta que não para de ser arremetida, com o vômito que irrompe sem pedir licença e com as tentativas de manter no lugar um ser em movimento. Nesse dia a criança foi apenas evocada na conversa com meu vizinho de poltrona quando me perguntou se eu tinha filhos. Sim, respondi, uma de 30 e um de 27. “Eu tenho 3 filhos e 2 netos. Sua filha já tem filhos?”. Com uma veemência que me surpreendeu respondi quase gritando: “Não!”. Claro, rindo às gargalhadas ele me perguntou: “Mas o que você tem a ver com isso?”. É, o que eu tenho a ver com isso? Rimos muito e ele acrescentou: “você já fez a sua parte, agora é com ela ... e o marido”. Será? Vejo minhas amigas necessariamente incluídas no esquema do cotidiano dos netos. Se eu não pude dispensar a ajuda da minha mãe, do meu pai, dos meus irmãos e cunhado e de todo o estafe da família, por que hoje minha filha poderia dispensar a minha, com as novas, crescentes e ainda mais inacessíveis exigências impostas à maternidade? No Brasil, como nos Estados Unidos com as exceções de praxe, os filhos são um problema exclusivo das mães. Se tem babá, se a babá faltou, se a creche entrou em recesso, se o filho ficou doente e a mãe tem que trabalhar, isso é um problema dela. Diferentemente da França onde creches no bairro, babás e salários são oferecidos às mulheres que resolvem ter filhos e querem continuar vivendo. E as francesas querem e continuam a viver suas vidas sem se render a essa idealização da santa mãezinha obrigada a sacrificar sua vida em nome do pequeno deus que ela gerou. Qualquer ponto fora da curva mostra quão precária é a conciliação entre maternidade e carreira, entre a maternidade e a vida de uma mulher que também tem que dividir o orçamento familiar. Michele Obama conta que quando sua filha caçula tinha 4 meses de idade a babá pediu demissão e ela estava a ponto de parar de trabalhar quando foi convidada pelo Hospital da Universidade de Chicago. Ama-

mentando Sasha e sem babá Michelle levou-a para a entrevista: tenho um marido fora e dois bebês que “são a minha prioridade”. Aceitaria o trabalho se tivesse flexibilidade. O empregador concordou e ela tornou-se vice-presidente do Hospital. E o trabalho que não aceita ser flexibilizado, deveria ficar fora das aspirações de uma mulher? Às vezes ainda me assusto com a força do nosso culto à infância, da nossa infantolatria. Passeio pela internet e tropeço com casas de festas infantis, creches, blogs, sites e páginas do facebook dedicados a “príncipes e princesas” e “pequenos reis”. Quantas mulheres abrindo espaços para sua realização pessoal estariam disponíveis a se anular e a sacrificar suas vontades e suas vidas para se tornarem súditos dessa majestade que nós, os adultos do final do século XX e início do XXI, coroamos? No meu livro, Déspotas mirins... argumentei que as crianças estão sem limites porque nós, os adultos, deslocamos o poder do pai e do adulto para a criança instituindo uma pedocracia. Concedemos a ela o poder de mandar em nossas vidas e a instituímos como nossos tiranos. Quantas mulheres entre 25-40 anos estão dispostas a se deixar ofuscar por esse sol? A fazer da criança e do jovem o centro de suas vidas? É muito o que a infantolatria exige de uma mulher. É grande a transformação que impõe à vida do casal e não é casual o alto índice de separação que se segue ao nascimento dos filhos. Você já ouviu falar da nova moda que estamos importando dos Estados Unidos? A prática do co-sleeping, que decreta o direito da criança dormir na cama dos pais desde que nasce até alguns anos adiante (alguns chegam a falar em 4). De novo: somos nós ampliando o reino da criança que nós cultuamos; nós é que estamos somando um novo território ao seu reino em prejuízo da vida da mulher e do casal. Ou seja, dos adultos. Como não responder com um veemente não ao meu vizinho de voo? Você já notou que ninguém te pergunta se você quer ter filhos, mas só quando os terá? E eu vou fazer coro a essa maternidade compulsória que não dá à minha filha o direito à deserção? Ou a negociar sob quais condições aceitaria a convocação? Há alguns dias vi uma psicanalista na televisão dizendo para uma 2015 JANEIRO | ATHENA 29


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“Este texto, cedido exclusivamente à ATHENA pela nossa colunista parceira Marcia Neder, faz parte do primeiro capítulo do seu próximo livro, “Os filhos da mãe”.

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de suas interlocutoras na mesa de debates – uma jovem advogada que estava ali para dizer que não teria filhos – que a mulher tem a obrigação de reproduzir a espécie. Toda mulher é obrigada a ser mãe. Vergonha alheia. Minha filha tem uma vida ativa. Seja nas conquistas profissionais que se sucedem e a encantam e na nova pós-graduação que está adorando; seja nos caminhos que vem encontrando na vida esportiva, como o blog “http:// www.atletasdamadrugada.com.br/” que criou com a Ana Paula e a Morená e com o qual conquistaram o reconhecimento da Nike apesar dos poucos meses de sua estreia – todas elas da mesma idade e sem filhos; seja na dedicação fraterna aos laços de amizade que alimenta e no relacionamento afinado com seu companheiro Leonardo/Leo, é visível o sentimento de realização que a Julia experimenta. Em algum blog vi algumas dicas para a mulher resolver essa questão de ser mãe e continuar a ter uma vida própria. Ela precisa fazer seu tempo render mais: como 24 horas não bastam para você fazer tudo o que precisa, então... aproveite brechas e frestas em suas múltiplas atividades. A primeira providência é transformar seu carro numa segunda casa; assim, enquanto está esperando seu filho sair da escola, da aula de inglês ou de natação você aproveita para se maquiar, se pentear, tirar a sobrancelha, telefonar para uma amiga, mandar pelo celular aquele e-mail de trabalho. Afinal, “mulheres adquirem rapidamente a habilidade de se pintar e se pentear no trânsito”. Claro, não se esqueça de aproveitar o sinal fechado, o engarrafamento e vai fazendo o que precisa. Sabe aquelas horas na sala de espera do pediatra, da fonoaudióloga, da psicóloga, do dentista? Pois é,

elas podem se tornar mega-úteis se você levar junto seu notebook e aproveitar para fazer as compras do supermercado ou pagar as contas online. Simples não? Pode ser. Mas injusto. Impor à mulher o sacrifício de sua vida e de sua realização profissional e existencial concentrando seu ser na maternidade, como se o filho fosse seu anexo não tem dado bons resultados. Uma criança, indiscutivelmente, é fruto de um homem e de uma mulher. Se a sociedade pretende preservar a espécie e garantir melhores taxas de natalidade, então é melhor que cada um faça a sua parte: que o Estado assuma suas responsabilidades oferecendo creches de qualidade e uma política familiar como o fazem outros países, e que guardemos nossa ideologia maternalista no museu para aceitarmos que um filho é responsabilidade do casal que o gerou. Não é assim que acontece nos casais homoeróticos que adotam crianças? Um casal formado por dois homens ou por duas mulheres é exatamente isso e não a caricatura de um casal heterossexual onde um encarnaria o homem e o outro a mulher do casal. A separação entre homem e mulher, entre função materna e função paterna é a base da família patriarcal. Essa instituição histórica (e não natural) separa mater e pater colocando o pai como o poder, a lei, a autoridade e a mulher como a fecundidade: seu mundo é o doméstico - casa e filhos. A despatriarcalização no século XX deu lugar a novos modelos de família e de criação de filhos. Ter filhos? Sim, pode ser, desde que não seja um filho da mãe. O que é também a realidade de alguns pais da minha geração e o desejo de alguns pais da geração dos meus filhos. Topei no facebook com a página Paternidade ativa criada há um mês que se apresenta como uma “causa que busca o equilíbrio entre paternidade e maternidade, visando tirar o peso da maior responsabilidade em cima da mulher”. Um dos primeiros obstáculos nesse caminho é a idealização da maternidade (maternolatria/ infantolatria).


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N Fotos: Andre Nicolau / divulgação

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ão sou tão angelical quanto as pessoas pensam! ” A ATHENA conversou com a cantora que deixou para trás a imagem de menina romântica e ingênua e reescreveu sua própria história – musical e de vida! Agora mulher, mais madura e super bem-humorada, declara que aprendeu a dizer mais “nãos” e que tem sua mãe – a também cantora Zizi Possi – como inspiração. Mas também confessa que, mesmo para alguém tão decidida e determinada, viver sem se importar com regras e tabus ainda é um exercício diário. Luiza Possi é humana como todas nós e não esconde isso de ninguém!

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MULHER ATHENA: QUEM É LUIZA POSSI?

e tem algo que Luiza Possi deixa bem claro durante a entrevista é personalidade! Muita gente se espanta quando fica sabendo que a cantora já está na casa dos 30 anos. Isso porque a imagem da menina que cantava músicas românticas ainda faz parte do imaginário dos brasileiros. Não estão errados, porém, Luiza tem muito mais a mostrar. A vontade de tomar as rédeas de sua carreira e traçar a sua própria história apareceu na produção do seu último álbum. “Sobre o Amor e o Tempo” é um trabalho independente, o que permitiu que ela comandasse todas as etapas da produção. “Pela primeira vez tive que cuidar de todo o processo. Coloquei a mão na massa e decidi todos os passos do disco. Sabia como eu queria cada instr umento, cada música. O mais importante que eu consegui com esse álbum foi dizer não. Das outras vezes, eu confiava e deixava ir. Agora dei minha opinião em tudo.”, enfatiza a cantora, que também ressalta que o objetivo do CD é mostrar uma postura mais visceral diante da vida. E foi assim que as parcerias com Lulu Santos - seu ídolo de infância e parceiro no programa de TV “The Voice Brasil” -, Adriana Calcanhoto, Marisa Monte, Erasmo Carlos, Ana Carolina e Arnaldo Antunes foram nascendo. Por ser contra uma ditadura musical, seu disco resultou em uma obra com per fil mais rock, sem deixar de lado sua pegada romântica e liv re. Tudo isso sem perder a coesão. Luiza conta que um de seus principais objetivos era criar uma unidade para o álbum. Isso também se reflete no seu show, onde a cantora usa trechos de Clarice Lispector e Luís Fer nando Veríssimo para amarrar as canções, bem ao estilo teatromusical. Doze anos depois do lançamento de seu primeiro CD (“Eu Sou Assim”, pela Indie

Records), a carioca reconhece que o apoio da mãe, Zizi Possi, e de outros artistas mais experientes ajudaram muito no início da carreira. Luiza acredita que ter um mentor, especialmente no começo, é super importante. Foi por isso que aceitou ser jurada (Ídolos) e conselheira (The Voice Brasil) de dois realitys musicais. “No ‘The Voice’, por exemplo, fico feliz de saber que as experiências pelas quais passei na carreira podem ajudar alguém”. Liberdade Aliás, por conta dessa nova atitude, liberdade até poderia ser o nome do seu disco. É assim que Luiza vem vivendo desde que decidiu deixar a inspiração fluir nas parcerias musicais e na vida e “tentar ser o exemplo para quem quer uma vida sem clichês”. Além da mente e da carreira, a mudança apareceu também no físico. Após enfrentar reviravoltas pessoais há quatro anos - que ela preferiu não comentar - e de descobrir ser

“NO ‘THE VOICE’, POR EXEMPLO, FICO FELIZ DE SABER QUE AS EXPERIÊNCIAS PELAS QUAIS PASSEI NA CARREIRA PODEM AJUDAR ALGUÉM”.

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intolerante a lactose e a glúten, Luiza resolveu mudar seu estilo de vida e passar por uma reeducação alimentar com auxílio médico; menos por questões estéticas e mais por não se reconhecer no cor po que habitava, o que


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resultou na perda de 15 kg. Depois de se reinventar, encontrar um novo cor po e clarear a mente, a canceriana que se diverte e se identifica quando ouve a definição do seu signo – sonhadores e instáveis como as marés, que se movem pelos instintos e sentimentos - se vê mais madura e forte do que há pouco mais de uma década, quando começou sua carreira artística. Quanto às inúmeras comparações com sua mãe ao longo de todo esse tempo, Luiza é direta: “na verdade, quando falo da minha mãe, sempre digo que ela é uma diva. E eu sou a antítese disso. Não sou tão angelical quanto as pessoas pensam!”. Maternidade e “deveres” sociais Nem a mais liberal das criaturas fica isenta das cobranças da sociedade. Não seria diferente com Luiza. Apesar de toda a sua independência, não fica liv re da insistência de tios chatos (palav ras da cantora) para que se case e tenha filhos e se diverte ao contar isso para a ATHENA. Brincadeiras à parte, ela concorda que não querer ser mãe ainda é um tabu; sobretudo porque muitos associam uma vida completa ao pacote emprego, casamento e filhos: “Na sociedade a gente nasce para estudar, fazer faculdade, trabalhar e ter um filho!”. Esta postura nada ortodoxa frente à vida é resultado de sua criação. Quando soube, aos 12 anos, da bissexualidade de sua mãe, diz não ter tido problemas com a notícia, uma vez que pode conversar abertamente com ela sobre o assunto. Por isso mesmo, Zizi Possi é, acima de todos, sua maior inspiração.

Amor e independência Apesar de todos esses clichês sociais, Luiza tenta levar tudo com bom-humor (e sem a encanação de ter que atender a essas cobranças, claro!). Sente que existe uma pressão que impõe para as mulheres que sua felicidade e autonomia estejam relacionadas ao fato de ter um companheiro, mas ela encara a realidade de maneira divertida. “É o que temos para hoje!” responde entre risos quando a ATHENA perguntou se estar solteira é o melhor período para descobrir a si mesma. Mesmo com esse jeito descontraído, Luiza tem consciência de que ser independente pode assustar alguns homens que ainda não entraram no ritmo dessa nova mulher que sabe o que quer e corre atrás dos seus desejos. Mas nem por isso dispensa viver seus momentos de fossa. “Ignorar essa fase é perder uma ótima oportunidade para crescer”. A ATHENA fecha com a Luiza! As mulheres, como todas as pessoas, nasceram para viverem suas vidas com liberdade, amor e leveza, sem a patr ulha do socialmente ou politicamente correto. Por essa razão, Luiza Possi é, como diria Chico Buarque, uma mulher ATHENA!

“NA VERDADE, QUANDO FALO DA MINHA MÃE, SEMPRE DIGO QUE ELA É UMA DIVA. E EU SOU A ANTÍTESE DISSO. NÃO SOU TÃO ANGELICAL QUANTO AS PESSOAS PENSAM!” 2015 JANEIRO | ATHENA 37


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Quando os assuntos são moda, festas, negócios e cinema, a jornalista Alexandra Farah é especialista. Apresentadora da coluna “Moda & Negócios” na Band News, Alê, como é conhecida, separou uma manhã na sua agenda para fazer as fotos e bater um papo com a ATHENA. A entrevista rolou entre uma foto e outra porque a jornalista parece não desligar da vida nunca. Muito falante e divertida – e sem largar o celular um minuto sequer – falou sobre profissão, mulher moderna, estudos, cinema e deixou bem claro que moda não é futilidade, mas sim um negócio que movimenta uma indústria milionária. Para se destacar nessa área, é preciso estudar e trabalhar muito.

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mulher contemporânea brasileira é diferente daquela da década passada? Ale: Acho que a gente sofre menos. É a geração de mulheres de 24 a 40 anos, solteiras, felizes, desencanadas. Existe esse tipo de mulher no mundo, uma categoria nova. Ela acabou de sair da faculdade e até 20 anos atrás ainda tinha uma pressão de ter que casar, fazer tudo, mas hoje em dia, a gente escolhe. São Paulo é uma cidade muito competitiva. Para se ter uma profissão, você tem que ter um foco em uma das áreas. Não casei, mas não sofro uma cobrança de ter que assumir todos os papéis da mulher, igual tinha na geração passada: ser boa profissional, boa mãe e boa dona de casa. O mundo pediu que a gente fosse assim. Hoje em dia tudo é foco, fé e força, e para conseguir isso, você tem que abrir mão de algumas coisas. ATHENA: Esse é o empoderamento feminino? Ale: Acho que a mulher vem ganhando poder desde os anos 1980 e hoje em dia ela fez uma conquista mais interna. Mas a gente ainda tem muita coisa para evoluir, porque ainda ganhamos menos que os homens. No meu caso, sou mais cidadã do que mulherzinha, porque meus problemas são universais. E isso é transmitido até nas roupas, que nada mais são do que representação do que a sociedade precisa naquele momento. Hoje em dia, a gente vê muitas roupas assexuadas, que não têm um gênero. São mais os valores que você representa que importam: se você é sustentável, consciente, se você não fuma, se come direito, isso não é um problema feminino ou masculino, é geral. Aliás, hoje em dia, comer direito é a nova bolsa Chanel (em referência a marca francesa) porque é uma preocupação universal. Antigamente, a bolsa Chanel era só da mulher, hoje comer direito é um valor e um comportamento muito contemporâneo. Não penso muito nessa questão de gênero, mas sim, se estou escrevendo o texto bem, sendo uma boa profissional, um bom indivíduo. A: Mas tratar a mulher como minoria não exclui ela ainda mais da sociedade? Ale: A minha realidade é diferente daquela da maioria das mulheres. A realidade da moda é diferente, porque ela é a segunda indústria que mais emprega no Brasil e a que mais contrata mulheres, cerca de 80% dos trabalhadores da moda – costureiras, estilistas, jornalistas – são mulheres. Então, na minha realidade, a gente domina. As modelos mulheres ganham mais que os modelos homens. Obviamente, QG ATHENA

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FOTOS:REPROD

UÇÃO

ainda acho que temos problemas, não sou especialista nisso, mas é esquisito você tratar a mulher como minoria hoje, sendo que ela é quem dá as cartas. São elas as que mais decidem sobre compra de carro, por exemplo.

UMA MULHER BEM LIDA, É UMA CRIATURA MUITO PERIGOSA, PORQUE QUANTO MAIS VOCÊ LÊ, SEU RACIOCÍNIO É MAIS RÁPIDO, ACHO QUE É ISSO QUE DÁ PODER HOJE

A: Você se acha uma mulher poderosa? Ale: Coitada de mim (risos). Não, né, gente (risos). Na verdade, não e sim... Todo mundo tem o poder, não eu especificamente. Hoje em dia, a gente vive a era do poder do indivíduo, hoje a força horizontal é maior que a vertical. Todos juntos somos mais fortes do que um sozinho. É aquela coisa dos 15 minutos do (falecido artista plástico norte-americano) Andy Warhol, todo mundo se expressa, todo mundo junto faz a força, não tem mais um líder. Me sinto poderosa enquanto força ativa desse grupo e quanto mais estudo, mais aprendo. Publiquei no meu Instagram: uma mulher bem lida, é uma criatura muito perigosa, porque quanto mais você lê, seu raciocínio é mais rápido, acho que é isso que dá poder hoje. O que o mercado quer hoje em dia é comunicação e estudo. Uma pessoa mal informada é mais fraca que as outras. Conseguir se comunicar é o que há. As pessoas falam que a arte é a última moda, mas acho que literatura é a última moda. A: De onde você tira sua força? Ale: Não sou de São Paulo. Quando você vem do interior, tem uma força maior de fazer alguma coisa de bom para a humanidade, para não passar batido. Senão ficaria em casa, casada, com seis filhos (risos). A globaliza2015 JANEIRO | ATHENA 43


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ção aconteceu também entre os estados. Antigamente a moda nunca teria pessoas do interior nesse volume, com cargos de destaque. A: Qual foi sua trajetória no jornalismo? Ale: Me formei em jornalismo em BH. O primeiro trabalho que tive foi assim: pegava um ônibus que ia até metade do caminho, daí tinha que subir uma rua e tinha um jornal de domingo lá, até que um dia subi com uma amiga e falei “tem um jornal perto de casa e a gente nunca entrou, vamos lá”. A gente foi e falou que queria estagiar. Ela nunca mais voltou, mas deixei o meu currículo e fui chamada. Nem sei se ganhava alguma coisa no começo, só sei que fui subindo e fiquei lá quase um ano. O outro que fui fazer foi o Metropolitano, um jornal onde entrevistava artistas, ia nas coletivas e participava da vida jornalística da cidade. Depois consegui emprego na Rádio Confidência e na Rádio Itatiaia até ser demitida. Fazia cobertura policial, mas não dava certo, porque eu chorava. Fiquei lá até cinco meses depois de me formar, até eu ser demitida porque o delegado falou para o editor que eu não combinava com o trabalho. Achei que nunca mais ia conseguir um emprego na minha vida. Mas olhe como é a vida: no mesmo dia, quando cheguei em casa, tinha uma carta da editora Abril dizendo que eu tinha sido selecionada para fazer o curso Abril de jornalismo e revista. Vim para São Paulo e fiquei para sempre. Todo ano era selecionada para o prêmio Abril de jornalismo com matérias de política, porque era muito politizada, mas ganhei anos depois o prêmio por uma matéria de esportes sobre o time de vôlei feminino e a matéria de política acabou virando um livro. A: Como surgiu o Filme Fashion? Ale: Depois de ganhar os prêmios na Editora Abril, pedi um ano sabático para estudar inglês em NY. Lá veio o Filme Fashion. No interior de Minas, onde morava, não tinha cinema, eu ia no cinema em BH, mas não era a mesma coisa. Quando cheguei em NY, no final dos anos 1990, tinha um cinema em cada esquina. E aquilo tomou conta de mim. Quando trabalhei na Claudia, era apaixonada pela editoria de moda e tentava dar umas ideias de moda e comportamento e então, em NY, comecei a estudar moda e cinema. Quando cheguei ao Brasil tinha uma coleção de livros, filmes de moda e chamava meus amigos para ver vários filmes e eles não aguentavam mais, até que o diretor do Centro Cultural Banco do Brasil (um dos amigos) me falou para escrever uma mostra de cinema e moda. Foi assim que fiz o primeiro “Filme Fashion – Grandes Estilistas no Cinema” (2003), é uma história da moda contada através do cinema. Fazendo esse, descobri que o musical foi o gênero mais fashion, mesmo porque o primeiro fil-

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RAM

ÃO/INSTAG

REPRODUÇ

me com personagem de moda foi “O Musical”, que era um filme que tinha um alfaiate, e então fiz o segundo Festival. Sempre gostei muito de estudar: em vez de fazer uma tese (de mestrado), fiz esses três livros (programas do Filme Fashion). Agora, estou me candidatando para um mestrado. Esse foi o primeiro Festival de cinema e moda do mundo, hoje em dia já tem em Londres, que surgiu logo depois e chama “Fashion on film”, mas aí cansei, porque veio o YouTube e outras mídias, e tenho esse problema de cansar um pouco e agora está todo mundo ganhando dinheiro com o Filme Fashion, abandonei (risos), mas vou voltar, mesmo porque, estudo nunca é desperdiçado, quanto mais conteúdo, mais você é versátil. Mas isso não é o mais novo que faço: tenho


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o programa “Moda e Negócios”, na Band News e o Miss V (coluna) na revista Vogue. Mas o negócio é estudar para ter independência, porque gente bobinha não tem vez; o mercado está muito competitivo para homens e mulheres. A: Existe indústria da moda? Ale: “O Diabo Veste Prada” (filme de 2006, baseado no livro de mesmo nome de Lauren Weisberger) foi um filme muito bom para quem é jornalista de moda. Quando a personagem da Anne Hathaway, (Andy Sacks) chega com o discurso de “vocês são todos uns fúteis e eu sou politizada”, Meryl Streep (Miranda Prestley, editora de moda da revista Runway), acaba com ela e mostra o caráter social da moda. No Brasil, a moda tem muita indústria informal, então é mais difícil conseguir incentivo do governo. No Brás (bairro da capital paulista), existem 150 mil confecções e nunca ninguém pagou imposto, essa economia informal da moda gera menos ICMS para o governo. A economia informal é muito grande, mas socialmente, se você acabar com a indústria da moda, o Brasil inteiro fica desempregado, a moda tem um valor muito grande ainda socialmente e é um indústria menos robotizada, que está longe de ser fútil. A: Moda é cultura e arte? Ale: Moda certamente é cultura porque a gente reflete: todas as roupas tem lycra, porque a gente se movimenta muito, a moda nada mais é do que um reflexo da sociedade, e todo mundo quer brilhar, por isso todas as roupas hoje têm brilho, além de produzir bordados originais. Mas a moda não é arte. A moda usa da arte para se aproximar mais das pessoas e a arte é criatividade pura, não tem réplica em escala, mas isso não significa que a arte possa ter Lei Rouanet e a moda não (em alusão a polêmica causada pelo incentivo dado ao estilista brasileiro Pedro Lourenço para produzir seu desfile em Paris, por meio da Lei Rouanet, em 2013). A moda é uma arte aplicada. Por isso que minha coluna “Moda e Negócios”, na Band News, é ampla. Ela tenta tirar a moda do seu patamar

THIAGO BORBA

e inseri-la na sociedade e na internet e conversar com essas pessoas. Hoje em dia, ou você se joga em tudo, ou se enfraquece sozinho. Aquele individualismo dos anos 1990, que era o sinônimo de força, enfraqueceu a indústria da moda e hoje acabou. A força não está no indivíduo, mas no coletivo. Por isso se fala tanto de moda inclusiva, mas isso acontece em qualquer área, se você não incluir muitas pessoas, não vai para frente, por isso que as blogueiras de moda têm muito sucesso, porque elas incluem muita gente e assim, não ficam desconectadas da sociedade.

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SALTOS EM :

O EMPODERAMENTO FEMININO NA PONTA DOS PÉS!

A ATHENA conversou com Tanya Heath, a criadora dos saltos removíveis que estão causando burburinho entre as mulheres. Em vez de abrir mão dos sapatos ou passar o dia com os pés apertados em alguns centímetros de couro. tire o salto e guarde na bolsa! 46 ATHENA | JANEIRO 2015


FOTOS: DIVULGAÇÃO

1. Saltos variados 2. Campanha de publicidade 3. A designer Tanya Heath 4. Os clássicos estão presente

É difícil encontrar uma mulher que não goste de salto alto. Ela pode até achar desconfortável, pouco prático e cansativo para o dia a dia, mas no seu imaginário, se sente mais poderosa com um par nos pés. Esse foi o motivo que levou Tanya Heath a desenvolver uma linha de saltos removíveis, a marca Tanya Heath Paris. Após anos massacrando seus pés, a franco-canadense de origem indiana diz ter testado, sem sucesso, todos os saltos da Europa e todas as opções ortopédicas na busca por possibilidades mais confortáveis antes de abrir mão do calçado. “Assim como eu, estou convencida de que muitas mulheres abandonaram os saltos não por não gostarem deles, mas por serem desconfortáveis ou não se adaptarem a sua rotina corrida”, disse a empresária em entrevista à ATHENA. Mais do que uma revolução fashion, o interesse

de Tanya era proporcionar liberdade às mulheres. Segundo a designer, as conquistas femininas ao longo dos séculos foram muitas, entre elas, independência e liberdade para vestirem o que quisessem, com exceção apenas dos sapatos. Por isso, o maior objetivo da estilista era por fim ao sofrimento causado pela deformação nos pés e na coluna. Essa era a oportunidade para que as mulheres pudessem viver a totalidade de seu dia com toda a liberdade, sem os limites incômodos da dor nos pés. “Durante minha vida, presenciei a evolução educacional e social das mulheres. Elas tomaram seu destino nas mãos - somos a geração mais bem vestida de todas! Por que ainda usamos sapatos que machucam nossos pés e dificultam a nossa locomoção?”, completa. Princesa ostentação? Só que não! Tanya poderia contar sua história como quem narra um conto de fadas: “era uma vez uma mulher de negócios que teve uma ideia simples e, com a ajuda do destino, foi descoberta pela indústria do luxo francesa e ficou milionária” ... Mas não foi bem assim. “A razão que faz com que minha história parece complexa é o fato de que passamos por diversas etapas, desde a ideia inicial até chegarmos à empresa, aprendendo e crescendo ao mesmo tempo”, desabafa sobre seu processo de criação. Foram dois anos e meio de pesquisa em busca de matéria prima e mecanismos, além de desenvolvimento de produto com o auxílio de uma equipe que contava com engenheiros, técnicos e designers. Ou seja, Tanya sabia o caminho que pretendia traçar e seguiu super focada nele. Se você também é do time das empreendedoras e, depois de conhecer toda a trajetória da Tanya

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para alcançar o sucesso do seu produto, está se descabelando ao ponto de jogar sua ideia no lixo e já pensando em como conseguir seu antigo emprego de volta... Pare! A experiência e contatos que a estilista conquistou durante sua carreira ajudaram muito no desenvolvimento de sua marca, porém, não é preciso desanimar. “Tenha sempre em mente que nem todas as histórias são tão complexas quanto a minha!”, analisa Tanya e dá um conselho: “se experiência não é o seu forte, ache um parceiro que possa complementar o que falta”. Afinal, a empresária entende que ninguém tem a capacidade de fazer tudo sozinho, e mesmo que tenha, quem tem tempo para isso hoje em dia!?

RECEITA O SS DO SUCE TH YA HEA

POR TAN

NTES:

INGREDIE

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O: m exa id a d o e r n o, muito cu m o qu e n o fo c o lo d o c tu a te id u Ju n de . Em s eg pro d u to tem ente lver e o o v n con s ta n e s e ed res cer, s esp ere c ronto. p es tará s u ce s s o

PREPAR

1. Campanha da coleção de inverno 2. A técnica da troca de saltos 3. Interior da loja de Paris

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TAMANH O DOCUME E NTO! A p es ar d e qu ere

r qu e a s d era m en mulh eres to qu e nã v iva m u m o s eja tra em p oa d esig n e va d o p o r r não p o d n e n h u e m es qu e cer s a lto, v id a s ta m qu e mulh b ém p ela eres s ão em o ção m ora d o s s a e p elo s d lto s varia es ejo s. A d e 4 a 8,5 a o p ções d lt ucm entr e e ca lça d 4 0 difere o s, s a nd ntes varia m d á li a s e b ota s. e US$ 2 O s pre ço 50 a US d e US$ 5 $ 450 p a s 0 a US$ ra o s s a 8 0 p ato s e p ara ca d s a b er m a s a lto. Q a is ou e u em quis n com end p uli n h o er ar um p n o sit e w a r p o d e d ar u w w.t a nya m h eath.co m.


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FA$HION BUSINESS

Dizer sim é ... UM NEGÓCIO LUCRATIVO

Planejar um casamento envolve glamour e muitos desejos, com certeza, mas acima de tudo, negócios, distribuidoras e horas de pesquisa na internet. A ATHENA conversou com Fernanda Suplicy, diretora do site Yes Wedding, para entender como esse momento a dois se tornou um evento de largas cifras!

DIVULGAÇÃO/SANDRO ANDRADE DA SILVA.

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DIVULGAÇÃO/LAYLA ELOA

Casamento Renata Lira e Thiago Chanca

DIVULGAÇÃO/WEDDING AWARDS

lores, arranjos de mesa, lista de convidados e salão. Foi-se o tempo em que eram essas as preocupações que tiravam o sono dos noivos. Atualmente, o mercado de casamentos movimenta um negócio milionário, transformando o momento de celebração entre amigos e familiares em evento do ano. Não que isso seja algo ruim! As prioridades mudaram! Ainda mais para quem mora na maior cidade da América Latina, com mais de 10 milhões de habitantes e que é responsável por gerar 11,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Para quem não matou a charada, essa cidade é São Paulo, que tem a facilidade de ter mais fornecedores e serviços para todos os gostos e bolsos, conforme explica Fernanda Suplicy, um dos principais ícones por trás de todas essas mudanças. Nesse universo, nomes da gastronomia, estilismo e organização se destacam e viram a tendência e desejo de qualquer festa de casamento. Esqueça os noivinhos no topo do bolo, para casar, agora é preciso gastar e inovar. Os números comprovam o quanto lucrativo é esse mercado. Segundo Cristofer Mickenhagen, presidente da Abrafesta (Associação Brasileira de Eventos Sociais), em 2013, o setor de casamentos movimentou cerca de R$ 16 bilhões. Por isso, mesmo que o seu sonho se concretize muito bem em um bolo com champanhe para poucos convidados, provavelmente você vai querer um toque de glamour do buffet, ops, catering (em inglês) da vez, afinal, o DIY (Do It Yourself, em inglês outra vez) também está em alta. Outro fator que não pode ser esquecido (não, não é o vestido de noiva! Pelo menos não nessa etapa...) é a internet. A imagem da mulher com as mãos repletas de revistas sobre casamento não é mais uma realidade tão comum. Ela também se modernizou e recorre à tecnologia. Com a facilidade de acesso proporcionada por esse motor de pesquisas, as noivas - ainda as principais responsáveis pela organização de toda a cerimônia podem comparar preços, encomendar produtos no exterior e consultar sites e blogs sobre o assunto. A democratização de informações geradas pela rede, ressalta Fernanda, permite que as noivas possam ter acesso aos desfiles das grandes marcas do mundo todo e ao guarda-roupa das celebridades na hora de buscar inspiração para o seu próprio vestido e festa. Sem contar a economia de tempo e de dinheiro que as compras

Casamentos modernos (esq.) Lançamento da coleção de Alien Almeida de sapatos de noiva (dir.)

on-line proporcionam, sobretudo para os casais jovens, mais antenados com as tendências e que podem ter um orçamento mais enxuto. A adesão à tecnologia se revela na compra até das alianças. “Com um clique o consumidor consegue comprar, parcelar e receber a sua aliança em casa”, diz Márcio Kendi Tamai, diretor do e-commerce de joias Lojas Rubi. “Os jovens estão acostumados com a praticidade da internet, no caso das alianças é possível encontrar diversos modelos e não apenas os convencionais vendidos nas lojas físicas”, completa. TENDÊNCIAS O casamento da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, com o príncipe William, herdeiro do Reino Unido, em 2011, ainda continua sendo um evento que inspira os sonhos e desejos das noivas, garante a diretora do Yes Weedding. Outro exemplo é o termo destination wedding (destino de casamento, em inglês), tendência nos Estados Unidos, Japão e Inglaterra, que vem chegando com força ao Brasil. Em um único pacote, os noivos podem escolher o tipo de cerimônia, a viagem com amigos e familiares e a lua de mel, tudo inspirado na pegada dos casamentos glamourosos de Hollywood.

Fernanda Suplicy, diretora do site Yes Wedding

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FA$HION BUSINESS DIVULGAÇÃO/LUCIANA COLLET

1.

ATENÇÃO! Fatores como organização, antecedência nas resoluções e cuidado com os trâmites jurídicos são peças chaves para evitar que a noiva perca o rebolado durante os preparativos que precedem o grande dia. Se o destino for algum país europeu, por exemplo, é preciso chegar lá sabendo que o casamento civil, como é efetuado no Brasil, não é permitido; o que rola é uma cerimônia simbólica e, se a escolha for uma religiosa, aí é preciso muita paciência para enfrentar a burocracia europeia para esse assunto. Além dos destinos europeus, principalmente França e Itália por causa de seus castelos, a cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, é procurada por fazer parte do imaginário cinematográfico de muitos brasileiros. Os destinos nacionais também geram interesse, sobretudo as regiões serranas e hotéis à beira-mar pelo clima naturalmente romântico. Para provar que as hipérboles deste texto não são consequência de alguma mania de grandeza e glamour das editoras, esse tema conta com eventos como o Wedding Awards, considerado o Oscar dos casamentos criado por Costanza Pascolato e Gloria Kalil, nomes de referência no mundo da moda. Outro evento é o Casar, feira que reúne fornecedores de diversos segmentos do mercado de casamentos e que acontece desde 2012, em São Paulo. “Eventos como a Casar são importantes para que pessoas de diversos perfis possam conhecer o meu trabalho e, claro, para estreitar relacionamentos dentro do mercado”, diz a estilista de noivas Luciana Collet. Ou seja, se a ideia é ter um casamento ao estilo Kim Kardashian e Kanye West ou José Loreto e Déborah Nascimento, é preciso organização, foco e muito planejamento.

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DIVULGAÇÃO/LUCIANA COLLET

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1. O vestido de noiva ainda é importante, mas não o principal. 2. Casamento agora é sinônimo de evento 3. Kim e Kanye fazem o casamento do ano na Itália 4. O Vestido de noiva de Kim foi Givenchy por Riccardo Tisci

FOTOS: REPRODUÇÃO/INSTAGRAMKIMKARDASHIANWEST

3.

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DIVULGAÇÃO

5. Noivo Julio Vinicius Stocco segura suas alianças 6. O amor está sempre em alta 7. Pajens trazem um charme especial à cerimônia

E-books “Como mudar o que mais irrita no casamento” Autor: Gary Chapman Editora: Mundo Cristão Preço: R$ 9,90

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DIVULGAÇÃO/PAULO SILAS DE ABREU

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“Guia de Penteados Noivas” Editora: Alto Astral Preço: R$ 14,90

“Casais Inteligentes Enriquecem Juntos Finanças para casais” Autor: Gustavo Cerbasi Editora: Gente Preço: R$ 17,90

DIVULGAÇÃO/KLACIUS ANK

DICAS DE PLANEJAMENTO

FOTOS:DIVULGAÇÃO

Para o casamentoevento é preciso caprichar no catering

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Data: escolha com pelo menos um ano de antecedência para garantir o dia desejado. Orçamento: defina o quanto estão dispostos a gastar com todo o evento, cerimônia, lua de mel, etc. Convidados: faça a lista de convidados para ter ideia de quantos convites serão feitos e poder escolher um local para a festa que comporte o número de pessoas desejado. Local: escolha e reserve o local da cerimônia. Alguns espaços religiosos são muito concorridos, por isso o ideal é fazer a reserva com um ano de antecedência. Catering: na hora de escolher, solicite orçamento de pelo menos 5 buffets, pois os preços podem variar de R$ 80 a R$ 300 por pessoa. É importante degustar todas as opções, como jantar, coquetel, doces, o bolo, bem casados e selecionar as bebidas também. Uma dica é escolher o cardápio de acordo com a época da cerimônia. O ideal é contratar o serviço com pelo menos 6 meses de antecedência.

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Foto e filmagem: procure referências dos profissionais e escolha um que faça as fotos de acordo com seu gosto. Os preços variam de R$3.000 a R$ 10.000. Padrinhos: lembre-se que os convites são diferenciados e você encontra uma variedade de opções de convites especiais para padrinhos no mercado. Vestido: escolha o vestido de noiva com antecedência para que todos os ajustes possam ser feitos a tempo da cerimônia por uma costureira de confiança. Decoração: escolha a decoração do local da cerimônia e da festa. Pesquise bandas e DJ’s com um repertório que respeite o gosto musical dos noivos e também dos convidados. Pagamento: fique atenta às condições de pagamento para não ter surpresas desagradáveis: prefira dar entrada e as parcelas até o casamento ou à vista para que haja desconto. Deixe tudo bem claro nos contratos. FONTE DESTE BOX: GETNINJAS

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BEAUTY BU$INESS

PELE Baseado em informações sobre sua alimentação e estilo de vida, o My Skin sugere os produtos mais indicados para cada pele, entre os mais de 150 mil disponíveis existentes. Disponível para iOS, em inglês.

MAKE-UP A Avon lança o Simulador de Maquiagem que permite que a usuária teste o make que deseja usar virtualmente antes de aplicar no rosto. Também é possível salvar a produção e compartilhar nas redes sociais. Disponível para iOS, em português.

A Beleza na palma da mão

Confira as opções de aplicativos disponíveis antes de mudar o corte do cabelo, a cor do esmalte ou o risco da maquiagem

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ESCOLHA DO PRODUTO CERTO Uma pele bonita e bem feita tem muito a ver com a escolha por bons produtos. O Beauty Product Reviews, criado pela TotalBeauty. com, oferece resenhas de mais de 70 mil produtos e te ajuda na árdua tarefa de escolher um exemplar entre tantos disponíveis - máscara de cílios, batom, shampoo – desde marcas ultradesejo até as mais baratinhas. Disponível para iOS e Android, em inglês.

CHEIROSA Para quem nunca sabe qual o cheiro de perfume que combina mais com seu tipo de pele, o iPerfumer, de domínio da Givaudan Suisse, promete acabar com essa confusão. Disponível para iOS, em inglês.

MANICURE A empresa de esmaltes atualizou o Risqué App que agora vem com a aba A Vida em Cores em que é possível aproximar o smartphone de qualquer cor e procurar um esmalte com uma tonalidade igual ou parecida. As outras funções continuam as mesmas como conhecer as novas cores de cada coleção, testar o produto virtualmente nas unhas, trocar experiências e fazer consultas. Para quem desejar, são enviadas dicas de esmaltação para o smartphone. Disponível para iOS e Android, em português.

Para quase tudo atualmente há um aplicativo correspondente: serviços, namoro, saúde, trânsito. Escolha um e procure, com certeza tem: pode não estar disponível para ambas os sistemas (Android e iOS), alguns são pagos e outros gratuitos, mas que um desenvolvedor já pensou em uma alternativa tecnológica para alguma invenção ou necessidade mercadológica, já pensou.

CABELO Se criar penteados não é o seu forte, o Bangstyle tem uma grande biblioteca de opções e ainda permite armazenar os favoritos em uma pasta particular. Disponível para iOS e Android, em alemão e inglês.

Beleza também? Esse é o que mais tem e você já deve ter baixado alguns. Em todo caso, a ATHENA fez uma lista daqueles gratuitos que podem ajudar a tornar seu momento de bonita mais prático e eficiente. Curtiu? Compartilhe o seu com a gente também usando a hashtag #BelezaAthena!

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BEAUTY BU$INESS

Cheers Nail Bar Divulgação

r u o h y p p a H : a z e l e b da s o d r e d o p o s e t l esma 58 ATHENA | JANEIRO 2015


Esmalteria Nacional QG Athena

Os nail bares surgiram para unir dois prazeres: os drinks depois do trabalho e a manicure da semana. Diferente do encontrinho tradicional dos colegas de trabalho, nesses salões moderninhos toda hora é o momento ideal para reunir as amigas, beber e se cuidar!

Sabe aquele clássico chopinho (vinho, champanhe, coquetel, uísque, a carta de bebidas garçom, por favor!) da galera do escritório depois de um longo dia de trabalho? Sabe né! Oh se sabe! É na hora do gole da refrescância que você dá de cara com o esmalte descascado e as cutículas por fazer. Falta de tempo, certo! A ATHENA entende, oh se entende. Para suprir a necessidade dessa mulher moderna super ocupada e uma demanda crescente do mercado de beleza, nasceu a ideia dos nail bares (literalmente um bar para fazer as unhas), uma esmalteria descolada, que além de oferecer vários serviços para os pés e as mãos ainda proporciona um ambiente de rela xamento com opção de uma bebida para descontrair. Esse conceito é relativamente novo no Brasil e surgiu primeiro em São Paulo, nos bairros da Vila Olímpia e Moema, para atender, geralmente, executivas ou profissionais liberais que não dispõe de muito tempo liv re e aproveitam para unir o serviço de beleza ao happy hour ou almoço. “A maioria das nossas clientes são executi-

Lilac Nails Divulgação

Lilac Nails Divulgação

vas que trabalham na região do nosso nail bar e aproveitam a conveniência de estarem perto do trabalho para desfr utarem de um ambiente agradável e dos serviços oferecidos”, analisa Laura Lopez, uma das proprietárias do Lilac Nails SP, do Itaim Bibi. 2015 JANEIRO | ATHENA 59


BEAUTY BU$INESS

SPA de pes e Free images

Cheers Nail Bar Divulgação

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maos A questão do ambiente é um fator fundamental. Depois de um dia cansativo de trabalho, ou mesmo para aquelas que aproveitam a hora do almoço para fazer a manicure da semana, o salão convencional é um espaço que pode ser estressante por causa do barulho do secador de cabelo, o cheiro desagradável dos produtos e o movimento contínuo de pessoas. “O nail bar é o lugar onde a mulher pode degustar uma bebida de sua preferência enquanto faz a manicure com profissionais atualizadas com as técnicas mais modernas de arte de unha, sem barulho de secador ou cheiro de química”, diz Conceição Pimentel, profissional da Esmalteria Nacional SP, nos Jardins. No nail bar, as clientes procuram um lugar para relaxar o corpo e a mente, que se adeque às suas necessidades, e não o contrário. Para a proprietária da marca Dress One, Cristiane Colnago, que costuma ir acompanhada da filha de 14 anos, a esmalteria é o lugar onde sua filha se sente à vontade, além de considerar o espaço mais organizado que um salão tradicional e de ser a oportunidade de ter um momento só seu. “É uma horinha por semana que dedico a cuidar de mim”. E, completa: “mesmo não morando perto do nail bar, eu e minha filha nos deslocamos até lá por causa do atendimento, e isso, é um sinal de independência e liberdade de escolha”.


O DESEJO DE EMPREENDER NO MERCADO DE BELEZA BRASILEIRO, SUPER PROMISSOR, ALIADO À MINHA AFINIDADE E PAIXÃO PELO SERVIÇO, ME LEVARAM A ABRIR UMA FRANQUIA DESTA MARCA” Laura Lopez Laura Lopez Divulgação

Negocios Todo esse sucesso dos nail bares não é um acaso. A brasileira tem o hábito de fazer a manicure toda semana, independente de classe social ou profissão. Uma pesquisa realizada pelo Data Popular revela que 45% das mulheres entrevistadas afirmaram ter feito a unha com uma manicure, dentro do período de um mês, o que ajuda a aquecer ainda mais o mercado de esmaltes. Não é à toa que este foi o segmento que mais cresceu no Brasil nos últimos 20 anos, na área de higiene e beleza, segundo dados da Nielsen, especialista em analisar consumidores e mercados globais. Com mais de 400 cores disponíveis e inúmeras marcas para todos os gostos, sem falar nas coleções sazonais, o esmalte é agora mais um acessório para a mulher e um grande negócio comprovado pelos números impressionantes coletados em pesquisas do Data Popular: o setor já faturou R$ 570 milhões, um aumento de 3,8% em relação a 2013. E, as clientes comprovam os dados: “faço a mão uma vez por semana e o pé a cada 10 dias”,

Lilac Nails Divulgação

explica a adminstradora Fernanda Delboni. As técnicas de manicure são variadas e, se a mulher não ficar de olho, não vai conseguir acompanhar as novidades deste mercado lucrativo, sobretudo no Brasil, com uma larga possibilidade de crescimento em várias áreas. Não é à toa, portanto, que as mulheres, as maiores consumidoras e profissionais de beleza no país, sejam também a maioria entre as franqueadas de marcas de nail bar. Esse foi o motivo, aliás, que levou Laura, do Lilac Nails SP, a investir nesse nicho. “O desejo de empreender no mercado de beleza brasileiro, super promissor, aliado à minha afinidade e paixão pelo serviço, me levaram a abrir uma franquia desta marca”, explica. Pelo jeito, nem o céu é o limite na área de negócios de beleza!

PS: A ATHENA também faz parte das estatísticas e vai de esmalte da semana lilás fosco com unha redonda!

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BEAUTY BU$INESS

“PARA NOSSO MERCADO PENSAMOS EM MONTAR UM NEGÓCIO QUE FOSSE RENTÁVEL PARA O EMPREENDEDOR E PUDESSE TAMBÉM CHEGAR À CLASSE C, UMA DAS CONSUMIDORAS MAIS IMPORTANTES NESSA ÁREA” Michelle Souza Michelle Souza Divulgação

Praticidade De olho nesse mercado que não para de crescer, a WeNew Innovation, consultoria de inovação em design, lançou este ano, na décima edição da Beauty Fair, feira brasileira de negócios de beleza, em setembro, no Expo Center Norte, um container pré-pronto para esmalterias. Um projeto sustentável e econômico que tem como objetivo tornar o conceito acessível também para a classe C do país. “A utilização de containers em arquitetura é comum fora do Brasil, por serem sustentáveis e mais baratos”, explica Michelle Souza, sócia e designer da WeNew Innovation. “Para nosso mercado pensamos em montar um negócio que fosse rentável para o empreendedor e pudesse também chegar à classe C, uma das consumidoras mais importantes nessa área”, ressalta. O projeto prevê um container de 15x5,4 metros, com mezanino e facilidade também para mobilidade do negócio. “A possibilidade de fechar o nail container e transportar para um outro local gera uma vantagem em relação aos espaços físicos construídos e estáticos”, indica Michelle. Além do que, o conceito de lojas pop-up, abertas em lugares específicos e por um tempo determinado para mostrar coleções exclusivas não é nenhuma novidade no mercado fashion, porém, ainda não é comum quando o assunto são serviços de pé e mão. “Um fabricante de esmaltes pode lançar seus produtos numa praia, durante o verão”, exemplifica Michelle.

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Box container | Cheers Nail Bar Divulgação

Lilac Nails SP Rua Leopoldo Couto Magalhães Jr., 187. Tel.: 3078-7970. www.lilacnails.com.br Esmalteria Nacional Concept Store Rua Fradique Coutinho, 380, Pinheiros. Tel.: 3062-6727. www.esmalterianacional.com.br Cosmopolish Nail Bar Rua General Lecor, 506, Ipiranga. Tel.: 3459-7276. www.cosmopolish.com.br Brigitte Nail Bar Av. Água Fria, 2125, Barro Branco. Tel.: 2532-5127. www.brigittenailbr.com.br Cheers Nail Club Rua Oscar Freire, 146-A, Jardim América. Tel.: 4562-9719. www.cheersnailclub.com.br


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Mulheres ulheres CONTO SEM FADAS

Como de costume, Carol acordou às 5h:30min. Foi correndo para o banheiro tomar um banho para tirar a oleosidade do cabelo. Poderia ter tomado ontem, mas Henrique teve dificuldades com a lição de matemática e levou um tempo para ele (e ela) acharem o valor de x. Não era muito cedo para uma criança de nove anos ter equações? Carol não era muito velha para ter que passar pelo temido x ao quadrado de novo? Alberto, seu querido marido que também atendia no mundo profissional como analista financeiro, não poderia ter ajudado o filho ao invés dela, 10 língua portuguesa x 0 matemática? Mas ele tinha tido um dia difícil no trabalho e... Droga, já eram 6 horas! Demorou demais no banho, não ia dar tempo de secar o cabelo. Arrumou-se rapidamente, acordou os filhos, tomou o café com eles, deu para cada um o dinheiro do lanche (sairia muito, muito, muito mais barato levarem o sanduíche e o suco de caixinha de casa, mas “levar lanche de casa é muito brega, mãe”). Deixou Clarinha e Henrique no colégio e rumou para o engarrafamento habitual. Ia chegar atrasada. Cortou pelo corredor de ônibus, jurando que, assim como na semana passada e na anterior, essa seria a última vez. Dentro ou fora da lei, chegou dez minutos adiantada. Carol era assim: profissional dedicada, gostava de chegar dez minutos antes. O dia correu como de costume: apresentação de proposta para o cliente, telefonemas, e-mails, reuniões. Até seu chefe a chamar na sala dele. Celso elogiou o seu trabalho e desempenho nos últimos anos, mas disse que a promoção seria de Juliana. Carol tinha mais anos de empresa e um mestrado, mas, tudo bem, ela também tinha que reconhecer que Juliana era competente e conseguiu clientes grandes no último ano. Porém, será que o fato dela ser dez anos mais nova, corpo de academia e com a unha vermelhíssima sempre feita não influenciaram nem um pouquinho? Não teve tempo de chegar a um veredicto. Ligaram da escola de Clarinha dizendo que ela estava com febre.

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Possíveis Com esse clima também! Em um dia, São Paulo registra 35 graus, no outro, 15. Não há saúde de menina de 7 anos que aguente. Nem de mulher de 37. Bateu na porta do chefe, explicou a situação e pediu para sair um pouco mais cedo para poder buscar a filha. Permissão concedida, mas a cara de reprovação que foi feita fazia a frase “está vendo porque a Juliana-sem-filhos conseguiu a promoção e você não?” ressoar na sua cabeça. Se saísse mais cedo por causa da filha ela não era comprometida com o trabalho e tinha que encarar o olhar condenatório dos outros. Já quando Pedro saiu mais cedo na semana passada para levar o filho ao médico só faltou ganhar o prêmio de pai do ano. Bah! Foi até à farmácia para comprar o antitérmico, pegou Clarinha na escola, deu o remédio para abaixar a febre, passou no supermercado para comprar o molho pronto (quem tem tempo de ficar picando tomate e cebola hoje em dia?) que ficou faltando. Olhou para o relógio. Tarde demais para ir para casa, cedo demais para ir buscar Henrique. Resolveu fazer hora na banca de jornal perto do colégio. Clarinha, já sem febre, foi direto para os gibis e Carol para a seção de revistas femininas. Deparou-se com várias Julianas. Mulheres lindas e magérrimas na capa, dicas de como perder cinco quilos em uma semana, como ficar com uma barriga chapada um mês depois do parto (um insulto para ela que ainda tinha os seis quilos que insistiam em fazer aniversário junto com sua filha de sete anos), como agradar o marido na cama (apostava que as revistas masculinas não tinham a matéria “como agradar sua mulher na cama”), e listas de roupas lindas e maquiagens eficientes, mas que custavam quase o seu salário inteiro. Carol ficava exausta só de ver os 500 exercícios e dietas das revistas. Sentia falta de alguma que trou-

xesse uma mulher mais normal na capa, celebridade ou não. Nada de certinhas e politicamente corretas demais. Nada de super heroínas. Sentia falta de alguma revista que escrevesse sobre e para mulheres possíveis – que erram, acertam, trocam uma academia depois do trabalho por um chope com os amigos e sabem que é praticamente impossível equilibrar trabalho, relacionamento, filhos e vida social sem deixar um dos pratos cair uma vez aqui ou outra ali. Era isso! Carol ia criar uma revista assim. Não, revista não. Ia ser muito complicado. Mas um blog cairia bem. Seria um espaço para que suas leitoras encontrassem um pouco de tranquilidade, bom conteúdo, identificação e não um amontoado de metas a cumprir. Com discussões sobre mercado de trabalho e filhos, dicas de livros, filmes, spas ou outros pequenos prazeres para se tirar um tempo para si própria e relaxar sem culpa, trazendo também mulheres com histórias de vida profissional ou pessoal interessantes para fazer as pessoas se sentirem motivadas a se (re) inventar, além de roteiros de viagens para locais não tão óbvios assim: Milão e N.Y. são incríveis, todo mundo sabe, mas Carol queria apresentar outras cidades tão boas e surpreendentes quanto. A propósito, por que não incentivar suas futuras leitoras a viajarem sozinhas? Tirar “férias” dos filhos e do marido não era nenhum crime hediondo... Estava decidido! Iria criar o mulherespossiveis.com! Já conseguia se imaginar respondendo comentários das leitoras e fazendo sucesso na blogosfera. Mas antes precisava responder o amontoado de e-mails do trabalho e, caramba, precisava correr para buscar Henrique! Iria ter que cortar pelo corredor de ônibus de novo... mas jurou que essa seria a última vez..

Tarsila Zamami ainda não tem Clarinhas nem Henriques, mas já se deu conta que não dá para ser equilibrista o tempo todo. Quebra um prato aqui ou outro ali sem culpa (ok, só um pouquinho). Encontrou na ATHENA o seu mulherespossiveis.com

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ELAS POR ELE

Nessa edição de estreia, o fotógrafo Ricardo Rico foi convidado para retratar o dia a dia das mulheres ATHENA: independentes, fortes, versáteis e descoladas. Enfim, cosmopolitas como a cidade de São Paulo!

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CULTURA

Por que você precisa assistir à

The Good 98 ATHENA | JANEIRO 2015


DIVULGAÇÃO

Wife!

Se você, nesse emaranhado de séries incríveis passando por aí, não sabe qual escolher para ver quando tiver um tempinho livre, a ATHENA com certeza te indica The Good Wife. Para começo de conversa porque a protagonista é uma mulher que já passou dos vinte faz tempo, não está descobrindo o mundo nem sofrendo desilusões amorosas pela primeira vez. Aos seus quarenta e poucos anos, Alicia Florrick (Julianna Margulies) é uma personagem experiente, sem aquela ingenuidade, romantismo diabético ou mania de achar que na vida é tudo ou nada, oito ou oitenta. É uma protagonista madura, e cheia de nuances. Alicia não poderia ter chegado à televisão em época mais conveniente. 2009 foi um ano em que os escândalos sexuais envolvendo políticos pipocaram mais que o habitual nos Estados Unidos. Assim o primeiro episódio começa com uma cena muito recorrente naquele ano: Alicia e Peter (Chris Noth, o inesquecível Mr. Big de Sex and the City) caminhando de mãos dadas na entrada da coletiva de imprensa para o primeiro pronunciamento dele em público desde que Peter teve que abdicar do cargo de procurador geral do Estado devido a sua condenação por corrupção. Para piorar, juntamente com as suas fraudes políticas, veio à tona a descoberta dos seus casos com prostitutas. Assim, o casal virou manchete dos telejornais, revistas e sites de todo o país. Alicia foi vítima das várias piadas e comentários maldosos de praxe dos programas de fofocas. Mas ela, como muitas primeiras-damas da vida real, estava ali para mostrar que o casamento não foi desfeito, parada à esquerda do marido enquanto ele ironicamente discursava sobre a importância da família e o quanto estava arrependido. Ambientar a primeira temporada da série neste cenário foi uma escolha inteligente e provocativa. Aliás, a construção dessa cena para mostrar o quanto Alicia, apesar de presente na coletiva, estava na verdade aérea e atordoada foi de uma delicadeza e tanto, assim como muitas outras cenas que estariam por vir. Afinal, sutileza é a marca registrada de Robert e Michelle King, as mentes criativas por de trás da trama. Os momentos mais marcantes não ganharam esse título pelos efeitos visuais, pela dramaticidade ou pelo exagero. As cenas mais memoráveis trouxeram delicadeza, simbologia e marcaram pelos detalhes e gestos. Depois do pronunciamento de Peter, a imagem de “The Good Wife”, a Santa Alicia, é construída pela mídia e acatada por todos os americanos. E, ainda que não nas primeiras temporadas, ela aprende a usar isso a seu favor. Ao assistir à cena da coletiva é inevitável não se questionar como uma mulher pode se

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CULTURA FOTOS: DIVULGAÇÃO

sujeitar a tudo isso e aceitar participar de tamanho circo. Como ela não pede divórcio após descobrir a traição e, ainda pior, ser exposta dessa maneira para todo o país? Mas aí o discurso de Peter acaba; eles, assim como entraram, saem de mãos dadas e, nos bastidores da coletiva, Alicia dá um tapa na cara do marido. Então você percebe que não é bem assim. Alicia não é tão santa nem tão submissa e ingênua quanto parece. Ufa, ainda bem! “Don’t let the name fool you (não deixe o nome enganar você)”, já avisa o slogan da série. Outro grande acerto é mostrar a reinvenção e empoderamento feminino, com as mulheres tomando as rédeas e o controle de suas vidas - pessoais e profissionais. Para a nossa felicidade a protagonista não é a única força feminina da série. Temos ainda Diane Lockhart (Christine Baranski) e Kalinda (Archie Panjabi). Diane é sócia da firma para qual Alicia vai trabalhar: uma mulher poderosa, advogada reconhecidíssima e que não se rendeu a tabus como o casamento e a maternidade. Kalinda, investigadora da Lockhart & Gardner, segue o mesmo caminho: segura de sua sexualidade e do que quer para sua vida não deixa se controlar e influenciar por terceiros. Isso sem falar de Alicia, claro. Com Peter indo para a cadeia e sem dinheiro para bancar a casa no requintado subúrbio de Chicago, ela se muda com os dois filhos adolescentes (Zach e Grace) para um apartamento menor no centro. Formada em Direito pela prestigiada Georgetown, como muitas mulheres de sua geração, ela abandonou a carreira para cuidar dos filhos que eram pequenos. Agora, treze anos longe dos tribunais e um tanto quanto desatualizada, precisa urgentemente voltar a se recolocar no mercado de trabalho. Will, com quem teve um breve romance nos tempos da faculdade e hoje junto com Diane só100 ATHENA | JANEIRO 2015

cio da conhecida Lockhart & Gardner, lhe oferece um emprego de associada júnior. Mas o mundo dos negócios está muito mais competitivo desde que o Alicia o deixou. Em seu primeiro dia de trabalho ela descobre que seu emprego não está assim tão garantido. Se ela quiser ficar por mais tempo no escritório precisará vencer Cary Agos, um competitivo advogado recém saído da faculdade que faz questão de mostrar através de indiretas diárias o quanto ela está velha e despreparada para o posto. Daqui um ano, os sócios decidirão entre um dos dois. Assim, ao longo desses mais de cem episódios, nós vemos a trajetória e a drástica mudança de comportamento em vários personagens e principalmente em Alicia. Taí outro ponto alto da série. A protagonista da sexta temporada não é a mesma da primeira: ela cresce ao longo da trama, muda. Muda muito: de visão, de lado, de guarda-roupa, de atitude, de postura. Porque nada na vida é definitivo e a série faz questão de mostrar isso. Pessoas vêm, vão, retornam. Nossos desafetos no passado podem se revelar grandes amigos no presente. Ninguém é inteiramente bom ou mal. Cada um dos personagens principais cometeu erros. Cada um dos vilões já fez algo bom. Alicia cruza a fronteira do certo e errado muitas vezes, descumpre promessas por estar com raiva e comete traições para não trair a si mesma. Diferente da maioria dos personagens da TV nos últimos tempos, Alicia é humana. Não há total perfeição nem total imperfeição. E talvez isso torne o roteiro da trama tão perfeito. A série nos EUA está atualmente em sua sexta temporada. No Brasil, a Universal Channel exibe o quinto ano. Todas as temporadas anteriores estão disponíveis no Netflix.


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Cinco anos em cinco imagens As imagens de divulgação da série ao longo das temporadas ilustram e sintetizam muito bem a transformação da personagem. Na primeira foto, Alicia aparece de lado, com a cabeça baixa, servil, quase como se estivesse se confessando. Para a segunda temporada ela já é apresentada de frente, com uma roupa que transmite mais personalidade, de mãos dadas com Peter e Will, dividida entre os dois, personificando a dúvida amorosa que a permeou nesta season. Na terceira, Alicia está sozinha, mais independente, mais maquiada e com um decote maior, transparecendo o quanto já está mais segura de si. Na quarta, ela aparece em uma imagem mais sensual, encarando a câmera com olhar provocativo - de certa forma como é a sua postura ao longo deste quarto ano da série. Por fim, na imagem de divulgação da emblemática quinta temporada ela aparece de lingerie, quase simulando um orgasmo, completamente segura de seu corpo e sexualidade. Não poderia ser diferente. O quinto ano é onde as maiores transformações acontecem na vida de Alicia e marca a sua, de certa forma, libertação.

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CULTURA

“Tempo é Dinheiro”: ficção da vida real

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abe quando você passa muito tempo planejando alguma coisa e, no final, dá tudo errado? É exatamente isso que acontece com Shep Knacker. Ele conseguiu viver as últimas décadas aturando os engarrafamentos quilométricos de Nova York, os preços altíssimos de seu país e todos os desaforos no trabalho porque tinha uma meta bem definida para motivá-lo: juntar dinheiro suficiente para viver em uma paradisíaca ilha na Tanzânia, onde seu pé-de-meia – pequeno para os padrões de sobrevivência norte-americanos – poderia durar para sempre do outro lado do oceano. Lá, o tempo parado no trânsito e o estresse da capital mundial seriam substituídos por boas horas de sono e tempo para ler, passear e interagir com as pessoas. O paraíso na terra! Depois de anos trabalhando duro e economizando tudo o que podia, ele vende a sua pequena empresa de consertos domésticos por um milhão de dólares e sente que seu sonho finalmente será realizado. Com passagens compradas e de malas prontas para a “Outra Vida”, ele não irá tolerar mais um dia sequer trabalhando feito um condenado para o idiota que comprou sua empresa nem irá aceitar as infinitas desculpas de Glynis, com quem é casado há 26 anos, para não irem para Pemba. Nem que para isso seja preciso embarcar sozinho.

Título: Tempo é Dinheiro Autor: Lionel Shriver Editora: Intrínseca Gênero: literatura estrangeira – romance Páginas: 448 Preço: R$ 33,90

Mas na noite em que anuncia a mudança para sua esposa, Shep tem a maior reviravolta de sua vida. Glynis também tem um comunicado a fazer: ela está com câncer e precisa mais do que nunca do plano de saúde do marido. Shep terá que ficar e ainda bancar parte dos custos exorbitantes do tratamento, já que o convênio não cobre todas as despesas. Assim, vendo sua conta bancária se desfazer dia após dia juntamente com seu tão desejado sonho da “Outra Vida”, ele ainda precisa lidar com a iminente morte da esposa, já que as chances de sobrevivência do câncer raríssimo de Glynis são minúsculas. À primeira vista, o roteiro pode falsamente soar semelhante à um romance açucarado de superação e redescoberta do amor escrito por Nicholas Sparks ou James Patterson. Mas definitivamente não é. Lionel Shriver talvez seja a mais realista das escritoras contemporâ-

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neas, daquelas poucas que, mesmo sempre tratando de temas pesados em suas obras, sabem a diferença entre veracidade e pessimismo, abusando da primeira sem cruzar a fronteira do segundo. E é com esse realismo combinado com doses generosas de ironia que ela nos brinda em “Tempo é Dinheiro”, onde também encontra espaço para fazer duras críticas ao sistema de saúde e ao governo, mas sem exagerar e transformar o livro em páginas e páginas de pregação ideológica. Assim, ao invés de recorrer ao entretenimento fácil proporcionado por histórias de amor de conto de fadas, com personagens perfeitos e altruístas, a escritora norte-americana é visceral e incisiva. Shriver não idealiza o câncer e escancara que o vislumbre do fim da vida nem sempre pode a transformar em uma pessoa melhor, aproximá-la da religião ou fazê-la sanar seus problemas familiares. Mostra a doença como ela de fato é, abordando cada estágio da presença dela na vida do casal: a raiva, a necessidade de procurar um culpado, a amargura, a falta de jeito dos familiares e amigos para lidarem com a doente, o sexo e a súbita vontade de fazer planos para o futuro. Shriver é honesta ao mostrar que parentes podem mais atrapalhar do que ajudar, que há um certo prazer que os enfermos podem sentir pelas infelicidades alheias e que pensamentos impróprios sobre dinheiro e o quanto dele você estaria disposto a abrir mão por uma pessoa podem surgir. Tudo isso sem apelar para o drama, sem soar cética ou fazer você renovar o estoque de lenços de papel: no máximo umas poucas lágrimas em momentos necessários. Entendendo as pessoas de forma tão sensível e íntima, a colunista do The Guardian prova que é mestre em criar personagens tão perturbadoramente reais e ambivalentes que é impossível não conseguir identificar traços da personalidade da sua irmã, namorado, amigo ou até de você mesma. Em uma época em que se reina o politicamente correto, a autora nos presenteia com um romance pertinente, perspicaz e audaciosamente franco. Se tempo é dinheiro, a obra de Lionel Shriver com certeza é um bom investimento de ambos.

ULF ANDE

RSEN / DI

VULGAÇ

ÃO


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DIÁRIO DE VIAGEM

Poderia morar aqui Algumas cidades são mágicas para a gente e nos primeiros minutos dão aquela sensação de “poderia morar aqui”. Bogotá, na Colômbia, foi uma dessas pra mim. No primeiro dia já estava apaixonada por essa cidade linda, grande, cheia de montanhas em volta, ar poluído e trânsito caótico. Um lugar tão especial que você ignora o ar e o trânsito e grita “meu Deuuuuusss YO TE QUIEROOOO”.

JANA ROSA

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FREE IMAGES

Bandeira da Col么mbia

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DIÁRIO DE VIAGEM

Essa foi a segunda parte de uma viagem que começou em Cartagena, um destino colombiano mais comum por ser uma praia famosa e paradisíaca. Bogotá não é uma cidade que as pessoas lembram muito na hora de viajar, o que é uma injustiça enorme. A Colômbia é um país injustiçado no turismo, porque as pessoas acham perigosa e sinistra. Mas só me senti segura e amada nesse país. Uma capital belíssima, cheia de casinhas, predinhos, ruas e montanhas bonitas de olhar, além de muitas pessoas lindas e clima de paquera jovem. É também meio complicada, com ruas que tem números malucos ímpares e pares, que parecem uma senha que você tem que descobrir pra chegar em um lugar. E realmente leva mais de um dia ou dois pra entender como aquilo funciona. Eu, que me acho porque me localizo em minutos em lugares desconhecidos, apanhei muito. Quatro dias é o tempo suficiente para conhecer a cidade, foi o quanto fiquei, mas achei pouco para aproveitar como uma “local”, principalmente porque a vida noturna lá é intensa, apesar da balada fechar às 3 da manhã expulsando todo mundo e não adianta chorar e reclamar: ela fecha mesmo. Bom, depois de ler essa matéria, compre sua passagem para essa cidade maravilhosa logo, SEM MEDO DE SER FELIZ.

Plaza de Bolivar no centro

O clima é puro amor: já começou por aí a conquista do meu coração. Bogotá é uma cidade com clima agradável, daquelas que dá pra usar jaquetinha de couro de dia e meia-calça com botinha. E faz aquele friozinho à noite que deixa o cabelo bom e a pele perfeita, sem oleosidade nas fotos do Instagram. Amor, amor, amor, amor… Não é caro: apesar de ser uma cidade grande tipo São Paulo, a Colômbia não tem os preços surreais que estamos acostumados e nos desgraçam todos os dias. Comidas e bebidas têm preços bons e os táxis são MUITO baratos em Bogotá, tanto que no fim só andei a pé e de táxi, bem it rica folgada. O hotel e onde ficar: como essa viagem inteira foi num esquema “patricinha confortável/it pobrinha”, encontrei um hotel bem “OK” no Booking.com. E por Bogotá também não ser um mega destino no mês em que eu fui, janeiro, ele veio com uma promoção absurda, quase surreal, preço de hostel. Ele se chama Excelsior: é confortável, mas com o pior chuveiro que já vi na vida – mesmo, sério, um horror! – só que o melhor dele é que fica na Zona Rosa, um bairro nobre onde estão os restaurantes, lojas, shopping, baladas, bares, dá para fazer tudo a pé, é seguro, tem pessoas bonitas por todos os lados e uma Forever 21 para dias de chuva. Amei ficar na Zona Rosa e moraria ali. Sei que muitos hostels ficam no centro da cidade, que também dizem ter bares ótimos, mas que é meio tenso à noite, tipo SP. A melhor coisa sempre é pesquisar no HostelWorld.com e ler todos os reviews. Bogotá é emoção: pegar um taxi em Bogotá, só se for com MUITA emoção. Parece uma terra sem lei, cada motorista faz o que quer e todos correm muito, ultrapassam o amiguinho estilo faca na caveira, param no sinal em cima do outro quase batendo. Fazem curvas malucas a 100 por hora. E jamais usam cinto. Inclusive em grande parte dos carros o cinto para o passageiro de trás não funciona. É ali que você relembra todas as orações que sua vó te ensinou.

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Bogotá vista de cima


FOTOS:ARQUIVO PESSOAL/FREE IMAGES

O Centro Histórico: parte do que você tem para fazer de turismo fica por ali, em La Candelaria com as casinhas numa vibe Pelourinho, na Plaza de Bolívar com mistura de pombas, lhamas e protestos contra o governo, as igrejas, as obleas – o doce que vende nas ruas e é tipo uma “bolacha” com mil coisas dentro: doce de leite, leite condensado, geleia, coco e queijo ralado –, o Museu do Ouro, que tem uma feirinha de souvenirs pra comprar presentes MARA do lado. Em um dia você vê tudo isso.

La Candelaria

Passeios fora do centro: você tem que ir no Cerro de Monserrate ver a cidade lá de cima, no fim da tarde é muito lindo ver o pôr do sol. Você sobe de teleférico, maior diversão e não esqueça um casaquinho extra porque faz frio lá em cima. Fui e voltei de táxi porque era barato. E tem a Catedral de Sal, que fica em uma cidadezinha do lado, dá para fechar com motoristas/ taxistas de confiança do hotel, provavelmente tem passeios fechados em hostel. O motorista cobrou 140 mil pesos pra levar, esperar algumas horas e trazer de volta, 70 mil pra mim e 70 pra Reni, minha amiga. Isso dá tipo 80 reais para cada. Andrés Carne de Res: toda a parte turística é legalzinha, mas agora você REALMENTE chegou na verdadeira Bogotá que o Alvaro Garneiro consideraria a sua Bogotá: todo mundo que já foi pra lá e qualquer bogotano que você conhecer vai te dizer que você “preciiiiiiisa ir”, e sim, você precisa ir nesse restaurante/ balada maluco com decoração incrível, comida exótica deliciosa, drinks enormes, garçons e garçonetes MUITO gatos, bandas que tocam músicas loucas na sua mesa e te colocam coroas e faixas de Miss Simpatia e uma pista que FERVE conforme vai ficando mais tarde, com os maiores hits colombianos e reggaetons latinos. Lágrimas de amor, reggaeton é vida! Mas saiba que tem dois Andrés, um na Zona Rosa e um em uma cidadezinha próxima chamada Chia, que é o original, e sem querer fazer bullying, mas já fazendo, tenho preconceito por quem não vai no original. Para chegar lá é um esquema tipo a Catedral de Sal: combine na recepção do hotel com um motorista/taxista de confiança e ele te leva, espera três horas (se quiser ficar mais vai pagando por hora) e te traz de volta. Ficou 130 mil, que também dividimos por dois.

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DIÁRIO DE VIAGEM

Onde sair: amo viajar e conhecer a noite dos lugares, sem ser aquelas baladas “pega turista”. Conheci três lugares: um legal, dois maravilhosos. O legal é o Armando Records, numa cobertura da Zona Rosa que dizem ser hipster/alternativo, mas que quando fui era meio música eletrônica vibe “amamos Ibiza”, e pode ter sido apenas um dia difícil. Os maravilhosos são o El Coq, um bar com pistinha de música alternativa, djs gatos, pessoas lindas, simpáticas e amigáveis frequentando. O outro é o Bar Treffen, esse sim é um lugar 100% “local”! É um bar/karaokê com decoração maluca que lembra o Andrés, mas sem turista, tipo um karaokê da Liberdade versão bogotano. Uma dica de ouro: em volta do El Coq tem vários bares de reggaeton e David Guetta, ótima opção pra quando o El Coq fecha às três da manhã e você quer tomar mais umas cervejas no calor da emoção. Esses ficam abertos até mais tarde. Um lembrete: Não deixe de provar a Aguardiente, a bebida típica, é a versão cachaça sabor pasta de dente deles, eu não gostei, mas o efeito é aquela loucurita de sempre. Mas atenção: Para onde quer que você vá, o Foursquare é seu melhor amigo. Você não precisa irritar as pessoas dando check in, use ele só para buscar por perto o que tem de melhor na vida noturna (e de restaurantes e passeios Galera na pixxxta turísticos ou ao ar livre). Nunca tem erro, você descobre os lugares com as maiores notas e é feliz na noite de onde estiver. O que comer: Não deixe de provar o ajiaco, a sopa famosa colombiana, que é deliciosa e combina com o clima friozinho de Bogotá – uma hora boa para fazer isso é quando for na feirinha de Usaquén no fim de semana ver artesanatos. Encontramos um restaurante ótimo e preço honesto por ali chamado Casa Vieja. Não esqueça também dos patacones, que são sempre deliciosos, e de passar no El Coral, o Mc Donald’s colombiano que é uma emoção por ser uma fast food de lá e tem opções exóticas de hambúrgueres.

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Jana Rosa


Patacones

Dei uma choradinha na hora de ir embora. Algumas vezes na insônia da madrugada fico pesquisando quanto custaria morar lá. Sério, Bogotá é demais e confesso que gostei mais que Cartagena. Para todos que me perguntam nas redes sociais se vale a pena ir para lá, digo e repito mil vezes: vale muito a pena… e se puderem me levem junto!

FIM

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a d a c e d l a n io s A p rof is ALTO ASTRAL

Titi Vidal

FOTOS: FREE IMAGES

A ariana é prática, rápida e eficiente. Não gosta de perder tempo e por isso faz tudo que precisa ser feito. Isso gera agilidade, mas também precipitação. Arianas gostam de desafios. Por isso combinam com empregos que tenham metas a serem cumpridas. Até porque são competitivas e, por isso, precisam ter algum desafio, uma motivação para fazer o que precisa ser feito. São pioneiras, empreendedoras e inovadoras e precisam ter trabalhos que permitam isso. São independentes. Assim, o ideal é que trabalhem sozinhas. Podem ser autônomas, profissionais liberais ou ter um trabalho que possa ser feito de sua casa. Ou ao ar livre, já que gostam de viver em liberdade. Mas também gostam de comandar e por isso podem trabalhar em empresas onde possam assumir cargos de comando e liderança. Um trabalho perfeito para a ariana é aquele que seja inovador, onde ela possa

fazer algo totalmente novo. Ou pelo menos fazer de um jeito novo. Sua missão é começar, iniciar, criar. Arianas precisam de autonomia e, por isso, precisam ter liberdade e independência dentro do trabalho. Precisam tomar cuidado com a impulsividade e a tendência à competição, que pode gerar agressividade e brigas dentro do trabalho. Atividades que envolvam o uso do corpo, como educação física ou outras ligadas ao esporte, por exemplo, combinam com a ariana, que também pode se dar bem em profissões que exijam habilidades mecânicas ou que utilizem ferramentas ou instrumentos de precisão. Assim, podem ser boas médicas, dentistas, policiais e engenheiras. Pela tendência ao egocentrismo, é importante que aprendam a lidar com as frustrações e que saibam dividir, especialmente se precisarem trabalhar em equipe.

As taurinas precisam de uma profissão que traga resultados concretos e que, de preferência, remunere muito bem. Isso porque as taurinas gostam de segurança e conforto e por isso precisam de um trabalho que permita viver todos seus prazeres. São práticas, produtivas e eficientes, mas possuem um ritmo próprio e não gostam de lidar com grandes desafios, nem de trabalhar sob pressão. Podem se identificar com profissões mais concretas, que envolvam números e/ou administração de coisas e valores. Costumam ser boas contadoras, matemáticas, economistas, engenheiras, bancárias, etc. Outra característica forte nas taurinas é o seu bom gosto e o talento artístico e, portanto, as profissões ligadas às artes também são boas opções. Gostam especialmente da arte mais concreta, podendo ser boas artistas plásticas, escultoras ou trabalhar com moda, estética ou

decoração. Sua voz costuma ser bonita, então também podem ser cantoras. As profissões ligadas à natureza, como agronomia e paisagismo também são a cara das taurinas. Em geral também gostam de cozinhar e gastronomia e nutrição também podem ser boas opções. Podem trabalhar como arquitetas ou com jóias ou outros artigos de valor. Algumas taurinas podem ser empreendedoras, mas em geral preferem a segurança de um emprego e a certeza de um bom salário no fim do mês. O ideal é que trabalhem num ambiente bonito, agradável e tranquilo, onde não tenha muito stress e tensão. Também é importante que não se sintam pressionadas e que possam fazer tudo no seu ritmo, que pode não ser muito rápido, mas que busca a qualidade e a beleza. Precisam fazer algo que realmente amem, caso contrário a preguiça pode predominar, levando à acomodação.

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Áries


sig no

Gêmeos

Geminianas são sociáveis e comunicativas. Gostam de conversar, aprender, ensinar e trocar ideias e informações o tempo todo. São muito dinâmicas e agitadas e por isso precisam de uma atividade profissional que envolva movimento e novidades constantes. A área de comunicação é uma das que mais combina com as geminianas. Até porque são extremamente curiosas e precisam de um trabalho que estimule constantemente seu intelecto e sua imaginação. São boas de argumentação e ótimas para vender, sejam coisas ou ideias. Combinam com trabalhos que dão liberdade, que incluam viagens e deslocamentos. Costumam ser ótimas jornalistas e advogadas. Mas também combinam com publicidade, todos os tipos de vendas, marketing, comércio, entre outras. Podem ser ótimas professoras e escritoras. Até porque adoram estudar e compartilhar tudo que sabem. Assim, independente da área que escolha como sua car-

As cancerianas são sensíveis e românticas e precisam se identificar emocionalmente com tudo que fazem, o que inclui o seu trabalho. Como são muito ligadas à família, não raro seguem a profissão de um dos pais ou acabam trabalhando nos negócios da família. Uma característica marcante das cancerianas é sua natureza cuidadora e assistencial, o que pode levá-las a trabalhar com profissões de ajuda. Assim, todos os trabalhos que envolvam o cuidar de alguém ou alguma coisa parte da vocação canceriana. Sua ligação com a casa também pode aparecer em sua vocação, seja escolhendo um trabalho que possa ser feito de casa, ainda que parcialmente, seja trabalhando diretamente com assuntos que envolvam lar e imóveis. Isso inclui vendas e administração de imóveis e também decoração de interiores e arquitetura. As áreas ligadas à alimentação e nutrição também costumam chamar a atenção das nativas deste signo, que podem

reira, podem dar cursos e palestras, ou publicar coisas a respeito. O ideal é ter uma profissão onde haja diversidade de pessoas e assuntos e que cada dia seja diferente. E um trabalho que exija múltiplas funções e talentos, no qual elas sempre tenham muitas coisas para fazer ao mesmo tempo. Muitas geminianas, inclusive, optam por um trabalho como freelancer ou ter mais de um emprego ao mesmo tempo. Outra coisa importante é que as geminianas sempre estão se atualizando e, independente da carreira que escolham seguir, continuam fazendo cursos, tanto para aperfeiçoar o que já sabem, como para aprender coisas novas e poderem se destacar por sua cultura e conhecimento. Uma grande habilidade profissional das geminianas é fazer pontes e conectar assuntos e pessoas diferentes. O risco é perder o foco com tantas possiblidades, começando várias coisas sem terminar nenhuma delas.

Câncer

ser excelentes nutricionistas ou chefs de cozinha. Outra coisa que chama atenção das cancerianas é o passado e por isso profissões como história, arqueologia e museologia também podem ter a ver com sua vocação. Seu excesso de sensibilidade pode ajudar em profissões que exijam o uso dos sentimentos ou da intuição. Porém, sua tendência a se magoar com facilidade pode trazer problemas profissionais quando trabalham em um ambiente que tenha clima tenso ou fazendo alguma atividade que não goste tanto assim. Os conflitos pessoais dentro do trabalho também acabam por prejudicar seu desempenho profissional. Outro risco que as cancerianas correm é misturar demais vida pessoal e profissional. Se forem trabalhar em empresa, o ideal é que seja uma empresa familiar ou que tenha um clima mais harmônico entre as pessoas. E que ofereça a estabilidade e a segurança que as cancerianas tanto buscam. 2015 JANEIRO | ATHENA 117


ALTO ASTRAL

Leão

As leoninas podem sentir que nasceram para brilhar. Por isso, independente da carreira que escolherem seguir, devem procurar algo que traga sucesso e reconhecimento. São pessoas criativas por natureza, o que pode levá-las para as profissões artísticas e áreas que possam explorar todo seu talento. São boas artistas. Podem se dar bem no teatro, onde podem ter aplausos constantemente. Mas também em todas as profissões ligadas a arte, seja no teatro, cinema, dança, música, entre outras. Todas profissões ligadas a criatividade, como publicidade ou desenho, também combinam com as leoninas. Em geral são muito comunicativas e gostam do improviso, da aventura e do risco. Podem trabalhar, por exemplo, no mercado financeiro ou na área de comunicação. A ligação das leoninas com as crianças pode interferir em sua escolha profissional, sendo que podem ser ótimas professoras infantis, pediatras ou até mesmo

obstetras. A área de educação tem muito a ver com o signo de leão e por isso podem ser professoras não apenas de crianças, mas também de adultos. Assim, mesmo que escolham outra carreira, podem ensinar aquilo que sabem e fazem para os outros. As áreas ligadas ao entretenimento, ao lazer, à diversão e jogos também combinam com as leoninas, que adoram se divertir e levar alegria para as outras pessoas. Aliás, é fundamental que as leoninas trabalhem com sua vocação e façam alguma coisa que realmente gostem de fazer, caso contrário podem se frustrar. Se não trabalharem com aquilo que é sua paixão, precisam pelo menos ter algum hobbie que permita a expressão de sua criatividade. Em qualquer profissão, precisam brilhar e o reconhecimento público é o seu principal retorno. Os cargos de comando e autoridade também fazem parte do caminho das leoninas que optarem trabalhar em empresas.

Em geral, as virginianas adoram trabalhar. Isso significa que o trabalho ocupa o centro de sua vida e, por isso, devem escolher algo que realmente gostem de fazer. São pessoas extremamente prestativas, que gostam de servir e ajudar os outros. Por isso, não raro escolhem trabalhar com profissões de ajuda e cura. A área da saúde é uma das indicações. Virginianas podem ser ótimas médicas, dentistas, enfermeiras e terapeutas. Também podem trabalhar na indústria farmacêutica ou como veterinárias, já que em geral também gostam dos animais. As áreas ligadas à natureza também podem chamar a atenção da virginiana, que pode optar por biologia ou ecologia. Higiene e nutrição também são áreas que combinam com as virginianas. São pessoas muito eficientes, práticas, que estão sempre atentas aos detalhes. Por isso também costumam ser críticas e exigentes com seus colegas e funcionários. Funcionam bem

trabalhando em empresas ou empregos que ofereçam uma rotina e segurança. São ótimas para organizar coisas, sendo excelentes secretárias e administradoras. Podem se dar bem em profissões que usem computadores, automação, informática, com processamento de dados e também com vários tipos de engenharia, especialmente a mecatrônica. No fundo, as virginianas podem exercer bem qualquer profissão, desde que vejam algum sentido prático e utilidade para o que estão fazendo. Costumam escrever super bem, o que pode levá-las a serem boas escritoras, advogadas ou professoras. Porém, costumam ser tímidas e não gostam de se expor. Para elas, basta que seu trabalho seja reconhecido. Por isso, podem até trabalhar nos bastidores. O risco é que sejam excessivamente perfeccionistas, críticas e exigentes, sempre achando que poderiam fazer melhor e que o que fazem não é bom o suficiente.

Virgem

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As librianas adoram se relacionar e sua vocação pode estar justamente aí. Podem trabalhar em alguma área que envolva contato com público, trabalho em equipe ou que o foco sejam os relacionamentos. Assim, costumam ser ótimas relações públicas, por exemplo. Também podem ser boas terapeutas e vendedoras, ou qualquer outra coisa que envolva o contato constante com outras pessoas. São boas diplomatas e podem trabalhar em alguma área que envolva diálogo constante e a busca por entendimento. São famosas pelo seu bom gosto e por sua ligação com as artes, a estética e a beleza. Assim, podem ser artistas, decoradoras ou trabalhar com moda. Podem ter até um trabalho administrativo, mas que envolva esses assuntos. Por exemplo, podem ser donas de um salão de beleza ou de uma galeria de artes, ou trabalhar num desses lugares. Seja

Libra

qual for seu trabalho, precisam que seja um ambiente bonito, harmônico, onde não existam brigas e grandes desafios. De preferência, devem trabalhar em pares ou em equipe. Sua mesa de trabalho costuma ser bonita assim como sua casa. Suas roupas sempre chamam atenção, especialmente por sua elegância. Por isso podem ser boas consultoras de moda ou de imagem, mas mesmo que façam outra coisa, certamente suas colegas de trabalho a verão como uma inspiração na hora de se arrumarem. Por serem tão sociáveis, também podem se envolver com eventos, seja essa sua atividade principal ou algo que fazem na empresa onde atuam. O risco maior é sua indecisão e sua vontade de sempre agradar os outros, que pode fazer com que não sejam sempre autênticas, na tentativa de manter tudo sempre em harmonia.

Escorpião Escorpianas são extremamente sensíveis e intuitivas. São grandes interessadas no inconsciente e na psique humanas, podendo escolher profissões que satisfaçam essa sua curiosidade. Assim, podem ser boas psicanalistas, terapeutas ou médicas. Na medicina, podem trabalhar com situações-limite, como oncologia e UTI. Precisam escolher uma carreira que lide com constantes desafios. Também podem se envolver com áreas que tenham a ver com valores e bens dos outros. São boas administradoras e excelentes para trabalhar em banco. Até porque costumam gostar de lidar com valores. São boas economistas e contadoras. Como são muito investigativas, podem se sair muito bem como fiscais, auditoras, detetives e policiais. Isso também confere habilidades para pesquisa, seja qual for sua área de atuação. São boas advogadas, especialmente tributaristas ou crimi-

nalistas. Em alguns casos, o direito de família também pode chamar sua atenção. Como gostam de resgatar e restaurar as coisas, podem trabalhar com profissões de reabilitação, reciclagem, entre outras. Podem ser cirurgiãs-plásticas, por exemplo. Em qualquer área que escolha, é importante que lide com desafios e que ocupe posições de poder. Mas com cuidado com a tendência ao autoritarismo e ao excesso de cobrança com os outros. Seu senso estratégico também faz parte de seus talentos e por isso é bom fazer alguma coisa que precise de planejamento e estratégia. Podem se sentir atraídas por química e escolher alguma área que lide com isso, como farmácia, por exemplo. De qualquer forma, é fundamental que tenham uma profissão com a qual possam se envolver e com a qual possa levar transformação às pessoas e ao mundo. 2015 JANEIRO | ATHENA 119


ALTO ASTRAL

Sagitário As sagitarianas são aventureiras por natureza. Isso se reflete na escolha de uma profissão e na forma como exerce seu trabalho, que precisa de movimento e aventura sempre. Gostam do desafio, precisam ter uma meta e um lugar onde desejam chegar. Como adoram viajar, podem ter um trabalho que envolva viagens constantes. Ou podem trabalhar numa empresa estrangeira. Podem até trabalhar com turismo ou alguma outra área ligada a viagens. Costumam ser intelectuais e podem ir para

constantes tende a fazer parte de sua vida. Em geral, as sagitarianas são justiceiras, o que pode levá-las a escolher alguma carreira jurídica. Ou seja, escolhem o direito como uma forma de fazer justiça, seja como advogadas, juízas ou promotoras. Filosofia também é uma profissão que combina muito com as sagitarianas, que estão sempre divagando e se perguntando sobre o significado de tudo. Também costumam ser boas cientistas. A vocação da sagitariana também pode estar na

o mundo acadêmico. Até porque, em geral, as sagitarianas estão sempre estudando e pesquisando. Assim, podem fazer diversas especializações e pós graduações. Podem até fazer parte do mundo acadêmico, seja como pesquisadoras e/ou como professoras. De qualquer forma, independente da área profissional que decidam seguir, esse universo de pesquisa e estudos

área de comunicação, especialmente na publicidade, já que adoram divulgar coisas e ideias, além de serem muito criativas. O que é muito importante na vida profissional de uma sagitariana é sua liberdade. Por isso, seja em qual área for, precisam de empregos que permitam manter sua independência e no qual possam inovar e criar em algum aspecto.

Capricórnio A vida profissional da capricorniana é muito importante. Se está tudo bem no trabalho, em geral as outras questões se resolvem. Por isso, precisam escolher uma profissão que tenha muito a ver com sua personalidade e um emprego do qual realmente gostem, já que provavelmente passarão boa parte de sua vida trabalhando. Aliás, existe até o risco de trabalharem demais, deixando as outras áreas de sua vida em segundo plano. São mulheres extremamente responsáveis, capazes de lidar com grandes desafios. Mas precisam de resultados bem concretos. Além disso, são muito práticas e eficientes, o que as torna críticas e exigentes demais. Precisam de segurança e o retorno financeiro sem dúvida será um fator decisivo na hora de escolher um trabalho. Costumam se dar bem trabalhando em empresas sólidas, que tenham um plano de carreira e a perspectiva de crescimento. Em

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geral, são boas executivas. Podem trabalhar com negócios de diversas naturezas e também na área financeira. Profissões como administração, matemática e estatística combinam com sua personalidade. As ciências e as perícias também. Qualquer trabalho que exija precisão, atenção aos detalhes e pesquisa tem a ver com sua personalidade. Podem trabalhar sozinhas ou em equipe. Mas se trabalharem com outras pessoas, o ideal é que sejam as chefes. Até porque lideram muito bem e gostam de ocupar um cargo de grande responsabilidade e poder. Mas, com certeza vão exigir demais de seus funcionários. Ter sucesso e reconhecimento é fundamental para saber que aquilo que está fazendo está funcionando bem. As engenharias também podem ser uma boa escolha para as capricornianas.


Aquário As aquarianas são intelectuais por natureza e podem escolher uma carreira que tenha a ver com esse perfil. Também são sociáveis e costumam ter facilidade para se relacionar. Por isso, podem optar por um trabalho no qual tenham que lidar com pessoas e atuar em equipe o máximo de tempo possível. Gostam de ter segurança e estabilidade, mas também precisam ter sua liberdade mantida, o que pode ser difícil na hora de escolher um trabalho que concilie esses seus dois lados. Têm habilidade para as áreas humanas em geral, apesar de se darem muito bem também com as ciências exatas. Podem ser boas economistas, relações públicas, assistentes sociais, sociólogas, historiadoras ou ter uma profissão na qual a tecnologia desempenhe um papel importante. Podem trabalhar em uma ONG, já que em geral se envolvem com as causas humanitárias e gostam de fazer parte de comunidades que visem ajudar as pessoas. Assim, ainda que este não seja seu principal trabalho, pode ser parte importante da sua vida. Vemos muitas

Peixes

As piscianas são extremamente sensíveis, românticas e intuitivas. São também idealistas e isso tudo aparece também em sua vida profissional. São cuidadoras e assistencialistas por natureza, o que pode levá-las a escolher profissões de cura e ajuda. Assim, vemos muitas piscianas na área da saúde, seja como médicas, dentistas, enfermeiras ou veterinárias. Ou a área farmacêutica e bioquímica. Também como terapeutas, assistentes sociais e outras áreas que tenham por objetivo cuidar dos outros. Como possuem habilidades artísticas, podem escolher uma carreira ligada à música e às artes em geral. Mesmo

que isso não aconteça, podem ter isso como um hobbie, que acaba incentivando também seus talentos profissionais. Mas, podem ser excelentes musicistas, artistas plásticas, artistas de televisão, cinema ou teatro, etc. também podem trabalhar com televisão e cinema, mes-

aquarianas em profissões fora do padrão e exercendo atividades que permitam uma vida sem rotinas, na qual possa criar seus horários. As profissões que visem compreender a vida e as pessoas também são a cara das aquarianas, que são curiosas por natureza. Também são boas pesquisadoras e cientistas. As engenharias elétrica e eletrônica podem ser opções. Internet, sites, redes sociais podem ser o trabalho ou pelo menos ferramentas importantes para ele. Elas adoram as novidades, o que é moderno, a última tendência. Também gostam de olhar para o futuro, o que pode ser influência na escolha de sua carreira. Ou seja, podem trabalhar com planejamento ou previsões de qualquer natureza. Algumas aquarianas, apesar da necessidade de segurança, podem gostar de um pouco de rotina e precisar de um emprego mais seguro. Mas mesmo estas aquarianas vão precisar de um mínimo de liberdade. Até porque são muito criativas e precisam de um trabalho que permita expressar esse seu talento.

mo que na área técnica ou nos bastidores. As profissões que investigam os símbolos e a linguagem simbólica também podem ser vocação das piscianas. Moda também é uma área que combina com as piscianas, que costumam ter bom gosto, senso estético e muita habilidade com as cores. Por isso também podem trabalhar como designer ou como decoradoras. Costumam ter forte ligação com o mar e a natureza, e podem optar por alguma profissão que permita aprofundar este contato, seja oceanografia, biologia ou agricultura, entre tantas outras. Também podem se envolver com ONGs e trabalhos sociais, que visem cuidar do meio ambiente ou das pessoas mais carentes e dos excluídos. Mas são muito idealistas e sonhadoras e precisam tomar cuidado para não perder o foco ou criar expectativas demais. E devem sempre dar um jeito de usar essa energia criativa ao seu favor. 2015 JANEIRO | ATHENA 121


hot news

HOT NEWS

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série

DIVULGAÇÃO

Costanza&Marilu A dupla Costanza Pascolato (consultora de moda meio italiana meio brasileira) e Marilu Beer (artista plástica argentina naturalizada brasileira) divide toda sua sabedoria em mini episódios no formato sofachatshow. A série começou despretensiosa na internet em 2014. Tanto foi o sucesso que a terceira temporada teve estreia na TV paga. O Bate-papo de cinco minutos das septuagenárias com assuntos que seguem a ordem do abecedário pode ser acompanhada pelo canal delas no YouTube ou na Discovery Home & Health (De quinta para sexta, à 00h15).

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O Negócio Série original brasileira realizada pela HBO que está em sua segunda temporada. Três amigas se consolidaram como garotas de programa de sucesso na primeira temporada e agora, na segunda, enfrentam as dificuldades de abrir e expandir seu próprio negócio, a Oceano Azul. Problemas amorosos, familiares e no trabalho aliado ao preconceito com que tem que lidar no dia a dia fazem dessa série um programa, sem trocadilhos, prazeroso. HBO, domingos, às 21h.


internet

beleza

REPRODUÇÃO | COLLEGE HUMOR

Tinderella é o blog de uma inglesa radicada em Nova York (Estados Unidos) que se descreve como uma “garota moderna à procura do príncipe encantado ao estilo antigo”. Como seus amigos sentiam falta de suas histórias hilárias sobre seus encontros não muito bem resolvidos, a blogueira, que não se identifica, decidiu escrever um blog para contar suas peripécias em encontros com caras que ela conhece pelo Tinder, daí o nome da página. Os textos são todos em inglês, mas a menina é engraçada mesmo e descreve a roupa que ela usa no dia do encontro, a roupa do Boy Magia, o dia e horário agendado. Acompanhe as aventuras da Tinderella no tinderellanyc. wordpress.com.

QG ATHENA

Cotonete com demaquilante Chega de olho borrado se a maquiagem não for rocker. A Sephora lançou no mundo inteiro um cotonete que já vem com demaquilante na haste, o Algodão Targeted Eye Remover Swabs. Basta quebrar uma das pontas e aplicar o produto. Você nunca mais vai precisar sair da casa do namorado ou peguete com a maquiagem borrada. Depois de uma noite de luxúria, você estará pronta para enfrentar mais um dia de trabalho linda. Custa R$38 no Brasil. À venda nas lojas físicas e on-line da Sephora (www.sephora.com.br).

gastronomia

QG ATHENA

FoodPass O programa se auto denomina como uma plataforma com os melhores eventos gastronômicos disponíveis, um tipo de filtro frente às mil opções oferecidas em SP: workshops, conferências, cursos, feiras, viagens, picnic e o que ATHENA acha mais gostoso, o Banquete de Cinema: uma vez por vez, em alguns shoppings da cidade, o usuário pode desfrutar uma refeição realizada por um chef renomado enquanto assiste a um filme no cinema. Perfeito para ver a dois ou com os amigos. Mais informações: www.foodpass.com.br.

Removedor de esmalte

Não é exatamente uma novidade, mas quem nunca se contorceu para tirar uma selfie e pensou que a vida seria melhor se seu braço tivesse mais uns vinte centímetros de comprimento. Para isso, alguma mente do bem inventou o espeto de celular, ou, Stick, seu nome oficial. São várias opções no mercado, encontre a sua e não corte mais ninguém das fotos.

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selfie

Esqueça o tradicional algodão em uma mão e removedor na outra. Não deu tempo de ir à manicure e olhar para o esmalte descascando te dá até dor de cabeça, mas só de pensar em sair à caça de algodão ou passar na farmácia para comprar o removedor você já desanima. Não mais. Com esse removedor, basta colocar o dedo dentro da embalagem, esfregar um pouco e sair com as unhas livres de esmaltes, mesmo aqueles com glitter! Fácil de levar na bolsa ou deixar na gaveta do escritório porque não vaza e não tem cheiro forte do removedor. À venda nas lojas físicas e on-line da Sephora Brasil R$49 (www. sephora.com.br).

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RAPIDINHA

Fritando a Calabresa Isso mesmo! Perguntamos tudo o que sempre quisemos saber para a Dani Calabresa! E, gente, ela é super fofa e romântica! Ama a Katy Perry, chora em filme da Disney e adoraria ter uma montanha russa em casa. Quer saber mais? Confere aí e esqueça aquela história de que Calabresa é muito pesado e prejudicial à saúde. Pode devorar a matéria sem culpa!

ATHENA: Perfume Dani: Gosto de perfume doce, de preferência com cheirinho de baunilha. Amo o Prada Candy e o Poison da Dior.

A: O que a deixa deprimida? D: Não fico deprimida! Fico um pouco desanimada quando estou doente. Tenho bronquite desde os 3 anos, então qualquer gripe me derruba.

A: Livro D: Li um livro muito divertido chamado Sex Shop, da Gisela Rao. São contos eróticos com humor.

A: Qual o seu lema? D: Meu pai sempre me dizia que não dá para levar tudo a ferro e fogo. E ele está certo. A gente não pode se afetar tanto com coisas bobas, temos uma única obrigação: ser feliz.

A: O que está lendo no momento? D: Comecei a ler um livro chamado Walt Disney: O Triunfo da Imaginação Americana. A: Filmes e séries D: Filmes que amo: E o vento levou..., Adoráveis Mulheres e Shakespeare Apaixonado. Seriados que amo: Friends, Cheers, Modern Family, Homeland e Breaking Bad. A: Atores e atrizes D: Johnny Depp, Anthony Hopkins, Brad Pitt, Tom Hanks, Jim Carrey, Steve Carell. Meryl Streep, Kate Winslet, Jennifer Aniston, Sandra Bullock, Viviane Pasmanter e Drica Moraes. A: Drink D: Margarita frozen. Adoro mojito também. A: Restaurante D: Amo comer! Amo hambúrguer, carnes, massas. Mas ultimamente tenho ido muito a restaurantes mexicanos. A: Um sonho de consumo? D: “Sonho” mesmo, tá? Adoraria ter a Space Mountain no quintal da minha casa! Ia andar numa montanha russa todos os dias!

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A: Se pudesse, quem você gostaria de ser por um dia? D: A Katy Perry! Ia AMAR usar os figurinos dela e sei as músicas de cor então ia correr para o palco para fazer um show. A: Qual a pessoa viva que você mais admira? D: Não sei quem mais admiro, mas me veio na cabeça a Angelina Jolie porque realmente acho muito incrível a dedicação dela às causas humanitárias. A: Qual a pessoa viva que você mais despreza? D: Não tem uma pessoa específica, mas odeio violência e fico muito triste quando vejo notícias de crimes. Não entendo como um ser humano pode tirar a vida de outro... A: Que característica você mais detesta nos outros? D: Detesto gente “de lua”! Pessoas que às vezes te tratam bem e às vezes te tratam mal. Esses lazarentos sempre deixam a gente pensando “será que fiz alguma coisa pra ela?!” Ai, que saco! A: O que você mudaria em si mesma? D: Eu queria ser menos ansiosa e menos rancorosa. A: O que você faz para relaxar? D: Adoro ver filme ou seriado comendo doce. Adoro dançar, desenhar e viajar.


A: O que faz você chorar? D: Qualquer desenho da Disney! Aliás, só de entrar no parque Magic Kingdom na Disney World já começo a chorar. A: Você acredita em monogamia? D: Acredito no amor. Sou romântica. Aliás, um beijo pro meu marido (Marcelo Adnet) que é um parceiro maravilhoso! A: Prefere cachorros ou crianças? D: Crianças. A: Perde o amigo, mas não perde a piada? D: Faço piada para alegrar meus amigos, ficaria muito preocupada se um deles ficasse magoado ou ofendido. Minha intenção é fazer rir. A: Quais são as suas qualidades mais marcantes? D: Amo me divertir. Sou bem animada e criançona. Faço piadas comigo e nunca me preocupei em parecer ridícula ou criançona. Até porque sempre ouvi que no teatro o ridículo é belo. A: Quais são as cinco coisas sem as quais você não consegue viver sem? D: Minha bombinha de asma, Nutella, meu marido e minha família: meu pai Cláudio, minha mãe Marlene, minha irmã Fabi e meu sobrinho Luigi. Foram 7, mas tudo bem, né? A: Calabresa combina com o quê? D: Com amigos animados, de preferência bichas fervidas. A: Qual das suas façanhas a deixou mais orgulhosa? D: Acho que fiz bem em me dedicar tanto ao teatro, mesmo não ganhando dinheiro e passando por vários perrengues valeu a pena trabalhar com tanto amor. Hoje vivo da profissão que tanto amo. A: Um arrependimento? D: Deveria ter me importado menos com fofoca e julgamentos maldosos. A: Um medo? D: De perder as pessoas que amo. A: Posição sexual preferida? D: Essa só o meu marido pode responder... A: Qual a maior lição que a vida lhe deu? D: Que não dá para perder tempo se preocupando com besteira, a vida passa muito rápido e a gente tem que dar um jeito de se divertir e aproveitar. A: Onde você se vê daqui dez anos? D: Viajando com o meu marido e nossos filhos. 2015 JANEIRO | ATHENA 125


VERSATILIDADE

sim

Mulheres que dizem Fernando Rocha O mundo tem ordens e regras e flores de plástico demais. Mensagens de texto chegam rápido, notícias e aviões também. O vestido de estampa que faz sucesso no verão da Califórnia desfila fácil no nosso inverno sem frio. Tudo vai e volta e vem de novo e atravessa e corta e estraga e depois conserta e vice versa. Mesmo assim a parte mais difícil da história É exatamente a que parece a mais simples. A que começa depois do sim. Quando todas as sílabas curtas foram usadas, todas as palav ras cortadas e milhões de abraços e beijos com três letras foram distribuídos. A batalha foi vencida na tela pequena-iluminada do celular. É quase amor e ninguém duvida e ela disse sim. Talvez tenha sido só um s. Um quase. Mas agora isso tudo pouco importa. Beijos e beijos, apertos, blusa e meia.

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Muita gente acha que depois do “sim”, do “eu aceito”, nos namoros e casamentos já está tudo ganho, conquistado. Fernando Rocha mostra em versos aqui na ATHENA o grande erro deste pensamento e o quanto as redes sociais tornaram as relações instantâneas demais. A graça da vida está no processo, na caminhada. Quando o assunto são relacionamentos, a estrada é muito mais importante do que a linha de chegada.

E o amor ja passou. Rápido assim que ninguém viu nem notou nem procurou. E nem precisa. Vida descomplicada essa que nem de conversa precisa. A música é alta o tempo é curto e o beijo breve. E não adianta falar de Florbela. “A vida se abrirá num feroz carrossel” e pode ser que seja assim até o fim. No século passado existia telefone com fio que ficava sujo de caneta azul e quente na orelha de conversa demorada. Dizer sim também era coisa demorada. As tardes de sábado eram mais demoradas. Não é lamúria nem saudade. É sobre o tempo que era quando existia catálogo telefônico de milhões de páginas finas e o mundo inteiro rodava em tor no da r ua Itamaracá 534. A incrível arte de procurar e achar perguntas e respostas pra encurtar o caminho. Estrada é pra caminhar.


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